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Objectivos de Aprendizagem:

Vírus patogénicos

1. Definir e classificar vírus patogénicos


2. Explicar as características morfológicas dos vírus
3. Resumir as características principais do HIV e os factos básicos da infecção pelo HIV
4. Explicar sucintamente as características principais e factos básicos da infecção pelo vírus do
sarampo, varicela, herpes, hepatite

Bibliografia (referências usadas para o desenvolvimento do conteúdo):

Engelkirk, P.G. Gwendolyn, B. Microbiologia para as Ciências da Saúde. 7ª. Ed. Guanabara Koogan.
2009

Jawetz, M. Adelberg. Microbiologia Médica. 22ª. Ed. McGraw Hill, 2004.

ESTRUTURA E MORFOLOGIA DO VÍRUS


Vírus são microrganismos acelulares mais pequenos que as bactérias, não possuem organelas nem
capacidade para realizar os diferentes processos metabólicos que as células realizam. Portanto, são
parasitas intracelulares obrigatórios, uma vez que para a sua multiplicação precisam de usarem os
mecanismos metabólicos das células que infectam, desviando os processos metabólicos normais da
célula para a produção de cópias do vírus. Os vírus que infectam as bactérias são chamados de
bacteriófagos.
CARACTERÍSTICAS DOS VÍRUS
 São acelulares
 Genoma com ADN ou ARN
 Incapazes de replicar por si só, necessitando da célula hospedeira para o efeito
 Não possuem ribossomas
 Não se dividem por divisão binária, mitose ou meiose
ESTRUTURA DOS VÍRUS
 Tamanho – 10 a 300 nanômetros – visíveis apenas pela microscopia electrónica
 Genoma com ADN ou ARN
 Capsídeo – capa de proteina composta por pequenas unidades protéicas – os capsómeros
 Envelope – alguns vírus possuem um envelope externo composto de lípidos e polissacarídeo
(exemplo: vírus do HIV, vírus da gripe)
 Cauda, bainha e fibras caudais – encontrado nos bacteriófagos

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Figura 1: Estrutura do vírus
Os vários tipos de vírus conhecidos apresentam diferentes formas e tamanhos, e também não têm um
padrão único de estrutura. De maneira geral, podem-se definir quatro estruturas morfológicas virais:
Helicoidal: Os capsómeros se organizam ao redor de um eixo central, formando uma estrutura tubular
helicoidal. O ácido nucleico situa-se no interior de esta estrutura.
Icosaédrica: Os capsómeros se dispõem em forma de icosaedro regular ou de quase-esfera, com o
ácido nucleico no seu interior. A maior parte dos vírus animais tem esta estrutura.
Envelope: Alguns vírus podem se rodear de um envelope lipídico derivado da membrana da célula
hospedeira, diminuindo assim a capacidade dos organismos infectados para reconhece-los. O vírus da
gripe e o HIV utilizam esta estratégia.
Complexa: Alguns vírus possuem estruturas específicas, como caudas proteicas ou paredes externas
especiais. Os bacteriófagos, que são vírus que infectam bactérias, pertencem a esta categoria.

Figura 2: Estruturas morfológicas virais

Atendendo ao ácido nucleico que possuem, e ao uso de transcriptase reversa para sintetizar o ARN
codificante, os vírus podem-se dividir em:
 Vírus ADN. Por exemplo, os herpesvírus.

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 Vírus ARN. Por exemplo, os vírus da hepatite C, da febre amarela, HIV e o Ébola.
 Vírus que utilizam transcriptase reversa:
 Vírus ADN. Por exemplo, o vírus da hepatite B
 Vírus ARN. O HIV pertence a este grupo

PATOGENIA DA INFECÇÃO VIRAL


Para provocar doença, é necessário que os vírus penetrem num hospedeiro, entrem em contacto com
células susceptíveis, se repliquem, e causem lesão celular.

Figura 3: Etapas da Infecção Viral


As etapas específicas envolvidas na patogenia
As etapas específicas envolvidas na patogenia viral, são as seguintes:
Penetração e Replicação Primária
 Para que ocorra a infecção, é necessário que o vírus se fixe as células de uma das
superfícies corporais (pele, vias respiratórias, tracto gastrointestinal, tracto urogenital ou
conjuntiva) e penetre nelas.
 A maior parte dos vírus penetra através da mucosa das vias respiratórias ou do tracto
gastrointestinal.
 Porem, alguns vírus são introduzidos directamente no sangue por agulhas, transfusões
sanguíneas, ou picadas de insectos.

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 Alguns vírus penetram inteiros no interior da célula hospedeira (por exemplo, o vírus da
gripe). Porém, outros apenas injectam na célula o seu ácido nucléico, que transporta a
informação necessária para iniciar a produção de novas partículas virais. (exemplo: vírus do
HIV)
 Após a sua entrada nas células, o vírus começa a replicar-se no local de entrada.
 Alguns vírus provocam doença no local de entrada, e não precisam de se disseminar.
Propagação Viral
 Após a replicação no local de entrada, muitos vírus provocam doenças em locais distantes
do seu ponto de entrada.
 Os mecanismos de propagação viral são variáveis, porém as vias mais comuns são através
das correntes sanguínea e linfática.
 Os vírus tendem a exibir tropismo ou capacidade específica para infectar determinados
órgãos e células.

Lesão Celular e Doença Clínica


 A destruição das células infectadas pelos vírus e as alterações fisiológicas induzidas pela
lesão dos tecidos determinam a ocorrência da doença.
 A resposta imune do hospedeiro pode provocar sintomas generalizados e não específicos a
uma determinada infecção viral, como mau estar, febre e anorexia (falta de apetite).
 Muitas infecções virais provocam uma infecção subclínica (assintomática).
Recuperação da Infecção
 Os mecanismos de recuperação da infecção incluem as respostas imune inata e adaptativa.
 Nas infecções agudas, a recuperação está associada à eliminação do vírus. Por exemplo, a
infecção pelo vírus da gripe.
 Porém, existem circunstâncias em que o hospedeiro fica persistentemente infectado pelo
vírus, dando lugar a doença crónica. O exemplo mais conhecido em Moçambique é a
infecção pelo HIV (vírus da imunodeficiência humana).
Transmissão do Vírus
 É o último estágio na patogenia da infecção viral, e consiste na disseminação do vírus
infeccioso, contagiando a outros indivíduos.
 Esta etapa é necessária para manter a infecção viral na população de hospedeiros.
 Normalmente, a transmissão viral ocorre a partir das superfícies corporais envolvidas na
penetração do vírus.
 Nesta etapa, o indivíduo infectado torna-se infeccioso para os contactos.
 Em algumas infecções virais, o ser humano é o ponto terminal da infecção, não havendo
transmissão.

INTRODUÇÃO À TÉCNICA (REVISÃO)

As bactérias são organismos unicelulares procariontes geralmente de tamanho microscópico

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2.1. Estrutura das bactérias
a. Uma célula bacteriana típica possui parede celular, membrana citoplasmática, citoplasma
com ribossomas (polissomos), mesossomos (invaginaÇão da membrana citoplasmática),
núcleo sem membrana nuclear e organelos (flagelo e pili). Algumas bactérias possuem
cápsula à volta da parde celular.
2.2. Classificação morfológica das bactérias:
a. Cocos, são bactérias arredondadas ou esféricas. Os cocos podem ser vistos em grupos
de dois (diplococos), como a Neisseria gonorreae, responsável pela gonorreia, cadeias
(estreptococos), por exemplo o Streptococcus pyogenes, responsável por muitas
faringites, ou em cacho de uva (estafilococos), como o Staphylococcus aureus,
responsável por pneumonias e outras infecções
b. Bacilos, são bactérias de forma rectangular ou de bastão. Podem ser vistos como pares
(diplobacilos), e em cadeias (estreptobacilos)
c. Espirilos, com forma curvada ou espiral. Normalmente aparecem isolados.
2.3. Classificação quanto a necessidade de oxigénio:
a. Bactérias aeróbias, que precisam de oxigénio em concentrações similares as
encontradas na atmosfera para sua sobrevivência
b. Bactérias anaeróbias, que crescem apenas em ambientes sem oxigénio.
c. Anaeróbios facultativos, bactérias que podem sobreviver na presença ou na ausência
de oxigénio
2.4. Classificação quanto a coloração da parede celular:
a. Gram positivas, Gram negativas e Bactérias Álcool-ácido-resistentes
Bactérias Exemplos e doenças

Gram negativas Treponema pallidum (sífilis), Borrelia duttoni (Febre recorrente), Neisseria
gonorrhoeae (gonorreia), Salmonella Spp (febre tifóide), Shigella Spp (disenteria),
Vibrio Cholerae (cólera), Haemophilus influenzae (otites, meningites, pneumonias),
Risckettsia spp (tifo), Brucella spp (Brucelose), Yersinia pestis (Peste bubônica),
Chlamydia spp (Uretrites e doença inflamatória pélvica)

Gram positivas Streptococcus pneumoniae (pneumonia, meningites, otites), Streptococcus


pyogenes (faringites, infecções cutâneas, febre reumática), Staphylococcus aureus
(celulites, osteomielites, artrites)

Álcool-ácido-resistentes Mycobacterium tuberculosis (Tuberculose), Mycobacterium leprae (Lepra)

2.5. Vírus são microrganismos acelulares mais pequenos que as bactérias (visíveis apenas com
microscópico electrónico), não possuem organelas nem capacidade para realizar os diferentes
processos metabólicos que as células realizam. Portanto, são parasitas intracelulares obrigatórios,
uma vez que para a sua multiplicação precisam de usarem os mecanismos metabólicos das
células que infectam, desviando os processos metabólicos normais da célula para a produção de
cópias do vírus.
2.6. Características dos vírus:

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a. São acelulares, com genoma com ADN ou ARN, usam a célula hospedeira para se
replicarem, não possuem ribossomas, possuem um capsídeo (com capsómeros),
Envelope (alguns vírus), cauda, bainha e fibras caudais (nos bacteriófagos).

Figura 1:estrutura do vírus

2.7. O vírus do HIV – vírus da imunodeficiência humana é um vírus ARN, que faz a transcriptase
reversa. No seu interior tem 2 cópias de ARN de cadeia simples que codificam os 9 genes do vírus.
A cápside é de forma cónica, e está composta por unidades iguais de uma proteína chamada p17.
2.8. Dentro da cápside, as moléculas de ARN estão acompanhadas por algumas enzimas necessárias
para a produção de viriões, como transcriptase reversa, protease, integrase, e ribonuclease
2.9. A cápside está rodeada por um envelope lipídico de duas camadas. Inseridos no envelope
encontram-se complexos proteícos chamados Env, formados pelas proteínas gp120 e gp41. Estas
proteínas são responsáveis pelo acoplamento e entrada do material viral na célula hospedeira

Existem 3 principais vias de transmissão do HIV: via sexual (relações sexuais desprotegidas - a mais
frequente em Moçambique), sangue e outros fluidos biológicos e transmissão vertical (da mãe infectada
para o bebé).

Considerações finais

Os vírus são considerados partículas ou fragmentos celulares capazes de se cristalizar até alcançar o
novo hospedeiro. Por serem tão pequenos, só podem ser vistos com o auxílio de microscópios
eletrônicos. São formados apenas pelo material genético (DNA ou RNA) e um revestimento
(membrana) de proteína. Não dispõem de metabolismo próprio e são incapazes de se reproduzir fora
de uma célula. Podem causar doenças no homem, animais e plantas. Outra característica
importante é que são filtráveis, isto é, capazes de ultrapassar filtros que retêm bactérias.

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