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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO

REVERENDO JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO


JONAIR PONTES

RESUMO: HISTÓRIA DOCUMENTAL DO


PROTESTANTISMO NO BRASIL

São Paulo
2022
JONAIR PONTES

RESUMO: HISTÓRIA DOCUMENTAL DO


PROTESTANTISMO NO BRASIL

Resumo do Livro: História Documental


do Protestantismo no Brasil parte 2.
Para atender exigências da disciplina de
História da Igreja Brasileira. Rev. Wilson
Santana da Silva.

SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO


REVERENDO JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO
São Paulo - 2022
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PARTE II – CRESCIMENTO E AMADURECIMENTO (1889-1964)

INTRODUÇÃO

O imperador dom Pedro II recebeu com simpatia os missionários


protestantes. Multiplicaram-se os casos de contatos amistosos com missionários de
diversas denominações. Com a abolição da escravatura o império perdeu o apoio da
classe dos fazendeiros e também entrou em conflito com a classe militar, perdendo
assim a sua base de sustentação, na resistindo ao golpe de Estado em 1889,
transformando o Brasil em uma república de viés positivista. A república foi recebida
com entusiasmopelos protestantes.

No século XIX, considerado o grande século das missões, teve como um dos
seus frutos a crescente busca da unidade da Igreja resultando no movimento
ecumênico em prol do avanço missionário, com o intuído de juntar forças para o
avanço do reino. Muitas alianças mundiais foram feitas com esse intuído. E neste
capítulo procura ver como se processou essa força de integração entre as
denominações para propagar o evangelho em terras brasileiras. Uma das teologias
que impactou fortemente a igreja protestante no final do século XIX e inicio do Século
XX foi o evangelho social e a preocupação de se envolver com as causas sociais
chegando a influenciar até a IPB de forma significativa.

Apesar da influência do Evangelho Social durante quase todo o período em


estudo, as igrejas protestantes relutaram muito em se envolver com a política, a não
ser quando a liberdade de culto e de propaganda evangélica pareciam estar em
perigo.

A BUSCA DA INTEGRIDADE DENOMINACIOAL E DA AUTONOMIA

Os Presbiterianos
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O problema mais comum das igrejas originárias da obra missionária foi a


autonomia. Quem mais se destacou nesse movimento entre os presbiterianos foi o
Rev. Eduardo Carlos Pereira (1856-1923), posteriormente proeminente líder da Igreja
Presbiteriana Independente do Brasil. Ele escreveu vários documentos tratando desse
assunto.

O cisma presbiteriano de 1903

As causas da divisão da Igreja Presbiteriana são complexas e difíceis de se


analisar de forma suscinta, mas o grande problema girava em torno da autonomia da
Igreja nacional. A jovem Igreja nacional, criada em 1888, controlaria o seu próprio
destino, determinaria a sua própria estratégia, estabeleceria as suas próprias
prioridades. E o Mackenzie tornou-se o centro da luta, porque simbolizava a estratégia
educacional de Nova York, em contraste com o ponto de vista de Eduardo Carlos
Pereira e o grupo nacionalista. Estes visavam educação em termos de escolas, para
“crentes”, enquanto os missionários americanos queriam escolas abertas ao público,
que contribuíssem para o progresso do Brasil através da influência da cultura norte-
americana cristã.

As diferenças em estratégia foram complicadas pelo fato de os missionários


americanos serem membros dos presbitérios, onde exerciam influência, e ainda das
missões, que tinham o poder financeiro nas mãos. No entanto, as juntas missionárias
ignoravam por vezes tanto o desejo dos brasileiros como o dos seus próprios
missionários. Além disso, entre Pereira, pastor da Primeira Igreja Presbiteriana, e
Horácio Lane, presidente do Mackenzie e membro da igreja de Pereira, havia sérios
problemas pessoais, ao ponto de Pereira ter lhe aplicado disciplina eclesiástica.

Além das lutas por maior autonomia de fato e dos atritos entre relações
missionários Igreja nacional e atritos pessoais, tinha a questão maçônica, mas que só
entrou em debate em dezembro de 1898 quando o Estandarte começou a atacar a
maçonaria na Igreja. A questão “pode o crente filiar-se à maçonaria?”, levantada em
1899 na igreja de Pereira, foi levada ao Presbitério de São Paulo e depois ao Sínodo
de 1900. O Sínodo decidiu que cada crente teria liberdade de aderir ou não à
maçonaria. Insatisfeitos com essa decisão, Pereira e seu grupo prepararam no Sínodo
de 1903, levaram o tema para ser debatido, não satisfeitos pelo Sínodo manter a
posição de 1900, Pereira e seus simpatizantes se retiraram e ouve um grande cisma
na IPB dando origem a Igreja Presbiteriana Independente. Mas todo o histórico de
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atritos deixa claro que a questão maçônica não foi o único fator do cisma, mas apenas
mais um deles, e talvez o menor deles, o grande fator foi a questão da autonomia da
igreja.

O lugar do missionário na Igreja nacional

O lugar do missionário na Igreja nacional foi ponto de tensão e de


desentendimento. Erasmo Braga faz uma excelente análise. No Documento 82
sobre as relações entre os missionários e os concílios. Problema perene é o
relacionamento do missionário com a Igreja nacional. Os missionários presbiterianos,
desde a autonomia (1888), foram arrolados como ministros da nova Igreja nacional.
Porém, continuaram a participar de uma organização paralela, a “missão”, o que
atrapalhava consideravelmente a autonomia da Igreja nacional. Geralmente é
entendido que o relacionamento de missionários e nacionais foi um dos mais
importantes fatores na ruptura em 1903. O debate de 1916, que culminou no “modus
operandi” de 1917, mostra que o problema criado pelas diferenças na estratégia
missionária entre missionários e nacionais não fora ainda satisfatoriamente
resolvido.

Os Batistas

No Brasil, os batistas na sua grande maioria, estão vinculados à Convenção


Batista do Sul dos Estados Unidos. O seu sistema de governo é congregacional, e de
doutrina calvinista, e realizam o Batismo por imersão de crentes e limitam a mesa da
comunhão aos batistas. Além desses elementos, há uma consciência da sua
identidade como batistas. Esta identidade acha uma expressão estrutural ou orgânica
na Convenção. A fundação da Convenção das Igrejas Batistas do Brasil, em 1907,
constitui, portanto, o primeiro passo maior na nacionalização dos batistas brasileiros
e na busca de uma verdadeira autonomia como denominação nacional.

Em 1922, os líderes batistas nacionais do Nordeste redigiram um “Memorial


dos pastores batistas do campo regional aos missionários batistas da região”
expressando o desejo de terem uma parte maior nas decisões quanto às prioridades
e aplicação de dinheiros provindos dos Estados Unidos. Não atendidos, pastores
como Adrião Onésimo Bernardo e Antônio Neves de Mesquita levaram o seu apelo à
Convenção Brasileira em 1925.

Os “radicais” sintetizaram sua posição no “Manifesto aos batistas brasileiros”.


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Eles desejavam que o processo decisório e o controle das finanças, quer oriundas do
Brasil ou de “Richmond” estivessem em mãos nacionais. A Convenção de 1925,
claramente delineou as esferas de responsabilidade: dinheiro levantado por batistas
norte-americanos seria aplicado e administrado pela Junta Americana por meio dos
seus agentes, os missionários; fundos levantados no Brasil seriam administrados pela
Convenção e outras entidades brasileiras, obviamente através dos seus agentes. A
posição dos “radicais” não prevaleceu, e seus simpatizantes organizaram-se
subseqüentemente como uma facção batista separada da Convenção e da Junta.

Na Assembleia da Convenção Batista Brasileira de 1936, novas bases de


cooperação foram acertadas. O novo convênio cedeu maiores privilégios aos
brasileiros, porém permaneceram o princípio de “autonomia” como definido em 1925,
e as “missões”, estruturas administrativas missionárias paralelas à convenção.

Sabedores da impossibilidade de uma verdadeira autonomia dos batistas


brasileiros sem o sustento próprio, dez “secretários-correspondentes elaboraram um
plano de sustento financeiro, que apresentaram à Quadragésima Assembleia da
Convenção Batista Brasileira. O plano, conhecido como o “Plano Cooperativo”, foi
adotado em princípio pela Convenção de 1958.

Os Metodistas

No período da Primeira Guerra Mundial, a Junta de missões insistiu em


nomear o presidente do Colégio Granbery pelo espaço de cinco anos. Ao fazer essa
intromissão, a diretoria simplesmente abriu mão dos seus direitos e responsabilidades
para com o colégio, entregando toda a responsabilidade à Junta em Nashville. Foi o
clímax de uma série de interferências e decisões arbitrárias da parte da Junta, que
mostram o grau de controle exercido por ela e os conflitos resultantes dessa situação.

A Igreja Metodista assim como as demais denominações, reproduziu no


Brasil as mesmas estruturas eclesiásticas existentes no país de origem. Com a
expansão territorial e o crescimento numérico exigiram medidas como supervisão
episcopal permanente, através de um bispo residente a adaptação da Disciplina
conforme o contexto brasileiro. O movimento em favor da autonomia foi liderado
por Guaracy Silveira. Duas Conferências Centrais manifestaram ainda esse desejo e
em 1930, foi cedida a autonomia, criando assim a Igreja Metodista do Brasil.
Curiosamente, a Igreja autônoma, elegeu como seu primeiro bispo um missionário
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estrangeiro, John W illiamTarboux.

A autonomia não esperou a obtenção do sustento próprio e nem totalmente a


auto propagação, pois foi criado um Conselho Central, elo de ligação entre as igrejas
“mãe” e “filha”, através do qual questões concernentes ao pessoal missionário e
auxílio financeiro seriam tratadas. O primeiro bispo brasileiro só foi eleito em 1934, o
gaúcho César Dacorso Filho (1891-1966), a sua escolha marcou um passo importante
na nacionalização da Igreja Metodista do Brasil. Exerceu o episcopado por 25 anos, e
deixou mais do que qualquer outra pessoa a sua marca na Igreja.

Na década dos 1880, os metodistas “do Norte” estabeleceram uma rede de


missões nos extremos geográficos do Brasil, Norte e Sul. A obra do Norte foi
estabelecida pelos Revs. Justus H. Nelson e George Benjamin Nind. Vários hinos do
Hinário Evangélico foram traduzidos por ambos os pastores. O rev. Nelson, passou
por muitas adversidades no plantio de igrejas, inclusive foi condenado a quatro meses
de prisão, por causa de declarações julgadas ofensivas à religião católica. A missão
de Nelson nunca foi integrada à da IMES; e quando ele regressou aos Estados Unidos
após 45 anos (em 1925), os metodistas de Belém do Pará foram absorvidos por outras
igrejas evangélicas ou abandonaram o protestantismo.

Os Luteranos

A complexidade da história eclesiástica alemã é de certa forma refletida no


processo de amadurecimento das igrejas alemãs no Brasil. Um bom exemplo foi a
União de 1817, onde o rei da Prússia forçou a união dos luteranos e reformados dentro
do seu território. Desse modo, quando do início da imigração para o Brasil, a influência
do pietismo já tendia a diminuir a importância das distinções confessionais e o decreto
unionista do rei oficialmente as obliterou, com isso as primeiras comunidades que se
formaram no Brasil, não eram nitidamente “luteranas” senão “igrejas protestantes
alemãs” sem muita preocupação denominacional.

Essas Igrejas Alemãs não surgiram como resultado de esforço missionário


do exterior como as outras denominações que vieram dos EUA, e também essas
igrejas protestantes alemãs nunca estiveram propriamente sujeitas a juntas
missionárias alemãs, embora recebessem obreiros e outros auxílios de lá. O
problema foi a sua organização. As comunidades locais não nasciam da
evangelização de brasileiros, mas sim da reunião de fiéis que vieram da Alemanha.
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Eles careciam da comunhão e orientação de sínodos, que surgiram de forma bem


demorada. O primeiro deles foi o Sínodo Rio-Grandense (1886). Cada sínodo tinha
vida própria e funcionava independentemente dos demais. O outro sínodo foi a
chamada “Igreja Luterana”, (1905) que primava pela ortodoxia luterana.
Funcionando no mesmo território da “Igreja Luterana” havia outras comunidades
alemãs, as quais se organizaram no Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná
(1911). Finalmente, em 1912, fundou- se o Sínodo do Brasil Central, que incluía a
igreja alemã mais antiga do Brasil, a de Nova Friburgo (1823). Quando conseguiram
reunir os quatro sínodos em uma só Igreja nacional, os luteranos começaram a
tomar consciência da importância do que significa ser “Igreja de Cristo no Brasil”?

Em 1900, a Igreja Territorial da Prússia promulgou uma lei tornando possível


que comunidades alemãs do exterior a ela se filiassem, e muitas no Brasil se valeram
desta possibilidade. A partir de 1922, porém, a Federação Evangélica Alemã de
Igrejas, fundada no mesmo ano, assumiu progressivamente a responsabilidade pelas
comunidades no exterior. Em 1929, o próprio Sínodo Rio-Grandense filiou-se à
Federação.

O Sínodo conhecido como o Gotteskastensynode foi fundado em 1905,


quando somava cinco comunidades, onze pastores e 15.404 fiéis. Foi convocado
para promover a pureza da doutrina luterana, deturpada, como entenderam seus
adeptos, pela união que Frederico Guilherme III impôs em 1817, aos luteranos e
reformados da Prússia. Esse Sínodo assumiu as feições de uma Igreja Luterana
separada dos demais protestantes alemães, e posteriormente se denominaram
membros da “Igreja Luterana no Brasil” (1946), que contava então com 31 pastores,
146 comunidades e
90.210 fiéis. Já o Sínodo de Santa Catarina e Paraná não ficou nada
satisfeita com a posição do Sínodo Gotteskastensynode, conhecido como “Caixa de
Deus” e escreveram um documento criticando tal atitude separatista.

É interessante destacar que a primeira comunidade evangélica alemã


estabelecida no Brasil foi a de Nova Friburgo em 1823. O último Sínodo a ser fundado
foi o do Brasil Central, em 1912. Antes de uma congregação se tornar membro do
Sínodo, era-lhe necessário filiar-se à superintendência evangélica de Berlim.
Depois da Segunda Guerra Mundial, reiniciou-se o processo em que os
presidentes dos quatro sínodos se reuniram para coordenar as suas atividades,
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surgindo assim em 1949 a Federação Sinodal. Na realidade, esta Federação Sinodal


era a Igreja Luterana. Em 1954, o segundo concilio da Federação Sinodal acrescentou
ao nome o de “Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil”.

Os Episcopais

Quando os missionários Morris e Kinsolving chegaram ao Brasil em 1889 e


iniciaram cultos em português no ano seguinte. Já em 1891, a pequena Igreja
Presbiteriana da cidade do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, foi cedida à missão
episcopal. Em 1898, a missão episcopal foi convocada pela Igreja Episcopal dos EUA
e aceitou o “pacto” que governava o relacionamento entre os episcopais do Haiti e
os da América do Norte, ao qual se acrescentou o privilégio de indicar bispos para a
Igreja brasileira. Em 1898, foi eleito Lucien Lee Kinsolving, que se tornou o primeiro
bispo residente da Igreja Episcopal Brasileira, iniciando assim o processo de
nacionalização da Igreja. Kinsolving foi o único bispo episcopal no Brasil até 1925
quando pediu um coadjutor, onde o missionário William M. M. Thomas foi sagrado
bispo em 1925. O primeiro bispo brasileiro só foi eleito em 1940, Athalício Pithan,
importante passo em direção à maturidade e eventual autonomia da Igreja.

Desde o “pacto” de 1898, ficou estabelecido que a Igreja brasileira poderia


requerer sua autonomia quando tivesse “três bispos residentes no Brasil”. Ao
completar o número exigido em 1950, a Igreja brasileira solicitou em 1961, e a Câmara
de Bispos aprovou em 1963, autonomia administrativa.

Os Congregacionais

A igreja fundada por Robert Kalley, desde o início em 1858, foi autônoma,
mas buscava por uma identidade denominacional. A Igreja se chamava “Igreja
Evangélica”, mas deve que mudar depois de 5 anos de sua fundação para “Igreja
Evangélica Fluminense” para se evitar confusão com a Igreja de Simothon, fundada
também no Rio de Janeiro em 1862. Kalley e seus cooperadores fundaram diversas
outras igrejascongregacionais ao longo dos anos.

Interessante que outras associações sediadas na Grã-Bretanha começaram


a fazer missões na América do Sul, tais como: Help for Brazil (fundada em 1892, por
iniciativa de Sarah Poulton Kalley e outros), South American Evangelical Mission (com
trabalho na Argentina) e Regions Beyond Missionary Union (com missão no Peru).
Desapontados com a exclusão da América Latina na conferência de Edimburgo, 1910, líderes
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evangélicos da Inglaterra, formaram, das missões acima mencionadas, a União Evangélica


Sul-americana (1911), para estimular a obra evangélica e canalizar recursos para a América
do Sul. Dos esforços dessa União surgiu no Brasil a Igreja Cristã Evangélica que se uniu com
os Congregacionais em 1942, uma união que durou até 1969. Houve nova separação em
1969; a antiga ala congregacional assumiu o nome de União das Igrejas Evangélicas
Congregacionais do Brasil; a outra ala ainda se dividiu em duas, a Igreja Cristã Evangélica
no Brasil e a Igreja Cristã Evangélica do Brasil.

Relações entre Protestantes e Católicos

A relação no Brasil de bastante rivalidade e conflito. Os protestantes


seguiram combatendo e denunciando os erros do romanismo, como a idolatria,
imoralidade do clero e tantos outros. A grande ênfase do protestantismo era o
anticatolicismo por causa de suas afrontas a verdade bíblica.

Já no lado dos católicos, os protestantes eram classificados como hereges e


se opôs também a sua expansão. Geralmente a oposição não era uma perseguição
aberta, embora tenha ocorrido vários casos de perseguição, mas normalmente era
mais sutis. Mesmo depois do Brasil se tornar uma República não ouve mudanças nas
hostilidades contra os protestantes.

Na República, em lugar de mera tolerância do culto protestante, o decreto n°


119-A, adiante, garantia a “plena liberdade de cultos”, e a Constituição garantia o livre
exercício e propaganda da religião evangélica. Assim, havendo abuso dos direitos
legais, ameaças ou perseguições, os protestantes poderiam apelar às autoridades
requerendo proteção e reparação. A nova situação não foi aceita passivamente pelos
católicos, os quais, de tempos em tempos pressionavam a seu favor, atitude
interpretada pelos protestantes como quebra do princípio de separação entre Igreja
eEstado. O cardeal Sebastião Leme, arcebispo do Rio de Janeiro, por exemplo lutou
para que fosse novamente oficializada a religião católica romana.

Era uma época também de frequentes polêmicas, tanto por meio de debate
público, quanto pela imprensa religiosa e secular. Estas polêmicas variavam muito em
tom e seriedade, e a “munição” dos protestantes era fornecida em larga escala por
escritos de ex-padres brasileiros que se tornaram pregadores protestantes como José
Manoel da Conceição tantos outros. Houve campanhas também para desacreditar a
obra missionária e os missionários protestantes, visando dificultar senão impossibilitar
a vinda de missionários norte-americanos.
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O clima de oposição católica estimulou a criação de mecanismos de defesa


protestantes, sendo o mais importante foi a maior aproximação entre protestantes,
como indivíduos e denominações, com o intuído de conseguir uma entidade que
falasse em nome do protestantismo nacional nos diferentes níveis do governo levanto
o protesto contra os abusos mencionados da igreja católica, assim como ser uma
influência moralizante no governo e na sociedade brasileira. Mas tinha, no entanto,
uma certa relutância do protestante em adentrar no meio da política, e, ao mesmo
tempo, uma insistência em que o leigo se tornasse eleitor e votasse naqueles que
favoreciam a liberdade religiosa, educação leiga e liberdade de pensamento e de
expressão.

Sobre a apostasia da Igreja Católica Romana, a grande maioria dos


protestantes tinha a convicção disso, tanto que na maioria dos casos, os convertidos
do catolicismo eram rebatizados, mas tinha alguns missionários que discordavam
dessa apostasia. A Igreja Católica Romana, procurou de todas as formas influenciar
que o catolicismo voltasse novamente a ser a religião oficial. Em 1925, Plínio Marques
propôs uma emenda constitucional para o retorno do catolicismo como religião oficial,
mas fracassou. Em 1928 Alceu Amoroso Lima continuou a luta, mas também não foi
aprovado. Mas um decreto do governo Vargas em 1930, permitiu o ensino religioso
nas escolas públicas nas quais vinte ou mais estudantes o solicitassem. O decreto foi
interpretado pelos protestantes como o primeiro passo na direção de um Estado
católico, provocando uma reunião do Congresso Evangélico Brasileiro em 1931,
publicando um “Manifesto à nação”. Dois anos depois, o presidente Getúlio Vargas
mandou elaborar um anteprojeto da nova Constituição, que deixou os evangélicos
muito insatisfeitos.

Os protestantes viam também o voto como uma arma cristã. No artigo escrito
por Júlio C. Nogueira, ele prevê a possibilidade de uma positiva influência
evangélica na nova Constituição, por meio do seu voto, e convoca os cristãos fazerem
o seu papelao exercer a sua cidadania pelo exercício do voto ao fazerem-se eleitos e
votarem conforme a consciência cristã.
A hierarquia católica não conseguiu convencer o país a oficializar novamente
o catolicismo. Em 1941, o arcebispo de Belo Horizonte tentou convencer o governo
norte-americano de que o envio de missionários protestantes era prejudicial para com
os Estados Unidos”. Através da Confederação Evangélica do Brasil, realizou a defesa
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dos missionários americanos e a obra realizada no país, desmentindo o arcebispo.

ECUMENISMO

Uma compreensão do desenrolar do ecumenismo no Brasil pressupõe um


conhecimento do tipo de protestantismo que veio para cá principalmente da América
do Norte, um cristianismo como estrutura “denominacional”. A raiz da teoria
denominacional está na recusa dos reformadores em identificar a Igreja como
qualquer instituição eclesiástica, pois para eles “a verdadeira sucessão é uma
sucessão de crentes, e a verdadeira unidade é aquela achada onde quer que se
despertar a fé”. Depois, os teólogos da Assembleia de Westminster, não podendo
chegar a um acordo sobre a forma ideal da Igreja da Inglaterra, elaboraram os
princípios da teoria denominacional.

O mesmo espírito de Westminster se expressou no Grande Despertamento


nos Estados Unidos da América. Gilbert Tennant (1703-1764), por exemplo, dizia
“todas as sociedades que professam o cristianismo e conservam os seus princípios
fundamentais, quaisquer que sejam as suas diferentes denominações e diversidade
de sentimentos em coisas menores, são na realidade apenas uma Igreja de Cristo,
apenas diversos ramos... do único reino visível do Messias”. Winthrop Hudson
percebe a unidade da história eclesiástica americana exatamente no fenômeno da
denominação, que produziu um “protestantismo americano” até fins do século XVIII e
formou uma “América protestante durante o século XIX.”

No século XX, nasceu o movimento ecumênico, cujo conceito da unidade


essencial colocou em xeque o conceito denominacional. O cristianismo vinha
afirmando sua unidade como artigo de fé desde o fim do segundo século; agora,
procurava torná-la visível. Divisões passaram a ser encaradas como escândalo, pois
dificultavam a chegada de pecadores a Cristo. Pronunciava-se o fim do cristianismo
denominacional.

Mas no Brasil não vingou o ecumenismo, mas sim o denominacionalismo. Não


está claro por que assim aconteceu, porém há uma série de fatores que lançam
alguma luz sobre a questão. 1) Nem todas as denominações americanas aceitaram o
ecumenismo: os batistas do Sul, os luteranos do Sínodo de Missouri, as igrejas
pentecostais e as denominações oriundas do movimento da santidade que,
naturalmente, conservaram a mesma postura no Brasil. 2) Salomão Ferraz, então
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ministro presbiteriano, via no anticatolicismo do protestantismo uma fonte de atritos


entre protestantes e protestantes. Além disso, para os convertidos ao protestantismo
no Brasil, lealdade a Cristo significava, não raro, uma intransigente aceitação de
fórmulas e sistemas, a roupagem em que a fé é recebida, e uma resistência a qualquer
modificação destas coisas, por medo de apostasia. E o ecumenismo no Brasil foi muito
mais um projeto dos missionários e das sociedades missionárias do que dos
brasileiros, por isso não vingou. Para muitos ecumenismo e apostasia chegavam a
ser quase sinônimos.

Denominacionalismo

Sobre a denominacionalismo Winthrop Hudson afirma que ela não é


prejudicial, pois senão o próprio Cristo não teria permitido existir, ele afirma que “o
espírito denominacional não é sectarismo, não é desprezo dos outros, não é vaidade
religiosa, não é desprestígio dos irmãos: é a consciência cristã esclarecida, fiel à
Igreja e ao trabalho onde Jesus o colocou.”

Tanto o Documento 116 que trata das excelências do sistema presbiteriano


em geral e no Brasil em particular, e o documento 117 dos batistas em 1918 mostra
que a sua visão teológica limita e dificulta a participação dessas denominações em
movimentos ecumênicos. Mas o que normalmente caracterizou o relacionamento
entre as igrejas históricas foi um espírito de cooperação. Cada denominação possuía
certas características próprias que as outras criticava, mas a linguagem mais dura era
normalmente era reservada para grupos pentecostais e para organizações
consideradas não-cristãs, como as Testemunhas de Jeová e os Mórmons. O
documento 119 faz sérias críticas e acusações contra os pentecostais.

Obstáculos ao ecumenismo

A alta crítica bíblica, o “Evangelho Social” e a teoria do evolucionismo foram


os elementos principais na fermentação teológica que resultou na polarização entre
“fundamentalistas” e “modernistas”, cuja controvérsia se fez sentir fortemente nos
Estados Unidos, e essas controvérsias foram introduzidas no Brasil também. Neste
período o Seminário Presbiteriano de Campinas assumiu o papel de conservador da
ortodoxia presbiteriana brasileira e baluarte das “velhas doutrinas”. Portanto, qualquer
inovação teológica era vista com suspeitas, bem como qualquer organização ou
movimento acusado de “modernismo”, o que incluía o ecumenismo.
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Na década de 40, Carl Mclntire, líder da ala fundamentalista radical, criou o


Conselho Americano de Igrejas (1941) para combater o Conselho Federal de Igrejas
de Cristo na América; contra o Conselho Mundial de Igrejas (1948), organizou seu
Conselho Internacional de Igrejas Cristãs. Vindo ao Brasil em 1949, Mclntire atacou
severamente o Conselho Mundial de Igrejas. Embora Samuel Rizzo tivesse assistido
à Assembleia do Conselho Mundial de (1948) como representante da Igreja
Presbiteriana do Brasil, o Supremo Concilio negou qualquer filiação ao Conselho
Mundial. Pela postura conservadora da Igreja, e para evitar cisma, ela optou pela
“equidistância” entre o CMI e o CIIC.

Aliança Evangélica

Com o revigoramento do catolicismo no século XIX, estimulou a criação de


uma “frente unida” evangélica. A reunião constituinte da Aliança Evangélica em
Londres (1846) foi convocada para concentrar a força do protestantismo iluminado
contra as incursões do papismo e promover os interesses do cristianismo
escriturístico. Ao mesmo tempo, a Aliança representou um esforço para descobrir
um denominador comum doutrinário, na base do qual cristãos evangélicos poderiam
juntos promover seus interesses. A Aliança surgiu nos Estados Unidos em 1867, e a
grande maioria dos missionários americanos que vieram trabalhar no Brasil já
compartilhava do seu espírito. No Brasil, a reunião constituinte da Aliança teve lugar
em São Paulo, em 1903. A Aliança Evangélica Mundial foi organizada em 1923.

A Conferência Missionária Mundial de Edimburgo (1910) marcou o início


formal do movimento ecumênico. Mas a América Latina ficou excluída, exceto no
caso de missões a índios não-cristãos. Mas durante a própria conferência um grupo
decidiu que uma reunião nos moldes de Edimburgo devia ser realizada na América
Latina. Foi planejada então o Congresso do Panamá, em 1916. No Congresso
participaram principalmente latinos e missionários trabalhando no Continente.
Imediatamente apóso Congresso do Panamá, realizou-se uma série de Conferências
Regionais nas grandes cidades da América Latina. A do Rio de Janeiro ocorreu em
abril de 1916, naIgreja Presbiteriana, cujo pastor era o rev. Álvaro Reis.
Fruto do Congresso do Panamá, a Comissão Brasileira de Cooperação
iniciousuas atividades em 1920. Sob a liderança de Erasmo Braga, desde o início até a
morte em 1932, a Comissão veio a abranger dezenove entidades entre igrejas,
missões e organizações evangélicas cooperativas. Erasmo claramente desejava que
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a comissão se tornasse um conselho nacional de igrejas, tomando como modelo o


Conselho Federal de Igrejas de Cristo na América. A comissão não substituiu,
porém, a Aliança Evangélica que continuou a existir, embora desempenhando pouco
serviço. Erasmo Braga era o secretário-executivo de ambas.

Foi formada também a Federação de Igrejas Evangélicas do Brasil tornava


assim seu lugar ao lado de duas outras organizações cooperativas: o Conselho
Evangélico de Educação Religiosa no Brasil e a Comissão Brasileira de Cooperação.
Da fusão dos três surgiu uma entidade abrangente, a Confederação Evangélica do
Brasil. A Confederação foi também o principal elo de ligação entre o protestantismo
brasileiro e o Conselho Internacional de Missões. Em 1959 os luteranos também se
filiariam a Confederação Evangélica do Brasil.

Modus vivendi

Com a preocupação sobre a efetiva ocupação do Brasil pelas igrejas


evangélicas de forma a eliminar duplicação de esforços. Metodistas e presbiterianos
firmaram um acordo semelhante a “cortesia missionária” já em operação no México,
onde houvesse um trabalho de uma das igrejas na cidade, a outra não deveria encetar,
plano esse aprovado em 1900, mas nem sempre cumprido, gerando muitas vezes
atrito.

Conselho mundial de Igrejas

A semente ecumênica lançada em Edimburgo (1910) germinou e produziu


frutos na forma do Conselho Internacional de Missões e dos movimentos mundiais
Vida e Ação e Fé e Constituição. Em 1937, nas conferências mundiais de Vida e Ação
e Fé e Constituição determinaram o estabelecimento do Conselho Mundial de Igrejas
(CMI), mas só na sua primeira Assembleia em 1948, é que o CMI se constituiu
oficialmente. Até 1964 só as Igrejas Metodista (1942) e Luterana (1950) haviam se
filiado; em 1965 e 1968 aderiram respectivamente a Igreja Episcopal Brasileira.
Diversas denominações tradicionalmente ecumênicas em outras partes do mundo,
mostraram-se no Brasil indiferentes ou mesmo hostis ao Conselho Mundial de Igrejas.
MOTIVAÇÃO E MISSÃO

Vemos aqui como é que as igrejas protestantes definiram sua missão no


Brasil no período da República. Quais foram suas motivações? Quais eram as suas
pressuposições filosóficas e teológicas subjacentes, quer conscientes, quer não. O
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segundo passo é ilustrar alguns dos mais importantes tipos de trabalho, com ênfase
nos trabalhos não tão corriqueiros.

Por exemplo, o individualismo do norte-americano e da sua religião é lugar


comum. Esta característica origina-se na herança puritana, com uma ênfase na
apropriação pessoal da fé pela qual o indivíduo se tornava “cristão visível”. A
importância da experiência pessoal e individual da fé foi enfatizada ainda mais no
Grande Despertamento e no avivamento tão típicos da religião da fronteira americana.
Além disso, a religião norte-americana, na época da vinda dos missionários
protestantes para o Brasil, sofria forte influência da “Era Metodista”, com sua ênfase
no avivamento.

Ecos do Evangelho Social no Brasil

Esse individualismo tendia a reduzir o cristianismo à experiência pessoal da


fée à resultante vida piedosa. Muitos protestantes esperavam que a reforma geral da
nação resultasse da multiplicação das conversões e da aplicação dos saudáveis
princípios do protestantismo à vida do povo. Além disso, os missionários que vieram
para o Brasil tinham como meta a transformação total do país e não apenas a salvação
de almas individuais. Eles tinham a crença de que o progresso da nação viria com o
protestantismo, pois o protestantismo proporciona tanto escolas como a busca da
educação, moralidade elevada e democracia, resultando no progresso geral da nação.

É visível a grande preocupação social dos missionários e das


denominações. Preocupação com o bem-estar dos trabalhadores, crianças e dos
mais desfavorecidos. Um exemplo foi a fundação do “Instituto Central do Povo” na
cidade do Rio de Janeiro e outros foram fundados no Brasil com fins sociais. Eles
entendiamque a solução adequada para a questão social está no Evangelho.

Atitudes protestantes quanto à política

A maioria das igrejas protestantes, repudiavam a participação da Igreja na


política, mas posteriormente, com o direito do voto, os protestantes começaram a ver
o voto como arma para proteger interesses evangélicos. Já a Igreja Luterana discernia
melhor a natureza abrangente do poder político, bem como a necessidade do cristão
participar dele.
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ESTRATÉGIA E TIPOS DE TRABALHOS REALIZADOS

No “século das missões protestantes”, o Brasil teve muitas missões investindo


no país. E as missões usaram estratégias diferentes para evangelizar. Enquanto
notadamente as presbiterianas e a metodistas, concentraram seus esforços no interior
enquanto os batistas e os da Assembleia de Deus concentraram seus esforços nos
grandes centros urbanos. Além da pregação, realizações de cultos as igrejas
protestantes enfatizaram a distribuição da Bíblia, desempenharam obras sociais,
fizeram algum esforço para alcançar os índios e outros grupos étnicos.

A obra social de Hugh Clarence Tucker

Um exemplo de dedicação a obras sociais foi o Dr. Hugh Clarence Tucker


(1857-1956), missionário metodista. Ele serviu de intermediário entre o Dr. Osvaldo
Cruz e o Dr. Walter Reed e outros nos Estados Unidos durante a campanha de
saneamento que livrou o Rio de Janeiro do flagelo da febre amarela (1903-1908).
Foi a mola propulsora na fundação do Hospital dos Estrangeiros e, depois, do
Hospital Evangélico, no Rio de Janeiro, e do Instituto Central do Povo (1906), o
primeiro centrosocial a ser organizado no Brasil.

Missões entre índios

Enviado ao Brasil em 1556 pelo próprio João Calvino, o ministro calvinista


Pierre Richer se preocupou com a evangelização os indígenas, posteriormente
quando os holandeses ocuparam o Nordeste do Brasil também se preocuparam em
evangelizá-los. Já no período moderno, missões como a Missão Caiuá focaram na
evangelização dos índios. Mas o conjunto das missões protestantes representa
apenas uma pequena parcela da obra total de catequese dos índios, tendo cabido aos
católicos romanos uma parcela muito maior.

Trabalho da mocidade

O trabalho com a mocidade presbiteriana com o passar dos anos deve um


grande crescimento, mas entrou em atrito com a posição teológica conservadora da
Igreja e seus ministros, enquanto ela influenciada por pessoas mais abertas como M.
Richard Shaull. A mocidade chegou a entrar em choque com a liderança da Igreja
gerando calorosos debates. Então, o Supremo Concilio em 1962, reestruturou o
Departamento de Mocidade de tal forma que ela perdeu sua autonomia, ficando
sujeita ao firme controle da Igreja.
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PROBLEMAS E FRUSTRAÇÕES

A política de nacionalização do Estado Novo e o início da Segunda Guerra


Mundial levaram o governo brasileiro a exigir que toda a pregação pública fosse feita
no idioma pátrio, o que dificultou bastante o trabalho dos ministros luteranos,
acostumados a pregar em alemão. Ao mesmo tempo, o uso forçado do português nas
prédicas provou ser um passo importante na nacionalização do luteranismo no Brasil.

O esfriamento do fervor religioso depois de um tempo do estabelecimento da


obra missionário no Brasil foi algo que frustrou os missionários, pois como diz o
documento 154, com o passar do tempo eles tornaram-se apáticos e mundanos,
perdendo o entusiasmo pela causa e desviaram a sua atenção e energia para outras
coisas.

AS REUNIÕES DE ESTUDO PROMOVIDAS PELO SETOR DE


RESPONSABILIDADE SOCIAL DA IGREJA

Eram poucas igrejas brasileiras pertenciam ao Conselho Mundial de Igrejas


quando ocorreu a sua Segunda Assembleia em 1954, mas repercutiram aqui as suas
conclusões sobre a responsabilidade social dos cristãos frente às estruturas do
mundo. A Confederação Evangélica do Brasil criou, em 1955, a Comissão de Igreja e
Sociedade, que promoveu no mês de novembro do mesmo ano, a I Reunião de
Estudos sobre a responsabilidade social da Igreja. Participaram desse encontro
realizado na cidade de São Paulo, vários pastores e leigos, representando doze
igrejas. Depois ocorreram vários Reuniões, 1957, 1960, mas a IV reunião, a mais
importante de todas, que abordou o tema “Cristo e o processo revolucionário
brasileiro” em 1962. Participaram 167 delegados de dezesseis estados brasileiros,
representando quatorze denominações. A Conferência causou, sem dúvida alguma,
grande impacto. Todas essas conferências focavam sobre a responsabilidade social
da Igreja.
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CONCLUSÃO

É nos apontado neste capítulo questões relevantes para o entendimento de


como as denominações chegaram até o momento atual em terras brasileiras. A
história mostra os caminhos que levaram a unidade, ecumenismo, divisões e
formatação do modus vivendi das denominações no país.
A leitura dessa obra é extremamente importante para a disciplina, pois
proporciona o conhecimento de todo o processo de amadurecimento do protestan-
tismo no Brasil, bem como do quanto foi favorável às igrejas evangélicas a
proclamação da República, que permitiu a liberdade de culto aos não católicos. O
protestantismo brasileiro foi muito influenciado pelo americano, pois a maioria das
igrejas aquifundadas tiveram suas origens por meio das missões norte-americanas.
Ao verificarmos a história eclesiástica, incluindo a história do protestantismo
no Brasil, percebemos que a história que estamos conhecendo através deste livro e
dos documentos históricos aqui disponibilizados, é a história dos feitos do Espírito
Santo, mas também é a história desses atos entre pessoas pecadoras como nós. E
temos o exemplo disso de forma clara ao lermos o Novo Testamento, onde os
apóstolos são apresentados, ao mesmo tempo, como pessoas de fé e pecadores
miseráveis, e é através desses pecadores e dessa igreja que Deus faz o seu Reino
prosperar e avançar sobre toda a Terra, e devemos louvar a Deus e sermos
imensamente gratos ao Senhor pela vida desses servos do Senhor que dedicaram
a sua vida para evangelizar o nosso país.

Notamos que o Brasil foi grandemente privilegiado no período conhecido


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como “século das missões protestantes”, várias missões de inúmeras


denominações como presbiteriana, metodista, batista, anglicana voltaram os seus
olhos para o Brasile procuraram levar o evangelho a este povo tão carente das boas
novas. Alguns abraçaram com mais entusiasmo a importância de se envolver na
sociedade como agentes de transformação social, através de programas
educacionais e assistenciais, outros já viam tais iniciativas comcautela.

Outro fato interessante que a história apresenta, é como as Igrejas lidavam


com a política naquele tempo, algumas denominações buscando manter distância,
enquanto outras, levantava a bandeira de um envolvimento maior da Igreja,
inclusive usando o poder do voto, para influenciar politicamente. O resultado
trágico de séculos envidando esforços nessa última opção, estão à mostra no
presente.

Com relação ao ecumenismo, é feito um destaque ao fato de que os brasi-


leiros herdaram sua divisão denominacional dos americanos e, por mais que hou-
vesse tentativas de unificar as igrejas, as divergências teológicas entre elas
tornavamesse projeto impossível de ser concretizado.

Ao questionar a motivação e missão da igreja, o autor expressamente afir-


mou que não abordaria a pregação, o que para o autor deste trabalho é o aspecto
mais importante da vida da Igreja. Sua ênfase foi colocada no progressismo tão
influ- ente em outras nações, destacando o equívoco dos cristãos em se absterem
da vida política da nação.

Concluindo a obra, o autor destacou as várias frentes de trabalho em que a


igreja atuou e também destacou alguns problemas e frustrações . Sendo que o
capítulo 2 do livro, apresenta o progresso do Evangelho por meio das diversas
denominações espalhadas pelo Brasil. Apesar de todas as dificuldades, disputas e
problemas, o Reino de Deus avança no país, por meio das Igrejas, que, algumas
com menos outras com mais pureza, se esforçam para fazer Cristo conhecido, o que
é demonstrado pelos documentos contidos nessa obra.

Esse livro é muito valioso, e recomendo a leitura dele para todos que
desejam aprofundar na história do protestantismo no Brasil, onde terá acesso a
documentos que nos revelam grandes informações para melhor compreensão do
desenvolvimento do protestantismo em solo brasileiro.

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