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A Graça no Novo Testamento

Deus criou o 1° homem: Adão, à sua imagem e semelhança, em um estado de justiça e retidão
(Gênesis 1:26), sendo Deus, amigo de Adão e se relacionando com ele, pois todos os dias, o Senhor
passeava pelo Éden e conversava com Adão, dando-lhe também liberdade de escolha (estado moral e
consciência moral), isto é o livre-arbítrio, com o qual Adão poderia escolher entre obedecer a Deus ou
desobedecê-lo, comendo da Árvore da Ciência do bem e do mal, sendo assim, Adão escolheu
desobedecer a Deus, a partir disso, sua natureza perfeita, criada por Deus, porque toda criatura de Deus
é boa (1 Timóteo 4:4), se degenerou, ou seja, Adão saiu de um relacionamento reto com o Criador para
uma posição de morte espiritual, escravidão do pecado e condenação (Romanos 3:23, 6:23, Efésios 2:1-
3), sendo assim, todas as áreas do homem foram afetadas, manchadas pelo pecado, ou seja, passou
para um estado de Depravação Total, pois, Adão passou a ter a mente obscurecida (Efésios 4:18), a
vontade pervertida, enfraquecida e escravizada (Jeremias 3:21, Tito 3:3), o intelecto, a consciência e a
imaginação afetados (Gênesis 6:5, Isaías 65:2, 1 Coríntios 8:7, Tito 1:15, 1 Timóteo 4:2).

Além da Depravação ser total, porque afeta cada uma das áreas do ser humano, ela também
pode ser assim chamada, porque atinge todos os seres humanos, sem excessão, como Adão foi o 1°
homem, todos nós herdamos essa natureza pecaminosa proveniente, do nosso 1° pai e a Bíblia deixa
isso bem claro, quando fala que “por um homem entrou o pecado no mundo e nele todos morreram”
(Romanos 5:12), também o texto bíblico afirma que, “não há um justo sequer, todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:10-12). Sendo assim, por causa dessa depravação, o
homem é totalmente incapaz de fazer alguma coisa para sua salvação por si mesmo, ou seja, não pode
crer no evangelho sem que Deus tome a iniciativa, pois o livre arbítrio que lhe foi dado no Éden para
escolher obedecer a Deus foi perdido, dessa forma, ele só pode escolher o pecado (Romanos 8:7-8,
Gênesis 6:5).

No entanto, o homem não perdeu totalmente a imagem e semelhança de Deus, restando ainda
algumas fagulhas da mesma que permitem que os homens possam viver uma vida moralmente
respeitável e nutrir certos sentimentos de empatia em relação ao próximo (Mateus 7:11, Romanos 2:14-
15) pois, a depravação total não significa que o homem é tão mau quanto pode ser, mas que, ele não
pode se salvar a partir dos seus próprios esforços e méritos, pois, até mesmo nossos atos justos são
carregados de motivações pecaminosas e são considerados como trapos de imundícia à parte dos
méritos de Cristo (Isaías 64:6-7).

Diante disso, surge uma pergunta: “o que Deus fez com o homem?” Deus em sua imensa Justiça
poderia dar aos homens o que cada um merecia, isto é, a condenação, pois sua Palavra diz que “o
salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23), e quando o homem pecou, ele feriu diretamente a
santidade e a autoridade de Deus, então um Deus Justo para se relacionar com suas criaturas, exige que
elas sejam também justas, mas aí surge um impasse, porque o homem que se relacionava com Deus,
morto em seus pecados está separado de Deus, morte: é separação de Deus (Isaías 59:1-3), o homem
que dantes era amigo, torna-se inimigo de Deus (Tiago 4:4), sendo assim, está debaixo da ira de Deus,
ou seja, para que Deus cumprisse sua justiça era necessário que Ele condenasse todos os homens a uma
eternidade no inferno (Efésios 2:3, Romanos 1:18, João 3:36), pois Deus não tem o culpado por
inocente, nem o inocente por culpado (Naum 1:2-3).

Dessa forma, Deus em sua infinita soberania, decidiu não usar com o homem da sua justiça,
dando aquilo que ele merece, isto é a condenação, porém, decidiu usar para com o homem da sua
Graça, isto é, o favor imerecido, o homem não merecia, mas Deus enviou seu Filho Jesus Cristo, como
nosso Substituto penal, como Fiador da dívida do nosso pecado diante de Deus, a qual nós não
poderíamos pagar, ou seja, Ele morreu em nosso lugar, Deus derramou nele toda sua ira para que não
tivesse que derramar em nós, satisfazendo assim, sua justiça (Isaías 53). N´Ele temos nossas dívidas
pagas (Romanos 4:25, Colossenses 2:13-14) e quando pagamos a dívida a alguém estamos em paz com
aquela pessoa, por isso as escrituras dizem que temos “paz com Deus” (Romanos 5:1), ou seja, não
estamos mais debaixo da sua ira, no entanto, o sacrifício de Cristo foi feito em favor de toda
humanidade, pois “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Romanos 5:20), e “Deus encerrou
todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia” (Romanos 11:32), e “Ele é a
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propiciação pelos pecados do mundo inteiro” (1 João 2:2), sendo assim, todos são salvos? A resposta é
um enfático NÃO! Pois para que tomemos posse dos benefícios desse sacrifício temos que ter fé, mas fé
em quem? Fé em qualquer deus ou religião? Não, fé em Jesus Cristo como nosso Único Senhor e
Salvador, pois todos pecaram, todos os povos de todas as nações e tribos e a única forma de serem
aceitos diante de Deus é através de Cristo Jesus (João 3:17-18; 36, Romanos 3: 23-26), somente através
da fé n´Ele, pois foi o Único que sofreu a morte por todos os homens (2 Timóteo 2:5-6) em Cristo somos
justificados, ou seja, Deus pega a Justiça que está nele e aplica em nós (Romanos 4:3, Romanos 3:23-31,
Romanos 5:1-2, Gálatas 3:11) e a partir disso, somos reconciliados com Deus não estando mais debaixo
da sua ira, mas estamos em paz com ele, voltamos assim como Adão a ter comunhão com ele, isso
chama-se reconciliação (2 Coríntios 5:18-19). O 1° homem, Adão, foi desobediente a Deus, a partir
disso, nele todos morreram em seus pecados e eternamente (condenação eterna), mas o Último Adão,
Jesus Cristo, foi fiel a Deus, morreu e ressuscitou e nele vivem espiritualmente para andar em comunhão
com Deus e eternamente (vida eterna) todos os que nele crerem (1 Coríntios 15:21-22).

Mas como o homem pode crer em Jesus, se pela sua própria natureza, não pode ter fé? Aí entra
o trabalhar dessa dom imerecido que é a Graça de Deus, a qual é Preveniente, ou seja, ela vem antes da
ação do homem (1 João 4:19), convidando o homem à salvação (Mateus 11:28-30), convencendo o
homem do seu estado pecaminoso (João 16:8), capacitando o homem, renovando o seu intelecto,
afeições e desejos para que possa ter seu livre arbítrio liberto para crer no evangelho ou resistir a essa
Graça (Filipenses 2: 12-13, Romanos 2:4, Atos 16:14), os que resistem a essa graça, permanecem no seu
estado de condenação (Atos 7: 51, Lucas 13:34-35, Isaías 65:12, João 8:24, Lucas 7:30). Contudo, se o
homem responder com fé a essa graça, ele é salvo (Romanos 10:9, Romanos 5:1, Atos 16:31), pois a
“Graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tito 2:11) e somos salvos unicamente
através da graça mediante a fé (Efésios 2:8-11), não somos salvos por obras (Romanos 11:6), (para que
ninguém se glorie e também porque o homem não consegue fazer nada de si mesmo para ser salvo,
como já explicamos, no entanto, quando somos salvos, recebemos uma nova natureza, que é o Espírito
Santo que passa a morar em nós (1 Coríntios 6:19-20), somos agora novas criaturas (2 Coríntios 5:17),
ou seja, fomos regenerados (João 20:31) e a partir disso, praticamos boas obras, não para sermos salvos,
mas como gratidão ao Deus que já nos salvou, isso quer dizer que: quando vamos à igreja, oramos,
lêmos a Bíblia ou até estamos aqui neste estudo não estamos fazendo isso para sermos salvos, porque
nossa salvação vem unicamente de Deus, pois do contrário Ele necessitaria de uma ajuda para nos salvar
e isso não é verdade, pois o sacrifício de Cristo é suficiente.

O que necessitamos fazer todos os dias para permanecer nessa salvação é ter fé no Senhor Jesus,
que significa reconhecer que somos pecadores e que necessitamos do seu sacrifício para remissão dos
nossos pecados, se continuarmos nessa fé, entraremos no céu, se decidirmos voltar atrás, negando o
Senhor que nos resgatou (2 Pedro 2:1), apostatando da fé, seremos condenados (Hebreus 10:26-27).
“Pois todo aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mateus 24:13, Colossenses 1:22-23, João 15:3-
10). “Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé...“ (Romanos 1:17). “Pois o Justo viverá pela
fé, mas se recuar minha alma não tem prazer nele” (Hebreus 10:38). Ou seja, em Cristo está a segurança
da nossa salvação, enquanto permanecemos nessa rocha firme, temos certeza que entraremos no céu
(1 Pedro 2: 6-8), quem nele crê não será confundido (Romanos 10:19), no entanto, ao abandonar essa
fé, estou no estado de incredulidade, não me torno mais participante dos benefícios da cruz de Cristo,
logo sou condenado (2 Timóteo 2:12, Hebreus 6:4-7). Todavia, mesmo a permanência nesse estado de
fé e salvação, necessita da atuação da Graça de Deus, pois nossa natureza pecaminosa ainda opera
dentro de nós (Romanos 7:19-21), mesmo estando regenerados, por isso, essa graça coopera com o
homem para que ele possa rejeitar o pecado e permanecer em Cristo (Romanos 6:10-14, 2 Coríntios
6:1), dessa forma, pertence à Graça de Deus o início, a continuidade e a consumação da nossa salvação,
a nós cabendo apenas ter fé nele.

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