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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO

REVERENDO JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO


JONAIR PONTES

RESUMO: HISTÓRIA DOCUMENTAL DO


PROTESTANTISMO NO BRASIL

São Paulo
2022
JONAIR PONTES

RESUMO: HISTÓRIA DOCUMENTAL DO


PROTESTANTISMO NO BRASIL

Resumo do Livro: História Documental


do Protestantismo no Brasil parte 3. Para
atender exigências da disciplina de
História da Igreja Brasileira. Rev. Wilson
Santana da Silva.

SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO


REVERENDO JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO
São Paulo - 2022
SUMÁRIO

PARTE III – A IGREJA DO GOLPE DE 1964 ATÉ O PRESENTE ............................ 4


Os Batistas ............................................................................................................... 5
Os Presbiterianos .................................................................................................... 5
Os Metodistas .......................................................................................................... 7
Os Luteranos ............................................................................................................ 7
O Fenômeno Pentecostal ........................................................................................ 8
Luis Francescon e a Congregação Cristã do Brasil .............................................. 9
Daniel Berg e Gunnar Vingren: A Assembleia de Deus no Brasil ........................ 9
A Igreja Evangélica Pentecostal “ O Brasil para Cristo” ..................................... 10
A Igreja do Evangelho Quadrangular ................................................................... 10
Ministério Feminino no Exército da Salvação...................................................... 11
Ministério Feminino na Igreja do Evangelho Quadrangular ..............................12
Ministérios femininos em outras igrejas pentecostais ........................................ 12
Ministério feminino entre as metodistas .............................................................. 12
Ministério feminino entre os luteranos ................................................................. 13
A IPI do Brasil debate a ordenação de presbíteras .............................................. 13
CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 14
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PARTE III – A IGREJA DO GOLPE DE 1964 ATÉ O PRESENTE

INTRODUÇÃO

A história do protestantismo brasileiro do período tratado na terceira parte do


livro, devem ser estudados à luz de dois eventos cruciais e os movimentos por eles
desencadeados: O primeiro é o Concílio do Vaticano II (1962-1965), concílio
ecumênico da Igreja Católica Romana, que ampliou as fronteiras da Igreja para incluir
protestantes como irmãos, embora separados de Roma. Neste mesmo Concílio, deve
o Decreto sobre a Sagrada Liturgia que permitia, com a anuência do bispo, o culto no
vernáculo, sendo que o português logo se tornou a língua do culto no Brasil. Essa
renovação da Igreja Católica obrigou os protestantes a um sério questionamento, qual
seria a atitude das igrejas protestantes frente ao novo catolicismo? Qual seria a sua
motivação para fazer missões, agora que os católicos teriam acesso a Bíblia que antes
lhes era negada?

Outro evento foi militar golpe de 1964 e o duradouro regime de duas décadas.
Na verdade, a própria história da Igreja Católica não pode ser entendida sem
referência ao regime militar, que depois com a expulsão de inúmeros padres,
processos contra padres e prisão de vários militantes da Ação Católica, a Igreja acaba
tendo uma ruptura com o regime. Da parte dos protestantes, ouve uma grande
aceitação do regime, principalmente pelo medo de que João Goulart estivesse
conduzindo o país a um caos socialista e possivelmente à guerra civil. Por diversos
motivos, um a geral apatia política se instalou nos meios evangélicos em razão da
falta de experiência na política, que degenerou em desinteresse, preferência pelos
assuntos “espirituais”, ou resignação frente a uma situação na qual parecia que as
minorias protestantes pouco poderiam influir.

Em 1968, com a nova visão do Vaticano II, aplicada à realidade latino-


americana na célebre II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano
(CELAM), realizada em Medellín, encontrou eco nas com unidades eclesiais de base,
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na luta pela justiça e no serviço aos pobres, dando força a teologia da libertação.
Diante dessa teologia, os protestantes tiveram que se posicionar. E neste capítulo,
vários documentos foram selecionados com o objetivo de se tentar distinguir os
diferentes posicionamentos das denominações.

Os Batistas

De todas as igrejas históricas, só os batistas conseguiram manter sua antiga


ênfase evangelística, sem passar por um a crise de maiores proporções. A
característica mais marcante da denominação no período do regime militar tem sido
suas grandes campanhas de evangelização nacionais e continentais.

Para muitos, há evidência sólida de que os batistas encararam a Campanha


Nacional de Evangelização (1965) com a sua resposta ao golpe de 1964, onde o lema
era “Cristo, A única esperança”, querendo informar de que soluções meramente
políticas são insuficientes para tratar dos problemas mais profundos do ser humano,
como pode ser percebido pelo editorial escrito por José Reis Pereira, relator do Jornal
Batista. Em outro editorial, o Jornal Batista procurou orientar os batistas quanto ao
comportamento diante do golpe militar, que foi interpretado como uma vitória da
democracia sobre o comunismo.

A Cruzada Evangelística de Billy Graham no Rio de Janeiro de 1974, foi um


grande marco para os batistas, onde deve inúmeras conversões e impacto. Durante
os cinco dias de campanha 615 mil pessoas assistiram e mais de 25 mil pessoas
assinaram cartões de “decisão para Cristo”. Em 1980, teve a Campanha Nacional de
Evangelização, tendo como grande motivação e propósitos envolver toda a
comunidade batista para evangelizar o país, afirmando que só Cristo salva.
Os Presbiterianos
Antes do golpe de 1964, o IPB manifestava interesse no movimento ecumênico,
tendo enviado membros seus na Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas em
Amsterdã. Nesse período também vieram missionários da PCUSA, como Richard
Shaull, o mais influente de todos, que insistiram na aplicação prática do Evangelho
em termos de justiça social. Além disso, começou a sentir influência de novas
correntes teológicas da Europa e EUA, trazidas tanto pelos missionários como por
brasileiros que estudaram no estrangeiro, trazendo progressividade nos seminários e
na mocidade presbiteriana que se também se politizava.
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De 1962 a 1966, com o advento do regime militar, mudou radicalmente o clima


dentro da IPB. O Supremo Concílio de 1966, marcou a era Boanerges Ribeiro, onde
o foco como afirmaram observadores americanos, era primariamente a evangelização
e proclamação da Igreja, tendo a preocupação social como derivada; uma oposição
anti-romana, antipentecostal e anticomunista intransigente, e ecumenismo só dentro
de parâmetros restritos a igrejas protestantes.
Uma das possíveis motivos do rompimento da IPB e a Missão Brasil Central foi
a adoção da UPCUSA da Confissão de 1967 que substitui a Confissão de
Westminster. Em 1973, a IPB rompeu, unilateralmente relações com a UPCUSA.
Nesse período, a administração da IPB afastou pastores, igrejas locais e até
presbitério por estarem em desacordo com o atual regime da Igreja, e um número
significativo de indivíduos e grupos se retiraram. Nascendo assim a Aliança das Igrejas
Reformadas de linha mais liberal, ecumênica e de cunho social e a FederaçãoNacional
de Igrejas Presbiterianas formada por sua maioria de professores afastados de
seminários presbiterianos.
A IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DO BRASIL RECEBE MISSIONÁRIOS
NORTE-AMERICANOS PELA PRIMEIRA VEZ(1978).

Desde a ruptura que ocorreu entre os presbiterianos (1903), provocada pela


questão da autêntica autonomia, a IPI dispensou a colaboração missionária. Depois
de 3/4 de século, a IPIB recebeu nos seus presbitérios três missionários que vinham
colaborando com a IPB. Tal atitude, em 1978, já não representava mais um a ameaça
à autonomia e integridade da Igreja, firmemente estabelecida e dirigida por elementos
nacionais.
A IPB E A RENOVAÇÂO
O movimento chamado “carismático” pela ênfase nos dons do Espírito, não
deixou nenhuma denominação isenta da sua influência, que resultou, não raro, em
cismas em igrejas locais e nas próprias denominações.

Na IPIB, tomaram-se providências enérgicas no Supremo Concilio de 1972, e


no ano seguinte um segmento da Igreja separou-se para formar a Igreja Presbiteriana

Independente Renovada, que posteriormente se juntou a um grupo semelhante


egresso da IPB, formando a Igreja Presbiteriana Renovada. O órgão oficial desta nova
Igreja se intitula, caracteristicamente, Aleluia. Nos anos seguintes foram elaboradas
resoluções e documentos mostrando a incompatibilidade da doutrina da IPIB com a
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doutrina do movimento carismático.

Os Metodistas

Em meio as tensões criadas pela guerra fria, crescia uma população


universitária evangélica, onde sua presença se fazia sentir em diversos níveis, desde
o movimento de estudantes cristãos até a Sociedade Metodista de Jovens,
especialmente nos congressos regionais e nacionais. A juventude universitária e os
acadêmicos de teologia lutavam por uma Igreja mais voltada para a ação social e a
política, e exigiam as mudanças estruturais para que isso se tornasse realidade.
Vários movimentos foram criados dentro da Igreja liderados por Nathanael Inocêncio
do Nascimento, então reitor da Faculdade de Teologia que visava substituir a
liderança missionária por brasileira.

A nova liderança brasileira deu forte ênfase na justiça social, tendencia seguida
pela Faculdade de Teologia nos primeiros anos do regime militar, culminando com o
convite para que bispo católico Dom Helder Câmara paraninfasse a formatura de
1967. Tal atitude contribuiu para a polarização de posicionamentos dentro da Igreja e
fechamento da Faculdade de Teologia em 1968.

A partir de 1968, a Igreja Metodista procurou voltar-se mais para si mesmo que
para o mundo, o que resultou em uma tendencia ao regionalismo, isso deve um reflexo
na proliferação de seminários regionais.

O metodismo, na década dos 70, em meio à explosão da população estudantil


universitária, entrou na educação superior com força, e nesse período quase todos os
seus principais colégios criaram faculdades. Em 1981, cem anos depois da fundação
do mais antigo educandário metodista, o Colégio Metodista de Piracicaba, tornou-se
a Universidade de Metodista de Piracicaba (UNIMEP).

Os Luteranos

A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, tem se distinguido pelos


seus esforços de nacionalização e participação responsável na vida brasileira. Sua
seriedade nessa busca é ilustrada pela publicação do livro: “Quem Assume esta
Tarefa?” Onde trata de uma Igreja em busca de sua identidade, que é atuante na
transformação da sociedade, assumindo as suas responsabilidades.

Foi também elaborado pelo VII Concílio em 1970 um documento chamado “O


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Manifesto de Curitiba”, que expunha claramente o posicionamento político-social da


IECLB que foi entregue ao presidente Médici em Brasília. Documento este que trata
das teses sobre as relações entre a Igreja e o Estado; assuntos que preocupam a
Igreja, como o caráter do culto cristão, ensino cristão e educação moral e cívica, e
direitos humanos.

A IECLB preocupada com o despertamento da responsabilidade e ação social


de seus membros, elaborou também um Guia Diacônico para orientar suas
comunidades sobre a importância do cuidado social e sua responsabilidade como
cristãos, confrontando-os ao arrependimento e para tomar uma atitude ativa diante
dos desafios sociais que o país enfrenta.

O Fenômeno Pentecostal

O movimento pentecostal surgiu do movimento de “santidade”. A sementeira


específica provavelmente foi a Escola Bíblica de Topeka, nos Estados Unidos, onde
Charles Pahram defendia a ideia de que o falar em línguas era um dos sinais que
acompanhavam o Batismo do Espírito Santo.

Um discípulo de Parham, o pregador negro W. J. Seymour, começou promover


reuniões na rua Azuza em Los Angeles, afirmando que havia uma terceira benção,
que era o batismo com o Espírito Santo, que era acompanhado pelo falar em línguas.
E no dia 6 de abril de 1906 em um a reunião de oração, um menino de oito anos falou
em línguas, seguido de outras pessoas. Foi o início formal do movimento pentecostal.
W H . Durham, pastor de uma Igreja Batista de Chicago, foi um dos que falaram
em línguas nas reuniões de Seymour. Durham discordou de Seymour sobre a
explicação teológica da experiência, entendendo justificação também como o início
da santificação; o Batismo do Espírito Santo seria então a segunda bênção. Daniel
Berg foi membro da Igreja de Durham, em Chicago, e de lá saiu com o missionário
para o Brasil.

O movimento pentecostal estava na sua infância quando chegou ao Brasil.


houve pouco diálogo entre pentecostais e igrejas históricas no Brasil. O
relacionamento foi marcado pela polêmica, desprezo e desconfiança. Na década dos
60, tanto protestantes quanto católicos-romanos começaram a tom ar os pentecostais
muito mais seriamente. A sua expansão foi um fator decisivo nesta mudança de
atitude, pois os pentecostais ultrapassaram numericamente as igrejas históricas,
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inclusive a luterana.

Diante de todo o crescimento das igrejas pentecostais, talvez, teólogos


protestantes e católicos começaram a perceber que, apesar da pobreza do discurso
dos pentecostais e da superficialidade das suas análises bíblicas, eles, na sua
atuação junto ao povo, e especialmente junto ao povo oprimido, estavam “fazendo
teologia”.

O “movimento carismático” também surgiu entre os católicos, nos EUA entre


professores católicos leigos da Universidade de Duquesne, em Pittsburg, Estado da
Pennsylvania, quando eles teriam recebido o “Batismo do Espírito Santo” em fevereiro
de 1967. Mais ou menos no mesmo período, o fenômeno foi observado em igrejas
protestantes tradicionais, inclusive no Brasil, onde teve esses tipos de manifestações.
Que normalmente resultaram em cisma nas igrejas, resultando em novas
denominações, como a Igreja Metodista Wesleyana e a Igreja Presbiteriana
Renovada.

Luis Francescon e a Congregação Cristã do Brasil

Luis Francescon, nasceu na Itália em 1866, foi morar nos EUA, e por influência
W.H Durham participou do avivamento de Los Angeles e em 1907 foi “batizado” pelo
Espírito Santo falando em línguas. Em 1910 ele parte para o Brasil como missionário,
passando por várias cidades e Estados plantando igrejas e evangelizando. Em 1951,
já havia 815 casas de oração e 46 congregações só na cidade de São Paulo.

Daniel Berg e Gunnar Vingren: A Assembleia de Deus no Brasil

Daniel Berg (1885-1963) e Gunnar Vingren (1879-1933), nascidos da Suécia,


tornaram-se batistas, e depois emigraram para os Estados Unidos. Os dois afirmam
ter recebido o dom do Espírito Santo em 1909 e se sentiam divinamente chamados
para a missão no Brasil.

Eles chegaram no Brasil em 1910, aportando em Belém do Pará. Localizaram


a Igreja Batista, onde foram hospedados pelo pastor; colaboraram nesta Igreja, na
medida do possível. Suas práticas pentecostais resultaram em dissenções, e depois
de algum tempo Berg e Vingren foram convidados a se retirar; saíram, levando dezoito
membros da Igreja Batista com eles que deu início as Assembleias de Deus em
meados de 1911.
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A Igreja Evangélica Pentecostal “ O Brasil para Cristo”

Um dos mais destacados evangelistas brasileiros foi Manoel de Mello, fundador


da Igreja Evangélica Pentecostal “O Brasil para Cristo”. Ele foi membro da Assembleia
de Deus e depois foi para a Igreja do Evangelho Quadrangular, onde foi ordenado.
Ele participou da Cruzada Nacional de Evangelização, onde inúmeras pessoas
ouviam as suas pregações. Desejoso de iniciar uma obra evangelística independente,
separou-se da Cruzada em 1956 levando consigo um bom número de evangelistas, e
organizou a campanha “O Brasil para Cristo”, da qual surgiu a atual Igreja Evangélica
Pentecostal, O Brasil para Cristo.

Uma das diferenças da Igreja é que foi fundada por um brasileiro e não por
estrangeiros, e nem ligada a nenhuma denominação no exterior. A igreja era mais
flexível em relação ao dom de línguas, não sendo algo exigido, mas encorajado. A
Igreja também é mais voltada para problemas político-sociais e mais ecumênica, ao
ponto de tornar-se membro do Conselho Mundial de Igrejas, e na inauguração do
templo da sede, convidar o cardeal católico D. Paulo Evaristo Arns.

A Igreja do Evangelho Quadrangular

A Igreja do Evangelho Quadrangular foi fundada pela evangelista Aimee


Semple McPherson (1890-1944), que alegou que quando estava pregando em
Oakland, Califórnia, alega ter recebido, por revelação, a interpretação dos querubins
com quatro rostos (Ez 1.10). Para Aimee, simbolizavam “os quatro ângulos do
ministério de Cristo: o salvador, o batizador com o Espírito Santo, o grande médico e

o rei que há de voltar”. Em 1923, ela construiu em Los Angeles, Califórnia, o templo
“Angelus” que se tornou sede de uma Igreja com ramificações mundiais. Com a morte
da fundadora, o movimento não mostrou mais nos Estados Unidos a mesma
vitalidade.

O fundador da Igreja Quadrangular no Brasil foi Harold Williams, que foi


missionário na Bolívia. Williams fundou a Igreja Quadrangular em São João da Boa
Vista, SP, em 1951. A expansão da obra começou por volta de 1953 através da
“Cruzada Nacional de Evangelização”, cuja característica foi o uso de enormes tendas
de lona, conhecidas com o “tendas de Jesus”. Nessas tendas, Raymond Boatright era
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o principal evangelista, e a tônica era a cura divina. Em 1976, a Igreja já tinha mais de
100 mil membros.

Em sua declaração de fé, a principal preocupação teológica, assim como todas


as outras denominações pentecostais era o Espírito Santo e seus dons. Na declaração
de fé da Igreja Quadrangular ilustra o reducionismo doutrinário, pois se preocupa
pouco com os grandes temas teológicos clássicos.

O MINISTÉRIO FEMININO

Atual abertura ao ministério feminino constitui um a recuperação dos serviços


que mulheres cristãs prestaram normalmente a Jesus e à Igreja Primitiva. Por razões
diversas, a Igreja restringiu severamente até o fim da era primitiva a esfera da ação
feminina; no mosteiro, porém, a mulher sempre gozou de mais liberdade para
desempenhar ministérios. Os principais reformadores pouco fizeram para modificar a
situação.

As igrejas protestantes no Brasil herdaram, em geral, a atitude dos


reformadores, particularmente quanto à pregação e ordenação para ministério
pastoral. Por outro lado, nos Estados Unidos, entre 1956 e 1976, quase todas as
grandes denominações abriram plenamente suas portas ao ministério feminino. Os
metodistas elegeram, em 1980, sua primeira bispa, a Dra. Marjorie Matthews. No
Brasil, tomaram a dianteira o Exército da Salvação e a Igreja Quadrangular, ambos
não ligados a igrejas históricas. Luteranos e metodistas seguiram tardiamente o
exemplo das denominações fundadoras no exterior.

Ministério Feminino no Exército da Salvação

William Booth (1829-1912) juntamente com sua esposa Catherine Mumford


Booth (1829-1890) fundaram o Exército da Salvação. Em 1859, o Rev. Arthur
Augustus Rees, atacou com o antibíblica a pregação feminina. Catherine Booth
escreveu em resposta a Rees um tratado que se tornou uma apologia clássica do
direito da mulher ao púlpito.

No ano seguinte, encorajada por seu marido, Catherine começou a pregar. Sua
primeira pregação, no primeiro domingo de junho de 1860, foi apoiada pelos oficiais
da igreja local. Catherine cooperou plenamente na obra social-evangelística que se
espalhou pelo mundo inteiro.
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O ministério feminino é elemento essencial do Exército da Salvação, já a partir


da família dos fundadores. Várias mulheres da família lideraram o Exército da
Salvação. A mais famosa das filhas, Evangeline Cory Booth (1865-1950) foi
comandante no Canadá (1895-1904), nos Estados Unidos (1904-1934) e, finalmente,
general mundial (1935 a 1939). Provavelmente não existe outra Igreja em que teve
tanta abertura para o ministério feminino quanto o Exército da Salvação.

No Brasil não foi diferente, o casal fundador do Exército da Salvação no Brasil


foram, David Miche (1867-1938), e Stella Delisle (1873?). Eles chegaram no Brasil em
1922, e Stella foi a primeira ministra do Exército da Salvação no Brasil. Quase metade
dos enviados ao Brasil eram mulheres. No exército da Salvação, um oficial só pode
casado com outro oficial. No início os brasileiros que se preparavam para o oficialato
no Exército da Salvação estudavam no estrangeiro, mas em 1962 foi fundado o
Colégio de Cadetes.

Ministério Feminino na Igreja do Evangelho Quadrangular

Fundada por uma evangelista, a Igreja do Evangelho Quadrangular tem sempre


prestigiado as mulheres no ministério da pregação. Mary Elizabeth Williams já era
ministra Quadrangular quando se casou com Harold Edwin Williams. O próprio
seminário da denominação no Brasil. O Instituto Bíblico Quadrangular, era dirigido por
um a mulher, Dorothy Marguerite Hawley. Além das missionárias, a Igreja logo
aproveitou obreiras brasileiras, tanto que em 1958, seis ministras foram ordenadas.
Quadrangular é um a das mais abertas ao ministério pastoral feminino no país.

Ministérios femininos em outras igrejas pentecostais

Nas igrejas pentecostais a ordenação feminina é negada às mulheres


pentecostais. Mas pelo fato do Espírito Santo “soprar onde quer”, não se limitando ao
sexo masculino na distribuição dos seus dons. Desse modo, uma vez que mulheres
recebem os dons espirituais, elas desempenham o ministério sem o benefício da
ordenação, orando pelos enfermos, expulsando demônios, curando e evangelizando,
exercendo liderança de forma indireta.

Ministério feminino entre as metodistas

Na Constituinte da Igreja Metodista do Brasil (1930), foi proposta, sem sucesso,


a admissão de mulheres à ordem do presbiterato. Só em 1954, é que se criou a Ordem
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das Diaconisas, que se extinguiu no Concilio Geral de 1970-1971, oportunidade em


que também foram eliminadas as distinções de sexo no ministério ordenado da Igreja.
A primeira mulher ordenada presbítera foi a senhora Zeni Lima Soares em 1974.

Ministério feminino entre os luteranos

O pastor luterano Theodor Fliedner (1800-1864) estabeleceu, em 1836, na


pequena cidade de Kaiserwerth, o Instituto de Diaconisas, que pela importância do
serviço se espalhou para o resto da Alemanha e para muitas partes da Europa e as
Américas, tendo muitas igrejas adotado o serviço das diaconisas. Não demorou para
que essas obreiras chegassem no Brasil e desempenha-se um significativo ministério.
Atualmente, moças luteranas vocacionadas para esse serviço preparam-se na Casa
Matriz de Diaconisas, estudando por três anos no Seminário Bíblico.

O pastorado, para mulheres luteranas, só foi aceito muito mais tarde, depois de
anos de estudo e reflexão teológica. Os fundamentos bíblico-teológicos estabelecidos
nos debates teológicos na Alemanha alcançaram aceitação também na IECLB.
Atualmente existem inúmeras pastoras exercem o ministério pastoral, algumas delas
exercem o ministério ao lado de maridos também pastores. Rita Marta Panke foi a
primeira mulher a ser instalada como pastora em 1976.

A IPI do Brasil debate a ordenação de presbíteras

As igrejas presbiterianas admitem apenas uma ordem espiritual, o presbiterato.


Fazem parte dessa ordem, na igreja local, o pastor, que prega e ministra os
sacramentos, e os presbíteros, que participam dos cuidados espirituais da
congregação. O pastor é presbítero docente, os outros, presbíteros regentes. A IPI do
Brasil admite mulheres ao diaconato desde 1934, porém o diaconato desempenha
funções consideradas não-espirituais. O ponto de debate na IPI do Brasil é a admissão
da mulher ao presbiterato da igreja local, não ao pastorado. A questão foi ventilada no
Supremo Concilio de 1978, obtendo o apoio de um bom número de líderes do
ministério, mas não logrou a aprovação do Supremo Concilio de 1981.
CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES

A leitura dessa obra é extremamente importante para a disciplina, pois


proporciona o conhecimento de todo o processo de amadurecimento do protestan-
tismo no Brasil, bem como do quanto foi favorável às igrejas evangélicas a
proclamação da República, que permitiu a liberdade de culto aos não católicos.
Ao verificarmos a história eclesiástica, incluindo a história do protestantismo
no Brasil, percebemos quea história que estamos conhecendo através deste livro e
dos documentos históricos aqui disponibilizados, é a história dos feitos do Espírito
Santo, mas também é a históriadesses atos entre pessoas pecadoras como nós. E
temos o exemplo disso de forma clara ao lermos o Novo Testamento, onde os
apóstolos são apresentados, ao mesmo tempo, como pessoas de fé e pecadores
miseráveis, e é através desses pecadores edessa igreja que Deus faz o seu Reino
prosperar e avançar sobre toda a Terra, e devemos louvar a Deus e sermos
imensamente gratos ao Senhor pela vida desses servos do Senhor que dedicaram a
sua vida para evangelizar o nosso país.

Fazer considerações finais sobre livros que tratam da história da Igreja é


sempre um enorme desafio, pois corremos o grande risco de cometer equívocos, e ter
que enfrentar os desafios daquela época na pele, e de possuirmos o privilégio de ver
as consequências de suas decisões décadas depois, por isso, corremos o risco de
fazermos análises às vezes injustas do que ocorreu em um determinado período da
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história eclesiástica. Por isso me esforçarei, apesar das minhas limitações, em fazer
considerações que creio ser pertinentes, e o mais justas possíveis, levanto em conta
o contexto histórico da Igreja Protestante brasileira.

Quando foi instaurado o Regime Militar, a grande maioria dos protestantes


foram a favor, pois viam nela um instrumento de Deus para frear o comunismo,
evitando que o Brasil virasse uma nova Cuba comunista. Ao crente, não havia outra
opção naquele momento do que apoiar a decisão dos militares, pois realmente a
ameaça comunista era real, verdade essa, que hoje muitos tentam desconstruir e
reinscrever a história com o intuído de negar.

Neste período, o posicionamento da IPB mudou radicalmente, antes de 1962,


ela estava mais aberta e com interesse no movimento ecumênico. A Igreja também
estava sofrendo influência de missionários mais progressistas como Richard Shaull, e
de professores de seminário que tinham estudado no exterior, que acabou refletindo
nos seminários e a mocidade presbiteriana.

No Supremo Concílio de 1966 com a eleição do rev. Boanerges Ribeiro, a IPB


sofreu uma radical mudança. A Igreja se tornou mais conservadora, confessional, feroz
defensora da Confissão de Westminster, além de uma postura mais anti-romanista,
antiecumenica, antipentecostal, anticomunista e antimodernista. Ela também rompeu
com a Missão Brasil Central, onde um dos motivos foi o fato da UPCUSA substituir a
Confissão de Fé de Westminster pela Confissão de 1967. Tais mudanças que
ocorreram na IPB nos mandatos do Rev. Boanerges Ribeiro, tornaram a Igreja mais
confessional e pura doutrinariamente. A postura firme do reverendo Boanerges e de
tanto outros fiéis oficiais da Igreja, foram instrumentos de Deus para livrar a nossa
Igreja do liberalismo teológico, da praga da teologia da libertação, e do
pentecostalismo.

Uma das Igrejas que sucumbiram naquela época foi a Igreja Metodista, tanto
que hoje está mergulhada no liberalismo teológico e ordena mulheres ao sagrado
ministério.

A IECLB, também foi outra igreja que sucumbiu diante da teologia liberal e da
ideologia de esquerda, seguindo os mesmos passos da Igreja Metodista. Muito
engajamento social e pouca pregação do Evangelho.

Vimos também que o fenômeno pentecostal encontrou no Brasil um solo fértil


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para a sua propagação. O brasileiro abraçou o movimento pentecostal fazendo com


que o seu crescimento fosse assombroso. O relacionamento entre as igrejas
pentecostais e as igrejas históricas foi marcada por polêmicas e desconfiança por
parte dos protestantes, e com razão.

O rápido crescimento das igrejas pentecostais, e asua aparente espiritualidade,


refletida em um culto com manifestações de poder do Espírito, fez com que muitas
pessoas dentro das igrejas históricas desejassem esse mesmo tipo de experiências
em suas igrejas. Infelizmente muitos pastores acabaram sucumbindo a tentação de
imitarem os pentecostais ou de trazerem elementos de seus cultos para a suas igrejas,
com isso gerou cismas, resultando em novas denominações como a Igreja Metodista
Wesleyana e a Igreja Presbiteriana Renovada

Sobre o ministério feminino, as igrejas sofreram uma grande influência do


Exército da Salvação e da Igreja do Evangelho Quadrangular.
Concluo afirmando que este livro é muito valioso, e recomendo a leitura dele para
todos que desejam aprofundar na história do protestantismo no Brasil, onde terá
acesso a documentos que nos revelam grandes informações para melhor
compreensão do desenvolvimento do protestantismo em solo brasileiro.

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