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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO REVERENDO

JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO

JONAIR PONTES

SERMÃO – PREGAÇÃO 5

COMO AGIR EM SITUAÇÕES DIFÍCEIS

Texto base: Isaías 37.14-20

SÃO PAULO
2022
TÍTULO OU TEMA DO SERMÃO: COMO AGIR EM SITUAÇÕES DIFÍCEIS

TEXTO BÍBLICO A SER EXPOSTO: ISAÍAS 37.14-20

IDEIA EXEGÉTICA: Diante da ameaça de Senaqueribe, o rei Ezequias humilhou-se


diante do Senhor, orou adorando-o e clamou por livramento.

IDEIA HOMILÉTICA: Diante das dificuldades devemos nos humilhar diante do


Senhor, adorá-lo e clamar pelo livramento.

PROPÓSITO DO SERMÃO: Ao final do sermão o ouvinte deverá saber que quando


passarmos por grandes ou pequenas dificuldades, devemos nos humilhar, adorar e
clamar o Senhor para nos livrar.

INTRODUÇÃO

Uma das coisas difíceis da vida é viver sob ameaças, de modo geral é fácil
viver quando tudo está indo bem, quando a gente tem saúde, quando nós temos um
bom emprego quando os nossos relacionamentos estão funcionando de uma forma
harmônica e saudável, quando isso está acontecendo é fácil viver, mas quando as
coisas estão mal, obviamente a vida se torna bem mais difícil. Quando nós somos
acometidos de uma enfermidade, quando nós ficamos desempregados, quando os
nossos relacionamentos são desfeitos, obviamente fica difícil viver nesses momentos,
mas tão ou mais difícil do que viver quando as coisas já estão mal, é viver sob ameaça
de que elas podem ficar piores, eu estou me referindo a situações tais como aquelas
em que o médico começa a suspeitar dos sintomas e os primeiros exames começam
a apontar alguma coisa ruim, ou então quando muda a diretoria da empresa e surgem
os rumores de uma demissão coletiva, ou de um acidente que aconteceu e você tem
alguém muito próximo envolvido, ou quando o nosso cônjuge olha para nós num
determinado dia e diz: sabe eu já não tenho mais a certeza de que é isso o que eu
quero para mim. Momentos assim geram instabilidade, geram incertezas e essas
coisas tornam a nossa vida tão difícil quanto ela é.
A minha pergunta a você é: como você reage a esses momentos? o que você
faz quando você se sente ameaçado?
Isaías narra alguns fatos que aconteceram por volta do sétimo século antes de
Cristo. Naquele período o império assírio governado por um homem chamado
Senaqueribe surgia como a grande potência militar, e como uma avalanche que
devastava tudo quanto via pela frente, este exército assírio se aproxima de Judá que
é o remanescente fiel do povo de Deus, na época governado pelo rei Ezequias. Como
todas as cidades daquele período, Jerusalém era uma cidade murada, então quando
os habitantes da cidade percebem a chegada do exército assírio eles se refugiam
dentro dos muros da cidade. Os assírios então adotam uma estratégia, eles cercam a
cidade, montam guarda junto a um Aqueduto ou Açude que ficava fora dos muros e
que era a principal fonte de água da cidade de Jerusalém, a ideia era obviamente
simples, fazer que os habitantes da cidade ficassem privados de água, que é uma de
suas necessidades mais básicas. E, ao deixá-los sem água, no momento que
abrissem os portões da cidade, o exército assírio haveria de invadir a cidade de
Jerusalém.
O texto bíblico nos diz que com a cidade cercada, Senaqueribe envia a
população de Judá um mensageiro, o homem chamado Rabsaqué, com o discurso
extremamente ameaçador. Você pode ver isso nos versos anteriores do capítulo 37
de Isaías. Ezequias toma conhecimento disso, do mensageiro de Senaqueribe e então
vai ao profeta Isaías para conversar e ouvir o que Deus tem a dizer, e Isaías
tranquiliza o rei Ezequias com as palavras que você encontra nos versos de números
6 e 7 do Capítulo 37. Mas Senaqueribe era um rei atrevido e quando Rabsaqué volta
trazendo a notícia de que essas tinham sido as palavras do Senhor ao rei Ezequias.
Novamente por meio de Rabsaqué, é enviada outra mensagem, endereçada
pessoalmente ao rei Ezequias, na qual estava escrito o seguinte(37.10-11). Esse é o
contexto imediato da passagem que nós acabamos de ler .
A pergunta que nos interessa hoje é: Como devemos reagir nesses
momentos? O que nós devemos fazer quando nós sentimos ameaçados?
Diante disso irmãos, valendo-se do momento da vida do rei Ezequias, eu os
convido a pensarem o seguinte tema para esta mensagem: “COMO AGIR EM
SITUAÇÕES DIFÍCEIS”, a saber :

1. HUMILHE-SE DIANTE DO SENHOR (V. 14-15)


E a primeira verdade que nós aprendemos com essa passagem é: que diante
das dificuldades devemos nos humilhar diante de Deus.

Ezequias é o Rei de Judá, sobre os seus ombros pesa a responsabilidade de


cuidar do bem-estar do seu povo e agora ele se vê cercado pela grande potência
militar da época, com uma carta de ameaça em suas mãos parece uma experiência
muito distante da nossa experiência, na verdade afinal nós não somos reis, nós não
precisamos proteger uma nação, isso jamais aconteceria conosco.
Ao lermos o capítulo 36 de Isaías, ficamos sabendo de todo o contexto da
passagem e entendemos a dimensão e gravidade do problema do rei Ezequias. O
poderoso rei assírio Senaqueribe estava em plena campanha na Palestina e já havia
invadido Judá e tomado suas cidades fortificadas (Is 36.1). Além disso, Senaqueribe
havia enviado um arrogante oficial chamado “Rabsaqué” que fazendo uso de “terror
psicológico”, afrontou o rei Ezequias frente aos muros de Jerusalém, falando na língua
judaica para que todo povo que ali estava escutasse: “Em quem confias para se
rebelar contra a Assíria”? No Senhor? Visto que o Senhor não poderá livrá-los, assim
como os deuses das demais nações derrotadas não puderam livrá-las das mãos do
rei da Assíria! Através destas palavras desafiadoras, Rabsaqué procura minar a fé e
esperança de Ezequias e do seu povo no Deus de Israel.
Ezequias não estava enfrentando um inimigo qualquer, que pudesse ser
igualado em poder, ele estava sendo ameaçado pelo grande império assírio que vinha
acumulando vitórias, arrasando todas as nações da região e destruindo e queimando
os deuses daqueles povos.
No início do capítulo 37, Ezequias se entristece grandemente com a afronta de
Rabsaqué e consulta o profeta Isaías que lhe diz: “Não temas por causa das palavras
que ouviste com as quais os servos do rei da Assíria blasfemaram contra mim. Eis
que meterei nele um espírito, e ele, ao ouvir certo rumor, voltará para a sua terra; e
nela eu o farei cair morto à espada” (Is 37.6-7). O texto segue dizendo que Rabsaqué
retornou ao rei da Assíria que estava em guerra contra Libna, todavia, ele envia
mensageiros a Ezequias que lhe entregam cartas que afrontavam ao próprio Deus de
Israel (v.10).
Ezequias então, fez o que nós precisamos aprender, foi assumir uma posição
realista a respeito das circunstâncias que ele estava vivenciando e da sua condição,
o que o levou a se humilhar diante do Senhor, veja o que diz o verso 14, que tendo
Ezequias recebido a carta das mãos do mensageiro então subiu a casa do Senhor,
esse gesto é um gesto belíssimo, estendeu-a perante Senhor, esse gesto era
simbólico, a carta era a materialização da ameaça, materialização do seu problema e
Ezequias toma a carta e ele estende perante o Senhor, sem palavras o que Ezequias
está fazendo aqui? É reconhecer que estava em uma situação que ele era incapaz de
resolver sozinho, a situação na qual ele se encontrava e o texto continua no verso de
número 15 dizendo que ele orou.
Aqui está a primeira grande característica de quem se considera incapaz, nós
somente buscamos a Deus em oração quando reconhecemos a nossa incapacidade
de solucionar os nossos problemas e no texto original a palavra traduzida por orar
carrega a ideia de prostrar-se ou de curvar-se o que mostra que o texto deseja
enfatizar o fato de que a primeira atitude de Ezequias diante de uma ameaça foi
reconhecer a situação difícil e se humilhar diante de Deus, essa é a primeira coisa que
devemos fazer quando nos vemos em uma situação de ameaça, precisamos ter uma
atitude realista, uma postura realista e nos humilharmos diante de Deus.
Aplicação: Portanto, quando você estiver enfrentando situações difíceis, estiver
sufocado, triste, angustiado, desesperado. A primeira coisa que você precisa fazer é
humilhar-se na presença de Deus(Tg 4.10). Todavia, é fundamental sabermos que
devemos nos humilhar na presença sempre por intermédio de Jesus Cristo, o Filho de
Deus, pois somente ele é o mediador entre Deus e o homem (1Tm 2.5). Busque-o
com todo o teu coração e saiba que a presença de Deus não está restrita a templos,
como o Senhor Jesus nos ensinou, mas disponível a todos aqueles que o buscam em
espírito e em verdade (Jo 4.23). Exponha seus problemas para Deus e ore crendo,
pois ele está perto daqueles que o buscam (Sl 145.19).

Sendo assim, diante das situações difíceis devemos tomar a seguinte atitude.

2. ADORE O SENHOR (V. 16)

A segunda lição que aprendemos com Ezequias é que diante de situações


difíceis, devemos adorar o Senhor.
Ezequias adorou, veja aí quais são as primeiras palavras da oração de
Ezequias no verso de número 16, são palavras de adoração, ele disse: Ó Senhor dos
Exércitos, Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, Tu Somente
és o Deus de todos os reinos da terra; Tu fizeste o céus e a terra. Dessa forma,
Ezequias reconheceu a magnífica grandeza divina, Ele iniciou sua oração afirmando
o poder do Deus de Israel (Ele é o Senhor dos Exércitos), e sua majestade (Ele está
entronizado acima dos querubins). O conteúdo dessas palavras de Ezequias, é
importante considerar que ele às tenha dito neste momento, porque nós estamos
acostumados com palavras de oração no fim, depois que as coisas já estão resolvidas
e então a gente reconhece quem é Deus, então a gente agradece por aquilo que Deus
fez, mas o que eu quero que você perceba é que as ameaças ainda estavam lá, o
exército assírio, a angústia do povo, o risco de falta de água, a carta de ameaça de
Senaqueribe, todas essas coisas estavam diante dos olhos de Ezequias. Não havia
nenhuma evidência histórica para além da palavra profética que obviamente deveriam
nos ser suficiente, mas não tinha evidências nas circunstâncias de que as coisas estão
indo ao rumo que Ezequias esperava, mesmo assim as primeiras palavras de
Ezequias são palavras de adoração, ele o louva, ele adora ao seu Deus e talvez isso
é simples porque ele conhece a Deus, ele sabe quem é Deus. Na oração de Ezequias
é possível perceber evidências muito claras de um conhecimento profundo dos
atributos de Deus.
Enquanto, Senaqueribe, arrogantemente afrontava, blasfemava e desprezava
a soberana majestade de Deus, Ezequias o reconheceu como o soberano Senhor e
Criador que está entronizado nas maiores alturas. Ele não se deixou intimidar pelas
palavras orgulhosas de um rei terreno, mas olhou para o alto e lembrou-se rei celestial.
É importante notarmos que mesmo diante de uma grande aflição, Ezequias não
começou sua oração pedindo uma bênção a Deus, mas o adorando e reconhecendo
os seus atributos. Ao se dirigir a Deus com a expressão “Senhor dos exércitos” (‫צְ בָ אֹות‬
‫)יְהוָה‬, Ezequias está utilizando um título militar que se refere a Deus como Aquele que
comanda os exércitos angelicais dos céus (1Rs 22.19) e os exércitos de Israel (1Sm
17.45), ou seja, um termo totalmente apropriado para aquele momento de ameaça e
afronta. Os assírios haviam derrotado inúmeras nações e destruído os seus deuses
“protetores”, entretanto, nessa oração, Ezequias se dirige a Deus dizendo que é Ele
que possui o poder dos exércitos, e que Ele é o Deus protetor de Israel! Ezequias
também reconhece a grandeza de Deus ao afirmar a sua majestade. Ele diz que o
Senhor está assentado, entronizado acima dos querubins. Governando
absolutamente dos céus, acima de seres angelicais como os querubins.
Ezequias também reconhece a grandeza de Deus admitindo sua unicidade e
soberania (v. 16b). Ele diz: “tu somente és o Deus de todos os reinos da terra”. Nessa
expressão, o rei de Judá aponta para a singularidade do Deus de Israel, algo que a
lei mosaica já afirmava e que é à base do monoteísmo judaico: “Ouve, Israel, o Senhor
nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4). Nesta impressionante declaração, Ezequias
vai além e afirma que o Senhor não é uma simples divindade regional, mas ele é o
Deus de todos os reinos da terra, inclusive da Assíria, ou seja, é ele que possui a
autoridade e o domínio dos reinos e não Senaqueribe.
E para completar suas declarações acerca da pessoa bendita de Deus, o aflito
rei reconhece a soberania do Deus criador dos céus e da terra. Ezequias tem em
mente aqui a majestosa soberania de Deus na criação registrada em Gn 1.1. Vejam
irmãos, mesmo em um momento tão difícil, Ezequias adorou a Deus reconhecendo
seus atributos, e afirmando quem era o seu Deus.
Aplicação: Portanto, quando você estiver enfrentando situações difíceis e
ameaçadoras, lembre-se de reconhecer a grandeza de Deus, adorando-o, sempre
independente das circunstâncias, exalte o Deus soberano e majestoso que governa
tudo com poder e autoridade.
Ezequias adorou no meio das ameaças, mesmo sem conhecer o fim delas, isso
significa que nós não precisamos conhecer o futuro para adorar, nós por meio da
Palavra conhecemos o Deus que governa todas as coisas nos mínimos detalhes, isso
deve tirar dos nossos lábios, palavras de adoração e louvor, mesmo quando nós
estamos ameaçados por momentos difíceis na nossa vida. Ezequias se humilhou,
Ezequias adorou.
Assim como o Senhor Jesus nos ensinou a dizer no início da oração do Pai
nosso: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome”; e no final: “Pois
teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém”.
Sendo assim, diante das situações difíceis devemos tomar a seguinte atitude.

3. CLAME O SENHOR (V. 17-20)

A terceira lição que aprendemos com Ezequias é que diante de situações


difíceis, devemos clamar o Senhor.
As palavras estão registradas dos versos de números 17 – 20, aqui nessa
sessão parecem contradizer as suas palavras anteriores, parece pelo menos
inicialmente, porque ele havia acabado de declarar que Deus governa todas as coisas,
ele tem o controle de todas as circunstâncias e agora ele ora para Deus inclinar os
seus ouvidos para ouvir e abrir os olhos para ver. Ora, se Deus estava governando
todas as coisas, então ele não estava vendo e ouvindo? Parece haver uma
contradição entre a oração de intercessão de Ezequias e adoração, mas só parece
uma contradição, pois não há nenhuma. Aqui, inclinar os olhos e abrir os ouvidos são
expressões que em relação a Deus nunca podem ser entendidas literalmente, por uma
razão simples, Deus é Espírito, e Deus não tem corpo como os homens, Deus não
tem olhos para abrir, ouvidos para inclinar, o que nós temos aqui então, na oração de
Ezequias, são figuras de linguagem e elas podem apontar para basicamente duas
coisas: primeiro ameaças podem gerar algum descompasso entre o que nós cremos
e o que nós sentimos e Deus nunca deixa de reinar.
Vejamos agora como Ezequias fez este pedido de socorro a Deus.
Primeiro, ele reconheceu que o Senhor ouve, vê e se importa, ou seja, Ele é
um Deus vivo (v. 17). Ezequias chama a atenção de Deus para as arrogantes palavras
de Senaqueribe representadas na carta recebida (inclina os ouvidos e ouve); ele
também roga para que Deus veja as afrontas do rei assírio (abre os olhos e vê). Ao
usar esses verbos no imperativo, Ezequias está fazendo um pedido para que Deus
intervenha na situação, que ele se importe com as afrontas e aja punindo os
blasfemadores, pois Senaqueribe o estava afrontando abertamente! Ezequias, então,
expressa seu desejo a Deus: Inclina, ouça, veja!
Segundo, ao clamar o auxílio de Deus, Ezequias faz uma importante distinção
entre o Senhor e os falsos deuses (v. 18-19). Enquanto os assírios desprezavam
igualavam todos os deuses, Ezequias sabia que o Senhor era diferente! É interessante
que ele reconhece o fato, de que verdadeiramente os assírios haviam derrotado e
assolado inúmeros países e queimado os seus deuses no processo, pois os assírios
se gabavam de que nenhuma das divindades dos povos conquistados puderam livrá-
los das suas mãos (Is 37.12-13). Em Isaías 10.10, nos é revelado o pensamento
pagão dos assírios que acreditavam que quanto mais deuses uma nação possuía,
mas poder ela teria, portanto, Jerusalém e Samaria eram cidades fracas, uma vez que
possuíam poucos ídolos. Inclusive, Rabsaqué entendia que o Senhor estava contra
Ezequias porque este havia retirado os altos e altares de Judá e Jerusalém (Is 36.7).
Todavia, Ezequias expõe a razão pela qual os assírios venceram as nações e
humilharam seus deuses: Pelo simples fato deles serem deuses falsos, obra das mãos
humanas, feitos de madeira e pedra (v. 19), e por isso, foram destruídos por mãos
humanas. Como explica o salmo 115.4-7: “Os ídolos deles são prata e ouro, obra das
mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não veem. Têm
ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não
apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta”.
Terceiro, ao clamar o auxílio de Deus, Ezequias finalmente clama por
livramento (v. 20a). O rei Ezequias sabia que somente o Senhor Deus poderia livrá-lo
das mãos de Senaqueribe, somente o Deus vivo poderia salvá-los dos poderosos e
cruéis assírios, por isso ele clama: “livra-nos das suas mãos”. Livrar das mãos traz a
ideia de libertar do poder, da posse, do controle ou da influência dos inimigos.
Mesmo diante de toda essa pressão, Ezequias, ao clamar o auxílio de Deus,
deseja que o Senhor seja glorificado no processo (v. 20). Ao terminar sua oração, o
rei de Judá demonstra qual é a finalidade do seu pedido de livramento: “para que
todos os reinos da terra saibam que só tu és Senhor” (v. 20). Para Ezequias, acima
de qualquer outra coisa, a honra do seu Deus tinha sido violada por Senaqueribe e
precisava da intervenção imediata de Deus para que todos conhecessem, tivessem a
informação de que o Senhor não é como os imóveis e inertes ídolos das nações que
foram derrotadas pelos assírios sem poder fazer nada, mas o único e soberano
Senhor! Como afirma Oswald: “Ezequias demonstra que Deus é o fim, e o livramento
é o meio”1.
Ao continuarmos a leitura do livro de Isaías, sabemos que Deus ouviu e
respondeu graciosamente a oração de Ezequias (v. 21), que julgou severamente
Senaqueribe e os assírios (v. 29) e livrou milagrosamente Jerusalém de ser destruída
(v. 33). Demonstrando assim, que devemos clamar o auxílio de Deus em momentos
de grande dificuldade, tendo em vista a sua grandeza e poder para dar livramento.
Aplicação: Portanto, quando você estiver enfrentando situações difíceis, clame
a Deus, pois ele tem poder para te dá o livramento. Foi justamente isso que o Senhor
Jesus nos ensinou a fazer na oração do Pai nosso: ao pedir por livramento: (“não nos
deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal”).

CONCLUSÃO

O que devemos fazer em tempos de ameaças? Nós devemos nos humilhar,


nós devemos adorar e nós devemos clamar, é isso que nós aprendemos com o
momento da vida do rei Ezequias aqui em Isaías capítulo 37.
Mas, eu quero lembrar você que foi esse o exemplo que nos foi deixado pelo
nosso Redentor, quando ele sofreu a maior das ameaças, quando ameaçado pela ira
de Deus, no Jardim do Getsêmani Jesus Cristo reagiu exatamente desta maneira, ele
se humilhou, ele reconheceu o senhorio do Pai e ele clamou pedindo ao Pai que se
possível passa dele aquele cálice.

1
OSWALT, John. Isaías. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. p. 791.
Nas duas histórias há uma diferença significativa: é que Deus atendeu o
pedido de Ezequias, lembra daquele aquietai-vos e sabei que eu sou Deus eu quebro
o arco e despedaço a lança, há estudiosos que entendem que o Salmo 46, foi escrito
como uma resposta. A maneira como acabou esse episódio, Deus desbaratinou por
si só o exército assírio, o pedido de Ezequias foi atendido, Deus ouviu, mas o pedido
de Jesus Cristo não foi atendido na perspectiva humana, mas segundo a vontade do
Pai, a ira de Deus caiu sobre ele, e era necessário que isso acontecesse para que nós
fossemos libertos e livres da maior ameaça da nossa existência, que é a ameaça de
termos Deus como nosso inimigo por toda a eternidade.
Sendo assim, aqui está o maior estímulo para que você reaja de maneira
adequada quando as ameaças vierem, humilhe-se diante do Senhor, sabe por quê?
Porque qualquer ameaça que vier é menor do que você merecia. Sabe qual era que
você merecia? Era viver por toda eternidade distante de Deus . Mas essa caiu sobre
o filho dele, para você não precisar passar por ela. Por isso, adore, adore porque em
Cristo você já foi livre da maior ameaça da sua existência, a condenação. O apóstolo
Paulo deixou registrado em Romanos 8.1, que agora, já não há nenhuma condenação
para aqueles que estão em Cristo Jesus. Clame confiantemente, porque Deus disse
não a oração de Jesus, você se tornou filho de Deus, eu me tornei filho de Deus, e a
Bíblia diz, que Deus é um pai que sabe dar coisas boas aos seus filhos.
Portanto, o exemplo de Cristo é mais sublime, primeiro, porque ele não tinha
pecados como Ezequias (2Cr 32.25); e segundo, ele suportou o sofrimento e se
submeteu à vontade soberana de Deus. Portanto, sigamos o seu maravilhoso
exemplo e obedeçamos ao seu ensino. Amém.
REFERÊNCIAS

A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e


Atualizada no Brasil. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento / editor geral;
tradução: Valdemar Kroker. — São Paulo : Editora Vida, 2008.

CHILDS, Brevard S. Isaiah : A Commentary / Brevard S. Childs. First edition Published


by Westminster John Knox Press, Louisville, Kentucky, 2000. 556 páginas.

MOTYER, J. Alec. O comentário de Isaías. Tradução de Regina Aranha e Helena


Aranha. São Paulo: Shedd Publicações, 2016.

OSWALT, John. Isaías. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

RIDDERBOS, J. Isaías: Introdução e comentário. Tradução de Adiel Almeida de


Oliveira. São Paulo: Vida Nova, 1995.

RADMACHER, Earl. D, ALLEN, Ronald B. e HOUSE, H. Wayne. O Novo Comentário


Bíblico Antigo Testamento, Rio de Janeiro: 2010.1472 páginas

WATTS, J. D. W. (2005). Isaiah 34–66 (Revised Edition, Vol. 25, p. 736). Nashville,
TN: Thomas Nelson, Inc. Edição do Logos.

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