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APRESENTAÇÃO
Este material é parte da minha tese de doutorado a qual deu origem ao
livro “Revitalização de Igrejas – um Paradigma Bíblico a partir de Apocalipse”.
Pensando em alcançar um público mais abrangente com os princípios bíblicos
universais e atemporais que devem ser aplicados no processo revitalização de
igrejas locais, omitimos no livro os capítulos 1 e 3 da tese, visto que estão mais
diretamente relacionados com o contexto da denominação Batista Nacional.
No primeiro capítulo, apresentamos um resumo histórico da chegada e
consolidação dos Batistas no Brasil, do Movimento de Renovação Espiritual
ocorrido entre as igrejas históricas, bem como do nascimento da Convenção
Batista Nacional, com destaque especial na Região Nordeste
No terceiro capítulo, implementamos uma pesquisa em 52 igrejas Batistas
Nacionais dos seguintes estados do Nordeste: Pernambuco, Ceará, Paraíba e
Rio Grande do Norte. Nessa pesquisa, da qual participaram pastores e líder es
locais, procuramos fazer um levantamento do estado de saúde dessas igrejas,
onde nos concentramos em seis áreas essenciais: (1) pregação e ensino das
Escrituras, (2) vida de oração, (3) Amor e Comunhão, (4) visão e prática
missionária, (5) culto de adoração coletivo e público, (6) Liderança.
Disponibilizamos aqui os dados detalhados organizados em tabelas e os
resultados finais da pesquisa em termos de porcentagens, os quais não foram
incluídos no livro.
Portanto, os leitores do livro “Revitalização de Igrejas”, interessados em
conhecer os detalhes da pesquisa, poderão ter acesso gratuito a todo o conteúdo
adicional acima mencionado.

Pr. Paulo César Nascimento


Serra Talhada, novembro de 2022

4
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ...................................................................................................................... 31
1.1 - A Chegada e Consolidação dos Batistas no Brasil ................................................. 6
1.2 - O Movimento de Renovação Espiritual .................................................................. 8
1.3 - O Nascimento da Convenção Batista Nacional .................................................... 15
1.4 - O Movimento de Renovação Espiritual e o Surgimento da Convenção Batista
Nacional no Nordeste...................................................................................................... 19
1.5 - Raízes Doutrinárias e Teológicas dos Batistas Nacionais ................................... 23
1.6 - Princípios e Práticas dos Batistas Nacionais ........................................................ 27
CAPÍTULO 2 ...................................................................................................................... 31
UM PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO NAS IGREJAS BATISTAS NACIONAIS 31
2.1 - Análise e Interpretação da Pesquisa em Igrejas da CBN ..................................... 32
2.1.1 - Dados Gerais das Igrejas da CBN no Nordeste ............................................ 33
2.1.2 - Resultados da Pesquisa por Áreas das Igrejas ............................................... 35
2.2 - Resultado Geral da Pesquisa por Áreas e Estados ............................................... 70
TABELAS ........................................................................................................................... 74

5
O NASCIMENTO DAS IGREJAS DA CONVENÇÃO
BATISTA NACIONAL

Com o intuito de fazer uma abordagem adequada da proposta central


deste trabalho, faz-se necessário conhecer um pouco da história do Movimento
de Renovação Espiritual e do surgimento das Igrejas Batistas filiadas à
Convenção Batista Nacional (CBN). Os Batistas Nacionais estão presentes hoje
nos 26 estados da República Federativa do Brasil, bem como no Distrito
Federal1. A CBN é composta por aproximadamente 2.700 igrejas as quais, na
sua totalidade, possuem mais de 400 mil membros em todo o país 2.
No entanto, quando e como surgiu essa denominação em território
nacional? Qual a sua relação com a Convenção Batista Brasileira e com os
batistas em todo o mundo? Quais suas semelhanças e principais diferenças dos
batistas brasileiros? Quais os elementos fundamentais de sua fé, bem como
seus princípios e práticas? Todas essas questões e outras mais serão
respondidas e abordadas no presente capítulo.

1.1 - A Chegada e Consolidação dos Batistas no Brasil

1
Estaduais. Disponível em <https://cbn.org.br/estaduais/>, Acesso em 29/03/2022.
2
Quem somos e o Que fazemos? Disponível em <https://cbn.org.br/institucional/quem-somos/>,
Acesso em 29/03/2022.

6
Em 1860, chegou ao Brasil o primeiro missionário batista, o americano
Thomas Jefferson Bowen, o qual ficou pouco tempo no país, devido a problemas
de saúde3. Cerca de dez anos depois, em setembro de 1871, foi fundada e
inaugurada a primeira igreja Batista em território brasileiro, por meio de um grupo
de americanos vindos do Sul dos Estados Unidos, que residiam na cidade de
Santa Bárbara D’Oeste, no estado de São Paulo. Esta era uma igreja voltada
para assistir a colônia de imigrantes americanos naquela cidade, seus cultos
eram em inglês, e não tinha o intento missionário de evangelizar brasileiros a fim
de ganhá-los para Jesus 4.

Somente em outubro de 1882, na cidade de Salvador, Bahia, foi


organizada a Primeira Igreja Batista Brasileira, tendo como seus primeiros
membros os casais de missionários William Buck Bagby e Anne Luther Bagby,
Zachary Clay Taylor e Kate Stevens Taylor, enviados pela Junta de Missões de
Richmond no Texas 5. Além deles, também fazia parte da membresia dessa igreja
o primeiro convertido brasileiro, o ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque6.
Com o desenvolvimento e crescimento da obra missionária em Salvador, novas
frentes de trabalhos batistas foram abertas no Rio de Janeiro e em Minas Gerais,
inicialmente na cidade de Juiz de Fora. Apesar das perseguições e forte
resistência por parte da Igreja Católica Romana, entre os anos de 1891 e 1900,
a obra missionária Batista no Brasil avançou e muitas igrejas foram plantadas e
organizadas nas regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. Segundo o pastor Silas
Leite, “em 1900 já havia igrejas Batistas em dez capitais: Salvador, Rio, São
Paulo, Maceió, Recife, Belém, Natal, Manaus e Belo Horizonte” 7.

A obra Batista no Brasil continuou avançando e se solidificando. Surgiram


as convenções estaduais, fundaram seminários e colégios batistas, a Junta de
Missões Nacionais, criaram também a Casa Publicadora e o Jornal Batista. De

3
TOGNINI, Enéas; DE ALMEIDA, Silas Leite. História dos Batistas Nacionais. Brasília-DF:
LERBAN, 2007, p.20-21.
4
BORGES, Hebert. Batistas Nacionais – origem, Doutrinas, Princípios e Práticas. Brasília-DF:
LERBAN, p.25-26.
5
BORGES, Batistas Nacionais, p.26-27.
6
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.21.
7
Ibid., p.24.

7
maneira que, na década de 1960, os batistas estavam presentes em quase todo
o território nacional, inclusive entre algumas tribos indígenas 8.

1.2 - O Movimento de Renovação Espiritual

Os Batistas Nacionais se veem como fruto de um avivamento que


começou a acontecer nos EUA e em outras partes do mundo no final do século
XIX e início do século XX. Almeida destaca que, como resultado desse
Movimento que ficou conhecido como “Movimento Pentecostal”, ao final da
primeira metade do século XX, o cristianismo evangélico mundial ficou dividido
em duas grandes vertentes: “denominações tradicionais” e “denominações
pentecostais” 9. Essa divisão em dois grandes blocos denominacionais,
essencialmente, tinha o seu ponto de discordância em torno de um aspecto
específico dentro pneumatologia. Os tradicionais acreditavam e defendiam que
o batismo com o Espírito Santo ocorre no ato da regeneração. Os pentecostais,
por outro lado, entendiam e advogavam que o batismo com o Espírito Santo e a
regeneração são duas bênçãos distintas que ocorrem em momentos distintos na
vida dos nascidos de novo. Além disso, eles reafirmavam a atualidade dos dons
espirituais, especialmente o dom de línguas como a evidência da experiência do
batismo com o Espírito Santo10.

No início do Movimento Pentecostal, aqueles que alegavam ter tido a


experiência carismática do batismo com o Espírito Santo eram rejeitados e
expurgados de suas próprias denominações, pois eram tratados com desprezo
e chamados, depreciativamente, de “Pentecostais”, fanáticos, aventureiros e
ignorantes 11. Esse tipo de reação das igrejas históricas organizadas contra esse
movimento criava e proporcionava todo um ambiente para a formação de grupos
e congregações autônomas. No entanto, entre os anos de 1950 e 1960,

8
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.26, 29.
9
Ibid., p.39.
10
SILVA, Jesus Aparecido dos Santos. Renovação Espiritual entre os Batistas no Brasil – uma
Abordagem Sociológica. Brasília-DF: LERBAN, 2015, p.115.
11
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.38.

8
pastores, ministros e leigos de diversas denominações históricas na América do
Norte, Europa e África, tiveram a chamada “experiência pentecostal” 12.

No livro “História dos Batistas Nacionais”, o pastor Silas Leite de Almeida,


destaca que à semelhança do que estava acontecendo nos Estados Unidos da
América, esse movimento do Espírito se voltou para as denominações
organizadas no Brasil e fez “surgir do seu próprio seio um idêntico avivamento,
em idênticas condições como no início do movimento pentecostal” 13. Ele também
escreveu:

O movimento iria continuar pelo mesmo dedo de Deus,


agora agindo sobrenaturalmente, dentro das próprias
denominações históricas, e confirmando, na experiência
de muitos de seus ministros e leigos, a verdade da
atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons
espirituais. Esta, a característica processual do
avivamento nesta segunda parte do século14.

Dentre as principais denominações históricas tradicionais no Brasil onde


líderes e leigos começaram a experimentar o batismo com o Espírito Santo como
bênção distinta da regeneração, bem como o fenômeno da contemporaneidade
dos dons espirituais, encontravam-se as igrejas filiadas à Convenção Batista
Brasileira (CBB). Este é o ponto de partida para o surgimento das igrejas Batistas
Nacionais, o Movimento de Renovação Espiritual entre os batistas brasileiros
tradicionais.

Para se distinguir do “Movimento Pentecostal”, o avivamento que estava


acontecendo dentro das igrejas históricas de berço protestante foi chamado de
“Movimento de Renovação Espiritual” o qual deu origem as chamadas igrejas
renovadas. Acerca disso, o pastor Jesus Aparecido dos Santos Silva escreveu:
“são chamadas de renovadas exatamente para se distinguirem do movimento
pentecostal. Elas sofrem influência do pentecostalismo, mas querem manter os
conteúdos doutrinários e as práticas sem mudar o seu ethos” 15.

12
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.40.
13
Ibid., p.39.
14
Ibid., p.40.
15
SILVA, Renovação Espiritual entre os Batistas no Brasil, p.20.

9
Porém, como se deu esse movimento de renovação entre os batistas
brasileiros? Quais pessoas foram levantadas inicialmente no Brasil para
encabeçar e fomentar renovação espiritual nas igrejas Batistas tradicionais?
Todos que participaram desse movimento que ainda estão vivos e aqueles que
escreveram acerca dele, são unânimes em destacar três pessoas chaves em
nível nacional: a missionária Rosalee Mills Appbleby, e os pastores José Rego
do Nascimento e Enéas Tognini. Esse dado histórico foi resumido por Silva da
seguinte maneira:

Nas igrejas batistas, o movimento é iniciado por uma


missionária americana enviada ao Brasil pela Junta de
Missões Batista de Richmond, Estados Unidos. Rosalee
Appleby, por meio de pregações, livros e folhetos, é
mentora e articuladora do movimento que consegue a
adesão de dois líderes importantes dentro da
denominação: os pastores José Rego do Nascimento e
Enéas Tognini16.

Nascida nos EUA em 1895, a missionária Rosalee, em meados de 1920,


veio para o Brasil ainda muito jovem com o seu esposo David Appleby, e passou
a residir em Belo Horizonte. Em 1924, ela experimentou a alegria do nascimento
do seu único filho e a tristeza da morte do seu esposo, o qual, antes de morrer,
mandou lhe dizer que fizesse o trabalho que seria dele e o dela 17. Esta mulher
de Deus, sentindo a responsabilidade e o desejo que acontecesse um
avivamento espiritual no Brasil entre as igrejas históricas, passou a orar,
escrever e a viajar pelo Brasil levando a mensagem do poder do Espírito Santo.
Ela sempre manteve suas convicções como missionária batista, acreditava e
defendia que um membro de qualquer denominação histórica que
experimentasse renovação espiritual deveria permanecer em sua igreja,
influenciar outros irmãos a buscar avivamento do céu, sem ter que migrar para
uma igreja pentecostal 18. O principal meio usado por ela para divulgar e fomentar
nas igrejas batistas a busca de um avivamento espiritual foi a produção de
literatura, especialmente os folhetos que escrevia acerca do assunto geral “Vida
Vitoriosa”. Os temas recorrentes acerca dos quais dissertava era “avivamento”,

16
Ibid., p.20.
17
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.48.
18
Ibid., p.50.

10
“renovação espiritual”, e “a necessidade de o crente viver uma vida espiritual
vitoriosa” 19.

Enéas Tognini teve boa convivência e foi grandemente influenciado pelo


ministério de Rosalee, e reconheceu que o trabalho mais importante dela “foi no
campo da literatura” 20. Nessa mesma direção, Silva destacou a importância e
influência da produção literária dela para o movimento de renovação entre os
líderes e membros das igrejas Batistas Brasileiras: “Seus livros e folhetos
amplamente distribuídos eram propagadores da mensagem de renovação
espiritual. Eles percorriam com grande aceitação as igrejas Batistas em todo o
Brasil, influenciando pastores e membros das igrejas sobre a renovação
espiritual” 21. Evidentemente, seus escritos alcançavam pessoas com quem ela
não poderia ter contato pessoal e chegavam a lugares onde ela não poderia estar
presencialmente.

As orações e o esforço da missionária Rosalee Appleby não foram em


vão. Em 1954 e 1958, respectivamente, dois importantes líderes da
denominação Batista Brasileira, José Rego do Nascimento e Enéas Tognini,
viveram a experiência do batismo com o Espírito Santo e experimentaram a
renovação espiritual tão divulgada e almejada pela serva do Senhor. Quando
ainda era pastor da Primeira Igreja Batista em Vitória da Conquista, cidade do
centro-sul da Bahia, José Rego do Nascimento, após uma busca em oração que
durou vários meses, teve a sua experiência com o Batismo no Espírito Santo.
Enquanto orava no seu quarto, sentiu-se plenamente envolvido pelo Espírito
Santo, caiu sentado sobre uma cadeira, começou a glorificar a Deus em voz alta
e viu raiar uma luz muito clara que inundou o ambiente onde estava 22. Desde
então sua vida mudou radicalmente e, cheio da graça de Deus, começou a
pregar a Palavra com muito poder que impactava e abalava os ouvintes. Suas
mensagens eram “um convite à santidade, ao quebrantamento diante de Deus e

19
SILVA, Renovação Espiritual entre os Batistas no Brasil, p.86.
20
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p. 51.
21
SILVA, Renovação Espiritual entre os Batistas no Brasil, p.107.
22
DE ARAÚJO, Rosivaldo. Ninguém Detém! É Obra Santa: uma análise da história do movimento
de renovação espiritual no nordeste do Brasil e autobiografia. Brasília: LERBAN; Salvador: Obra
Santa; João Pessoa: Betel Brasileiro, p.31.

11
à busca de um avivamento” 23. As pessoas ficavam tão impactadas que, ao
término das pregações elas iam à frente quebrantadas e prostravam-se em
busca de renovação. José Rego do Nascimento passou a ser convidado para
pregar em congressos de jovens, conferências e encontros de renovação
espiritual em igrejas e seminários teológicos por todo o Brasil. Silva ressalta a
importância e influência do ministério desse grande líder. Acerca dele, escreveu:
“José Rego do Nascimento é considerado como o arauto do movimento de
renovação espiritual no Brasil. O pastor se destacou por ser carismático, bom
orador e hábil escritor. Coube a ele a tarefa de divulgar o movimento por todo o
Brasil” 24.

Seu ministério ganhou maior notoriedade no país quando, a convite, em


1956 a 1957, se transferiu definitivamente para Belo Horizonte a fim de assumir
o pastorado da recém-organizada Igreja Batista da Lagoinha25. No entanto, não
demorou para que o mesmo fosse tachado de “pentecostal” e sofresse oposição
e perseguição dentro da denominação Batista Brasileira, especialmente depois
do ocorrido em 17 de outubro de 1958 numa reunião de oração com um grupo
de seminaristas na biblioteca do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil.
Naquela memorável reunião os presentes experimentaram uma poderosa
visitação do Espírito Santo que levou muitos ao choro, quebrantamento,
arrependimento e confissão de pecados 26. No livro “História dos Batistas
Nacionais”, Tognini destaca que depois desse ocorrido, o Pr. José foi alvo de
uma forte reação por parte da administração, do Corpo Docente e da Junta
Administrativa do referido Seminário. Além disso, foi alvo também de forte
oposição por parte de um grupo de irmãos da Igreja Batista da Lagoinha, à qual
pastoreava na época 27. O auge dessa crise ocorreu em julho de 1961 quando,
na cidade de Juiz de Fora, por ocasião da Convenção Batista Mineira, José Rego

23
Ibid., p.29.
24
SILVA, Renovação Espiritual entre os Batistas no Brasil, p.90.
25
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.60.
26
Ibid., p.55-56.
27
Ibid., p.58-66.

12
do Nascimento, juntamente com a igreja que pastoreava, “foram
impiedosamente expulsos” da denominação Batista Brasileira 28.

Vale salientar, no entanto, que além dessas duas personagens


importantes e influentes, Enéas Tognini figura entre os três principais
protagonistas do Movimento de Renovação Espiritual ocorrido no Brasil,
especialmente entre as Igrejas Batistas tradicionais. Em 16 de agosto de 1958,
após ter ouvido e ser influenciado pelas mensagens impactantes e inflamadas
de Rosalee e do Pr. José Rego do Nascimento, Tognini vivenciou a sua própria
experiência do batismo no Espírito Santo dentro do escritório da casa pastoral
onde morava em São Paulo. Numa manhã de sábado, depois de travar uma luta
com Deus em oração por algumas horas, ele relata que ouviu perfeitamente a
voz do Senhor ordenando-lhe que entregasse para Ele sua biblioteca de
aproximadamente 4 mil volumes, a direção do Colégio Batista, o pastorado da
Igreja Batista de Perdizes e a sua família. Segundo o referido pastor, esses eram
os grandes ídolos do seu coração. No entanto, após a entrega desses ídolos, ele
experimentou o batismo no Espírito Santo o qual se evidenciou com um gozo
profundo no coração, uma paz excepcional na alma, derramamento compulsivo
de lágrimas, revestimento do poder do alto, consciência mais sensível do
pecado, amor profundo pelos irmãos e pelos perdidos, conserto de áreas
deficientes em sua vida, busca de pessoas para pedir perdão e pregação no
poder do Espírito como nunca antes havia experimentado 29. Vale salientar nesse
ponto que, a experiência do batismo no Espírito Santo vivida pelos pastores
batistas José do Nascimento e Enéas Tognini, não teve o dom de línguas como
evidência30. Nesse quesito, o Movimento de Renovação Espiritual divergia do
Movimento Pentecostal. Para este último a glossolalia era a marca distintiva e
comprobatória de que alguém havia sido batizado no Espírito Santo.

Devido a problemas de saúde e esgotamento físico e mental do Pr. José


Rego do Nascimento, Enéas Tognini tornou-se o principal líder e divulgador do

28
Ibid., p.80-82.
29
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.116-117.
30
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.31.

13
Movimento de Renovação Espiritual não apenas entre os Batistas, mas também
entre os Presbiterianos Independentes, Metodistas e Congregacionais 31. Ele
viajava por todo o país atendendo aos convites das igrejas Batistas, Ordem de
Pastores, retiros espirituais, congressos de jovens e conferências pregando a
mensagem de renovação espiritual.32

Mesmo reconhecendo a importância e a grande influência desses três


expoentes no Movimento de Renovação Espiritual entre as Igrejas Batistas e
outras denominações históricas no Brasil, Almeida destaca o engajamento de
muitos pastores e leigos os quais “empunharam firmemente a Bandeira de
Renovação” 33.

À semelhança do que aconteceu em todos os grandes avivamentos da


história, o Movimento de Renovação Espiritual no Brasil não surgiu num “estalar
de dedos”. Houve uma semeadura prévia de servos de Deus movidos pelo
Espírito Santo que derramaram lágrimas em vigílias de oração clamando a Deus
por um avivamento espiritual nas igrejas brasileiras 34. Esse Movimento foi
marcado por busca mais intensa de Deus, reuniões e vigílias de oração,
arrependimento e confissão de pecados ocultos por parte de pastores e irmãos,
quebrantamento, lágrimas, grande número de conversões, rendição ao Senhor,
concertos de relacionamentos familiares, experiências carismáticas, pregação
da Palavra de Deus e derramamento do poder do Espírito Santo 35. Em seu livro
“Ninguém Detém, É Obra Santa”, Rosivaldo de Araújo, um dos maiores e mais
influentes líder batista do Movimento de Renovação Espiritual, afirmou que, no
seu entender, “houve um avivamento no Brasil a partir da década de 1960” 36.
Esse mover de Deus em terras brasileiras revitalizou e revigorou igrejas que
estavam dominadas pela apatia e pelo comodismo, dentre elas encontravam-se
as igrejas Batistas Brasileiras.

31
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.110.
32
Ibid., p.125.
33
Ibid., p.110.
34
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.275.
35
Ibid., p.55-56; 68-73. Veja também DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.28-32.
36
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.277.

14
Percebe-se nesse breve relato histórico que pastores e igrejas da época
evidenciaram marcas distintivas de igrejas revitalizadas, vivas e saudáveis: vida
de oração intensa, pregação fiel das Escrituras no poder do Espírito,
manifestações de dons espirituais e crescimento quantitativo.

1.3 - O Nascimento da Convenção Batista Nacional

O rompimento com a CBB e a criação de uma nova denominação nunca


estiveram nos planos dos dois grandes líderes batistas que foram protagonistas
no Movimento de Renovação Espiritual. Enéas Tognini declara categoricamente:
“Renovação espiritual não nasceu para ser uma denominação. Nosso propósito
era ‘renovar’, isto é, aproveitar o que já existe, [...]. Nunca passou por nossas
cogitações ‘inovarmos’ um trabalho e precipitarmos o surgimento de nova
denominação” 37. Segundo ele, as circunstâncias os obrigaram a criar e organizar
a Convenção Batista Nacional (CBN) 38.

Depois dos episódios ocorridos na reunião de oração na biblioteca do


Seminário Teológico Batista do Sul com um grupo de seminaristas, conforme
mencionado anteriormente, o pastor José Rego do Nascimento passou a sofrer
forte oposição 39, assim como todos os irmãos que aderiam e participavam do
Movimento de Renovação Espiritual. Esse antagonismo tornou-se cada vez mais
crescente dentro da denominação Batista Brasileira. Um dos principais marcos
dessa forte reação ao movimento renovacionista ocorreu em 1961, na
Convenção Batista Mineira realizada na cidade de Juiz de Fora. Naquela fatídica
reunião, a Igreja Batista da Lagoinha e o José Rego do Nascimento foram
expulsos e excluídos da denominação. O ápice dessa ruptura denominacional
se deu basicamente em dois momentos cruciais:

(1) Em janeiro de 1964, na 46ª Assembleia da CBB, realizada em Recife-PE


na Igreja Batista da Capunga, uma Comissão de treze pastores deu um

37
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.162.
38
Ibid., p.53.
39
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.58-66.

15
parecer final quanto à doutrina do batismo no Espírito Santo, bem como
à participação e ao envolvimento de pastores e igrejas batistas no
Movimento de Renovação Espiritual. No referido parecer os líderes e
irmãos foram chamados de pentecostais, foram orientados a reestudar o
tema do batismo no Espírito Santo, e, caso persistissem na posição que
defendiam naquele momento, deveriam sentir-se à vontade para saírem
da denominação e passarem para denominações pentecostais 40.
(2) Em 27 de janeiro de 1965, na 47ª Assembleia da CBB, na Igreja Batista
de Niterói-RJ, decidiram desligar e excluir da denominação todas as
igrejas batistas ligadas ao Movimento de Renovação Espiritual. Como
resultado dessa decisão, num primeiro momento, trinta e duas igrejas
foram excluídas, sendo a grande maioria pertencente à Convenção
Batista do Estado de Minas Gerais. Nessa mesma Assembleia, as
Convenções Estaduais receberam a autorização e o direito de excluir
qualquer igreja nos seus respectivos estados que estivesse envolvida no
“movimento renovacionista pentecostal”. A exclusão das Convenções
Estaduais implicava automaticamente na exclusão da CBB. Sendo assim,
até o final daquele ano, em todo o Brasil, cinquenta e duas igrejas já
haviam sido expulsas da denominação 41.

Tognini descreveu esse acontecimento dentro da denominação Batista


Brasileira de uma maneira dramática e passional:

Fomos humilhados, espezinhados, e postos fora da


comunhão denominacional, sem misericórdia, sem amor e
sem qualquer oportunidade de defesa. Unicamente por
esposarmos um pequenino ponto da teologia do Espírito
Santo, fomos banidos da denominação. Ficamos a ver
navios. Não tínhamos onde reclinar a cabeça.
Ficamos como crianças que perderam a mãe – realmente
órfãos42.

Apesar de terem sido estimulados a desertarem e mudarem para


denominações pentecostais, nenhum dos líderes importantes dentro do

40
Ibid., p.136-140.
41
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.150-157.
42
Ibid., p.162, 239.

16
Movimento de Renovação Espiritual saiu em busca de qualquer grupo
pentecostal para se filiarem. Todos permaneceram firmes e fiéis aos princípios
da denominação Batista. 43 Falando acerca de si mesmo e do José Rego do
Nascimento, Tognini afirma enfaticamente que eles sempre foram batistas de
convicção e nunca pensaram em deixar a denominação 44. Esse apego à
denominação e à posição doutrinária batista aliado ao sentimento de aversão a
Convenções, resultado das experiências dolorosas e desagradáveis que
passaram, fizeram com que os pastores e as igrejas batistas renovadas ficassem
um bom tempo sem uma liderança ou instituição que as unissem e mantivessem
coesas 45.

Entre o desligamento das igrejas renovadas da CBB (1965) e a


organização da CBN (1967) transcorreram apenas dois anos. Nesse ínterim foi
criada a AME (Ação Missionária Evangélica) à qual foram arroladas não somente
igrejas batistas, mas também outros grupos oriundos de diferentes igrejas
históricas que também haviam sido desligados de suas denominações por causa
da renovação espiritual 46. Como entidade aglutinadora com cerca de 90% de
batistas renovados, a AME teve uma duração muito curta, aproximadamente
dois anos de existência. Com o desligamento espontâneo por parte dos outros
grupos denominacionais, os pastores e Igrejas Batistas ligados à AME
reformaram os estatutos e mudaram o seu nome para Convenção Batista
Nacional. Isso aconteceu em julho de 1967, na cidade do Rio de Janeiro 47.

Depois da organização da CBN, dois acontecimentos foram muito


importantes para a continuidade histórica e identidade denominacional dos
Batistas Nacionais: (1) Em 1991, a CBN foi aceita e filiada à Aliança Batista
Mundial. Desde então, os batistas renovados estão vinculados em comunhão
com os batistas de todo o mundo48; (2) Em 2000, depois de 36 anos de ruptura
e separação, a CBB representada por Nilson Fanini e a CBN representada por

43
Ibid., p.139.
44
Ibid., p.126.
45
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.162-163.
46
Ibid., p.164.
47
Ibid., p.166-168.
48
Ibid., p.242.

17
Enéas Tognini, vivenciaram um emocionante reencontro de reconciliação, por
ocasião do 1º Congresso Latino-Americano Batista de Adoração. Hoje, mesmo
como duas Convenções distintas, andam lado a lado em comunhão fraterna 49.

Além do crescimento do número de igrejas e da criação das Convenções


Estaduais, vale a pena mencionar que vários órgãos nasceram dentro da CBN a
fim de cumprir seu ideal missionário e de treinamento dos futuros pastores de
igrejas e líderes da instituição. Dentre eles destacam-se:

 STEB – Seminário Teológico Evangélico do Brasil. Criado em 1967 para


atender as demandas da formação de pastores e obreiros batistas
renovados. Visto que nos seminários da CBB não havia lugar nem
ambiente para a formação de vocacionados membros de igrejas
renovadas, a Convenção Batista do Estado de Minas organizou um
seminário que veio a tornar-se, posteriormente, o STEB. A filosofia de
ensino e lema dessa instituição teológica representava muito bem o
“espírito” do Movimento de Renovação ocorrido entre os Batistas do
Brasil: “Ensinando a Palavra no Poder do Espírito” 50.
 STEN – Seminário Teológico Evangélico do Nordeste. O STEN foi
organizado em 1971, na cidade do Recife, com o intuito de f ormar
pastores e obreiros das e para as igrejas renovadas nessa região do
Brasil. O pastor Rosivaldo de Araújo foi o primeiro reitor desse
Seminário51. Esse é atual SETEBAN – Seminário Teológico Batista
Nacional.
 ALBAMA – Aliança Batista Missionária da Amazônia. Idealizada e criada
por. Rosivaldo de Araújo, em janeiro de 1976, com a finalidade de apoiar
obreiros sem nenhuma ligação com denominação que já desenvolviam o
ministério nos interiores da Amazônia 52.
 CENTROAM – Centro de Treinamento de Obreiros para a Amazônia. Este
Centro foi criado no mesmo dia da criação da ALBAMA, tendo como

49
Ibid., p.243-244.
50
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.169.
51
Ibid., p.182.
52
Ibid., p.182-183. Veja também DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.133-143.

18
filosofia de trabalho a formação de obreiros da Amazônia para servirem
em sua própria região. Posteriormente, em lugar do CENTROAM, foi
criado o STEBNA – Seminário Teológico Batista Nacional da Amazônia53.
 JAMI – Junta Administrativa de Missões. Em janeiro de 1995, a JAMI foi
criada com o propósito de elaborar e administrar a política de Missão da
CBN, auxiliar as Igrejas Batistas Nacionais no cumprimento da missão no
Brasil e no exterior, bem como administrar e coordenar projetos
missionários, principalmente, transculturais. Desde março de 1997, a
JAMI tem investido também no preparo e capacitação de missionários
transculturais através do CETRAMI - Centro de Estudo Transcultural e
Missiológico, que ela criou com esse propósito 54.

Passadas pouco mais de cinco décadas, conforme mencionado na


introdução deste capítulo, a CBN conta com aproximadamente 2.700 igrejas
filiadas com mais de 400 mil membros nos vários estados do Brasil 55. Além disso,
por meio dos missionários brasileiros e autóctones ligados à JAMI, os Batistas
Nacionais estão presentes hoje em 22 países, distribuídos em cinco continentes:
Ásia, África, América, Europa e Oceania.

Vale salientar aqui que a criação dessas organizações dentro da CBN,


destacaram duas marcas de qualidade que existem em igrejas saudáveis que
crescem numericamente: (1) visão e engajamento missionário, bem como (2)
investimento no treinamento e formação dos novos e futuros líderes.

1.4 - O Movimento de Renovação Espiritual e o Surgimento da Convenção


Batista Nacional no Nordeste

Como foi exposto, o epicentro do Movimento de Renovação Espiritual


ocorrido no Brasil entre as denominações históricas, na década de 60, foi na
cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, e nos estados

53
Ibid., 184-187. Veja também DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.144.
54
Ibid., p.224, 225, 233.
55
Quem Somos e o Que Fazemos? Disponível em <https://cbn.org.br/institucional/quem-
somos/>, Acesso em: 17/12/2021.

19
vizinhos 56. De sorte que Rosivaldo de Araújo, de maneira criativa, refere-se à
capital mineira como “a Meca da Renovação Espiritual” 57. Porém, no que diz
respeito à região Nordeste, o núcleo desse movimento renovacionista foi a
cidade de Recife, no estado de Pernambuco. Falando acerca do conteúdo de
seu livro, de Araújo menciona esse fato histórico, quando escreveu:

Procuramos traçar uma linha histórica do que Deus fez,


das igrejas que Deus usou, dos líderes que Deus levantou
e da força propulsora desse movimento que Deus fez
surgir também no Nordeste, a partir do Recife, capital que
na ocasião ocupava o terceiro lugar entre as cidades mais
populosas e era o centro político do Nordeste, pois sediava
a SUDENE, a CHESF e outras instituições e fora escolhido
para as grandes decisões políticas58.

Além de destacar a ação direta e soberana de Deus em todos os


personagens, igrejas e eventos ligados ao Movimento de Renovação no
Nordeste, o autor pontua que Deus o fez “a partir do Recife”.

Assim como ocorreu em todo o Brasil, José Rego do Nascimento exerceu


grande influência e foi usado por Deus para dar início ao avivamento espiritual
nas igrejas Batistas e em outras denominações históricas do Nordeste. Isso
aconteceu basicamente de duas maneiras. Primeiramente, a notícia da
experiência ocorrida com ele e alguns alunos do Seminário Teológico Batista do
Sul, no Rio de Janeiro, chegou e se espalhou em Recife bem antes de sua
primeira visita pessoal. Em segundo lugar, as mensagens que pregou sobre
renovação espiritual como orador do Congresso da Juventude Batista
Pernambucana, ocorrido em 1961 na Igreja Batista da Rua Imperial, em Recife 59.
Jovens, irmãos, pastores e líderes de várias denominações históricas sedentos
por um renovo vieram participar daquele Congresso. O impacto da vinda a Recife
daquele grande líder do Movimento de Renovação produziu resultados
duradouros nas igrejas e lideranças nordestinas. Rosivaldo de Araújo, um
daqueles líderes que foi fortemente impactado naqueles dias, escreveu:

56
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.18.
57
Ibid., p.101.
58
Ibid., p.23.
59
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.25-29.

20
A ida do pastor José Rego ao Recife provocou um
verdadeiro rebuliço no seio das igrejas e instituições
evangélicas de todo o Brasil. O pastor José Rego voltou
para Belo Horizonte, porém muitos seguimentos
evangélicos no Recife foram incendiados pelo poder de
Deus. Ninguém mais conseguia viver aquela vida antiga,
morna, acomodada e sem unção. Os batismos no Espírito
Santo começaram a se suceder naquelas igrejas
tradicionais e conservadoras, entre pastores, líderes e os
crentes em geral 60.

Se Belo Horizonte foi o epicentro do Movimento de Renovação Espiritual


no Brasil, e Recife foi o núcleo para o Nordeste, a Segunda Igreja Batista de
Casa Amarela, pastoreada pelo pastor Rosivaldo, foi a base operacional que
Deus usou para expandir sua obra de renovação no Recife e em outras cidades
de Pernambuco e da Paraíba. Pessoas vinham da Região Metropolitana do
Recife, de Caruaru, de João Pessoa e Campina Grande para cultuar a Deus
naquela igreja, que era a primeira igreja tradicional do Nordeste a experimentar
renovação espiritual 61. De Araújo disse que “Casa Amarela tornou-se, nas
décadas de 1960 e 1970, e ainda por muitos anos, um referencial para o
movimento de Renovação Espiritual do Nordeste” 62.

Desde então, Deus levantou Rosivaldo de Araújo como um dos grandes


líderes do movimento no Nordeste e no Brasil 63, o qual influenciou igrejas
Batistas, outras denominações históricas tradicionais e até mesmo seminários e
Institutos Bíblicos como o Betel Brasileiro em João Pessoa 64. O nome desse
influente líder está estritamente ligado ao hino “Obra Santa”, o qual era cantado
em praticamente todos os congressos e encontros de renovação espiritual e
tornou-se “marca registrada”, não apenas das Igrejas Batistas renovadas, mas
do Movimento de Renovação entre os vários grupos denominacionais em todo o
Brasil65.

60
Ibid., p.30, 32.
61
Ibid., p.39, 42.
62
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.47.
63
SILVA, Renovação Espiritual entre os Batistas no Brasil, p.139. Veja também TOGNINI; DE
ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.181.
64
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.82-86.
65
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.196-197.

21
Referindo-se à história de Renovação Espiritual no Brasil, a missionária e
professora betelina Durvalina Barreto escreveu: “Ninguém pode se referir a esse
fato histórico, a esse mover do Espírito Santo, sem se reportar ao Pr. Rosivaldo
de Araújo e ao seu hino alvissareiro ‘Obra Santa’” 66. Um fato que merece
destaque ainda é que, antes mesmo da criação e organização da CBN, em 1967,
foi organizada em Recife, na Igreja Batista de Casa Amarela, a CBMN –
Convenção Batista Missionária do Nordeste, a princípio dirigida pelo Pr.
Rosivaldo. Ele foi também o primeiro reitor do STEN – Seminário Teológico do
Nordeste, organizado naquele mesmo ano 67.

Para difundir a obra de Renovação Espiritual de Recife para todo o


Nordeste foram criados e usados dois mecanismos de divulgação em massa
através de um programa de rádio de grande audiência e um jornal, ambos
chamados “Seara em Fogo” 68. Em Recife também foram idealizados os
Encontros de Renovação Espiritual por sugestão do Pr. José Rego, na ocasião
de sua ida àquela capital. Esses encontros que envolviam irmãos, pastores e
líderes de todas as denominações foram importantíssimos para a disseminação
da mensagem e consolidação da obra de renovação espiritual por todo o país 69.
Depois dos três primeiros Encontros terem sido realizados em Belo Horizonte,
decidiu-se realizar o IV Encontro Nacional justamente no Nordeste, na cidade de
Recife. De acordo com Rosivaldo de Araújo, depois da capital mineira, a capital
pernambucana “era o polo mais forte do movimento no Brasil” 70. Todo o Nordeste
foi mobilizado para aquele grande evento. Pastores, líderes e irmãos batistas,
congregacionais, presbiterianos independentes, metodistas e pentecostais
estiveram ali unidos e sedentos por renovação espiritual. Como resultado desse
encontro, a obra de renovação no Nordeste foi consolidada, as igrejas renovadas
foram fortalecidas, muitas outras foram despertadas e vidas foram
profundamente marcadas, tanto em Recife como em outras cidades da região.

66
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.13.
67
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.182. Veja também DE ARAÚJO,
Ninguém Detém! É Obra Santa, p.168.
68
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.59.
69
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.62.
70
Ibid., p.73.

22
O avivamento espiritual que estava acontecendo em Recife e cidades
adjacentes provocou grande impacto em outros estados do Nordeste. Na
Paraíba, a cidade de João Pessoa e especialmente Campina Grande foram
fortemente afetadas por esse Encontro de Renovação. O grande líder do
movimento no Nordeste chegou a denominar Campina Grande de “a cidade
paraibana do avivamento” 71. No entanto, além de Pernambuco (Recife, Caruaru)
e da Paraíba (João Pessoa e Campina Grande), a obra de Renovação Espiritual
alcançou outros estados do Nordeste: Bahia (Salvador, Vitória da Conquista),
Sergipe (Aracaju), Maranhão (São Luís), Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte.

De Araújo resume o avivamento nessa região com uma frase: “Do


Maranhão à Bahia, o Nordeste estava reflorindo a cada momento” 72. Esse
movimento renovacionista no Nordeste brasileiro foi caracterizado por muita
oração, relacionamentos saudáveis, comunhão entre os diferentes grupos
denominacionais, manifestação de dons espirituais, curas, milagres, grande
número de conversões, surgimento de novas igrejas, reconciliações, pedidos de
perdão, confissões de pecado e pregações vivas e inflamadas pelo poder do
Espírito Santo73.

Com o passar dos anos, em cada um dos estados nordestinos foram


organizadas as Convenções Batistas Nacionais, às quais estão filiadas as igrejas
Batistas, frutos do Movimento de Renovação ocorrido nessa região do Brasil.

1.5 - Raízes Doutrinárias e Teológicas dos Batistas Nacionais

Ao longo da história, os batistas registraram em “documentos


confessionais” suas doutrinas, princípios e práticas. Segundo Hebert Borges, as
principais Confissões de Fé Batistas foram: “a Primeira Confissão de Londres

71
Ibid., p.89.
72
Ibid., p.120.
73
DE ARAÚJO, Ninguém Detém! É Obra Santa, p.74, 120.

23
(1644 - Inglaterra), a segunda Confissão de Londres (1698 - Inglaterra), a
Confissão de Fé New Hampshire (1833 – Estados Unidos) e a Declaração de
Mensagem e Fé Batistas (1925 – Estados Unidos)” 74. Porém, os Batistas
Nacionais preservam e adotam a mesma Confissão de Fé elaborada e
sistematizada por uma comissão de dezenove importantes líderes batistas,
nomeada pela Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, em 1964. Essa
Confissão foi preparada por ocasião das comemorações do terceiro jubileu da
organização da primeira convenção batista em território americano 75.

A referida Declaração de Fé consta, na íntegra, no Manual Básico Batista


Nacional76. Segue, porém, uma exposição sucinta dos principais pontos
doutrinários que ela apresenta:

Escrituras - a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus inspirada, inerrante e


suficiente. Ela é o padrão supremo pelo qual toda a conduta, credos e opiniões
dos homens devem ser julgados.

Deus – Há somente um Deus único, vivo e verdadeiro, Criador e Soberano


dos céus e da terra. Na Unidade Divina há três pessoas iguais em todas as Suas
perfeições.

Espírito Santo - O Espírito de Deus que inspirou os escritores sagrados


exerce hoje o ministério de iluminação, promove a glória de Cristo, regenera
pecadores, concede dons espirituais e reveste de poder os crentes capacitando-
os para o evangelismo e o serviço.

Homem – Criado por Deus em santidade, o homem transgrediu, caiu, e,


consequentemente, toda a raça humana tornou-se pecadora, culpada e inclinada
à prática do pecado.

74
BORGES, Batistas Nacionais, p.53.
75
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.19. Veja também “Manual Básico
Batista Nacional e Manual da ORMIBAN”, p.9.
76
Manual Básico Batista Nacional e Manual da ORMIBAN”, p.21-26. Veja a Declaração de Fé
completa nos anexos desse trabalho.

24
Salvação – A salvação dos pecadores é somente pela graça mediante a
fé no Filho de Deus. Por intermédio de sua morte na cruz, Ele realizou completa
expiação dos nossos pecados.

Justificação – A justificação é a grande bênção do evangelho que Cristo


provê e garante para os que creem n’Ele. Ela nos é dada exclusivamente pela fé
no sangue do Redentor. Nela, a perfeita justiça de Cristo é imputada por Deus
aos pecadores que depositam sua fé n’Ele.

Regeneração – Para serem salvos os pecadores precisam ser


regenerados. A regeneração é efetuada pelo Espírito Santo, confere ao
regenerado uma nova natureza e se evidencia nos frutos santos do
arrependimento, da fé e da novidade de vida.

Arrependimento e Fé – Ambos são deveres sagrados e graças


inseparáveis, geradas em nossas almas pelo Espírito Santo.

Santificação – É uma obra progressiva que se inicia na regeneração. É o


processo pelo qual somos feitos participantes da santidade de Deus. É uma obra
continuada nos corações dos crentes pela presença do Espírito Santo.

Perseverança dos Santos – Diferentemente dos que professam


superficialmente a fé em Cristo, os crentes verdadeiros são aqueles que
perseveram até o fim.

Igreja Evangélica – Uma igreja visível de Cristo é uma congregação


formada por crentes batizados e que estão unidos por um pacto na fé e
comunhão do Evangelho. Esta observa as ordenanças de Cristo e tem como
seus únicos oficiais bispos ou pastores e diáconos.

Governo Civil – As autoridades governamentais são ordenadas e


estabelecidas por Deus para os interesses e a boa ordem da sociedade. Elas
devem ser objeto de nossas orações e precisam ser honradas e obedecidas,
exceto nas coisas que contrariam e se opõem à vontade de Deus.

25
Justos e Ímpios - Há uma diferença radical e essencial entre os justos e
os ímpios. Somente aqueles que pela fé são justificados em o nome do Senhor
Jesus e santificados pelo Espírito de nosso Deus são verdadeiramente justos
diante de Deus, enquanto que todos aqueles que continuam na impenitência e
na incredulidade são ímpios aos Seus olhos.

Mundo Vindouro – No último dia, Cristo descerá dos céus e ressuscitará


os mortos para a recompensa final. Os ímpios serão entregues à punição sem
fim e os justos à bem-aventurança eterna.

Pelos pontos doutrinários expostos, fica evidente que os Batistas


Nacionais acreditam, ensinam e defendem as doutrinas fundamentais da fé
cristã e, consequentemente, estão vinculados ao cristianismo histórico e à
vertente batista do protestantismo. A respeito disso Tognini escreveu: “Não
abandonei uma vírgula da posição batista” 77, e enfaticamente afirmou que “Rego
e eu sempre fomos batistas de convicção. Nunca nos afastamos uma linha da
posição doutrinária seguida pelos batistas. Nunca pensamos em deixar a nossa
querida denominação [...]. Não houve estremecimento em nosso modo de
pensar” 78.

Ora, se em termos de doutrinas e princípios os Batistas Nacionais


preservam sua herança histórica e identidade denominacional, qual foi o ponto
focal da divergência que levou à ruptura com os Batistas Brasileiros? Tognini
destaca que foi “apenas um pontinho teológico: o Batismo no Espírito Santo
como bênção distinta do Novo Nascimento, ponto esse que os batistas não têm
opinião homogênea” 79. Sendo assim, fica claro que o cerne da discussão
doutrinária no período do Movimento de Renovação Espiritual entre as igrejas
batistas históricas girou em torno da pneumatologia.

A posição corriqueiramente defendida pelos Batistas Brasileiros acerca do


batismo no Espírito Santo era que o mesmo acontecia no ato da regeneração. O

77
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.14.
78
TOGNINI; DE ALMEIDA, História dos Batistas Nacionais, p.126.
79
Ibid., p.14.

26
posicionamento defendido pelos batistas renovados era que o batismo no
Espírito Santo é uma bênção distinta do novo nascimento, e que os dons
espirituais são bênçãos para hoje 80. Ou seja, os Batistas Nacionais defendem a
contemporaneidade dos dons espirituais e o batismo no Espírito Santo como um
segundo evento após a experiência da regeneração. Silva destaca que nesse
ponto a posição doutrinária do Movimento de Renovação Espiritual é a mesma
do Movimento Pentecostal81. No entanto, apesar dessa semelhança doutrinária
há uma diferença fundante entre os renovados e os pentecostais. Para o
pentecostalismo, a evidência de que o crente foi batizado no Espírito Santo é o
dom de línguas. Para o Movimento de Renovação o falar em línguas não é
necessariamente a evidência da experiência do batismo no Espírito Santo 82.
Vale lembrar que, nenhum dos principais líderes batistas relataram em sua
experiência do batismo no Espírito Santo que vivenciaram o fenômeno da
glossolalia.

Segundo definição oficial da denominação, uma igreja Batista Nacional “é


uma igreja que se identifica com as demais igrejas batistas naquilo que é seu
patrimônio comum: seus princípios, sua declaração de fé e suas práticas” 83. No
entanto, pelo fato de ser filiada à CBN, uma Igreja Batista Nacional tem duas
características distintivas no campo doutrinário: A crença de que o batismo no
Espírito Santo é uma bênção distinta do novo nascimento e, os dons espirituais
como realidades bíblicas vigentes para a igreja de Cristo hoje.

1.6 - Princípios e Práticas dos Batistas Nacionais

Os Batistas Nacionais possuem e mantém alguns princípios inegociáveis


que os definem como uma vertente específica do protestantismo histórico. A
manutenção desses princípios é imprescindível para a preservação de sua

80
Ibid., p.14.
81
SILVA, Renovação Espiritual entre os Batistas no Brasil, p.112.
82
Ibid., p.115, 132. Veja também BORGES, Batistas Nacionais, p.92.
83
Manual Básico Batista Nacional e Manual da ORMIBAN, p.29.

27
própria identidade e os identifica com os batistas de todo o mundo ao longo da
história. Segue abaixo os princípios que caracterizam os batistas 84:

 A Bíblia sagrada é a única regra autorizada de fé e prática - Tanto as


crenças doutrinárias estão fundamentadas nas Escrituras, como a
conduta cristã é norteada por ela. É evidente, portanto, que o princípio
reformado da sola Scriptura é parte integrante da crença batista. Dos
Santos Silva enfatiza que “a leitura e interpretação bíblica são o
referencial de autoridade suprema para os batistas” 85.

 Cada indivíduo criado à imagem e semelhança do Criador possui valor e


dignidade - Por esta razão, o ser humano deve ser tratado com respeito
e consideração. Como ser racional, ele é responsável diante de Deus
pelas decisões tomadas no que diz respeito à sua vida moral e religiosa.

 Deus outorga a cada indivíduo o direito à liberdade de consciência e de


religião. De sorte que, todo ser humano é livre para aceitar ou rejeitar,
escolher ou mudar de crença. A liberdade individual é compatível com os
princípios da liberdade religiosa.

 Como cidadão de dois mundos possuidor de dupla cidadania (terrena e


celestial), o cristão deve submeter-se às leis do seu país - Caso a lei do
Estado esteja em confronto com a lei divina suprema, sua escolha deve
ser pela obediência a Deus e a desobediência civil.

 O batismo e a ceia são as duas ordenanças de Cristo para a igreja -. Para


aquele que recebeu a Jesus pela fé, o batismo deve ser administrado na
forma de imersão. A ceia deve ser celebrada como um memorial, uma
lembrança do sacrifício de Cristo na cruz.

 Cada igreja local tem autonomia para administrar seu próprio destino – A
igreja deve submissão somente a Cristo, e não pode sujeitar-se a

84
Manual Básico Batista Nacional e Manual da ORMIBAM. Brasília: LERBAN. Parte integrante
da Confissão de Fé dos Batistas do Sul dos Estados Unidos.
85
SILVA, Renovação Espiritual entre os Batistas no Brasil, p.33.

28
qualquer autoridade humana ou instituição religiosa. Sua forma de
governo é democrática, suas decisões são tomadas em assembleia com
a participação consciente de cada um dos membros. Mesmo assim,
entende-se que nem a maioria, nem a minoria, nem tampouco a
unanimidade reflete necessariamente a vontade de Deus.

 Igreja e o Estado, ambos sãos ordenados e instituídos por Deus - Cada


uma dessas instituições tem sua responsabilidade diante de Deus.
Porém, devem permanecer distintas e separadas e nenhuma deve
transgredir o direito da outra.

 O culto de adoração coerente com a natureza santa de Deus - O serviço


aos outros como expressão da vocação divina, a obra de evangelismo, a
mordomia dos dons e dos bens, o ensino e treinamento dos seguidores
de Cristo, e a educação escolar cristã são tarefas imperativas e contínuas
da igreja.

 A cooperação na missão mundial é imperativa – A ação missional não se


deve depender exclusivamente de um grupo pequeno de missionários
especialmente treinados e dedicados. Cada batista é um missionário, não
importa o local onde mora ou a posição que ocupa.

As Doutrinas, os Princípios e as Práticas Batistas apresentados nos dois


últimos tópicos, foram lembrados e sistematizados “por uma comissão especial
de dezenove líderes da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, em 1964”
e “reflete o pensamento dos batistas de um modo geral” 86. Essa decisão e
postura dos Batistas Nacionais em manter em seus manuais a totalidade desses
princípios e doutrinas demonstram quanto valorizam sua história e identidade.
Acerca disso, Hebert Borges escreveu: “Os batistas nacionais, certamente
entendendo o valor da herança histórica, mantiveram, na íntegra, no Manual
Básico Batista Nacional e no Manual da ORMIBAN, a expressão doutrinária e os

86
Manual Básico Batista Nacional e Manual da ORMIBAM, p.9.

29
princípios herdados dos missionários que plantaram a semente do trabalho
batista no Brasil” 87.

87
BORGES, Batistas Nacionais, p.45.

30
UM PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO NAS IGREJAS
BATISTAS NACIONAIS

Uma vez estabelecida a plataforma bíblico-teológica fundamentada no


Novo Testamento, a qual fornece a base do ministério de revitalização de igrejas,
é a partir dela que se percebe quão necessário e importante é revitalizar
comunidades de fé que se encontram sob ataques, fragilizadas, em declínio ou
adoecidas. Atendo-se à proposta da tese, concentrou-se especialmente no livro
de Apocalipse, ressaltando a importância da sua mensagem para a restauração
e o revigoramento das igrejas da Ásia no século I, bem como para as igrejas da
atualidade que precisam ser revitalizadas nas seguintes áreas: pregação e
ensino das Escrituras, vida de oração, amor e comunhão, visão e engajamento
missionário, e adoração pública e coletiva.

Abraçando os fundamentos e princípios gerais de revitalização de igrejas


locais que foram expostos, foi implementada uma pesquisa acerca de seis áreas
essenciais da vida das igrejas Batistas Nacionais em alguns estados
nordestinos. No anexo 1 deste trabalho consta o questionário com todas as
perguntas que foram feitas aos pastores e líderes entrevistados. O objetivo foi
buscar evidências de saúde e sinais de adoecimentos nas igrejas pesquisadas
a partir da análise cuidadosa das informações obtidas, bem como elucidar as
constatações por meio de exposição sistemática dos resultados gerais e finais
alcançados. Como resultado obteve-se um perfil da situação das igrejas da CBN
dos quatro estados do Nordeste que participaram da pesquisa, classificando

31
cada área pesquisada em “saudável”, “relativamente saudável”, “fragilizada ou
adoecida” e “muito adoecida”.

2.1 - Análise e Interpretação da Pesquisa em Igrejas da CBN

A pesquisa de campo teve como público alvo igrejas filiadas à CBN nos
seguintes estados da região Nordeste: Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio
Grande do Norte. Quanto ao estado de Pernambuco, a pesquisa foi dividida em
duas sub-regiões: Sertão e Capital, incluindo a Região Metropolitana. As razões
para a escolha das igrejas da CBN desses quatro estados, foram três:

(1) O envolvimento pessoal do autor desta tese com o universo da


pesquisa, pois ele é pastor filiado à ORMIBAN - Ordem de Ministros
Batistas Nacionais do estado de Pernambuco e pastoreia uma igreja
filiada à CBN, na seccional Sertão do referido estado;

(2) O tamanho do universo da pesquisa, pois os estados Ceará, Paraíba


e Rio Grande do Norte têm um número de igrejas filiadas à CBN que
proporciona uma amostragem que possibilita uma coleta de dados
mais qualitativa;

(3) A carência do universo da pesquisa, pois as igrejas da CBN nos


estados Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, são poucas em
relação ao número de igrejas de outros estados do Nordeste, não são
numericamente grandes, e, a priori, isso seria um indicativo de
necessidade de revitalização em algumas áreas vitais.

32
2.1.1 - Dados Gerais das Igrejas da CBN no Nordeste

Inicialmente faz-se necessário apresentar informações gerais da amostra


por área pesquisada, com o objetivo de fornecer conhecimento acerca do
universo que foi alvo da inquirição e análise.

a) Pernambuco (Sertão)
A CBN possui no Sertão de Pernambuco um total de dezoito igrejas, das
quais dezesseis responderam ao questionário, tendo sido entrevistados
pastores, obreiros locais, seminaristas, líderes e membros de ministérios ou
departamentos. Em termos percentuais, significa que 89% das igrejas da CBN
no Sertão participaram da pesquisa.

A maior igreja dessa região é a mais antiga (fundada em 1973), e possui


atualmente cerca de oitocentos membros. A mais recente, fundada em 2015,
possui sessenta e três membros 88.

b) Pernambuco (Recife e Região Metropolitana)


Das quinze cidades da Região Metropolitana do Recife, em nove delas
existem igrejas da CBN. São aproximadamente cinquenta igrejas distribuídas
nessas cidades. Responderam à pesquisa pastores, líderes e membros de
dezesseis igrejas existentes em seis das nove cidades. Em termos percentuais,
significa que 32% das igrejas da CBN dessa região participou da pesquisa.

A mais antiga dessas igrejas foi fundada em 1957 e possui atualmente


duzentos membros. A mais recente, plantada em 2013, tem cinquenta membros.
A maior igreja dessa região, fundada em 1971, tem cerca de mil membros 89.

88
Para informações mais detalhadas acerca das igrejas, veja a “Tabela 1 – Universo da
Pesquisa” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
89
Veja a “Tabela 2 – Universo da Pesquisa” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.

33
c) Paraíba
São doze igrejas da CBN na Paraíba. No total, sete delas responderam
ao questionário. Em termos percentuais, significa que 58,33% das igrejas da
CBN nesse estado participou da pesquisa.

A mais antiga delas foi fundada em 1995, e, a mais recente, em 2005. Em


termos de membresia, a menor, plantada em 1997, possui aproximadamente
cinquenta membros. A maior, plantada em 1995, tem aproximadamente cento e
oitenta membros 90.

d) Ceará
São dez igrejas da CBN no Ceará. Ao todo, seis delas responderam ao
questionário. Em termos percentuais, significa que 60% das igrejas da CBN
nesse estado participou da pesquisa.

A mais antiga delas foi fundada em 2004, e, a mais recente, em 2018. Em


termos de membresia, a menor, plantada em 2018, possui vinte e cinco
membros. E, a maior, plantada em 2012, tem cento e dez membros 91.

e) Rio Grande do Norte


São onze igrejas da CBN no Rio Grande do Norte. No total, sete delas
responderam ao questionário. Em termos percentuais, significa que 63,63% das
igrejas desse estado participou da pesquisa.

A mais antiga das referidas igrejas foi fundada em 1967 e possui apenas
cinquenta e oito membros. Por outro lado, a mais recente, fundada em 2018, tem
atualmente sessenta membros. Em termos de membresia, a menor, plantada em
1983, possui vinte e seis membros. E, a maior, fundada em 1977, tem
aproximadamente trezentos e cinquenta membros 92.

90
Para informações mais detalhadas, veja a “Tabela 3 – Universo da Pesquisa” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.
91
Para maiores detalhes, veja a “Tabela 4 – Universo da Pesquisa” em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.
92
Veja a “Tabela 5 – Universo da Pesquisa” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.

34
Não foi possível calcular a média de crescimento anual das igrejas dos
quatro estados por falta de alguns parâmetros balizadores necessários, pois não
há registro da quantidade de membros que as referidas igrejas tinham no ano da
sua fundação, nem registro de dados quantitativos da membresia de anos
anteriores.

2.1.2 - Resultados da Pesquisa por Áreas das Igrejas

Para melhor exposição dos fatores de avaliação tomados como


indicativos de saúde, estratificou-se os resultados das seguintes áreas
essenciais da vida das igrejas:

(1) Pregação e Ensino das Escrituras


(2) Vida de Oração
(3) Amor, Comunhão e Relacionamentos Saudáveis
(4) Visão e Prática Missionária
(5) Culto de Adoração Coletivo e Público
(6) Liderança

Os parâmetros usados para fazer a avaliação e classificação do estado


de saúde de uma área específica das igrejas são os seguintes:

 De 0% a 40% - Muito adoecida


 De 41% a 50% - Fragilizada ou Adoecida
 De 51% a 60% - Relativamente Saudável. Essa classificação relaciona-
se àquela área que é saudável em alguns aspectos, mas, em outros,
apresenta deficiências e fragilidades que demandam ajustes, melhorias e
revitalização setorizada.
 Acima de 60% - Saudável

35
A tabela abaixo resume o resultado geral obtido quanto ao estado de
saúde das igrejas da CBN dos quatro estados nordestinos alvos da pesquisa.

2.1.2.1 - Pregação e Ensino das Escrituras

Na área de “pregação e ensino das Escrituras”, a pesquisa revelou que


as igrejas da CBN em Pernambuco (sertão e capital), Paraíba, Ceará e Rio
Grande do Norte podem ser consideradas saudáveis. Os dados evidenciam que
o conteúdo dos sermões e dos estudos ministrados são sólidos e biblicamente
fiéis:

 Da totalidade dos entrevistados (pastores e outros), mais de 80%


deles 93 declarou que os tipos de pregações predominantes e mais
frequentes em suas igrejas são teocêntricas e cristocêntricas. Ou seja,
segundo eles, as mensagens pregadas e os estudos ministrados
destacam o ser de Deus, sua natureza, seus atributos, suas obras
grandiosas, bem como ressaltam a pessoa de Cristo, seu ministério e
sua obra de redenção. Por outro lado, no que diz respeito às
pregações com conteúdo humanista, as quais são focadas nos
homens, em suas demandas e necessidades, mais de 80% daqueles
que participaram da pesquisa disse que as tais são feitas em suas
igrejas somete “às vezes” ou “nunca”.

Com base nos dados acima, pode-se fazer algumas deduções:

 Os pastores e líderes dessas igrejas receberam boa formação bíblico-


teológica. Consequentemente, isso implica dizer que os Seminários

93
Veja “Tabela 1 – Pregação e Ensino” com os percentuais detalhados em “Anexos – Tabelas
e Gráficos”.

36
Teológicos ou Centros de Formações de obreiros da CBN nos estados
do Nordeste em questão primam por uma teologia sadia embasada
das Escrituras.

 Os pastores e líderes dessas igrejas são doutrinariamente zelosos.


Um membro pode receber uma boa formação, mas não ter zelo
doutrinário, o que não foi o caso constatado. Pois, claramente, eles
rejeitam as deturpações e adulterações mais recentes do genuíno
evangelho disseminadas pelos proponentes da “teologia da
prosperidade”, pelo neopentecostalismo com suas atribuições de
poderes mágicos a objetos consagrados, pelos defensores e adeptos
da famigerada “teologia inclusiva” os quais transformam em
libertinagem a graça e de Deus, bem como pelos chamados coaches
cristãos e suas mensagens antropocêntricas de autoajuda.

 Seguramente, pregação saudável e ensino biblicamente correto e


sólido são fundamentais tanto para revitalizar como para manter uma
igreja vigorosa e salutar. No entanto, verificou-se que saúde
doutrinária não implica necessariamente que haverá saúde em todas
as demais áreas da igreja. Conforme a pesquisa demonstrou, apesar
de serem saudáveis na área de “pregação e ensino das Escrituras”, as
igrejas da CBN nos referidos estados apresentam fragilidades e
adoecimentos na área “vida de oração”, “visão e prática missionária”
(CBN-PB, CE e RN), “amor e comunhão” (CBN-RN), bem como em
alguns aspectos dentro das demais áreas que foram analisadas.
Sendo assim, ortodoxia é um bom sinal, mas não é evidência nem
garantia de igreja plenamente saudável.

Quanto à metodologia usada para ensinar as Escrituras nas igrejas, a


pesquisa revelou que mais de 70% dos pastores e líderes (exceto em PE-Sertão)
usa principal e predominantemente o sermão expositivo. Por outro lado, no que
diz respeito ao sermão temático, acima de 50% (exceto em PE-Sertão) e abaixo
de 72% dos entrevistados afirmou que fazem uso desse método somente “às

37
vezes” ou “nunca” 94. Verifica-se que, apesar da preferência dos pregadores das
igrejas da CBN ser o método expositivo, o sermão tópico também é usado,
especialmente pelos pastores do sertão de pernambucano (62,5%). A partir
desses dados pode-se deduzir o seguinte:

 Ainda que a maioria dos homiléticos e pregadores de destaques na


atualidade defendam a pregação expositiva como o melhor, o mais
adequado e o mais eficiente método de exposição da Palavra de
Deus 95, não há dúvida que o conteúdo bíblico ensinado (não o método)
é o que afeta diretamente o estado de saúde das igrejas e,
consequentemente, seu crescimento. Pois, mesmo que uma boa
porcentagem de pastores use a pregação temática, as igrejas CBN
pesquisadas, inclusive as do Sertão, exibem saúde na área de
“pregação e ensino das Escrituras”.

Merece destaque ainda o fato de que, uma alta porcentagem 96 nas igrejas
da CBN dos quatro estados nordestinos pesquisados reconhecem a importância
e o valor do tradicional Culto de Doutrina Semanal e da Escola Bíblica Dominical,
pois não abrem mão deles como métodos eficazes e eficientes para manter e
promover a saúde doutrinária das igrejas. Ainda que num percentual abaixo de
45% (exceto nas igrejas do Ceará – 83,3%), os Pequenos Grupos ou Células
também aparecem como ambientes onde ocorre o ensino sadio das Escrituras.

Outro indicador da pesquisa que mostrou a saúde das igrejas da CBN no


Nordeste nessa área, é como os pastores e demais entrevistados avaliaram e
classificaram estas ações em suas comunidades locais 97:

94
Ver “Tabela 1 – Pregação e Ensino” com os percentuais detalhados em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.
95
ROBINSON, Haddon W. Pregação Bíblica – O desenvolvimento e a entrega de sermões
expositivos. São Paulo: Shedd Publicações, 2002, p.20-34. LOPES, Hernandes Dias. Pregação
Expositiva – Sua Importância para o crescimento da igreja. São Paulo: Hagnos, 2008, p.11-19.
STOTT, John. Eu Creio na Pregação. São Paulo: Editora Vida, 2003, p.133.
96
Veja a “Tabela 2 – Pregação e Ensino” em “Anexo – Tabelas e Gráficos”.
97
Veja a classificação detalhada na “Tabela 3 – Pregação e Ensino” no “Anexo – Tabelas e
Gráficos”.

38
 Nas igrejas do Sertão de Pernambuco, do Ceará e do Rio Grande do
Norte, acima de 90% da totalidade dos entrevistados classificou como
“boa” e “muito boa” a área de pregação e ensino em suas igrejas.

 Nas igrejas de Recife e Região Metropolitana, bem como da Paraíba,


pouco menos de 90% dos entrevistados classificou essa área também
como “boa” e “muito boa”.

Seguramente, esta é uma excelente avaliação para uma área tão


fundamental na vida de uma igreja. Os dados, de fato, evidenciam que na
referida área as igrejas da CBN dos estados em questão exibem vitalidade e
saúde exuberante.

2.1.2.2 - Vida de Oração

No que se refere ao item “vida de oração”, a pesquisa indicou que as


igrejas da CBN dos quatro estados do Nordeste precisam de revitalização.
Apesar de 100% dos pastores e líderes entrevistados afirmarem que ensinam e
incentivam os membros a orar, tanto no templo como em casa, averiguou-se que
as igrejas apresentam profundas fragilidades e encontram-se muito adoecidas
nessa área.

O número reduzido de pessoas que frequentam as reuniões de oração


dessas igrejas é uma das evidências dessa constatação.

 PE-Sertão: Das dezesseis igrejas pesquisadas, verificou-se que em


onze delas há uma frequência abaixo de 20% de sua membresia em
seus cultos de oração públicos e coletivos. Um dado interessante que
chamou bastante a atenção é que igrejas entre 220 e 800 membros
(com exceção de uma) têm frequência abaixo de 10% dos seus
membros. Somente uma dessas onze igrejas tem reunião de oração
com 20% dos seus fiéis. Esta possui apenas 40 membros. Apenas
cinco das dezesseis igrejas do Sertão pernambucano têm uma
frequência acima de 20% da sua membresia. As que apresentaram

39
maior percentual foram duas: uma com 30 membros (40%) e outra com
63 membros (71,42%) 98.

 PE-Recife e Região Metropolitana: Das dezesseis igrejas que


participaram da pesquisa, constatou-se que em onze delas há, uma
frequência abaixo de 20% da totalidade de seus membros nas suas
reuniões coletivas de oração. Um dado que chamou muito a atenção
foi que nas duas maiores igrejas (800 e 1.000 membros), menos de
5% da membresia frequentam os cultos de oração coletivos e públicos.
Apenas em cinco das dezesseis igrejas há uma frequência acima de
20% dos seus membros. As duas que apresentam maior número de
frequência (40% e 33,33% da membresia) possuem, respectivamente,
50 e 60 membros 99.

Os dados acima evidenciam que, no geral, nas igrejas da CBN em


Pernambuco (sertão e capital), em termos percentuais, as comunidades de fé
com maior número de membros contam, proporcionalmente, com o menor
número de pessoas em suas reuniões de oração. Por outro lado, aquelas que
apresentam, em termos percentuais, os números mais elevados de
frequentadores, possuem menos de 65 membros. Isso significa que nas
referidas igrejas, quanto mais numerosa a membresia, menos pessoas
envolvidas na vida de oração da igreja. E, quanto menos numerosa a membresia,
mais pessoas participando nos cultos de oração, isso proporcionalmente
falando.

 Paraíba: Sete igrejas desse estado participaram da pesquisa. Em três


delas menos de 20% dos membros frequentam as reuniões coletivas
de oração. Um dado interessante é que as duas maiores igrejas (173
e 180 membros) estão dentro desse percentual. Nas outras quatro
igrejas há uma frequência acima dos 20% da membresia. Uma delas,
com 59 membros, apresenta o maior percentual (42,37%) de

98
Veja dados detalhados na “Tabela 1 – Vida de Oração” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
99
Veja dados detalhados na “Tabela 2 – Vida de Oração” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.

40
frequentadores nos cultos de oração. Isso significa que, as igrejas
desse estado seguem o mesmo padrão das de Pernambuco: em
termos proporcionais, quando mais, menos; e, quanto menos, mais 100.

 Ceará: Das seis igrejas desse estado que contribuíram com a


pesquisa, apenas em duas o percentual dos membros que frequentam
as reuniões de oração está abaixo dos 20%. Curiosamente, diferente
do que foi constatado nas igrejas dos estados de Pernambuco e da
Paraíba, a maior igreja do Ceará (110 membros) foi a que apresentou
o mais alto percentual de membros que participam nos cultos de
oração (36,36%). Mesmo assim, vale ressaltar que não chega nem a
40% de sua membresia101.

 Rio Grande do Norte: Quanto à frequência nos cultos de oração


coletivos das igrejas da CBN desse estado, das sete igrejas
pesquisadas, seis delas apresentaram uma frequência abaixo dos
20% de sua membresia, e, apenas uma ultrapassa essa margem, com
23,07% dos seus 26 membros. Vale destacar também que a maior
igreja desse estado (350 membros) apresentou o menor percentual de
frequência nas reuniões de oração coletivas (8,57%). Constata-se aqui
também o mesmo padrão: quanto mais, menos 102.

Contatou-se que, das cinquenta e duas igrejas dos quatro estados que
participaram da pesquisa, trinta e cinco delas conta com menos de 20% da sua
membresia participando das reuniões coletivas de oração. Com base nos dados
apresentados até aqui, pode-se dizer que as reuniões de oração dessas igrejas
estão agonizando. Este é um dos sinais de uma igreja que precisa ser
revitalizada103.

A conclusão de que as igrejas da CBN nesses quatro estados do Nordeste


encontram-se fragilizadas, muito adoecidas e carentes de revitalização em sua

100
Ver dados detalhados na “Tabela 3 – Vida de Oração” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
101
Ver dados detalhados na “Tabela 4 – Vida de Oração” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
102
Ver dados detalhados na “Tabela 5 – Vida de Oração” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
103
LOPES; CASIMIRO, Revitalizando a Igreja, p.12-13.

41
prática de oração coletiva, pode também ser constatada na avaliação que os
pastores e os membros entrevistados fizeram e na maneira como classificaram
essa área em suas comunidades de fé. Menos de 35% da totalidade dos
entrevistados das igrejas de todos os estados classificou essa área como “boa”,
e acima de 65% classificou como “ruim” e “regular”. Merece um destaque
especial as igrejas da Paraíba e do Rio Grande do Norte nas quais 100% dos
pastores classificou como “regular” e “ruim”. 104

De fato, a pesquisa demostrou a fragilidade e o adoecimento da vida de


oração coletiva nas igrejas da CBN no Nordeste. Algumas inferências podem ser
feitas a partir dessa constatação e com base nos dados apresentados até aqui:

 Por parte da grande maioria dos membros dessas igrejas, falta


entendimento claro ou há um entendimento superficial do valor e da
importância da oração para o cultivo de uma vida cristã saudável e
vigorosa, tanto na individualidade como na coletividade;

 Por parte dos líderes e dos liderados, falta entusiasmo espiritual,


desejo profundo de experimentar intimidade com Deus e desenvolver
um relacionamento com Ele;

 Um fator influenciador e determinante para o adoecimento das igrejas


nessa área é a postura e o exemplo da própria liderança. Mesmo que
todos os pastores tenham declarado que ensinam e incentivam os
membros de suas igrejas a orar, a pesquisa revelou que “a vida de
oração” pessoal e comunitária dos líderes é o principal aspecto no qual
eles precisam melhorar. Dentre os seis aspectos pesquisados, “vida
de oração” aparece no topo do ranking nas igrejas dos quatro estados.

104
Veja dados detalhados na “Tabela 6 – Vida de Oração” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.

42
2.1.2.3 - Amor, Comunhão e Relacionamentos Saudáveis

A área de “amor e comunhão” nas igrejas da CBN em Pernambuco (sertão


e capital), Paraíba e Ceará é relativamente saudável. Os dados que embasam a
veracidade dessa conclusão são os seguintes:

Departamento ou ministério responsável por promover comunhão

 Mais de 80% dos pastores e líderes das igrejas da CBN nos referidos
estados declarou que em suas igrejas existem iniciativas e ações que
viabilizam e promovem comunhão, convivência e integração entre os
membros 105;

 Verificou-se, porém, que em apenas 31,2% (PE-Sertão) 46,7% (PE-


Recife), 28,6% (Paraíba) e 50% (Ceará) dessas igrejas há uma equipe,
um departamento ou um ministério o qual foi criado e instituído
intencionalmente para fomentar, promover e cuidar dessa área;

 Por outro lado, em 50% (PE-Sertão), 40% (PE-Recife), 57,1%


(Paraíba) e 33,3% (Ceará) das referidas igrejas, não têm nenhum
ministério ou equipe responsável por essa área. No entanto, a vida em
comunhão e os relacionamentos salutares é algo que acontece natural
e espontaneamente entre os irmãos;

 Destoando dos dados acima, na área em questão, as igrejas da CBN


no Rio Grande do Norte encontram-se fragilizadas, pois em 50% delas
não existe nenhum tipo de departamento ou ministério responsável por
promover e fomentar, nem tampouco há qualquer iniciativa ou ação
natural e espontânea para que haja integração e comunhão entre os
irmãos. Acrescente-se ainda o fato de que apenas em 33,3% delas
existe algum tipo de inciativa planejada e intencional para promover
convivência e relacionamentos salutares entre os membros do Corpo

105
Veja os dados detalhados na Tabelas 1 e 2 – Amor e Comunhão em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.

43
de Cristo106. Sendo assim, os dados demonstram que, nesse quesito,
as referidas igrejas potiguares necessitam urgentemente de
revitalização.

Visitação e assistência aos mais necessitados

 Nesse quesito, verificou-se que em 100% das igrejas da CBN em


Pernambuco (sertão e capital), Paraíba e Ceará, bem como em 83,3%
das do Rio Grande do Norte que participaram da pesquisa existe um
trabalho, intencionalmente promovido ou espontâneo e natural, de
visitação, assistência e amparo aos membros mais necessitados 107 ;

 Com exceção das igrejas da CBN em Recife e Região Metropolitana,


as demais apresentam dois quesitos que podem e devem ser
melhorados: (1) pouco engajamento e atuação abaixo do seu
potencial, bem como (2) falta de planejamento e intencionalidade;

 Em 50% das igrejas do sertão de Pernambuco, do Ceará e do Rio


Grande do Norte, bem como em 57,1% das igrejas da Paraíba não há
por parte dos pastores e líderes iniciativa no sentido de criar e instituir
em suas igrejas locais ministério, departamento ou equipe responsável
por promover e fomentar visitação e assistência aos irmãos mais
carentes.

Assistência e integração de novos convertidos

 Verificou-se que, em 93,3% (PE-Recife), 87,5% (PE-Sertão) 83,3%


(Ceará) e 71,5% (Paraíba) das igrejas pesquisadas, há um trabalho de
assistência e integração dos novos crentes à comunhão por irmãos
mais experientes na vida cristã, seja como resultado de um trabalho
planejado e intencional ou como fruto de inciativas naturais e
espontâneas dos membros mais antigos;

106
Veja “Tabela 3 – Amor e Comunhão” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.

44
 Apesar desses números positivos, constatou-se que, pelo menos, dois
aspectos dentro dessa área demandam atenção especial e ajustes: (1)
a falta de planejamento e intencionalidade para promover e fomentar
melhor assistência aos novos convertidos por parte de uma boa
porcentagem das igrejas dos referidos estados; (2) falta de maior
engajamento e atuação abaixo do seu potencial por parte do
departamento ou ministério responsável por essa área nas igrejas de
Pernambuco (sertão e capital) 108;

 Mais uma vez, destoando dos dados acima, na área em questão, as


igrejas da CBN no Rio Grande do Norte encontram-se fragilizadas e
adoecidas pois em 50% delas não existe nenhum tipo de
departamento ou ministério responsável, nem tampouco há qualquer
iniciativa ou ação natural e espontânea para assistir adequadamente
e integrar à comunhão os novos convertidos. Acrescente-se ainda o
fato de que apenas em 33,3% delas existe algum tipo de inciativa
planejada e intencional para dar assistência e promover a integração
dos novatos na fé à comunhão no Corpo de Cristo. E, mesmo assim,
16,6% dos responsáveis por esse trabalho tem uma atuação abaixo
do seu potencial.

A partir dessas constatações e com base nos dados apresentados até


aqui, pode-se chegar a algumas conclusões e algumas inferências podem ser
feitas:

 Constatou-se que por parte da grande maioria dos pastores, líderes e


irmãos das igrejas da CBN no estado de Pernambuco (sertão e
capital), Paraíba e Ceará há um reconhecimento do valor e da
importância da comunhão e dos relacionamentos saudáveis regidos
pelo amor no seio da igreja. Afinal, o que se espera dos membros do

108
Veja os dados detalhados na Tabelas 1 e 2 – Amor e Comunhão em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.

45
Corpo de Cristo é que haja entre eles cuidado mútuo, valorização da
função de cada um e interdependência;

 Verificou-se numa alta porcentagem da membresia dessas igrejas a


existência de amor ao próximo, empatia, preocupação e cuidado com
o suprimento das necessidades físicas e materiais dos domésticos da
fé. Essas posturas e ações em favor dos irmãos mais carentes
demonstram que os líderes e membros entrevistados possuem
entendimento bíblico e compromisso com a dimensão social do
evangelho;

 Constatou-se que, a maioria dos pastores e membros das referidas


igrejas reconhece a necessidade de integrar à comunhão do Corpo de
Cristo os membros mais novos e sabe da importância de apoiá-los e
assisti-los em seus primeiros passos na fé;

 Por outro lado, essa área pode ser melhorada e potencializada se


houver por parte dos líderes inciativa no sentido de criar ou instituir em
suas igrejas locais um ministério ou equipe responsável para promover
comunhão e integração entre os irmãos, proporcionar melhor
assistência aos membros mais carentes e oferecer mais apoio aos
novos convertidos. Isso significa que no quesito planejamento e
intencionalidade para fomentar convivência saudável, comunhão,
integração e amparo aos mais vulneráveis no seio das comunidades
de fé, as referidas igrejas podem e devem melhorar;

 Especialmente no Sertão de Pernambuco, e em menor proporção em


Recife e Região Metropolitana, além do planejamento intencional, as
igrejas precisam revigorar seus departamentos ou ministérios de
assistência e integração dos novos membros, pois, respectivamente,
em 37,5% e 20% delas falta-lhes maior engajamento, pois, conforme

46
demonstram os dados, apesar do potencial que possuem para fazer
bem mais, eles têm fraca participação 109.

Apesar de apresentar dentro da área “amor e comunhão” alguns poucos


aspectos que precisam de ajustes, melhorias e revitalização setorizada, os
pastores e demais entrevistados das igrejas da CBN em Pernambuco (sertão e
capital), Paraíba e Ceará avaliaram e classificaram essa área em suas igrejas,
acima de 60%, como “boa” e “muito boa” 110.

Por outro lado, a avaliação e classificação feita pela totalidade dos


entrevistados das igrejas da CBN no Rio Grande do Norte, corroboraram que,
nessa área, elas estão fragilizadas e adoecidas: Apenas 50% dos pastores e
47,05% dos demais entrevistados classificaram como “boa” a área de “amor e
comunhão” em suas comunidades locais 111.

2.1.2.4 - Visão e Prática Missionária

No que diz respeito à área “visão e prática missionária”, as igrejas da CBN


em Pernambuco (sertão e capital), são relativamente saudáveis. Ou seja, nessa
área, não são igrejas fragilizadas nem adoecidas, porém, foram identificados
alguns aspectos específicos que precisam de ajustes, melhorias e revitalizações
segmentadas. Demandam atenção especial, um olhar pastoral atento e
tratamento preventivo para que não venham adoecer ou entrar em declínio em
algum momento posterior. Os dados estatísticos e as evidências abaixo levaram
à essa conclusão:

Conscientização Missionária Intencional e Planejada

 73,3% (sertão) e 86,7% (capital) dos pastores das igrejas da CBN em


Pernambuco disse que em suas comunidades locais existe um
departamento, ministério ou conselho que coordena, conscientiza,
mobiliza e incentiva os membros a se engajarem com a obra missionária.

109
Veja “Tabela e1 e 2 – Amor e Comunhão” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
110
Veja os detalhes dessa classificação na “Tabela 4 – Amor e Comunhão” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.
111
Ibid.

47
Apesar de que, respectivamente, 20% (sertão) e 26,7% (capital) desse
percentual de líderes respondeu e destacou que os responsáveis por essa
área em suas igrejas são pouco atuantes, fazem bem menos do que
poderiam fazer, atuam abaixo do seu potencial 112.

 81,3% (sertão) e 100% (capital) dos pastores e líderes das igrejas


pernambucanas declarou que suas comunidades locais realizam cultos
e/ou conferências missionárias com o propósito de ampliar a visão
missionária, conscientizar os membros acerca dos desafios missionários
e da reponsabilidade que cada um tem como cooperadores na Missão de
Deus. Ainda que, respectivamente, 18,8% (sertão) e 40% (capital) destes
afirmou que realizam, porém, com pouca regularidade 113.

Com base nos dados estatísticos e informações expostas até aqui, pode-
se chegar a algumas conclusões:

 Por parte da maioria dos pastores e de suas igrejas, nessas duas regiões
do estado de Pernambuco, existem iniciativas planejadas e intencionais
na busca de promover e incentivar o engajamento da membresia com a
obra missionária local e transcultural;

 A grande maioria dos pastores e igrejas da CBN-PE implementam


iniciativas para dinamizar a consciência e a visão missionária dos irmãos,
bem como desafiam, despertam e encorajam a membresia a se engajar
no cumprimento da missão de Deus neste mundo;

 Outro indicador que corroborou com a intencionalidade e as ações


planejadas por parte dos pastores para levar os irmãos a um compromisso
e envolvimento com missões, é que 100% deles disse que os membros
de suas igrejas são ensinados a evangelizar. Apesar de que, deste
universo, 31,3% (sertão) e 46,7% (capital) dos pastores declarou que,

112
Veja “Tabela 1 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
113
Ibid.

48
mesmo sendo ensinados, os irmãos não se envolvem com o trabalho de
evangelização local.

Realização e Investimento em Missões (Evangelismo Local)

Nesse quesito os dados da pesquisa evidenciam que na área “visão e


prática missionária” as igrejas da CBN em Pernambuco que participaram da
pesquisa são relativamente saudáveis. Ou seja, alguns ajustes e melhoramentos
precisam ser feitos.

 Precisam melhorar no engajamento com a missão local de evangelização.


Pois, 68,8% (sertão) e 66,7% (capital) dos pastores e líderes das referidas
igrejas afirmou que realizam um trabalho de evangelismo local, porém,
abaixo do seu potencial, constatando-se que a ação missional poderia ser
mais ampla e efetiva em sua cidade e em seu bairro 114.

 Visto que 81,3% das igrejas do sertão pernambucano e 100% das igrejas
de Recife e Região Metropolitana realizam cultos e conferências
missionárias, e 100% dos pastores disseram que os membros são
ensinados a evangelizar, pode-se indagar: Por que uma porcentagem tão
elevada de igrejas não faz jus ao potencial que possuem para
evangelismo local? Dois fatores podem estar contribuindo: (1) A recusa
deliberada da maioria dos crentes em abraçar os desafios missionários e
se engajar no cumprimento da missão e/ou, (2) a falta de treinamento
adequado com o intuito de capacitar os irmãos para evangelizar. Pois,
25% (sertão) e 26,7% (capital) dos pastores disse que os membros de
suas igrejas não são treinados para serem missionários perto, longe e
muito longe, ao passo que, respectivamente, 62,5% e 46,7% afirmou que
apenas alguns irmãos recebem esse tipo de treinamento.

114
Veja “Tabela 2 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.

49
Realização e Investimento em Missões (Assistência Social)

Na área de investimento em trabalhos de assistência social, as igrejas em


questão também precisam de revitalização. Os dados da pesquisa evidenciam
essa conclusão:

 Constatou-se que, 25% das igrejas sertanejas e 26,7% das igrejas da


capital não realizam nenhum tipo de trabalho direcionado ao apoio e
cuidado aos mais carentes e necessitados. Acrescente-se a isso o fato de
que, respectivamente, 37,5% e 33,3% delas fazem de maneira
insuficiente para o potencial que possuem. A soma total das igrejas que
nada fazem e daquelas que disseram que poderiam fazer bem mais,
chega a 62,5% no Sertão e 60% em Recife e Região Metropolitana 115.

 Pode-se deduzir que há dois fatores possíveis por detrás desses dados
negativos: (1) a falta de amor e empatia para com o próximo e/ou, (2) a
falta de entendimento adequado do evangelho integral que enxerga o
homem na sua integralidade.

Realização e Investimento em Missões (Missões Transculturais)

A pesquisa constatou que no aspecto transcultural da missão confiada ao


seu povo, as igrejas da CBN do estado de Pernambuco (sertão e capital) também
precisam ser revitalizadas. Os dados estatísticos a seguir demonstram a
veracidade dessa constatação:

 Constatou-se que 50% das referidas igrejas não faz nenhum investimento
no envio e sustento de missionários em campos transculturais, ao passo
que, respectivamente, 12,5% (sertão) e 21,4% (capital) dos pastores e
líderes declarou que investe, porém, abaixo do seu potencial. Ou seja,
suas igrejas têm condições e capacidade suficiente para investir bem
mais em obreiros e projetos missionários em outros países e culturas, no
entanto, não o fazem, apresentam inércia116.

115
Veja “Tabela 2 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
116
Ibid.

50
 A soma total das igrejas que nada investem e daquelas que investem em
missões transculturais abaixo do seu potencial, chega a 62,5% das igrejas
sertanejas e 71,4% nas de Recife e Região Metropolitana 117.

Os dados estatísticos expostos acima permitem que se tire algumas


conclusões e se faça algumas deduções:

 No quesito investimento na obra missionária transcultural as igrejas da


CBN no estado de Pernambuco encontram-se fragilizadas, precisando
urgentemente de revitalização. Pois, à luz da Grande Comissão de Jesus
em Mateus 28.18-20, Lucas 24.44-49 e Atos 1.8, uma igreja local não
pode se dar ao luxo de não se envolver com missões transculturais sob a
alegação de que esse aspecto da Missão de Deus não faz parte do seu
DNA. Uma igreja biblicamente missional é fortemente engajada no
cumprimento da missão que lhe foi confiada, tanto no contexto local onde
está plantada como em contextos geograficamente mais distantes.
Qualquer visão missionária que não inclua também povos, línguas e
nações é uma visão míope.

 Um fator determinante para o indicador negativo acerca do envolvimento


com missões transculturais, possivelmente está relacionado à visão
missionária deficiente dos líderes. A pesquisa na área de “liderança”
evidenciou essa deficiência. Na pergunta sobre “tipos de liderança” nas
igrejas da CBN-PE, verificou-se que o tópico “com visão missionária local
e transcultural” aparece predominantemente como “às vezes”. Isso
significa que a maioria dos entrevistados, incluindo os pastores,
reconheceu que apenas “às vezes” a liderança das igrejas compartilha da
visão de Deus relacionada ao alcance de todas nações, tribos, povos e
línguas.

117
Veja “Tabela 2 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.

51
Realização e Investimento em Missões (Plantação de Igrejas)

No item “plantação de novas igrejas”, as igrejas da CBN em Pernambuco


(sertão e capital) apresentam relativa saúde.

 75% das igrejas do sertão já plantou uma ou mais igrejas. Apesar desse
dado estatístico geral ser positivo, das dezesseis igrejas que participaram
da pesquisa, quatro delas, entre 16 e 32 anos de existência, plantaram
apenas uma ou duas novas igrejas, e três delas não plantaram
nenhuma118;

 81,25% das igrejas de Recife e Região Metropolitana também plantou


novas igrejas. Apesar dessa alta porcentagem, das dezesseis igrejas que
participaram da pesquisa, seis delas, entre 21 e 50 anos de existência,
plantaram apenas uma nova igreja, e três delas não plantaram
nenhuma119;

 Os dados estatísticos da pesquisa demonstram que, na sua grande


maioria, as igrejas da CBN-PE são igrejas que se multiplicaram, apesar
de que, pela quantidade de anos transcorridos desde a sua fundação,
esperava-se que as mesmas se multiplicassem bem mais.

A avaliação feita por pastores e demais irmãos e a maneira como eles


classificaram a “visão e a prática missionária” de comunidades locais,
comprovam que nessa área as igrejas da CBN em Pernambuco são
relativamente saudáveis.

 A soma total dos líderes e outros entrevistados que classificou essa área
nas igrejas CBN-Sertão como “regular” e “ruim”, chega em média a 62%.

118
Veja detalhes na “Tabela 3 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
119
Veja detalhes na “Tabela 4 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.

52
 Nas igrejas da CBN Recife e Região Metropolitana, 60% dos pastores e
52% dos demais entrevistados classificaram essa área também como
“regular” e “ruim” 120.

A pesquisa também constatou que na área “visão e prática missionária”,


as igrejas da CBN na Paraíba, no Ceará e no Rio Grande do Norte encontram-
se fragilizadas e adoecidas, e, portanto, carentes de revitalização. Os dados
abaixo demonstram a veracidade dessa conclusão:

Conscientização Missionária Intencional e Planejada

 57,1% dos pastores das igrejas paraibanas disse que em suas


comunidades locais existe um departamento, ministério ou conselho que
coordena, conscientiza, mobiliza e incentiva os membros a se engajarem
com a obra missionária. Apesar de que 42,9% desses líderes respondeu
e destacou que os responsáveis por essa área em suas igrejas são pouco
atuantes, fazem bem menos do que poderiam fazer, atuam abaixo do seu
potencial121;

 Por outro lado, nas igrejas do Ceará e do Rio Grande do Norte, no quesito
conscientização missionária intencionalmente planejada, há uma
deficiência maior. Pois, respectivamente, em 50% e 33,4% dessas igrejas
não há nenhuma equipe ou grupo responsável por promover, divulgar e
fomentar o engajamento dos membros com a obra missionária.
Acrescente-se a isso o fato de que nas igrejas de ambos estados 33,3%
tem um departamento ou ministério muito pouco atuante, que realiza um
trabalho aquém do potencial que possui 122;

 Tendo como objetivo trabalhar em suas comunidades de fé a visão e


conscientização missionária, 57,1% dos pastores das igrejas da CBN-PB
afirmou que, frequentemente, realizam cultos e conferências

120
Veja detalhes na “Tabela 5 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
121
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 6 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.
122
Ibid.

53
missionárias. Por outro lado, 42,9% declarou que realizam, porém, com
pouca regularidade123;

 Nesse quesito, porém, as igrejas da CBN-CE e as da CBN-RN


apresentaram maior fragilidade e necessidade de melhorias e ajustes.
Pois, respectivamente, em 50% (Ceará) e 66,7% (R. G. do Norte) das
referidas igrejas cultos de missões e conferências missionárias são
realizados com pouca frequência. Acrescente-se isso o fato de que em
33,3% das igrejas da CBN-RN não se realiza nada do tipo 124.

Com base nos dados estatísticos e informações expostas até aqui, pode-
se chegar a algumas conclusões:

 A grande maioria dos pastores e igrejas do Ceará e Rio Grande do Norte


não implementam iniciativas eficazes para dinamizar a consciência e a
visão missionária dos irmãos, bem como desafiar, despertar e encorajar
a membresia a se engajar no cumprimento da missão de Deus neste
mundo;

 Há uma grande deficiência no quesito planejamento e intencionalidade


para a promoção, fomentação e divulgação de missões nessas igrejas;

 Os pastores e líderes, aparentemente, não reconhecem a importância de


criar e instituir ministério ou conselho missionário específico responsável
por promover e fomentar missões na igreja local. Eles parecem minimizar
o potencial que cultos e conferências com enfoque missionário têm para
gerar na igreja visão missionária sadia e provocar despertamento
missionário entre os irmãos.

123
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 6 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.
124
Ibid.

54
Realização e Investimento em Missões (Evangelismo Local)

 Respectivamente 57,1% (Paraíba), 33,3% (Ceará) e 50% (R. G. do Norte)


dos pastores entrevistados afirmou que suas igrejas realizam um trabalho
regular e efetivo de evangelismo local, porém insuficiente para o seu
potencial. Ou seja, fazem algo, mas poderiam fazer bem mais na
evangelização do seu bairro e da sua cidade. Por outro lado, 14,3%
(Paraíba), 16,7% (Ceará) e 33,3% (R. G. do Norte) dos líderes disse que
suas igrejas não realizam nenhum tipo trabalho evangelístico local. 125

 A soma das igrejas dos três estados em questão que não realizam um
trabalho regular e efetivo de evangelização local e as que o fazem abaixo
do seu potencial, chega, respectivamente, aos percentuais de 71,4%,
50% e 83,3%.

Os dados estatísticos acima permitem que se tire algumas conclusões e


que se faça algumas inferências:

 Constatou-se que as igrejas da CBN dos referidos estados do Nordeste


precisam e podem melhorar no engajamento com a missão evangelística
local, característica inerente de uma igreja missional.

 Em sua maioria, os membros dessas igrejas ainda não entenderam sua


identidade e seu papel missionais, nem tampouco assumiram sua
responsabilidade de testemunhar do evangelho de Cristo no contexto
onde estão inseridos;

 Possivelmente, os pastores e líderes dessas comunidades locais não


estão realizando um trabalho efetivo de conscientização, promoção,
mobilização e treinamento adequado para que os membros cumpram sua
missão de evangelizar no bairro e na cidade, bem como em lugares mais
longínquos;

125
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 7 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.

55
 Os dados a seguir corroboram essa última inferência: respectivamente,
em 71,5% (Paraíba), 50% (Ceará) e 100% (R. G. do Norte) das igrejas da
CBN nos referidos estados, não há um investimento intencional e eficiente
para treinar e capacitar os membros a fim de cumprirem sua missão, em
seu próprio contexto e em contextos mais distantes. Vale salientar que,
nesse quesito, as igrejas da CBN-RN apresentam um quadro mais
preocupante e deficitário.

Realização e Investimento em Missões (Assistência Social)

 Respectivamente, 42,9% (Paraíba), 46,2% (Ceará) e 33,3% (R. G. do


Norte) dos pastores afirmou que suas igrejas investem e realizam
trabalhos de assistência social, porém, reconheceu que elas têm potencial
para investir e realizar bem mais nessa área. Por outro lado, 28,6% dos
líderes das igrejas paraibanas, 15,4% das cearenses e 33,3% das
potiguares disse que não investe nem realiza nenhum trabalho nessa
área126.

 A soma das igrejas dos três estados em questão que não realizam um
trabalho regular e efetivo de assistência social aos que mais necessitam
e as que o fazem abaixo do seu potencial, chega, respectivamente, aos
percentuais de 71,5%, 61,6% e 66,6% 127.

Com base nos dados coletados e apresentados pode-se chegar, pelo


menos, a duas conclusões:

 As igrejas da CBN nos estados em questão apresentam uma séria


deficiência na área de investimento em assistência social. Isso indica que
no quesito “missão holística ou integral” essas Igrejas precisam de
revitalização.

126
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 7 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.
127
Ibid.

56
 Líderes e membros precisam rever seu entendimento e prática da missão
confiada à igreja. A missão de Cristo e dos apóstolos enxerga e alcança
o homem na sua integralidade. No entanto, as igrejas em questão, ou
ignoram ou minimizam o claro ensino bíblico do evangelho integral para o
homem integral.

Realização e Investimento em Missões (Missões Transculturais)

 Um dado bastante negativo nesse aspecto da “visão e prática missionária”


é que 100% dos pastores das igrejas da CBN na Paraíba e no Rio Grande
do Norte, e 83,3% dos líderes das igrejas do Ceará declarou que suas
comunidades locais não investem regularmente no envio e sustento de
projetos, bem como de missionários ou obreiros para campos
transculturais128.

A pesquisa constatou que, nesse quesito específico, as igrejas da CBN


nos referidos estados apresentam grande deficiência e precisam urgentemente
de revitalização. À luz da Grande Comissão do Senhor Jesus (Mt 28.18-20 e Lc
24.44-47; At 1.8), é papel da igreja local cooperar no cumprimento da Missão de
Deus, a qual envolve também a evangelização e o discipulado de pessoas de
todos os grupos étnicos do mundo. Especialmente no texto de At 1.8, o Senhor
da igreja deixou muito claro que a missão precisa ser realizada aqui, ali e acolá,
simultaneamente. Investir no sustento e envio de missionários para campos
transculturais, e assim fomentar a obra missionária em contexto distantes, é uma
das marcas essenciais de uma igreja missional. Igrejas como a de Antioquia da
Síria (At 13.1-3) e as da Macedônia (2Co 11.8-9; Fp 4.10-17) são modelos a
serem seguidos no quesito “investimento em missões transculturais”. Com base
nessas evidências textuais, conclui-se que nenhuma das igrejas da CBN em
questão pode alegar pouco ou nenhum investimento em missões transculturais,
com base num suposto DNA de suas comunidades locais. Pois, no DNA de uma

128
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 7 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.

57
igreja missional está a pregação do evangelho no contexto local e nos confins
da terra, ao mesmo tempo.

Realização e Investimento em Missões (Plantação de Igrejas)

 Respectivamente, 71,4% (Paraíba) e 66,7% (R. G. do Norte) dos pastores


disse que suas comunidades locais já plantaram pelo menos uma nova
igreja ou deu início a uma congregação 129.

 Na direção oposta das igrejas da Paraíba e do Rio Grande do Norte,


83,3% dos pastores das igrejas da CBN do Ceará respondeu que suas
igrejas locais não plantaram novas igrejas nem abriram nenhuma
congregação130.

Conclusões e deduções com base nos dados obtidos:

 Com base nos altos percentuais acima, aparentemente, no quesito


“plantação”, as igrejas da CBN-PB e da CBN-RN não apresentam
fragilidades ou adoecimentos. No entanto, é possível afirmar que as
igrejas potiguares apresentam um quadro deficitário no que diz respeito
ao plantio de novas igrejas. Das sete que participaram da pesquisa as
duas que mais se multiplicaram plantaram apenas quatro igrejas ou
congregações cada uma. Porém, ambas, respectivamente têm 54 e 44
anos de existência. Outras duas plantaram, cada uma, apenas duas
novas igrejas. Todavia, ambas foram fundadas há 38 e 25 anos atrás.
Pelo tempo transcorrido de sua fundação até o presente momento, se
fossem igrejas saudáveis nesse quesito, esperava-se que se
multiplicassem bem mais 131.

129
Veja os dados mais detalhados nas “Tabelas 8 e 10 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos
– Tabelas e Gráficos”.
130
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 9 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.
131
Veja os dados mais detalhados nas “Tabelas 10 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.

58
 Com base no alto percentual negativo apresentado, as igrejas da CBN-
CE, a princípio podem ser consideradas “muito adoecidas” no quesito
“plantio de igrejas”. No entanto, avaliando o tempo de existência dessas
comunidades locais, pode-se concluir que elas apresentam certa
fragilidade, mas não adoecimento. Das seis igrejas que participaram da
pesquisa, três existem há mais de 10 anos (11, 13 e 17 anos), e as outras
três, há menos de 10 anos (3, 5 e 9 anos) 132. O fator tempo transcorrido
de existência pode ser um dos fatores determinantes para o baixo
percentual de “plantação de novas igrejas” por parte das igrejas
cearenses.

Outro fator que indica quanto às igrejas da CBN na Paraíba, no Ceará e


no Rio Grande do Norte encontram-se fragilizadas e até mesmo adoecidas, é a
maneira como os pastores e demais entrevistados classificaram e avaliaram a
área “visão e prática missionária” em suas comunidades locais.
 Nas igrejas dos três estados em questão verificou-se que mais de 75%
dos pastores classificou essa área como “regular’ e “ruim”. Vale salientar
que, na avaliação tanto dos pastores como dos demais entrevistados, as
igrejas da CBN no Rio Grande do Norte encontram-se muito adoecidas
nessa área e carecem de revitalização urgente133.

3.1.2.5 - Culto de Adoração Coletivo e Público

Na área “culto de adoração público e coletivo”, verificou-se que as igrejas


da CBN em Pernambuco (sertão e capital), na Paraíba e no Rio Grande do Norte,
são relativamente saudáveis. Ou seja, apresentam saúde em alguns aspectos,
mas, em outros, demandam ajustes, melhorias e cuidados para que não venham
a entrar em declínio ou adoecer. Os dados a seguir evidenciam a veracidade
dessa constatação:

Aspectos Saudáveis

132
Veja os dados mais detalhados nas “Tabelas 9 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.
133
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 11 – Visão e Prática Missionária” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.

59
 100% dos pastores das igrejas de Pernambuco (sertão e capital) e da
Paraíba, bem como 85,72% dos líderes das igrejas do Rio Grande do
Norte declararam que os principais e os mais frequentes cânticos de
louvor que fazem parte da liturgia dos cultos públicos de suas igrejas são
teocêntricos e cristocêntricos. Ou seja, o conteúdo dos hinos cantados
nas reuniões coletivas de adoração ressaltam a natureza de Deus, seus
atributos e seus feitos grandiosos, bem como destacam a pessoa de
Cristo e a sua obra redentora na cruz do Calvário 134;

 Ainda de acordo com os entrevistados mencionados acima,


respectivamente, 100% (PE-Recife e Paraíba), 93,75% (PE-Sertão) e
85,71% (R. G. do Norte) afirmaram que os cânticos de natureza
antropocêntrica, ou seja, foco letras focadas nas pessoas, suas
necessidades, seus problemas e desafios pessoais, são inexistentes ou
raros, cantados apenas “às vezes” ou “nunca” em seus cultos públicos de
adoração135;

 Verificou-se também que, para 100% dos pastores das igrejas da CBN no
Sertão de Pernambuco, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, e para
93,3% dos líderes das igrejas da CBN em Recife e Região Metropolitana,
o que mais chama a sua atenção nos hinos de louvor cantados nos cultos
públicos de adoração em suas comunidades de fé, é o “conteúdo bíblico
e teológico” 136;

 Constatou-se também que, respectivamente, para 81,3% (PE-Sertão),


73,3% (PE-Recife), 28,6% (Paraíba) e 83,3% (R. G. do Norte) dos líderes
das referidas igrejas afirmaram que, além da teologia dos hinos de louvor,
a melodia e a qualidade da harmonia musical também despertam o seu
interesse137;

134
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 1 – Culto de Adoração” em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.
135
Ibid.
136
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 2 – Culto de Adoração” em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.
137
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 2 – Culto de Adoração” em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.

60
 Um dado que também chamou bastante a atenção foi que esse interesse
e preocupação com o conteúdo bíblico dos louvores cantados nos cultos
públicos e coletivos não é algo exclusivo dos pastores, mas puderam ser
vistos também na grande maioria dos demais entrevistados. Pois, acima
de 90% deles, nas igrejas dos estados em questão, compartilham com os
seus líderes do mesmo interesse e zelo com a teologia biblicamente
saudável dos cânticos de adoração 138;

 Respectivamente, 62,5% (PE-Sertão), 66,7% (PE-Recife), 85,7%


(Paraíba) e 50% (R. G. do Norte) dos pastores das igrejas da CBN nesses
estados do Nordeste responderam que frequentemente monitoram,
orientam e instruem o ministério de louvor e a igreja em geral a analisar o
conteúdo bíblico e teológico dos cânticos de louvor 139;

 As respostas dadas pelos demais líderes e irmãos corroboraram aquilo


que os pastores disseram acerca desse cuidado com o louvor na igreja
local. Respectivamente, 64%, (PE-Sertão), 67,5% (PE-Recife), 91%
(Paraíba) e 52,9% (R. G. do Norte) da totalidade dos entrevistados
declarou que seus líderes implementam em suas igrejas esse tipo de
orientação e instrução 140.

Os dados estatísticos e as informações expostas acima permitem que se


faça algumas deduções e se chegue a algumas conclusões:

 Os pastores e líderes das igrejas da CBN nesses três estados são zelosos
e criteriosos no que diz respeito ao conteúdo bíblico e teológico dos
cânticos de adoração cantados em seus cultos públicos e coletivos;

 Tanto os pastores como os demais líderes e membros reconhecem a


importância e a necessidade de selecionarem bem os cânticos que serão
cantados nos cultos de adoração pública e coletiva. Para eles, além da

138
Ibid.
139
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 3 – Culto de Adoração” em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.
140
Ibid.

61
boa qualidade musical, os louvores precisam ter conteúdo bíblico correto
e teologia saudável. Rejeitam qualquer tipo de adoração influenciada pelo
humanismo, pois reconhecem que o culto é um evento do homem para
Deus e não de Deus para o homem. Nesse aspecto, os cultos de
adoração pública e coletiva são saudáveis;

 Existe por parte dos pastores das igrejas das CBN dos quatro estados em
questão preocupação e cuidado com a orientação e instrução daqueles
que são os responsáveis direto pelo louvor em suas igrejas;

 Obviamente, essa postura cuidadosa dos líderes influencia diretamente


na escolha e seleção dos cânticos de adoração feita pelos dirigentes e
ministros de louvor e explicam porque os hinos principais e frequentes
cantados nos cultos públicos de adoração são, predominantemente,
teocêntricos e cristocêntricos.

Um fator fundamental para que cultos de adoração coletivos e públicos


sejam considerados saudáveis diz respeito à existência de um ambiente ou
atmosfera de temor e reverência por parte dos cultuantes, como resultado da
consciência de estar na presença do Deus santo e glorioso. A pesquisa revelou
que nesse quesito, as igrejas da CBN dos três estados em questão são
relativamente saudáveis. Os dados expostos a seguir evidenciam essa
conclusão:

 Verificou-se que, respectivamente, 75% (PE-Sertão), 73,3% (PE-Recife),


57,1% (Paraíba) e 66,7% (R. G. do Norte) dos pastores afirmaram que em
seus cultos públicos coletivos há um ambiente ou atmosfera solene de
temor e reverência. Na avaliação da totalidade dos entrevistados,
incluindo líderes de ministérios e outros membros, há pouquíssima
variação, pra mais ou pra menos, dos percentuais apresentados pelos
pastores dessas igrejas locais 141.

141
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 4 – Culto de Adoração” em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.

62
Aspectos que demandam cuidados e melhorias

Corroborando a conclusão de que são igrejas relativamente saudáveis na


área de culto de adoração coletivo e público, de acordo com a totalidade dos
entrevistados (pastores e membros) os cultos públicos de adoração das igrejas
pernambucanas, paraibanas e potiguares precisam melhorar nos seguintes
aspectos:

 Dois aspectos em especial aparecem entre os três que mais necessitam


melhorar: (1) Qualidade musical e (2) maior senso de temor e
reverência142.

 Dos três estados em questão, apenas nas igrejas da Paraíba, o aspecto


“escolha e seleção de cânticos mais teocêntricos e cristocêntricos”
aparece entre os três que precisam de ajustes e melhorarias. Apesar das
igrejas da CBN-PB serem saudáveis no quesito “escolha e uso de
cânticos teocêntricos e cristocêntricos nos cultos de adoração”, isso não
representa uma incoerência ou contradição nos dados da pesquisa. É
preciso lembrar que o uso de cânticos antropocêntricos também aparece,
ainda que somente “às vezes” 143.

Apesar da necessidade de melhorar em alguns aspectos, a maneira como


os pastores e demais entrevistados classificaram e avaliaram a área de suas
igrejas relacionada aos cultos públicos e coletivos de adoração, demonstrou que,
nesse quesito, as igrejas da CBN em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do
Norte, não estão fragilizadas, adoecidas ou em declínio, mas gozam de boa
saúde.

 Acima de 65% dos pastores e membros das igrejas da CBN dos três
estados do Nordeste mencionados anteriormente classificaram a área
“culto de adoração” em suas igrejas como “boa” e “muito boa”. Essa

142
Veja os dados mais detalhados nas “Tabelas 6, 7, 8 e 9 – Culto de Adoração” em “Anexos –
Tabelas e Gráficos”.
143
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 1 e 8 – Culto de Adoração” em “Anexos – Tabelas
e Gráficos”.

63
classificação e avaliação indica que os líderes e demais irmãos
entrevistados consideram essa área em suas comunidades locais como
saudáveis 144.

A pesquisa ainda revelou que, na área de “culto de adoração público e


coletivo”, as igrejas da CBN do Ceará evidenciaram melhor estado de saúde do
que os estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os dados a
seguir demonstram a veracidade dessa conclusão:

 Nos quesitos: (1) tipos de cânticos de louvor principais e mais frequentes


que fazem parte da liturgia nos cultos públicos de suas igrejas; (2) o que
mais chama a atenção nos hinos de louvor cantados em suas igrejas; (3)
é o conteúdo bíblico e teológico; (4) zelo e cuidado na seleção dos
cânticos de adoração; (5) monitoramento, orientação e instrução para que
o ministério de louvor e a igreja analisem o conteúdo bíblico e teológico
dos hinos; (6) ambiente ou atmosfera solene de temor e reverência em
seus cultos públicos coletivos, as igrejas cearenses filiadas à CBN
apresentaram percentuais semelhantes (pouco mais ou pouco menos)
aos das igrejas pernambucanas, paraibanas e potiguares 145.

No entanto, diferentemente da avaliação feita pelos líderes e irmãos das


igrejas da CBN em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, os pastores e
demais entrevistados das igrejas do Ceará disseram que os cultos públicos de
adoração de suas igrejas precisam melhorar somente no quesito “qualidade
musical”, incluindo instrumentos e vozes. Nos demais aspectos, gozam de boa
saúde e não necessitam de ajustes ou melhorias. 146

A forma como os pastores e os demais membros das igrejas cearenses


classificaram e avaliaram as reuniões de adoração de suas comunidades locais,

144
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 5 – Culto de Adoração” em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.
145
Veja os dados mais detalhados nas “Tabelas 1, 10, 11, 12 – Culto de Adoração” em “Anexos
– Tabelas e Gráficos”.
146
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 13 – Culto de Adoração” em “Anexos – Tabelas e
Gráficos”.

64
corrobora com a conclusão de que nessa área as igrejas cearenses são
saudáveis.

 83,3% dos pastores classificou os cultos de adoração de suas igrejas


como “bom” e “muito bom”, ao passo que, 76,9% da totalidade dos
entrevistados também fez a mesma avaliação 147.

3.1.2.6 - Liderança

A pesquisa constatou que na área de “liderança”, as igrejas da CBN nos


quatro estados nordestinos que participaram da pesquisa, são relativamente
saudáveis. Em termos práticos, isso significa que foram verificados, nessa área
em questão, alguns aspectos com boa saúde e outros que necessitam de
ajustes, melhorias e revitalizações pontuais.

A partir das informações dadas pelos pastores e demais entrevistados, a


pesquisa constatou que dos quatro estados em questão, os “tipos de liderança”
classificados como “predominantes” e “frequentes” são: serva, compartilhada,
piedosa, acolhedora e disciplinadora. Um dado negativo revelado na pesquisa
foi que, dentro dessas duas classificações, menos de 50% dos entrevistados
incluíram “com visão missionária local e transcultural” e “com visão missionária
apenas local”.

Por outro lado, os tipos de liderança classificados como somente “às


vezes” ou “nunca” foram: dominadora, centralizadora, indiferente e fechada,
permissiva, com visão missionária local e transcultural, com visão missionária
apenas local e sem visão missionária.

Verificou-se também que a única diferença entre as igrejas da CBN em


Recife e Região Metropolitana e as demais referidas acima, é que o tipo de
liderança “com visão missionária local e transcultural” foi classificada como
“frequente” e “predominante”, ao passo que nas igrejas sertanejas, paraibanas,
cearenses e potiguares foi classificada como “às vezes” ou “nunca”.

Veja os dados mais detalhados na “Tabela 14 – Culto de Adoração” em “Anexos – Tabelas e


147

Gráficos”.

65
Com base nos dados expostos acima, pode-se fazer algumas deduções
e chegar a algumas conclusões:

 Os pastores e líderes das igrejas em questão entendem e procuram viver


a característica principal do tipo liderança que Jesus ensinou, tanto
através do seu exemplo de vida como por meio de instruções verbais:
liderança serva. Como o Filho de Deus, Senhor e Mestre, ele lavou os pés
dos seus discípulos e disse abertamente que eles deveriam fazer o
mesmo, seguindo o seu exemplo (Jo 13.1-15). Entre os seus seguidores
mais próximos, ele confrontou pensamentos de grandeza e primazia (Mt
20.20-28), bem como combateu briguinhas e discussões tolas sobre qual
deles seria “o maior” (Lc 9.46-48). Sendo assim, ao exercerem uma
liderança serva, os pastores das igrejas da CBN dos estados em questão,
estão alinhados aos ensinamentos de Jesus acerca de liderança.

 Na avaliação tanto dos pastores como dos demais membros


entrevistados, constatou-se que os líderes dessas comunidades locais
não exercem o ministério como “dominadores do rebanho” (1Pe 5.3), pois
sabem que sua missão é pastorear não a igreja da qual são donos, mas,
sim, “o rebanho de Deus” (1Pe 5.2). Consequentemente, os irmãos
podem viver a liberdade do evangelho, tratar com honra e respeito os seus
líderes motivados pelo entendimento bíblico do “princípio de autoridade”,
e não por medo de “sanções eclesiásticas” ou “ameaças de supostas
maldições” por parte dos líderes;

 Os líderes das referidas igrejas são zelosos quanto à pureza de suas


comunidades locais. Como liderança disciplinadora, eles não toleram a
vivência e o envolvimento contínuo da membresia com atos pecaminosos,
nem tampouco minimizam o impacto negativo de pecados não tratados
no seio da igreja. Claramente, eles ainda prezam pela disciplina como um
dos meios usados por Deus para corrigir, aperfeiçoar os seus filhos e fazê-
los “participantes da sua santidade” (Hb 12.7-10);

66
 Os pastores e líderes que conduzem e cuidam dessas igrejas são
homens que primam por uma vida piedosa. São servos tementes a Deus
que procuram exercitar a piedade, que zelam por uma vida moral e ética
ilibada, que entendem que no sagrado ministério caráter vale mais do que
carisma, e vida com Deus é mais importante do que performance
ministerial;

 No entanto, um dado preocupante e negativo, diz respeito ao aspecto


“visão missionária local e transcultural”. Com exceção dos líderes das
igrejas da CBN-PE (Recife e Região Metropolitana), a pesquisa
demonstrou que há uma necessidade de melhorar e ajustar sua visão
missionária, alinhando seu entendimento e engajamento com a visão
bíblica da missão que Deus confiou e incumbiu a sua igreja. Líderes e
igrejas verdadeiramente missionais reconhecem a sua identidade e
entendem o seu papel de, simultaneamente, proclamar “as virtudes
daquele que vos [os] das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9),
tanto no seu contexto imediato como em contextos mais distantes ;

 Essa deficiência na visão missionária dos pastores e líderes tem estreita


relação e influencia diretamente no resultado da pesquisa no que diz
respeito à área “visão e prática missionária”. Constatou-se que as igrejas
da CBN-PE (sertão e capital) são relativamente saudáveis e as das CBN
na Paraíba, no Ceará e Rio Grande do Norte encontram-se fragilizadas e
até mesmo adoecidas. É fato que a visão do pastor e da liderança define
a visão da igreja. Sendo assim, a revitalização da visão e engajamento
missionário das igrejas locais filiadas à CBN precisa começar c om a
revitalização da visão e engajamento daqueles que as lideram.

No quesito formação de novos líderes, tanto na avaliação dos pastores


como dos demais entrevistados, as igrejas da CBN dos referidos estados
precisam melhorar, pois apresentam uma certa deficiência.

 Nas igrejas pernambucanas, respectivamente, 25% (Sertão) e 53,3%


(Recife) dos pastores disse que não há em suas igrejas um investimento

67
intencional e programado para a formação de novos líderes, ao passo
que, 37,5% (Sertão) e 20% (Recife) deles afirmou que existe, sim,
iniciativas e ações com essa finalidade, no entanto, não é algo muito
eficiente. Ou seja, há intencionalidade e planejamento, mas falta
eficiência. De maneira que, a soma daqueles que disseram que não há
nada do tipo com aqueles que responderam que o programa que existe é
ineficiente, chega a 62,5% (Sertão) e 73,3% (Capital) 148.

 Nas igrejas paraibanas, cearenses e potiguares, a média daquelas que


investem intencionalmente na formação de novos e futuros líderes com
aquelas que o fazem de um modo não muito eficiente cai,
respectivamente, para 57,2% (PB), 33,3% (CE) e 50% (RN) 149.

Com base nos dados e informações acima, pode-se fazer deduções,


alertas e projeções:

 As igrejas da CBN dos quatro estados, especialmente as de Pernambuco,


apresentam certa deficiência no quesito formação de novos líderes e, por
isso, precisam repensar sua visão e ações. Igrejas que não investem
eficazmente na formação de líderes colocam em risco sua continuidade e
seu futuro. Os dados acima demostram que os pastores das referidas
igrejas juntamente com a atual liderança precisam tomar duas iniciativas
principais: (1) Implementar intencionalmente um programa para treinar,
capacitar e formar novos líderes; (2) Reavaliar os programas já existentes
e aperfeiçoá-los para que sejam mais eficientes.

Além do quesito “investimento na formação de novos líderes”, a pesquisa


constatou que que existem ainda outros aspectos na área de “liderança” nos
quais as igrejas da CBN dos quatro estados no Nordeste precisam de
revitalização.

148
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 1 – Liderança” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.
149
Ibid.

68
 Os dados coletados 150 retratam a ordem na qual todos os entrevistados
(pastores, líderes de ministérios e outros) declararam ser os aspectos da
liderança de suas igrejas que mais precisam de ajustes e melhorias: vida
de oração, cuidado pastoral e visitação, vida familiar, integridade e
reputação, pregação e ensino. Quanto mais localizado na parte de cima
da tabela, mais carecem de revitalização;

 Merece destaque especial o fato de que nas igrejas dos quatro estados
que participaram da pesquisa, “vida de oração” é o aspecto mais crítico
no qual os líderes mais necessitam melhorar e precisam de revitalização
urgente;

 O fato de a “vida de oração” da liderança aparecer no topo do ranking,


seguramente, é um dos principais fatores que influenciam diretamente na
identificação da “vida de oração” nas igrejas da CBN em Pernambuco,
Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte como uma área muito adoecida,
que precisa urgentemente de revitalização.

Mesmo reconhecendo que na área de “liderança” as igrejas em questão


precisam melhorar em vários aspectos, a maneira como os pastores e demais
entrevistados a avaliaram evidencia que eles não consideram que essa seja uma
área fragilizada, em declínio ou adoecida. Na avaliação geral, que inclui a
totalidade dos participantes da pesquisa (pastores e demais membros), a média
percentual dos que a classificaram como “boa” e “muito boa” ficou acima dos
60% nos quatro estados 151.

150
Veja os dados mais detalhados nas “Tabelas 2, 3, 4 e 5 – Liderança” em “Anexos – Tabelas
e Gráficos”.
151
Veja os dados mais detalhados na “Tabela 6 – Liderança” em “Anexos – Tabelas e Gráficos”.

69
2.2 - Resultado Geral da Pesquisa por Áreas e Estados

A área “pregação e ensino das Escrituras” é considerada saudável nas


igrejas da CBN dos quatro estados. Os pastores que as lideram são bem
preparados bíblica e teologicamente. Seus sermões e estudos possuem
conteúdo bíblico sólido, robusto, ortodoxo e saudável. A natureza, os atributos e
as obras de Deus, bem como a pessoa e a obra redentora de Cristo são o
conteúdo central de suas pregações. Vale ressaltar que esta área é tanto uma
marca de uma igreja saudável como um instrumento essencial para revitalizar
igrejas locais. A exposição fiel das Escrituras é um dos principais métodos
usados por Deus para trazer vida, saúde e vigor para igrejas fragilizadas,
estagnadas, em declínio ou adoecidas. Porém, isolados e sem o
acompanhamento de outras marcas de qualidade e iniciativas, a pregação e o
ensino correto das Escrituras, por si só, não garante que as demais áreas da
igreja sejam saudáveis. Por esta razão, as igrejas em questão apresentam
também áreas relativamente saudáveis, fragilizadas e até mesmo adoecidas.

Chama a atenção o fato de que, enquanto a área de “pregação e ensino”


foi considerada saudável nas igrejas de todos os estados pesquisados, verificou-
se que na área “vida de oração” essas mesmas igrejas encontram-se muito
adoecidas. Ou seja, a pesquisa demonstrou que em duas áreas de igual

70
importância na vida das igrejas da CBN, elas apresentam quadros de saúde
opostos. Verifica-se que igrejas podem ser, por um lado, doutrinariamente
saudáveis, mas, por outro lado, desprovidas de fervor espiritual e adoecidas no
que diz respeito à busca de uma intimidade mais profunda com Deus por meio
da oração. Quanto a isso, há precedentes no Novo Testamento. Por exemplo,
em Apocalipse 2 e 3 verifica-se a existência de igrejas que não apresentavam
nenhum problema doutrinário. A igreja de Éfeso foi elogiada por seu zelo e saúde
doutrinária (Ap 2.1-3). Porém, foi duramente repreendida porque lhe faltava uma
virtude essencial: amor a Deus e aos homens (Ef 2.4). As igrejas de Sardes e
Laodiceia não receberam nenhuma repreensão por causa de possíveis
problemas doutrinários em seu meio (Ap 3.1-6; 14-22). No entanto, a primeira
encontrava-se espiritualmente morta (Ap 3.1) e, a segunda, num estado de
mornidão espiritual, indiferença, neutralidade e autossuficiência. Ou seja, eram
saudáveis no quesito “ensino correto da Palavra de Deus”, mas muito adoecidas
no aspecto fervor e vigor espiritual.

A área “liderança” é considerada relativamente saudável nas igrejas da


CBN dos quatro estados que participaram da pesquisa. Esta também é uma área
fundamental na vida de uma igreja, pois a revitalização de uma comunidade local
passa inevitavelmente pela sua liderança. Na verdade, quaisquer iniciativas com
vistas à restauração e revigoramento de uma igreja fragilizada e adoecida
precisam começar com os seus líderes. Pois, não há revitalização de igrejas sem
revitalização de sua liderança. Este princípio foi destacado pelo próprio Jesus
quando ordenou que João escrevesse cartas para as sete igrejas da Ásia Menor.
Em cada uma delas ele começa se dirigindo em primeira mão “ao anjo da igreja”
(2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14). No que diz respeito aos pastores das igrejas em
questão, há dois aspectos que precisam de uma atenção especial:

(1) implementar e perfeiçoar programas já existentes para formar novos


líderes com maior eficiência. Tais pastores precisam perceber e reconhecer a
importância de investir no preparo da atual e da futura geração de líderes. Numa
eventual saída ou falecimento do pastor local, é fundamental que se tenha

71
líderes habilitados e capacitados para dar continuidade ao bom andamento da
igreja.

(2) Além disso, e talvez, com a maior urgência, os pastores e líderes das
referidas igrejas da CBN precisam cuidar e dedicar-se mais intensamente a uma
vida de oração. Tanto pastores como os membros entrevistados reconhecem
que esse é o principal e mais urgente aspecto da vida de sua liderança que
precisa melhorar. Tudo indica que, esse fator tem influenciado diretamente para
que a área “vida de oração” das igrejas da CBN encontre-se muito adoecida.

Conforme demonstra a tabela acima, a área “amor, comunhão e


relacionamentos pessoais” é considerada relativamente saudável nas igrejas
pernambucanas, paraibanas e potiguares, e adoecida somente nas igrejas da
CBN no Rio Grande do Norte. Estas últimas, na verdade, são as que apresentam
um estado de saúde mais crítico: apenas uma área saudável (pregação e
ensino), duas relativamente saudáveis (culto de adoração e liderança), duas
fragilizadas e adoecidas (amor e comunhão, visão e prática missionária), e uma
muito adoecida (vida de oração). Sendo assim, dos quatro estados pesquisados,
as igrejas da CBN-RN demandam atenção especial e a implementação de
inciativas mais urgentes para sua revitalização.

Chama a atenção ainda o fato de que, a área “visão e prática missionária”


não foi considerada saudável nas igrejas de nenhum dos quatro estados
nordestinos. Enquanto as igrejas de Pernambuco (sertão e capital) apresentam
relativa saúde, as da Paraíba, do Ceará e do Rio Grande do Norte exibem um
quadro de fragilidade e adoecimento. No que se refere à igreja de Cristo, esse é
um dado bastante preocupante. Pois, evidencia que a identidade e o papel
fundamental dessas igrejas, ainda que parcialmente, estão comprometidos.
Toda e qualquer comunidade local que se diz pertencer a Cristo precisa ter um
DNA missional. Biblicamente falando, a igreja existe e está neste mundo com o
propósito de glorificar a Deus e cumprir a missão de testemunhar de Cristo nos
lugares e entre os povos que ainda não O conhecem. De maneira que, quando
a igreja não cumpre adequadamente a missão que lhe foi confiada ela nega sua
própria identidade e o propósito de sua existência. Portanto, os pastores e as
72
igrejas em questão filiadas à CBN precisam investir urgentemente para
fortalecer, ampliar e revitalizar sua visão missionária e engajamento no
cumprimento da missão que o Senhor lhes confiou.

73
TABELAS

Dados Gerais da Pesquisa

Tabela 1 – Universo da Pesquisa

Tabela 2 – Universo da Pesquisa

74
Tabela 3 – Universo da Pesquisa

Tabela 4 – Universo da Pesquisa

Tabela 5 – Universo da Pesquisa

Pregação e Ensino das Escrituras

Tabela 1 – Pregação e Ensino

75
Tabela 2 – Pregação e Ensino

Tabela 3 – Pregação e Ensino

Vida de Oração

Tabela 1 – Vida de Oração

76
Tabela 2 – Vida de Oração

Tabela 3 – Vida de Oração

Tabela 4 – Vida de Oração

77
Tabela 5 – Vida de Oração

Tabela 6 – Vida de Oração

Amor, Comunhão e Relacionamentos Saudáveis

Tabela 1 – Amor e Comunhão

Tabela 2 – Amor e Comunhão

78
Tabela 3 – Amor e Comunhão

Tabela 4 – Amor e Comunhão

79
Visão e Prática e Missionária

Tabela 1 – Visão e Prática Missionária

Tabela 2 – Visão e Prática Missionária

Tabela 3 – Visão e Prática Missionária

80
Tabela 4 – Visão e Prática Missionária

81
Tabela 5 – Visão e Prática Missionária

Tabela 6 – Visão e Prática Missionária

Tabela 7 – Visão e Prática Missionária

Tabela 8 – Visão e Prática Missionária

82
Tabela 9 – Visão e Prática Missionária

Tabela 10 – Visão e Prática Missionária

Tabela 11 – Visão e Prática Missionária

83
Culto de Adoração Coletivo e Público

Tabela 1 – Culto de Adoração

Tabela 2 – Culto de Adoração

Tabela 3 – Culto de Adoração

Tabela 4 – Culto de Adoração

84
6 – Culto de Adoração
Tabela 5

Tabela 7 – Culto de Adoração

Tabela 8 – Culto de Adoração

Tabela 9 – Culto de Adoração

85
Tabela 10 – Culto de Adoração

Tabela 11 – Culto de Adoração

Tabela 12 – Culto de Adoração

86
Tabela 13 – Culto de Adoração

Tabela 14 – Culto de Adoração

87
Liderança

Tabela 1 - Liderança

Tabela 2 - Liderança

Tabela 3 - Liderança

88
Tabela 4 - Liderança

Tabela 5 - Liderança

Tabela 6 - Liderança

89
Tabela 1 – O Paradigma de Cristo para Revitalização de Igrejas

90
Tabela 2 – O Paradigma de Cristo para Revitalização de Igrejas

91
92

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