Você está na página 1de 3

O QUE FAZER EM TEMPOS DE CRISE

(Is 6.1-8)

“(Is 6:1-8)
1 No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas
vestes enchiam o templo.
2 Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os
seus pés e com duas voava.
3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra
está cheia da sua glória.
4 As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça.
5 Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um
povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!
6 Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma
tenaz;
7 com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e
perdoado, o teu pecado.
8 Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me
aqui, envia-me a mim.”

O nosso país atravessa uma crise medonha. Os prognósticos são sombrios. Nossa economia está doente.
Nossa moeda está comas pernas bambas. O desemprego é avassalador. A recessão é assustadora. Há crise no
governo, na família, na igreja e na sociedade. Será que a palavra de Deus tem uma mensagem pertinente para nós
nesse tempo?
Se queremos enfrentar a crise com otimismo, precisamos fazer duas coisas: primeiro, precisamos olhar
para o passado e saber que noutros tempos, aconteceram situações semelhantes. Como aquelas crises foram
superadas? Quem não aprende da história comete os mesmos erros. Em segundo lugar, precisamos conhecer os
princípios da Palavra de Deus que nos ajudam a enfrentar a crise. A Bíblia deve ser sempre nossa âncora de
segurança na hora da tempestade. Os princípios de Deus são eternos, portanto eles lançam luz nas nossas trevas.
Eles apontam para nós o rumo a seguir, nas horas de dificuldades. Assim, vamos hoje olhar para o texto de Isaías
6.1-8, e encontrar nele a resposta de Deus para os momentos de tensão em que estamos vivendo.

A DESCRIÇÃO DE UM TEMPO DE CRISE


Em primeiro lugar, precisamos avaliar a extensão da crise. O grande monarca Uzias, depois de cinquenta
e dois anos de próspero reinado, morre, deixando um vazio no trono, uma instabilidade política em Judá. O poder
executivo estava de luto.
Por outro lado, o poder legislativo estava corrompido. Homens inescrupulosos estavam no poder,
decretando leis injustas para esmagar o pobre. Assim Isaías descreve a situação: “Ai dos que decretam leis
injustas, dos que escrevem leis de opressão, para negarem justiça aos pobres, para arrebatarem o direito aos
aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os órfãos” (Is 10.1,2).
Também, o poder judiciário estava com manchado pela corrupção. Os juízes recebiam suborno para
condenar os pobres e os inocentes. Havia, na verdade, uma orquestração injusta e escandalosa dos poderosos
para arrebatar o direito dos oprimidos.
A religião também estava contaminada pela corrupção. Os sacerdotes profissionais vendiam suas
consciências, e profetas da conveniência profetizavam mentiras ao povo. Havia um ritual pomposo, mas o povo
estava longe de Deus, enfermo por causa do seu pecado, com as mãos contaminadas de sangue, multiplicando
altares só para aumentarem o seu pecado aos olhos de Deus.
A economia estava abalada. Os ricos estavam cada vez mais ricos e os pobres, cada vez mais pobres eles
Isaías diz: “Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como
únicos moradores no meio da terra!” (Is 5.8). A crise financeira sempre interessa a um grupo poderoso, que se
aproveita da situação para alargar ainda mais as suas posses. O desequilíbrio da economia levou o governo a
aumentar ainda mais os impostos.
Uma crise moral medonha, inevitavelmente, tomou conta do povo, a ponto de os valores serem
invertidos em (Is 5.20) ele diz “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da
luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!”. O caos se estabeleceu na sociedade. O povo
perdeu o referencial.
A crise espiritual foi resultado natural de todas as outras crises associadas. No capítulo primeiro, Isaías
narra a doença espiritual do povo e sua religiosidade sem vida.
(Is 1:2-4)
“2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque o SENHOR é quem fala: Criei filhos e os engrandeci, mas eles estão
revoltados contra mim. 3 O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não
tem conhecimento, o meu povo não entende. 4 Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça
de malignos, filhos corruptores; abandonaram o SENHOR, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás.”
Este, meus irmãos, era o contexto em que viveu o profeta Isaías, creio que esta realidade não é muito
diferente da nossa realidade hoje.

EM VEZ DE DESESPERO, A PROCURA DA CASA DE DEUS


Em segundo lugar, no meio da crise, em vez de se desesperar, o homem tem de procurar a Casa de Deus
(v1). Isaías não permitiu que sua alma se desesperasse. Ele não enfiou a cabeça na areia, como a avestruz, como
se nada estivesse acontecendo. Ele reagiu diante da crise. Contudo, buscou solução não simplesmente nos
recursos da terra, mas junto ao trono de Deus, entrando na casa de Deus. Muitos, na crise, abandonam a igreja,
deixam de congregar com os irmãos. Decepcionam-se com Deus, esfriam na fé, duvidam das promessas e se
deixam levar por um ceticismo doentio. Isaías, todavia foi ao templo. Buscou socorro naquele que fez o céu e a
terra.
Asafe, também em crise, quase a ponto de escorregar foi ao templo e encontrou restauração para a sua
vida, compreensão do problema que o afligia e se deleitou em Deus, a despeito das aflições que o açoitavam, nos
2 versos finais do salmo 73 ele diz “27 Os que se afastam de ti, eis que perecem; tu destróis todos os que são
infiéis para contigo. 28 Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no SENHOR Deus ponho o meu refúgio, para
proclamar todos os seus feitos” (Sl 73.27,28). Foi no templo que o sacerdote Zacarias viu o desejo do seu coração
cumprido (Lc 1.8-23). Foi na casa de Deus que Ana ouviu uma palavra libertadora para a sua alma e cura para a
sua esterilidade. Ali sua vida foi tirada de um poço de depressão e sua sorte foi mudada. Foi em Betel, na casa de
Deus, que Jacó viu o céu aberto e ouviu as benditas promessas do Deus fiel à sua aliança (Gn 28.10-17). Como
você tem enfrentado as crises que atingem a sua vida e a sua família? Você tem buscado a casa de Deus?

OLHAR PARA O CÉU E NÃO APENAS PARA A TERRA


Em terceiro lugar, na hora da crise temos de olhar para o céu e não apenas para a terra (v1). Isaías viu
Deus assentado no trono. Deus está na sala de comando do universo. Ele reina, apesar da crise que assola a terra.
Ele é soberano. Seu trono não se abala. Ele dirige, controla e governa todas as coisas. Ele faz todas as coisas
conforme o conselho da sua vontade. A crise da terra não atinge o trono de Deus. Reinos se levantam e caem, reis
aparecem e desaparecem ao longo do tempo, mas Deus continua no trono. Isaías, ao ver o senhor no seu alto e
sublime trono, pôde entender que a morte de Uzias não é o fim. Jerusalém está sem rei, mas Deus continua no
trono. E se Ele continua no trono, nossa crise não vai durar para sempre. Ele é o Deus que transforma tragédias
em bênçãos. Ele exalta o necessitado. Ele apanha gente do lixo e o faz assentar entre príncipes.
Os discípulos de jesus, certa vez, estavam no mar da Galiléia, açoitados pelo rigor das ondas, e Jesus
dormia placidamente no barco em que eles estavam. Às vezes, pensamos que a história está à deriva. Às vezes
pensamos que Deus está dormindo, indiferente à nossa situação de crise. Mas, quando Jesus se levanta, faz
cessar o vento e acalmar o mar. Ele está no controle meus irmãos!!!! Não olhe para as circunstâncias. Crave seus
olhos em Jesus. Ele está no trono!!!

CONSCIÊNCIA DA SANTIDADE DE DEUS


Em quarto lugar, na crise precisamos ter profunda consciência da santidade de Deus (v3). Se Deus está
no trono, a coisa mais importante na vida é ter comunhão com Ele. Precisamos conhecer não apenas o seu poder,
mas o seu caráter santo. Diante dele até os serafins cobrem o rosto (reverência), cobrem os pés (humildade) e
voam (obediência). Quando chegamos perto de Deus, descobrimos que a nossa maior tragédia não é a crise que
nos cerca, mas o pecado que está encrostado em nosso peito.
Porque Deus é santo, nossa necessidade mais profunda não é apenas ficar livres de uma crise externa e
ganharmos mais dinheiro, arranjarmos um emprego melhor, termos mais sucesso nos nossos empreendimentos,
mas sermos santos como Ele é santo.

CONSCIÊNCIA DA NOSSA PECAMINOSIDADE


Em quinto lugar, na crise, precisamos ter consciência da nossa pecaminosidade (v5). Isaías aborda a
questão dos pecados sob três aspectos: [1] A profundidade do nosso pecado quando ele diz – “sou homem de
lábios impuros” (Is 6.5). [2] A extensão do nosso pecado quando diz – “habito no meio de um povo de impuros
lábios” (Is 6.5). [3] A malignidade do nosso pecado quando diz – “Ai de mim, estou perdido” (Is 6.5). Ninguém
pode ter uma visão da grandiosidade da glória de Deus sem se sentir profundamente pecador. Jó, ao reconhecer
a grandeza e a majestade de Deus, caiu o rosto em terra e confessou: “Agora os meus olhos te veem e me
abomino no pó e na cinza” (Jó 42. 5,6). Pedro, ao reconhecer a divindade de Cristo, no mar da Galiléia, diante do
sinal da pesca milagrosa, disse para Jesus: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5.8). O “ai” que
Isaías deixou extravasar da sua alma é um ai de dores. Era a consciência de seu pecado que o esmagava. Você
reconhece o seu pecado? O maior santo é aquele que mais consciência tem de que é pecador. Até então, Isaías já
havia pronunciado vários “ais” para o povo de Judá, mas quando ele vê o Senhor na sua santidade, ele grita: “ai
de mim!”.

VISÃO CLARA DOS DESAFIOS DE DEUS PARA A NOSSA VIDA


Em sexto lugar, na crise, precisamos ter uma visão clara dos desafios de Deus para a nossa vida (v6-8).
Isaías fala de dois desafios distintos: Primeiro, o desafio de restauração (v6,7). O nosso Deus é o Deus do perdão.
É o Deus que salva, liberta, purifica, transforma e faz tudo novo em nossa vida. Isaías foi purificado. As brasas do
altar tocaram-lhe os lábios. Seu pecado foi perdoado. Ele foi restaurado por Deus. Para enfrentar a crise externa,
Deus o restaurou internamente.
Assim como Jesus restaurou a mulher samaritana, assim com ele salvou Zaqueu, assim como a mulher
pecadora foi perdoada e Bartimeu teve os seus olhos abertos, assim como o leproso foi purificado, o paralítico de
Cafarnaum voltou a andar e o ladrão da cruz ganhou o paraíso, receba hoje de Deus a restauração para a sua vida,
a purificação para os seus pecados.
Em segundo lugar, o desafio da missão (v8). Isaías ouviu uma voz de desafio para a sua vida. Ele não se
intimidou. Ele não se acovardou. Ele não se omitiu. Ele se colocou nas mãos de Deus e foi um grande profeta, um
poderoso atalaia, um instrumento de Deus para mudar o cenário de crise do seu país. Deus também quer usar a
sua vida. Você é cooperador de Deus. Você é membro do corpo de cristo. Não tape os seus ouvidos ao chamado
de Deus e ao clamor do mundo. Quem se encontra com Deus não sai da sua presença sem uma missão.

RECAPTULANDO
Em tempos de crise, devemos em primeiro lugar, tomar conhecimento da extensão da crise, em segundo
lugar, ao invés de nos desesperar devemos buscar a casa de Deus, em terceiro lugar, temos que olhar para o céu
e não somente para a terra, em quarto lugar, devemos ter profunda consciência da santidade de Deus, em quinto
lugar, devemos ter consciência da nossa pecaminosidade e em sexto lugar, precisamos ter uma visão clara dos
desafios de Deus para a nossa vida.

CONCLUSÃO (ILUSTRAÇÃO)
Alexandre Duff foi missionário na Índia. Dedicou sua vida à pregação do evangelho àquele povo
desassistido e carente. Depois de uma jornada intensa, retornou ou seu país, já velho, cansado e doente, com o
propósito de levar jovens para darem continuidade ao seu trabalho. Certa vez, falando para um grupo seleto de
jovens, desafiou-os com todas as forças da sua alma para que eles fossem para a Índia. Terminada a sua pregação,
fez um ardoroso apelo. Mas nenhum jovem se prontificou a atender ao apelo. O velho missionário ficou tão
chocado que teve uma parada cardíaca no púlpito. Levaram-no para uma sala ao lado do púlpito. Massagearam
lhe o peito e quando recobrou suas forças, insistiu com os médicos para levarem-no de volta ao púlpito. Eles
disseram-lhe que ele não podia mais falar. Mas ele respondeu: eu não posso deixar de falar. Levaram-no então, e
ele, com voz embargada de emoção, dirigiu-se ao auditório, dizendo: “Meus queridos jovens, se a rainha deste
país vos convocasse hoje para qualquer tarefa diplomática em qualquer lugar do mundo, iríeis com orgulho. O Rei
dos reis, o Senhor dos senhores, Jesus Cristo, aquele que morreu por vós, vos convoca para irdes à Índia e não
quereis ir. Então, irei eu. Já estou velho e cansado. Não poderei fazer muita coisa, mas pelo menos morrerei às
margens do Ganges e o povo indiano saberá que alguém os amou e se dispôs a levar a eles o evangelho da
salvação.”. Nesse momento, uma comoção profunda tomou conta do auditório e em meio ás lágrimas, muitos
jovens se levantaram com disposição de irem para a Índia como missionários. E você? Está disposto a atender o
chamado de Deus, a convocação do céu?

Você também pode gostar