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OS PAIS DA IGREJA & AGOSTINHO

Rev. Maely Ferreira Vilela


OS PAIS DA IGREJA:
Sumário
 Conceituação de Termos;
 “Pai”, Um Termo de Uso Restrito;
 Características dos Pais da Igreja;
 Delimitação do Período Patrístico;
 Tentativas de Classificação;
 Os Pais da Igreja e o Sola Scriptura;
 Os Pais da Igreja no Pensamento de Calvino;
 Os Pais da Igreja Ainda São Relevantes?
AGOSTINHO DE HIPONA:
Sumário
 A Importância de Agostinho;
 Lendo Agostinho em Calvino;
 A Cronologia de Agostinho;
 A Produção Literária de Agostinho;
 A Teologia de Agostinho;
 “Pérolas” de Agostinho;
 Ponderações Sobre Agostinho;
 Referências Bibliográficas.
OS PAIS DA IGREJA:
Conceituação de Termos

 Glossário:

 Pai da Igreja;

 Patrística;

 Patrologia.
OS PAIS DA IGREJA:
Conceituação de Termos

 Pai da Igreja  Catolicismo

 “Quanto aos Padres, é preciso consultar só o


pensamento daqueles que santamente, sabiamente e
com constância, viveram, ensinaram e permaneceram
firmes na fé e na comunhão católica, e morreram fieis a
Cristo ou mereceram a alegria de dar sua vida por Ele”
(COMONITÓRIO, XXVIII, v).
OS PAIS DA IGREJA:
Conceituação de Termos

 Pai da Igreja  Catolicismo

 “Os Pais não são outra coisa senão os fiadores da


tradição da Igreja” (BENOIT, 1966, p. 36).

 “Pais são os que representam a doutrina tradicional da


Igreja (BENOIT, 1966, p. 39 - 40).
OS PAIS DA IGREJA:
Conceituação de Termos

 Pai da Igreja  Protestantismo

 “O Pai da Igreja define-se por seu apego à tradição


da Igreja medida pela Escritura, isto é, em última
análise, por sua fidelidade à Escritura” (BENOIT,
1966, p. 50).
OS PAIS DA IGREJA:
Conceituação de Termos
 Pai da Igreja  Protestantismo

 “*...] Agostinho, no terceiro livro [sic] contra Maximino,


[...], disse o seguinte: [...] Que o problema seja debatido
com bom conhecimento de causa e com racionalidade, e
que tudo seja fundamentado na Escritura, que é comum
às duas partes” (INSTITUTAS, IV, ix, 8).

 Contra Maximino e Ário, II, xiv, 3. Obra escrita em 427 -


428.
OS PAIS DA IGREJA:
Conceituação de Termos
 Patrística:

 “Patrística significa desde o séc. XVII a theologia


patrística, especialmente a dogmática dos Padres em
contraposição à theologia biblica, scholastica etc”
(DROBNER, 2003, p. 13, grifos do autor).

 Patrística é o estudo da obra teológica dos antigos pais


da igreja cristã;
OS PAIS DA IGREJA:
Conceituação de Termos
 Patrologia:

 “A patrologia é a história da literatura cristã da


antiguidade que compreende tanto o estudo dos
escritores ortodoxos como o dos heréticos” (BENOIT,
1966, p. 39).
OS PAIS DA IGREJA:
“Pai”, Um Termo de Uso Restrito

 “A ideia de um pai na fé tem uma longa história no uso


bíblico e eclesiológico. O apóstolo Paulo fala de si mesmo
como um pai para a igreja de Corinto: ‘Embora possam
ter dez mil tutores em Cristo, vocês não têm muitos pais,
pois em Cristo Jesus eu mesmo os gerei por meio do
evangelho’ (1 Co 4.15, NVI). Às vezes, os rabinos eram
chamados pais, e o termo ocorre também em círculos
pitagóricos e cínicos” (HALL, 2000, p. 52).
OS PAIS DA IGREJA:
“Pai”, Um Termo de Uso Restrito

 “Eis o mestre da Ásia, o pai dos cristãos, o destruidor de


nossos deuses! É ele que ensina muita gente a não
sacrificar e a não adorar” (MARTÍRIO DE POLICARPO,
XII, 2).

 “Eu recebi esta regra e este modelo de nosso bem-


aventurado papa Heraclas” (DIONÍSIO DE ALEXANDRIA
apud EUSÉBIO DE CESAREIA, VII, 4).

 Gregório VII, em 1075, restringirá o termo ao bispo de


Roma: “Que o seu título [Papa ou Pai] é único no mundo”
(DICTATUS PAPAE, § 11).
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 Vicente de Lérins, em seu “Comonitório”, escrito no ano
434, estabeleceu os critérios pelos quais se identifica um
“Pai da Igreja”. Posteriormente, a teologia romana
elaborou uma estrutura mais precisa.

 “São em número de quatro: ortodoxia da doutrina,


santidade de vida, aprovação da Igreja e antiguidade”
(BENOIT, 1966, p. 36).
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 Ortodoxia da Doutrina  O dogma;

 Santidade de Vida  A ética;

 Aprovação da Igreja  O consenso;

 Antiguidade  A época.
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja

 Doutrina Ortodoxa:

 “Parece mais que a ortodoxia em questão é a que foi


elaborada em período posterior àquele em que viveram
os pais” (BENOIT, 1966, p. 37).

 “O caso de Orígenes *† 254] é dos mais típicos. Sua


ortodoxia jamais chegou a ser contestada no seu tempo”
(BENOIT, 1966, p. 37).

 O “origenismo” só foi condenado no 5º Concílio


Ecumênico de Constantinopla, em 553.
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 Doutrina Ortodoxa:

 “No fim da vida, Tertuliano *† c. 220] teve a desventura


de deixar-se embair pela heresia montanista [...], e por
isso não faz jus ao título de Pai. No entanto, é impossível
negar a contribuição que prestou à teologia ocidental, da
qual foi o verdadeiro fundador” (BENOIT, 1966, p. 38).
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 Santidade de Vida:

 “Seria prudente observar desde o começo que os pais


foram intensamente humanos. Muito frequentemente,
tinham o ‘pavio curto’. Às vezes, eram impacientes,
explosivos e mesquinhos” (HALL, 2000, p. 53, grifo do
autor).
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 Santidade de Vida:

 A aspereza de Jerônimo († 420) é reconhecida pelos


seus biógrafos: “A delicadeza deste dálmata limita-se às
letras e nunca ao trato com os homens” (HAMMAM,
1980, p. 219 - 220).

 Nas exéquias de Cirilo de Alexandria († 444), o povo


exclamava: “Finalmente, finalmente ei-lo morto, este
homem malvado. Seu falecimento alegra os
sobreviventes, mas deve ter afligido os mortos”
(HAMMAM, 1980, p. 251).
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 Aprovação Geral:

 “Então é preciso indagar sobre as opiniões dos nossos


maiores, daqueles que, em diversos tempos e lugares,
sempre permaneceram na comunhão e na fé da única
Igreja Católica e vieram a ser mestres comprovados, para
confrontá-las com a nova opinião. E tudo aquilo que tiver
sido sustentado, escrito e ensinado aberta, frequente [...]
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 Aprovação Geral:

 [...] e constantemente, não por um ou dois apenas, mas


por todos juntos com um mesmo e único sentido,
entenda que isto mesmo deve ser crido sem vacilação
alguma” (COMONITÓRIO III).

 No Comonitório, ele exclui escritores tais como Orígenes


(XVII - “A queda de Orígenes”) e Tertuliano (XVIII - “O
escândalo de Tertuliano”).
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 Antiguidade:

 “Quanto à antiguidade, o problema já é mais delicado,


pois esse critério depende do que se entende por
antiguidade cristã, período difícil de delimitar de modo
absoluto. Trata-se, além disso, de um critério não mais
teológico, e sim histórico” (BENOIT, 1966, p. 37).
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 Qual a solução encontrada pela historiografia católica?

 “Autores cristãos antigos, que não satisfazem um ou


mais dos três primeiros critérios de Padre da Igreja
[ortodoxia, santidade e aprovação geral], mas pertencem
à Igreja Católica, são chamados de ‘escritores
eclesiásticos’. Todos os demais escritos cristãos antigos,
mas não eclesiásticos (p. ex., apócrifos, obras heréticas
etc), fazem parte do âmbito mais amplo da literatura
‘cristã primitiva’ ou literatura ‘cristã antiga’” (DROBNER,
2003, p. 13).
OS PAIS DA IGREJA:
Características dos Pais da Igreja
 O que propõe a historiografia protestante?

 “A Reforma inicia assim a crítica no domínio da


patrística. [...]. No entanto, estamos em presença de um
passo decisivo no método a ser aplicado aos Pais, visto
que, ao invés de serem aceitos em virtude de sua
antiguidade, de sua santidade, pelo fato de serem
reconhecidos pela Igreja ou de sua unanimidade, passam
agora a ser aceitos na medida em que estão de acordo
com a Escritura” (BENOIT, 1966, p. 21).
OS PAIS DA IGREJA:
Delimitação do Período Patrístico

 “*...] período que vai da conclusão dos escritos do Novo


Testamento (c. 100) até a reunião decisiva do Concílio de
Calcedônia (451)” (McGRATH, 2007, p. 38).

 “Ramsey fixa o período dos pais como tendo início por


volta do ano 96, com a epístola First Clement (Clemente
I), e terminando no Oriente com a morte de João
Damasceno, em 750. A tradição ocidental às vezes
registra datas alternadas para o fim da era patrística, tais
como a morte de Gregório o Grande, em 604, Isidoro de
Servilha, em 636, ou o Venerável Beda, em 735” (HALL,
2000, p. 53).
OS PAIS DA IGREJA:
Delimitação do Período Patrístico

 “Com o nome de patrística entende-se o período do


pensamento cristão que se seguiu à época
neotestamentária, e chega até ao começo da Escolástica:
isto é, os séculos II - VIII da era vulgar” (PADOVANI;
CASTAGNOLA, 1993, p. 201).

 “Cronologicamente o período correspondente à Filosofia


Patrística coincide com os oito primeiros séculos que vão
desde o início do Cristianismo até o império de Carlos
Magno, época também denominada e conhecida como
Antiguidade Cristã” (COSTA, 2018, p. 137).
OS PAIS DA IGREJA:
Delimitação do Período Patrístico

 “O resultado de nossa pesquisa é, portanto, o


seguinte: consideramos Pais da Igreja os exegetas da
Escritura que viveram no período da história da Igreja
durante o qual foi preservada a unidade desta, isto é,
desde as suas origens até o cisma do Oriente [1054+”
(BENOIT, 1966, p. 56).
OS PAIS DA IGREJA:
Tentativas de Classificação

 Quanto à língua em que escreveram;

 Quanto ao período em que viveram;

 Quanto aos grupos ou escolas que representam;

 Quanto ao teor de seus escritos.


OS PAIS DA IGREJA:
Tentativas de Classificação
 Quanto à língua em que escreveram  Pais gregos e
latinos.

 “Os escritos dos Santos Padres nas duas principais


línguas do império, o grego e o latim, constituem, por
isso, a parte de leão de toda a literatura patrística”
(DROBNER, 2003, p. 539).

 A literatura cristã também foi redigida nas línguas síria,


copta, etíope, armênia e georgiana. “Em grande parte as
obras nestas línguas eram literatura traduzida, mas em
todas elas foram produzidos também escritos originais e
por vezes de grande significado” (DROBNER, 2003, p.
539).
OS PAIS DA IGREJA:
Tentativas de Classificação

 Quanto ao período em que viveram:

 Pais pré-nicenos  Séculos I - III;

 Pais nicenos  Século IV;

 Pais pós-nicenos  A partir do século V.


OS PAIS DA IGREJA:
Tentativas de Classificação
 Quanto aos grupos ou escolas que representam:

 Pais apostólicos  c. 95 a 150;

 Pais apologistas  c. 120 a 200;

 Pais polemistas  c. 180 a 250;

 Pais do apogeu da patrística  325 a 451.


OS PAIS DA IGREJA:
Tentativas de Classificação
 Quanto ao teor dos seus escritos:

 Escritos teológicos  O Peri Archon de Orígenes;

 Escritos apologéticos  As Apologias de Justino Mártir;

 Escritos exegéticos  A Vulgata Latina de Jerônimo;

 Escritos místicos  As Confissões de Agostinho;

 Escritos filosóficos  A Consolatione Philosophiae


de Boécio;
OS PAIS DA IGREJA:
Tentativas de Classificação

Quanto ao teor dos seus escritos:

 Escritos monásticos  A Regra de São Bento;

 Escritos litúrgicos  A Tradição Apostólica de Hipólito;

 Escritos devocionais  Os Sermões de Leão Magno;

 Escritos biográficos  O De Viris Illustribus de Jerônimo.


OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais da Igreja e o Sola Scriptura

 As fontes dos Pais da Igreja eram as Escrituras:

 “*...] os pais da igreja primitiva - homens do II e III


séculos como Justino Mártir, Irineu, Clemente de
Alexandria, Orígenes, Tertuliano e outros - fizeram tantas
citações do NT (36.289 vezes, para ser exato) que todos
os versículos do NT, com exceção de apenas 11,
poderiam ser reconstituídos simplesmente de suas
citações” (GEISLER; TUREK, 2006, p. 168 - 169).
OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais da Igreja e o Sola Scriptura

 “Ora, essa fé que é nossa é sólida, sem falhas e só ela é


verdadeira, pois sua prova vem das Escrituras, herdada
na maneira que mencionamos, e a pregação da Igreja
não sofre alteração” (IRINEU apud BENOIT, 1966, p. 50).

 “Mas os que estão prontos a sofrer pelas coisas belas


não cessarão de procurar a verdade até que encontrem
sua demonstração nas próprias Escrituras” (CLEMENTE
DE ALEXANDRIA apud BENOIT, 1966, p. 50).
OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais da Igreja e o Sola Scriptura
 “Vejamos se não é possível provar tais afirmações
mediante, também, as Santas Escrituras, cuja autoridade
mostrará que elas são mais críveis” (ORÍGENES apud
BENOIT, 1966, p. 51).

 “As Escrituras santas e inspiradas são plenamente


suficientes para a proclamação da verdade” (ATANÁSIO
apud BENOIT, 1966, p. 51).

 “Se do que eu te digo não encontras prova nas


Escrituras, não deves crê-lo pelo simples fato de te ser
dito” (CIRILO DE JERUSALÉM apud BENOIT, 1966, p. 51).
OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais da Igreja e o Sola Scriptura
 “A fonte de todos os males é a ignorância das Santas
Escrituras. Ignorá-las é como marchar sem armas para o
combate” (JOÃO CRISÓSTOMO apud BENOIT, 1966, p.
52).

 “Quanto a mim, confesso à tua caridade que aprendi a


crer tão somente na infalibilidade dos autores dos livros
chamados canônicos” (AGOSTINHO DE HIPONA apud
BENOIT, 1966, p. 52).

 “*...] o cânone das Escrituras é perfeito e basta-se a si


mesmo” (VICENTE DE LÉRINS apud BENOIT, 1966, p. 52).
OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais no Pensamento de Calvino
 “De nossa parte, de boa vontade abraçamos e
reverenciamos os sacrossantos concílios antigos, como o
de Niceia, o de Constantinopla, o primeiro de Éfeso, o de
Calcedônia e os outros tantos que foram reunidos para
condenação dos erros contra a fé. Esses concílios
apresentam tão somente a pura e genuína interpretação
da Escritura, que os Santos Pais compuseram com
sabedoria espiritual, para destruir os inimigos públicos
da cristandade”.

 (INSTITUTAS, IV, ix, 8).


OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais no Pensamento de Calvino

 “De fato, os Pais do Concílio de Calcedônia julgaram o


assunto unicamente à luz da Escritura, e por isso nós os
seguimos, uma vez que foram iluminados pela Palavra de
Deus, assim como também agora o Senhor nos precede
com sua luz”.

 (INSTITUTAS, IV, ix, 9).


OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais Ainda São Relevantes?

 Relevância Exegética;

 Relevância Dogmática;

 Relevância Litúrgica;

 Relevância Ecumênica.
OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais Ainda São Relevantes?

 Relevância Exegética:

 “Entre nós e os autores neotestamentários existe um


período de quase vinte séculos. Os Pais, ao contrário,
estavam muito mais próximos deles no tempo e, por
conseguinte, mais habilitados a captar o espírito próprio
da Escritura e tudo aquilo que constituía o centro de
gravidade desta” (BENOIT, 1966, p. 69).
OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais Ainda São Relevantes?

 Relevância Dogmática:

 “Quem quer que esteja familiarizado com Santo


Agostinho, com sua teologia da História, com sua
doutrina da graça e da predestinação, logo percebe que
a Teologia atual está longe de ser tão original quanto se
poderia supor à primeira vista” (BENOIT, 1966, p. 77).
OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais Ainda São Relevantes?
 Relevância Litúrgica:

 “A liturgia dos Pais outra coisa não é senão a expressão


de uma piedade moldada pela Escritura e nutrida pela
sua leitura” (BENOIT, 1966, p. 79).

 “O mesmo podemos dizer a respeito de Calvino, que


dera à liturgia de Genebra o título de ‘Forma das orações
e dos cânticos eclesiásticos com a maneira de
administrar os sacramentos segundo o costume da Igreja
Antiga” (BENOIT, 1966, p. 79).
OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais Ainda São Relevantes?
 Relevância Litúrgica  Hinos do período patrístico
presentes no Novo Cântico, hinário oficial da Igreja
Presbiteriana do Brasil:

 Gloria Patri, Hino Nº 5 HNC - Início do II século da era


cristã;
 Te Deum Laudamus, Hino Nº 20 HNC - Atribuído a
Ambrósio, bispo de Milão, † 397;
 Amorável Convite, Hino Nº 276 HNC - João Damasceno,
† 749;
 Convite de Jesus, Hino Nº 206 HNC - Estêvão, o Sabaíta,
† 794.
OS PAIS DA IGREJA:
Os Pais Ainda São Relevantes?
 Relevância Ecumênica:

 Os Pais nos ajudam a descobrir a unidade na


diversidade.

“O período patrístico tornou-se assim o tronco comum


da cristandade, período único na história de vinte séculos
de cristianismo” (BENOIT, 1966, p. 86).

 “A patrística ocupa-se do período da história da Igreja


que começa com a unidade e se encaminha para a
diversidade e a divisão em duas grandes igrejas, a do
Oriente e a do Ocidente” (BENOIT, 1966, p. 88).
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Importância de Agostinho
 “Quando Santo Agostinho surgiu em cena [n. 354 d.C.],
tinham-se passado seiscentos anos desde a morte de
Aristóteles *† 322 a.C.); depois que Santo Agostinho
morreu *† 430], aproximadamente outros oitocentos
anos transcorreram antes do surgimento de Tomás de
Aquino [n. 1224+” (STRATHERN, 1999, p. 12).

 “*...] por séculos, e mesmo até o dia de hoje, Agostinho


é, depois de Paulo, o mais influente pensador na história
do pensamento cristão” (GONZALEZ, 2004, v. 2, p. 54).
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Importância de Agostinho
 “Agostinho foi o último dos grandes escritores cristãos da
antiguidade e o precursor da teologia medieval, tendo
influenciado profundamente a teologia protestante do
século XVI” (MATOS, 2011, p. 82).

 “*...] ele foi declarado um dos quatro doutores da igreja


latina, ao lado de Ambrósio, Jerônimo e Gregório I”
(MATOS, 2011, p. 83).
AGOSTINHO DE HIPONA:
Lendo Agostinho em Calvino
 “*...] a linha principal da Reforma protestante pode ser
vista como uma ‘aguda agostinização do cristianismo’”
(GEORGE, 1994, p. 76).

 Na última edição das Institutas, 1559, encontram-se


mais de 400 citações de Agostinho.

 Em média, Calvino cita Agostinho cinco vezes em cada


capítulo.
AGOSTINHO DE HIPONA:
Lendo Agostinho em Calvino

 “Nem sequer citarei de Agostinho tudo o que nos possa


servir; mas contentar-me-ei com demonstrar
brevemente que ele está completamente do nosso lado”
(INSTITUTAS, IV, xvii, 28).

 “Augustinus totus noster est” (CALVINO).


AGOSTINHO DE HIPONA:
A Cronologia de Agostinho
 Por causa das Confissões, obra autobiográfica, escrita
entre 397 a 401, a vida de Agostinho é a mais conhecida
dentre todos os Pais da Igreja.

 Período do Distanciamento (Tagaste e Cartago)


 De 354 a 382;

 Período da Aproximação (Roma e Milão)  De 382


a 388;

 Período da Imersão (Tagaste e Hipona)  388 a 430.


AGOSTINHO DE HIPONA:
A Cronologia de Agostinho
 Sua Conversão, 387:

 Tolle et lege (Toma e lê)  Rm.13:13,14.

 “Na Páscoa [387], juntamente com Adeodato e Alípio,


recebeu o batismo das mãos do grande arcebispo
[Ambrósio] que, sem o saber, havia contribuído
decisivamente para o retorno à Igreja daquele que seria
o seu mais destacado doutor” (COSTA, 2018, p. 240).
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Produção Literária de Agostinho

 “As Retractationes, inacabadas (2 livros), informam sobre


a atividade literária de Agostinho até 427. Dão-nos a
conhecer o ambiente onde foram redigidos os diversos
escritos; particularmente, os que pareciam errôneos, ou
sujeitos a equívocos, são corrigidos e explicados”
(ALTANER; STUIBER, 1988, p. 418).
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Produção Literária de Agostinho

 “Recordo-me de ter ditado estas noventa e três obras


com duzentos e trinta e dois livros, ao fazer a retratação
sobre eles, não sabendo se ainda ditarei outros.
Publiquei a retratação deles em dois livros, por
solicitação dos irmãos, antes de haver começado a
proceder a retratação das cartas e sermões ao povo, uns
ditados, outros proferidos por mim” (RETRATACTIONES,
II, 67).
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Produção Literária de Agostinho

 Há obras posteriores que, por isso, não tiveram sua


recensão feita, dentre elas:

 De Praedestinatione Sanctorum;

 Contra Maximino e Ário;

 Réplica a Juliano de Eclano, bispo pelagiano.


AGOSTINHO DE HIPONA:
A Produção Literária de Agostinho

 “A fecundidade literária de Agostinho e a energia que


nela se manifesta, só se comparam às numerosas obras
de Orígenes” (ALTANER; STUIBER, 1988, p. 419).

 “Eu, portanto, confesso-me procurar pertencer ao


número daqueles que, na proporção em que aprendem,
escrevem, e aprendem, à medida que escrevem”
(AGOSTINHO, Epístola VII).
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Produção Literária de Agostinho
 Classificação de seus escritos:

 Confissões  “Os treze livros das minhas Confissões


louvam a Deus justo e bom tanto por minhas boas obras
como pelas más [...+” (RETRATAÇÕES, II, 6);

 Retratações  “*...] para ser corrigido o que já


publiquei” (RETRATAÇÕES, Prólogo, 3)

 Escritos apologéticos  De Civitate Dei e De


Haeresibus;

 Escritos dogmáticos  Enchiridion ad Laurentium e De


Trinitate;
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Produção Literária de Agostinho

 Classificação de seus escritos:

 Escritos antimaniqueístas  De Natura Boni e Contra


Faustum Manichaeum;

 Escritos antidonatistas  De Baptismo Contra


Donatistas e De Unitate Ecclesiae;

 Escritos antipelagianos  De Praedestinatione


Sanctorum e De Gratia Christi et de Peccato Originali;
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Produção Literária de Agostinho

 Classificação de seus escritos:

 Escrito monástico  “A sua famosa Carta 211, que se


tornou conhecida como Regra de Santo Agostinho,
dirigida às religiosas da sua diocese e depois adaptada
aos conventos masculinos, é o único documento que
trata diretamente de sua forma de entender a vida
cenobítica” (COSTA, 2018, p. 240);

 Epistolário  Com especial destaque àquelas cartas


endereçadas a Jerônimo.
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Produção Literária de Agostinho
 Classificação de seus escritos:

 Escritos exegéticos  De Doctrina Christiana (o 3º livro


é um compêndio hermenêutico e o 4º trata de
homilética) e Enarrationes in Psalmos;

 Escritos sobre teologia moral e pastoral  De Agone


Christiano e Contra Mendacium;

 Sermões  Possídio († c. 437) enumera apenas 279


sermões. Há outros sermões;

 Poesias  Psalmus Contra Partem Donati, contendo 20


estrofes de 12 versos cada uma.
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Teologia de Agostinho
 “A teologia de Agostinho foi forjada e amadureceu no
contexto de três grandes controvérsias em que se
envolveu, a começar da sua luta contra os maniqueístas”
(MATOS, 2011, p. 84, grifo nosso).

 “A segunda grande controvérsia de que Agostinho


participou foi contra os donatistas” (MATOS, 2011, p. 85,
grifo nosso).

 “Sem dúvida, a controvérsia mais importante na qual se


envolveu Agostinho, e aquela que trouxe consequências
mais profundas para sua teologia, foi a que ele manteve
contra o pelagianismo” (MATOS, 2011, p. 86, grifo
nosso).
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Teologia de Agostinho
 Controvérsia Maniqueísta:

 “O principal livro de Agostinho contra os maniqueístas é


Da natureza do bem, que escreveu por volta de 405”.

 “Nele, aproveitou as ideias neoplatônicas a respeito da


união ontológica entre a existência e o bem e a respeito
do mal como a privação de ambos [privatio boni] para
explicar o conceito cristão de Deus como criador,
demonstrando como isso é consistente com a existência
do mal”.
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Teologia de Agostinho
 Controvérsia Maniqueísta:

 “Em outras palavras, mostrou que não é preciso postular


a existência de duas forças ou princípios iguais no
universo (o dualismo) - uma boa e outra má - para
explicar o mal. Segundo Agostinho, o mal não é uma
natureza ou substância, mas a corrupção da natureza boa
criada por Deus”.

 Cf. OLSON, 2001, p. 266.


AGOSTINHO DE HIPONA:
A Teologia de Agostinho
 Controvérsia Donatista:

 “Os líderes iniciais do movimento, [...], afirmavam que


os bispos que haviam cooperado com os perseguidores
romanos não eram sacerdotes cristãos”.

 “Os donatistas eram herdeiros da tradição rigorista ou


moralista de O pastor de Hermas [96:1] e Tertuliano, e
agora, na época de Agostinho, argumentavam que os
bispos e sacerdotes católicos eram corruptos ou
heréticos, e por isso os sacramentos que ministravam
não eram válidos. Nessas alegações, apelavam até
mesmo aos escritos de Cipriano”.
AGOSTINHO DE HIPONA:
A Teologia de Agostinho
 Controvérsia Donatista:

“Ao lutar contra os donatistas, em obras como Sobre o


batismo, Agostinho salientou duas questões: a natureza
da Igreja e a validade dos sacramentos”.

 “Para ele, a Igreja inclui todos os tipos de pessoas,


contendo em si tanto o bem como o mal (o trigo e o joio)
até a separação definitiva no último dia”.

 Cf. MATOS, 2011, p. 85.


AGOSTINHO DE HIPONA:
A Teologia de Agostinho
 Controvérsia Pelagiana  Pelágio foi acusado de três
heresias:

 “Primeiro, negou o pecado original no sentido de culpa


herdada”  Non posse non peccare (Agostinho).

 “Em segundo lugar, ele negou que a graça sobrenatural


de Deus seja essencial para a salvação”  Regeneração
monergística (Agostinho).

 “Por último, afirmou a possibilidade, pelo menos


teórica, de viver uma vida sem pecado mediante o uso
correto do livre-arbítrio”  Ambivalência (Agostinho).

 Cf. MATOS, 2011, p. 86.


AGOSTINHO DE HIPONA:
“Pérolas” de Agostinho

 “*...] creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio
conheço” (DE NAGISTRO, XI, 37)  Fé e razão se
complementam.

 “Ame o pecador, mas odeie o pecado” (CARTA 221).

 “*...] porque nos criastes para Vós e o nosso coração vive


inquieto, enquanto não repousar em Vós” (CONFISSÕES,
I, 1).
AGOSTINHO DE HIPONA:
“Pérolas” de Agostinho

 “Dai-me a castidade e a continência; mas não já”


(CONFISSÕES, VIII, 7).

 “Está gravada dentro de nós a luz do Vosso rosto, Senhor.


Nós somos a luz que ilumina a todo homem, mas somos
iluminados por Vós, para que sejamos luz em Vós, os
que fomos outrora trevas ( CONFISSÕES, IX, 4).
AGOSTINHO DE HIPONA:
“Pérolas” de Agostinho
 “Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde
Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora
a procurar-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas
formosuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não
estava convosco” (CONFISSÕES, X, 27).

 “Ó Senhor meu Deus, concedei-nos a paz, pois tudo nos


oferecestes; a paz tranquila, paz do sábado que não
entardece” (CONFISSÕES, XIII, 35).

 “A Vós se peça, em Vós se procure, à vossa porta se bata.


Deste modo sim, deste modo, se há de receber, se há de
encontrar, e se há de abrir a porta do mistério”
(CONFISSÕES, XIII, 38).
AGOSTINHO DE HIPONA:
Ponderações Sobre Agostinho

 “O mestre de Hipona recolheu a herança da antiguidade.


Contemplou o desmoronamento do Império romano, em
tempos apocalípticos. Modificou a teologia do Ocidente,
que dificilmente teria existido sem ele. É o mestre
incontestável de seu tempo, sempre consultado pela
cristandade inteira. Depois de sua morte, o Ocidente
começou a se ‘agostinizar’. Aí ele está sempre presente,
é lido, imitado, discutido, mantendo-se inigualável”
(HAMMAN, 1990, p. 235).
OS PAIS DA IGREJA & AGOSTINHO:
Referências Bibliográficas
 ALTANER, B.; STUIBER, A. Patrologia. 2.ed. São Paulo:
Paulinas, 1988.

 BENOIT, André. A atualidade dos pais da igreja. São


Paulo: ASTE, 1966.

 CALVINO, João. A instituição da religião cristã. São


Paulo: Unesp, 2009. v. 2.

 COSTA, José Silveira da. História da filosofia ocidental:


tópicos fundamentais. Rio de Janeiro: Mauad, 2018.

 DROBNER, Hubertus R. Manual de Patrologia.


Petrópolis: Vozes. 2003.
OS PAIS DA IGREJA & AGOSTINHO:
Referências Bibliográficas
 GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente
para ser ateu. São Paulo: Vida, 2006.

 GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São


Paulo: Vida Nova, 1994.

 GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento


cristão: de Agostinho às vésperas da reforma. São Paulo:
Cultura Cristã, 2004. v. 2.

 HALL, Christopher A. Lendo as escrituras com os pais da


igreja. Viçosa: Ultimato, 2000.

 HAMMAN, A. Os padres da igreja. São Paulo: Paulinas,


1980.
OS PAIS DA IGREJA & AGOSTINHO:
Referências Bibliográficas

 LÉRINS, Vicente. Comonitório: regras para conhecer a fé


verdadeira. Niterói: Permanência, 2009.

 MATOS, Alderi Souza de. Fundamentos da teologia


histórica. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.

 McGRATH, Alister E. Teologia histórica: uma introdução à


história do pensamento cristão. São Paulo: Cultura Cristã,
2007.

 OLSON, Roger. História da teologia cristã: 2000 anos de


tradição e reformas. São Paulo: Vida, 2001.
OS PAIS DA IGREJA & AGOSTINHO:
Referências Bibliográficas
 PADOVANI, Umberto; CASTAGNOLA, Luís. História da
filosofia. 15.ed. São Paulo: Melhoramentos, 1990.

 REALE, Giovanni; ANTISERE, Dario. História da filosofia:


antiguidade e idade média. São Paulo: Paulinas, 1990.
(Coleção Filosofia, v. 2).

 SANTO AGOSTINHO. Confissões. 10. ed. Petrópolis:


Vozes, 1990. (Coleção Pensamento Humano).

 STRATHERN, Paul. Santo Agostinho em 90 minutos. Rio


de Janeiro: Zahar, 1999.

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