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História: como a Teologia da Libertação

fez a cabeça de gerações


por Cristian Derosa
 
 30/01/2018
 
em Notícias
 

A relação promíscua da hierarquia católica com as ideologias da


esquerda tem produzido um fenômeno assustador: o avanço das pautas
culturais dessa esquerda, como ideologia de gênero e aborto, entre fieis
cristãos.
Desde os anos 1960, padres, bispos e leigos da Igreja Católica têm aderido a ideias políticas e
propostas de tipo ideológico, aliando-se a partidos, grupos políticos e até terroristas, com a desculpa
da luta pelos pobres, pelos povos oprimidos. Pelos frutos da fundação do PT, responsável direto pela
implantação das políticas de aborto e da ideologia de gênero no Brasil, conheceremos os padres e
bispos que terão de arcar com um pesado fardo em seus ombros.

Recentemente, um evento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), o 14º Intereclesial de Bases,
ocorrido em Londrina, teve o tom claro de um comício político, quando o ideólogo do PT, Frei Beto,
resolveu fazer um minuto de silêncio em desagravo ao julgamento do ex-presidente Lula, que ocorria
naquele momento em Porto Alegre (RS).
O público presente era composto de militantes. Ativistas pertencentes a todos os tipos de movimentos
sociais de esquerda, MST, CUT, entre outros, ocasião em que foi distribuída uma cartilha sobre
educação, na qual se defendia a necessidade da conscientização a respeito de direitos, como aborto e
educação sexual. Tudo com a presença do arcebispo de Londrina, Dom Geremias Steinmetz. Diante
de ataques de internautas, devido o caráter declaradamente partidário e ideológico do evento, o
arcebispo chegou a pedir que retirassem as faixas que mencionavam o Partido dos Trabalhadores,
mas foi vaiado pelos militantes.
A relação promíscua da hierarquia católica com as ideologias da esquerda tem produzido um
fenômeno assustador: o avanço das pautas culturais dessa esquerda, como ideologia de gênero e
aborto, entre fieis cristãos. O resultado completo dessa catástrofe veremos nos próximos anos, mas a
história do movimento da teologia da libertação pode ajudar a explicar como o seu avanço foi tão
rápido e efetivo na destruição das bases morais e espirituais da religião cristã, algo que ameaça a
própria estrutura da Igreja Católica.

Antecedentes históricos da Teologia da Libertação


O movimento social-eclesial da teologia da libertação oficialmente surgiu no contexto da
interpretação do Concílio Vaticano II, após um compromisso assinado por 500 bispos do mundo
todo, conhecido como o “Pacto das Catacumbas”, uma cerimônia discreta ocorrida em uma
catacumba, em Roma. O contexto do pacto era a influência do livro do padre peruano Gustavo
Gutierrez, intitulado A teologia da libertação. Mesmo com condenações vindas da alta hierarquia da
Igreja, o movimento cresceu assustadoramente. Isso porque a sua base estava calçada em
antecedentes muito poderosos, como as articulações da União Soviética em torno do objetivo para a
expansão da ideologia socialista na América Latina.
O general romeno Mihai Pacepa, ex-chefe da polícia secreta da Romênia comunista, conta, em
entrevista, como se deu a influência da KGB, a polícia secreta soviética, na criação e expansão da
teologia da libertação pelo mundo. Segundo ele, Nikita Khrushchev queria marcar seu governo como
aquele que expandiu o socialismo pelo mundo, especialmente América Central e do Sul. De acordo
com Pacepa, “a Romênia era o único país latino no bloco soviético e Khrushchev queria envolver os
‘líderes latinos’ na sua nova guerra de ‘libertação’”. Esse processo faz parte do mesmo conjunto de
ações práticas que levaram o comunismo a Cuba, a partir de 1958.
Segundo Pacepa, o nome teologia da libertação foi cunhado pela própria KGB, a linha de outros
movimentos da época:

Durante esses anos, a KGB teve uma tendência pelos movimentos de “Libertação”. O
Exército de Libertação Nacional da Colômbia (FARC –sic–), criado pela KGB com a ajuda
de Fidel Castro; o Exército de Libertação Nacional da Bolívia, criado pela KGB com o apoio
de “Che” Guevara; e a Organização para Libertação da Palestina (OLP), criado pela KGB
com ajuda de Yasser Arafat, são somente alguns movimentos de “Libertação” nascidos em
Lubyanka – lugar dos quartéis-generais da KGB.

Para tornar tudo isso possível, o governo soviético sabia que precisava influenciar desde dentro
diversos movimentos e até criar alguns. É o caso da Conferência Cristã pela Paz, ocorrida em Praga,
capital da então Tchecoslováquia, hoje República Tcheca. Praga é hoje considerada a capital
internacional da espionagem e guarda um museu internacional da KGB.

Foi preciso, segundo Pacepa, uma influência interna no Conselho Mundial das Igrejas (CMI),
fundado em 1948, em Amsterdã, na Holanda. O CM é fruto de uma longa articulação ecumênica que
nasceu do verdadeiro anseio pela discussão da crise moral do mundo moderno. Mas seus eventos e
congressos foram, desde o início, marcados pela presença de agentes de transformação cujo objetivo
real era integrar os tópicos ecumênicos na lógica da desconstrução de dogmas para o
enfraquecimento das convicções morais e, por fim, sabotagem global da espiritualidade cristã, grande
obstáculo para a socialização mundial, algo sabido desde os escritos de Engels.
O percurso dos conselhos ecumênicos globais que culminaram na criação da CMI é longo e começou
em Edimburgo, em 1910. Depois, também em Estocolmo (1925) e Lausanne (1927). Por fim, o
Concílio Vaticano II ficou conhecido como a adesão da Igreja Católica aos princípios ecumênicos.

CMI, CMP e o poder secreto soviético


Fundado oficialmente em 1948, o CMI experimentou, segundo eles próprios, “uma crescente
tendência ao comprometimento com questões ligadas ao papel dos cristãos e cristãs no debate e nas
ações no campo da ética social”. Depois do Vaticano, o CMI tem sido a maior organização global de
cristãos, considerando as outras denominações, presente em 120 países. O controle secreto desta
entidade pela KGB foi essencial, segundo Pacepa, para o crescimento e expansão da teologia da
libertação na América Latina e Caribe.

Após uma influência discreta na CMI, era preciso uma entidade religiosa intermediária, com maior
controle dos líderes soviéticos. Tem início, em Praga, a Conferência Cristã pela Paz, com o objetivo
de disseminar a teologia da libertação pelo mundo, dirigida pela KGB e subordinada ao Conselho
Mundial da Paz, também com sede em Praga, fundado em 1949.

Pacepa conta a sua própria experiência:

Durante meus anos como líder da comunidade de inteligência do bloco soviético,


dirigi as operações romenas do Conselho Mundial da Paz (CMP). Era
estritamente KGB. A maioria dos empregados do CMP eram oficiais de
inteligência soviéticos acobertados. Suas duas publicações em francês,
“Nouvelles perspectives” e “Courier da Paix”, estavam também dirigidas pelos
membros infiltrados da KGB –e da romena DIE2–. Inclusive o dinheiro para o
orçamento da CMP chegava de Moscou, entregue pela KGB em dólares, em
dinheiro lavado para ocultar sua origem soviética. Em 1989, quando a URSS
estava à beira do colapso, o CMP admitiu publicamente que 90 por cento do seu
dinheiro chegava através da KGB3.
Conferência de Medelín
Em 1968, membros da Conferência Cristã pela Paz conseguiram convencer um grupo de bispos
latino-americanos, signatários do Pacto das Catacumbas, a pautar sua Conferência de Bispos na
mesma direção de uma “luta contra a pobreza e a opressão”, com o foco na “violência
institucionalizada”, mirando os governos e aparatos do estado burguês, na linguagem marxista. Era a
Conferência de Medelin, na Colômbia. Era o momento de viabilizar os objetivos do Pacto das
Catacumbas.

Encerrado o Concílio (1965), o episcopado latino-americano começou a organizar encontros a fim de


interpretar os documentos conciliares à luz da especial problemática revolucionária latino-americana.
Reunidos em Medellín, em 1968, os bispos, com o apoio romano do Papa Paulo VI, produziram um
documento para sustentar a ação dos “católicos progressistas” em todo o continente nos próximos
tempos.

O resultado destes eventos foram vistos nos anos seguintes, quando a “igreja dos pobres”, verdadeira
igreja dentro da Igreja, infiltra-se nos movimentos sociais do Brasil, por meio de encontros que
firmaram ainda mais a relação entre bispos e padres com movimentos revolucionários, inclusive
terroristas.

Leia o estudo completo na segunda edição da Revista Estudos


Nacionais, a ser lançada em março.

Fonte:https://www.estudosnacionais.com/6900/historia-como-teologia-da-libertacao-fez-cabeca-de-geracoes/  

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Cristian Derosa
Mestre em jornalismo pela UFSC e autor dos livros "A transformação social: como a mídia de massa se tornou uma
máquina de propaganda" e "Fake News: quando os jornais fingem fazer jornalismo". Colunista do site Estudos
Nacionais e autor do blog A transformação social. Aluno do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho.

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