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1. Os batistas.

1.1. Quem são os batistas?

Geralmente os livros de história dos batistas mencionam três teorias da origem desse grupo
a saber;(1) Secessionistas ou "JJJ", que coloca o seu início nos dias que antecederam o
período Apostólico, pelo que surgiu a designação Jerusalém, Jordão, João;(2) Relação
espiritual com os anabatistas, afirmando que os batistas são uma continuidade dos
anabatistas que por sua vez existiram desde a idade média;(3) proveniência dos
separatistas ingleses, ou seja, os batistas vieram dos separatistas ingleses que dissentiram
da reforma anglicana. Faltam comprovações históricas das duas primeiras alternativas.

A chamada teoria JJJ foi rejeitada pelos primeiros batistas, mas se tornou popular nos
Estados Unidos no século XIX, com o movimento denominado landmarkista. O movimento,
originado na década de 1850. Com James Robinson Graves (1820 — 1893), de Tenessee,
e, James Madison Pendleton (1822 — 1889), de Kentucky, afirmava que só os batistas
eram cristãos, pelo que era indesejável o relacionamento ou atividades com outros grupos,
mesmo evangélicos assim os adeptos dessa teoria se opunham a "imersão alheia", ou seja,
o batismo ministrado por um não batista eles rejeitavam também a troca de púlpito,
impedindo que pastores não-batistas pregassem em uma das suas igrejas, por não
considerarem que eles fossem verdadeiros ministros do evangelho, eram ultra restritos na
ministração da ceia, não aceitando a participação de outras pessoas evangélicas, e mesmo
de igrejas batistas, por considerarem que a ordenança era para a igreja local.

Essa posição partiam no ponto de que o marco inicial dos batistas está no primeiro século
de nossa era, pelo que há uma sucessão deles desde o início da história do cristianismo. A
ideia foi popularizada por um livro escrito por J.M. Carrol (1858 — 1931), traduzido para o
português com o nome "Rastro de sangue". Os primeiros missionários batistas
norte-americanos que vieram para o Brasil estavam impregnados dessa "teoria",
espalhando-a entre os novos crentes, como se fosse um argumento indiscutível de
autenticidade cristã e veracidade dos seus princípios.

A segunda teoria afirma uma continuidade dos grupos anabatistas nos batistas de hoje.
Ora, o nome "anabatistas" existe desde o terceiro século, quando cipriano (? — 158)
defendeu o chamado "batismo dos hereges" em sua polêmica com o bispo Estevam I, de
roma. Muitos dos grupos evangélicos dissidentes de roma, na idade média, foram
chamados de anabatistas, e o termo se tornou epíteto de reprovação para eles, por serem
considerados "foras da lei" e "hereges"; no segundo século XVI, os radicais da reforma
protestante também receberam esse nome, a partir de Zurique, quando discordaram de
Zwinglio e do Conselho Municipal, ao rejeitarem o batismo infantil.

Alguns anabatistas, como Baltasar Hubmaier (1480? — 1528), defenderam princípios que
em nada diferem dos que os batistas sempre assumiram contudo o movimento Quiliasta ou
Milenarista, que teve o seu ápice em Muenster na década de 1530, resultou no extermínio
de seus líderes, a ponto do nome passar identificado com fanatismo e violência. Conforme
referido anteriormente, Menno Simões renunciou a sua ligação com a igreja Romana e foi
batizado por um anabatista. Ele não aceitou as posições fanáticas dos milenaristas
reservando a tradição dos radicais bíblicos até os dias presentes. Quandos os batistas
surgiram no século XVII, fizeram questão de afirmar que não eram identificados com os
menonitas, ou seja, não eram anabatistas, mas batistas, afirmando que não batizavam de
novo mas ministravam o verdadeiro batismo, assim eles apresentavam a diferença entre o
nome anabatista (o que batiza de novo) e o batista (o que batiza).

Com explicações acima, será apresentada agora o que alguns chamam de teoria da
providência dos separatistas ingleses, que é a terceira teoria, sendo essa a versão histórica
da origem dos batistas. Já se falou acima sobre os puritanos e dentre eles, aqueles que se
separaram da igreja oficial, desistindo de tentar uma reforma da igreja anglicana deve ser
lembrado que os puritanos e principalmente os dissidentes foram fortemente perseguidos
no período final do período de Elizabete e no governo de Tiago I (1603 — 1625), que iniciou
a dinastia Stuart em 1603, e de seu filho carlos I (1625 — 1649) foi nesse momento difícil
que algumas igrejas se deslocaram para a Holanda, onde havia relativa liberdade religiosa.
O início dos batistas se deu com congregações.

1.2A igreja separatista de João Smith

(1570 — 1612), que tinha formação teológica Cambridge, foi pastor anglicano entre 1600 e
1603, tornando-se então puritano e, mais tarde, em 1606, separatista, quando todos da
congregação que ele pastoreava assinaram um convênio, comprometendo-se a andar nos
caminhos do senhor, assim como fazê-los conhecidos por outro.
Essa norma era comum entre os separatistas ou independentes.

1.3 O novo começo.

O fato de Smyth ser profundo estudioso das línguas originais da Bíblia fê-lo concluir que o
batismo infantil não era escriturístico. Então chegou a lógica inferência, de que o batismo
que ele e sua congregação havia recebido nas igrejas paroquiais da Inglaterra não tinha
valor. Ele conseguiu convencer os membros da congregação a começar tudo de novo, pelo
que ele e Helwys dissolveram o grupo e começaram uma nova igreja pelo batismo. Para
isso, Smyth batizou a si mesmo e depois a Helwys, e os dois batizaram os demais
componentes da igreja, mediante profissão de fé. Isso ocorreu em 1609.

Por batizar a si mesmo, alguns afirmam que João Smyth praticou o "sebatismo" este fora
duramente criticado pelo seus adversários, levando-o a voltar atrás, pedindo filiação aos
menonitas. Esta filiação não lhe foi concedida um grupo menor da igreja de Smyth,
constituído de 10 a 12 pessoas, permaneceu batista, sob a liderança de Tomás Helwys, que
se tornou pastor.

1.4 Os batistas na Inglaterra.

Alguns fatores marcaram os batistas na Inglaterra, terminando por contribuir para que sua
presença fosse considerada importante nos acontecimentos de origem secular e religiosa
da vida inglesa. Nos momentos de maiores perseguições notavel crescimento tanto dos
batistas gerais como dos particulares. Em dado momento, logo apis o decreto que concedia
tolerância religiosa na Inglaterra, houve outros fatores, que podem ser considerados
negativos, partindo de fora ou de dentro dos próprios grupos, resultando em estagnação ou
mesmo a diminuição do crescimento dos batistas. Contudo, com o surgimento de novos
líderes e novos conceitos levou as igrejas a se espalharem na Inglaterra, estendeu-se para
outros paises do mundo através do avivamento missionário, que iniciou na última década do
século XVIII.

O primeiro ítem que contribuiu para que os batistas se firmassem na Inglaterra, sem que
dissolvessem em diferentes grupos religiosos, foi o trabalho cooperativo, através do qual
cada congregação continuava independente, mas não isoladas. As primeiras organizações
foram chamadas associações. As igrejas em Gales, Escócia e Inglaterra se organizaram
para troca de correspondência e comunhão.

1.4 Os Batistas nos Estados Unidos

Os batistas chegaram nos Estados Unidos, certamente em virtude do anseio por liberdade
religiosa. Que não existia nos países Britânicos. O historiador Robert G. Torbet afirma que
"a maioria dos batistas do novo mundo vieram das ilhas britânicas, sendo ingleses, galeses,
escoceses e irlandeses". De início de eles se fixaram em nova Inglaterra, mas logo depois
se espalharam por todo o país. De qualquer forma, "Os mais corajosos expoentes do
testemunho batista embarcaram para a América para se livrar das restrições que existiam
sobre a prática e fé religiosa no velho mundo." Ao chegarem na nova Inglaterra eles
encontram os anglicanos e congregacionais. A impressão era que seriam bem recebidos
pelos puritanos que tinham sido perseguidos na Europa mas isso não aconteceu, resultando
na difícil mas virtuosa, luta em favor da liberdade religiosa no mundo. Robert A. Baker
comenta:
“Os batistas americanos nasceram no fogo da perseguição, foram disciplinados e se
integraram no fogo do avivamento, compartilharam com os outros o fogo do patriotismo que
os conduziu à liberdade política e foram moldados de novo pelo fogo das missões.”
"Robert, a history of the baptists, p.201.
Bake, los batistas en la historia, p.67"

1.5 Os Batistas no Brasil

Da mesma forma que há equívocos sobre o início dos batistas no mundo, também há
controvérsias sobre o momento inicial dos batistas no Brasil, principalmente no que se
refere a fundação e importância da primeira igreja batista em território brasileiro. Este
assunto foi levado por José dos Reis Pereira (1916 — 1991) a assembleia da convenção
batista brasileira realizada em Fortaleza, em 1968, conforme ele mesmo declara no seu livro
sobre os batistas no Brasil: “o autor deste livro, acompanhado de mas alguns irmãos,
apresentou a proposta a convenção batista brasileira. Assim, a assembleia aprovou
unanimemente a sugestão de que se considerasse oficialmente como data do início da obra
batista brasileira, no dia 15 de outubro de 1882, quando foi organizada a igreja batista da
Bahia, que passou mais tarde a ser chamada "primeira igreja batista do Brasil". A posição
foi afirmada também por unanimidade, na assembleia de 1969, em Niterói. Foi essa decisão
que levou os batistas a comemorarem em 1982, em Salvador, os 100 anos dos batistas no
Brasil. O assunto voltou à baila no final do século XX, mas só em 2003 em Vitória, foi
nomeado um grupo de trabalho para estudar a questão e apresentar um relatório à CBB. O
resultado foi discutido na assembleia em 2004, em Belo Horizonte, ficando sobre a mesa
para maiores esclarecimentos através dos órgãos de comunicação da denominação batista.
Contudo, só retornou em janeiro de 2009, à 89ª assembleia da CBB, em Brasília.
Finalmente, a discussão chegou a um termo, quando em Brasília foi deliberado considerar
com marco inicial dos batistas a fundação da igreja batista em Santa Bárbara, São Paulo
em 10 de setembro de 1871

1.6 os protestantes no Brasil.

Já havia alguns grupos evangélicos no Brasil antes dos batistas, mas estes tiveram suas
próprias com identidade marcante e a convicção de que o evangelho deve ser pregado com
ousadia e com fundamento na palavra de Deus. A primeira tentativa de penetração do
protestantismo no Brasil ocorreu ainda no século XVI, com a invasão Francesa, quando
Nicolau Durand de Villegagnon (1510 — 1671) invadiu a colônia em 1555, com intuito de
fundar na costa brasileira um estabelecimento colonial chamada frança antártica.

No século seguinte houve a segunda tentativa, também com calvinistas, através da


invasão holandesa. Os invasores holandeses vieram sob a proteção do príncipe Maurício de
Nassau (1604 — 1979), a partir de 1637. Vários protestantes em Salvador, Olinda e Recife
os quais com a expulsão dos holandeses, em 1654, tornaram os templos católicos romanos.

Conforme Antônio Gouvêa Mendonça, o início do protestantismo no Brasil está dividido


em duas etapas a saber, protestantismo de imigração e o protestantismo de missão (o
protestantismo de missões)

O protestantismo de imigração tem como seus representantes os anglicanos, os luteranos


e os metodistas. Logo a seguir vieram também os imigrantes alemães representados pelos
luteranos e metodistas que chegaram com mais ousadia que os grupos anteriores, a partir
de 1853, e trabalharam com o objetivo de espalhar a bíblia sagrada entre o povo brasileiro.

O protestantismo de missão iniciou com os congregacionais, através do médico escocês


Roberto Reid Kalley (1809 — 1888). (O trabalho Presbiteriano) a partir de 1855. Mais tarde,
em 1859, vieram os Presbiterianos, com Ashbel Green Simonton (1833 — 1867). O trabalho
Presbiteriano se expandiu, principalmente em São Paulo, após a conversão do ex-padre
José Manoel da Conceição (1828 — 1873). Quando aos metodistas, após a frustrada
tentativa de se estabelecerem no Brasil na década de 1830, conseguiram aqui se firmar
com o trabalho missionário, a partir de 1886. is próximos a chegar ao Brasil foram os
batistas, em três momentos entre 1860 e 1881, conforme explicado no item a seguir.
Enquanto isso o trabalho missionário da igreja episcopal só foi iniciado em 1989, no Rio
Grande do Sul, expandindo-se mais tarde para o Rio de Janeiro, São Paulo e Santa
Catarina.

1.7 Os primeiros Batistas no Brasil

O sonho dos batistas do Sul dos Estados Unidos mandarem missionários para o Brasil
existiu desde 1850. Depois de várias considerações, a junta de Richmond apresentou em
1852 as razões porque era possível e urgente iniciar trabalho missionário no Brasil.

No ano seguinte o sonho foi concretizado, com a nomeação e o envio do primeiro casa de
missionários batistas ao Brasil, Thomas Jeferson Bowen (1814 — 1875) e Lauren Henrietta
Davis Bowen (1832 — 1907). Ele tinha sido missionário em Youruba, África. Mas por motivo
de saúde não pode para ali regressar, pelo que foi despertado para trabalhar no Brasil. Na
esperança de preparar pregadores de "cor negra", conforme ele mesmo afirmouem carta
escrita para a junta de Richmond, em 11 de janeiro de 1859. Mais tarde, em 09 de
novembro do mesmo ano, a junta recomendou a sua ida para o Brasil, inclusive com a
curiosa observação de que no Rio de Janeiro o clima era ameno.

A revista missionária THE COMISSION, de abril de 1689, noticia a partida de Thomas


Jeferson Bowen e Esposa, ocorrida em 30 de março em 1860, dizendo:
Seus corações estão na África e eles teriam muito preferido voltar para aquele campo. O
grande equivoco foi julgar que um missionário poderia trabalhar em um campo com o
coração em outro. A chegada de T.J. Bowen, sua esposa e filha no Brasil foi no dia 21 de
maio de 1860, retornando para os Estados Unidos em 09 de fevereiro de 1861.

Dez anos após o retorno de Bowen, organizou-se a primeira igreja Batista no Brasil, no
dia 10 de setembro de 1871, com 23 membros, na cidade de Santa Bárbara, Estado de São
Paulo. Esta era uma igreja formada por colonos norte-americanos que após a guerra da
sucessão (1861— 1865), estabeleceram várias colônias no Brasil. Antes dos batistas, os
Presbiterianos e os metodistas já tinham organizado igrejas em Santa Bárbara. Quando a
igreja batista foi organizada, ela declarou que seu propósito era evangelizar os brasileiros.
Assim, no dia 12 de outubro de 1872, voltou a pedir a junta de Richmond, no tocante ao
envio de missionários ao envio de missionários para o Brasil. O primeiro pastor da igreja,
Ricardo Ratcliff (1831 — 1972 ), que retornou para os Estados Unidos em 1878, escreveu
uma carta publicada na revista da junta de Richmond em fevereiro de 1879, onde mostra a
importância do trabalho missionário.

Em 02 de novembro de 1879, foi organizada outra igreja em Santa Bárbara, com 12


membros, constituída de colonos norte-americanos, que foi chamada Igreja Batista da
estação. Nesse mesmo ano, o pastor Elias Norton Quilin (1823 — 1886), segundo pastor da
primeira igreja em Santa Bárbara, escreveu uma carta à junta de Richmond, na qual
afirmava o desejo de se tornar missionário com sustento próprio. A solicitação foi atendida.

Em 20 de junho de 1880, o primeiro Batista Brasileiro, o ex-padre Antônio Teixeira de


Albuquerque, (1840 — 1887), foi batizado em Santa Bárbara, na igreja da estação. No
mesmo dia, ele recebeu a imposição de mãos para o ministério pastoral, tornando-se o
primeiro pastor brasileiro.

Em 1882, Zacarias Clay Taylor (1851 — 1919), e Kate Crawford Taylor (1802 — 1894)
vieram para o Brasil com os Bagby e Teixeira de Albuquerque, os dois se dirigiram para a
Bahia a fim de organizarem, a 15 de outubro de 1882, a primeira igreja do Brasil, mais tarde
conhecida como a primeira igreja batista do Brasil, que na realidade, foi a terceira no país.
Logo o trabalho se firmou na Bahia, W.B. Bagby resolveu se dirigir para outra cidade,
deixando o trabalho ali sob a responsabilidade de Zacarias Taylor. Isso aconteceu em 1884,
quando o casal Bagby foi para o Rio de Janeiro, organizando ali, em 24 de agosto daquele
mesmo ano, a primeira igreja batista do Rio de Janeiro, com quatro membros. Com o apoio
de Taylor e o deslocamento de Teixeira de Albuquerque para Alagoas, foi organizada em 17
de maio de 1886, com 10 membros, a primeira igreja batista de Maceió. Ainda com o
trabalho de Zacarias Taylor, foi iniciada em Recife, com seis membros, a primeira igreja
batista do Recife, em 04 de abril de 1886. Como visto, estas são as primeiras igrejas
batistas organizadas no Brasil, quando foram acrescentadas as duas primeiras em Santa
Bárbara, três outras no nordeste e mais uma no sudeste.

Entretanto, em 1900 já havia igrejas batistas em 10 capitais, a saber: Salvador, Rio de


Janeiro, Maceió, Recife, Niterói, Belém, Natal, Belo Horizonte, São Paulo, e Manaus.

Em 27 de dezembro de 1924 foi organizada a primeira igreja batista do Ceará em


Fortaleza. Por motivos desconhecidos esta igreja deixou de existir. A atual primeira igreja de
Fortaleza foi organizada em 10 de abril de 1930.

pibfortaleza.org.br

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