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O TAMANHO DE DEUS
Texto: Marcos 9:14-29; Mateus 17:14-21; Lucas 9:37-44;
INTRODUÇÃO
A FÉ ESSENCIAL
Mateus 17:14-20
Assim que Jesus desceu da glória celestial deparou-se com o problema
terreno e a exigência prática. Durante a ausência de Jesus um homem tinha
levado aos discípulos seu filho epilético. Mateus descreve o moço com o
verbo seleniazesthai, cujo significado literal é lunático. Como era
inevitável nessa época, o pai atribuía a condição do menino à influência de
espíritos malignos. O estado do moço era tão sério que era um perigo para
ele mesmo e para todos os outros. Quase podemos escutar o suspiro de
alívio quando apareceu Jesus, e podemos vê-lo tomando conta na hora de
uma situação que estava totalmente fora de controle. Com uma palavra
severa e forte ordenou ao demônio que se retirasse e o menino ficou
curado.
Este relato está cheio de coisas significativas.
(1) Não podemos deixar de nos comover com a fé do pai do menino.
Embora fosse dado aos discípulos o poder de expulsar demônios (Mateus
10:1), encontramo-nos com um caso em que tinham fracassado em forma
pública e notória. E entretanto, apesar do fracasso dos discípulos o pai
nunca duvidou do poder do próprio Jesus. É como se tivesse dito:
"Permitam-me aproximar de Jesus em pessoa e todos os meus problemas
ficarão resolvidos e minhas necessidades satisfeitas." Há nisto algo muito
sério; algo que é universal e muito atual. Há muitos que sentem que a
igreja, os discípulos declarados de Jesus em sua própria época e geração,
fracassaram e são incapazes de enfrentar os males da situação humana; e
entretanto, no fundo de seu coração sentem: "Se pudéssemos ir além destes
discípulos humanos, se pudéssemos transpor a fachada eclesiástica e o
fracasso da igreja, se pudéssemos nos uma condenação como um desafio
comprovar que, apesar de que os homens perderam a fé na igreja, jamais
perderam uma ofegante fé no próprio Jesus Cristo.
(2) Aqui vemos as constantes exigências a que estava submetido.
Diretamente da glória do topo da montanha, desceu para encontrar-se com
as exigências da necessidade e o sofrimento humanos. Diretamente depois
de ouvir a voz de Deus, teve que ouvir o clamor da necessidade humana. A
pessoa mais valiosa e a mais semelhante a Cristo é aquela que jamais
considera que seu próximo é um estorvo. É fácil sentir-se cristão no
momento da oração e da meditação; é fácil sentir-se perto de Deus quando
se fecharam as portas ao mundo e quando o céu está muito perto. Mas isso
não é religião, é escapismo. A verdadeira religião consiste em nos
levantarmos dos joelhos diante de Deus para nos enfrentarmos com os
homens e a situação humana. A verdadeira religião consiste em tirar forças
de Deus a fim de dá-las a outros. A verdadeira religião implica tanto em
encontrar-se com Deus no lugar secreto como com os homens no mercado.
A verdadeira religião consiste em levar nossas necessidades a Deus, não
para ter paz, quietude e conforto sem moléstias, antes para poder satisfazer
as necessidades de outros com generosidade, força e eficácia. As asas da
pomba não são para o cristão, quem deve seguir a seu Mestre fazendo o
bem.
(3) Aqui vemos a dor de Jesus. Não é que Jesus diga que quer
desfazer-se para sempre de seus discípulos. O que diz é o seguinte:
"Quanto tempo devo estar convosco até que me compreendam?" Não há
nada mais próprio de Cristo que a paciência. Quando estamos a ponto de
perder a paciência com as loucuras e tolices dos homens, recordemos a
paciência infinita de Deus com os extravios, as deslealdades e a
impossibilidade de ensinar a nossas próprias almas.
(4) Vemos aqui a necessidade central da fé, sem a qual não pode
acontecer nada. Quando Jesus falou de mover montanhas estava
empregando uma frase que os judeus conheciam muito bem. Era comum
denominar arrancador ou pulverizador de montanhas a um grande mestre
que podia expor e interpretar as Escrituras, que podia explicar e resolver
dificuldades. Destroçar, arrancar, pulverizar montanhas eram frases que se
empregavam com freqüência para expressar a solução de dificuldades.
Jesus jamais teve a intenção de que se tomassem suas palavras em sentido
literal. Depois de tudo, o homem comum quase nunca sente a necessidade
de arrancar uma montanha física. O que quis dizer foi o seguinte: "Se
tiverem a suficiente medida de fé, podem resolver todas as dificuldades, e
se pode cumprir até a tarefa mais árdua"
A fé em Deus é o instrumento que permite aos homens tirar as montanhas
de dificuldades que obstruem seu caminho.