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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTANCIA

FLORE MARIA CANATE


Código:

O ABORTO

(Licenciatura em Ensino de Matemática)

Nampula, Julho

2021
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTANCIA

FLORE MARIA CANATE


Código:

O ABORTO

(Licenciatura em Ensino de Matemática)

Trabalho de carácter avaliativo da


Cadeira de Fundamentos de Teologia
Católica, a ser apresentado no Curso de
Licenciatura Em Ensino de Matemática

Nampula, Julho

2021

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Índice

Introdução...................................................................................................................................3

ABORTO: VISÃO RELIGIOSA E SUA LEGALIZAÇÃO EM DIFERENTES PAÍSES........4

1.1. Definição do Conceito.........................................................................................................4

1.2. Tipos de Aborto...................................................................................................................4

1.3. Causas do Aborto.................................................................................................................6

1.3.1. Aspecto Económico..........................................................................................................6

1.3.2. Aspecto Moral...................................................................................................................6

1.3.3. Aspecto Religioso.............................................................................................................6

2. Aborto e Religião....................................................................................................................7

2.1. O Aborto na Igreja Mestra...................................................................................................8

3. Legalização do Aborto............................................................................................................9

3.1. Estudo de Caso de Estados Unidos de América e Brasil.....................................................9

3.2. Quadro Legal do Aborto em Moçambique........................................................................10

Conclusão..................................................................................................................................11

Bibliografia...............................................................................................................................12

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Introdução

Este trabalho busca reflectir sobre o Aborto em sua posição da Igreja Católica e sua dupla
perspectiva de Igreja Mestra e Mãe e busca explicitar a percepção de agentes de pastoral sobre
estas duas perspectivas eclesiais. De forma igual aborda a necessidade da legalização do
aborto, e explicar a todos que não é preciso que sejam a favor do acto de abortar em si, mas
que sejam a favor da sua descriminalização.

A discussão sobre a prática do aborto no mundo é crescente e de suma importância, já que é


um problema de saúde pública. No entanto, como divergem opiniões sobre a questão, não há
um consenso sobre uma possível mudança legal na posição de criminalização do aborto.

Actualmente, denota-se que a criminalização do aborto não impede a sua prática, sendo que o
aborto é realizado clandestinamente. Assim, as mulheres que abortam restam lesionadas e, em
certos casos, até mortas pelo facto do procedimento abortivo ser realizado incorrectamente.
Desse modo, as mulheres precisam de um atendimento adequado, com apoio de uma equipe
multidisciplinar para realizar o abortamento, diminuindo-se os riscos de lesões e de mortes
decorrentes de abortos inseguros.

É de salientar que para a sua efectivação, foi possível com base a consulta bibliográfica de
obras e pensamentos de alguns autores que ressaltam sobre as temáticas em questão. Porém,
este trabalho encontra-se estruturado em introdução, desenvolvimento, conclusão e a
respectiva bibliografia. Em fim, esta tarefa de carácter avaliativa e científica na se traduz num
dogmatismo, visto que está aberto para que se faça a apreciação, expondo correcções, críticas
e sugestões com vista a sua melhoria.

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ABORTO: VISÃO RELIGIOSA E SUA LEGALIZAÇÃO EM DIFERENTES PAÍSES

Na tentativa de nos aproximar de contextos específicos e promover uma cultura da vida


queremos propor e argumentar que uma visão mais completa da posição da Igreja sobre o
aborto é possível se a fizermos nesta dupla perspectiva: a posição da Igreja Mestra e a posição
da Igreja Mãe. Ninguém precisa se tornar a favor do aborto, mas todos a favor de sua
descriminalização. Importa, portanto, saber que a proibição do aborto não é eficaz em fazer
com que as mulheres deixem de abortar, mas é muito eficaz em matar principalmente
mulheres pobres, negras e periféricas.

1.1. Definição do Conceito

Conforme Nucci (2018, p. 629) “aborto é a cessação da gravidez, antes do termo normal,
causando a morte do feto ou embrião”. Ou seja, para a área do direito, não importa o tempo de
gestação, toda interrupção da gravidez é tida como aborto.

Cabette (2012, p. 34) destaca que “etimologicamente a palavra aborto deriva de ab+ortus, que
tem o significado de ‘privação do nascimento’”. Segundo Machado (2007, p. 03), o aborto se
qualifica como:

[...] a interrupção da gravidez antes de atingida a vitalidade do conceito, usando


geralmente como parâmetros a idade gestacional até 20 semanas ou a massa até 500
gramas. O abortamento espontâneo ocorre em 10 a 15% do total de gestações. Aborto
provocado é o emprego activo de meios para interromper uma gestação. Os meios
comummente usados são: esvaziamento instrumental transvaginal da cavidade uterina,
indução química e cirurgia uterina. (Machado, 2007, p. 03).

O aborto assim um é o acto de interromper a gravidez, é a expulsão do embrião ou feto antes


do final de seu desenvolvimento. Legalizar o aborto valorizaria a autonomia da mulher e o
respeito pela sua decisão livre.

1.2. Tipos de Aborto

O abortamento pode ser caracterizado de diversas formas, sendo que Nucci (2018) elenca seis
possibilidades, sendo elas: o aborto natural, que seria quando a gravidez é interrompida por
causas patológicas e de maneira espontânea; o aborto acidental, que ocorre em razão de
causas exteriores, como quedas e choques; o aborto criminoso, que é a interrupção voluntária
e forçada da gestação, provocando a morte do feto ou embrião; o aborto eugénico, também
denominado eugenésico ou embriopático, que é a interrupção da gravidez com o fim de evitar

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que a criança nasça com defeitos genéticos graves. tema altamente controvertido; aborto
económico-social, que seria a cessação da gestação por razões económicas ou sociais, caso em
que a mãe não possui condições de cuidar do seu filho; e, por fim, o aborto permitido ou legal,
que são os casos que a cessação da gestação é permitida por lei.

Nucci (2018) afirma que no aborto legal há duas subdivisões, sendo que uma é o aborto
terapêutico ou necessário, quando o aborto é recomendado por médicos, com o fito de salvar a
vida da gestante, tratando-se de uma hipótese de estado de necessidade; outra trata do aborto
sentimental ou humanitário, em que há autorização legal para a interrupção da gestação nos
casos e que a mulher foi vítima de estupro.

A partir disso, Greco (2014) destaca que existem duas espécies de aborto, sendo o primeiro o
natural ou espontâneo, quando o próprio organismo da gestante expulsa o produto da
concepção e o provocado, que pode ser doloso ou culposo.

O espontâneo é aquele que ocorre sem que haja intervenção ou vontade da mulher e
pode ocorrer por factores biológicos, psicológicos ou sociais; o induzido é provocado
e pode acontecer em caso de estupro, risco de vida a gestante e algumas
jurisprudências apontam a legalização do aborto para fetos anencéfalos ou
malformações e o ilegal é um grande problema de saúde pública, pois são feitos em
locais clandestinos, porque os motivos apresentados não se enquadram na legislação
em vigor (Moreira, 2021).

Os resultados indicam que o aborto é um fenómeno frequente e persistente entre as mulheres


de todas as classes sociais, grupos raciais, níveis educacionais e religiões. O aborto induzido,
também denominado aborto provocado, é o aborto causado deliberadamente por razões
médicas admitidas pela lei ou clandestinamente por pessoas leigas, o que constitui crime.
Pode acontecer pela ingestão de medicamentos ou por meio de métodos mecânicos.

Quando o aborto é realizado devido a uma avaliação médica é dito aborto terapêutico. O
aborto provocado por qualquer outra motivação é dito aborto electivo. Metade das mulheres
que já praticaram o aborto utilizaram-se de medicamentos para abortar, e quase a metade
destas precisou de internação para finalizar o aborto (Moreira, 2021).

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1.3. Causas do Aborto

1.3.1. Aspecto Económico

O aspecto económico do abortamento é bastante avaliado hoje em dia. A maioria das


mulheres que engravidam, são jovens que não têm condições financeiras de criar seus filhos.
A prática do aborto seria uma solução – mesmo que desumana – para esse problema, já que
assim, aconteceria um efectivo controlo de natalidade, diminuindo a pobreza e
consequentemente a marginalidade no país. Ainda há outro lado nesta questão financeira.
Hoje em dia, é da ciência de todos que existem inúmeras clínicas que fazem abortamentos
clandestinos, e cabe salientar, que estas clínicas cobram preços altíssimos, assim, somente
uma pequena parte da população faz esse tipo de prática, de maneira higiénica, sem correr
riscos de vida (Biroli, 2014).

1.3.2. Aspecto Moral

O aspecto moral do aborto é o principal facto da popularidade do assunto. A sociedade se


divide em duas vertentes. De um lado, as pessoas a favor da prática do abortamento, alegam
que é pior para a sociedade ter que conviver com indivíduos marginalizados e desamparados
pela família, e de outro, a parte que é contra afirma que o aborto fere o direito a vida que
todos possuem, mesmo dentro do ventre de outro. A moral, neste caso, é bem afirmada,
principalmente quando se reflecte que com a prática do aborto legalizada, o mundo se tornará
ainda mais promíscuo.

Outro aspecto moral ligado ao aborto extremamente polémico, é o argumento utilizado na


maioria das vezes por movimentos feministas que o corpo pertence à gestante, então esta tem
o direito de fazer o que bem entende com ele. Este argumento limita-se a fugir à questão
porque as feministas nunca chegam a dizer nada acerca do estatuto moral do feto, pois nunca
dizem se o feto tem, ou não, o direito à vida (Biroli, 2014).

1.3.3. Aspecto Religioso

O aborto, visto pelo aspecto moral, muitas vezes se confunde com o religioso, o que é
erroneamente falado. O aspecto religioso do aborto é bem diferente do moral. Enquanto o
moral se refere a que tal prática fere a conduta da sociedade, o religioso consiste em afirmar
que a vida é suprema em todos os casos. Eles afirmam que se Deus deu vida a este feto, foi
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porque ele quis que este existisse, e consequentemente, se este foi mal formado ou fruto de
estupro, também aconteceu desta maneira porque foi da vontade de Deus.

A posição oficial da Igreja Católica classifica o aborto como um dos pecados sujeitos à
excomunhão: “A gravidade do aborto provocado aparece em toda a sua verdade, quando se
reconhece que se trata de um homicídio […]” (JOÃO PAULO II, ENCÍCLICA
EVANGELIUM VITAE, 25/03/1995, nº. 58).

2. Aborto e Religião

A comunidade religiosa moçambicana defende que o aborto provocado vai contra os


Mandamentos de Deus. Para estes atentar contra a vida de um ser, retirando-lhe a mesma, não
faz de todo sentido existindo métodos de prevenção de gravidez. Chegam a prever os casos de
violação, afirmando também que mesmo nestes há a possibilidade de administração de uma
pílula nas 24h posteriores ao crime.

O Catolicismo desde os seus primórdios condena o aborto em qualquer estágio e em qualquer


circunstância, permanecendo esta até hoje como a posição oficial da igreja católica. “Deus,
senhor da vida, confiou aos homens o nobre encargo de preservar a vida, para ser exercido de
maneira condigna ao homem. Por isso a vida deve ser protegida com o máximo cuidado desde
a concepção.

A igreja católica considera que a alma é infundida no novo ser no momento da fecundação, e
assim, proíbe o aborto em qualquer fase, já que a alma passa a pertencer ao novo ser no
preciso momento do encontro do óvulo com o espermatozóide. A punição que a igreja
católica dá a quem faz o aborto é a excomunhão. “Quem provoca o aborto, seguindo-se o
efeito, incorre em excomunhão latae sententiae”. (CÓDIGO DE DIREITO CANÓNICO,
CÂNON 1398)

As únicas situações em que o aborto é aceite pela Igreja são nas em que este aconteça
indirectamente devido a outro tratamento médico, como por exemplo, quimioterapia. Ou seja,
a morte do feto é apenas um efeito secundário indesejado do tratamento original.

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2.1. O Aborto na Igreja Mestra

A posição oficial da Igreja – na perspectiva do que estamos chamando de Igreja Mestra – tem
sido muito bem definida nos pronunciamentos recentes do Magistério. O Concílio Vaticano II
aborda directamente a questão do aborto. A Constituição Pastoral Gaudium et Spes se refere a
ele em duas situações: no número 27 o aborto aparece entre os crimes contra a pessoa
humana:

tudo quanto se opõe à vida, como seja toda espécie de homicídio, genocídio, aborto,
eutanásia e suicídio voluntário... Todas estas coisas e outras semelhantes são
infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, desonram mais
aqueles que assim procedem, do que os que padecem injustamente; e ofendem
gravemente a honra devida ao Criador. (GS, 27)

No número 51 a outra referência ao aborto está no contexto do matrimónio e indica


formalmente que o aborto é um crime, pois a vida precisa ser defendida desde o momento da
concepção, num diálogo claro com o conhecimento científico actual e abandonando as
distinções entre embrião inanimado ou animado - muitas vezes presente nos debates sobre o
aborto ao longo da história.

Com efeito, Deus, senhor da vida, confiou aos homens, para que estes
desempenhassem dum modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de
conservar a vida. Esta deve, pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o
primeiro momento da concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis.
(GS, 51)

Em 1968 Paulo VI repetiu a condenação tradicional ao aborto na Humanae Vitae. João Paulo
II, por sua vez, se torna o papa que vai enfatizar a posição do Magistério da Igreja em relação
ao aborto, se pronunciando sobre o tema em vários momentos do seu pontificado e mais
claramente na Encíclica Evangelium Vitae onde o aborto é classificado como “crime
abominável” (EV,58), numa clara referência ao mandamento divino: “não matarás” (Dt.
5,17).

Neste documento João Paulo II se expressa – com toda consciência e responsabilidade de um


sucessor de Pedro: “declaro que o aborto directo, isto é, querido como fim ou como meio,
constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano
inocente.” (EV,62). É de conhecimento geral na teologia que esta posição do Magistério da
Igreja no século XX é fruto de uma longa, embora nem sempre consensual, tradição cristã
sobre o assunto. A condenação do aborto está claramente colocada em documentos do
primeiro século do cristianismo como na Didaque.

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O texto apresenta a seguinte exortação: “não mate a criança no seio da mãe, nem depois que
ela tenha nascido” (n.2,2), seguida pela Carta de Barnabé “Não farás morrer a criança no seio
da mãe; tampouco a matarás após o nascimento” (XIX, nº.5). Nos primeiros séculos do
cristianismo os escritores concordam que o aborto é uma violação do amor devido ao
próximo. “A cultura da época aceitava o aborto. Os cristãos, pessoas deste mundo Greco-
Romano e o Evangelho, condenaram-no.”

Por fim, a posição da Igreja Mestra, em relação ao aborto, é bem consolidada e representa
uma força profética nos nossos tempos onde o valor da vida humana passa por um processo
de relativização. A legalização do aborto é causa e fruto de uma mudança paradigmática na
sociedade actual, onde o bem-estar de alguns se consegue às custas de sacrifícios de muitos.
Deste modo a Igreja convoca o mundo católico, independentemente do ordenamento jurídico
do país onde vive, a assumir junto com o Magistério a posição de que o aborto é inaceitável e
configura um grave problema moral.

3. Legalização do Aborto

3.1. Estudo de Caso de Estados Unidos de América e Brasil

A maioria das pessoas criticam a legalização do aborto, mas se esquecem que nos EUA o
aborto é legalizado e ocorre menos do que no Brasil, devido o investimento em educação,
planeamento familiar e prevenção. Nos EUA, onde o aborto é legalizado em todos os estados
do país desde 1973, a partir da decisão da Suprema Corte no caso Roes VS Wade, há 730 mil
por ano. Isso em uma população de 320 milhões. Já no Brasil, onde o aborto é ilegal, foram
850 mil em uma população de 200 milhões (Estadão Internacional, 2014). Isto é, nos EUA há
um aborto para cada 438 habitantes e no Brasil, para cada 235 (Filippo, 2015).

De acordo com Filippo (2015):

No início dos anos 1980, atingiu 29,3%. Em 2011, último ano com estatística, estava
em 16,9% em uma movimento de redução contínua em quase três décadas depois do
aumento inicial pós legalização.A The Atlantic, uma das publicações mais respeitadas
dos EUA, avalia que isso se deva a dois factores que são: primeiro, embora a maioria
da população americana seja a favor do direito ao aborto, a maior parte dela acha a
acção moralmente errada. Isto é, as pessoas são a favor do direito, mas não do aborto.
Quem quiser fazer faça. Em segundo lugar, a pressão para o casamento de jovens em
uma gravidez diminuiu em relação aos anos 1970, sendo mais aceito uma mãe solteira
na sociedade americana.

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Já no Brasil seguimos debatendo este tema de saúde pública, porém ainda temos uma visão
deturpada da legalização do aborto, restringindo os direitos das mulheres e incriminando o
acto de abortar, com mulheres realizando abortos em clínicas clandestinas, enquanto nos EUA
podem fazer com segurança em hospitais. Ninguém quer obrigar ninguém a abortar. Apenas
quer que as pessoas tenham direito. E o direito ao aborto, como vemos nos EUA, não implica
necessariamente no aumento do número de abortos (Filippo, 2015).

3.2. Quadro Legal do Aborto em Moçambique

Segundo a Associação Moçambicana de Obstetras e Ginecologistas, em Moçambique mais de


400 mulheres perdem a vida por 100 mil nascimentos vivos, sendo 11% destes relacionados
com abortos feitos fora do hospital. As principais vítimas são na sua maioria raparigas das
zonas rurais, com poucos rendimentos e ignorantes quanto à existência de métodos
contraceptivos modernos. Em 1989, o Ministro da Saúde da época instaurou um regulamento
que autorizava a prestação de serviços de interrupção da gravidez a mulheres que o
solicitassem. Uma medida que começou por salvar inúmeras vidas, acaba por perder eficácia
dado que esta norma não é respeitada no país por muitos defenderem ir contra o disposto no
Código Penal.

Em Julho de 2011, o governo moçambicano aprovou uma legislação que considera crime a
interrupção voluntária da gravidez quando ultrapassadas as doze semanas de gestação. Caso
tal ocorra a pena de prisão prevista corresponde entre dois a oito anos de prisão, podendo
chegar aos doze anos de prisão em casos em que tenha havido indução.

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Conclusão

Ao confrontar as posições oficiais católicas em relação ao aborto e os contradiscursos


produzidos sobre o mesmo tema por teólogos, padres, leigos, estudiosos e pesquisadores, é
possível evidenciar não apenas as contradições, ambiguidades e omissões do discurso oficial
católico, mas também observar que, apesar de o tema ser considerado polémico, não pode e
não deve ser tratado como um dogma ou tabu. Diante do exposto, é possível identificar bases
éticas, morais e até religiosas para se defender o direito de se optar pelo aborto, tanto quanto
para condená-lo.

Os países mais desenvolvidos já liberaram o aborto e a não legalização dessa prática é mais
um sinal de atraso. Por certo, o descontrole na prática do aborto em clínicas especializadas, ou
por mãos inexperientes, é um sinal de atraso e de pouco respeito à vida humana ou à lei que a
protege. A solução seria, então, a legalização do aborto.

Moçambique é um país laico e não deveria levar em conta argumentos de tipo religioso. Esse
é um sofisma frequente e mal esconde uma discriminação religiosa contra o direito à livre
manifestação dos cidadãos. Além disso, os direitos humanos independem de religião e valem
para todos, tanto como benefício quanto como imperativo ético.

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Bibliografia

Biroli, Flávia. (2014). Autonomia e Justiça no Debate do Aborto: implicações teóricas e


políticas. Brasília.

Cabette, Eduardo Santos. (2012). Saberes do Direito 6 – Direito Penal – Parte Especial I –
Arts. 121 a 212. 1ª Edição. São Paulo: Saraiva.

Filippo, Thiago Baldani Gomes. (2015). Aborto: Estados Unidos e Brasil : um estudo
comparado. 1ª. ed. São Paulo: Instituto Paulista dos Magistrados.

Greco, Rogério. (2014). Curso de Direito Penal Parte Especial. Vol. II. 11.ed. Niterói:
Editora Impetus.

Machado, Gustavo Silveira. (2007). Projectos de Lei Sobre o Aborto em Tramitação na


Câmara dos Deputados. Biblioteca Digital Câmara. Câmara dos Deputados.

Moreira, Fernando A. Aborto: crime e consequência. Disponível em:


<http://www.guia.heu.nom.br> Acesso em 14/07/2021.

Nucci, Guilherme de Souza. (2018). Manual de Direito Penal. 14.ed. Rio de Janeiro: Forense,
2018.

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