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M.S.c: Nivia Cristina V. R.

Corrêa

Microbiologia e parasitologia

Os vírus

São organismos menores que as bactérias e só puderam ser visualizados


na primeira metade do século XX através do microscópio eletrônico (entre 20 a
300 nanômetros o que equivale a aproximadamente 1 bilionésimo de metro).
Atualmente as doenças causadas por vírus ainda são responsáveis pela morte
de muitas pessoas em todo o mundo como vimos no caso do COVID 19. Como
o material genético do vírus sofre mutações frequentes novos tipos de vírus
podem surgir.

Por outro lado, os vírus são cada vez mais utilizados no desenvolvimento
de terapias contra o câncer, em tratamento de doenças genéticas (terapia
gênica) e em outros campos da biotecnologia.

As características do vírus os colocam, de certa maneira, no limite entre


a matéria viva e matéria não viva, diferentemente de todos os organismos vivos,
os vírus não apresentem estrutura celular, também não realizam atividades
metabólicas fora de uma célula hospedeira dependendo desta para sintetizar
suas moléculas e se multiplicar, por isso são considerados parasitas
obrigatórios. Essas e outras características geram intensos debates na
comunidade científica sobre a natureza dos vírus como seres vivos. Por isso não
fazem parte de nenhum dos reinos de seres vivos.

Cladograma Reino Animal


Fonte:Passei Direto

A hipótese mais aceita atualmente a respeito da origem dos vírus é que


se desenvolveram em pedaços de DNA de seus próprios hospedeiros ou teriam
evoluído de microrganismos extremamente reduzidos ou de moléculas
primitivas.

A estrutura dos vírus: o genoma dos vírus é constituído por pequena


quantidade de um tipo de ácido nucleico, que pode ser DNA ou RNA, cuja fita
pode ser única ou dupla. O genoma está protegido por uma capa proteica
chamada capsídeo. Em alguns vírus como o HIV ou o causador da gripe há um
segundo envoltório membranoso lipoprotéico ao redor do capsídeo chamado
envelope lipoproteico.

Os vírus podem ser encontrados em dois estágios:

 Metabólicamente inativos: denominadp vírion.


 E na forma infectante do vírus: que ocorre devido a interação
altamente específica entre as proteínas do vírus e as superfícies
permitindo a aderência do vírus a célula infectada.

O processo de multiplicação varia de acordo com a espécie viral. Alguns


podem entrar completamente na célula com o capsídeo outros podem introduzir
apenas o genoma no citoplasma da célula infectada. A partir de uma única célula
infectada um vírus pode originar centenas de novos vírus. Os vírus denominados
bacteriófago destroem bactérias.

O Caráter patogênico do vírus tem a ver com a infecção, que é a invasão


e proliferação de um microrganismo patogênico, que pode ser um vírus, uma
bactéria ou um protozoário no interior de um ser vivo denominado hospedeiro.
Porém nem sempre causa danos ao hospedeiro. Seu resultado depende da
virulência do agente patógeno, isso é, da sua capacidade de causar doença e
da suscetibilidade do hospedeiro.

Em algumas infecções virais pode haver um período de incubação, que é


um intervalo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas. Em alguns casos
a célula hospedeira sofre lise com a liberação de novos vírions. Em outros casos,
a célula não é destruída, mas sofre mutação: o genoma viral une-se ao da célula
e passa a se reproduzir desordenadamente gerando um tumor (oncovírus).

Algumas viroses humanas:

 Resfriado comum: causado por rinovírus, que provocam


inflamação das vias aéreas respiratórias superiores. A transmissão
ocorre por gotículas de saliva eliminadas através de espirros, tosse
e fala. Não existe vacina e os medicamentos são apenas para
minimizarem os sintomas.
 Gripe influenza: causada pelo vírus influenza mais contagioso que
o rinovírus. Os sintomas são febre alta, calafrios, tosse e
prostração. O tratamento e a transmissão são semelhantes ao do
resfriado, porém pode haver complicações.
 Herpes simples: causada pelo Herpes simplex vírus (HSV) é
transmitido por gotículas de saliva ou pelo contato pessoal íntimo.
Caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas vesículas
principalmente nos lábios e cavidade oral e genital. Não há vacinas
e o tratamento é através de medicações para aliviar os sintomas
(febre, mal estar e irritações).
 HPV: Papilomavírus humano (mais de 200 tipos de vírus),
transmitido por contato sexual, manifesta-se pelo aparecimento de
lesões chamada condilomas na mucosa da vagina, útero, pênis e
mucosa próxima ao ânus. Alguns tipos de HPV podem causar
câncer.
 Rubéola: causada pelo togavírus, caracteriza-se por manchas
vermelhas no corpo, febre, coriza, inchaço nos gânglios linfáticos.
O tratamento ocorre para aliviar os sintomas. Existe vacina. E as
mulheres pricisam ser vacinadas pois a rubéola congênita,
transmitida verticalmente da mãe para o feto pode causar
malformações como surdez e problemas visuais.
 Poliomielite: é causada por três tipos de vírus chamados polivírus.
O principal sintoma é a flacidez dos músculos das pernas. É
transmitida pelo contato direto entre pessoas e pela água e
alimentos contaminados. Não existe tratamento, mas existe vacina.
 Dengue: causada por quatro tipos de arbovírus (vírus transmitidos
por picadas de artrópodes hematófagos), transmitidos pelo
mosquito Aedes aegypti que adquire o vírus ao picar uma pessoa
contaminada. Os sintomas são febre, dores de cabeça, musculares
e nas articulações e manchas vermelhas na pele. Na forma
hemorrágica que é mais grave pode levar ao óbito. Não há vacina
até o momento, a prevenção e o combate ao mosquito pode reduzir
a transmissão.
 Febre amarela: transmitida pelo mosquito Haemagogos sp. e nas
cidades pelo Aedes Aegypti.A maioria dos casos não tem sintomas,
quando ocorrem são: febre alta, dores de cabeça, fotofobia, dores
musculares cansaço extremo. Após quarto dias as pessoas ficam
curadas e imunizadas contra o vírus.
 HIV: A aids (Síndrome da imunodeficiência adquirida) é causada
por um retrovírus (vírus que apresentam apenas o RNA e
produzem DNA complementar ao seu RNA) que infectam os
linfócitos TCD4+ expondo o organismo a outras infecções por
bactérias, vírus e protozoários. Tem um período longo de
incubação de duas a seis semanas, os sintomas são: febre
constante, manchas na pele, gânglios edemaciados, dores de
cabeça, de garganta e muscular. A produção de anticorpos inicia-s
de oito a doze semanas. Fora das células a capacidade de infecção
do vírus HIV é de apenas alguns minutos e depende do contato
com mucosas e ferimentos. O vírus não é transmitido por beijos,
uso de banheiros públicos, ou picadas de insetos. Não há vacinas.
O vírus não atravessa a barreira placentária no caso de grávidas,
contudo é preciso cuidados na hora do parto. Os coquetéis
antirretrovirais que é uma combinação de drogas que inibe a
multiplicação do vírus retardam o aparecimento de infecções
oportunistas.
As Bactérias

O Reino Bactéria reúne a maioria dos seres procariontes (não possuem


membranas em torno do núcleo da célula) conhecidos que incluem seres
fotossintetizantes como as cianobactéria até seres parasitas como as clamídias.
As Arqueas bactérias suportam condições extremas de vida como elevadas
temperaturas, grandes profundidades oceânicas, geleiras até mesmo águas
muito ácidas.

As bactérias podem se aeróbias, as que utilizam o oxigênio e anaeróbia


as que não utilizam o gás oxigênio em seus processos metabólicos para obter
energia.

As bactérias são seres unicelulares que tem em média 1µm (micron) em


algumas espécies formam filamento. Maioria das bactérias possuem uma parede
celular rígida para proteção contra a entrada excessiva de água e muitos
antibióticos que impedem a síntese da parede celular levando a bactéria a morte.

De acordo com a estrutura da parede celular, as bactérias são


classificadas em Gram-positivas e Gram-negativas essas denominações se
referem a um método de coloração desenvolvido em 1884 pelo cientista
dinamarquês Hans C. J. Gram. Ao serem submetidas a esse método as bactérias
podem se corar de roxo (gram-positivas) ou se corar de rosa (gram-negativas).
Algumas bactérias possuem uma cobertura glicídica chamada de cápsula que
auxilia a aderência da bactéria aos tecidos do hospedeiro, além de oferecer
proteção contra os vírus bacteriófagos, anticorpos do sistema imunológico e
dessecação. Algumas bactérias possuem flagelos (longo filamento proteico) ou
pili (fibras proteicas curtas semelhante a pelo) que permite sua movimentação.

Fonte:Veckteesy
Sob condições ambientais adversas, algumas bactérias formam uma
estrutura de resistência, o endósporo, que contém o genoma bacteriano, envolto
por uma grossa parede que o torna resistente a fatores ambientais como calor,
dessecação entre outros. O endósporo pode permanecer latente por um grande
período de tempo e em condições favoráveis, ele se reidrata, sua parede se
rompe e a bactéria reinicia seu ciclo vital.

A reprodução das bactérias ocorre de forma assexuada por bipartição


(ocorre a divisão do organismo ao meio, originando outro ser idêntico ao que foi
dividido) ou cissiparidade (a bactéria duplica seu material genético e se divide
em duas) cada uma originando duas novas bactérias geneticamente idênticas
se não ocorrerem mutações. Entre os cocos e bacilos, as células podem
permanecer juntas após a divisão que recebem nomes específicos como;
estreptococos, estafilococos, estreptobcilos etc.

Tipos de Bactérias

Fonte: Educação.globo

As bactérias exercem diversas funções ecológicas como a decomposição,


produção de gás oxigênio e matéria orgânica fundamentais para sobrevivência
de todos os seres vivos, além da função de fixação de nitrogênio, pois a maioria
dos seres vivos não conseguem utilizar o gás nitrogênio (N²) atmosférico e o
retiram dos alimentos e para isso necessitam de bactérias fixadoras de nitrogênio
que utilizam o nitrogênio atmosférico na síntese de suas próprias moléculas.
Essas bactérias podem ser de vida livre ou viver em associações com algumas
plantas em nódulos em suas raízes (Rhizobium).

As bactérias podem ser:

 Autotróficas -fabricam seu próprio alimento através da fotossíntese;


 Heterotróficas - absorvem matéria orgânica do meio em que vivem;
 Saprófagas- degradam matéria orgânica morta;
 Parasitas- obtém alimento da matéria orgânica viva;
 Mutualista- estabelecem relações em que ambos organismos se
beneficiam como no tubo digestório dos animais ruminantes, nos
seres humanos sintetizando a vitamina K e constituindo a
microbiota normal que funciona como defesa do organismo.
O uso nas indústrias de laticínios utiliza bactérias dos gêneros
Lactobacillus para produção de iogurtes e queijos, do gênero Acetobacter para
produzir vinagre. Outras para a produção de bebidas fermentadas, molho de
soja e vinhos.
Na indústria farmacêutica usam as bactérias para produção de
antibióticos e vacinas como a Neomicina. Na década de 80 possibilitaram a
produção de insulina humana sintética por meio de técnicas de DNA
recombinante: fragmentos de DNA humano que codificam com a produção da
insulina são inseridos em bactérias Escherichia coli que passam a produzir
insulina, que é bem aceita em organismo humano com menos efeitos colaterais.
As infecções bacterianas são tratadas com antibióticos, mas o uso
indiscriminado ou inadequado desses medicamentos seleciona as bactérias
mais resistentes, o que poderá levar a infecções cada vez mais agressivas.

Exercícios de Fixação
1- O que são vírus?
2-Por que sempre podem surgir novos vírus?
3- Como os vírus podem ser usados para o bem da humanidade?
4-Quais as características que põem os vírus entre matéria viva e não
viva?
5-Qual a estrutura dos vírus?
6- O que é o capsídeo?
7-Quais os estágios dos vírus?
8-O que é virulência de um patógeno?
9-O que é período de incubação?
10- O que é um ser procarionte?
11- O que são arque bactérias?
12- Diferencie bactérias aeróbias de bactérias anaeróbias.
13- Diferencie bactérias gram-positivas de bactérias gram-negativas.
14- Para que serve a estrutura cápsula na bactéria?
15- O que são Endosporos?
16- Quais as funções ecológicas das bactérias?
17- Qual o uso das bactérias nas indústrias?

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