Ainda dentro da temática da Identidade Confessional e
denominacional o presbiterianismo tem uma rica história ainda a ser explorada As origens históricas, teológicas e denominacionais oferecem o real contorno de nossa identidade. Muitas vezes quando questionados [os presbiterianos] por outras pessoas quanto as suas convicções e práticas, sentem-se frustrados com a sua incapacidade de expor de modo coerente e convincente as suas posições. (MATOS; NASCIMENTO, 2007, p.9) I – PRESBITERIANOS QUEM SOMOS?
De acordo com o nosso Manual Presbiteriano (Constituição da
Igreja Presbiteriana do Brasil): A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) é uma federação de Igrejas Locais que “tem em comum uma história, uma forma de governo, uma teologia, bem como um padrão de culto e de vida comunitária”.(MATOS; NASCIMENTO, 2007, p.9) II – DE ONDE VIEMOS?
• Os presbiterianos tem uma origem bem antiga
• A Igreja Presbiteriana pertence à tradição reformada. Ou seja, sua origem está vinculada a chamada Reforma Protestante. 1.2 – O Presbiterianismo Internacional.
• Vamos começar estudando a ideia do Presbiterianismo no mundo
afora. • Claro que devemos considerar primeiramente nas páginas das Escrituras: • Aprendemos na Palavra de Deus que o sistema de governo por meio de presbíteros começa desde os tempos do Antigo Testamento. Presbiterianismo e a Escritura.
• Quando Moisés é chamado para libertar ao povo, então, ele já
encontra na comunidade de Israel os presbíteros como dirigentes do povo: Êxodo 3.16: “Vai, ajunta os anciãos [PRESBÍTEROS] de Israel e dize-lhes: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me apareceu, dizendo: Em verdade vos tenho visitado e visto o que vos tem sido feito no Egito”. Presbiterianismo no NT
No Novo Testamento Cristo também ao aparecer no cenário se
depara também com a realidade dos presbíteros. Notemos em textos como: “Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos [πρεσβυτέρων - presbytérôn]? Pois não lavam as mãos, quando comem”. (Mateus 15.2 ARA) outro texto que lemos no evangelho é o seguinte: “pois os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos [πρεσβυτέρων - presbytérôn], não comem sem lavar cuidadosamente as mãos;” (Mar 7:3 ARA) • O relato de Atos dos Apóstolos apresenta-nos a existência de igrejas governadas por presbíteros (Atos 14.23; 20.17);
• Paulo escreve mostrando que governo da Igreja é marcado pela
regência dos presbíteros (1 Timóteo 3.1-11; 5.17; Tito 1.1-5). a) João Calvino e os primórdios reformados do presbiterianismo • Na chamada Reforma Protestante o sistema presbiteriano começa a ser desenvolvido, primeiramente, pelo maior mentor da Reforma João Calvino. • “João Calvino foi o reformador que deu atenção à questão da forma de governo mais do que qualquer outro”(LEITH, 1996, p.253) Calvino e as Ordenanças Eclesiásticas
Calvino sumariza os quatros ofícios na Igreja:
1- Pastor: Responsável pela pregação e administração dos Sacramentos (Batismo e Santa Ceia) 2 – Doutor: Responsável pelo ensino teológico na Igreja e no seminário 3 – Presbítero: É responsável para auxiliar o ministro da palavra, na exortação, aconselhamento e disciplina, juntamente com o Pastor da igreja. 4 – Os Diáconos: Que deveria se envolver com as questões de misericórdia. Notemos que o governo “ficava principalmente nas mãos do Consistório [ uma espécie de conselho], que era formado por cinco pastores e doze leigos que recebiam o nome de ‘anciãos’ [Presbíteros]” (GOZÁLEZ, 2011, p.68).
Em outras palavras Calvino restaurara o governo
presbiteriano para a igreja local. b) John Knox – Pai do Presbiterianismo.
• O segundo personagem que merece destaque entre os presbiterianos é
o escocês John Knox. • Knox foi discípulo de Calvino quando durante o seu exílio em Genebra • Ele refurgiou-se naquela cidade e motivado por Calvino assumiu o pastorado de uma igreja de refugiados ingleses. (BOND, 2011, p.33) • ali ele encontrou o governo e a disciplina presbiteriana das igrejas. (LUCAS, 2012, p.159). • No desenvolvimento da eclesiologia definiu-se que em cada igreja, elegiam-se presbíteros, e também o ministro, mesmo que este não pudesse ser empossado antes de ser examinado pelos demais ministros. O livro de disciplina da igreja, o Livro de Ordem comum e a Confissão Escocesa foram os pilares pelos quais Knox construiu sua nova igreja. (GOZÁLEZ, , 2011, p.82-83. ) 1.2 – O Presbiterianismo Nacional – Um Esboço Histórico • Tentativas de implantação do presbiterianismo/ Calvinismo no Brasil. reformados franceses desejosos por liberdade religiosa procuravam terras onde pudesse ter liberdade de cultuar a Deus a verdadeira fé evangélica. • a Baía de Guanabara foi um alvo escolhido para a implantação deste sonho. • o próprio Calvino enviou ao Brasil cinco pastores calvinistas para o sucesso desta empreitada. • No ano de 1555 os presbiterianos (reformados) haviam chegado na Baía de Guanabara e procuram logo estabelecer uma colônia reformada. • Com o passar dos anos os reformados foram hostilizados, presos e torturados por professar a fé reformada, em um tempo de 12 horas eles deveriam formular o que creiam; eles o assim fizeram foi confeccionada a primeira Confissão de fé das Américas – a Confissão de Guanabara, escrita em Latim focalizando nos pontos fundamentais da fé reformada; após, a redigirem foram matirizados. • Após dez anos João Bolés , conhecido como Jacques le Balleur. – o quinto calvinista – que havia fugido foi encontrado pelo Padre Anchieta e executado pelo mesmo. (POMBO, 1963, p.514). • E Mem de Sá e Estácio de Sá conquistaram o forte Coligny, e assim, o calvinismo [presbiterianismo] foi sufocado no Brasil. B) A Holanda Presbiteriana no Nordeste. [1630-1654]
• A segunda tentativa, igualmente frustrada, de se estabelecer o
presbiterianismo em solo brasileiro foi em Pernambuco; • A invasão holandesa trouxe o calvinismo da Holanda para o Brasil sob a liderança do Conde Mauricio de Nassau. • Neste processo se instalou Igrejas Reformadas [Presbiterianas] por todo o Nordeste, deu-se liberdade de Culto aos Judeus, católicos e índios • se fez a tradução do catecismo de Hidelberg para a língua Tupi. • organizou-se igrejas, conselho e consistório chegando até haver um sínodo. • muitos não estavam desejosos de ter uma nação protestante, então surgiu revoltas tais como a Batalha dos Guararapes onde os holandeses foram expulsos • desta forma mais uma vez a presença calvinista foi ofuscada e apagada do solo brasileiro. C) O Estabelecimento do Presbiterianismo Brasileiro • “Implantação da obra presbiteriana no Brasil resultou dos esforços de Igrejas norte-americanas, que ao longo de muitas décadas fizeram um enorme investimento de pessoal e recursos em muitos pontos do território brasileiro”(MATOS, 2004, p.13) C) O Estabelecimento do Presbiterianismo Brasileiro • A Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos, em Maio de 1859, aprovou a nomeação de Ashebel Green Simonton, de 26 anos, ‘para explorar o território verificar os meios de atingir com sucesso a mente dos naturais da terra, e testar até que ponto a legislação favorável à tolerância será mantida’. Se Simonton fizesse um relatório favorável , a missão seria ampliada pela Sociedade. Em 12 de agosto do mesmo ano, Simonton desembarcou no Rio de Janeiro. Seu cunhado Alexander L.Blackford chegou quase um ano depois e Francis J. C. Schneider no final de 1861 Implantação do Presbiterianismo • 1 - A base para a implantação do presbiterianismo no Brasil, resultou do pioneirismo e desprendimento do Rev. Ashbel Green Simonton. • 2 – Foi alcançado por um reavivamento em 1855, que resultou em sua pública profissão de fé e ingresso no Seminário de Princeton. • 3 – O despertamento pela obra missionária no exterior, aconteceu após um sermão do conhecido teólogo Charles Hodge. • 4 – Dois meses após sua ordenação, embarcou para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro no dia 12/08/1859, com 26 anos de idade. • 5 – Em 22/04/1860, Simonton dirigiu o primeiro culto em português. • 6 – A organização da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, ocorreu em 12/01/1862, quando Simonton recebeu os primeiros membros. • 7 – Casou-se com Helen Murdoch Simonton, com quem teve uma filha que recebeu o nome da mãe. • 8 – Faleceu em 1867, com 34 anos, quando já estava viúvo a 3 anos. •9 – Simonton foi um dos pioneiros, um estadista, um diplomata e um visionário na vida da recém-criada denominação reformada e calvinista no Brasil Império em 1859. •10 – Como historiador o Rev. Júlio Andrade Ferreira registrou sobre Simonton: “...homem de Deus e pioneiro da fé.” Ministério de Simonton – 1859-1867
•1 - Aprendeu a falar e a escrever
em português. •2 - Recebeu 80 pessoas por Pública Profissão de Fé e Batismo. •3 - Organizou a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, a primeira no Brasil. • 4 Organizou a primeira escola confessional. • 5 – Fundou o primeiro Jornal Evangélico no Brasil, a Imprensa Evangélica. • 6 – Organizou o Presbitério do Rio de Janeiro, em 16/12/1865. • 7 – Fundou o primeiro Seminário Teológico do Brasil. • 8 - Escreveu vários sermões, artigos, folhetos e parte de um comentário do Evangelho de Mateus. Conversão e expansão 1 – O Rev. José Manoel da Conceição, um ex-sacerdote tornou-se o primeiro ministro do evangelho ordenado. 2 – Outras igrejas foram organizadas em São Paulo, Brotas, Rio Claro, Lorena, Borda da Mata (Pouso Alegre) e Sorocaba. 3 – De forma incansável visitou dezenas de vilas e cidades no interior de São Paulo, Vale do Paraíba e sul de Minas, pregando o evangelho da graça. Principais colaboradores
• 1 – Rev. Alexander L. Blackford, cunhado do Rev. Ashbel Green
Simonton. • 2 – Rev. Francis J. C. Schneider, trabalhou entre os imigrantes alemães. • 3 – Rev. George W. Chamberlain, grande evangelista. • 4 – Alunos do Seminário Primitivo – Antônio Bandeira Trajano, Miguel Gonçalves Torres, Modesto Perestrello Barros de Carvalhosa e Antônio Pedro de Cerqueira Leite. 6. Desafio • “Quem me dera um coração totalmente de Cristo.” Muito Obrigado!
Fim
adcezar0@gmail.com REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• BOND, Douglas. A Poderosa Fraqueza de John Knox.Tradução:
Elizabeth Gomes. São Paulo: Editora Fiel, 2011, p.33 • CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos – Uma História da Igreja Cristã. Tradução: Israel Belo de Azevedo; Valdemar Kroker. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008, p.415. • GOZÁLEZ, Justus L. História Ilustrada do Cristianismo – A Era dos Reformadores até a Era Inconclusa. Volume 2, Tradução: Itamir Neves de Souza. São Paulo: Edições Vida Nova, 2011, p.68. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• LEITH, John. H. A Tradição Reformada – Uma Maneira de ser a
Comunidade Cristã. Tradução: Eduardo Galasso Faria e Gerson Correia de Lacerda. São Paulo: Pendão Real, 1996, p253. • LLOYD-JONES, David Martyn. Os Puritanos e Seus Sucerros. Tradutor: Odayr Olivetti, São Paulo: PES, p.282. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• LUCAS, Sean Michael. O Cristão Presbiteriano – Convicções, práticas e
Histórias. Tradução: Elizabeth Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p.159. • MACEDO, Dr. Joaquim Manoel de. Lições de História do Brazil - Para uso de escolas de Instrução primária, Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1922, p.92. • MATOS, Alderi de Souza. Os Pioneiros – Presbiterianos do Brasil (1859-1900). São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p.13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• MATOS, Alderi de Souza; NASCIMENTO, Adão Carlos. O que Todo
Presbiteriano Inteligente deve Saber, São Paulo: Socep, 2007, p.9. • ROCHA POMBO, José Francisco. História do Brasil. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1963, p.514