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IDENTIDADE

NAZARENA
Programa de Formação Ministerial e Teologia
IDENTIDADE
NAZARENA
Programa de Formação Ministerial e Teologia

STNB
PALAVRAS DE BOAS-VINDAS

Olá caro estudante! Você está iniciando uma disciplina que faz parte do percurso curricular que o
STNB oferece no seu Programa de Formação Ministerial e Teologia. Os conteúdos oferecidos nessa
apostila apresentam uma linguagem dialógico-reflexiva e encontram-se integrados à proposta
pedagógica do STNB, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação
acadêmica, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de
realidade, de maneira a inseri-lo mais adequadamente no ambiente de serviço cristão (Aplicação das
4C’s).

Este material tem como principal objetivo viabilizar o desenvolvimento da autonomia em busca
dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e ministerial. Portanto, utilize os diversos
recursos que a Modalidade Semipresencial lhe possibilita acessando regularmente o ambiente virtual
de aprendizagem Moodle, assista às videoaulas, interaja nos fóruns, participe das aulas presenciais,
contribua com as suas opiniões nas discussões e realize as tarefas propostas semanalmente.

Além disso, lembre-se que existe uma equipe de facilitadores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com
tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica.

Oramos para que o Senhor continue a usá-lo no ambiente ministerial onde atua para edificação do
seu Reino. Esperamos que este material seja útil no cumprimento desta tarefa especial.

Dr. Carlos Abejer


Reitor do STNB
SUMÁRIO
Expressando uma identidade nazarena ........................................................................................5
Criados para missão: modelos eficazes para líderes e distritos .................................................. 72
Pesquisa de auto-estudo do desenvolvimento distrital ............................................................. 120
Metodismo e a identidade teológica da igreja do nazareno ...................................................... 124
O DNA dos nazarenos ............................................................................................................. 147
Um curso básico da escola de liderança da igreja do nazareno ................................................ 147
Revista graça e paz .................................................................................................................. 180
Uma revista dialógica para o clero nazareno ........................................................................... 180
Identidade nazarena: um painel de discussão ........................................................................... 180
Relatório anual da junta de superintendentes gerais ................................................................ 207
Á sessão especial da junta geral igreja do nazareno ................................................................. 207
Breve estatística sobre a igreja do nazareno global .................................................................. 216

IDENTIDADE NAZARENA 4
EXPRESSANDO UMA IDENTIDADE NAZARENA
Floyd T. Cunningham
Publicações Nazarenas Globais
PREFÁCIO
Os nazarenos desde o início são conhecidos pela tolerância
teológica. Duas máximas captam esse espírito: “No essencial,
unidade; em coisas não essenciais, liberdade; e em todas as coisas,
caridade”; e “Se o seu coração é como o meu coração, dê-me a
sua mão”. É importante, então, que os ministros entendam nossas
crenças e distinções fundamentais (não negociáveis, como nossa
compreensão teológica de Deus e das escrituras, nossa ênfase na
santidade wesleyana e nossa ordenação de mulheres), bem como
as áreas onde podemos abraçar várias interpretações e opiniões
(como a forma de batismo, nossa compreensão de como Deus
criou o universo, cura divina, a natureza e o tempo da Segunda
Vinda de Cristo e as estruturas da igreja).

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
A história do Caminho de Emaús (Lucas 24: 13-35)
fornece uma imagem metafórica de como Cristo tem andado e
falado ao lado de sua Igreja por esses dois mil anos, apontando
seus discípulos através das Escrituras, para si mesmo, e, espera-
se, de como o Espírito de Cristo tem andado e falado ao lado da
Igreja do Nazareno durante a sua jornada de mais de 100 anos.
Cristo se junta a nós na estrada, como parte de sua Igreja,
ensinando-nos sobre o seu Reino, corrigindo-nos e fazendo-nos
conhecer a sua presença e a sua Palavra.
À medida que caminhamos, crescemos em nossa
compreensão de Cristo, sua Palavra, seu Reino e no que significa
para nós viver como cristãos no mundo. O Espírito Santo continua
sendo uma presença criativa na Igreja. Ainda o estamos ouvindo.
Enquanto H. Orton Wiley estava escrevendo a teologia oficial da
igreja por um período de vinte anos (1919–1940), ele disse que
estava “constantemente descobrindo novas verdades, e cada nova

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descoberta exigia um lugar no plano de trabalho”. Da mesma
forma, um de nossos Superintendentes Gerais, William
Greathouse, escreveu que embora John Wesley fosse o “arquiteto-
chefe da doutrina da santificação inteira”, Wesley não deu a
“formulação final e completa desta verdade”. Teologia, disse
Greathouse, é um “processo contínuo; ela se esforça para
interpretar a verdade na linguagem e formas de pensamento
relevantes para cada geração seguinte”.
Cristo tem ensinado mais e mais sobre si mesmo e seu
relacionamento com o Pai e o Espírito Santo, o tempo todo
conduzindo sua Igreja de volta às Escrituras - não para uma nova
revelação, mas para si mesmo. Quer dizer, a Igreja do Nazareno
ainda está em uma jornada - uma busca espiritual coletiva. Não
temos toda a verdade ou todas as respostas que os homens e
mulheres procuram no século XXI. Isso é bom. Mulheres e
homens estão procurando por uma igreja que está em uma jornada
com Cristo, por uma igreja que ouvirá suas perguntas e caminhará
ao lado deles em busca de respostas.

QUESTÕES DE DISCUSSÃO
1. De que forma Cristo caminhou ao seu lado em sua
jornada? De que forma ele caminhou ao lado de sua igreja local?
Como você pode compartilhar essas histórias?
2. Por que é importante “descobrir constantemente novas
verdades”? Como você está trabalhando essas novas verdades em
seu entendimento existente sobre Deus?

CAPÍTULO 2 - HISTÓRIA E IDENTIDADE DA IGREJA


DO NAZARENO
Para compreender a Igreja do Nazareno, começamos com
um olhar para a nossa história. A igreja é o produto de uma obra
do Espírito de Deus que começou com os avivamentos de John e
Charles Wesley na Grã-Bretanha no século XVIII e continuou ao

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redor do mundo. Os americanos do século dezenove consideraram
a continuação deste avivamento Wesleyano um movimento de
santidade dentro das igrejas existentes. Como John Wesley, o
movimento de santidade desejava reavivar as igrejas enfatizando
a graça santificadora de Deus dentro de nós e no meio de nós, e
assim trazer reforma moral às nações.

A Unificação de Muitos Movimentos de Santidade


A Igreja do Nazareno declara que foi oficialmente
organizada como denominação em 1908. No entanto, suas raízes
remontam a muito antes disso. A Igreja do Nazareno reuniu várias
vertentes geográficas do movimento de santidade. A primeira
Assembleia Geral da Igreja do Nazareno, ocorrida em outubro de
1907, em Chicago, reuniu a Igreja do Nazareno - fundada em Los
Angeles em outubro de 1895 - e a Associação de Igrejas
Pentecostais da América. Em 1907, a Igreja do Nazareno tinha
trabalho em Calcutá, Índia, bem como igrejas espalhadas entre
Los Angeles e Chicago.
Antes da Assembleia de Chicago, em abril de 1907, Bresee
se reuniu com membros da Associação de Igrejas Pentecostais da
América na Igreja da Avenida Utica, no Brooklyn. A Associação
era composta principalmente de igrejas em Nova York e na área
da Nova Inglaterra da costa leste da América, a mais antiga das
quais havia começado em 1887. Vinte anos depois, essas igrejas
no Leste estabeleceram missões na Índia e nas Ilhas de Cabo
Verde. Na igreja do Brooklyn - uma missão cercada por favelas,
miséria e pecado - Bresee falou aos líderes da Associação sobre
“a importância de cristianizar o Cristianismo da América como
base para alcançar os pagãos não cristãos em terras estrangeiras”.
Quando um comitê sobre a união apresentou um relatório
favorável, a ata registrou gritos, cantos, agitações de lenços e
choro de alegria. Os dois grupos afirmaram sua unidade essencial
nas doutrinas. Como forma de governo da igreja, eles

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concordaram com um sistema democrático começando no nível
congregacional e uma superintendência limitada, cujo propósito
era ajudar a organizar igrejas e cuidar das existentes. A assembléia
cantou "Aleluia, Amém" e, em seguida, marchou triunfantemente
ao redor da igreja.
Com as uniões e adesões subsequentes, a Igreja do
Nazareno deveria incluir uma congregação em Ashton-Under-
Lyne, Inglaterra, que começou como a Missão da Velha Cruz em
1874, e o trabalho começou em 1877 por missionários metodistas
em Washim, Maharashtra, Índia.
A fusão foi o culminar de anos de debate e oração sobre se
era melhor para as pessoas de santidade permanecer em
denominações mais antigas ou organizar igrejas separadas. Havia
alternativas. As duas denominações, a Igreja Metodista
Wesleyana e a Igreja Metodista Livre, foram estabelecidas antes
da Guerra Civil Americana em protesto contra a tolerância dos
proprietários de escravos na Igreja Episcopal Metodista. Essas
duas denominações faziam parte do mesmo movimento de
santidade - também chamado de movimento de santidade
Wesleyana. Eles estavam confiantes na obra santificadora
imediata do Espírito, tanto pessoal quanto socialmente. Porém, os
Metodistas Wesleyanos e os Metodistas Livres tornaram-se, na
mente de muitos, também alinhados com a região Nordeste da
América e com o Partido Republicano (um dos dois maiores
partidos políticos na América).
Além disso, nesta época, os nazarenos em perspectiva
perceberam isto, os superintendentes desses irmãos e irmãs de
santidade de bom coração estavam estritamente organizados para
abraçar todas as dinâmicas de um movimento nacional inquieto.
Da mesma forma, algumas pessoas de santidade não queriam nada
com qualquer coisa “metodista”, mesmo wesleyana ou metodista
livre. Na época, os Metodistas Livres proibiam instrumentos

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musicais na adoração, e isso pouco fez para torná-los aceitos para
muitas pessoas de santidade.
O Movimento de Reforma da Igreja de Deus apresentou
outra alternativa. Na década de 1870, D. S. Warner acenou para
as pessoas de santidade que pensavam da mesma forma que
“saíssem” de suas respectivas denominações, as quais, disse ele,
por sua própria natureza, representava a divisão da Igreja. Ele
clamou pela unidade dos crentes em uma igreja composta apenas
por crentes nascidos de novo. A Igreja de Deus desejava restaurar
as práticas do Novo Testamento e rejeitou as estruturas
organizacionais, incluindo qualquer superintendência. O "belo
fruto da santidade aperfeiçoada", escreveu Warner, é a unidade e,
por sua vez, "o atributo importantíssimo e absolutamente
essencial da igreja divina" é a santidade.
Ainda outra alternativa foi fornecida pelo ex-pastor
presbiteriano A. B. Simpson, que em 1887 formou a Aliança
Cristã e a Aliança Missionária (que se fundiu em 1897 para formar
a Aliança Cristã e Missionária). Simpson enfatizou um evangelho
quádruplo: justificação, santificação, cura e a Segunda Vinda de
Cristo pré-milenar.
Simpson ensinou a santificação como uma obra da graça
subsequente à justificação, mas, ao contrário do movimento de
santidade, ensinou que a santificação era a supressão do pecado
ao invés de sua purificação. A ênfase de Simpson se espalhou
amplamente. O evangelho quádruplo influenciou missionários de
santidade como Charles E. Cowman e Lettie Cowman e, a partir
daí, as igrejas da Sociedade Missionária Oriental que eles
fundaram. Os pentecostais mais tarde adotaram a estrutura
quádrupla, modificando o ponto sobre a santificação para incluir
o falar em línguas como o sinal do batismo do Espírito.
A rejeição dos fundadores nazarenos a essas alternativas
deu forma à identidade e política da igreja. A igreja seguiu a
Associação Nacional de Santidade, que começou em 1867 como

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a Associação Nacional de Conferências para a Promoção da
Santidade, cujos líderes temiam qualquer outra ênfase que não a
santidade. Seus líderes permaneceram leais à Igreja Metodista
Episcopal, pela qual oraram por avivamento.
Aqueles que participaram de uma conferência geral de
santidade que se reuniu em Chicago em 1901 expressaram sua
atenção sincera à santidade, em vez de às doutrinas secundárias,
como a cura e a Segunda Vinda. Eles admoestaram as pessoas de
santidade “para evitar o venha de qualquer jeito com todos os seus
males,” e, “na medida do possível para se unir com alguma outra
igreja evangélica; e, onde isso for impraticável, fazer qualquer
outro ajuste que possa parecer, sob a orientação do Espírito Santo,
ser sábio.”
John Wesley certa vez escreveu que Deus havia levantado
os metodistas “para não formarem nenhuma nova seita; mas para
reformar a nação, particularmente a Igreja; e para espalhar a
santidade bíblica sobre a terra”. O mesmo pode ser dito de muitas
pessoas que experimentam a santidade. Assim como Wesley
aconselhou seus seguidores a atender às ordenanças da Igreja da
Inglaterra a fim de ter o direito moral de reformá-la, os líderes da
Associação Nacional de Santidade advertiram os líderes a
permanecerem dentro das denominações mais antigas. Se as
pessoas de santidade permanecessem nas velhas igrejas,
forneceriam uma influência para o bem dentro delas. No entanto,
por volta de 1901, certos líderes de santidade foram expulsos das
igrejas mais antigas por pregar a santidade. Outros decidiram
partir por conta própria.
Cada vez mais, os líderes de santidade desistiram da ideia
de que seria melhor para aqueles comprometidos com a
mensagem de santidade permanecer em denominações mais
antigas. Eles perceberam que um espírito de mundanismo, um
desejo de modernidade e posição social haviam dominado as
antigas igrejas. Robert Lee Harris, um líder de santidade do sul,

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lamentou que a igreja tivesse se desviado e decidiu que era melhor
partir. “Não seria melhor para todas as partes”, perguntou Harris,
“para aqueles que creem e vivem da mesma forma, sair dos que
se opõem a eles e se unir em uma congregação harmoniosa?”
Surgiram congregações independentes e associações regionais de
santidade. Pessoas de Santidade reuniram-se em Chicago em 1907
e em Pilot Point, Texas, em 1908, devido à frustração. Eles
perceberam que a mensagem de santidade estava sendo reprimida
e que havia falta de poder espiritual entre as igrejas mais antigas.
Eles desejavam uma conservação da mensagem e uma maior
consolidação. Após a morte de Harris, sua esposa, Mary Lee
Harris, liderou a Igreja de Cristo do Novo Testamento que ele
havia fundado, que era principalmente congregações rurais, para
se tornar parte da Igreja da Santidade de Cristo, um dos grupos
que formaram a Igreja do Nazareno em 1908.
Ao contrário da Igreja de Cristo do Novo Testamento, a
Associação de Igrejas Pentecostais da América e a Igreja do
Nazareno em Los Angeles foram ambos movimentos de base
urbana. Phineas Bresee, que fundou a Igreja do Nazareno com
sede em Los Angeles, e líderes da Associação, como William
Hoople, que começou a ministrar a pessoas proscritas no
Brooklyn, Nova York em 1894, previu a necessidade de "centros
de fogo sagrado" nas cidades americanas para que a mensagem de
santidade fosse espalhada para o mundo. A Igreja do Nazareno de
Bresee, que se mudou em 1906 de uma grande estrutura de
madeira conhecida como o "celeiro da glória" para uma igreja de
tijolos substancial com vitrais para 1.500 pessoas, tinha missões
entre os falantes de espanhol e chinês em Los Angeles.
A Igreja do Nazareno em Upland, Califórnia, incluiu um
ministério para fazendeiros migrantes japoneses. Bresee
acreditava que faltava às principais denominações a vontade de
evangelizar as "grandes massas de povos nativos e estrangeiros".
Ele desejava promover uma igreja que incluísse aqueles que estão

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à margem da sociedade. Bresee disse: “Prefiro que milhares de
pobres passem por cima da cruz do que ter todo o ouro dos ricos”.
Desde o início, Bresee e os outros grupos de santidade que
vieram para formar a Igreja do Nazareno permitiram às mulheres
todos os direitos de ministério. Uma mulher índia, Sukhoda
Banarjee, dirigia a Escola de Esperança e Aleluia da Igreja em
Calcutá. Para Bresee, o aspecto urbano e social da obra em
Calcutá se encaixava perfeitamente na missão da igreja. Visitantes
curiosos iam à igreja de Bresee em Los Angeles para ouvir os altos
e espontâneos "améns" e "aleluias", bem como para ver homens e
mulheres serem tão abençoados que não podiam evitar gritar,
levantar, levantar as mãos, acenar lenços, rir e chorar de alegria.
Não se encontraria tal espiritualidade espontânea nas igrejas
estabelecidas ao redor da esquina. Os nazarenos também
procuraram estabelecer "centros de fogo sagrado" onde o Espírito
Santo purificador e capacitador do Pentecostes desceria sobre o
povo de Deus.
No meio disso, Bresee decretou: “Não buscamos atração,
não queremos atração; pela graça de Deus não teremos atração
senão a salvação de Jesus Cristo”. Não havia falar em línguas,
porque os primeiros nazarenos consideravam as línguas uma
“manifestação externa” que não podia satisfazer a alma. No
entanto, o que os nazarenos buscavam era a experiência
pentecostal, mas em seu próprio sentido da palavra.
Bresee afirmou que, "As pessoas que têm a experiência
preciosa e satisfatória de Cristo revelado no coração pelo Espírito
Santo, não anseiam por fogo estranho, nem correm atrás de todo
dom de suposição, nem são sopradas por todo vento de doutrina”.
Na expressão espiritual, os primeiros nazarenos
valorizavam tanto a ordem como a espontaneidade. Quando
Leslie Gay, na congregação de Bresee, antecipava o clímax de um
sermão e começava a gritar "amém" ou "aleluia" antes que o ponto
fosse exposto, Bresee o advertiu: “Ainda não, irmão Gay, ainda

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não, até eu tornar este ensino claro”. Então, depois de alguns
minutos, depois que ele terminou de expor o texto bíblico, e o
Espírito de Deus tinha vindo, Bresee permitiu: “Agora, irmão
Gay, você pode gritar”.
As paredes da igreja reverberariam com a grande e audível
afirmação da verdade pelo povo.16 Era mais do que emoção.
Mulheres, homens e jovens se arrependeram e encontraram Cristo
como Redentor e Santificador, o Deus transformador de vidas,
que conserta vidas e lares destruídos. Os santos foram
aperfeiçoados. Não por outra causa, senão da presença
maravilhosa de Deus descendo sobre seu povo, eles saíram
descaradamente para testemunhar aos seus vizinhos. Convidando
os paroquianos para a experiência da inteira santificação, Bresee
pregava: “Só o coração que se derrete com o amor mais intenso,
que é aquecido com o fogo divino na fornalha da afeição
santíssima, está em condições de ser um canal do mais santo e
amor pleno para [mulheres e] homens”.
Os nazarenos almejavam um equilíbrio entre doutrina e
experiência. Uma igreja de santidade era aquela em que os
membros viviam sua teologia. “A Igreja do Nazareno não teve sua
origem tanto em um esforço para estabelecer uma verdade
doutrinária”, disse Bresee,“como na experiência da verdade já
reconhecida”. Ele pregou: “Há mais religião em alimentar os
pobres, vestir os nus e curar os enfermos, quando isso requer um
sacrifício de tempo e dinheiro para fazer isso, do que na ebulição
das emoções, ou do que em todos os sentimentos do universo”. A
santidade esbarrou na formalidade e no mundanismo na igreja, e
na pobreza e injustiça fora dela. "Homens e mulheres cheios de
orgulho e posição, que desprezam o bêbado e as prostitutas; o seu
orgulho, seu mundanismo, seu ódio à santidade, é tão destruidor
de almas quanto o que você acha que seriam os pecados mais vis
de suas irmãs e irmãos.” Bresee advertiu: “Do alto de seu orgulho,
posição social e possibilidades maiores, você afunda ainda mais

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na ruína.” Aquilo foi uma palavra profética para os ricos e um
amor dinâmico que destruiu as pretensões da reclusão e presunção
moral - qualquer um dos quais teria sido para Bresee evidências
de pecado ao invés de santidade. Isso quer dizer que para os
primeiros nazarenos, um povo cheio do Espírito Santo irrompeu
da igreja assim como os discípulos fizeram no Pentecostes, com a
mensagem de salvação em seus lábios e as marcas de seu amor
purificador em suas vidas, demonstrando sua transformação
interior por meio da compaixão exterior. Uma igreja cheia do
Espírito ia para os vizinhos mais pobres, para as esquinas e
favelas, para as "rodovias e becos".
O trabalho da Associação de Igrejas Pentecostais na Índia,
que começou em Maharashtra em 1898, refletia ideais
semelhantes de santidade e a mentalidade holística das missões
daquela época. Os missionários desejavam exaltar homens e
mulheres de todas as maneiras concebíveis. Eles procuraram
mudar as práticas que denegriram as mulheres e fornecer
assistência médica, educação e ajuda para crianças e famílias
devastadas pela fome. Enquanto isso, de volta à América, os
líderes da Associação aconselharam as igrejas a “cultivar o
espírito missionário” e a conduzir reuniões “para a propagação da
santidade bíblica em lugares negligenciados, lembrando que
promover missões domésticas significa alimentar missões
estrangeiras”. Congregações locais fortes e pastores formavam a
Associação e não havia superintendente geral. No entanto, com o
propósito de expandir o trabalho, um enérgico ex-ministro
metodista, H. F. Reynolds, conduziu reuniões e levantou apoio
para missões nacionais e estrangeiras. As principais razões pelas
quais a Associação buscou união com outros grupos de santidade
foi que tal poderia “ajudar materialmente nosso trabalho
missionário”. Esse foi o consenso crescente da Associação e de
outros grupos de santidade em todo o país.

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Uma conexão de igrejas de santidade, possuindo
compaixão pelos perdidos e uma paixão por ganhá-los para
Cristo, poderia fazer mais juntos do que pequenos grupos de
santidade ou congregações poderiam fazer separadamente. As
igrejas que se reuniram em Chicago em 1907 possuíam impulsos
comuns em direção a uma santidade prática que alcançava os
rejeitados na sociedade urbana e, do outro lado do mar, a outras
pessoas não evangelizadas e necessitadas. Eles não buscavam
dividir, mas sim se unir, “com o propósito de unir com mais
segurança aqueles que amam a santidade pelo vínculo do amor
perfeito”.

Compromisso e graça em prol da unidade


A união de 1907 resultou em um equilíbrio entre a política
congregacional do Oriente dos Estados Unidos, onde o poder
estava centrado na igreja local, e a superintendência mais
metodista do Ocidente, onde o poder estava centrado na
denominação hierarquia. O episcopado administrativo dos
metodistas foi a principal razão para ultrapassar todas as outras
denominações nos Estados Unidos, mas também isto restringiu a
pregação da santidade. Aqueles na Associação de Igrejas
Pentecostais incluíam ex-batistas e congregacionalistas estavam
acostumados com a autonomia da igreja local. Bresee modificou
o sistema metodista e permitiu que as congregações locais
escolhessem seus ministros em consulta com os superintendentes
distritais, embora a denominação tivesse títulos de propriedade da
igreja. A Associação gostava de manter a propriedade nas mãos
das igrejas locais, mas estava se movendo em direção a uma maior
superintendência por causa da supervisão de sua escola, o Instituto
Colegiado Pentecostal, e para administrar missões nacionais e
estrangeiras.
A política resultante equilibrou a superintendência com
processos democráticos e garantiu uma política eclesiástica

IDENTIDADE NAZARENA 15
mundial equilibrada para cumprir a missão da igreja. O governo
nazareno combinava elementos do governo da igreja episcopal,
presbiteriana e congregacional. A estrutura nazarena, acreditava
Bresee, garantia a "liberdade da igreja individual" e, ao mesmo
tempo, "protegia cuidadosamente" o "cuidado de toda a igreja -
para manter essa grande liberdade e ainda assim ter arranjos para
mobilizar todo o corpo para um trabalho eficiente.” A
superintendência era “limitada em seu poder e, no entanto, tão
eficiente em suas possibilidades, a ponto de minimizar os perigos
e dar unidade e força a todas as partes da obra”.
O foco estava em qualquer coisa que melhor propagasse a
mensagem de santidade. Refletindo a política representativa, as
igrejas elegeram as juntas da igreja local, bem como delegados
para as assembleias distritais. As assembleias distritais elegeram
as juntas distritais e os seus próprios superintendentes, bem como
os delegados à Assembleia Geral, que elegeu uma Junta Geral que
servia como junta corporativa legal da igreja. Eles também
elegeram "superintendentes gerais", um título mais adequado para
pessoas que foram antes consideradas "bispos".
O Manual da igreja, baseado na Disciplina Metodista,
delineou o governo da igreja e pode ser modificado pela
Assembleia Geral. Mudanças na Constituição da igreja, incluindo
os Artigos de Fé, poderiam ser feitas apenas se pelo menos dois
terços dos distritos aprovassem. Houve e continua a haver
modificações nos Artigos de Fé da igreja, mas apenas após
cuidadosa deliberação e consenso da igreja.
Os superintendentes gerais da igreja funcionavam muito
como bispos em outras igrejas. Seu papel, conforme declarado no
Manual atual, é "fornecer liderança espiritual apostólica e
visionária, articulando missão, lançando visão, ordenando
membros do clero, propagando coerência teológica e fornecendo
supervisão administrativa geral e jurisdicional para a igreja em
geral". Na época, o clero incluía presbíteros e diaconisas. As

IDENTIDADE NAZARENA 16
diaconisas eram mulheres que ajudavam a igreja em vários
ministérios de compaixão e os presbíteros professavam um
chamado para pregar, haviam concluído um curso de estudo
exigido e serviam a igreja como pastores, educadores,
administradores e missionários.
Os nazarenos imaginaram que sua missão seria para os
pobres negligenciados, mas muitos daqueles que se reuniram do
Oriente e do Ocidente em 1907 em Chicago eram de classe média.
Observadores da parte rural do sul da América se perguntavam se
pessoas verdadeiramente sagradas poderiam falar com sotaque da
Nova Inglaterra ou se vestir tão bem quanto os nazarenos. Os
sulistas, compostos em sua maioria por arrendatários pobres e
poucos proprietários de terras, desistiram de “vestimentas caras”,
até mesmo alianças de casamento, para simplificar suas vidas e
doar mais de seus poucos ganhos para escolas e missões de
santidade. Eles adoravam em pequenas construções de madeira.
Eles se comprometeram a fazer a sua parte, mesmo que pequena,
na evangelização do mundo. Sua visão e seu compromisso eram
grandes. Mais de vinte por cento do que arrecadaram para todos
os fins foi para missões estrangeiras. A Igreja da Santidade de
Cristo enviou missionários para a Índia, Japão e México. A igreja
universitária da Universidade de Santidade do Texas, perto de
Greenville, que se uniu à Igreja do Nazareno em 1908, poucos
meses antes da Assembleia do Ponto Piloto, havia enviado o
jovem Harmon Schmelzenbach para a África do Sul. Para a
surpresa dos sulistas, os nazarenos urbanos que se reuniram em
Chicago, incluindo os de Los Angeles, Seattle, Boston e
Brooklyn, pregaram, oraram, gritaram e testemunharam a
santidade de coração tão poderosa e sinceramente quanto eles
próprios possuíam o mesmo senso de missão para o mundo.
Uma busca comum por ordem, bem como a necessidade
de sustentar as missões, acabou atraindo os sulistas, como os
orientais e ocidentais, em direção à união. No final do século XIX,

IDENTIDADE NAZARENA 17
em reuniões campais ocasionais e reavivamentos, certos
evangelistas de santidade pregavam sobre cura ou a Segunda
Vinda em vez de enfocar na santificação. Alguns extremistas
ensinaram que após a inteira santificação, um crente pode
encontrar uma terceira bênção que eles denominaram "batismo de
fogo". Alguns reivindicaram visões. Um pequeno número ensinou
que as pessoas de santidade devem se abster não apenas de álcool
e fumo, mas de chá, café e até de relações conjugais com suas
esposas ou maridos. Os líderes da Associação Nacional de
Santidade abominaram e suprimiram tal radicalismo, assim como
a maioria das pessoas que compareceram às reuniões campais de
santidade e avivamentos.
Essas pessoas, cuja experiência frequentemente dolorosa
do Metodismo e outras denominações, deixando família e amigos
para trás, constituíram os primeiros nazarenos, centraram-se na
santidade. “Com grande liberdade em relação a todas as coisas
não absolutamente essenciais à santidade”, escreveu Bresee
alguns meses antes da união de 1907 com a Associação de Igrejas
Pentecostais da América, “a única coisa que todos concordam é a
grande verdade, do poder de o sangue purificador por meio do
batismo com o Espírito Santo. Isso salvou da divisão, bem como
do mundanismo e do fanatismo”. Embora os primeiros nazarenos
acreditassem na cura divina, eles temiam que a ênfase dada a ela
os desviasse do evangelho. Embora eles acreditassem na Segunda
Vinda, eles não eram dogmáticos o suficiente para reivindicar a
sanção bíblica para o pré-milenismo ou qualquer outra versão
particular da Segunda Vinda.
Os partidários do movimento de santidade e do início da
história da Igreja do Nazareno incluíam não apenas os metodistas,
mas também aqueles de várias origens, incluindo batistas e alguns
presbiterianos. Da mesma forma, eles vieram da Sociedade de
Amigos e do Exército de Salvação, os quais não celebravam os
sacramentos. Os metodistas batizavam bebês, mas outros não.

IDENTIDADE NAZARENA 18
Teologias e práticas de batismo, com uma longa história de
divisão entre protestantes, não preocupavam abertamente os
primeiros nazarenos. Como disse Bresee: “Um nazareno pode ser
curado pela fé ou adoecer de morte, ser um pré ou pós-milenista,
e conhecer o poder do sangue no Espírito Santo e gritar seu
caminho triunfante para a glória infinita do reino de muitas
mansões. Mas uma coisa é sempre prevalecente e predominante:
O sangue de Jesus Cristo, Seu filho, nos purificou de todo
pecado”.
Assim como Wesley pretendia com os metodistas, o
propósito era “cristianizar o cristianismo” sendo “fermento” ou
“levedura” dentro do todo. Os nazarenos deviam ser uma igreja
dentro da Igreja, com uma responsabilidade contínua para com a
Igreja. Os metodistas na Grã-Bretanha, logo após a morte de
Wesley, se organizaram como outros corpos dissidentes fora da
Igreja da Inglaterra. Agora, da mesma forma, as pessoas de
santidade na América buscaram consolidação para sustentar a
vitalidade da santidade. Em vez de permanecer um grupo
marginalizado dentro do Metodismo, as pessoas de santidade
acreditavam que a melhor maneira de propagar a santidade dentro
do Cristianismo e, ao mesmo tempo, de combater o extremismo,
era se organizar. Enquanto as pessoas de santidade que se
tornaram nazarenos temiam o ritualismo e o formalismo na
adoração, eles também temiam o fanatismo. Após a virada do
século vinte, a ameaça do pentecostalismo apressou ainda mais as
pessoas da santidade a se organizarem em denominações.
Essas pessoas de santidade que se reuniram em Chicago
em 1907 e em Pilot Point em 1908 almejavam que a Igreja do
Nazareno fosse uma igreja de grande porta voz, não uma seita de
mente estreita - uma igreja capaz de abranger o mais amplo
espectro possível de pessoas e lugares que se unem em torno de
um essencial. Bresee não encontrou simplesmente uma missão
para os pobres negligenciados, embora os pobres fossem queridos

IDENTIDADE NAZARENA 19
em seu coração. Bresee tinha convicções firmes sobre a proibição
de bebidas alcoólicas e instou os membros a votarem apenas em
candidatos políticos que apoiariam a supressão dos bares.
Bresee não pretendia, porém, que a igreja representasse
posições políticas partidárias. A Igreja do Nazareno era uma
“igreja dos crentes” na tradição Metodista. Ou seja, aqueles que
vieram de denominações mais antigas queriam uma membresia
composta apenas de crentes nascidos de novo. Não bastava ter
nascido em um lar cristão ou criado em uma boa igreja; para ser
um membro nazareno, era necessário ter passado por uma
conversão clara e pessoal. Os nazarenos estavam clamando para
si, serem metodistas. Mas eles eram mais do que isso. Isso não foi
motivo suficiente para se separarem.
Eles estavam comprometidos com a experiência e doutrina
da inteira santificação. Essa era a sua razão de ser. Os orientais e
ocidentais estavam tão desejosos de abraçarem os sulistas na
união de Chicago em 1907, que a Assembleia acrescentou um
Artigo de Fé afirmando a Segunda Vinda de Cristo, uma questão
de importância entre pessoas insatisfeitas do Sul, e uma
declaração adicional em “Conselhos Especiais” afirmando Cura
Divina. Nenhuma das declarações foi tão forte quanto os sulistas
desejavam. O Artigo de Fé da Segunda Vinda disse
explicitamente que a igreja não considerava as “numerosas
teorias” sobre a Segunda Vinda como “essenciais para a salvação”
e, assim, concedeu aos membros “plena liberdade de fé” com
relação a este assunto. Tão ampla foi a posição da igreja sobre a
Segunda Vinda que um pós-milenista convicto, A. M. Hills, e um
milenarista decidido, Olive Winchester, puderam ensinar por
décadas ao lado de pré-milenistas convictos nos departamentos de
religião das faculdades da igreja.
A questão de adicionar regras ao Manual Nazareno veio à
tona na Assembleia de 1908 em Pilot Point. A Igreja da Santidade
de Cristo convidou a Igreja do Nazareno para realizar sua

IDENTIDADE NAZARENA 20
Assembléia lá, apenas um ano após a Assembléia de Chicago,
com a esperança e antecipação da união. A própria Igreja da
Santidade de Cristo foi o produto da fusão de 1904 da Igreja de
Cristo do Novo Testamento, liderada por Mary Lee Harris, e a
Igreja Independente de Santidade, liderada principalmente por C.
B. Jernigan.
Para apaziguar os sulistas, a assembleia votou para
adicionar uma “regra especial” sobre o cigarro, insistindo que
“aqueles a quem temos comunhão como membros da Igreja
devem estar livres deste mal, tanto no uso quanto na venda”. O
fato de os sulistas quererem uma regra contra o cigarro, uma
cultura básica nos estados do sul, marcou não apenas sua
compreensão da santidade, mas sua marginalidade dentro das
culturas de plantação de tabaco. Os sulistas também defenderam
uma declaração de que os membros da igreja "se abstenham de ser
membros ou ter comunhão com as lojas e fraternidades mundanas,
secretas ou sob juramento". A posição contra as sociedades
secretas visava principalmente contra os maçons, visto que não
poucos metodistas proeminentes (incluindo o presidente
americano William McKinley) se juntaram à maçonaria.
Pessoalmente, Bresee acreditava que tais assuntos, embora
importantes, poderiam ser deixados para negociações internas
entre um crente e o sempre convincente Espírito Santo. Mas, para
formar uma denominação verdadeiramente nacional, ele estava
disposto a se comprometer e inserir declarações sobre essas
questões no Manual. Quando os sulistas insistiram ainda mais em
uma regra que proibia joias, incluindo alianças de casamento, o
ex-metodista H. D. Brown de Seattle se cansou. A união não valia
o preço do legalismo. "Sr. Presidente ", disse Brown," deixe-os ir.
" Mais uma vez, à medida que o debate sobre as regras continuava,
“Sr. Presidente, deixe-os ir”. “Não podemos deixá-los ir”, disse
finalmente Bresee, que presidia a Assembleia. “Eles são nossos
próprios pais.” O Manual acrescentou linhas contra “indulgência

IDENTIDADE NAZARENA 21
com o orgulho no vestuário ou comportamento” e silenciosamente
removeu o anel do ritual do matrimônio. A votação foi unânime a
favor da união. Numa época em que o Norte e o Sul ainda
separavam as denominações Metodista, Presbiteriana e Batista, a
Igreja do Nazareno do Norte, do Sul, do Leste e do Oeste se
uniram.
De muitas maneiras, os nazarenos se posicionaram em
contraste com as normas predominantes de cultura. No entanto,
como a maioria dos americanos, aqueles na assembleia de 1908
não incluíam afro-americanos. Ainda assim, no ano anterior, no
auge das leis discriminatórias raciais no sul dos Estados Unidos
que segregavam e subjugavam os afro-americanos, a Associação
de Santidade do Texas havia aprovado uma resolução sobre "O
Problema da Raça". “Com humilhação, confessamos que nós e
nossos pais, da raça branca, deste país, não temos feito tanto
quanto poderíamos ter feito para o bem-estar e o avanço da raça
negra e estamos dispostos a fazer nossa parte na culpa pelo
sentimento não vizinho e não fraterno que surgiu e parece estar
crescendo a cada dia.”
A raça branca, disse a Associação do Texas, deve tomar a
iniciativa de “corrigir o erro e efetuar a reconciliação e, se
tivermos o espírito de Cristo, para realizar isso, estaremos
dispostos até mesmo a renunciar a alguns de nossos direitos e
preferências, sofrer o que é errado em vez de fazer o que é errado”.
A Associação do Texas prometeu seu apoio a qualquer pessoa que
pudesse sentir um chamado especial para o trabalho entre os
“negros”. No entanto, infelizmente, a união de pessoas de
santidade com pensamentos semelhantes em Pilot Point, prestou
mais atenção às regras do que à raça. Mais de oitenta anos depois,
nazarenos de Los Angeles elegeram Roger Bowman, um afro-
americano, como Superintendente Distrital.
A Assembleia de Pilot Point precedeu por mais de uma
década os debates que dividiram as denominações presbiterianas

IDENTIDADE NAZARENA 22
e batistas em campos modernistas e fundamentalistas. As batalhas
sobre a inerrância bíblica e a evolução não foram nossas batalhas.
Estas não foram as questões sobre as quais os nazarenos surgiram.
O Manual da Igreja Evangélica do Povo, a igreja mãe no Oriente,
declarou: “Cremos que a Bíblia Sagrada, contendo as Escrituras
do Antigo e do Novo Testamento, é a revelação da verdade divina
e o registro da vontade de Deus, a partir de onde derivamos todo
o conhecimento correto da verdade e do dever religioso; e que é a
única regra suficiente da fé e prática de um cristão. ” Da mesma
forma, a Constituição de 1897 da Associação de Igrejas
Pentecostais da América declarou que as Sagradas Escrituras
eram "Sua Palavra inspirada e a única regra de fé e prática". O
Manual Nazareno afirmava simplesmente que as Sagradas
Escrituras são “dadas por inspiração divina, revelando a vontade
de Deus a nosso respeito em todas as coisas necessárias à nossa
salvação; de modo que tudo o que não está contido nele, e não
pode ser provado por meio disso, não deve ser prescrito como um
artigo de fé”. Os nazarenos tomaram essa declaração quase
literalmente da Igreja da Inglaterra. Colocou ênfase no propósito
da Bíblia, para mostrar aos homens e mulheres o caminho para a
salvação.

A Propagação e o Crescimento da Santidade na Denominação


Nazarena
As pessoas de santidade acreditavam que uma vida
santificada era marcada pelo amor e que o amor impelia ao
serviço. No sul rural, a Igreja de Cristo da Santidade mantinha os
chamados "chalés de resgate". Nessas casas, as mulheres grávidas
deram à luz seus bebês longe de olhares indiscretos e boca
fofoqueira e, se quisessem, podiam deixar seus bebês nas mãos de
profissionais que cuidariam deles, que encontrariam um lar para
eles entre as famílias cristãs.

IDENTIDADE NAZARENA 23
Com o passar das décadas, os reavivamentos e reuniões
campais continuaram sendo uma grande parte da igreja em todo o
mundo, bem como na América do Norte. Aqueles que herdaram a
igreja de seus pais temiam declinar dos propósitos e práticas dos
fundadores e desejavam permanecer fiéis à herança piedosa de
seus pais. Não muito diferente da segunda geração de movimentos
semelhantes, os nazarenos se perguntavam como eles poderiam
manter a “glória aqui embaixo”. Além de uma administração
eficiente, a segunda geração tentou manter “o ritmo acelerado”.
Eles pregaram e cantaram em voz alta e longa, repetindo
terminologia de santidade e regras rígidas. Durante a Grande
Depressão, os nazarenos sacrificaram-se de muitas maneiras para
manter as escolas nazarenas abertas e os missionários no campo.
Eles venderam joias e propriedades. Eles oraram e jejuaram. Per
capita, os nazarenos deram mais do que membros de outras
denominações maiores. Durante a década de 1930, em
membresia, a Igreja do nazareno era a denominação de
crescimento mais rápido na América.
Quando os Superintendentes Gerais Roy T. Williams,
John Goodwin e James B. Chapman fizeram seu discurso
quadrienal à Assembleia Geral de 1940, após uma década de
notável crescimento da igreja, eles descreveram a Igreja do
Nazareno como “uma religião que combina cabeça e coração,
razão e emoção”. Os Superintendentes Gerais temiam que a igreja
pudesse diminuir seus padrões. “Fracassar aqui”, disseram, “é
colocar em risco a doutrina, o governo, as políticas, os objetivos
e os padrões éticos pelos quais temos sido um povo chamado.”
Ao mesmo tempo, os Superintendentes Gerais advertiram
que o legalismo, que eles definiram como “lei sem amor”,
afastaria a igreja da graça. Eles viram no futuro os perigos do
profissionalismo, que estava substituindo credos e programas pela
presença e poder do Espírito Santo.

IDENTIDADE NAZARENA 24
Durante a Segunda Guerra Mundial, o diretor de missões
C. W. Jones esteve parado e esperando pela paz antes de enviar
um acúmulo de novos recrutas missionários ansiosos. A igreja
acumulou recursos financeiros para expansão. As doações para o
programa de missões estrangeiras da igreja mais do que dobraram
durante a guerra, alcançando bem mais de meio milhão de dólares
em 1944. J. B. Chapman fez um apelo para doações e mobilização
ainda maiores. As possibilidades de entrar em novos campos
entusiasmaram os líderes da igreja e os leigos. O número de
missionários era de 78 em 1944, mas ultrapassava 200 em 1948,
300 no final do próximo quadriênio em 1952 e mais de 400 em
1960. Em 1976 havia 550 missionários nazarenos. Prosperidade
significava que os nazarenos não precisavam viver de maneira tão
simples para financiar seus colégios e programa de missões.
Como outros, eles se mudaram de fazendas e cidades do interior
para os subúrbios dos grandes centros.
Outra geração, amadurecendo durante a turbulência social
das décadas de 1960 e 1970, chamou de volta à memória coletiva
John Wesley como teólogo e reformador social. Os escritos e o
espírito de John Wesley se tornaram um meio de redefinir e
reposicionar a igreja. Relembrando o movimento de santidade do
século XIX, bem como a paixão de Bresee pelos pobres urbanos,
quando calamidades atingiram a Guatemala em 1976, os
nazarenos começaram grandes obras de compaixão. Esse foi um
novo começo para a resposta localizada da igreja à devastação,
fome e pobreza. Voltando-se para sua própria história urbana e
preferência pelos pobres, os nazarenos também começaram a
buscar a regeneração em cidades destruídas. Eles estenderam a
mão para as minorias étnicas e acolheram os emigrantes de seus
próprios campos de missão. Começaram as congregações crioulas
haitianas e de língua espanhola. Os nazarenos desenvolveram
processos justos de internacionalização da igreja que permitiriam
a qualquer nazareno de todo o mundo uma representação

IDENTIDADE NAZARENA 25
completa. Essas evidências de divindade prática não alteraram o
alto valor que a igreja dava à organização, ou a tentação dos
nazarenos locais, agora livres de características embaraçosamente
identificadoras de vestimenta e comportamento e regras onerosas,
para se acomodar à cultura e se vincularem às práticas sociais e
ventos políticos. Embora o institucionalismo pairasse sobre a
igreja, o Espírito de Deus se agigantou mais do que isso, e
irrompeu de novas maneiras e com novas palavras em meio à
estrutura. Essa é a fé nazarena, que Deus pode santificar e usar a
humanidade, significando não apenas indivíduos, mas estruturas,
até mesmo igrejas. O historiador nazareno Mendell Taylor disse
há muitos anos que sempre que as estruturas denominacionais
bloqueiam ou impedem o movimento do Espírito, que é como um
rio poderoso, Deus cria outro canal.
Deus continua levantando pessoas entre as quais ele é
capaz de derramar seu Espírito. O próprio Bresee disse: “Se os
canais forem mantidos abertos, a graça de Deus continuará a fluir
através de nós para (mulheres e) homens”. Continuaremos um
povo entre quem Deus está derramando seu Espírito? Um povo
que escuta a sua voz, conforme à sua vontade? Caminhamos ao
lado e conversamos com Cristo, que cada vez mais se revela e
dirige os nossos caminhos ao nosso destino. Não somos apenas
dois, mas mais de dois milhões e meio. Podemos ser um povo que
escuta e responde criativamente ao movimento do Espírito de
Deus. Ainda estamos no processo de nos tornar o que
pretendemos ser. Não chegamos. Somos um povo que ainda está
em jornada, um povo com uma missão.

QUESTÕES DE DISCUSSÃO
1. Qual foi o propósito sobre o qual a Igreja do Nazareno
foi formada? De que forma sua congregação local ainda está
alinhada com este propósito?

IDENTIDADE NAZARENA 26
2. O que você acha da ideia de “cristianizar o cristianismo”
como base para alcançar os incrédulos? Como isso ficaria no
mundo de hoje e em sua igreja local?
3. Quais eram algumas das coisas que distinguiam a Igreja
do Nazareno de outras denominações? Você ainda acha que essas
distinções estão presentes? Você ainda acha que essas distinções
são necessárias?
4. A sua igreja local tem um coração e uma ênfase nos
pobres e marginalizados? Esta é uma ênfase importante para os
nazarenos? Por que sim ou por que não?
5. Quais são alguns dos compromissos que foram feitos
para a união que o surpreendeu? Alguma dessas mesmas questões
ainda causa divisão em sua igreja local? O que podemos aprender
com Bresee e outros sobre consentimentos? E unidade em meio
às diferenças?
6. Qual é o sistema de governo da Igreja do Nazareno? Por
favor, consulte o Manual da Igreja do Nazareno 2017-2021. Quais
partes são difíceis de entender?

CAPÍTULO 3 - SANTIDADE NO PENSAMENTO,


PALAVRA E AÇÃO
Por mais de cem anos, como os nazarenos caminharam
com Cristo, nosso desejo não tem sido principalmente transmitir
doutrina. Em vez disso, somos consumidos por um
relacionamento correto com Deus em Cristo por meio de seu
Espírito. Possuir e transmitir doutrinas que não são
experimentadas é chamado de escolástica. No entanto, ao mesmo
tempo, a doutrina fornece a estrutura intelectual por meio da qual
o Espírito opera. O próprio chamado à santidade impeliu uma
comunicação simples em todas as gerações e culturas.
Wesley e a Mensagem de Santidade dos nazarenos
acreditam que a mensagem de santidade penetra na Bíblia e flui
ao longo da história da Igreja. Monges contemplativos como

IDENTIDADE NAZARENA 27
Bernardo de Clairvaux e místicos católicos como Teresa de Ávila
basearam-se nas tradições de pais gregos como Irineu e Gregório
de Nissa. Da mesma forma, o entendimento de Wesley sobre a
santificação foi influenciado pelos Pais Gregos (bem como pelos
Pais Latinos) a ponto de se poder dizer que ele falava santificação
com sotaque grego. A herança Wesleyana, por sua vez, deu à
Igreja do Nazareno um sotaque britânico, especialmente quando
os hinos de Charles Wesley (irmão de John) penetraram na vida
do movimento. “E pode ser”, por exemplo, implorou: “Ele morreu
por mim, quem causou sua dor, por mim, quem ele até a morte
perseguiu?” "Amor incrível! Como pode ser que Tu, meu Deus,
deva morrer por mim? " Outro verso dizia: "Por muito tempo meu
espírito aprisionado permaneceu, preso no pecado e na noite da
natureza." Então Deus "difundiu um raio vivificador" e eu, o
pecador, "acordei" e a "masmorra flamejou com luz!" “As
correntes caíram” - e eu me levantei e saí para seguir a Cristo.
Os hinos mantinham o movimento metodista unido tanto
em pensamento quanto em espírito. A Escritura preencheu as
linhas. Os hinos eram orações por santidade. Os hinos trouxeram
teologia ao povo. A Coleção de Hinos de Wesleys para o Uso do
Povo Chamado de Metodistas, publicada em 1780, forneceu, na
estimativa de John Wesley, um "relato distinto e completo ... do
Cristianismo Escritural”.
A Igreja do Nazareno se considerava a "descendência
legítima e histórica" de John Wesley, como escreveu B. F.
Haynes, o primeiro editor do “Arauto da Santidade”. “No que diz
respeito à doutrina, à experiência, à atividade evangelística e à fé
e esforço missionário,” a Igreja do Nazareno é a “sucessora direta
do movimento Wesleyano. Não há uma única verdade em que
acreditemos que não tenha sido enfatizada pelo Sr. Wesley”.
Bresee concordou que era o chamado da Igreja do
Nazareno revitalizar as doutrinas de Wesley, não criar novas. “A
Igreja do Nazareno não teve sua origem tanto no esforço de

IDENTIDADE NAZARENA 28
estabelecer uma verdade doutrinária”, disse Bresee, “como na
experiência da verdade já reconhecida”.
Seguindo Wesley, os nazarenos desejaram recuperar a
mensagem de santidade do Novo Testamento sem rejeitar os
ensinamentos da Igreja nos séculos intermediários. As crenças da
igreja, explicou Bresee, eram "as doutrinas ortodoxas comuns da
igreja". Os nazarenos aprenderam com as conclusões teológicas
dos primeiros concílios da igreja, conforme embutidas nos
Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra e da Igreja Metodista.
A linguagem do Credo Niceno penetrou nas declarações da Igreja
do Nazareno sobre o Deus Triúno, por exemplo. A igreja afirmou
“um Deus infinito, eternamente existente, Soberano do universo;
que Ele é apenas Deus, criativo e administrativo, santo em
natureza, atributos e propósito; que Ele, como Deus, é Triúno em
ser essencial, revelado como Pai, Filho e Espírito Santo”. Da
mesma forma, a Igreja do Nazareno atestou que Jesus Cristo “era
um com o Pai; que Ele se encarnou pelo Espírito Santo e nasceu
da Virgem Maria, de modo que duas naturezas inteiras e perfeitas,
isto é, a Divindade e a humanidade, estão assim unidas em uma
Pessoa, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, o Deus-homem”.

A Influência do Movimento de Santidade na Teologia


Nazarena
O reavivamento da Santidade contextualizou a mensagem
de Wesley para a América do Norte do século dezenove e levou
de volta para as Ilhas Britânicas. O trabalho de reinterpretar a
mensagem de santidade estava no coração da teóloga metodista
Phoebe Palmer. Ela realizou “Reuniões de Terça à Tarde para a
Promoção da Santidade” em sua casa na cidade de Nova York.
Palmer vinculou o batismo com o Espírito Santo ao momento da
inteira santificação.
O Pentecostes trouxe aos discípulos pureza e poder para
testemunhar com ousadia. Se os crentes se consagrassem

IDENTIDADE NAZARENA 29
totalmente, fazendo a sua parte, Deus responderia, fazendo a sua
parte e santificando completamente. Ela disse àqueles que
exerceram fé para inteira santificação que acreditassem nas
promessas bíblicas. Uma das promessas, com base em Êxodo
29:37 e Mateus 23:19, era que o altar santificava a oferta. Isso foi
mais do que uma metáfora. Os reavivalistas encorajaram os
crentes a se curvarem ajoelhados no altar, para receberem ali
então a graça santificadora. O "caminho mais curto" de Palmer
para a santidade se encaixa no caráter utilitário e pragmático da
mentalidade americana. Enquanto Wesley disse aos seus
seguidores que pensavam que poderiam ser inteiramente
santificados, que esperassem até que houvesse segurança interior
e frutos do Espírito, Palmer encorajou as pessoas a testificarem
ousadamente sobre a segunda bênção.
Outro ponto de partida está relacionado à interpretação do
movimento de santidade da peregrinação dos israelitas do Egito à
Terra Prometida. Os evangelistas da santidade viam o novo
nascimento dos crentes como análogo à libertação dos israelitas
da escravidão no Egito, era sua libertação do pecado. Os quarenta
anos vagando no deserto corresponderam à vida cristã após o novo
nascimento, cheia de decepção, desobediência e derrota. A
travessia do Jordão para Canaã simbolizou a vitória que
aguardava os crentes em sua inteira santificação. Isso se afastou
de outras analogias cristãs em que a "passagem para o Jordão" era
a morte.
O apelo da santidade está relacionado com a percepção do
atual derramamento do Espírito Santo - não apenas sobre os
indivíduos, mas também sobre a sociedade. Charles Finney, um
reavivalista congregacional, em particular, trabalhou para
erradicar a escravidão e como presidente da Faculdade de Oberlin
para educar mulheres e afro-americanos. Finney enfatizou a
devoção consistente à vontade de Deus. A santificação
“completa” era, para ele, a contínua dependência do crente de

IDENTIDADE NAZARENA 30
Deus. A leitura que Finney fez de Wesley e teólogos metodistas,
bem como seu próprio estudo, o convenceu de que o batismo com
o Espírito Santo seguiu o novo nascimento e que o Pentecostes
cumpriu a promessa do Espírito Santo do Antigo Testamento.
A adoração nazarena foi produto do reavivamento. Não
havia muitos rituais ou liturgias. Em vez disso, havia hinos e
canções animadas e cantáveis que transmitiam a mensagem de
santidade. A metodista Fanny Crosby escreveu “O Resgate dos
que estão perecendo” em 1869, após visitar uma missão no centro
da cidade de Nova York. O apelo do hino não era para julgar ou
condenar, mas para estender a mão com piedade, "chorar o que
está errado". Sentindo a ternura, crianças e jovens juntaram-se aos
adultos na adoração. Os testemunhos, a música e as ilustrações do
sermão agradaram às crianças. Todos esses elementos
direcionaram os ouvintes para a submissão à Palavra.
Enquanto muitos dos hinos de Wesley eram orações por
santidade, o movimento de santidade corajosamente afirmou a
presente obtenção da graça santificadora. “Santidade ao Senhor”,
escrita em 1900 pela metodista Lelia Morris, tornou-se a bandeira
não oficial ou “palavra de ordem e canção” da Igreja do Nazareno.
Deus chama a igreja para fora do mundo. Deus permite que seu
povo seja “filho da luz” e ande com Jesus em “vestes brancas”,
sem ser manchado ou contaminado enquanto tudo ao redor era
escuridão e pecado. A ênfase era wesleyana: que santidade era
“não nossa própria justiça”, mas “Cristo dentro de nós” - vivendo,
reinando e salvando do pecado.
A tradição do avivamento enfatizou os momentos
decisivos tanto da conversão quanto da inteira santificação. O
pecador mais endurecido pode entrar em uma reunião de
avivamento e ouvir o evangelho, pode encontrar a coragem para
se apresentar durante a "chamada de altar", pode se ajoelhar ali
arrependendo-se ardentemente e pode imediatamente encontrar o
perdão, descanso e paz de Cristo.

IDENTIDADE NAZARENA 31
Além de ser um meio de formar adultos em cristãos, a
conversão era um rito de iniciação para as crianças e adolescentes
da igreja. Eles viram a vida de seus pais, participaram de devoções
familiares, frequentaram a Escola Dominical, leram a Bíblia o
melhor que podiam, ouviram testemunhos, testemunharam
chamados ao altar e responderam à Palavra. Em uma "igreja de
crentes", crianças e adolescentes precisavam se arrepender
pessoalmente e buscar o perdão de Cristo. Da mesma forma,
aqueles que foram “salvos” procuraram o pecado remanescente.
Os pregadores descreveram o pecado como “Adâmico”, pecado
original, consistindo em carnalidade, orgulho de si mesmo,
idolatria e egocentrismo. Esse pecado remanescente poderia ser
purificado por uma “segunda obra da graça”, e essa era a
expectativa daqueles que cresceram na igreja.
Esse tipo de narrativa percorreu os testemunhos de
milhares. Uma história frequentemente contada é a de Reuben
“Bud” Robinson, um caubói gago, analfabeto e viciado quando
ele tropeçou em um avivamento aos 20 anos e foi salvo. De lá, ele
recebeu um chamado para pregar. Relutantemente concedida uma
licença para pregar pelos metodistas, Robinson passou a trazer
centenas de pessoas a Cristo. Enquanto pregava com avivalistas
de santidade, ele ouvia e repetia a mensagem de santidade, ele
buscava a inteira santificação, por dez anos. Finalmente, em um
milharal, após uma discussão com uma mula teimosa, ele foi
santificado.
“A raiva ferveu, e Deus a limpou, e o orgulho ferveu, e
Deus o limpou, e a inveja ferveu e Deus a limpou, até que pareceu-
me que meu coração estava perfeitamente vazio. Eu disse: Senhor,
não sobrará nada de mim... Deus parecia dizer, 'não sobrará muito,
mas o pouco que houver ficará limpo”. O ministério de Robinson
tornou-se ainda mais eficaz. Outro nazareno de primeira geração,
James Chapman, testificou que em certa noite de setembro de
1899, quando ele tinha 15 anos, ele se convenceu de que Cristo

IDENTIDADE NAZARENA 32
“perdoou meus pecados e me fez seu filho”, e “que na noite
seguinte ele santificou-me totalmente”.
A influência do avivamento de santidade sobre a Igreja do
Nazareno veio por muitos canais. A. M. Hills, um
Congregacional, juntou-se à igreja em 1912. Quando jovem, Hills
obedeceu aos ensinamentos de Finney. Depois de se formar em
Oberlin, Hills foi para a Yale Divinity School, onde estudou com
professores se livrando dos vestígios do calvinismo.
Posteriormente, Hills pastoreou igrejas em Ohio e Pensilvânia e,
em seguida, iniciou o evangelismo. Em 1895, ele professou a
inteira santificação e rapidamente alcançou destaque entre os
evangelistas da santidade. Sua Santidade e Poder (1897) reuniu
relatos históricos e contemporâneos. Hills tornou-se presidente
fundador da Universidade de Santidade do Texas e serviu em
outras escolas como administrador e professor, incluindo a
Missão Star Hall em Manchester, Inglaterra. Mais tarde, ele
ensinou na Faculdade de Pasadena.
Sua Teologia Cristã Fundamental em dois volumes
(1931), compilada de escritos anteriores, está repleta de diatribes
contra o Calvinismo.49 Hills defendeu o batismo infantil, o pós-
milenismo e o livre arbítrio como uma habilidade natural da
humanidade caída. O último ponto, como Hills sabia, diferia de
Wesley. Para Wesley, quando Adão caiu, a humanidade perdeu
sua capacidade de escolher o que era bom; o livre arbítrio era um
benefício universal da expiação.
A graça permitiu que os seres humanos escolhessem o
bem. Os nazarenos ensinaram: Desde o pecado e queda de Adão,
todos estão sem vida espiritual, e por impulso e disposição
naturais são avessos a Deus e à santidade e inclinados ao pecado.
Não é possível que alguém se volte e se prepare por sua própria
habilidade natural, para a fé e invocar a Deus, ou para fazer boas
obras aceitáveis e agradáveis a Ele, sem o Espírito capacitador e

IDENTIDADE NAZARENA 33
a graça de Deus, que são livremente oferecidas a todos os homens
por nosso Senhor Jesus Cristo.
Hills achou que essa declaração era muito próxima do
calvinismo que seus professores tanto em Oberlin quanto em Yale
o ensinaram a rejeitar. No final do século dezenove, os teólogos
metodistas também se afastaram de Wesley neste ponto e
ensinaram o livre arbítrio à parte da graça. A Teologia Cristã
Fundamental de Hills esteve no Curso de Estudo Nazareno por
apenas dois quadrênios, 1932-1940, mas seus ensinamentos
tiveram uma influência duradoura.

A Natureza da Teologia Nazarena


A Assembleia Geral de 1919 encarregou H. Orton Wiley
de escrever a teologia sistemática oficial da igreja. O primeiro dos
três volumes apareceu em 1940. Durante os vinte anos que Wiley
levou para escrever “Teologia Cristã”, ele serviu por dez anos
como presidente do Northwest Nazarene College, e depois como
presidente (pela segunda vez) do Pasadena College. Wiley, um
jovem protegido de Bresee, realizou sua educação teológica na
Pacific School of Theology e leu teólogos metodistas,
particularmente John Miley.
Enquanto Wiley escrevia, ao abordar qualquer doutrina
em particular, ele primeiro mergulhou nas Escrituras. Em seguida,
ele descreveu o desenvolvimento da doutrina na igreja. Isso o
levou a escritores antigos, que leu no original grego ou latim, e
teólogos medievais e reformados. Wiley manteve a Igreja do
Nazareno leal às posições clássicas da fé cristã. A doutrina cardeal
da justificação pela fé colocava os nazarenos diretamente com
outros protestantes. Ao mesmo tempo, Wiley poupou a igreja do
fundamentalismo ao não identificar seu ensino com o pré-
milenismo e ao insistir que a autoridade da Bíblia repousava
naquilo para o qual Deus a pretendia. Por exemplo, Wiley
sustentou que o "hino da criação" de Gênesis respondia quem era

IDENTIDADE NAZARENA 34
Deus, não como ou quando ele criou o universo. Outro sinal que
significava a distância da Igreja do Nazareno do
Fundamentalismo era o seu apoio inabalável ao privilégio de uma
mulher de estar envolvida em todos os ministérios e para ser
ordenado.
Os hinos popularizaram a teologia nazarena. Haldor
Lillenas era para a hinologia nazarena o que Charles Wesley era
para o metodismo. "Liberdade Gloriosa", de Lillenas, reviveu a
imagem de Charles Wesley de estar acorrentado em uma
masmorra, "preso no pecado e na noite da natureza." Somente o
Grande Emancipador poderia quebrar os “grilhões do pecado” e
acabar com a luta contra o pecado - inveja, ódio e contenda,
ambições vãs e mundanas e, em resumo, toda aquela vida
entristecida. Cristo libertou-nos do orgulho e do amor ao ouro, do
mau temperamento e da raiva. A canção mais conhecida de
Lillenas fora da Igreja do Nazareno é "Maravilhosa Graça de
Jesus", escrita em 1918. Através do "poder transformador" da
graça, mesmo os mais contaminados são feitos para ser "o filho
querido de Deus". A graça é maior do que nossos pecados.
Por um século, ao redor do mundo os hinos nazarenos
promoveram um senso de ethos denominacional e lealdade.
Honorato T. Reza traduziu as canções de Lillenas, bem como os
hinos de Charles Wesley e o avivamento da santidade, para o
espanhol. Em 1962, a Igreja do Nazareno publicou Gracia y
Devocion: Himnario para el Uso De Las Iglesias Evangelicas.
Como os metodistas, os nazarenos cantavam sua teologia, ela
penetrava em suas mentes e corações.
Os nazarenos foram além do “triunfalismo da santidade”,
o que sugeria que todos os problemas eram espirituais e podiam
ser resolvidos por justificação ou santificação. O professor Louis
A. Reed do Seminário Teológico Nazareno admitiu em 1947: "É
muito possível que uma pessoa possa ser um bom cristão e ainda

IDENTIDADE NAZARENA 35
ter transtornos mentais”. Aqueles "salvos e santificados" não
devem esperar estar em estados perpétuos de alegria e felicidade.
Lewis Corlett em 1952, mesmo ano em que se tornou
presidente do Seminário Teológico Nazareno, comentou que as
enfermidades fisiológicas e psicológicas e a própria sociedade
moderna, não permanecendo pecado, produziam depressão. Seu
próprio irmão, D. Shelby Corlett, teve que renunciar em 1948 de
seus 12 anos como editor do Herald of Holiness, devido à
depressão. O motivo da depressão, escreveu Lewis Corlett,
“reside no aspecto físico e mental, e não no espiritual”.
A humanidade deve ser diferenciada da carnalidade, disse
J. Kenneth Grider. Pedro ainda tinha preconceito contra os gentios
e tinha muito a aprender mesmo depois do Pentecostes, observou
Grider. Embora ninguém nascesse com preconceito racial, isso
certamente poderia fazer parte da educação de uma pessoa e,
assim, tornar-se uma parte involuntária de seu pensamento e
comportamento. Normalmente, os nazarenos consideravam
“temperamento e raiva” como resultado do mal.
Grider disse que pode ser da carnalidade, mas também
pode ser o resultado da personalidade ou educação de uma pessoa.
Alguns podem ser naturalmente propensos a emoções rápidas.
Isso não era desculpa para não terem maior controle nessa área de
suas vidas; deve-se crescer na graça. No entanto, o ponto trouxe
grande alívio para os nazarenos, para quem perder a paciência era
um problema remanescente depois de muitas viagens para o altar
de joelhos. Como resultado, a pregação nazarena na década de
1970 em diante tornou-se menos orientada para a crise e mais
focada nas necessidades. Nem todo sermão precisa terminar em
uma chamada de altar; nem todo problema espiritual, muito
menos psicológico, pode ser resolvido dessa forma. Leigos
nazarenos, incluindo pastores e seus cônjuges, tornaram-se mais
abertos sobre depressão e outras dificuldades emocionais.

IDENTIDADE NAZARENA 36
O Reavivamento de John Wesley na Igreja do Nazareno
Esta avaliação do que a santificação pode ou não realizar
na vida de uma pessoa está relacionada à redescoberta de John
Wesley pela igreja. Além de sua compreensão da graça livre,
Wesley acrescentou a dimensão da graça preveniente - a graça que
“vai antes” de todos os seres humanos como um benefício
universal da expiação para conduzi-los a Cristo. Wesley forneceu
um corretivo necessário para as desvalorizações do movimento de
santidade sobre os processos de formação cristã e crescimento na
graça.
Um relato claro da perfeição cristã de Wesley mostrou que
a santidade não era absoluta ou infalível. Nem significou
liberdade de tentações ou enfermidades. A perfeição cristã sempre
foi “improvável” e centrada no amor. Wesley não ficaria surpreso
que Wiley e outros encontraram correntes teológicas mais amplas
do que apenas aquelas do movimento de santidade do século
dezenove, ou mesmo o próprio Wesley. Wesley acreditava que
seus ensinamentos eram totalmente bíblicos e baseados em
séculos de ensino da Igreja.
Mildred Bangs Wynkoop estava entre os teólogos
nazarenos influenciados por uma redescoberta de Wesley. Seus
pais ajudaram a fundar a Igreja do Nazareno em Seattle, e quando
jovem ela se lembrava de ter ouvido Bresee pregar. Wynkoop
estudou com Wiley no Northwest Nazarene College e no
Pasadena College, ajudando-o nos primeiros rascunhos de sua
Teologia Cristã. Ela começou a pós-graduação na casa dos
quarenta e, em 1955, obteve o doutorado em teologia. Ela e seu
marido, Ralph Wynkoop, pastorearam e viajaram como
evangelistas, e de 1960 a 1966 os Wynkoops serviram em Taiwan
e no Japão. No Japão, Wynkoop percebeu como era difícil para os
japoneses conceber o pecado; para eles, relacionamentos corretos
estruturam a sociedade. Wynkoop enfatizou que o pecado original
representava uma relação distorcida com Deus, não uma “coisa”

IDENTIDADE NAZARENA 37
a ser extirpada. Ela temia que existisse uma "lacuna de
credibilidade" entre o que os nazarenos professavam e como
viviam, e isso veio, em parte, de colocar a "circunstância" ou
"crise" de santidade acima de seu "conteúdo", que era amor, e
"objetivo, ”Que era a semelhança de Cristo”. Wynkoop disse que
a pessoa mantinha um relacionamento correto com Deus e com os
outros, vivendo fielmente de momento a momento na presença do
Espírito Santo. Wynkoop ensinou seus alunos a olhar além dos
dois primeiros versículos de Romanos 12 para ver o capítulo
inteiro como uma definição de santidade vivida em comunidade.
A Teologia do Amor de Wynkoop (1972) representou uma
mudança significativa na teologia da santidade.

Santidade Social Encarnada


De Wesley e Wynkoop, uma corrente de teologia da
santidade enfatizou a natureza social e coletiva da santidade.
Wesley defendeu a obediência ao estado e à igreja, e ainda
ofereceu o que seria chamado de opção preferencial pelos pobres.
Wesley disse: “Que a justiça, a misericórdia e a verdade governem
todas as nossas mentes e ações. Deixe nossos supérfluos cederem
às conveniências do nosso vizinho ... nossas conveniências às
necessidades do nosso vizinho; nossas necessidades até suas
extremidades”. O amor a Deus mudou os valores e modos de vida
dos seres humanos. O Sermão da Montanha (Mateus 5–7)
forneceu uma ética para este tempo e este lugar. Wesley descreveu
o pecado pessoal e sistêmico, a redenção pessoal e social.
Na terceira e quarta geração de um movimento, a
recuperação de um passado esquecido justifica uma nova direção
para o futuro. A geração que amadureceu durante a turbulência
social das décadas de 1960 e 1970 trouxe de volta à memória
coletiva de Wesley e dos movimentos sociais do século XIX.
Timothy Smith lembrou a uma geração de nazarenos que
"a busca da santidade do século XIX foi transformada em

IDENTIDADE NAZARENA 38
avenidas de serviço, em vez de atalhos da contemplação mística”.
Smith comentou: "A evidência tem se multiplicado que a
pregação da santidade vem de Francis Asbury e do tempo em
diante um importante catalisador para a participação Metodista no
movimento americano pela justiça social”. Tanto a Igreja
Wesleyana quanto a Igreja Metodista Livre se separaram da Igreja
Metodista Episcopal por causa de sua tolerância aos membros
escravistas. A busca pela santidade acompanhou as campanhas
antiescravistas, movimentos de concessão de pregação e direito
de voto às mulheres e, por ser uma questão social, a proibição do
álcool. Da mesma forma, foi lembrado, as pessoas de santidade
construíram orfanatos e lares para mães solteiras, e conduziram
missões de resgate em lojas para os sem-teto e pobres. Na própria
história do Nazareno, a igreja tinha um longo histórico de
preocupação social. Na China, o trabalho nazareno incluiu o
Bresee Memorial Hospital e projetos como a distribuição de
socorro da Cruz Vermelha em tempos de fome, ajudando a
construir uma barragem para evitar que o Rio Amarelo, que fluía
através da área onde estavam os nazarenos, inundasse,
supervisionando a construção de uma estrada de asfalto de
Handan a Daming, e iniciando as indústrias de fabricação de
tijolos e cestaria. A igreja forneceu um sistema de escolas
primárias para meninas e meninos. Um missionário ensinou
mulheres idosas a ler. Embora tais ministérios caracterizassem os
campos de missão, nos Estados Unidos a unidade da ética pessoal
e social foi rompida na década de 1920, durante a polêmica
fundamentalista-modernista. As denominações de santidade
enfatizaram a santificação pessoal e a transformação social
metodista.
Na vanguarda do movimento do evangelho social e do
ecumenismo, os metodistas enfatizaram o gênio organizacional de
seu fundador e sua ênfase na experiência religiosa - mas não em
sua teologia. Eles citaram (fora do contexto de um sermão que

IDENTIDADE NAZARENA 39
tinha muito a dizer sobre a importância da ortodoxia cristã) a
declaração de Wesley, "se seu coração está certo, dê-me sua mão."
Os grupos de santidade, entretanto, recuaram. Eles não cobiçavam
influência na sociedade.
Eventualmente, no entanto, os nazarenos perceberam que
o amor semelhante ao de Cristo precisava de envolvimento e
buscaram a reintegração da santidade pessoal com compromisso
social. O Diretor de Missões Domésticas, Raymond Hurn,
escreveu que a igreja não deve rastejar em seu “pequeno enclave,
polir os santos, recusar o contato com estranhos, manter a piedade
pessoal e perder totalmente a verdadeira missão de Cristo no
mundo”.
O Livro de Wynkoop “John Wesley: Christian
Revolutionary” (1970), se encaixava em uma época em que
protestos e violência destruíram muitas sociedades. Na América,
as origens da ruptura social foram raciais e econômicas, bem
como geracionais. Wynkoop lembrou aos nazarenos que “o que
nossos antepassados [de santidade] tinham, essencialmente, era o
espírito de revolução. Não eram pessoas calmas, confortáveis,
plácidas e imperturbadas. Eles fervilhavam de energia. Eles
tiveram visões que os enviaram quebrando barreiras de
impossibilidades. Eles sonharam e trouxeram realidades
vendidas”.
Wynkoop descreveu o wesleyanismo como "revolução
santificada". “Esta é a religião de um jovem”, ela exclamou. “Há
vida nela.” 64 A revolução santificada assumiu a forma de
compaixão. Na década de 1970, a compaixão se tornou um
elemento mais organizado na Igreja do Nazareno, assim como em
outras igrejas evangélicas. Um catalisador para a ação
denominacional foi um terremoto que sacudiu a Guatemala em
1975, onde os nazarenos tiveram um forte trabalho. O Fundo de
Reconstrução do Terremoto da Guatemala recebeu US $ 300.000.
Ao mesmo tempo, no Haiti, a igreja empreendeu um amplo

IDENTIDADE NAZARENA 40
programa de alimentação para acompanhar suas escolas primárias
e programas de alfabetização.
A situação política na Nicarágua separou as famílias
nazarenas, mas, durante o tempo de reconciliação política, a Igreja
do Nazareno juntou-se a outros protestantes em vários
movimentos de reabilitação.
Além dessas respostas à devastação, fome e pobreza, os
nazarenos alcançaram as minorias étnicas em cidades devastadas
como Nova York, Washington, DC, São Francisco, Indianápolis
e Dallas, e receberam imigrantes de países como Vietnã e
Camboja, bem como seus próprios campos de missão.
Congregações de língua haitiana crioula e de língua espanhola
floresceram nas cidades americanas.
A própria compaixão pode ser estruturada. Em 1984, a
Igreja do Nazareno estabeleceu um Escritório de Ministérios de
Compaixão. Em novembro de 1985, a igreja realizou uma
Conferência Internacional sobre Ministério de Compaixão no
Seminário Teológico Nazareno em Kansas City. Os presentes
cantaram "Rescue the Perishing, Care for the Dying", de Fanny
Crosby, com um significado renovado. Para muitos, havia uma
conexão estreita entre evangelismo, compaixão e santidade.
No século vinte e um, os nazarenos, influenciados por uma
geração pós-denominacional e global, abraçaram estilos
contemporâneos de louvor e adoração. Guitarras, baterias e
teclados substituíram órgãos e pianos. O propósito das canções
mudou de afirmação teológica e inculturação denominacional
para adoração alegre. Os nazarenos cantaram as mesmas canções
cantadas em outras igrejas. À medida que se adaptaram aos
contextos culturais dos adoradores, a adoração manteve a intenção
missional de alcançar os perdidos.
A igreja também cresceu teologicamente. No século XXI,
teólogos da América Latina, África e Ásia colocaram novas
questões, como a relação entre o Espírito e o mundo espiritual, e

IDENTIDADE NAZARENA 41
a relação entre santidade e pobreza e opressão. O anseio por uma
teologia verdadeiramente bíblica e uma pregação autenticamente
bíblica acompanharam a ampliação da apropriação da tradição,
que, por sua vez, remeteu à Trindade. A natureza Triuna de Deus
significava a natureza relacional do próprio Deus. Conferências
de teologia global realizadas na Guatemala (2002), Holanda
(2007), África do Sul (2014) e EUA (2018) demonstraram a
centralidade da compaixão e da justiça para o entendimento da
Igreja sobre santidade, assim como uma grande conferência sobre
Ministérios de Compaixão na Olivet Nazarene University em
2017. Em cada uma dessas reuniões, teólogos e líderes globais
ensinaram que a santidade não poderia ser uma busca solitária.
Quando Deus redimiu, Deus o fez dentro da comunidade e por
meio da comunidade, e colocou os crentes em sua Igreja.
O missionário Nazareno de longa data em Papua Nova
Guiné e Fiji, Neville Bartle, observou: “Por causa do intenso
individualismo da sociedade ocidental, a santidade tem sido
frequentemente considerada interna, pessoal e, em grande
medida, privada. O conceito de separação do mundo também
encorajou a santidade pessoal isolada”. Este modelo não se
encaixa na Bíblia.
Bartle comentou: “Em vez de pensar sobre as implicações
de ser um 'filho de Deus', precisamos pensar mais sobre as
implicações sociais de ser o 'povo de Deus' em um sentido mais
coletivo”. Os crentes deveriam incorporar uma comunidade -
santidade baseada e trabalhar juntos pela justiça e transformação
social.

CONCLUSÃO
A teologia nazarena centra-se na santidade cristã. Este é o
seu legado. Os nazarenos pedem a seus teólogos mais eruditos que
falem abertamente ao povo de Deus, mostrem as implicações e
mapeiem. Os nazarenos não se contentam com papéis e

IDENTIDADE NAZARENA 42
declarações proposicionais. Temos o conhecimento; o que então
devemos fazer?
Enquanto os nazarenos caminhavam conversando com
Cristo, eles pareciam ouvir: “É bom crer corretamente, mas à
medida que avançamos um pouco mais, não deixem de fazer o
que é essencial aqui e agora”. E à medida que avançavam: "No
passado, você era obcecado por coisas de pouca importância
enquanto eu estava preso, nu e com fome".
A igreja do século vinte e um adquiriu mais humildade.
Houve mais busca e menos a mentalidade de “já encontramos”.
Essa restrição maior ajustou-se melhor a uma geração em busca.
Não só isso, mas encaixou-se melhor na tradição Wesleyana.

QUESTÕES DE DISCUSSÃO
1. Qual foi o lugar dos hinos na história dos movimentos
Wesleyanos e de Santidade e como isso mudou hoje? Como a
teologia da santidade wesleyana está sendo ensinada em sua
igreja? Que teologia está sendo ensinada por algumas das canções
usadas em sua igreja local?
2. Quais são algumas das diferentes maneiras pelas quais
a Igreja do Nazareno tem buscado a santidade? Quais são os
pontos positivos e negativos dessas maneiras diferentes?
3. Quais são algumas maneiras que sua igreja local tem e
está buscando a santidade?
4. Existe o perigo de legalismo ou fundamentalismo na
maneira como buscamos a santidade? O que você está fazendo
para garantir que isso não aconteça pessoalmente e em sua igreja
local?
5. Qual é a sua compreensão da dimensão social da
santidade?
6. Quais são as conexões entre santidade, evangelismo e
compaixão? O que acontece quando enfatizamos muito um deles
e ignoramos os outros?

IDENTIDADE NAZARENA 43
CAPÍTULO 4 - LIDERANÇA E MISSÃO NA IGREJA DO
NAZARENO
Para cumprir a Grande Comissão, a Igreja do Nazareno
formou uma estrutura internacional estreita e centralizada com
linhas de responsabilidade bem articuladas. A missão - baseada
na pregação, ensino e cura de Jesus - equilibrou evangelismo,
educação e ministérios de compaixão. Todos os três eram
evidentes desde o início.

Organização para a Missão


“A Igreja precisa de uma ordem de cavalaria que renuncie
completamente ao mundo como sempre fez Inácio ou São
Francisco”, disse Bresee. Ele aspirava ver um grupo de homens e
mulheres que estavam "no mundo, mas não eram dele", que eram
"totalmente desprovidos de amor por sua riqueza ou honra ou
lugar", a fim de levar a mensagem do amor divino.
Os missionários nazarenos eram algo como os pregadores
locais que Wesley comissionou em sua época, e os pregadores de
circuitos (extensão territorial em que pastores visitavam pequenas
igrejas) que Asbury enviou para cima e para baixo na costa
atlântica e através dos Montes Apalaches. Como Wesley e
Asbury, os líderes da missão nazarena, Reynolds e seus
sucessores, sabiam onde estavam as necessidades da igreja. Não
as igrejas locais, mas a igreja como um todo foi responsável por
escolher, equipar e enviar missionários.
Os nazarenos construíram uma igreja internacional
baseada em distritos, não igrejas nacionais. Fora da América do
Norte, devido às diferenças de idioma e também às distâncias
geográficas, os superintendentes missionários atuaram no lugar
dos superintendentes gerais. Desenvolveu-se um sistema
“regional”, tentado de 1926 a 1928 e então reimplementado em
1976, no qual os líderes gerais nomeavam diretores regionais e de

IDENTIDADE NAZARENA 44
campo. Este arranjo particular replicou o episcopado
administrativo metodista mais do que o sistema democrático, mas
atendeu bem às necessidades administrativas da igreja em rápido
crescimento.
O estabelecimento inicial de um orçamento geral e
unificado permitiu que a igreja se expandisse estrategicamente.
Impressionante para o tamanho da denominação é o número de
missionários que a igreja enviou, escolas que a igreja estabeleceu
e dinheiro que a igreja gastou para apoiar seu empreendimento
global. Em 2017, a Igreja do Nazareno enviou 700 missionários
de 50 áreas mundiais; seu número de membros atingiu 2,55
milhões com 30.875 congregações em 162 países. Atualmente,
setenta e cinco por cento dos nazarenos vivem fora dos Estados
Unidos e Canadá. Trinta por cento estão na África e outros trinta
por cento na América Central e do Sul e no Caribe. Homens e
mulheres nazarenos em cantos remotos do mundo pertencem (e
sabem que pertencem) a algo muito além de si mesmos, algo
global.
A Junta de Superintendentes Gerais 2017-2021 incluiu
Eugenio Duarte, nascido em Cabo Verde, que tinha servido como
Diretor da Região da África antes de ser eleito Superintendente
Geral em 2009. Duarte foi o primeiro africano a servir como
Superintendente Geral. David Graves, também eleito em 2009, foi
pastor e diretor dos Ministérios da Escola Dominical. Gustavo
Crocker, nascido na Guatemala, foi eleito em 2013 enquanto
atuava como Diretor da Região da Eurásia. David Busic, também
eleito em 2013, servia então como presidente do Seminário
Teológico Nazareno. Em 2017, a Assembleia Geral elegeu
Filimão Chambo, nascido em Moçambique, que era Diretor
Regional da África, e Carla Sunberg, que havia sido criada na
Alemanha e trabalhado como missionária na Rússia, e então
servia como presidente do Seminário Teológico Nazareno.

IDENTIDADE NAZARENA 45
Sunberg é a segunda mulher a servir como superintendente geral,
seguindo os passos de Nina Gunter, que serviu de 2005 a 2009.
A Junta Geral é representativa, dependendo do número de
membros da igreja na região. A Junta Geral 2017-2021 consistia
de 53 membros: 48 membros regionais, mais cinco membros, dois
representando instituições educacionais e um representando cada
uma das Missões Nazarenas, Jovens Nazarenos e Ministérios da
Escola Dominical e Discipulado. Um número mais ou menos
igual de ministros e leigos compõem o Conselho Geral. Vinte e
oito dos membros regionais representam áreas fora dos EUA e
Canadá.

A influência de Hiram F. Reynolds


Reynolds mais do que Bresee moldou os padrões
organizacionais da igreja. Reynolds, como Superintendente Geral
de 1907 a 1932, e como Secretário de Missões Estrangeiras de
1908 a 1922, e novamente de 1925 a 1927, esperava respeito pela
autoridade e se preocupava sempre que os missionários se
tornavam muito independentes. Ele enfatizou o evangelismo e
nele a doutrina cardinal da igreja, a justificação. Os líderes
transmitiram aos pastores, missionários, educadores e leigos essa
ênfase na superintendência a fim de cumprir a missão. Para
Reynolds, havia espaço para cooperação com outras
denominações a fim de cumprir a Grande Comissão. A Igreja do
Nazareno na Índia ministrava dentro de certos limites definidos
na zona rural de Maharashtra, e a mesma obediência aos acordos
de parceria era verdade na China, Peru, Suazilândia e outros
países.
A direção de missões de Reynolds começou na
Association of Pentecostal Churches of America.
Apressadamente, quando os primeiros missionários estavam
embarcando para Bombaim, Reynolds e outros membros do
comitê de missões traçaram uma política para a Índia. Reynolds

IDENTIDADE NAZARENA 46
exigiu que M. D. Wood, o missionário pioneiro, esperasse pela
aprovação antes de tomar decisões importantes, uma longa espera,
pois naquela época demorava vários meses para receber
mensagens através dos oceanos Atlântico e Índico. A igreja não
seria composta de igrejas nacionais autogovernadas, mas, sim, um
corpo internacional sujeito a uma governança centralizada.
Reynolds, cujo tempo precedeu as reflexões posteriores
dos missiólogos sobre a contextualização, acreditava que haveria
manifestações comuns de santidade - como ela seria pregada,
ensinada e vivida - independentemente da sociedade. Sob a
pregação de Reynolds em campos missionários como o Japão, os
pecadores foram salvos e abandonaram seus vícios e os crentes
entraram na "segunda bênção". Os métodos de avivamento foram
eficazes em todos os lugares.
O reavivamento veio ao campo nazareno na China em
1927 com o espírito arrependido do missionário Aaron J. Smith
para com um humilde obreiro no complexo em Daming. Os
missionários oraram e jejuaram ao meio-dia; os alunos da escola
bíblica pediram que eles também o fizessem. Os missionários se
alegraram quando os conversos chineses oraram, gritaram aleluia
e amém e confessaram seus pecados de maneiras que os
missionários, trabalhando sob sua própria cosmovisão, poderiam
identificar como um movimento genuíno do Espírito santificador.
“Quando o Espírito Santo se apossar de um homem”, disse Smith,
“não me importa que nação, tribo ou idioma ele seja, haverá a
mesma manifestação do Espírito Santo que tem sido peculiar a
todo o povo santo de todas as idades”. LC Osborn, outro
missionário, percebeu que havia se enganado sobre como os
chineses reagiriam uma vez que “passassem”. Logo os alunos
começaram a espalhar o avivamento em suas igrejas e vilas.
Muitos, incluindo os próprios missionários, ficaram convencidos
de que os missionários eram desnecessários.

IDENTIDADE NAZARENA 47
Políticas sucessivas sustentavam que “a obra e as
manifestações do Espírito Santo são praticamente as mesmas em
todos os países”. A igreja perdeu um certo grau de liberdade para
tornar a mensagem culturalmente significativa, mas propagou a
experiência, as doutrinas e a linguagem de santidade sobre a qual
havia vindo a existir.
Sob Reynolds, os missionários nazarenos abraçaram os
objetivos dos “três princípios de autonomia” de auto propagação,
autos sustento e autogoverno. Isso estava de acordo com as
virtudes anglo-americanas de independência, trabalho árduo e
autodeterminação. Quando os campos missionários alcançassem
as metas dos “três princípios de autonomia”, os distritos locais se
manteriam por conta própria. O auto-sustento era mensurável,
mas com a expansão de distritos, escolas, hospitais e
desenvolvimento de literatura, difícil de alcançar. Reynolds
imaginou uma igreja internacional composta de distritos auto-
sustentáveis que um dia não precisariam da supervisão
missionária, com direitos, privilégios e responsabilidades iguais.
Com respeito ao autogoverno, devido à natureza
centralizada da política nazarena, o compromisso da igreja em
desenvolver corpos totalmente autogovernados era diferente. Ao
contrário dos batistas e de outras denominações congregacionais
e missões religiosas, a Igreja do Nazareno uniu fortemente as suas
igrejas. A internacionalização prometia aos membros de todo o
mundo representação total.
Aqueles que seguiram o pensamento de Reynolds
vincularam toda a santificação ao Pentecostes e ao poder que o
Pentecostes deu aos discípulos para evangelizar. O Espírito Santo
deu poder tanto para expulsar demônios quanto para traduzir o
evangelho em muitas línguas, e concedeu aos crentes a capacidade
de testemunhar com ousadia, disse o teólogo J. Glenn Gould em
1935.

IDENTIDADE NAZARENA 48
“A obra nazarena é um movimento evangelístico”,
escreveu Gould, “nosso caráter se apoia nisto. Para este fim, onde
invocamos”. Os nazarenos, ele advertiu, devem evitar permitir
que edifícios de igrejas, escolas, faculdades, hospitais ou
orfanatos, em casa ou no exterior, se tornem fins em si mesmos.
Gould planejou seus pensamentos dentro de uma subcultura
evangélica que se inquietava com qualquer coisa que parecesse
um evangelho "social”.
Os ministérios de educação e de compaixão serviram a fins
evangelísticos. “Nossa política não é principalmente de
educação”, escreveu C. Warren Jones em 1955, “mas a salvação
dos pagãos”, e o evangelismo “deve sempre estar acima da
educação em importância”. Embora a igreja acreditasse na
"elevação social", advertiu Jones, esses objetivos "devem vir
depois da pregação para a experiência cristã pessoal". Em relação
aos programas de saúde, disse Jones, "somos a favor das missões
médicas, mas apenas como um meio para um fim, e esse fim deve
ser a salvação dos perdidos." O missionário Bronell Greer, que foi
para a Índia em 1944 e serviu lá por 46 anos, reclamou que as
instituições médicas e educacionais estavam estrangulando o
evangelismo e perpetuando a dependência. A Grande Comissão
da igreja não era curar os enfermos ou reformar a sociedade,
protestou ele, mas pregar o evangelho. “Todo trabalho da igreja
divinamente ordenado tem sua importância”, concordou Greer,
“mas nem todas as vocações dadas por Deus são igualmente
importantes. Evangelismo tem a maior prioridade”.

A influência de Phineas Bresee


Para Bresee, os ministérios educacionais, médicos e outros
de compaixão não precisam ser justificados com base em sua
contribuição ao evangelismo. Atos de amor fluíram naturalmente
de corações santificados. Para ele, os cristãos agiam com
compaixão porque o amor perfeito enchia seus corações; é

IDENTIDADE NAZARENA 49
simplesmente parte de seu seguimento de Cristo. Se algum ato,
por mais nobre que seja, fosse apenas um meio para um fim, não
poderia ser considerado puro. Cuidar dos desfavorecidos era uma
manifestação de santidade, a missão para a qual a Igreja do
Nazareno veio a ser. O próprio nome da igreja abraçou a ideia de
estar entre aqueles que são desprezados.
“Nada de bom”, pensaram os judeus, sai de Nazaré (João
1:46). Com escárnio, Paulo foi chamado de “líder da seita
nazarena” (Atos 24: 4). Os nazarenos iriam para os desprezados,
independentemente de raça, etnia ou classe e os abraçariam com
o amor de Jesus Cristo. Que tipo de evangelho seria aquele que
acumulou recursos e falhou em dar compassivamente aos pobres?
Perto do fim da Primeira Guerra Mundial, C. J. Kinne, um leigo e
editor da Califórnia que acabou indo pessoalmente à China para
ajudar a construir o Bresee Memorial Hospital, escreveu: “Amar
o meu próximo é o teste para saber se eu amo ou não a Deus”. Os
cristãos deveriam procurar mudar as condições sociais não apenas
por dever, acreditava Kinne, mas por amor. “A igreja precisa
muito desta forma de serviço a fim de desenvolver e aumentar o
dom e as graças que a tornarão semelhante a Cristo. Se quisermos
ser como nosso Senhor, então devemos possuir e exercer a mesma
compaixão e amor que ele tinha por todos os que estavam em
aflição”. Uma religião, disse ele, “que não flui do coração e da
vida em torrentes de bênçãos para as almas necessitadas é uma
coisa pobre na qual se pode investir tempo ou dinheiro”.
Consequentemente, em meados da década de 1930, o médico
Orpha Speicher construiu o Reynolds Memorial Hospital em
Washim, Maharashtra, Índia. Inicialmente o hospital atendia
mulheres. Ao visitar a obra na Índia, alguns anos depois, o
Superintendente Geral Gideon B. Williamson concordou que o
treinamento em limpeza, higiene, saneamento, alfabetização e
artes vocacionais acompanhava o evangelho de maneira válida. A
menos que as necessidades básicas fossem atendidas, Williamson

IDENTIDADE NAZARENA 50
percebeu, os convertidos eram tentados a voltar aos velhos modos
de vida.
“Devemos exportar não apenas o evangelho do amor e da
graça de Deus, mas também a civilização cristã deve ser feita para
cobrir a terra como as águas cobrem o mar”. O “propósito
principal” da igreja era “redentor”, mas em cumprir esta comissão
era um lugar amplo para preparar adequadamente líderes, curar os
enfermos, alimentar os famintos e dar água aos sedentos. “Os
pontos de ética enfatizados pelos pregadores do evangelho social
foram incluídos o tempo todo no ensino da santidade”, escreveu
Williamson em 1953.
Da mesma forma, David Hynd, nascido na Escócia e
missionário e médico de longa data na Suazilândia, acreditava que
os hospitais testemunhavam o "poder regenerador do evangelho
com seu espírito de compaixão divina".
Embora Hynd pudesse relatar muitos exemplos de
conversões ocorrendo no hospital da igreja em Manzini, os
ministérios de compaixão, para ele, eram em si a "interpretação
mais eficaz do Espírito semelhante ao de Cristo". Hynd também
falou contra o sistema de apartheid no vizinho sul África.
Os hospitais mantidos pela Igreja no pós-guerra na Índia e
Suazilândia, assumiram a responsabilidade pelo hospital da
Missão Internacional de Santidade na África do Sul e começaram
um novo hospital em Papua Nova Guiné. Na Índia e em Papua-
Nova Guiné, sob a liderança de Carolyn Myatt, uma enfermeira,
os programas de saúde baseados na comunidade trouxeram
mudanças generalizadas. Para prevenir doenças, era preciso lidar
com o comportamento corporativo e comunitário. Cuidados de
saúde comunitária e santidade comunitária tornaram-se integrais
visto que os hospitais e clínicas nazarenos estavam na linha da
frente do tratamento da SIDA nestes países.
Em Bangladesh, o trabalho da igreja começou em 1994
com ministérios de compaixão e escolas integradas a outras

IDENTIDADE NAZARENA 51
formas de evangelismo em um país constantemente destruído por
enchentes e fome. A Igreja do Nazareno se tornou a maior
denominação protestante em Bangladesh com 3.000 igrejas em
2016. Vê-se na compaixão um casamento entre a missão “cardeal”
da igreja, de pregar o evangelho, e a missão “distinta” da igreja de
proclamar (e incorporar) santidade.

Liderança nacional em missões


Embora a igreja tenha demorado a fazer isso em alguns
lugares e em certos momentos de sua história, ela, no entanto,
desenvolveu fortes líderes locais. A educação global
desempenhou um papel fundamental nisso, e os missionários
viram seu propósito, como disse William Esselstyn, missionário
na África do Sul, "ajudar a construir e treinar um corpo de
trabalhadores nativos que serão capazes de realizar a obra de Deus
nesta terra e para ajudar a preparar e publicar literatura de
santidade nas línguas nativas”. O comentário de Esselstyn revelou
o desejo da igreja não apenas de traduzir a mensagem de santidade
em várias culturas, mas de certificar-se de que fosse entendida.
Tanto Bresee quanto Reynolds favoreciam pessoas de seus
países como líderes-chave. A Igreja Evangélica do Povo enviou
João Dias de volta ao seu país, Cabo Verde, em 1901. Dias
trabalhou pacientemente na cidade de Brava. Nos primeiros anos,
ele enfrentou perseguição ativa não apenas da Igreja Católica
Romana, mas também de sua própria família. Uma vez ele foi
espancado quase até a morte e os convertidos foram presos.
Quando Dias estabeleceu relações cordiais com um padre, a
situação melhorou. Em 1921 - após 20 anos de trabalho - Diaz
tinha 100 convertidos, abriu uma escola e construiu uma igreja
para 400 lugares. O prefeito de Brava e até um padre católico
romano ocasionalmente frequentavam a igreja.
Outros futuros líderes chegaram à porta da Igreja do
Nazareno. Em 1906, Bresee comissionou Sukhoda Banarjee e B.

IDENTIDADE NAZARENA 52
P. Biswas como missionários em seu país natal, a Índia. A Hope
School e a Hallelujah Village de Banarjee em Calcutá, uma
missão para crianças órfãs, a maioria meninas, chamou bastante a
atenção de Bresee. Três homens que foram os pioneiros do
trabalho nazareno no Japão, J. I. Nagamatsu, Hiroshi Kitagawa e
Nobumi Isayama, vieram para a igreja na Califórnia, e Nagamatsu
e Kitagawa se formaram no Pasadena College da igreja.
Milhem Thahabeyah, um sírio de origem católica romana,
se tornou o primeiro missionário da igreja em seu próprio país em
1920. Outro missionário, Samuel Krikorian, um armênio, levou a
igreja para a Palestina em 1921, onde trabalhou entre os armênios
deslocados. Logo após a Segunda Guerra Mundial, a igreja
nomeou Chung Nam Soo para liderar a obra em seu país natal, a
Coréia. A. A. E. Berg tornou-se Superintendente Distrital em seu
país natal, a Austrália, em 1948, três anos depois que a igreja
começou a trabalhar lá. Mais ou menos na mesma época, na Itália,
Alfredo Del Rosso, um ex-valdense e batista, pastoreava as
congregações que ele liderava na Igreja do Nazareno. Os líderes
locais no Haiti e Samoa não foram tão efetivos a longo prazo, mas
proporcionaram à igreja seu início nesses países.
Enquanto isso, a indigenização (ou nacionalização) do
trabalho em lugares como o México ocorreu tanto por causa de
política quanto de estratégia. A Igreja Santidade de Cristo havia
estabelecido uma missão em Chiapas, no sul do México, em 1903.
O missionário Carlos Miller abriu a obra na Cidade do México
alguns anos depois. O governo expulsou os missionários em 1912,
deixando a igreja nas mãos de Vicente G. Santin. Depois de ouvir
a pregação de Miller, Santin, um pregador metodista local e
também médico, percebeu sua necessidade de uma segunda obra
da graça. Ele testificou ter sido santificado e juntou-se ao
ministério nazareno. Santin tornou-se pastor da Primeira Igreja da
Cidade do México. Começar novas igrejas foi difícil. A lei proibia
as pessoas de se reunirem em casas para adorar. No entanto,

IDENTIDADE NAZARENA 53
durante o ano de 1918, Santin pregou 159 vezes, teve 350
interessados, recebeu 23 membros e, em seu ministério holístico,
tratou 2.553 pacientes.
Em 1919, os Superintendentes Gerais nomearam Santin
como Superintendente Distrital. Além do escocês George Sharpe,
que havia se tornado Superintendente Distrital das Ilhas
Britânicas em 1915, Santin foi o primeiro líder nacional em tal
posição. Santin abriu o Seminário Nazareno de Mexico. Da escola
vieram importantes líderes da igreja. H. T. Reza, genro de Santin,
disse que ele era "um homem rigoroso, sábio nos conselhos,
fervoroso no pagamento e, acima de tudo, prestativo até o fim".
As políticas afirmam o objetivo de estabelecer igrejas
locais fortes: “Devemos nos precaver contra o perigo de manter a
congregação nativa em roupas de bebê por muito tempo. Isso
impedirá o Espírito Santo em Sua liberdade de operação entre as
pessoas”. No entanto, a mesma Política de 1923 afirmava que
seria um erro liberar "nosso controle dos pais sobre eles antes que
possam se manter sozinhos". Os líderes da igreja se preocupavam
com a “confusão doutrinária e um baixo padrão de experiência”.
Se a igreja errasse, pensavam os líderes de missão, seria melhor
errar mantendo os missionários no controle por muito tempo, em
vez de liberar as igrejas nacionais muito rapidamente. Levantar
convertidos não apenas salvos e santificados, mas também
preparados para a liderança, exigia escolas bíblicas, e os
nazarenos as estabeleceram em quase todos os países em que
entraram.
Para assegurar que os convertidos seriam nazarenos
dignos, por muitos anos a prática na Suazilândia era reservar o
último dia de uma reunião campal para a dedicação de bebês e o
exame de candidatos a membros. Os que desejavam ser membros
primeiro tinham que se provar fiéis durante dois anos de provação.
Em seguida, um comitê interrogou os membros em potencial por
mais horas sobre sua caminhada cristã. Eles podiam testemunhar

IDENTIDADE NAZARENA 54
sobre sua conversão? Eles estavam pagando o dízimo? Eles
haviam sido membros de uma sociedade missionária? Eles
jejuavam e oravam? Eles ganhavam outras almas para Cristo?
Eles viviam em paz com seus familiares? Se o comitê ficasse
satisfeito, essas pessoas eram alegremente batizadas e aceitas
como membros.
Livros de estudo escritos por Amy Hinshaw enfatizam os
papéis dos “portadores da tocha” locais. No Peru e em outros
países, os trabalhadores nacionais enfrentavam muito mais
probabilidade de perseguição e perigo do que na Grã-Bretanha do
século XVIII ou na América do Norte no século XIX.
No entanto, os líderes esperavam o mesmo tipo de
lealdade ao sacrifício de Cristo que Wesley esperava de seus
pregadores locais e Asbury de seus pregadores itinerantes.
Victoriano Castaneda, por exemplo, percorreu e evangelizou
amplamente as montanhas do Peru. Uma vez sua casa foi
totalmente queimada e ele escapou por pouco com vida. Outra
vez, durante uma reunião de rua, uma multidão espancou-o
violentamente e quase o sufocou até a morte.
A venda de livros de santidade apoiou a itinerância dos
nazarenos. As pessoas eram mais propensas a ler livros que
haviam comprado do que livros que haviam recebido de graça.
Um dos primeiros evangelistas-colportores no Peru foi uma
mulher, Natividad Herrara, que viajava de trem e ônibus de cidade
em cidade. Ela cozinhava com as donas de casa enquanto falava
de Cristo.
Mesmo nos lugares onde se estabeleceram, os primeiros
pastores enfrentaram multidões hostis e perseguição. O distrito de
Llama, ao que parece, era especialmente hostil, já que Amadeo
Riguetti e Santiago Montoya enfrentaram ameaças contra suas
vidas enquanto pastoreiam lá.
Como no México, os eventos políticos em outros países
exigiram uma resposta drástica. Quando os japoneses invadiram

IDENTIDADE NAZARENA 55
o norte da China em 1937, a prioridade mais urgente do Nazareno
não era evangelismo, mas educação.
Dez anos antes, os missionários haviam fugido durante
uma onda de anti-estrangeiros; mais uma vez, parecia que eles
teriam que fugir novamente. Quarenta rapazes e moças se
formaram no Nazarene Bible College em 1940. Depois de Pearl
Harbor, os japoneses colocaram os missionários restantes em
campos de detenção. Os pastores chineses expandiram o trabalho
tanto quanto puderam sob os governos japonês e depois
comunista. Pelos próximos cinquenta anos, a Igreja do Nazareno
ouviu pouco sobre o que estava acontecendo, mas finalmente
percebeu que a Igreja tinha resistido a turbulências e adversidades,
e floresceu, crescendo de 5.000 membros em 1940 para mais de
75.000 crentes em 1989. Quando questionado, em 1989, o que a
igreja poderia fazer para ajudar, caso se tornasse possível, Shang
Chih-rung de 69 anos, o mais jovem da classe de 1940, disse que
a igreja era autopropagada, autossustentada e auto-governada. Os
missionários fizeram bem seu trabalho. Eles podem estar
orgulhosos. Ele desejava apenas as mesmas oportunidades de
educação para seus filhos e netos que ele próprio tinha tido.

A Importância da Liderança Feminina


Em todo o mundo, as mulheres desempenharam papéis
significativos no estabelecimento e nutrição da Igreja; isso incluía
a China, onde elas viajaram como “mulheres da Bíblia”. As
mulheres romperam com o limite da esfera doméstica. Com um
grupo de mulheres cooperadoras, Mary Lee Harris Cagle
estabeleceu igrejas em áreas rurais do sudoeste americano. A
Igreja Santidade de Cristo entrou na união de 1908 com 31
mulheres ordenadas. Mais tarde, com seu segundo marido como
Superintendente Distrital, Cagle foi Evangelista Distrital no Novo
México. Em outros distritos também, havia um arranjo

IDENTIDADE NAZARENA 56
semelhante, com o marido como Superintendente Distrital e a
esposa como evangelista distrital.
Começando na época de Bresee, em 1904, a mãe de
Reynolds iniciou missões para hispânicos em Los Angeles.
Ordenada em 1906, ela expandiu seu ministério do sul da
Califórnia para o Texas. Ela tinha assento como superintendente
nas assembleias gerais. Um dos frutos de seu ministério, Santos
Elizondo plantou igrejas nas proximidades de El Paso, Texas, e
Juarez, México, onde ela também mantinha um orfanato. Na
Argentina, uma líder notável foi Lúcia Carmen Garcia de Costa,
a primeira convertida da igreja no país, e em 1931 uma das
primeiras nazarenas a serem ordenadas. Ela evangelizou, plantou
e pastoreou igrejas. Garcia recebeu um PhD em linguística e
ensinou no Nazarene Bible Institute enquanto traduzia livros de
santidade do inglês para o espanhol.
As missionárias muitas vezes superavam os homens em
dois para um. A igreja enviou uma ou duas mulheres solteiras ao
lado de marido e mulher. As mulheres desempenhavam funções
tradicionais de professoras e enfermeiras, mas também
desempenhavam funções não tradicionais como médicas e
evangelistas. Mary Cooper, em sua carreira de 42 anos em
Moçambique, evangelizou milhares de quilômetros e ao mesmo
tempo supervisionou 90 igrejas. Lorraine Schultz ensinou na
escola bíblica de Tavane e educou uma geração de ministros
moçambicanos.
Cooper e Schultz foram exemplos para mulheres
moçambicanas, como Bessie Tshambe, cuja Igreja Central em
Maputo, Moçambique contava com mais de 1.500 membros na
década de 1990. Da mesma forma, no Japão, missionários como
Minnie Staples e Mildred Bangs Wynkoop estiveram no cenário
histórico da eleição de Motoko Matsuda, uma mulher, como
superintendente distrital em 2007. Ela pastoreava a Igreja do
Nazareno Kura perto de Hiroshima. A Superintendente Geral

IDENTIDADE NAZARENA 57
Nina Gunter presidia quando a assembleia distrital do Japão
elegeu Matsuda como Superintendente Distrital.
As primeiras mulheres a liderar faculdades nazarenas
estavam em campos missionários. Entre eles estava Jeanine van
Beek, uma holandesa que imigrou para a Austrália, onde se
formou no Nazarene Bible College em Sydney. Depois de
pastorear uma igreja na Alemanha, van Beek ensinou no European
Nazarene Bible College em Büsingen, Alemanha. Em 1975, ela
foi para o Haiti, onde serviu como reitora do Colégio Teológico
Nazareno. Em 1990 ela retornou ao European Nazarene Bible
College como reitora e serviu até 1998. Em 2005, outra reitora do
European Nazarene Bible College, Corlis McGee, se tornou a
primeira mulher presidente do Eastern Nazarene College nos
EUA. Também tivemos líderes femininas em muitos outros
países: Leah Marangu foi nomeada vice-reitora da Universidade
Nazarena Africana no Quênia em 1996; Winnie Nhlengethwa foi
empossada como a primeira Vice-Chanceler da Universidade
Nazarena da África Austral em 2010; e em 2012, Deirdre Brower
Latz tornou-se diretora do Nazarene Theological College em
Manchester, Inglaterra.
Na Igreja do Nazareno, os homens vêem as mulheres
como colegas de trabalho de igual dignidade e respeito. A seção
501 do Manual da Igreja do Nazareno 2017-2021 expressa uma
“Teologia da Mulher no Ministério”.
“A Igreja do Nazareno apoia o direito das mulheres de
usarem seus dons espirituais dados por Deus dentro da igreja e
afirma o direito histórico das mulheres de serem eleitas e
nomeadas para lugares de liderança dentro da Igreja do Nazareno,
incluindo os cargos de ambos presbítero e diácono”.
Fundamentos bíblicos, bem como premissas teológicas,
estão por trás dessa declaração. Existem muitos exemplos, tanto
no Antigo como no Novo Testamento, da liderança feminina.
Cristo veio para reverter as desigualdades sociais entre homens e

IDENTIDADE NAZARENA 58
mulheres criadas pela queda. Paulo afirma que em Cristo “não há
homem nem mulher” (Gálatas 3:28). Todos estão em pé de
igualdade perante a cruz de Cristo. Todos são um "em Cristo". A
respeito de outras declarações de Paulo que parecem limitar o
papel das mulheres na igreja, a Igreja do Nazareno entende que
estas estão relacionadas a situações específicas em lugares
específicos em momentos específicos e que não se relacionam
com a Igreja em todos os lugares em todos os momentos.

QUESTÕES DE DISCUSSÃO
1. O que você vê como vantagens e desvantagens da
compreensão de ambas as missões de Reynolds e Bresee e os
modelos organizacionais que elas produziram?
2. A santidade se manifesta da mesma maneira em todas
as culturas? Como isso se manifesta em seu ambiente cultural? A
santidade pode ser “estruturada” organizacionalmente?
3. Como as Missões Nazarenas Globais impactaram seu
país, seu distrito, sua igreja local, sua vida pessoal? Qual foi a
influência dos líderes nacionais?
4. A compaixão é um fim em si mesma ou um meio de
evangelismo? Como sua igreja local vê os Ministérios de
Compaixão e Missões/evangelismo? Unidos ou separados?
5. Alguma coisa te surpreendeu sobre o papel das
mulheres na Igreja do Nazareno?
6. Como nossa posição sobre as mulheres na liderança nos
distingue de algumas outras denominações? Por que é uma parte
tão importante de nossa identidade e identidade teológica?

CAPÍTULO 5 - EDUCAÇÃO NA IGREJA DO NAZARENO


Ao ir para um mundo perdido, o objetivo principal de
nossas escolas nazarenas era espiritual: a salvação dos pecadores,
a santificação dos crentes. O meio de atingir esse objetivo era
organizar “cristãos em igrejas e treiná-los a ponto de estabelecer

IDENTIDADE NAZARENA 59
uma igreja indígena”, e as escolas eram o meio principal de treinar
pastores para capacitar igrejas verdadeiramente indígenas e auto-
propagadas. Para dar esses frutos, as raízes da igreja precisavam
ser profundas. A Igreja do Nazareno construiu o seu programa de
educação ministerial com base no pressuposto de que os pastores
devem possuir um amplo espectro de conhecimento a fim de
compreender e comunicar ao seu contexto e à geração atual.
Quase tão logo os nazarenos entraram em um novo país, eles
estabeleceram escolas para educar pastores e obreiros cristãos.
Vinte anos atrás, os Superintendentes Gerais emitiram um
documento definidor que indicava os "valores centrais" da igreja
como cristão, santidade e missão. Nisso, eles declararam que:
“Estamos comprometidos com a educação cristã. … Estamos
comprometidos com a busca de conhecimento, o
desenvolvimento do caráter cristão e o preparo de líderes para
cumprir nosso chamado divino de servir na igreja e no mundo”.

Educação para o mundo


Começou em 1899 com A. M. Hills como seu primeiro
presidente, Texas Holiness University, precursora da Southern
Nazarene University em Bethany, Oklahoma, tipificou a educação
Nazarena precoce. Os líderes escolares normalmente têm sido,
como Hills, bem-educados, mas, ao mesmo tempo, pregadores da
santidade. Ao arrecadar dinheiro para as escolas, eles serviram
com o coração pastoral. Os professores, sentindo seu próprio
chamado, têm sido tão leais à igreja que aceitam salários baixos,
cargas pesadas de ensino e responsabilidades administrativas pelo
bem comum. Quando os membros do corpo docente publicam,
geralmente é para a igreja, não para a comunidade acadêmica.
Além disso, Texas Holiness University, Pacific Bible College sob
Phineas Bresee, e outras primeiras escolas nazarenas, deram as
boas-vindas a pessoas de qualquer denominação.

IDENTIDADE NAZARENA 60
Bresee esperava estabelecer o Pacific Bible College, que
se tornou o Pasadena College e, mais tarde, a Point Loma
Nazarene University, que atrairia estudantes de muitas
denominações. A escola anunciou em 1902 que "não era sectária,
mas era cristã em sentido amplo" e "não busca o sectarismo, mas
a cultura bíblica para todos os homens e mulheres que desejam
aproveitar-se de suas vantagens". 100 nazarenos queriam sua
educação ser tão atraente e acessível que chegassem jovens de
outras tradições e de todos os estratos econômicos.
Os nazarenos não exigiam conformidade com seus Artigos
de Fé para entrar em suas escolas ou para se formar, mas
esperavam que os jovens saíssem de suas portas não apenas com
diplomas, mas com corações profundamente consagrados.
Os alunos ouviram a mensagem de santidade nas capelas
e salas de aula. Hills, por exemplo, descreveu completamente a
posição calvinista sobre as questões, mas cada aluno sabia onde
seu professor estava. Entre os graduados da Texas Holiness
University estavam Roy T. Williams e J. B. Chapman, ambos
ensinados por Hills, ambos seus sucessores como diretor da escola
e, eventualmente, Superintendentes Gerais. Como todas as
escolas nazarenas, o currículo da Texas Holiness University era
amplo. Não havia medo de filosofia ou ciência, a escola ensinava
música clássica e literatura, e exigia que seus graduados
aprendessem latim, grego, línguas modernas e matemática junto
com a Bíblia.
Como muitas das outras escolas nos EUA, Eastern
Nazarene College (ENC), em Quincy, Massachusetts, a segunda
faculdade mais antiga da igreja, ofereceu vários cursos
(matemática, música, física, filosofia). Todos os alunos cursaram
disciplinas básicas em religião, humanidades, ciências sociais e
ciências naturais. Através de um comitê que formulou uma
“Filosofia da Educação”, adotada pela Assembleia Geral de 1952,
a Reitora Acadêmica, Bertha Munro, incorporou uma filosofia das

IDENTIDADE NAZARENA 61
artes liberais na Igreja do Nazareno. A igreja esperava que as
escolas proporcionassem à denominação “um ministério que deve
ser ortodoxo na fé, sólido na experiência cristã, confiável no
exemplo, sábio no conselho e eficiente na prática; e com um leigo
que deve ser inteligente e de pensamento claro, leal à sagrada
missão de uma igreja de santidade, devotado e fervoroso -
ministério e leigo ajustados em uma unidade de trabalho, com
uma visão das necessidades do mundo e um calor de amor por
Cristo e Seu reino”. O objetivo era "uma fusão de caráter santo e
educação sólida”.
O Espírito agindo na mente e no coração dos teólogos,
capacitando os teólogos a buscar e compreender a verdade por
meio da revelação, capacitou os cientistas a buscar e compreender
a verdade por meio da razão.
Se o conhecimento aparecesse em conflito com a fé, os
nazarenos podiam ter certeza de que havia uma verdade. Se, ao
final de qualquer aula, seja a disciplina Bíblia, Sociologia ou
Biologia, os alunos tivessem dúvidas, eles tinham o direito de
perguntar ao professor como integraram o que acabaram de
ensinar com sua própria fé pessoal. Os mesmos palestrantes se
reuniram em torno dos alunos no altar ajoelhados durante as
reuniões de avivamento ou seguindo as mensagens da capela.
Quase todos os primeiros líderes e missionários da igreja
frequentaram escolas com este tipo de caráter e levaram consigo
a importância de um amplo currículo na educação de líderes.
Esses missionários incluíam Harmon Schmelzenbach, o
missionário pioneiro na Suazilândia, que estava estudando no
Texas Holiness University e lendo sobre o missionário na África,
David Livingstone, quando a história o interrompeu.
Ele se ajoelhou, orando: “Senhor, aqui estou: envie-me
para contar a eles. O fardo pela África rolou sobre seu coração,
encheu seus olhos de lágrimas de compaixão e começou sua
mente a pensar em termos de chegar ao campo de serviço o mais

IDENTIDADE NAZARENA 62
rápido possível”. Antes de se formar, na primavera de 1907,
Schmelzenbach partiu para África. Leighton S. Tracy e Gertrude
Tracy tinham acabado de se formar no Pentecostal Collegiate
Institute quando navegaram para a Índia em 1904. Kagawa no
Japão e Krikorian na Palestina se formaram em Pasadena.
Thahabiyah na Síria, William Eckel no Japão, Evelyn Witthoff na
Índia e Mary Scott na China se formaram no Olivet. Louise
Robinson Chapman estudou no Northwest Nazarene College,
assim como John Pattee, que serviu na China e nas Filipinas.
Durante a licença durante a Segunda Guerra Mundial,
Pattee, conhecido como evangelista, obteve um mestrado no
Pasadena College. A lista continua. A igreja ao redor do mundo,
como resultado, não temeu a educação ou sentiu que a educação
ameaçava a fé.
Os nazarenos não construíram faculdades de artes liberais
no exterior, como fizeram nos Estados Unidos. Da mesma forma,
eles não estabeleceram escolas de treinamento de curto prazo e
aceleradas. Em vez disso, o modelo consistia em programas
rigorosos de três e quatro anos, geralmente em nível universitário.
Enquanto os nazarenos ansiavam por ministros cheios do Espírito,
eles esperavam que tivessem estudado a Palavra de Deus. Os
currículos das faculdades bíblicas incluíam literatura, filosofia,
sociologia, psicologia e ciência, bem como Bíblia, história da
igreja, teologia e ministério pastoral, todos requisitos para
ordenação na Igreja do Nazareno.
Com Mateus 28: 18-20 como a "Grande Comissão" da
igreja, os nazarenos avidamente foram evangelizar o mundo o
mais rápido possível. A colheita estava madura e havia pouco
tempo. Após a Segunda Guerra Mundial, as tensões da Guerra
Fria contribuíram para as expectativas sobre o breve retorno de
Cristo. No entanto, a conquista comunista da China, Cuba e
Moçambique também demonstrou a importância de preparar os
líderes locais. Esselstyn enfatizou, na África, que se todo o

IDENTIDADE NAZARENA 63
dinheiro e esforço da igreja fossem para evangelismo, haveria
pouca fé e comprometimento. que era quase impossível alcançar
resultados duradouros”. No Japão, Wynkoop acreditava que
somente por meio da educação os japoneses poderiam abordar as
questões complexas de sua cultura. Para romper o xintoísmo, ela
observou em 1963, "músculos e ossos educacionais" devem
apoiar o "braço evangelístico" da igreja.
As escolas nazarenas prepararam pastores e leigos para
alcançar os níveis mais altos da sociedade com confiança.
Algumas de nossas faculdades de teologia se esforçaram para
fornecer PhDs em várias disciplinas teológicas como uma forma
de treinar a próxima geração de educadores teológicos. O
Nazarene Theological College em Manchester, Inglaterra
conseguiu isso ligando-se à Universidade de Manchester e ao
Nazarene Theological College em Brisbane, Austrália, por meio
de sua conexão com o consórcio ecumênico do Sydney College
of Divinity.
Ainda assim, a verdadeira missão da igreja não era para os
mais elevados, mas para os segmentos mais baixos da sociedade.
Não importa a competência de seus estudiosos, a mensagem de
santidade compeliu os nazarenos a ir para os bairros
negligenciados do mundo, para os mais pobres dos pobres de
quem Jesus falou, os aparentemente insignificantes: "Vede, não
desprezeis um destes pequeninos” (Mateus 18). A herança
Wesleyana deu aos Nazarenos uma espécie de instinto voltado
para aqueles sem vantagens na sociedade; comunicou um ethos de
serviço semelhante ao de Cristo e amor perfeito. O conhecimento
das crenças e doutrinas cristãs, combinado com um coração
santificado, produziu uma pureza de amor que incitou à ação entre
os mais pobres dos pobres.
Como a educação se encaixou na missão mais ampla de
pregar a santidade aos pobres? No Quênia, a Universidade
Nazarena da África prepara alunos de graduação em ciência da

IDENTIDADE NAZARENA 64
computação, bem como alunos de mestrado na contextualização
da santidade para a África. A Universidade Nazarena da África
Austral na Suazilândia resultou da fusão da Escola de
Enfermagem com a Faculdade de Professores e a faculdade de
teologia. Por mais de 100 anos, os nazarenos causaram um grande
impacto nos sistemas educacionais e médicos da Suazilândia. A
igreja teve um impacto comparável nas terras altas de Papua Nova
Guiné por meio de sua Escola de Enfermagem e programa de
saúde.
Na Coréia, a Universidade Nazarena cresceu fora da
faculdade teológica e sob os presidentes William Patch e Seung-
an Im enfatizaram os estudos de reabilitação para aqueles com
deficiência, uma área que se enquadra na preocupação do
Nazareno por aqueles negligenciados e rejeitados na sociedade. A
faculdade de teologia de Trinidad ofereceu mestrado em serviço
social e aconselhamento, bem como teologia. As duas faculdades
nazarenas nas Filipinas ofereciam diplomas em educação que
permitiam aos graduados ensinar em escolas públicas. No mesmo
país, o Seminário Teológico Nazareno da Ásia-Pacífico tornou-se
bem conhecido por seus programas de desenvolvimento holístico
da criança.
Trevecca Nazarene University em Nashville, Tennessee,
antes uma escola segregada, agora tem um Centro de Justiça
Social. Frequentemente, aqueles fora da Igreja do Nazareno
conhecem a denominação apenas por suas escolas e seus
programas, não por seus ensinamentos ou doutrinas.

Conclusão
Em Romanos 10: 2, o apóstolo Paulo criticou os judeus
por terem zelo sem conhecimento. Uma vez que o próprio Paulo
era um judeu. Paulo estava se lembrando de Provérbio 19: 2, “Não
é bom ter zelo sem conhecimento, nem ser precipitado e errar o
caminho”. Os nazarenos abraçaram esses sentimentos e têm sido

IDENTIDADE NAZARENA 65
mais deliberados do que precipitados na educação dos ministros.
Enquanto os nazarenos ansiavam por ministros cheios do Espírito,
eles esperavam que os ministros tivessem estudado a Palavra de
Deus e que entendessem teologia, história da igreja, educação
cristã e as artes práticas do ministério. Que compreendessem que
não havia conflito entre a mais profunda devoção cristã e o mais
alto nível acadêmico, o que remontava a Wesley. Ele mesmo um
graduado em Oxford, ele não exigia diplomas universitários de
seus pregadores, mas exigia que eles lessem profundamente a fé
cristã e aprendessem hebraico e grego, bem como o inglês
adequado. Quando, em 1748, John Wesley começou a Kingswood
School para os filhos de seus pregadores viajantes, Charles
Wesley, seu irmão, escreveu estes versos:
 O erro e a ignorância removem sua cegueira tanto do
coração quanto da mente.
 Dê-lhes a sabedoria do alto, imaculada, pacífica e
bondosa.
 No conhecimento puro, suas mentes se renovam e se
acumulam com pensamentos divinamente
verdadeiros. . .
 Una a dupla tão frequentemente desarticulada,
conhecimento e piedade vital.
 Aprendizagem e santidade combinadas, e verdade e
amor, que todos os homens vejam
 Naqueles, a quem damos a Ti, Teus, inteiramente
Teus, para morrer e viver.
 Unir “o par tão frequentemente separado,
conhecimento e piedade vital” tem sido o objetivo
contínuo da educação na tradição nazarena.

QUESTÕES DE DISCUSSÃO
1. Como a educação atua em nossos valores fundamentais
de ser cristão, santidade e missão?

IDENTIDADE NAZARENA 66
2. Qual tem sido o propósito das escolas nazarenas? Como
as escolas nazarenas moldaram você e / ou sua igreja local?
3. Por que é importante ter ministros bem formados e
comprometidos em serem aprendizes por toda a vida?
4. Por que é importante ter membros da igreja bem-
educados que tenha uma cosmovisão cristã e um DNA nazareno?

CAPÍTULO 6 - COMUNHÃO COM CRISTO


Na Assembleia Geral de 1960, o Superintendente Geral
Hugh C. Benner pregou um sermão intitulado “Padrão de
Sobrevivência”; o texto era Apocalipse 3: 14-22. Benner advertiu
os nazarenos reunidos naquela noite quente de junho que eles não
deveriam se tornar como a igreja de Laodicéia. A Igreja do
Nazareno havia celebrado seu quinquagésimo aniversário dois
anos antes. O mundo estava no meio de uma guerra fria entre a
União Soviética e os EUA. Benner pediu à Igreja do Nazareno
que considerasse o que seria necessário para sobreviver como a
igreja peculiar que Deus a chamou para ser. Não foi apenas a
controvérsia de João com a igreja de Laodicéia, foi a controvérsia
de Deus com a Igreja do Nazareno que motivou o sermão de
Benner.

A controvérsia divina
Benner descreveu a controvérsia divina - a controvérsia
entre Deus e sua Igreja. Laodicéia era a mais rica das sete cidades
às quais João falou; era um centro comercial e bancário composto
por muitos cristãos judeus. No entanto, a igreja em Laodicéia
carecia de devoção total a Deus e sua obra. Em vez disso, o
formalismo entrou na igreja (não muito diferente do formalismo
que entrou na Igreja da Inglaterra durante o tempo de Wesley, e
na Igreja Metodista na América durante o de Bresee). A igreja
possuía rotinas sem vida. A igreja não estava quente nem fria. Era
indiferente, possuída por uma religião sem emoção, sem coração

IDENTIDADE NAZARENA 67
e sem sentimento. Uma vez que seus membros estavam cheios de
cuidados.
Antes, havia vitalidade em seu testemunho e testemunho
cristão. Antes havia paixão. Agora ele se foi. Mas por que Benner
pregou este sermão para a fiel multidão nazarena reunida em
1960? Os fundadores da igreja já haviam falecido. Seu zelo
também havia passado? A Igreja do Nazareno tinha se tornado
morna? Ele possuía apenas rotinas sem vida? Estava perdendo sua
paixão?
Aqueles que compareceram - pastores de igrejas grandes e
pequenas, superintendentes distritais, superintendentes e
professores da escola dominical, líderes da sociedade jovem,
presidentes da sociedade missionária, membros da junta da igreja
local - podiam se lembrar da pobreza da igreja durante os anos
1930 e da escuridão do início dos anos 1940. Durante aqueles
dias, os nazarenos viveram com pouco. Eles haviam sacrificado
muito, orando e jejuando e dando além de suas possibilidades para
manter as faculdades abertas. As mulheres colocaram suas joias
nos altares, para serem vendidas a fim de manter os missionários
no campo.
Então, a partir do final dos anos 1940, a prosperidade
havia chegado. As faculdades que eles lutaram para manter
abertas produziram graduados que eram bons leigos do dízimo.
Eles não precisaram se sacrificar tanto para manter as escolas
abertas e expandir as missões. Ao mesmo tempo, os nazarenos se
juntaram à corrente principal da cultura. Eles não eram tão
peculiares como antes. Eles se tornaram respeitáveis. Mas,
espiritualmente falando, Benner perguntou, a igreja não era ainda
“cega, pobre e nua”?
A igreja em Laodicéia havia perdido sua realidade
espiritual e se tornado uma religião sem o toque de Deus, uma
prática. A igreja havia perdido a comunhão com Deus. Sim, eles
eram doutrinariamente ortodoxos e bem-organizados. Sim, a

IDENTIDADE NAZARENA 68
máquina da igreja funcionou. Mas houve amor? Alegria
espiritual? Fervor? Eles realizam a igreja, eles têm suas escolas
dominicais, eles têm as reuniões dos jovens, eles têm suas
reuniões missionárias e eles têm suas reuniões da junta da igreja.
Eles têm sua comunhão, oram, cantam, louvam e adoram. A igreja
continua - com ou sem o Espírito de Deus. Benner estava
preocupado com o estado da Igreja do Nazareno em 1960. Cristo
estava no meio? Se não, alguém percebeu? Qual foi a resposta
para essa indiferença? A única esperança era se comprometer
novamente com Jesus Cristo e ser, como disse João, "ouro
provado no fogo". A igreja estaria disposta a passar pelo fogo para
ser pura?

A Divina Comunhão
Benner desejava a comunhão divina para a igreja. Cristo
estava batendo na porta da igreja, disse ele. Os nazarenos
pensaram neste versículo e nesta imagem como Cristo batendo na
porta do coração dos incrédulos. Mas, realmente, disse Benner, o
texto foi escrito para a igreja! Cristo não forçará a entrada. A trava
está do lado de dentro. Ele entraria se fosse convidado. Cristo
estava batendo na porta da Igreja do Nazareno? Alguém ouviria
sua batida? Se Jesus entrar em sua igreja, Benner disse, ele
eliminará as barreiras assim como eliminou os cambistas do
templo, aqueles que transformaram a igreja em um negócio. Jesus
foi capaz de limpar qualquer uma das barreiras que limitavam ou
excluíam Deus. Essas são as barreiras da “indiferença carnal” e da
“desobediência carnal”, que extinguem o Espírito.
A aplicação da palavra “carnal” àqueles bons líderes da
igreja reunidos na Assembleia Geral de 1960 deve ter sido um
choque para eles. Eram pessoas dedicadas, muitas delas com o
privilégio de terem sido eleitas para a Assembleia Geral. Eles
despenderam tempo e esforço para comparecer. O melhor dos
melhores nazarenos; eles não eram “pecadores”. Na verdade, eles

IDENTIDADE NAZARENA 69
podiam permanecer e testificar sobre o tempo e o lugar onde
Cristo os havia santificado. No entanto, Benner chamou a igreja à
qual estava se referindo de "carnal".
Da carne? Não santificado? Eles não poderiam contar que
tiveram uma experiência espiritual em algum tempo e lugar que
purificou sua carnalidade? A verdadeira questão era se eles
estavam lá e viviam em obediência e comunhão com o Espírito.
Uma vez que eles foram sensíveis à liderança de Cristo. Uma vez
que eles foram sensíveis ao seu Espírito de convicção. Antes eram
zelosos. Eles haviam se separado de Cristo? Somente se eles
fossem humildes o suficiente para reconhecer sua carnalidade,
eles seriam movidos ao arrependimento. Se continuassem
pensando que eram santos ou sentissem que precisavam manter a
impressão de que o eram, nunca se arrependeriam.
O sermão de Benner transmitiu a preocupação de que na
transição de um movimento para uma igreja bem-organizada, algo
poderia ter se perdido. Mesmo assim, Cristo estava batendo à
porta de sua Igreja. Ele desejava compartilhar sua comunhão
divina. Ele convidou seus amigos para compartilhar com ele sua
presença divina. Quando Jesus entrou, ele derreteu as barreiras
entre nós e Deus. Ele curou. Ele santificou. Quando Jesus entrou,
ele transformou a indiferença carnal em um desejo apaixonado de
servi-lo. Quando Jesus entrou, ele trouxe a promessa de vencer o
mundo; ele trouxe a promessa de nos superarmos. Quando Jesus
entrou, ele trouxe recursos divinos. Ele trouxe seu poder para seu
povo. Ele trouxe eficácia evangelística. Ele trouxe criatividade.
Ele trouxe compaixão. Ele trouxe seu Espírito.

Conclusão
Aquele mesmo Cristo que caminhou ao lado de Cleofas e
seu amigo na estrada para Emaús, tem caminhado e conversado
ao lado da Igreja do Nazareno. Ele nos mostrou sobre nós mesmos
e sobre si mesmo. Durante as aparições pós-ressurreição de Jesus,

IDENTIDADE NAZARENA 70
as Escrituras registram várias vezes que ele comeu com seus
discípulos. Ele estava comendo com eles quando lhes disse que
esperassem em Jerusalém pelo prometido Espírito Santo. Mais do
que isso, ao longo dos três anos desde que chamou seus
discípulos, ele partiu o pão com eles quase todos os dias. Então,
aconteceu que quando ele partiu o pão com Cleofas e seu amigo
na estrada para Emaús, eles perceberam que era ele. Eles viram as
marcas dos pregos em suas mãos quando ele partiu o pão.
Da mesma forma, ele está aqui; não só para andar e falar
ao nosso lado, e para revelar a sua presença, mas também, como
fez com aqueles dois amigos, para partir o pão. Perguntamos:
como Cristo tem falado conosco? Como ele está falando conosco
agora? A Igreja do Nazareno está crescendo em maturidade.
Em uma rede global de forças sociais, políticas e
econômicas em constante mudança, ainda estamos no processo de
nos tornar o que pretendíamos ser. Não chegamos. Somos um
povo que ainda caminha com Cristo. Como ele fez quando falou
com os dois discípulos na estrada para Emaús, Jesus está
caminhando ao lado e conversando com a Igreja do Nazareno. Ele
está nos abrindo para as Escrituras, falando sobre seu Reino e nos
apontando para si mesmo. Estejamos sempre dispostos a ouvir a
sua voz, a abrir a porta e a convidá-lo a entrar e a entrar
diariamente na comunhão divina com ele, como a sua Igreja.

QUESTÕES DE DISCUSSÃO
1. De que forma você ainda está em processo de
descoberta? De que forma sua igreja local ainda está em processo
de descoberta?
2. Como é que o conhecimento da história mais ampla da
Igreja do Nazareno o ajuda a ter um futuro mais próximo de Deus?
O que você sabe sobre a história da sua igreja local e que coisas
práticas isso pode lhe ensinar?

IDENTIDADE NAZARENA 71
CRIADOS PARA MISSÃO: MODELOS EFICAZES PARA
LÍDERES E DISTRITOS
Bob Broadbooks
Gustavo Crocker

INTRODUÇÃO
Desde o seu estabelecimento, a Igreja do Nazareno tem
sido organizada em distritos, parcialmente por razões geográficas,
mas fundamentalmente devido ao historial eclesiológico daqueles
que se juntaram à denominação na altura da sua criação. De
acordo com os registos históricos nazarenos, a denominação
recém-fundida foi estabelecida com 10.034 membros, organizada
em 228 congregações e agrupada em onze distritos.
Consequentemente, para muitos nazarenos, fazer parte de um
distrito é sinónimo de ser nazareno. À medida que a denominação
cresceu (geograficamente e em anos), tornou-se visível que era
necessário rever, reformular e reafirmar o papel que os distritos
tinham anteriormente, têm atualmente e continuarão a ter na
estratégia e missão da Igreja do Nazareno à volta do mundo.
Vários projetos e documentos têm ajudado os líderes a
compreender e promover a importância do distrito na vida da
nossa denominação. Alguns deles têm tido uma natureza
administrativa, enquanto outros providenciaram base teológica e
bíblica para a superintendência.
Este livro, contudo, é uma tentativa para ajudar a liderança
distrital a redescobrir os propósitos bíblicos e missiológicos do
distrito como um agente de missão. O nosso desejo é edificar
sobre aquelas obras anteriores e ajudar a geração atual de
nazarenos à volta do mundo a abraçar os distritos como modelos
de eficácia missional. Queremos fazer isso introduzindo não
somente o valor de um distrito a partir de uma perspectiva
missiológica e bíblica, mas também a importância de avançar com
eficácia e excelência missionais.

IDENTIDADE NAZARENA 72
Compreendemos que a fim de mover “do ser uma entidade
puramente administrativa’ para uma “agência missional eficaz”,
os distritos e seus líderes poderão ter de tomar um passo
intencional (para além da norma) no seu pensamento, alcance e
atividades.

TRÊS RAZÕES PARA DISTRITOS

1. Distritos: Seu Propósito


“A nossa igreja é uma denominação de igrejas locais
organizadas em distritos”. Temos ouvido esta afirmação muitas
vezes nas assembleias distritais, reuniões distritais e até à mesa do
jantar quando se tenta explicar a outros o conceito do distrito.
Embora a ideia de um distrito possa parecer familiar a muitos que
tem sido parte da Igreja do Nazareno durante algum tempo, a ideia
de um distrito parece estranha para crentes em obras missionárias
pioneiras ou mesmo desnecessária para aqueles que são parte de
congregações grandes, autossustentadas e crescentes no Ocidente.
Como a maioria das instituições que sobreviveram ao
século vinte, o distrito não escapou a ser esquadrinhado por alguns
que não veem o valor de investir numa outra camada da
burocracia da igreja. Contudo, há mais razões do que as
pragmáticas ou empresariais que contribuem para a necessidade
dos distritos. Precisamos explorar uma perspectiva mais alargada
dos distritos do que a linha básica puramente financeira ou
institucional. Os distritos asseguram que as gerações atuais e
futuras dos membros da igreja possam maximizar continuamente
os recursos de Deus pela causa da nossa missão para “fazer
discípulos à semelhança de Cristo nas nações”.

2. Por que Distritos?


Através da sua história, a igreja tem criado estruturas e
estratégias para cumprir a Grande Comissão para “ir por todo o

IDENTIDADE NAZARENA 73
mundo e pregar as boas novas a toda a criatura” (Marcos 16:15).
Desde o modelo de envio que Jesus usou com os doze e os setenta,
até aos modelos de delegação geográfica empregues por Paulo nos
seus empreendimentos missionários, estas estratégias não foram
elaboradas para criar hierarquias eclesiológicas, mas para facilitar
a missão da igreja. Uma pesquisa à carta a Tito, por exemplo,
sugere que as jurisdições geográficas (os juízos ou distritos) foram
elaboradas para capacitar a igreja a crescer tanto em número como
profundidade de acordo com a comissão de Cristo e dentro da
ortodoxia de uma doutrina correta. Os distritos são mais do que
estruturas ou camadas burocráticas. Os distritos são agências da
igreja criadas para estratégia, sinergia e unidade da missão.

RAZÕES PORQUE OS DISTRITOS SÃO CRIADOS

1. Para Estratégia Missional


Tito era um obreiro cristão que tinha viajado com Paulo
durante as suas viagens missionárias. Tanto Paulo como Tito
iniciaram o trabalho em Creta, e quando chegou a hora para Paulo
continuar a sua viagem, a obra precisava de continuidade e
desenvolvimento. Como bom missionário, Paulo estabeleceu um
novo juízo em Creta e deixou Tito responsável pela continuação
do seu desenvolvimento. Esta nomeação foi mais tarde
formalizada, na igreja primitiva, com o bispo ou supervisor.
As instruções de Paulo a Tito eram claras: “A razão de ter-
te deixado em Creta foi para que pusesses em ordem o que ainda
faltava e constituísses presbíteros em cada cidade, como te
instruí” (Tito 1:5). Por outras palavras, a razão para a nomeação
de um supervisor foi primeiramente missional. O trabalho de Tito
era providenciar organização e supervisão à obra missionária no
terreno, assegurando que novos crentes eram nutridos e
discipulados, as expressões locais da igreja fossem fortalecidas e

IDENTIDADE NAZARENA 74
liderança apropriada fosse nomeada. O trabalho de Tito foi
assegurar que tudo isto aconteceria, como instruído por Paulo.
Este versículo capta a essência dos distritos e juízos como
entidades de missão: a) devem desenvolver-se, b) devem ser
estruturadas, e c) devem dar contas a mais alguém.
 Primeiro, desenvolvimento – os distritos não são produtos
finais, e mesmo a missão não é um fim em si mesma. A
obra redentora de Deus nesta terra continua através da
igreja e os distritos ajudam as várias expressões orgânicas
do Corpo de Cristo a continuar a sua obra que foi iniciada
através do envolvimento missional. A obra missional é
desorganizada; tem altos e baixos. Mostra resultados
iniciais rápidos mas conflitos confusos no processo. Ela
nunca acaba. A razão principal para estabelecer estruturas
missionais é desenvolver, fortalecer e ajudar a trazer
ordem ao caos resultante da obra que tem sido iniciada.
 Segundo, sistemas e estruturas são acessórios importantes
para uma estratégia de missão correta. Enquanto o papel
do distrito é ajudar congregações a cumprir a missão
transformadora de Deus nas suas comunidades, a
sustentabilidade da obra é maximizada através de sistemas
organizacionais eficazes. “Constituir presbíteros em cada
cidade” poderia ser interpretado como o equivalente
cultural de “delegação organizada.” No Velho
Testamento, as cidades eram governadas e julgadas pelos
seus “anciões”, aqueles com a maior sabedoria e
experiência na comunidade. No período do Novo
Testamento, os homens mais velhos e proeminentes nas
sinagogas eram chamados de “anciões.” Paulo seguiu as
formas convenientes e convencionais de liderança na
sinagoga da sua cultura em vez de instituir estruturas de
liderança estranhas. “Em cada cidade” significava que as

IDENTIDADE NAZARENA 75
diferentes igrejas-casa em cada cidade teriam os seus
próprios líderes.
 Terceiro, a dimensão missional de um distrito requere a
prestação de contas ao corpo mais alargado de crentes. Tal
como Paulo, Barnabé e outros missionários da igreja
tiveram de prestar contas à igreja em Jerusalém (e também
à igreja em Antioquia, que os tinha enviado), Paulo
delegou uma função missionária a Tito. Termos como
interdependência e ligação estão implícitos nas instruções
de Paulo a Tito. Este devia levar a obra em Creta não
como um missionário interdependente, mas como um
supervisor delegado a favor da igreja universal. “Como te
instrui” implica prestação de contas, delegação e
submissão.

Uma História
A Igreja do Nazareno na Guatemala foi estabelecida em
1904 quando os missionários Richard e Ann Anderson chegaram
ao país. Seis anos mais tarde com somente alguns membros, a
Igreja do Nazareno conseguiu comprar uma pequena parcela de
terreno nos planaltos centrais remotos do país. Foi só em 10 de
Agosto de 1919 (quinze anos depois), que o missionário John
Franklin organizou a primeira Igreja do Nazareno na Guatemala.
Embora tivesse levado anos a organizar a primeira congregação,
por altura do seu centenário em 2004, mais de sessenta e cinco mil
nazarenos adoravam no país.
A estratégia por detrás deste crescimento sustentado e
profundo teve dois componentes básicos: a) desenvolvimento de
liderança e b) desenvolvimento do distrito. Primeiro, a estratégia
missionária da Igreja do Nazareno tem dependido historicamente
no treinamento e capacitação de líderes locais. Embora os
missionários tenham ido e investido sacrificialmente as suas vidas
a compartilhar Cristo com pessoas em áreas pioneiras, eles

IDENTIDADE NAZARENA 76
trabalharam intencionalmente na identificação, treinamento e
capacitação de líderes locais para levar a missão de Deus através
da igreja. Os missionários sempre souberam que “a melhor
semente vem da própria ceifa.” Como resultado, um campo que
levou mais do que uma década a abraçar o evangelho agora tem
centenas de líderes nacionais que estão a impactar a sua igreja
localmente e globalmente.
Segundo, a estratégia de missão da denominação tem-se
focado no desenvolvimento de distritos como entidades
estratégicas. Como parte deste foco intencional, e seguindo o
modelo bíblico de Tito 1, o Distrito da Guatemala tornou-se no
primeiro campo de missão nazareno a ter um superintendente
distrital nacional, o Rev. Federico Guillermo, nomeado em 1960.
Este processo continuou quando, sob a liderança do Dr. Jerald
Johnson nos anos 70, a denominação Nazarena adoptou um
processo de quatro passos para os distritos atingirem estatuto
regular.5 De novo, o Distrito da Guatemala foi o primeiro a
alcançar tal marco, e, em 1974, o mesmo Distrito foi oficialmente
declarado como o primeiro distrito regular numa área de Missão
Mundial.
O foco intencional na liderança e desenvolvimento
distrital levou o trabalho missionário na Guatemala de um distrito
e menos de cinco mil membros em 1974, para onze distritos e
setenta e sete mil membros em 2010. Foi preciso missionários
pioneiros despenderem setenta anos para crescer de cinco para
cinco mil membros. Quando o Distrito alcançou a sua maturidade
em 1974 e começou a multiplicar-se, levou trinta anos a
patrocinarem a criação de mais dez distritos (uma média de um
novo distrito a cada três anos) e a adição de setenta e dois mil
novos membros (uma média de dois mil e quatrocentos novos
membros cada ano).

IDENTIDADE NAZARENA 77
2. Por Sinergia
Uma das questões comuns que pastores e líderes de
campos mais velhos colocam é, “Qual é o valor de um distrito?”
Para muitos deles, as suas igrejas têm crescido até um ponto que
não é mais exigido o impulso e organização missional que um
distrito providencia. Este argumento é compreensível, mas
somente para aquelas congregações que alcançaram um tal nível
de saúde e desenvolvimento que podem realizar a maioria das
funções que um distrito providenciaria para uma congregação
média. Mas o que acontece quando uma igreja forte e
financeiramente viável enfrenta uma crise? O que acontece
quando o líder da igreja se muda? A história ensina-nos que a
saúde organizacional atual não é necessariamente um sinal de
longevidade. Por exemplo, quando Paulo escreveu aos Efésios,
eles eram um grande modelo de esplendor e missão
congregacional, mas a Revelação de João descreve a igreja em
Éfeso como uma igreja que tinha esquecido o seu primeiro amor
(Apocalipse 2:4).
Ao mesmo tempo, muitas congregações pequenas não
podem sobreviver por si mesmas ao tentarem ministrar tanto
localmente como globalmente. Uma entidade sinergética como
um juízo ou distrito possibilita igrejas pequenas ou fracas a unir
forças para maximizar a obra redentora de Deus nas suas
comunidades e para além delas. Este valor sinergético é
importante tanto para igrejas pequenas como para as grandes.
A sinergia é um conceito bíblico (sinergia da palavra
grega sunergos – “trabalhar com”). De facto, Paulo usou-a
frequentemente para descrever a natureza colaborativa da missão
aos gentios. Em I Coríntios 3:9, Paulo lembra a igreja que nós
somos “cooperadores de Deus.” Em Filipenses 2:25-30, ele usa o
mesmo termo para se referir a Epafrodito como o símbolo de
colaboração e parceria na missão. Por outras palavras, a missão

IDENTIDADE NAZARENA 78
redentora de Deus exige a participação colaborativa do corpo dos
crentes ao fazermos parceria com Ele no partilhar das boas novas.
Eclesiastes 4:9-12 providencia uma imagem vívida do
valor da sinergia: “É melhor ter companhia do que estar sozinho,
porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um
cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem
que cai e não tem quem o ajude a levantar-se! E se dois dormirem
juntos, vão manter-se aquecidos. Como, porém, manter-se
aquecido sozinho? Um homem sozinho pode ser vencido, mas
dois conseguem defender-se. Um cordão de três dobras não se
rompe com facilidade.”
A obra sinergética da missão resulta em fardos mais leves,
recursos maximizados e congregações mobilizadas.
 A sinergia distribui o fardo missional. Uma pessoa ou
uma igreja sozinha não pode partilhar as boas novas
eficazmente a toda a humanidade.
 A sinergia maximiza os recursos missionais limitados.
Se todos os indivíduos e igrejas juntarem os seus
recursos, os seus resultados serão imensuravelmente
maiores do que os resultados de uma só congregação
por maior e mais forte que seja num dado local.
 A sinergia mobiliza um número maior de recursos
missionais. A motivação é contagiosa. Histórias
fantásticas daqueles que se envolvem em atividade
missional motivam outros – mesmo aqueles que nunca
se viram envolvidos – a se tornarem participantes
ativos na missão de Deus.

Uma História
No coração da história da Igreja do Nazareno, o Distrito
de Los Angeles tem sido modelo do valor da colaboração e
sinergia. A sua história de um trabalho de equipa distrital, como
contada por um dos líderes da equipa, confirma isso:6

IDENTIDADE NAZARENA 79
Nós celebramos parcerias entre a Igreja do Nazareno e
outras organizações. Tendo planeado e participado numa viagem
do filme JESUS numa igreja local, eu era bem consciente do
impacto que esta parceria ter no mundo. O distrito teve a
capacidade de fazer parceria e levantar fundos para enviar
múltiplas equipas. O nosso objetivo era enviar uma equipa
distrital de adultos e uma equipa distrital de jovens. Fomos
capazes de levantar fundos suficientes para enviar cinco conjuntos
de equipamento do filme JESUS.
Uma vantagem principal foi a oportunidade de unir o
distrito. Encorajámos um membro de cada um dos nossos grupos
linguísticos a participar, e encorajámos todas as igrejas nesse
grupo linguístico a juntarem-se para levantar fundos a fim de
apoiar esse membro da equipa. Criámos uma equipa diversificada
e engraçada, e uma oportunidade para partilhar culturas dentro do
nosso distrito, ao partilharmos o amor de Cristo com o Sri Lanka.
Uma equipa distrital providencia mais recursos. Há tantos
que não podem ir mas podem enviar, e tantas igrejas que por si
não conseguem levantar os fundos e enviar uma equipa, mas que
podem apoiar um projeto e enviar um membro da equipa. Fomos
capazes de representar o Distrito de Los Angeles, um distrito
unificado que apoia a obra de Cristo.

3. Para Fomentar Unidade e Prestação de Contas Doutrinal


Um dos resultados imediatos do trabalho missional eficaz
é o caos. De facto, as congregações com um sentido de missão
estão sempre no precipício. Onde há movimento, há fricção,
barulho, tensão e risco. O problema é que a maioria de nós não se
sente confortável com o caos que vem da missão eficaz.
Desejamos bons resultados e grandes histórias, mas gostaríamos
de ser poupados da confusão que resulta da mudança radical,
obediência radical e testemunho radical.

IDENTIDADE NAZARENA 80
Paulo, o missionário, instruiu Tito, o supervisor da igreja
em Creta, para que pusesse “em ordem o que ainda faltava” ou
que estava “meio-feito” (Tito 1:5). É óbvio que o trabalho de
Paulo tinha sido eficaz na plantação da semente para iniciar uma
revolta santa e um avivamento nas cidades de Creta, mas ele tinha
de prosseguir. Consequentemente, era necessária organização
adicional.
A tarefa principal de Tito era facilitar o trabalho da igreja
em todas as cidades nomeando presbíteros que tivessem critérios
claramente definidos, desenvolvendo normas apropriadas de
conduta, ensinando doutrina correta e mostrando um caráter
devoto a Deus (tudo dentro do contexto do povo de Creta). Este
papel facilitador, por sua vez, resultaria em “que os que creem em
Deus se empenhem na prática de boas obras” (Tito 3:8). Assim,
um distrito que fomenta unidade e ortodoxia:
 Enfatiza o caráter e ortodoxia doutrinal na nomeação dos
seus presbíteros (1:5-9).
 Garante que estilos de vida devotos a Deus e baseados nas
Escrituras são promovidos através do desenvolvimento de
códigos de conduta contextuais e disciplina apropriada
(vs. 10-14).
 Ensina doutrina correta (2:1).
 Discipula pessoas de todas as idades e caminhos de vida:
homens mais velhos (v. 2), mulheres mais velhas (v. 4),
mulheres mais novas (v. 4), homens mais novos (v. 6),
aqueles que estão empregados (v. 9), e aqueles sob
autoridade (3:1).
 Encoraja e corrige com autoridade escriturística (2:15).
 Evita controvérsias tolas acerca da Lei (3:9).
 Promove devoção entre todos os crentes, a fim de que
possam viver vidas produtivas (v. 14).

IDENTIDADE NAZARENA 81
Uma História
O Mid-Atlantic na Região dos EUA/Canadá é um exemplo
de intenção missional. A sua declaração de missão foca em
intencionalidade e desafia as igrejas no distrito a juntarem-se ao
movimento de Deus naquela parte do país. As suas atividades
missionais fomentam esses princípios em pastores, líderes e
aqueles que se preparam para o ministério. O resultado direto é o
número de líderes, acima da média, chamados para o ministério
integral; igrejas e indivíduos envolvidos na plantação de igrejas,
evangelismo e discipulado; e líderes dispostos a abraçar novos
paradigmas missionais que respondam às necessidades das
comunidades que servem.
Desde a sua chegada ao Distrito Mid-Atlantic (antes
chamado Distrito de Washington) em 1997, Ken Mills tem focado
em envolvimento de missão intencional. Esta intencionalidade é
refletida nas Declarações de Missão e Visão do distrito: O
propósito do Distrito Mid-Atlantic da Igreja do Nazareno é fazer
progredir o ministério de Jesus Cristo através das igrejas locais.
Valores medulares:
 Proclamação intencional da santidade escriturística
 Envolvimento intencional na missão
 Encorajamento e desenvolvimento intencional de
pastores e líderes
 Provisão intencional do ministério em equipa
 Ênfase intencional na comunicação
 Foco intencional na prestação de contas

Persuadidos por Deus procuramos ser um movimento do


povo de Deus que apaixonadamente vive na história de Jesus
Cristo. A visão para impactar a região Mid-Atlantic inclui:
 Repensar modelos mentais para facilitar congregações
versáteis e adaptáveis que dêem novas oportunidades
ao movimento de Deus …

IDENTIDADE NAZARENA 82
 Reproduzir e multiplicar pastores, líderes, igrejas e
discípulos…equipando, capacitando e enviando-os
para a seara…
 Fazer parceria e colaborar com cada um, com outras
igrejas e grupos fora da congregação local para
atualizar o movimento que Deus já está a criar na
região Mid-Atlantic.
Temos visto como este foco junta as igrejas no
envolvimento missional, encoraja crentes a responder à chamada
para serviço e move comunidades para transformação. Num país
onde muitos distritos estão a fechar igrejas e experimentando o
declínio na membresia, o Distrito Mid-Atlantic tem sido capaz de
reunir as congregações à volta da missão, doutrina correta e
colaboração.

O QUE É UM DISTRITO?
Para que as congregações locais funcionem para além dos
seus círculos fechados de influência e concretizem a missão
redentora e transformadora de Deus, elas precisam juntar-se,
maximizar os recursos de Deus e fomentar unidade no meio da
diversidade. O conceito de juízo geográfico (ou distrito) ajuda a
alcançar esses propósitos. Usando a exploração bíblica e
organizacional anterior como antecedente, a Igreja do Nazareno
define um distrito da seguinte forma: “Um distrito é uma entidade
formada por igrejas locais interdependentes organizadas para
facilitar a missão de cada igreja local através de apoio mútuo, o
partilhar de recursos e colaboração”.
Esta definição inclui vários termos chave que são dignos
de serem considerados separadamente:
1. Uma entidade. Os distritos exemplificam a metáfora de
um ajuntamento. Eles são flexíveis e dinâmicos.
Quando as pessoas falam acerca do distrito, elas
deviam falar acerca do ajuntamento, a agregação de

IDENTIDADE NAZARENA 83
todas as igrejas e congregações que o formam. Sabem
que a igreja ao ficar mais velha e o conceito do distrito
se ter tornado parte da linguagem comum dos
membros, algumas pessoas pensam nele como sendo o
superintendente distrital ou o escritório do distrito, mas
a realidade é que o distrito não é nenhum desses.
Quando as igrejas se reúnem, celebram juntas e ocorre
sinergia, elas são o distrito.
2. Formado por igrejas locais interdependentes. A beleza
de um distrito é que fomenta interdependência. Sem
uma agência assim, as igrejas cairiam em dois
extremos perigosos que tendem a enfraquecer a igreja:
dependência e independência. O problema da
dependência é que as congregações não vão para além
das restrições paternalistas da organização progenitora,
enquanto o problema de independência completa é que
falta às igrejas independentes prestação de contas
doutrinal, organizacional e financeira.
Interdependência, por seu lado, permite a cada
congregação individual responder contextualmente às
realidades da sua comunidade enquanto se mantem
ligada a uma rede de ortodoxia de apoio, prestação de
contas e bíblica.
3. Organizado para facilitar a missão de cada igreja local.
Os distritos não são fins em si mesmos. A razão pela
qual as igrejas se agregam em distritos é para que a
soma de todas as partes possa ajudar cada congregação
individual na concretização da sua missão. Não há
missão distrital sem a agregação de missões
congregacionais. Não há conversões ou baptismos no
escritório distrital. A atividade missional verdadeira
acontece no coração de cada congregação local, e o

IDENTIDADE NAZARENA 84
papel do distrito é garantir que cada congregação
cumpre a sua missão transformadora na comunidade.
4. Através de apoio mútuo, o compartilhar de recursos e
colaboração. Uma das grandes contribuições do
denominacionalismo é a oportunidade das
congregações locais beneficiarem da troca das
melhores práticas e recursos para o propósito da
execução da missão de Deus nas suas comunidades. As
igrejas juntam-se na agência de um distrito para
reunirem os seus recursos e experiência, para que a
missão local e global possa ser concretizada como a
soma de todas as partes.
Quando os distritos cumprem estas funções, a questão do
valor acrescido do distrito é minimizado, e este deixa de ser uma
instituição para ser uma agência missional. Contudo,
compreender o seu propósito é somente o primeiro passo para os
distritos se tornarem agentes verdadeiros da facilitação da missão.
Distritos eficazes são aqueles que não somente compreendem o
seu propósito, como também o cumprem de formas saudáveis e
eficazes. A secção seguinte apresenta-nos as marcas de um distrito
eficaz.

Distritos como MODELOS


As organizações tornam-se naquilo que elas medem. Se as
instituições se focam em números e crescimento, elas irão
experimentar naturalmente crescimento numérico. Se o seu foco
for a saúde, tenderão a mostrá-la definida e mensurável. Por
exemplo, o Manual da Igreja do Nazareno providencia diretrizes
claras e quantitativas para reconhecer as várias fases na vida de
um distrito. Embora os nazarenos se tenham focado
historicamente nestes padrões quantitativos da maturidade
distrital, muitos de nós ignoramos o facto que o Manual também
estabelece parâmetros qualitativos para determinar a saúde e

IDENTIDADE NAZARENA 85
maturidade de um distrito. Uma adição recente ao Manual afirma
que, “Liderança, infraestrutura, responsabilidade orçamental e
integridade doutrinal deve ser demonstrada” para que um distrito
atinja o estatuto de maturidade.
Por causa deste descuido, a prática do desenvolvimento
distrital à volta do mundo tem sido principalmente focada em
distritos que alcançam as marcas numéricas para serem
considerados maduros e autossustentados. Uma das razões para
esta prática comum é que, enquanto os requisitos numéricos são
claros, os indicadores qualitativos para distritos maduros não são
definidos à volta de parâmetros específicos para cumprir tais
critérios.
Ao estudar o desenvolvimento da igreja à volta do mundo,
e particularmente na Europa e América do Norte, tornou-se
aparente que existem inúmeros sistemas para a saúde e
desenvolvimento da igreja. Muitos destes sistemas até incluem os
seus próprios instrumentos de avaliação que as igrejas e grupos
locais podem aplicar para determinar a sua saúde e viabilidade.
Contudo, muito pouco tem sido escrito considerando a saúde
organizacional dos distritos como agências de missão e sinergia.
Motivados pela necessidade de voltar a injetar eficácia
missional e encorajados pelos requisitos qualitativos implícitos do
Manual da Igreja do Nazareno, líderes da igreja nas regiões da
Eurásia e EUA/Canadá têm trabalho conjuntamente para testar e
identificar aqueles indicadores-chave de saúde que os distritos
devem evidenciar, a despeito da sua fase. A lista, embora não
exaustiva, providencia um bom fundamento para os líderes e seus
distritos reverem, avaliarem e crescerem na sua eficácia missional
pela causa da missão de Deus.
Os indicadores de distritos como MODELOS são:
 Definição Missional (M)
 Eficácia Organizacional (O)
 Integridade Doutrinal (D)

IDENTIDADE NAZARENA 86
 Prioridade Educacional (E)
 Excelência na Liderança (L) e
 Esplendor Espiritual

Definição Missional
A missão está no coração daquilo que fazemos. A missão
de Deus através de toda a história bíblica e a longa história é
restaurar a Sua criação. Deus é um Deus com uma missão. Como
parte da Sua missão para a nossa era e a nossa geração, Deus tem
confiado à igreja o levar a cabo as boas novas da Sua missão
concretizada – o Jesus encarnado que morreu e ressuscitou para
nos restaurar para uma relação perfeita com o Pai. Deus é um
Deus missionário; Jesus veio com uma missão redentora clara; o
Espírito Santo capacita-nos para cumprir a Sua missão. Este
sentido de missão e propósito deve ser também parte da vida da
igreja!
Num distrito saudável, as igrejas devem ser capazes de
refletir e articular um sentido claro de missão e propósito. Este
sentido de missão é grandemente influenciado por congregações
que abraçam a missão de Deus, a missão denominacional, a
missão e prioridades estratégicas do distrito e, claro, a sua própria
missão local. Um distrito sem um sentido de missão é somente
uma estrutura burocrática.
Mas a missão por si não é suficiente. Distritos modelos são
também capazes de visionar o seu futuro de tal maneira que as
congregações locais transformam a visão em objetivos
ministeriais específicos, porque a missão por si só não resulta em
mudança. É imperativo que os líderes distritais ajudem as igrejas
a desenvolver e a possuir um sentido de visão corporativa para o
futuro.
Por “visão” queremos dizer uma imagem partilhada do
futuro que procuram criar – o que creem [que o distrito] pode
concretizar. À medida que as pessoas dentro do seu [distrito]

IDENTIDADE NAZARENA 87
criam uma imagem clara e persuasiva do futuro do [distrito e
congregação], elas ficam comprometidas em ajudar a que o futuro
ocorra.
Um sentido claro de missão e propósito também guia
[pastores e suas congregações] em tomar escolhas diárias acerca
de que oportunidades [ministeriais] irão seguir.
Tivemos a oportunidade de encontrar um superintendente
distrital excepcional cuja paixão por inspirar e desafiar o seu
distrito para o envolvimento missional era evidente pela forma
como a declaração de missão era persistentemente apresentada em
cada evento, em cada relatório e cada porção da correspondência
distrital. Havia, contudo, algo que faltava. A declaração de missão
era clara e inspiradora, mas colocava a questão “e então?” Quando
desafiado a começar a pintar uma imagem futura do distrito, o
superintendente distrital reuniu uma equipa para lançar uma visão
que o ajudou a sonhar o sonho e a pintar de forma que as
congregações e seus membros pudessem também sonhá-lo, vê-lo
e abraçá-lo.
Como é a definição missional evidente num distrito
modelo? Um distrito com um sentido de missão encoraja as suas
congregações a se tornarem ativamente preocupadas com
evangelismo, discipulado, plantação de igrejas, desenvolvimento
de liderança e desenvolvimento de congregações saudáveis. Por
outras palavras, um distrito com uma intenção missional ajuda as
congregações a moverem-se do “modelo de manutenção para o
modelo de fidelidade/produtividade” ao fazer o seguinte:
 Mudar o paradigma das expectativas atuais. No passado,
líderes distritais e as suas equipas têm sido medidos em
termos de reuniões e visitas que tinham com pastores
congregações. De facto, houve assembleias distritais
onde os superintendentes distritais e a liderança distrital
despenderam a maior parte do seu tempo relatando o
número de visitas e reuniões de juntas realizadas durante

IDENTIDADE NAZARENA 88
o ano. Sob um novo paradigma, os líderes distritais e as
suas equipas seriam medidos em termos de facilitação
eficaz do envolvimento missional em nome das
congregações sob a sua supervisão.
 Tomar responsabilidade pelos resultados. O Dr. Jerry
Porter, superintendente geral da Igreja do Nazareno
escreve: “Líderes devem confrontar obstáculos e tomar
responsabilidade pelos resultados. É mais fácil cumprir
um papel habitual, mesmo que não vejamos os
resultados que Deus deseja. Contudo, quando saímos das
nossas zonas de conforto para zonas de obediência
sentimo-nos receosos, e Satanás diz-nos para “voltarmos
para dentro da caixa…” Somos tentados a colocar em
Deus a responsabilidade total pelos resultados. Deus dá
o crescimento, mas nós precisamos plantar e regar as
sementes”.
 Mudar da direção administrativa para a facilitação do
desenvolvimento da igreja. Talvez a maior mudança de
paradigma em ajudar os distritos a envolver-se
missionalmente é para os líderes deixarem de ser
administradores eficazes para serem consultores
eficazes das congregações que facilitarão transformação
e missão para as igrejas no distrito.
 Compartilhar a visão com consistência e persistência.
Ter uma visão e uma paixão por uma igreja missional
não é suficiente. Conseguir que o pastor comum e o
membro da igreja captem a visão requere consistência,
persistência e ouvir opiniões. Realmente, nem todos
captam a visão no primeiro relance. Temos aprendido
que a maioria das pessoas abraça a visão em fases:
o A primeira vez que a veem, a visão é como uma foto
instantânea.
o A segunda vez, a visão torna-se numa ideia.

IDENTIDADE NAZARENA 89
o A terceira vez, a visão tornar-se numa imagem.
o A quarta vez, a visão torna-se num plano.
o A quinta vez, a visão torna-se numa planta.
o A sexta vez, a visão torna-se num projeto.
o A sétima vez, a visão torna-se uma realidade.

Ao avaliar a sua clareza e eficácia missional, os distritos e


seus líderes devem fazer-se a si mesmos as seguintes perguntas:
 Qual é a missão, verbal e não-verbal (escrita ou não
escrita), do distrito em 15 palavras ou menos? Como é
comunicada? Com que frequência?
 Podemos traçar a influência direta da missão distrital nas
atividades missionais da igreja local? Dê exemplos ou
histórias.
 As igrejas no distrito reconhecem o seu papel missional
como sendo inspirado pela declaração missional? Como
sabe?
 Até que ponto existe uma visão clara e persuasiva em
funcionamento que inspira paixão e dá direção às nossas
congregações?
 As nossas igrejas no distrito têm planos específicos de
evangelismo, plantação de igrejas, discipulado e
envolvimento na comunidade que são reflexo do seu
compromisso missional?

Eficácia Organizacional
Os estudantes de arquitetura são cedo expostos à mantra
do design, “a forma segue a função.” O mesmo é verdade para
organizações. Num distrito saudável e maduro, a organização
segue a missão. Isto significa que os arranjos organizacionais de
um distrito modelo devem refletir a intencionalidade da missão,
consistência administrativa e uma compreensão contextual das

IDENTIDADE NAZARENA 90
realidades organizacionais e legais locais nas quais a Igreja do
Nazareno funciona.
Na sua obra de referência sobre excelência organizacional,
Peters e Waterman sugerem que as entidades vão para além da
mediocridade quando estabelecem a sua missão principal e
quando criam os arranjos organizacionais capazes de facilitar e
cumprir tal missão. Um recente estudo conduzido entre ministros
cristãos bem-sucedidos nos primeiros anos de 2000 prova que o
axioma é também verdadeiro para distritos e ministérios locais. O
estudo descobriu que organizações cristãs eficazes, que se
desenvolvem para além da mera sobrevivência, mostram
estruturas e arranjos organizacionais que se focam na missão e
propósito do ministério e não na manutenção da organização em
si mesma. Nestas, os ministérios, funções, juntas, equipas e fluxos
de serviços eram mais importantes que títulos e hierarquias. Por
outro lado, organizações fracassadas e medíocres, que fizeram
parte do estudo, demonstraram arranjos organizacionais que
foram elaborados principalmente para manter o status quo,
envolvimento na gestão e preservação diárias, e focagem nos
títulos e posições individuais em vez da missão da organização.
Por outras palavras, a estrutura e administração de ministérios
fracassados eram mais nominais do que funcionais.
A ligação entre forma e missão nos distritos modelo pode
ser vista na forma como os distritos organizam os seus diversos
sistemas de missão para ajudar as igrejas a cumprir a sua tarefa
missional. Por exemplo, enquanto os distritos de manutenção têm
as mesmas estruturas e juntas que os distritos-modelo têm, como
prescrito pelos manuais e outros regras e procedimentos
denominacionais, estas juntas e estruturas atuam
significativamente como bloqueadores da missão e guardadores
da tradição que focam mais na junta ou comissão do que na
missão. Nos distritos modelo, juntas, entidades e até novas formas

IDENTIDADE NAZARENA 91
organizacionais são elaboradas com o único propósito de facilitar
a missão nos níveis local, distrital e global.
Os distritos-modelo também promovem mordomia de vida
desde o momento que são organizados. Mordomia completa da
vida inclui um foco intencional em alcançar autossustento
congregacional, autossustento distrital e dádivas ligadas às várias
causas denominacionais. Os distritos saudáveis ligam as suas
prioridades financeiras com a sua prioridade missional. Por outras
palavras, os distritos-modelo põem o seu dinheiro onde está a sua
boca. Um colega ministerial costumava dizer: “Mostra-me a tua
folha de balanço financeiro e eu te direi onde estão as tuas
prioridades missionais”. O que isto significa é que um distrito
pode usar a linguagem missional e pregar o envolvimento
missional mas, no final do dia, se a maior parte dos recursos
distritais são usados para apoiar a administração e manutenção em
vez da missão, a linguagem missional é somente isso: retórica
missional.
Distritos saudáveis são conhecidos por desenvolver
intencionalmente mecanismos contínuos para garantir integridade
e prestação de contas administrativa e financeira. Porque os
distritos têm evoluído historicamente de organismos missionais
para entidades administrativas, não é fácil distinguir o papel de
tais sistemas administrativos na definição de distritos modelo
excelentes. Contudo, um olhar mais cuidado a esses distritos que
equilibram missão e administração ajuda-nos a diferenciá-los:
para a maioria dos distritos missionais eficazes, os sistemas
administrativos focam-se na facilitação de planeamento
estratégico, planeamento financeiro, integridade financeira,
prestação de contas e avaliação. Ao contrário, entidades em
dificuldades usam sistemas administrativos para conformidade,
auditoria básica e gestão do dia-a-dia.
Um tal exemplo de eficácia administrativa nos distritos é
a forma na qual o pessoal e as propriedades são geridos. Uma

IDENTIDADE NAZARENA 92
pesquisa informal de superintendentes distritais na América do
Norte revelou que a vasta maioria do tempo dos superintendentes
distritais é despendido na colocação de pessoal (encontrar
pastores para as várias congregações), assuntos relacionados com
as propriedades e assuntos legais. O que piora a situação é que
estes assuntos emergem de tempo a tempo, e os superintendentes
distritais despendem a maior parte do seu tempo produtivo como
gestores operacionais (na melhor das hipóteses) ou gestores de
crises (na pior das hipóteses).
Enquanto a resposta à questão de demasiada minúcia
administrativa varia de local para local e de cultura para cultura,
várias práticas comuns são dignas de ser mencionadas:
 Os superintendentes distritais devem focar-se na
imagem maior. Eles devem dirigir processos que
resultem em adequados sistemas de pessoal, de
propriedades e legais, mas uma equipa deve estar a
postos para ajudar a gerir a implementação destes
sistemas. Em alguns locais, a equipa administrativa será
responsável pela implementação dos sistemas. Noutros,
equipas distritais devem ser capacitadas para trabalhar
com o superintendente distrital na implementação dos
sistemas. Uma equipa administrativa (ou sistema de
apoio) libera o superintendente para se focar na missão
e no lançamento da visão.
 Os distritos devem documentar os seus procedimentos,
processos e sistemas de treinamento. A maioria dos
assuntos administrativos são recorrentes, e os líderes
despendem grandes quantidades de tempo reinventando
a roda. A documentação adequada de processos, casos,
assuntos de pessoal e sistemas de treinamento ajudam os
membros da equipa distrital, igrejas e líderes a
providenciar continuidade, eficiência e informação.

IDENTIDADE NAZARENA 93
 Os distritos devem equilibrar estratégia e operações. O
propósito principal dos sistemas administrativos
eficazes é apoiar com estratégia e desenvolvimento de
missão contínuos. Contudo, o realçar da natureza
estratégica da administração precisa ser feito sem
abdicar do compromisso do distrito na prestação de
contas e integridade.
Na avaliação da eficácia organizacional, os distritos e seus
líderes são encorajados a fazer a si mesmos as seguintes
perguntas:
 Como é o distrito organizado para a implementação de
missão?
 Até que nível as juntas, comissões e organizações
distritais refletem a prioridade de missão do distrito?
Como é que mede a eficácia e integração missionais
deles?
 Quais são os mecanismos que o distrito usa para ouvir as
opiniões sobre o cumprimento das suas prioridades
missionais? Existem outras equipas ou grupos que
ajudam o distrito a alcançar e rever as suas prioridades
missionais (exemplo: estratégia de missão, junta de
reflexão sobre a visão, etc.)?
 Quais são as plataformas que o distrito usa para permitir
que novas ideias missionais ocorram dentro do
ministério da igreja no distrito?
 Que atividades do superintendente e equipa distrital
estão a atingir o alvo missionalmente? Que atividades do
superintendente e equipa distrital tendem a desviá-los da
missão?
 O orçamento distrital reflete as prioridades missionais
do distrito? Que porção dos seus fundos deve ser
despendida diretamente em atividades missionais? Que

IDENTIDADE NAZARENA 94
percentagem é realmente despendida para este propósito
mais do que em despesas gerais?

Consistência Doutrinal
Uma concepção contemporânea errada é pensar que “tudo
o que precisamos é tornarmo-nos missionais”. Embora seja
verdade que a Igreja do Nazareno precisa de reacender a sua
paixão missional e visão por um mundo transformado, não
podemos fazê-lo à custa da doutrina – o sistema de crença fulcral
que tem ajudado a Igreja do Nazareno a permanecer fiel e ligada
através dos séculos e através das mudanças sociais, políticas e
económicas. Por outras palavras, como foi explicado antes,
porque o trabalho missional é desordenado e caótico, deve ser
acompanhado por um apoio claro e articulação da doutrina da
denominação. A.W. Tozer descreve-o claramente na sua
declaração acerca da importância da doutrina correta:
A palavra doutrina significa simplesmente crenças
religiosas mantidas e ensinadas. É a tarefa sagrada de todos os
cristãos, primeiro como crentes e depois como professores de
crenças religiosas, estar certos que estas crenças correspondem
exatamente à verdade. Um acordo preciso entre a crença e o facto
constitui a correção na doutrina. Não podemos arriscar-nos a ter
menos…
Pouco a pouco os cristãos evangélicos têm tido uma
“lavagem cerebral” nestes dias. Uma evidência é que um número
crescente deles se está a envergonhar de ser encontrado
inequivocamente do lado da verdade. Eles dizem que creem, mas
as suas crenças têm sido tão diluídas até ser impossível uma
definição clara.
O poder moral tem sempre acompanhado crenças
definidas. Os grandes santos têm sido sempre dogmáticos.
Precisamos agora mesmo de voltar a um dogmatismo moderado

IDENTIDADE NAZARENA 95
que sorri ao mesmo tempo que se ergue teimoso e firme na Palavra
de Deus que vive e permanece para sempre.
Como afirmado em capítulos anteriores, ensinar e
promover doutrina correta é dos papéis mais importantes de um
distrito. Assim, num distrito modelo, a congregação mediana
promove a doutrina e valores fulcrais da Igreja do Nazareno não
como uma imposição, mas como uma demonstração consciente
da pertença e crença da congregação nesses princípios fulcrais que
as unem. Fazem isso porque a entidade responsável pela ligação,
unidade e ortodoxia (neste caso o distrito) tem cumprido o seu
papel de facilitar, ensinar, inspirar e mesmo reforçar.
Em termos práticos, os distritos-modelo encorajam as
congregações a promover e estudar os Artigos da Fé, os Valores
Fulcrais e a doutrina essencial da denominação. Os distritos
também fomentam os ambientes adequados para o diálogo
teológico; no qual, pastores, líderes e congregações são capazes
de descobrir, envolver-se e abraçar as crenças centrais da igreja
universal, bem assim como aquelas da denominação a que se
juntaram e servem.
Algumas das perguntas que os distritos e seus líderes
precisam fazer ao avaliar a sua consistência doutrinal são:
 Que métodos, práticas e meios emprega o distrito para
manter e promover a integridade doutrinal perante as
igrejas?
 Qual é a estratégia que o distrito emprega para articular
e promover as crenças e valores fulcrais (povo cristão,
de santidade e missional) da Igreja do Nazareno?
 A que nível estão os líderes leigos nas nossas
congregações familiarizados e comprometidos com a
Declaração de Fé acordada? Artigos de Fé? Valores
Fulcrais?
 Quais são alguns meios que o superintendente distrital
usa para envolver pastores na reflexão teológica e

IDENTIDADE NAZARENA 96
desenvolvimento de uma teologia pastoral consistente
com a nossa identidade nazarena?
 Como é que o distrito garante que a plantação de uma
nova igreja é fundamentada na doutrina fulcral da
Igreja do Nazareno?

Prioridade Educacional
Enquanto servia em missões globais, o Dr. Donald Owens,
superintendente geral emérito da Igreja do Nazareno,
frequentemente partilhava a perspectiva que “a sustentabilidade
do nosso trabalho missionário não é medido só pelo número de
novas igrejas que plantamos e estabelecemos mas também (e
principalmente) pelo número de ministros locais que treinamos e
ordenamos.” Esta afirmação reflete o compromisso histórico da
Igreja de Cristo para equipar, treinar e encorajar aqueles
chamados para servir como embaixadores da graça de Deus. De
facto, uma crítica engraçada do cristianismo moderno revela a
correlação direta entre a longevidade das denominações e a sua
habilidade em recrutar, treinar e ordenar aqueles chamados para
servir como ministros do evangelho sob sua cobertura doutrinal.
A dramática baixa de membros chamados e preparando-se para o
ministério é uma das evidências mais palpáveis de uma baixa na
membresia e vitalidade denominacional.
A missão da Igreja do Nazareno é fazer discípulos à
semelhança de Cristo nas nações. Para cumprir esta missão, as
igrejas devem enfatizar a importância do discipulado e preparação
ministerial. O Manual da Igreja do Nazareno realça tal
importância: “A perpetuidade e eficácia da Igreja do Nazareno
dependem largamente das qualificações, carácter e modo de vida
espirituais dos seus ministros.”
Mais: “Educação ministerial é elaborada para apoiar na
preparação de ministros chamados por Deus cujo serviço é vital
para a expansão e extensão da mensagem de santidade para novas

IDENTIDADE NAZARENA 97
áreas de oportunidade evangelística… Muita da preparação é
principalmente teológica e bíblica no seu caráter, levando à
ordenação no ministério da Igreja do Nazareno.”
Em termos práticos, os distritos-modelo fomentam
programas intencionais que ajudam os novos crentes a crescer da
sua infância na fé para serem ministros do evangelho. A esse
respeito, os distritos saudáveis exibem intencionalidade no
discipulado, treinamento de leigos e especialmente preparação
ministerial de forma contínua. Ao reverem a sua prioridade
educacional, os distritos e seus líderes devem dialogar à volta das
seguintes questões:
 Qual é a estratégia do distrito para recrutar, mentorear e
treinar líderes para o serviço ministerial? Inclua
comentários acerca da educação para ordenação,
curriculum, materiais de leitura e seminários
patrocinados pelo distrito.
 Que mecanismos tem o distrito para ajudar os seus
pastores a compreender, partilhar e articular
adequadamente as doutrinas centrais da Igreja do
Nazareno?
 Qual é a estratégia distrital para providenciar educação
contínua e treinamento para os ministros?
 Como é que descrevem a relação do distrito com as suas
instituições educacionais teológicas?
 Quais são os caminhos disponíveis para preparação para
ordenação? Incluem os grupos linguísticos principais do
distrito?
 Existem iniciativas educacionais específicas no distrito
elaboradas para preparar ministros e leigos para
evangelismo, plantação de igrejas e alcance da
comunidade?

IDENTIDADE NAZARENA 98
Excelência na Liderança
Hoje enfrentamos a triste realidade que a liderança-serva
excelente é escassa. Infelizmente, isso também não é novo nem
único em sectores específicos no mundo secular. Deus tem sempre
chamado líderes-servos que dirigiriam o Seu povo (I Sam. 13:14;
Eze. 22:30 e Jui. 6:14, para mencionar alguns). A realidade é que
apesar de missão, visão, educação, sistemas e doutrinas serem
qualidades inerentes de um distrito modelo, a sua facilitação,
execução e acompanhamento estão nos ombros da liderança – os
superintendentes distritais, os pastores locais e as suas equipas de
liderança; ou como Borden escreve: “Liderança, liderança,
liderança”.
A liderança é crucial no desenvolvimento de distritos
modelo, mas não qualquer tipo de liderança. O próximo capítulo
cobrirá em detalhe as características essenciais daqueles
chamados a dirigir distritos como entidades missionais.
Entretanto, é importante realçar que a excelência na liderança não
é um requisito exclusivo do superintendente distrital. É um
imperativo das equipas distritais, da liderança da igreja local e
pastores que, por sua vez, a passam para os membros da igreja
com a esperança e intenção de desenvolvê-los em líderes-servos
excelentes. Os líderes-servos excelentes, que os nossos distritos e
igrejas precisam, são:
 Líderes que dirigem com missão
 Líderes que dirigem estrategicamente
 Líderes que dirigem pelo exemplo
 Líderes que desenvolvem outros líderes
 Líderes que tornam congregações pequenas ou não-
saudáveis em centros de missão vibrantes e saudáveis
 Líderes que fomentam mudança ao mesmo tempo que
mantêm ortodoxia e doutrina
 Líderes que delegam o trabalho do reino sem abdicar o
seu papel apostólico

IDENTIDADE NAZARENA 99
 Líderes que trabalham intencionalmente para passar o
manto à próxima geração de líderes

Uma pesquisa sobre as características acima e as perguntas


em baixo poderia ajudar os distritos e as suas equipas de liderança
a avaliar os seus níveis de excelência na liderança:
 Que planos ou práticas são usados para encorajar
liderança-serva na igreja local e no distrito? São
intencionais e identificáveis?
 Está o distrito a encorajar e facilitar as relações de
mentoreamento entre ministros mais novos e ministros
mais maduros?
 Como se deveria assemelhar o mentoreamento,
treinamento ou aprendizado no ministério e liderança no
distrito?
 Como é que a missão e estratégia distritais contribuem
para o processo de selecção pastoral em cada
congregação?
 Quantos pastores são capazes de identificar ministros e
líderes em desenvolvimento a serem levantados e
treinados inicialmente na igreja local?

Esplendor Espiritual
A narrativa profética de Ezequiel 37 é relevante para a
igreja de hoje. A igreja encontra-se num estado de desordem,
declínio e mesmo morte em muitas áreas do mundo. Existem
partes do mundo onde a igreja foi antes vibrante e apaixonada
acerca da missão de Deus, mas hoje parece-se com o vale de ossos
secos onde o Senhor levou o profeta. Temo-nos questionado
frequentemente “Podem os ossos viver?” (v. 3) e temos
respondido muitas vezes em desespero que “Só Deus sabe.”
Até agora, temos apresentado imperativos estratégicos e
organizacionais importantes para os distritos cumprirem

IDENTIDADE NAZARENA 100


eficazmente o seu papel como facilitadores do desenvolvimento
da igreja e envolvimento missional. Estes são estratégias e
princípios corretos e provados, que temos observado funcionarem
em múltiplos cenários no mundo, e por isso os recomendamos.
Contudo, estamos absolutamente claros que “a menos que o
Senhor edifique a casa, em vão trabalham os construtores” (Sal.
127:1). Reconstruir os muros das igrejas e distritos que enfrentam
anemia espiritual não pode ser feito através de sistemas e práticas
organizacionais. Essas práticas corretas devem basear-se no
fundamento do Espírito de Deus que move, molda e capacita.
Como na narrativa bíblica dos ossos secos, a missão, visão
e estratégias serão a carne que envolverá as congregações mortas
e providenciará os primeiros sons de vida. Os sistemas e práticas
organizacionais, educacionais e de liderança atuarão como
ligamentos que segurarão as peças juntas, mas não trarão vida a
um distrito ou a uma congregação. Somente a procura,
proclamação e prática apaixonadas da presença poderosa de
Deus podem trazer vida às nossas igrejas e distritos!
O maior indicador de vida e saúde num distrito é o
esplendor espiritual corporativo e individual dos seus líderes e
congregações. Líderes cheios do Espírito seguem e juntam-se ao
movimento de Deus; eles compreendem que os últimos, os menos
favorecidos e os perdidos não são uma distração mas a nossa
missão; eles alcançam o mundo nos seus joelhos.
As perguntas seguintes ajudarão os líderes distritais e
pastores a reverem algumas das áreas de esplendor espiritual nas
suas comunidades e jurisdições respectivas:
 Como é que sabe que Deus está a mover-se no seu
distrito? Está o movimento espalhado ou localizado? Dê
exemplos ou histórias.
 Que mecanismos ou instrumentos estão prontos para
ajudar pastores e juntas de igreja na avaliação da saúde
espiritual das suas congregações?

IDENTIDADE NAZARENA 101


 É você, e os seus líderes, modelo de uma vida de oração
para os vossos eleitores? De que formas?
 Como mede a eficácia da formação espiritual dos líderes
distritais?
 Quais são os meios específicos que o distrito emprega
para melhorar o esplendor espiritual e bem-estar dos
pastores e líderes atuais e futuros?

O Indicador Final
Primeiro e acima de tudo, um distrito saudável é a
agregação de congregações saudáveis. Estas congregações
saudáveis valorizam e mantêm o seguinte:
 Relacionamentos harmoniosos com Deus, uns com os
outros, a comunidade local e a denominação
 Relacionamentos culturalmente apropriados e
harmoniosos entre o pastor e os líderes leigos chave
 A identidade e história globais da família nazarena
 Fidelidade à Grande Comissão de Cristo através de
envolvimento ativo em e com a missão global da Igreja
do Nazareno internacional
 A habilidade em adaptar e mudar de acordo com as
necessidades da situação ministerial
 Paixão pelos perdidos
 Autossutentabilidade
 Auto propagação e reprodução

Uma História
Como diretor da Região da Eurásia, Franklin Cook ficou
intrigado pela história do desenvolvimento institucional dos
distritos nas áreas de Missão Mundial. Ele ficou particularmente
intrigado pelo facto de existirem distritos fora da América do
Norte que estavam longe de alcançarem o estatuto de Fase 3,
principalmente por causa de não terem os recursos financeiros e a

IDENTIDADE NAZARENA 102


autossutentabilidade financeira dos seus iguais no mundo
desenvolvido. Contudo, estes distritos em países desenvolvidos
estavam a experimentar incríveis movimentos de Deus
alimentados por um zelo missionário sem paralelo. Estes
chamados distritos em desenvolvimento pareciam ser mais
saudáveis do que muitos distritos maduros no Ocidente.
Inspirada por estes e muitos outros pensamentos, a Região
reuniu uma equipa de superintendentes distritais e diretores de
campo com o propósito de desenvolver uma estrutura e
instrumentos para os distritos na Eurásia. Esta ideia depressa
germinou e tornou-se mais tarde na Iniciativa de
Desenvolvimento Distrital da Região da Eurásia.
Depois da reforma de Franklin em 2004, a nova liderança
regional tomou o conceito e, em Maio de 2006, um grupo de
superintendentes distritais e líderes das Regiões da Eurásia e
EUA/Canadá da Igreja do Nazareno reuniu-se na Holanda com o
propósito de rever o instrumento de avaliação, reformular os
propósitos de um distrito e definir os principais indicadores de
saúde de um distrito eficaz.
Depois de várias repetições e revisões, os superintendentes
distritais da Região Eurásia reuniram-se na Jordânia em Abril de
2007 com o propósito de avaliar e receber treinamento sobre o
novo modelo de desenvolvimento. O treinamento focou-se nas
áreas principais de desenvolvimento e nas dimensões missionais,
educacionais e organizacionais da saúde distrital. No fim da
primeira volta de treinamento, os superintendentes distritais e
diretores de campo (que foram, entretanto, chamados de
coordenadores de estratégia de campo), elaboraram planos de
avaliação e desenvolvimento para a maioria dos distritos na
Região. Quatro anos mais tarde, a Região da Eurásia pode relatar
resultados específicos diretamente atribuíveis à implementação da
iniciativa:

IDENTIDADE NAZARENA 103


 Em 2007 existiam quatro distritos Fase 3 em toda a Região
Eurásia. Todos estes distritos estavam na Europa, e pelo
menos metade deles estavam a experimentar crises
missionais e/ou organizacionais. A meio de 2011 a Região
Eurásia relatou dez distritos Fase 3 e aqueles distritos
originais em crise desenvolveram planos para abordarem
a crise ou já são saudáveis e missionais.
 Dois terços dos distritos na Região têm os seus próprios
planos de desenvolvimento. Alguns destes planos incluem
a promoção para a próxima fase, enquanto a maioria deles
incluem planos de crescimento e saúde.
 Graças a estes planos missionais, a Região cresceu de
aproximadamente 67.000 membros e 1.200 igrejas
organizadas para quase 210.000 membros e 3.300 igrejas
organizadas em 2011.
 Pelo menos metade dos distritos tinha missionários como
superintendentes distritais em 2007. A meio de 2011,
menos de um quarto dos superintendentes distritais na
Região são missionários, enquanto a grande maioria são
líderes locais.
 Graças à participação intencional dos superintendentes
distritais na Iniciativa Regional de Desenvolvimento de
Liderança, 90 por cento dos distritos na Região
identificaram, treinaram e capacitaram pelo menos doze
novos líderes para um total de mais de quatrocentos
líderes recém-desenvolvidos num período de quatro anos.

SUPERINTENDENTES DISTRITAIS EFICAZES


Quando os superintendentes distritais são eleitos ou
nomeados para as suas novas funções, muitos deles não são
conscientes que estão a iniciar um trabalho para o qual não têm o
mínimo de treinamento. O Dr. Robert Clinton, distinto professor
de liderança no Seminário Teológico Fuller, descreve cinco tipos

IDENTIDADE NAZARENA 104


de líderes cristãos. Líderes Tipo A são professores de Escola
Dominical, líderes de pequenos grupos e membros de comissão.
Líderes Tipo B são pastores bivocacionais e evangelistas a tempo
parcial, que ministram em igrejas mais pequenas. Os líderes Tipo
C são pastores a tempo integral em igrejas maiores, que
supervisionam membros de equipa e outros. Líderes Tipo D são
líderes nacionais e regionais que lideram os Tipos A, B e C. Os
líderes Tipo E incluem a chefia máxima das organizações
internacionais.
Quanto aos líderes Tipo D (superintendentes distritais),
Clinton diz:
Muito pouco treinamento eficaz está disponível para os
líderes Tipo D. Eles geralmente afundam-se ou nadam por eles
mesmos. É este nível de liderança que precisa desesperadamente
de mentoreamento assim como treinamento informar e não-
formal…Mas é frequente o caso em que os líderes ao chegarem a
este nível se vêm a si mesmos como líderes competentes que não
sentem necessidade de mais treinamento. Por isso muitas vezes
estão cegos para a necessidade de treinamento nesta transição
crítica e são demasiado orgulhosos para pedir ajuda.1
Clinton diz que ir da liderança Tipo C para a liderança
Tipo D é a transição mais difícil para um líder cristão fazer. Eles
precisam atravessar o que ele chama de barreira estratégica. Os
líderes Tipo C estão envolvidos em fazer ministério. Eles
exercitam os seus dons diretamente com muitas pessoas. Para
serem eficazes, os líderes Tipo D devem mudar de fazer
principalmente ministério para capacitar outros a fazer ministério.
Eles precisam de deixar de fazer ministério direto para fazer
ministério indireto, ou seja, precisam atravessar a barreira
estratégica. Clinton diz que os líderes Tipo D têm de descobrir
que, “Mais tempo despendido com menos pessoas equivale a um
maior e mais duradouro impacto para Deus.”2 Infelizmente, estes
líderes foram treinados para ministério direto; não foram

IDENTIDADE NAZARENA 105


treinados nas aptidões de liderança necessárias para o ministério
indireto.
Para ganharem informação sobre este assunto e outros, dez
superintendentes distritais nazarenos reuniram-se para debater o
que torna um superintendente distrital eficaz. Eles lideram
distritos que têm mostrado o crescimento mais forte na última
década (1998-2008). Estes dez distritos iniciaram 30 por cento das
novas plantações de igrejas nos Estados Unidos e Canadá e
ganharam 20 por cento de novos nazarenos durante essa década.
Cada um apresentou um trabalho para expressar os seus
pensamentos em como isso aconteceu no seu distrito.
Como resultado da informação partilhada, algumas
suposições típicas foram descobertas ser falsas. Assuntos como
demografia, organização do distrito, personalidade e talento do
superintendente, e riqueza do distrito provaram ser de pouco
significado para o crescimento e progresso do distrito.
Suporíamos que os distritos que tivessem demografia favorável
seriam aqueles que crescem. Contudo, alguns destes distritos
estão a decrescer.
A demografia dos dez distritos variava muito. Um distrito
é maioritariamente urbano, encontrando-se numa das maiores
cidades do mundo com uma população diversificada de grupos de
pessoas. Outro é basicamente rural sem grandes áreas
metropolitanas. Suporíamos que os distritos que têm líderes
talentosos e carismáticos cresceriam. Mas muitos destes dez
líderes são sossegados, algo tímidos e reservados.
Normalmente acreditaríamos que os distritos que estão a
crescer são os que têm grandes reservas financeiras e são
compostos por igrejas ricas. O contrário é muitas vezes verdade.
Muitos dos dez distritos estavam a funcionar com escassez
financeira.
Não havia estrutura organizacional comum que pudesse
ser descoberta em cada distrito. Alguns deles dividiam-se em

IDENTIDADE NAZARENA 106


zonas focadas em missão, mas a maioria não. Alguns dos
superintendentes tinham assistentes pagos, mas muitos não
tinham. Por isso, a questão é, havia semelhanças ou coisas comuns
encontradas nos dez que tinham o maior crescimento? A resposta
é, “Certamente.”

Uma Paixão Evangelística


Cada um dos superintendentes tinha uma paixão para
alcançar os perdidos e era capaz de comunicar isto ao distrito. Isto
não era só um elemento da sua mensagem – ganhar os perdidos
era a sua mensagem. Eles procuravam meios para contar as
histórias de perdidos a encontrar Jesus e dos crentes a encontrar a
alegria de uma vida cheia do Espírito. Consistentemente
modelaram que o evangelismo não era somente a
responsabilidade de alguns, mas a responsabilidade de todo o
crente, incluindo o superintendente distrital.
Estes superintendentes eram criativos em desafiar o
distrito a ver o seu campo de missão. Para manter o foco nas
pessoas, um dos superintendentes falou sobre a nossa “visão da
responsabilidade de 1 por cento.” Aproximadamente oito milhões
de pessoas viviam no distrito e só 42 por cento pertenciam a uma
igreja. Isso significa que cinco milhões de pessoas no distrito não
pertencem a nenhuma. Eles sabiam que não podiam ser
responsáveis por todas elas, por isso decidiram aceitar a
responsabilidade de 1 por cento das pessoas do distrito que não
pertenciam a nenhuma igreja. Muitos pastores têm aceitado a
responsabilidade por 1 por cento das pessoas na sua comunidade.
A mensagem é criativamente repetida muitas vezes e as pessoas
da igreja local compreendem o conceito de 1 por cento.
Outro superintendente, ao explicar o seu campo de missão,
diz que existem 1,2 milhões de pessoas no distrito e 65 por cento
delas não vão à igreja. Isso significa 780.000 pessoas no distrito
que precisam do Senhor e de boa comunhão cristã. Depois ele

IDENTIDADE NAZARENA 107


explicou que muitos de nós conhecemos vinte pessoas que não
vão à igreja. Isso significa que se estamos numa igreja cuja
assistência média é de cinquenta, realmente estamos numa igreja
de mil. Existem muitas pessoas a quem ministrar para Jesus. Se
formos movidos pelo facto que elas estão perdidas, e levados a ter
compaixão por elas e tocá-las no nome de Jesus, muitas chegarão
a Cristo. O superintendente fala constantemente nestes termos às
pessoas do distrito através da sua pregação e escrita.

Uma Ênfase Forte na Plantação de Igrejas


Um dos métodos mais produtivos de evangelismo é iniciar
novas igrejas. Todos os dez superintendentes distritais colocaram
uma prioridade elevada na plantação de igreja, e fizeram-no sem
despender grandes quantias de dinheiro. Um superintendente
disse, “O que descobrimos é que o dinheiro não afetou realmente
o início de uma congregação nem os deterá em continuar”. Outro
disse, “A plantação de igrejas é parte da nossa consciencialização,
mas certamente não na mesma ‘norma’ como outros modelos
pelos Estados Unidos. Nós não colocámos intencionalmente
muitas finanças no início de uma igreja, e não é porque não
queiramos ajudar em termos de recursos estes novos trabalhos. A
nossa estratégia é animar e dar permissão àqueles que sentem o
movimento de Deus na área da plantação de novas comunidades
de crentes”. Outro superintendente de uma área metropolitana,
onde os custos de construção são proibitivos, disse, “Estamos
dispostos a ter igreja onde quer que seja, a qualquer altura e em
qualquer lugar…Iniciamos igrejas com pouco ou nenhum
dinheiro mesmo…Algumas instalações acolhem três grupos
linguísticos diferentes num único domingo”.
Estes superintendentes têm sido criativos no
financiamento de plantação de igrejas. Quando uma propriedade
é vendida num distrito, os lucros são colocados numa conta
separada para o propósito de plantação de igrejas. O

IDENTIDADE NAZARENA 108


superintendente disse, “Desafiámos os nossos pastores e igrejas a
plantar uma nova igreja e prometemos se eles o fizessem,
devolver-lhes-íamos os seus fundos distritais durante um ano e 50
por cento no segundo ano. Claro que tinham de mostrar que
haviam investido pelo menos essa quantia numa nova igreja. A
coisa interessante que aconteceu é que nós pudemos ofertar, Deus
abençoou[-nos] e as nossas reservas não desceram
proporcionalmente”.
Estes superintendentes compreendem que o distrito não é
capaz de plantar todas as novas igrejas. Eles continuam a
encorajar as igrejas a plantar igrejas. Como disse um
superintendente, “No nosso distrito, temo-nos sentido
confortáveis com a desordem”. Nem todas as igrejas iniciadas
sobrevivem, e muitos plantadores de igrejas pensam e atuam fora
da norma, mas tem de haver uma liberdade para experimentar e
tentar novas formas de alcançar pessoas. Presentemente na Igreja
do Nazareno estamos a adicionar igrejas, mas a nossa necessidade
é multiplicar igrejas. Isto só acontecerá se os nossos pastores
descobrirem a alegria de plantar igrejas. Se cada pastor encontrar
uma cidade, vizinhança ou grupo de pessoas próximos que não
está a ser servida com o evangelho e encontrar uma forma criativa
de iniciar um grupo de estudo bíblico ali, uma nova igreja poderá
desenvolver-se. Os pastores não precisam de deixar sair um
grande grupo de pessoas para iniciar uma igreja, mas talvez
possam treinar e comissionar um dos seus líderes proeminentes
para iniciar uma igreja.
Um dos distritos descreveu sua estratégia nos seguintes
termos:
 Cada igreja está a convocar cada cristão a se envolver
em oração e jejum para um movimento da Grande
Comissão.
 Cada igreja está a discipular intencionalmente cada
cristão que estiver disposto.

IDENTIDADE NAZARENA 109


 Cada pastor está a levantar e a treinar futuros líderes
pastores.
 Cada igreja está a iniciar múltiplos “pontos de
pregação” na comunidade, trabalhando
estrategicamente com outras igrejas de missão na área.
 Cada igreja nutre pelo menos um “ponto de pregação”
para se tornar “igreja missão” em cada ano.

Um Compromisso Sério para o Desenvolvimento da


Liderança
De acordo com os professores de missões Gailey e
Culbertson, “O desenvolvimento de liderança é um factor chave
no progresso de um grupo de igrejas na jornada de pioneiro para
participante”. Os superintendentes no estudo falaram muitas
vezes da importância de amar e apoiar todos os pastores e líderes
no distrito. Este amor e atenção eram dados à igreja maior como
a mais pequena sem favoritismo. Geralmente, os superintendentes
não iam só às igrejas grandes e delegavam as mais pequenas ao
cuidado de alguém. A preocupação era expressa que quando as
igrejas eram divididas desta forma, as igrejas mais pequenas
sentiriam que não eram importantes o suficiente para a atenção do
próprio superintendente distrital.
Um estudo recente realizado pelo Departamento de
Pesquisa Nazareno mostrou que as igrejas mais pequenas não são
um grupo uniforme. Algumas estão certamente em declínio, mas
a maioria delas não. Das igrejas pequenas que estão a decair, a
maioria são igrejas que já foram grandes e estão a tornar-se mais
pequenas. Igrejas que já tiveram mais do que cem pessoas estão
realmente a crescer mais rapidamente do que a média
denominacional. Assim, elas estão a dar uma contribuição muito
forte no crescimento e saúde geral da denominação. As igrejas
mais pequenas são realmente lindas e representam um meio
importante e viável de alcançar muitas pessoas novas para Jesus

IDENTIDADE NAZARENA 110


com as boas novas. Igrejas pequenas precisam de ser celebradas e
os pastores bivocacionais precisam sentir-se apreciados e amados.
O superintendente eficaz criará um clima de unidade ao apreciar,
celebrar e cuidar tanto da igreja grande como da pequena.
A maioria dos dez superintendentes entrevistados disse
que o seu trabalho era acerca de acessibilidade e comunicação
clara. Um disse, “Acredito que algumas das melhores formas que
tenho contribuído para o crescimento do distrito é a minha
acessibilidade aos pastores como necessário, boletins semanais
para pastores e reuniões individuais com cada pastor no distrito.
O horário do superintendente distrital é impresso a cada semana e
está disponível para pastores e leigos”.
Embora o cuidado pastoral fosse significativo, era só uma
parte do desenvolvimento da liderança. Um superintendente disse,
“A nossa primeira responsabilidade em seguir o movimento de
Deus na nossa área é investir em pessoas que estão a ser chamadas
para se tornarem líderes no ministério. Isto inclui pastores e
leigos. Ninguém está isento desta chamada. A nossa segunda
responsabilidade é deixá-los liderar da forma que Deus os dirigir
para liderar. Por outras palavras, poderá não parecer, não sentir,
não ser como a forma que sempre fizemos, mas como Deus nos
dirige, tudo ficará bem”.
Isto significa dar aos líderes liberdade para trabalhar e
depois o superintendente torna-se o animador. Um
superintendente disse, “Em vez de tentar encontrar a culpa para
os erros, os líderes distritais sábios aprendem. Em vez de
adicionar regras, eles adicionam flexibilidade. Em vez de exigir
conformidade, eles dão permissão. Os erros são um facto da vida
num mundo em mudança. Como alguém diz: Os erros são a
evidência clara que alguém por aí está a tentar fazer algo”.
Parte do desenvolvimento de liderança é reunirem-se e
partilharem recursos. Estes superintendentes têm frequentemente
reuniões de equipa quando os pastores se juntam para eventos

IDENTIDADE NAZARENA 111


educacionais e de inspiração. Nestas reuniões um superintendente
tem sempre algo para distribuir. Isto pode incluir um livro, um
CD, um DVD ou qualquer outro tipo de material. Ao fazer isto,
ele está a modelar que um bom líder está sempre a aprender e a
desdobrar-se. Existem sempre coisas novas a aprender e novas
formas de realizar o trabalho.
Estes superintendentes têm centros distritais de
treinamento ativos. De facto, um distrito tinha três escolas a
funcionar ao mesmo tempo. Estas escolas estão divididas por
idioma e local. Estes superintendentes compreenderam que no
clima religioso de hoje eles terão provavelmente de produzir os
seus próprios líderes. Um superintendente disse, “Cada plantação
de igreja bem-sucedida no nosso distrito tem sido dirigida por um
ministro já no distrito”. Louie Bustle diz frequentemente,
“algumas das novas igrejas que serão plantadas nos nossos
distritos serão dirigidas por pastores que ainda nem são salvos”.
Provavelmente não poderão ir a um seminário ou universidade.
Precisamos providenciar treinamento para eles e ajudá-los
também a aceder a treinamento pela internet. Os cursos de estudos
modular têm-se tornado um instrumento indispensável para os
nossos centros distritais de treinamento.
O Dr. Eddie Gibbs, professor no Seminário Teológico
Fuller, faz uma observação interessante. Referenciando as cinco
esferas de liderança mencionadas em Efésios 4 (pastores,
professores, profetas, evangelistas e apóstolos), ele diz que
tipicamente os seminários hoje focam o treinamento nas duas
primeiras – pastores e professores. Ele afirma, “Mas
especialmente no nosso contexto missional e da pós-cristandade,
existe uma necessidade urgente para identificar as outras funções
de liderança e ministério que Paulo identifica, nomeadamente a
de apóstolo, profeta e evangelista”. Poderá ser que os nossos
centros distritais de treinamento encorajem e validem aqueles
chamados para iniciar igrejas e falar profeticamente? Não estamos

IDENTIDADE NAZARENA 112


a sugerir que as nossas instituições educacionais formais não
sejam eficazes no seu trabalho. Elas são-no, mas as realidades de
hoje sugerem que muitas pessoas chamadas não são capazes de se
mudarem e entrarem numa escola. É incumbência do distrito
providenciar centros locais de treinamento eficazes para treinar
líderes, para que novas igrejas sejam plantadas. Gibbs cita Martin
Garner, que disse, “Liderança apostólica providencia um
elemento essencial para a nova igreja emergente…Este assunto do
desenvolvimento de um novo tipo de liderança é possivelmente a
questão mais importante de estratégia nesta década, e quer a igreja
responda corretamente ou não irá determinar até certo ponto a sua
sobrevivência como uma expressão viável do evangelho nos anos
vindouros”

Uma Consciência da Arte de Colocação Pastoral


Superintendentes eficazes compreendem que a colocação
pastoral é mais do que somente preencher púlpitos. Contudo, se o
superintendente for intencional em encontrar o pastor certo para a
igreja certa, o trabalho florescerá. Estes dez superintendentes
estavam comprometidos em encontrar pastores apaixonados,
missionais e ganhadores de almas para os seus distritos. Um
superintendente falou acerca da sua abordagem no culto de
instalação do pastor. Ele diz sempre algo parecido a isto ao pastor,
“Eu não estou a pedir-lhe para somente preencher este púlpito.
Estou a pedir-lhe para abraçar esta comunidade, esta cidade”. A
tarefa do pastor não é somente pregar. Ele deve olhar para si
mesmo como responsável pela missão de Deus naquela cidade.
Um superintendente disse em relação a encontrar pastores,
“Eu adoptei um preceito que me tem servido bem. Peça o melhor
e deixe que lhe digam não.” Isto possibilitou-o a assegurar bons
pastores para o seu distrito. Vários dos superintendentes seguiram
este adágio: O melhor prognosticador do comportamento futuro é
o comportamento passado. Deram mais credibilidade ao perfil do

IDENTIDADE NAZARENA 113


ministro no Escritório do Secretário Geral do que ao curriculum
do candidato. Se o perfil indica que o ministro teve estabilidade
relativa, recebeu novos membros por profissão de fé e foi fiel em
dirigir a igreja no pagamento dos seus fundos no passado, isto é
um indicador forte de que o pastor fará o mesmo no futuro.
Quando o superintendente está a orar e é cuidadoso na seleção de
pastores, ele ou ela será recompensado com uma boa equipa de
pastores que abraçam o reino de Cristo e veem-no a avançar.

A Habilidade para Atravessar a Barreira Estratégica


Anteriormente, o Dr. Robert Clinton foi citado como
dizendo que os líderes Tipo D devem aprender como mudar do
ministério direto para o indireto. Para serem superintendentes
distritais eficazes, eles precisam atravessar a barreira estratégica.
Eles precisam aprender como ministrar através de outros líderes.
Sem uma estratégia geral, todo o seu tempo será despendido a
tratar de pormenores urgentes e arbitrando conflitos da igreja. O
superintendente tem sido colocado neste papel para dar direção e
moldar um futuro desejado, e o ponto de início é estudar a cultura
do distrito. Alguns dos dez superintendentes chegaram a uma
estratégia intuitivamente, e outros tiveram que passar por um
processo mais formal.
Um superintendente descreveu como ele começou a sua
tarefa: “Ao começar a orar, falar e ouvir os pastores, e ao conduzir
pelas cidades e vilas do meu distrito, a imagem começou a
emergir…a chave para o nosso futuro são pastores saudáveis,
igrejas saudáveis e novas congregações. Por isso este tem sido o
nosso foco principal nos últimos oito anos”. Ele decidiu encontrar
um assistente que trabalharia com a administração, finanças,
assuntos das propriedades e o programa educacional dos pastores.
Isto libertaria o superintendente para selar a sua filosofia aos seus
líderes. Ele falou muitas vezes em ter coragem e correr riscos, e
encorajou os seus pastores dizendo, “Avança.” Descobriu que 45

IDENTIDADE NAZARENA 114


por cento do distrito era hispânico, por isso focou muita da sua
atenção em encontrar e desenvolver líderes que estão agora a
plantar com sucesso igrejas hispânicas por todo o distrito. Por
outras palavras, ele estudou o distrito e desenvolveu uma
estratégia. O seu trabalho foi para além de somente amar e cuidar
pelos pastores no distrito. O cuidado pastoral feito pelo
superintendente é trabalho importante, mas não é o todo do seu
trabalho. Os superintendentes devem aprender como influenciar
através de outros líderes.
Um superintendente serve um distrito que é tão grande e
diverso que tem aproximadamente 10 por cento da população dos
Estados Unidos vivendo dentro das suas fronteiras. Isto poderia
ser esmagador, mas agora ele pensa sobre o seu distrito como um
campo de missão estrangeiro. Os líderes do seu distrito devem
pensar e viver cruzando culturas todos os dias. A estratégia deste
superintendente distrital tomou forma ao tornar-se um estudante
do distrito. Ele aprendeu que 75 por cento das famílias pastorais
são bivocacionais e 51 por cento das igrejas não possuem
instalações. Só depois de saber estes e outros factos semelhantes
ele reuniu com outros líderes à volta do campo de missão.
Um dos dez superintendentes nasceu e cresceu no seu
distrito. Ele saiu somente alguns anos para frequentar a escola,
mas voltou para ali pastorear. Mais tarde foi eleito
superintendente distrital e tem servido ali durante muitos anos.
Porque ele tem vivido e trabalhado ali há tanto tempo, ele é
consciente da cultura. Ele compreende-a. Ele sabe como navegar
nela. Ele assegura-se que os pastores a compreendem. Cada
distrito é único e as estratégias emergem quando o
superintendente e os seus líderes colocam a questão, Quem é que
Deus colocou no nosso campo de missão e qual é a nossa
estratégia para os alcançar com o evangelho?

IDENTIDADE NAZARENA 115


Um Equilíbrio Saudável Entre Crescimento e devoção a Deus
Superintendentes eficazes sentem-se em casa tanto a
dirigir um retiro de oração como um retiro da junta. Eles são
orientados para o crescimento e têm a mente celestial. Eles olham
para fora e para cima. São pessoas de oração. Um superintendente
guardou uma foto de cada pastor e esposa do seu distrito na parede
do seu quarto de oração. Essas fotos ajudavam-no a dizer os seus
nomes em oração. Um superintendente disse. “Precisamos
trabalhar duro, pregar a Palavra, especializar-nos em alcançar
outros, sonhar, pensar, esperar e não fazer planos pequenos.
Lembrem-se que temos de nos ajoelhar diariamente em oração,
orar nos cultos, orar com as pessoas, orar sozinhos, orar em casa,
orar ao conduzirmos, orar em todo o lugar.”
Falando sobre liderança espiritual, um dos
superintendentes disse: “Um superintendente distrital deve viver
autenticamente cada dia num relacionamento estreito com Deus e
com aqueles que ele serve. Alguém me disse recentemente: nada
acontece sem oração e tudo que acontece sem oração não é nada.”
Não posso imaginar tentar liderar um distrito sem uma vida de
oração intima. Descobri que Deus transforma pessoas e situações
muito para além das minhas capacidades de as transformar
quando as trago a Deus em oração. Estou convencido que a oração
é o fundamento essencial e indispensável para liderar qualquer
esforço, especialmente um distrito com necessidade de
revitalização, Os superintendentes distritais devem orar acerca de
tudo”
Um superintendente distrital na Igreja do Nazareno deve
exibir integridade santificada. Para ganhar o apoio dos pastores e
igrejas no distrito, ele ou ela deve tratar todos com honestidade e
respeito. Eles saberão imediatamente se a pregação do
superintendente não corresponde com a sua vida e se eles sentirem
uma discrepância, começarão a ignorar a liderança do

IDENTIDADE NAZARENA 116


superintendente. Ao contrário, as pessoas responderão aos
superintendentes que lideram e pregam com paixão santificada.
Em última análise, o trabalho do superintendente é
trabalho espiritual. Se a igreja é para crescer, Deus é o que
transformará vidas. Se pecadores são salvos, Deus o fará. Se os
crentes forem inteiramente santificados, Deus será quem realizará
isso. O superintendente eficaz desafia as igrejas e pastores para
crescer, depende de Deus para trazer o aumento e rega todo o
processo com oração.

CONCLUSÃO
Talvez o superintendente distrital que estiver a ler isto
agora se sinta esmagado, impreparado e deficientemente equipado
pessoalmente para a obra perante ele ou ela. Pode dizer, “Eu não
sou uma pessoa dos dez talentos. Não sou um orador dotado, um
génio organizacional ou um estrategista talentoso. Tenho receio
de não estar preparado ou ser capaz de tal trabalho.” Se sente
dessa forma, ouça estas boas notícias.
Nós não mencionámos intencionalmente os nomes dos dez
superintendentes ou os distritos que servem. Estes líderes não
querem crédito pelo seu trabalho. Deus recebe a glória. Contudo,
há dois nomes que devem ser mencionados. Durante dezoito anos,
Charles e Mary Thompson serviram como superintendentes
distritais do Distrito de Virginia. Num domingo à noite, os
Thompsons visitaram a igreja de Harrisburg. Depois de pregar,
Charles orou esta oração final: “Senhor, o que for preciso, leva o
Distrito de Virginia a dobrar os seus joelhos em oração.” No seu
caminho de volta a casa naquela noite, os Thompsons
envolveram-se num terrível acidente de carro com um camião.
Levou muito tempo para libertarem Charles e Mary dos
escombros. Pensando que Charles estava morto, os paramédicos
colocaram-no num saco de cadáver. O distrito foi levado a ficar
de joelhos, e, miraculosamente, Charles sobreviveu.

IDENTIDADE NAZARENA 117


Durante um número de meses, o distrito reuniu-se à volta
da recuperação dos Thompsons e os pastores fizerem o trabalho
do superintendente distrital. Quando Charles voltou ao trabalho,
ele não era a mesma pessoa. O seu discurso era um pouco
arrastado. Ele às vezes esquecia nomes. Ele estava muito fraco.
Ele não era forte na administração como antes. Ele não era mais
uma figura impressiva. Mas algo maravilhoso começou a
acontecer. Apesar dos seus pastores saberem das suas fraquezas e
falhas, eles ainda trabalhavam arduamente porque não podiam
pensar em deixar mal Charles. Eles não podiam pensar em deixá-
lo desapontado. Não havia forma dos pastores votaram contra ele
na altura da reeleição. Eles amavam-nos tanto. Ele estava
incapacitado, mas eles honravam-no.
Charles Thompson perdeu muito como resultado do
acidente, mas ele ainda tinha duas coisas importantes. Ele era um
homem de oração. Duas ou três vezes por ano, ele chamava os
pastores para uma conferência de oração. Ele não dirigia esses
tempos de oração, mas estava lá. Ele sempre ficava atrás na sala.
Um pastor da Virginia contou que uma altura, ele teve de sair do
tempo de oração mais cedo. Eles estavam reunidos numa sala de
um hotel. As luzes estavam reduzidas. Ao ir para o fundo da sala,
na escuridão, este pastor tropeçou sobre Charles. Ele estava de
cara prostrada no chão perto da porta de saída. O superintendente
distrital estava a orar e a clamar pelos nomes dos seus pastores,
pedido que Deus abençoasse os seus ministérios. O pastor
comoveu-se.
Havia outra coisa que Charles tinha. Ele era um homem
apaixonado. Ele não conseguia dar o seu relatório na assembleia
distrital sem chorar. Um dos seus pastores contou que geralmente
quando ele fazia a sua visita anual, ele não queria pregar. Ele dizia
somente, “Bom, a Maria e eu queremos vir à igreja só para vos
apoiar e orar por vós. Nós entramos sem ser notados.” Mas um
domingo, o pastor prevaleceu com Charles para pregar. O pastor

IDENTIDADE NAZARENA 118


tinha notado que a igreja estava a passar por uma fase “desértica”
e as pessoas não estavam a usar o altar livremente em resposta às
pregações. Charles pregou nessa manhã. O pastor disse que a
pregação não foi muito boa, talvez um quatro numa escala de dez.
Charles chorou durante a pregação. Depois abriu o altar e este
encheu-se com pessoas buscando a Deus.
Alguns anos mais tarde quando ele se reformou, insistiu
imediatamente com o novo superintendente distrital para o deixar
ter uma igreja. Ele precisava continuar a pregar; ele precisava que
Deus continuasse a ajudá-lo. A coisa mais importante para
Charles Thompson era orar e alcançar pessoas. Com um sorriso,
ele aceitou uma pequena igreja de trinta pessoas, e rapidamente
cresceu para uma centena.
Este superintendente incapacitado, arrastando o discurso,
tímido e humilde e a sua fiel esposa lideravam bem e de forma
incomum. E ironicamente, o Distrito Virginia tinha as taxas de
crescimento mais fortes da década de todos os distritos nos
Estados Unidos e Canadá. Charles Thompson sabia como
reconhecer bons pastores. Ele sabia como encorajá-los ao longo
do caminho. Ele sabia como liberá-los e confiar neles. Mas mais
importante de tudo, ele sabia como orar e chorar. Poderia haver
um segredo aqui? Poderia ser tão óbvio que não o notámos? Ele
não era um administrador. Ele era um homem de Deus. Ele não
era um gestor. Ele era um homem de paixão. E os pastores e leigos
do Distrito de Virginia sabiam disso. Eles amavam-no. Eles
reuniam-se à sua volta. Eles compartilharam o fardo para que
muitas pessoas fossem acrescentadas ao reino.
E se Charles Thompson pode liderar um distrito crescente,
você também pode.

IDENTIDADE NAZARENA 119


PESQUISA DE AUTO-ESTUDO DO
DESENVOLVIMENTO DISTRITAL
Nota para a Liderança: Este autoestudo é elaborado para
ajudar os distritos a ajudarem as igrejas a cumprir a sua missão.
As áreas do autoestudo não são limitadas às questões seguintes,
mas podem ajudar os distritos e as suas equipas de liderança na
avaliação da sua capacidade atual em cumprir o seu propósito.
As perguntas são abertas, deixando espaço para debate, análise
e síntese.

1. INFORMAÇÃO ANTECEDENTE
 Há quanto tempo existe a Igreja do Nazareno na área
distrital?
 Qual tem sido a história da liderança no distrito
(superintendentes distritais, estabilidade, etc.)?
 Qual é a história do crescimento e/ou declínio no distrito?
 Como é que o distrito tem feito parceria com as igrejas locais
na plantação de igrejas?
 Quantas igrejas foram iniciadas e/ou incubadas no distrito,
que se desenvolveram em igrejas organizadas?
 Quantas igrejas têm sido iniciadas, e que não amadureceram?
Porquê?

2. DEFINIÇÃO MISSIONAL
 Qual é a missão, verbal e não-verbal (escrita e não escrita) do
distrito em quinze palavras ou menos? Como é que é
comunicada? Com que frequência?
 Podemos traçar a influência direta da missão distrital nas
atividades missionais da igreja local onde a missão está a ser
vivida? Dê exemplos ou histórias.
 As igrejas no distrito reconhecem o seu papel missional
como sendo inspirado pela declaração de missão? Como
sabe?
 Até que ponto é que existe uma visão clara e persuasiva em
funcionamento no distrito que inspira paixão e dá direção às
suas congregações?

IDENTIDADE NAZARENA 120


 As igrejas no distrito têm planos específicos de evangelismo,
plantação de igrejas, discipulado e envolvimento
comunitário que são o reflexo do seu compromisso
missional?

3. EFICÁCIA ORGANIZACIONAL
 Como é o distrito organizado para a implementação de
missão?
 Até que nível as juntas, comissões e organizações distritais
refletem a prioridade de missão do distrito? Como é que
mede a eficácia e integração missionais deles?
 Quais são os mecanismos que o distrito usa para ouvir as
opiniões sobre o cumprimento das suas prioridades
missionais? Existem outras equipas ou grupos que ajudam o
distrito a alcançar e rever as suas prioridades missionais
(exemplo: estratégia de missão, junta de reflexão sobre a
visão, etc.)?
 Quais são as plataformas que o distrito usa para permitir que
novas ideias missionais ocorram dentro do ministério da
igreja no distrito?
 Que atividades do superintendente e equipa distrital estão a
atingir o alvo emocionalmente? Que atividades do
superintendente e equipa distrital tendem a desviá-los da
missão?
 O orçamento distrital reflete as prioridades missionais do
distrito? Que porção dos seus fundos deve ser despendida
diretamente em atividades missionais? Que percentagem é
realmente despendida para este propósito mais do que em
despesas gerais?

IDENTIDADE NAZARENA 121


4. INTEGRIDADE DOUTRINAL
 Que métodos, práticas e meios emprega o distrito para manter
e promover a integridade doutrinal perante as igrejas?
 Qual é a estratégia que o distrito emprega para articular e
promover as crenças e valores fulcrais (povo cristão, de
santidade e missional) da Igreja do Nazareno?
 A que nível estão os líderes leigos nas nossas congregações
familiarizados e comprometidos com a Declaração de Fé
acordada? Artigos de Fé? Valores Fulcrais?
 Quais são alguns meios que o superintendente distrital usa para
envolver pastores na reflexão teológica e desenvolvimento de
uma teologia pastoral consistente com a nossa identidade
nazarena?
 Como é que o distrito garante que a plantação de uma nova
igreja é fundamentada na doutrina fulcral da Igreja do
Nazareno?

5. PRIORIDADE EDUCACIONAL
 Qual é a estratégia do distrito para recrutar, mentorear e treinar
líderes para o serviço ministerial? Inclua comentários acerca
da educação para ordenação, curriculum, materiais de leitura e
seminários patrocinados pelo distrito.
 Que mecanismos tem o distrito para ajudar os seus pastores a
compreender, partilhar e articular adequadamente as doutrinas
centrais da Igreja do Nazareno?
 Qual é a estratégia distrital para providenciar educação
contínua e treinamento para os ministros?
 Como é que descrevem a relação do distrito com as suas
instituições educacionais teológicas?
 Quais são os caminhos disponíveis para preparação para
ordenação? Incluem os grupos linguísticos principais do
distrito?

IDENTIDADE NAZARENA 122


 Existem iniciativas educacionais específicas no distrito
elaboradas para preparar ministros e leigos para evangelismo,
plantação de igrejas e alcance da comunidade?

6. EXCELÊNCIA NA LIDERANÇA
 Que planos ou práticas são usados para encorajar liderança-
serva na igreja local e no distrito? São intencionais e
identificáveis?
 Está o distrito a encorajar e facilitar as relações de
mentoreamento entre ministros mais novos e ministros mais
maduros?
 Providencie uma imagem de como se deveria assemelhar o
mentoreamento, treinamento ou aprendizado no ministério e
liderança no distrito.
 Como é que a missão e estratégia distritais contribuem para o
processo de seleção pastoral em cada congregação?
 Quantos pastores são capazes de identificar ministros e líderes
em desenvolvimento a serem levantados e treinados
inicialmente na igreja local?
 Existem eventos distritais elaborados para testar uma chamada
para o ministério vocacional?

7. ESPLENDOR ESPIRITUAL
 Como é que sabe que Deus está a mover-se no seu distrito?
Está o movimento espalhado ou localizado? Dê exemplos ou
histórias.
 Que mecanismos ou instrumentos estão prontos para ajudar
pastores e juntas da igreja na avaliação da saúde espiritual das
suas congregações?
 É vocês, e os seus líderes, modelo de uma vida de oração para
os vossos eleitores? De que formas?
 Como mede a eficácia da formação espiritual dos líderes
distritais?

IDENTIDADE NAZARENA 123


 Quais são os meios específicos que o distrito emprega para
melhorar o esplendor espiritual e bem-estar dos pastores e
líderes atuais e futuros?

METODISMO E A IDENTIDADE TEOLÓGICA DA


IGREJA DO NAZARENO
Por Stan Ingersol

Cinco missionários partiram da cidade de Nova York no


final de 1897. Enviados pela Associação das Igrejas Pentecostais
da América, um parente da costa leste da Igreja do Nazareno, sua
chegada à Índia no início de 1898 é considerada o início das
missões nazarenas. O grupo missionário fez escala na Inglaterra
antes de embarcar no vapor Egypt, que os levaria através do
Mediterrâneo. E então eles devotaram seu único domingo em
Londres para assistir aos cultos na antiga Capela City Road de
John Wesley e visitar os túmulos do fundador do Metodismo e sua
mãe, Susana.
Enquanto eles estavam no túmulo de Wesley a caminho da
Índia, alguém se pergunta: eles se lembraram do comentário de
Wesley de que "o mundo é minha paróquia"? A Srta. Mina
Shroyer, enviada um ano depois para se juntar a eles na Índia,
dedicou seu domingo em Londres para visitar o mesmo santuário
metodista.
O ato desses peregrinos missionários adorando na capela
de Wesley teria ressoado com os primeiros nazarenos. “A Igreja
do Nazareno não é nada no mundo senão o Metodismo antiquado,
com uma forma de governo Congregacional”, escreveu CW Ruth
a WC Wilson em 1903. Então Ruth parafraseou uma frase
publicada originalmente nas atas da primeira conferência
Metodista em Londres em 1744 e reafirmado na fundação da
Conferência de Natal do Metodismo Americano em 1784: "Nossa
tarefa é espalhar a santidade bíblica por estas terras”. Sombras de
Wesley e Asbury!

IDENTIDADE NAZARENA 124


Em 1900, o movimento de santidade wesleyana se viu à
beira de um ninho de cobras sectário, dividido por raça, região e
nacionalidade. Sessenta anos antes, Sarah Lankford juntou os
grupos de oração de mulheres de duas igrejas metodistas na cidade
de Nova York para criar a Reunião de terça-feira para a promoção
da santidade. Essa ação, juntamente com a publicação do Guia
para a Perfeição Cristã do ministro de Boston Timothy Merritt,
marcou o advento do movimento de santidade de Wesley. A
carreira notável de Phoebe Palmer, irmã de Lankford, veio em
seguida. A Sra. Palmer atiçou o fogo da piedade evangélica do
século 19 como líder do Encontro de Terça-feira, revivalista
transatlântica, cofundadora de uma missão nas favelas de Nova
York, autora de vários livros e editora do O Guia para a Santidade
(O jornal de Meritt renomeado).
John Inskip, William McDonald, J. A. Wood e outros
clérigos metodistas iniciaram uma nova fase do movimento de
santidade americano após a Guerra Civil. Começando em 1867 e
continuando até o século 20, a Associação Nacional de Retiros
para a Promoção da Santidade conduziu reuniões campais de
santidade especializadas, convenções e avivamentos em todos os
Estados Unidos. As primeiras reuniões campais e avivamentos
focalizavam a conversão dos não convertidos. Aqueles
patrocinados pela Associação Nacional visavam, em vez disso,
levar os cristãos a uma "obra da graça mais profunda" - uma
experiência de inteira santificação.
Um espírito democrático impregnou o movimento de
santidade wesleyana. Os bispos podiam controlar o clero
metodista, mas não os leigos que lideravam muitas associações de
santidade locais, municipais e estaduais - algumas chefiadas por
mulheres excluídas da liderança em outros setores da igreja e da
sociedade. Evangelistas de mentalidade independente desafiaram
a Disciplina Metodista e usaram a licença de um pregador local
como sua autoridade para conduzir avivamentos, mesmo

IDENTIDADE NAZARENA 125


competindo diretamente com os pastores locais. Em 1900, o
movimento de santidade wesleyana incluía três grupos diferentes:
"partidários" vindos de fora que consideravam o Metodismo
estabelecido como deficiente, “colocados para fora” que haviam
sido demitidos de suas igrejas e metodistas legalistas.
A natureza fragmentada do reavivamento da santidade do
final do século 19 levantou uma questão assustadora: o que os
uniu mais? As respostas dadas foram tão diversas quanto o próprio
problema e ilustraram ainda mais o problema.
A Igreja do Nazareno surgiu neste meio. Foi uma das cerca
de duas dúzias de novos corpos religiosos que surgiram entre 1880
e 1910, cada um consagrando sua própria visão particular do que
significava ser uma igreja de crentes na tradição Wesleyana.

Santidade Unificadora
O desejo de superar a divisão sectária do movimento de
santidade americano foi o motivo principal por trás da formação
da atual Igreja do Nazareno, que resultou de uma série de fusões
que uniram corpos de santidade regionais do leste, oeste e sul. O
Rev. C. W. Ruth, um evangelista da Associação Nacional de
Santidade, apresentou os parceiros da fusão uns aos outros, mas o
desejo de fazer parte de algo maior e menos provinciano
caracterizou cada um dos grupos originais. A primeira fusão
(Chicago, 1907) uniu a Associação de Igrejas Pentecostais da
América no nordeste dos Estados Unidos e a Igreja do Nazareno
centralizada no Oeste. A segunda fusão (Pilot Point, Texas, 1908)
trouxe a Igreja de Cristo da Santidade com base no sul para a nova
denominação. Outra fusão chave ocorreu em 1915, quando a
Missão Pentecostal, centralizada no sudeste dos Estados Unidos,
e a Igreja Pentecostal da Escócia uniram-se à denominação em
crescimento. Uma vez que a Associação de Igrejas Pentecostais
da América e a Igreja de Santidade de Cristo foram, elas mesmas,
produtos de fusões anteriores, a Igreja Pentecostal do Nazareno

IDENTIDADE NAZARENA 126


no final de 1915 abrangia sete denominações anteriormente
independentes. O desejo de superar as fronteiras regionais e
nacionais - e as subculturas baseado neles - era um aspecto
importante da identidade da primeira geração de nazarenos.

Uma Igreja de Crentes Moderados


Os nazarenos começaram sua peregrinação
denominacional como uma igreja de crentes moderados. Como
tal, eles rejeitaram a noção de que estavam restaurando a
"verdadeira política da igreja" ou haviam descoberto um esquema
de organização da igreja ensinado nas escrituras. O Manual da
Igreja do Nazareno de Bresee, de 1898, em Los Angeles, declarou
que os fundadores do movimento do Pacífico, "acreditando que o
Senhor Jesus Cristo não havia ordenado nenhuma forma
particular de governo para a Igreja", foram guiados pelo
"consentimento comum" em enquadrar suas políticas, desde que
nada acordado fosse "repugnante à Palavra de Deus”. Esta
declaração sublinha a continuidade com a Igreja Metodista
Episcopal em um dos pressupostos mais fundamentais da
eclesiologia.
A maioria das igrejas de santidade wesleyana emergentes
nesta época também eram moderadas em sua expressão do ideal
da igreja dos crentes. No entanto, o movimento mais amplo
incluiu outras entidades com eclesiologias restauracionistas mais
radicais, como a Igreja de Deus (Anderson, Indiana) e a Igreja de
Deus (Santidade), que afirmavam ter recuperado o padrão bíblico
de "verdadeira ordem da igreja". Embora rejeitando o
restauracionismo, os grupos originários da Igreja do Nazareno
insistiram em uma membresia regenerada da igreja, aplicaram
disciplina aos ofensores morais e consideraram a comunidade da
sua igreja como uma comunhão "reunida" providencialmente para
um propósito.

IDENTIDADE NAZARENA 127


Identidade Metodista
O impulso da igreja dos crentes e a herança Wesleyana
foram ambos componentes críticos da autocompreensão dos
primeiros nazarenos. A decisão dos fundadores nazarenos de
abraçar um estilo de igreja de crentes do protestantismo foi central
para sua crítica ao metodismo tradicional, que eles consideravam
cada vez mais frouxo na disciplina moral e doutrinária, e
aculturado ao ponto de tornar-se a crescente prosperidade da
classe média do Metodismo cada vez mais cega às necessidades
dos pobres.
Ainda assim, o cuidado com que nutrem uma identidade
Wesleyana nas áreas de soteriologia, escritura, sacramentos,
ministério e visão missionária é crucial para a compreensão do
outro lado - seu senso de continuidade com a ampla tradição
metodista. O escopo geral da influência metodista na vida
nazarena é evidente nas seguintes áreas:
• Uma Assembleia Geral quadrienal, modelada após a
Conferência Geral, como o órgão legislativo mais alto
da igreja e tribunal de apelação final
• Um Manual padronizado após a Disciplina Metodista
• Regras Gerais adaptadas da Disciplina Metodista
• Superintendência geral
• sistema de distritos e superintendentes distritais
• impulso distintivo das 'doutrinas de fé, graça, salvação
e santidade da igreja
• doutrina sobre o ministério
• principais fundadores
• restrições de escritura (ou "cláusula fiduciária") na
propriedade da igreja local que torna a conexão o
verdadeiro dono de todas as propriedades da igreja.
Havia outros aspectos importantes da identidade teológica
da Igreja do Nazareno inicial. Certos fatores separavam os
nazarenos das outras igrejas de outros crentes na tradição de

IDENTIDADE NAZARENA 128


santidade wesleyana que estavam sendo formadas na mesma
época. Das cerca de duas dúzias de igrejas de santidade
Wesleyana em 1900, por que essas três e não uma combinação
diferente se uniram para criar a atual Igreja do Nazareno?
O fosso sectário do movimento de santidade incluía
divisões sobre eclesiologia, teologia batismo, escatologia, o papel
da mulher, cura divina e padrões de ensino superior. Portanto,
além do paradigma compartilhado de uma "igreja de crentes na
tradição Wesleyana", as várias igrejas de santidade
frequentemente mantinham posições estreitas em outras questões
que as atraíam umas às outras ou as repelia. No caso das três
igrejas unidas de 1907 e 1908, cada uma chegou
independentemente e por trajetórias diferentes às mesmas
posições básicas em uma variedade de questões que dividiam o
movimento de santidade, incluindo as seguintes.

O papel das mulheres


Um aspecto crucial da identidade nazarena primitiva era
sua disposição de abrir todo ministério leigo e ministerial na igreja
para mulheres. Enquanto as mulheres em denominações
estabelecidas ainda lutavam pelos direitos dos leigos e do clero,
aquelas em cada uma das três denominações unidas eram
membros dos conselhos da igreja local, serviam como delegadas
a corpos governamentais superiores e foram ordenadas ao
ministério, onde serviram como pastoras e evangelistas.
Este impulso igualitário foi um dos fatores que separou os
grupos originais da Igreja do Nazareno do Metodismo de linha
principal de seus dias, mas que também os uniu uns aos outros.

Teologia sobre o batismo


A teologia batismal também foi uma questão polêmica
dentro do movimento de santidade americano. A Igreja de Cristo
do Novo Testamento originalmente reconheceu o derramamento

IDENTIDADE NAZARENA 129


de água como o único modo escriturístico de batismo e exigia que
novos membros previamente batizados por outro modo fossem
rebatizados por este. Ela abandonou essa postura quando se
fundiu com outro grupo sulista para formar a Igreja de Santidade
de Cristo, mas outras igrejas de santidade nem sempre estavam
dispostas a moderar sua postura. Os Batistas da Santidade em
Arkansas, por exemplo, consideravam a fusão apenas com grupos
que aceitavam sua posição de que a imersão era o único modo
escriturístico de batismo. As diferenças sobre o batismo dos
crentes versus o batismo infantil, e sobre os modos de batismo,
dividiram as fileiras das igrejas americanas do movimento de
santidade.
Em 1907, cada um dos três grupos originais da Igreja do
Nazareno tinha chegado independentemente a posições
semelhantes sobre o batismo. Cada um deixou a questão do modo
batismal para a consciência do candidato ao batismo. Além disso,
cada um permitiu que os pais apresentassem seus filhos para o
batismo infantil ou permitiu que eles adiassem o sacramento se
eles se inclinassem fortemente para o batismo dos crentes. Sobre
o tempo e modo de batismo, “liberdade de consciência” era a
palavra de ordem nazarena.

Escatologia
O pós-milenismo dominou o pensamento religioso
americano dos séculos 18 e 19, mas o crescente movimento
dispensacionalista pré-milenista pegou alguns corpos de
santidade revivalistas em sua teia. Em contraste, a Igreja de Deus
(Anderson, Indiana) permaneceu solidamente amilenar ao entrar
no século XX. A liberdade de consciência também se tornou a
posição do nazareno nas teorias escatológicas. Alguns dos
primeiros líderes nazarenos, como o avivalista C. W. Ruth e o
superintendente geral E. P. Ellyson, eram pré-milenistas. Outros,
como o teólogo A. M. Hills e o superintendente distrital William

IDENTIDADE NAZARENA 130


E. Fisher, eram pós-milenistas. A escatologia não era um foco da
unidade nazarena. Em vez disso, a disposição de conceder aos
outros, respeito cortês, quando sua escatologia diferia da sua era
a marca distintiva.

Cura divina
Através do ministério do avivalista leigo episcopal Charles
Cullis e outros, uma ênfase na cura pela fé foi associada ao
movimento de santidade americano a partir de 1870.
Eventualmente, esse impulso fluiu para o pentecostalismo do
século XX. A ênfase da cura divina era outra questão que dividia
as fileiras da santidade. A Rev. Mary Lee Cagle era representante
típica de vários nazarenos de primeira geração. Ela experimentou
o que considerou um exemplo singular de cura divina, mas nunca
fez do assunto um aspecto central de sua pregação. A posição
oficial da Igreja Pentecostal do Nazareno era que os cristãos
deveriam orar pela cura e confiar em Deus por ela, mas não se
afastar dos profissionais e instalações médicas. O patriarca
nazareno Phineas Bresee viveu os últimos vinte anos de sua vida
na casa de seu filho, Dr. Paul Bresee, um médico, cujo consultório
era na própria casa.

Papel dos fatores secundários


O papel desses fatores como atração e repulsão no início
da vida nazarena é ilustrado pelo relacionamento da jovem
denominação com a Missão Pentecostal, uma rede de igrejas no
Sudeste com sede em Nashville, Tennessee. A Missão Pentecostal
foi fundada em 1898 por J. O. McClurkan, originalmente um
ministro da Igreja Presbiteriana de Cumberland. McClurkan era
intimamente associado a A. B. Simpson e a Aliança Cristã e
Missionária. No entanto, os principais membros leigos da Missão
Pentecostal, como a família John T. Benson, eram metodistas em
segundo plano. A Missão Pentecostal enviou representantes à

IDENTIDADE NAZARENA 131


Segunda Assembleia Geral da Igreja Pentecostal do Nazareno
(1908) e acolheu a Terceira Assembleia Geral (1911). Mas
McClurkan não estava disposto a se comprometer com a união
com os nazarenos, pois como Simpson ele mantinha uma teologia
da santidade de Keswick (para conhecer o movimento de Keswick
leia Impulsos Reformados e Wesleyanos no Movimento
Pentecostal e no Movimento de Keswick Por Peter Althouse nos
Materiais Complementares da disciplina), se opunha firmemente
à ordenação de mulheres (embora permitisse que mulheres
pregassem e servissem como pastoras) e era um pré-milenista
fervoroso. Somente com a morte de McClurkan em 1914 seus
seguidores se sentiram livres para se fundir com os nazarenos, que
ordenaram a viúva de McClurkan alguns anos depois.
A identidade teológica nazarena não foi baseada apenas no
desejo de promover o avivamento de santidade, mas no desejo de
unir esse avivamento com uma base de igreja de crentes que fosse
liberal na participação das mulheres na vida da igreja, aberta para
aquelas de perspectivas batismais e escatológicas variadas, e
sensato em sua abordagem da cura divina. Cada um destes fatores
moldou a identidade Nazarena primitiva ao repelir outros
pequenos grupos que eram incompatíveis em um ou mais destes
assuntos. Da mesma forma, a compatibilidade das igrejas unidas
nessas questões ajudou a consolidar os três grupos originais.
Em que sentido a Igreja do Nazareno se originou como
uma igreja de crentes, e como este aspecto de seu caráter se
relaciona com a comunidade mais ampla do Metodismo? Cada
uma das igrejas-mãe emergentes funcionou como uma igreja de
crentes e trouxe essas características para o corpo unido. Cada um
exibiu os traços descritos por Donald F. Durnbaugh em seu estudo
clássico, The Believers 'Church: The History and Character of
Radical Protestantism (1968). Durnbaugh define a igreja dos
crentes como uma comunhão voluntária baseada na ideia de
separação do mundo e na reunião de crentes regenerados,

IDENTIDADE NAZARENA 132


rejeitando qualquer noção da igreja visível como uma "assembleia
mista" de convertidos e não convertidos. A igreja dos crentes
historicamente enfatiza a necessidade de todos os membros serem
ativos no trabalho cristão. Pratica a disciplina da igreja. Seus
membros cuidam dos pobres e especialmente das irmãs e irmãos
cristãos necessitados. Segue um padrão simples de adoração.
E sua vida comum é centrada na "Palavra, oração e amor”.
Cada um dos três principais grupos unidos exemplificou essas
características em oposição à Igreja Metodista Episcopal e à Igreja
Metodista Episcopal do Sul, da qual a maioria das os primeiros
líderes nazarenos vieram. Esses dois ramos da árvore metodista
formavam juntos a maior igreja protestante do país e estavam se
tornando a quinta denominação americana. Para inverter a direção
da bela frase de G. K. Chesterson, o metodismo dominante estava
se tornando a "igreja com alma de uma nação”.
O ponto é crucial: se o Metodismo Episcopal fosse algo
diferente do que era no final do século 19, a Igreja do Nazareno
nunca teria acontecido. E assim, no início de sua vida
denominacional, o compromisso com o estilo de igreja dos crentes
funcionava na mente do nazareno como uma repreensão implícita
ao que considerava sua "mãe" cada vez mais indisciplinada.
A reclamação padrão do movimento de santidade
wesleyana com a linha principal do Metodismo era a de
"decadência". As diferentes interpretações de inteira santificação
dentro do Metodismo foram o foco principal da preocupação do
movimento de santidade, mas não toda a questão. Muitos
concordaram com Lovick Pierce, um patriarca metodista do sul e
defensor ferrenho da santificação total, que em 1876 anunciou os
"milhares de metodistas confessionais, mas não convertidos".
Pierce acrescentou: "É inútil pregar a santificação para membros
da igreja que vivem tão abaixo deste plano da religião a ponto de
não sentir sua necessidade”.

IDENTIDADE NAZARENA 133


Mais de vinte anos depois, o ensaio diverso de Pierce
publicado postumamente sobre a santificação inteira acusou o
metodismo de frouxidão moral, rebaixamento dos padrões de
filiação (em grande parte por meio do abandono das reuniões de
classe) e um declínio geral na qualidade da vida espiritual. A
opinião de HC Morrison foi mais brutal: “Há uma rigidez e frieza
nas igrejas da nossa cidade que congelam as pessoas comuns e, o
pior de tudo, excluem o Cristo das pessoas comuns. Os pastores
das igrejas das nossas cidades não são ganhadores de almas”.
Aqui estava um eco do lamento de BT Roberts cerca de quarenta
anos antes, na época dO cisma da Metodista Livre. Muitos outros
no movimento de santidade americano compartilharam esta
avaliação. No entanto, não houve um único problema que levou à
retirada dos vários corpos de pais nazarenos do Metodismo. Em
vez disso, diferentes fatores levaram à ruptura de cada um com a
Igreja Metodista:
• Eclesiologia: A Igreja de Cristo do Novo Testamento
se desenvolveu no Tennessee a partir da eclesiologia
restauracionista "não-seita" de seu fundador, Robert
Lee Harris, que rompeu com a Igreja Episcopal
Metodista do Sul em 1894. Harris logo morreu e seus
sucessores moderaram seus pontos de vista sobre a
"política da verdadeira igreja" e os abandonaram
totalmente em 1904, quando foram incorporados à
Igreja da Santidade de Cristo.
• Conflito sobre reavivamento de santidade: C. B.
Jernigan fundou a primeira congregação da Igreja
Independente de Santidade no Texas em 1901 como
resultado de conflitos locais entre leigos de santidade e
seus pastores metodistas. Algumas pessoas da
santidade deixaram as igrejas como resultado e
adoraram em grupos mal estruturados, uma situação
que Jernigan deplorou. Apesar das críticas de outros

IDENTIDADE NAZARENA 134


líderes de santidade, Jernigan organizou os grupos em
congregações onde, em suas palavras, “os sacramentos
poderiam ser administrados” .15 Conflitos semelhantes
entre os metodistas de santidade e seus pastores
resultaram nas primeiras congregações na Nova
Inglaterra que mais tarde entraram na Igreja do
Nazareno. Isso era especialmente verdadeiro para a
congregação mais antiga da denominação, a de
Providence, Rhode Island.
• Desejo de ministrar aos pobres: No Oeste, a questão
que mais claramente tirou Phineas Bresee da Igreja
Metodista Episcopal. Centrou-se em seu desejo de
pregar aos pobres urbanos em Los Angeles, uma
convicção de crescente importância para ele mais tarde
depois de pastorear congregações ricas em Iowa e
Califórnia e servir como ancião presidente em duas
conferências. Quando o bispo e o gabinete se recusaram
a nomeá-lo para a missão da cidade que ele desejava,
Bresee solicitou e recebeu a localização e aceitou o
cargo de pastor de uma obra não denominacional. Um
ano depois, ele e outros associados com a missão da
cidade organizaram a primeira congregação com o
nome de Igreja do Nazareno. Seu manual mais antigo
afirma que aqueles que se juntaram a Bresee foram
"chamados por Deus para este trabalho, para se
manifestarem e permanecerem juntos”.
Para que, exatamente, eles foram chamados? Para viver
uma vida santa juntos, para ministrar aos pobres e negligenciados
e para dar testemunho cristão ativo de sua fé. A nova igreja
também continha diretrizes firmes e explícitas para a aplicação da
disciplina da igreja contra os infratores.17
Os grupos fundadores nazarenos chegaram às identidades
da igreja de seus crentes por caminhos diferentes, mas chegaram

IDENTIDADE NAZARENA 135


a eles mesmos assim. Em cada um dos grupos fundadores, não
bastava querer "fugir da ira vindoura". Cada um enfatizou uma
membresia regenerada e trouxe essa preocupação para a igreja
unida. O ritual para receber novos membros impresso no Manual
da Igreja Pentecostal do Nazareno de 1908 fazia uma pergunta
direta: "Você aceita Jesus Cristo como seu Salvador e percebe que
Ele o salva agora?". Depois de uma resposta afirmativa, o
candidato foi ainda questionado: Você concorda em se entregar à
comunhão e à obra de Deus ... como estabelecidas nas Regras
Gerais da Igreja; se esforçará de todas as maneiras para glorificar
a Deus, por meio de uma caminhada humilde, conversação
piedosa e serviço santo; doação devotada de seus recursos;
atendimento fiel aos meios da graça; e abstendo-se de todo o mal,
busca sinceramente aperfeiçoar a santidade de coração e vida no
temor do Senhor?
Em reação a um Metodismo que eles acreditavam estar
comprometendo sua herança espiritual e doutrinária, os primeiros
nazarenos aceitaram sua identidade de santidade Wesleyana e a
colocaram dentro do contexto da tradição da igreja dos crentes
com sua ênfase na regeneração, aliança, compromisso e amor.
O teólogo nazareno A. M. Hills afirmou que “a Igreja do
Nazareno é a flor mais bela que já floresceu no jardim metodista,
a filha eclesiástica mais promissora que a prolífica Mãe
Metodismo já deu ao mundo”. E. F. Walker, um pregador popular
e mais tarde um superintendente geral, insistiu:" Raspe um
nazareno real e você tocará em um metodista original; descasque
um metodista genuíno, e eis um nazareno”. Hills e Walker
diferiam da maioria dos líderes nazarenos da primeira geração
porque ambos serviram igrejas presbiterianas e congregacionais
antes de se unirem à Igreja do Nazareno. Mas apesar desse fato,
ou talvez por causa disso, cada um estava profundamente ciente
da identidade metodista subjacente de sua nova denominação.

IDENTIDADE NAZARENA 136


O ensaio de Hills foi publicado em conjunto com a
celebração do vigésimo quinto aniversário da Igreja do Nazareno
em 1933, e citou a continuidade do Nazareno com o Metodismo
em seis áreas principais: liderança, evangelismo, esforço
missionário, fundo teológico, herança espiritual e educação
superior para uma cultura cristã. Sob cada característica, Hills
listou uma série de representantes Metodistas e anexou
representantes Nazarenos ao final da lista, enfatizando a
continuidade básica que ele afirmou entre Metodismo e vida
nazarena.
A doutrina do ministério era uma das muitas áreas da vida
nazarena nas quais um senso de continuidade com o Metodismo
era aparente. O historiador da igreja Abel Stevens, resumindo um
século de metodismo americano, argumentou que parte de seu
gênio se centrou em torno do fato de que o cristianismo primitivo
semelhante ao metodismo consagrou "um ministério" e não "um
sacerdócio".
Este sentimento da mesma forma captura o espírito do
movimento nazareno primitivo, que dependia em alto grau da
iniciativa leiga como o antigo Metodismo havia feito. Mas a
influência metodista no ministério nazareno foi mais profunda.

Ordenação de presbíteros
O bispo anglicano tinha uma grande área de discrição
sobre quem ordenar, quando ordenar e onde ordenar, mas o
Metodismo Americano estabeleceu práticas que foram
transportadas para a Igreja do Nazareno. A antiga Igreja Metodista
Episcopal colocou o poder de eleger candidatos às ordens de
diácono e presbítero nas próprias mãos da conferência anual, fez
com que os presbíteros da conferência coparticipantes com o
bispo na imposição de mãos estabelecessem a conferência anual
como o cenário para ordenação. Não obstante, o bispo era o
presbítero presidente no ato de designar candidatos ao cargo de

IDENTIDADE NAZARENA 137


diácono e presbítero. Essa combinação de características refletia
uma fusão de elementos episcopais e presbiterianos.
As práticas de ordenação dos grupos que se uniram para
formar a Igreja do Nazareno diferiam umas das outras. A
Associação de Igrejas Pentecostais da América criou presbitérios
ad hoc para examinar e ordenar os eleitos para o cargo de
presbítero por voto congregacional. Inicialmente, as ordenações
baseadas na congregação também caracterizaram os dois grupos
fundadores da Igreja de Santidade de Cristo (Igreja de Cristo do
Novo Testamento e Igreja de Santidade Independente), mas no
momento de sua fusão em 1904, eles estabeleceram o
procedimento de eleição e ordenação através de seu conselho
regional anual de candidatos ao ministério. No Oeste, Bresee
inicialmente ordenou quem e onde quisesse até cerca de 1904,
quando os primeiros distritos de estilo metodista foram criados.
Desse ponto em diante, a assembleia distrital anual elegia
indivíduos para as ordens de presbíteros e o superintendente geral,
com a participação de outros presbíteros na assembleia distrital,
impunha as mãos sobre o ordenando. Este se tornou o padrão
estabelecido da igreja unificada e continua como a prática da
Igreja do Nazareno até o presente.
Outro aspecto da ordenação une nazarenos e metodistas.
Mais da metade de todos aqueles que serviram como
superintendentes gerais da Igreja do Nazareno podem traçar sua
linha de ordenação como presbíteros diretamente até a ordenação
de Francis Asbury por Thomas Coke na Conferência de Natal em
1784. Por extensão, isso significa que mais da metade de todos os
ministros ordenados na Igreja do Nazareno ao longo de sua
história também poderia fazer o mesmo.

O ministério das mulheres


Cada uma das três igrejas unidas ordenou mulheres ao
ministério antes de sua união umas com as outras. Em 1902, a

IDENTIDADE NAZARENA 138


Central Evangelical Holiness Association, uma precursora da
Association of Pentecostal Churches of America, ordenou Anna
S. Hanscome, uma pastora em Malden, Massachusetts. Em 1902,
a APCA ordenou Martha Curry de Lowell, Massachusetts. Em
1899, a Igreja de Cristo do Novo Testamento, uma raiz da Igreja
da Santidade de Cristo, ordenou Mary Lee Cagle e a Sra. E. J.
Sheeks para o ministério em uma cerimônia em Milan, Tennessee.
Em 1908, a Igreja da Santidade de Cristo tinha trinta e uma
mulheres ordenadas em suas fileiras. Eles constituíam 17% de
seus ministros ordenados. No Ocidente, Phineas Bresee ordenou
Elsie Wallace de Seattle em 1902 e Lucy Pierce Knott de Los
Angeles em 1903. Ambas as mulheres já eram pastoras.
A história das mulheres nazarenas no ministério constitui
um capítulo interessante na história das mulheres na religião
americana em geral, mas é mais inteligível dentro do contexto da
tradição metodista mais ampla. Por anos, Cagle lutou contra seu
chamado para pregar como membro da Igreja Metodista
Episcopal do Sul, finalmente aceitando o "fardo da dissidência"
como a única maneira de resolver seu dilema. Knott foi um
membro de longa data da Igreja Metodista Episcopal antes de se
tornar um membro fundador da Igreja do Nazareno de Bresee em
Los Angeles em 1895. A ala da igreja pré-fusão de Bresee afirmou
os dons das mulheres para pregar, liderar e serem ordenadas como
ministras em uma de suas primeiras reuniões. O compromisso de
Bresee foi informado pelo debate sobre a ordenação de mulheres
na Conferência Geral de 1892 da Igreja Metodista Episcopal, da
qual ele era um delegado, e por sua amizade com a avivalista
Amanda Berry Smith, uma pregadora da Igreja Metodista
Episcopal Africana, que conduziu um reavivamento para ele na
Igreja Metodista Episcopal de Asbury no leste de Los Angeles em
1891.
A ordenação de mulheres por cada um dos três grupos
fundadores separou-as do Metodismo tradicional, mas deu-lhes

IDENTIDADE NAZARENA 139


outro vínculo coeso. Sua teologia e prática foram a herança direta
de uma corrente de pensamento Metodista que se originou quando
John Wesley permitiu que mulheres participassem com outros
pregadores leigos no "ministério extraordinário". Isso pode ser
rastreado, posteriormente, através do ministério público de
avivalistas leigos Phoebe Palmer e as mulheres que seguiram seu
exemplo, e em um corpo em crescimento de literatura metodista
sobre o ministério da mulher. Essa literatura inclui Promise of the
Father de Palmer (1859), Ministério Feminino de Catherine Booth
(1859), Woman in the Pulpit de Frances Willard (1889), Woman
Preacher de William B. Godbey (c. 1891), Ordaining Women de
BT Roberts (1891), Por que não? Um apelo para a ordenação
daquelas mulheres a quem Deus chama para pregar seu evangelho
(1894) e a escritora nazarena Fannie McDowell Hunter's “Women
Preachers” (1905).
Enquanto o Metodismo influencia muitos aspectos da vida
nazarena, um aspecto central do núcleo Wesleyano da Igreja do
Nazareno é encontrado em uma teia de doutrinas que são
expressas formalmente nos Artigos de Fé da igreja. Isso inclui
declarações relativas às Sagradas Escrituras e à natureza da graça,
eleição e vida espiritual.
O Artigo IV do Manual atual da Igreja do Nazareno (2001)
é sobre “As Sagradas Escrituras”. Segue-se três artigos
pertencentes ao Deus Triúno que colocam as afirmações
nazarenas sobre a Trindade dentro da ampla tradição católica. O
Artigo IV, entretanto, mostra uma tendência anglicana definida,
mediada pela Igreja Episcopal Metodista. No bom estilo
protestante, o Artigo IV identifica as Sagradas Escrituras com "os
sessenta e seis livros do Antigo e do Novo Testamentos". Em
seguida, afirma que essas escrituras "inerrantemente [revelam] a
vontade de Deus a respeito de nós em todas as coisas necessárias
à nossa salvação, de modo que tudo o que não está contido nela
não seja prescrito como artigo de fé. A palavra “inerrantemente”

IDENTIDADE NAZARENA 140


foi acrescentada à declaração em 1928, no auge da controvérsia
fundamentalista/modernista, mas sua localização foi estratégica.
H. Orton Wiley, criado nos Irmãos Unidos em Cristo e formado
academicamente em teologia bíblica, estava em seu oitavo ano
escrevendo uma teologia sistemática para a Igreja do Nazareno. O
contexto dos estudos bíblicos de Wiley, combinado com seus
estudos recentes em teologia, o convenceu de que, se a Igreja
concordaria com as preocupações fundamentalistas, deveria fazê-
lo de uma maneira que não a conduzisse pelos canais abertos pelos
teólogos reformados de Princeton. (Para saber mais o
desenvolvimento teológico das denominações americanas leia “O
Protestantismo Norte-americano: Séculos 17 a 19” nos materiais
Complementares) Através de Wiley o conceito de "inerrante" foi
introduzido no artigo nazareno sobre as escrituras de uma forma
que manteve a posição da igreja dentro da estrutura anglicana que
enfatiza o princípio da “suficiência de escritura” como um guia
para a salvação. Essa visão anglicana, incorporada no artigo VI
dos trinta e nove artigos de religião da Igreja da Inglaterra, tornou-
se, com as alterações menores, o artigo V dos vinte e cinco artigos
da Igreja Episcopal Metodista. Ambos têm o título "Da suficiência
das Sagradas Escrituras para a salvação".
A influência da identidade Metodista na Igreja do
Nazareno é enfatizada ainda mais quando se examina os Artigos
V a X dos Artigos de Fé, que dizem respeito ao pecado original e
pessoal, expiação universal por meio de Cristo, livre arbítrio,
arrependimento, justificação, regeneração e santificação. Estas
breves declarações apontam para uma teologia mais ampla que
moldou os temas centrais da pregação nazarena. Ao mesmo
tempo, esses artigos são expressões formais de temas que
caracterizaram a pregação metodista durante o avivamento
evangélico e foram ensinados a gerações de metodistas por meio
dos sermões e hinos de John e Charles Wesley.

IDENTIDADE NAZARENA 141


O ponto é importante. Às vezes é afirmado que a doutrina
da inteira santificação é "a doutrina cardinal" da Igreja do
Nazareno. Mas o Artigo X (Santificação Completa) não existe
sozinho. É parte de uma ordo salutis (a ordem da salvação) e está
dentro de uma teia de doutrinas relacionadas cujas formas
particulares se informam e apoiam umas às outras. Existem frases
aqui e ali que representam preocupações específicas do
movimento de santidade americano, mas cada um dos Artigos V
a X é distintamente Armínio-Wesleyano. O impulso básico de
cada um não foi elaborado pelo movimento de santidade
americano, mas por John Wesley e reflete sua marca distinta.
Consistente com a distinção de Wesley entre pecado
original e "pecado propriamente dito", o Artigo V é intitulado
"Pecado, Original e Pessoal". O artigo original no Manual de
1908, com metade do comprimento, foi limitado a "Pecado
Original" e retirado (com uma leve edição para modernizar os
termos) quase literalmente dos Trinta e Nove Artigos da Igreja da
Inglaterra e dos Vinte e Cinco Artigos do Metodismo. No Manual
atual, os parágrafos adicionais sobre "pecado pessoal" enfatizam
que é "uma violação voluntária de uma conhecida lei de Deus" e
"não deve ser confundida com deficiências involuntárias e
inevitáveis, enfermidades, faltas, erros, [e] falhas "- temas
familiares para os leitores do “Relato claro da perfeição cristã”
de Wesley e seus outros escritos padronizados sobre a perfeição
cristã.
O Artigo VI ("Expiação") reflete a doutrina Arminio-
Wesleyana da expiação universal de Cristo pelo pecado como "a
única base de salvação e “suficiente para cada indivíduo”.
O Artigo VII ("Graça Preveniente") define
especificamente o escopo da agência livre em termos da graça
capacitadora de Deus, ao invés de uma habilidade natural,
aderindo assim ao conceito de Wesley de livre arbítrio como uma
capacitação por meio da graça divina.

IDENTIDADE NAZARENA 142


O Artigo VIII sobre "Arrependimento" não tem analogia
entre os artigos de religião da Igreja da Inglaterra ou da Igreja
Metodista Episcopal, mas a declaração no Manual Nazareno
representa um tema que estava no cerne da teologia espiritual de
Wesley e uma preocupação principal de sua pregação. Foi um
elemento da pregação metodista americana do século 19, de quem
os nazarenos herdaram este tema.
O Artigo IX, “Justificação, Regeneração e Adoção”,
novamente reflete temas Wesleyanos fundamentais. Como uma
unidade, esses parágrafos aparecem no Manual e enfatizam o que
Wesley chamou de distinção entre a mudança "relativa" e a
mudança "real" na vida dos crentes cristãos, e a adoção de Deus
da pessoa justificada e regenerada. O parágrafo sobre a
justificação é o único neste artigo que tem um precursor nos
Artigos Trinta e Nove e Vinte e Cinco. As breves sentenças sobre
a regeneração não usam explicitamente o termo "santificação
inicial" em relação a ela, mas identificam a regeneração como "o
novo nascimento" ou "a obra graciosa de Deus por meio da qual
a natureza moral do crente arrependido é espiritualmente
vivificada e recebeu uma vida espiritual distinta, capaz de fé, amor
e obediência”.
O artigo X sobre "Santificação Completa" afirma que é
"aquele ato de Deus, subsequente à regeneração, pelo qual os
crentes são libertados do pecado original, ou depravação, e
trazidos a um estado de devoção total a Deus". Isso ecoa o
entendimento de Wesley de inteira santificação como "uma
libertação total do pecado." O artigo afirma ainda que toda a
santificação é "efetuada pelo batismo com o Espírito Santo". O
eco aqui não é Wesley, mas John Fletcher e William Arthur. A
Língua de Fogo de Arthur desempenhou um papel fundamental
em reviver a doutrina do Espírito Santo e o tema do Pentecostes
ao longo do Metodismo do século XIX. Arthur não lidou com a
inteira santificação explicitamente, mas o movimento de

IDENTIDADE NAZARENA 143


santidade wesleyana, como o resto do Metodismo mundial, bebeu
profundamente de seu livro e encontrou maneiras de conectar as
preocupações de Arthur com as suas. O Capítulo X também lista
vários sinônimos para a inteira santificação - "perfeição cristã",
"amor perfeito", "pureza do coração", "batismo com o Espírito
Santo", "plenitude da bênção" e "santidade cristã". Alguns
refletem a linguagem de Wesley, enquanto outros refletem os
desenvolvimentos do século 19 no pensamento e pregação da
santidade wesleyana. Por último, o Artigo X tem dois parágrafos
que tratam do "crescimento na graça" subsequente à inteira
santificação.
Certos aspectos desses Artigos de Fé trazem as marcas do
desenvolvimento interno do movimento de santidade, e ainda
assim sua orientação básica é em direção à tradição teológica
metodista. Cada um foi ensinado por John Wesley e, como um
pacote, eles constituem o núcleo de sua teologia espiritual. A
teologia Nazarena não é simplesmente um reflexo de um
movimento americano de santidade genérico. Não há nenhuma
impressão da tradição de santidade de Oberlin, da tradição de
santidade de Keswick ou da tradição de santidade pentecostal. A
teologia Nazarena reflete, em vez disso, a orientação da tradição
de santidade Wesleyana.
A influência metodista permeou o início do programa de
estudos teológicos da Igreja do Nazareno para preparação
ministerial. A teologia sistemática de John Miley apareceu pela
primeira vez no programa de formação ministerial em 1911 e
permaneceu lá como o texto principal até 1932. Elementos de
Divindade de Thomas Ralston foi listado como uma alternativa a
Miley de 1919 a 1932, quando substituiu Miley como a teologia
sistemática primária. A Teologia Cristã Fundamental do teólogo
Nazareno A. M. Hill foi publicada em 1931 e adicionada ao
programa de formação ministerial em 1932 - mas apenas como
uma alternativa a Ralston. Assim, até o primeiro volume da

IDENTIDADE NAZARENA 144


Teologia Cristã de 3 volumes de H. Orton Wiley aparecer em
1940, as teologias sistemáticas dos metodistas Miley e Ralston
forneceram as introduções básicas à teologia para ministros
nazarenos. A biografia e os escritos de Wesley tiveram influência
direta. Candidatos ministeriais de 1915 a 1928 foram orientados a
ler “Wesley e seu século”, de Fitchett. Depois que Fitchett foi
afastado, os candidatos a ministro de 1928 a 1944 leram “A Vida
de John Wesley”, de John Telford. Dez sermões de Wesley foram
publicados em uma pequena coleção pela Casa Nazarena de
Publicações e estavam no programa de formação ministerial de
1915 até 1932. O livro de J. A. Wood's “Perfeição Cristã, como
ensinada por John Wesley” - uma compilação dos escritos de
Wesley de muitas fontes - foi leitura obrigatória de 1919 a 1932.
Em suma, os ministros nazarenos passando pelo programa de
formação ministerial na década de 1920 tiveram que ler uma
biografia de Wesley, uma seleção de seus sermões e uma
compilação de suas obras sobre a santidade cristã.
Outras influências metodistas abundaram. As teologias
espirituais de E. M. Bounds sobre a oração e William Arthur sobre
o Espírito Santo foram a base do programa de formação
ministerial até pelo menos 1944. A Breve História da Igreja Cristã
do Bispo John F. Hurst também apareceu de 1923 a 1944.
Havia outros escritos de metodistas: Bispo Randoph Sinks
Foster (Pureza Cristã), William McDonald (Vida do Rev. John
lnskip), Asbury Lowry (Possibilidades de Graça), Bispo Matthew
Simpson (Palestras sobre Pregação), Daniel Steele (O Evangelho
do Consolador), Samuel Chadwick (O Caminho para o
Pentecostes) e Jesse T. Peck (A Ideia Central do Cristianismo),
entre outros. Alguns desses escritores estiveram profundamente
envolvidos no reavivamento da santidade do século 19, enquanto
outros não. Mas todos eram metodistas, escrevendo em sua
maioria sobre tópicos teológicos. A influência deles no programa

IDENTIDADE NAZARENA 145


de formação ministerial sublinhou a identidade Metodista
subjacente compartilhada pela Igreja do Nazareno primitiva.
A Igreja do Nazareno originou-se como uma igreja dos
crentes na tradição Wesleyana, unindo o cerne da doutrina
espiritual Wesleyana (pecado, expiação universal,
arrependimento, justificação, regeneração, adoção e santificação)
às formas disciplinadas da tradição da igreja dos crentes
(membros regenerados, comunhão de aliança, compromisso,
apoio mútuo e amor). Foi uma das várias denominações que
surgiram no final do século XIX e no início do século XX. Seu
espírito distinto está no desejo de encontrar um terreno comum e
unir vários grupos de santidade wesleyana através da tolerância
de diferentes pontos de vista da escatologia e do batismo,
adotando uma posição moderada sobre a cura divina e apoiando
firmemente os direitos das mulheres como leigos e clérigos.
Ao mesmo tempo, uma identidade Metodista Americana
foi refletida e nutrida ao longo de muitos aspectos da vida dos
Nazarenos, incluindo o processo de seleção e ordenação de
presbíteros, a estrutura básica de governança da igreja (local,
distrital e geral - com o distrito Nazareno combinando as funções
do distrito metodista e da conferência anual), da superintendência
distrital e geral, a doutrina das escrituras e as doutrinas da vida
espiritual que formam o núcleo da soteriologia nazarena.

IDENTIDADE NAZARENA 146


O DNA dos nazarenos
Um Curso Básico da Escola de Liderança da Igreja do
Nazareno
Ruthie Cordova Carvallo

INTRODUÇÃO
A Igreja do Nazareno é uma igreja cristã que se baseia nos
princípios e valores da Bíblia. É também uma igreja com paixão
por ensinar, pregar e viver a doutrina bíblica de santidade. Isso faz
diferença em como os nazarenos pensam e vivem no mundo.

O que os nazarenos acreditam?


 Acreditamos que fazemos parte da Igreja universal de Jesus
Cristo e que compartilhamos com outras comunidades
cristãs o mesmo Senhor, a mesma fé e o mesmo batismo.
 Acreditamos que o Antigo e o Novo Testamento revela a
vontade de Deus para as pessoas em relação ao pecado,
salvação e nova vida em Cristo.
 Acreditamos nas doutrinas básicas do Cristianismo
formadas nos grandes credos ecumênicos dos primeiros
séculos da Igreja Cristã.
 Acreditamos e afirmamos que a salvação é pela graça por
meio da fé, que a Escritura é a autoridade final para a fé e
prática da vida cristã e acreditamos no sacerdócio de todos
os crentes.
 Acreditamos que os cristãos são justificados e santificados
pela fé.
 Acreditamos que a graça santificadora de Jesus Cristo é
recebida no novo nascimento (regeneração) quando o
Espírito Santo implanta uma nova vida espiritual no crente
e que essa graça santificadora aumenta à medida que
vivemos no Espírito.
 Cremos e afirmamos que a inteira santificação é uma
provisão graciosa para todos os crentes, onde o coração é

IDENTIDADE NAZARENA 147


limpo de todos os pecados e cheio de amor a Deus e aos
outros.

O que foi incluído originalmente como Artigos de Fé pelos


nazarenos?
Em outubro de 1895, Bresee e os líderes adotaram um
breve credo que enfatizava os aspectos essenciais da salvação.
Agora chamado de Artigos de Fé, está localizado na Parte II da
Constituição da Igreja no Manual da Igreja do Nazareno. Estas
são as declarações de fé originais do Manual de 1895.
Nós acreditamos:
1. Em um Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
2. As Escrituras do Antigo e do Novo Testamento são
totalmente inspiradas e contêm toda a verdade
necessária para a fé e a vida cristã.
3. O homem nasce com uma natureza decaída e, portanto,
está continuamente inclinado para o mal.
4. A pessoa que não se arrepende de seus pecados não
tem esperança e está eternamente perdida.
5. Que a expiação de Jesus Cristo é por toda a
humanidade e todo aquele que se arrepende e crê no
Senhor Jesus Cristo é justificado, regenerado e salvo
do domínio do pecado.
6. Que os crentes devem ser santificados completamente,
subsequentemente à regeneração por meio da fé em
Jesus Cristo.
7. Que o Espírito Santo testifica ao novo crente na
regeneração e inteira santificação.
8. Que nosso Senhor retornará, os mortos serão
ressuscitados, o julgamento final ocorrerá para
recompensar os crentes e punir aqueles que rejeitaram
Jesus Cristo.

IDENTIDADE NAZARENA 148


Quais são as Regras de Fé da Igreja do Nazareno?
A declaração de fé original foi reformulada e ampliada e é
expressa em quatorze pontos chamados “declarações
doutrinárias” que apareceram no Manual da Igreja Pentecostal do
Nazareno de 1908. Anos depois, em diferentes momentos, a
ordem foi variada e declarações doutrinárias foram adicionadas
sobre o tópico da cura divina (embora já estivesse presente antes,
mas na seção de Conselhos Especiais) e da igreja. Estas são as
declarações doutrinárias estabelecidas nos seguintes 16 artigos de
fé:
I. O Deus Triúno
II. Jesus Cristo
III. O espírito Santo
IV. As Sagradas Escrituras
V. Pecado, Original e Pessoal
VI. Expiação
VII. Graça Preveniente
VIII. Arrependimento
IX. Justificativa, Regeneração e Adoção
X. Santidade Cristã e Santificação Inteira
XI. A Igreja
XII. Batismo
XIII. Ceia do Senhor
XIV. Cura divina
XV. Segunda vinda de cristo
XVI. Ressurreição, Julgamento e Destino
Nossos Artigos de Fé são um reflexo dos 25 Artigos de Fé
do Metodismo e estes, por sua vez, dos 39 Artigos do
Anglicanismo.

O que é a tradição teológica nazarena?

IDENTIDADE NAZARENA 149


A tradição teológica da Igreja do Nazareno é Wesleyana-
Arminiana porque acreditamos e afirmamos as doutrinas bíblicas
ensinadas por John Wesley e James Arminius.
James Arminius (1550-1609) foi um pastor holandês e
pregador na Igreja Reformada, um teólogo, um professor e um
doutor em teologia. Ele escreveu muitos artigos teológicos em
defesa da fé. Ele abordou as questões da predestinação, a relação
entre Deus e o homem, a ordem da igreja, a regeneração do
homem de acordo com Romanos capítulo 7, batismo, graça e livre
arbítrio.
Arminius ensinou a doutrina da graça (a graça é gratuita
para todos), a doutrina do livre arbítrio (onde alguém pode
escolher Deus para ser salvo ou pode rejeitar Sua oferta de
salvação), a doutrina da perseverança dos santos (que a graça
salvadora pode ser perdidos por pecado severo e persistente), a
doutrina da justificação (a salvação é condicionada à fé e
arrependimento), a doutrina da predestinação (Jesus morreu por
todos os humanos), a doutrina do pecado, a doutrina da
santificação, a doutrina da igreja e a doutrina dos sacramentos.
John Wesley (1703-1791) foi um pastor anglicano,
evangelista, teólogo cristão britânico e fundador do metodismo.
John e seu irmão Charles (1707-1788) lideraram o grande
avivamento na Inglaterra. Wesley escreveu milhares de livros,
panfletos e cartas para divulgar seu pensamento teológico.
Wesley ensinou a doutrina dos meios da graça e os
sacramentos, a doutrina da graça preveniente (aquela que nos leva
à salvação), a doutrina do testemunho do Espírito, a doutrina do
pecado original e do pecado pessoal, a doutrina das Escrituras,
doutrina da perfeição cristã, doutrina da criação, a doutrina da
igreja e adoração, doutrina de Deus, doutrina da salvação pela fé,
doutrina da segurança pessoal e a doutrina do fim dos tempos ou
o fim do mundo.

IDENTIDADE NAZARENA 150


O que os nazarenos acreditam sobre a inteira santificação?
O Dr. Rob Staples, um dos teólogos da denominação,
explica a santificação como o processo vitalício de nos tornarmos
santos como somos chamados a ser, onde a santidade é
aperfeiçoada por meio do temor de Deus e nos move por meio da
graça para nosso destino. Esse destino é definido pela imagem de
Deus pela qual os humanos foram criados, mas por causa do
pecado, essa imagem permaneceu manchada até que a imagem
nos foi revelada em Jesus Cristo. O Filho de Deus encarnado é
imagem do Deus invisível e nos foi enviado como modelo de vida
a seguir. Portanto, nosso destino é ser moldado e transformado à
imagem de Jesus Cristo, e essa é a essência da santificação.
A santificação é instantânea e progressiva com estágios
muito definidos começando com a justificação (santificação
inicial), crescimento gradual (santificação progressiva) até outro
momento quando o coração é purificado de todo pecado e cheio
de amor a Deus e ao próximo (santificação inteira). É Deus quem
faz a obra de “nos tornar santos” em resposta à nossa consagração.
Esta obra da graça de santificação é obtida aqui e agora
como parte da vida do crente na Terra (em um longo ou curto
período de tempo) e continua a crescer até que o crente entre na
presença de Deus (glorificação). O Espírito Santo realiza esta obra
de purificação que requer fé e não obras.

O que os nazarenos acreditam sobre a perfeição cristã?


Os nazarenos entendem que o Espírito nos enche de amor
perfeito, o mesmo amor perfeito do próprio Deus. “Ser perfeito”
significa amar a Deus com todo o seu coração e com toda a sua
alma e com todas as suas forças e ao seu próximo como a si
mesmo, e amar até mesmo os seus inimigos.
Este amor não é condicional, mas assim como o amor de
Deus é pela graça, essa mesma graça é o que nos permite amar até
mesmo aqueles que nos perseguem ou maltratam. As Escrituras

IDENTIDADE NAZARENA 151


ensinam que devemos ser bons e justos com todos (amigos e
inimigos). Portanto, ser perfeito se refere a ter maturidade de
caráter e mostrar amor e compaixão por todos os outros em todas
as circunstâncias. Desta forma, refletimos o caráter de Deus e
mostramos nossa obediência, crescendo à imagem e semelhança
de Jesus Cristo.
Wesley disse que se um crente mantém este amor perfeito
em vida, isso significa que o crente está exercendo o poder de não
pecar voluntariamente. Assim, tanto os novos crentes quanto os
cristãos maduros têm o poder de não transgredir voluntariamente
os mandamentos de Deus.
Com a perfeição cristã, a questão vai além de apenas ter o
poder de não pecar, mas tem a ver com o ser interior da pessoa.
Na doutrina de Wesley sobre a perfeição cristã, ele deixa
muito claro que um cristão não é perfeito, nem deve esperar ser
perfeito. Ele diz que os crentes não são perfeitos no conhecimento,
não estão livres de cometer erros nas coisas da vida que não são
essenciais para a salvação e não estão livres das limitações
humanas (ser lento para entender, ter pensamento incoerente, ser
confuso, etc.). Eles não estão livres de tentações, e não têm uma
perfeição estática, mas uma perfeição dinâmica.
Para Wesley, o cristão perfeito é aquele que tem um
coração cheio de amor, paciente, gentil e humilde e que tem
controle do temperamento, pensamentos, palavras e ações.

Distinções Doutrinárias da Igreja do Nazareno


 Existem muitas tradições cristãs que enfatizam um
aspecto da verdade ou uma maneira de interpretar um
ensino das Escrituras. Alguns ensinamentos em que os
nazarenos diferem de outras denominações são os
seguintes:
 Não aceitamos a doutrina da eleição incondicional ou
predestinação da tradição calvinista que diz que antes

IDENTIDADE NAZARENA 152


do nascimento Deus escolheu que todo ser humano
seria salvo ou perdido para sempre. Essa doutrina
propõe que, independentemente se uma pessoa
continuar em pecado, ela será salva porque a pessoa foi
escolhida ou “predestinada” para isso.
 Não aceitamos expiação limitada das crenças
fundamentalistas que afirmam que o sacrifício de
Cristo beneficia apenas um número limitado de seres
humanos.
 Nem a igreja do Nazareno aceita a ênfase no dom de
línguas como evidência da plenitude do Espírito Santo,
ou o uso de uma linguagem de oração diferente da
própria língua como evidência de um maior grau de
espiritualidade, como algumas igrejas pentecostais
afirmam.

Quais são as convicções que iniciaram a Igreja do Nazareno?


1. Os nazarenos estão empenhados em serem bons
administradores da doutrina da fé cristã recebida da Igreja
Cristã.
2. Os nazarenos sabem que o que os une a outros cristãos é
mais importante do que o que os diferencia.
3. Os nazarenos acreditam fortemente que a mensagem do
evangelho tem o poder de transformar a vida de todos que
a recebem.
4. Os nazarenos acreditam que Deus levantou a Igreja do
Nazareno com uma missão para toda a humanidade: viver
uma vida sem pecado, testemunhar e ensinar outros a
viver uma vida santa e praticar o amor perfeito seguindo
o exemplo de Jesus de Nazaré.
5. Os nazarenos acreditam que as Escrituras são a única
fonte de autoridade para a fé e prática da vida cristã.

IDENTIDADE NAZARENA 153


6. Os nazarenos apreciam, valorizam e respeitam a
diversidade cultural porque entendem que ela enriquece a
igreja.

NOSSA ORGANIZAÇÃO
O Manual da Igreja do Nazareno é um guia que contém,
de forma ordenada e sistemática, informações sobre a história,
crenças, organização, governo, objetivos, funções,
procedimentos, missão, valores, práticas éticas e posições oficiais
da denominação. É um instrumento de apoio administrativo aos
líderes e é eficaz para o trabalho da denominação.

O conhecimento e a aplicação do Manual oferecem várias


vantagens
Apresenta uma visão global da organização da
denominação; indica claramente as funções de cada área
administrativa, de cada ministério e de cada cargo de serviço;
facilita a unidade no trabalho para cumprir a missão da Igreja; e
economiza tempo e esforço na execução de funções. Também
fornece informações sobre as crenças e posições da denominação
em assuntos importantes, auxilia no planejamento, organização,
coordenação, delegação e avaliação do trabalho e serve como um
meio de integração das novas igrejas locais em diferentes países
ao redor do mundo, facilitando a incorporação e integração na
denominação.
A cada quatro anos, a Assembleia Geral revisa e atualiza
o Manual por decisão dos distritos, o que inclui as igrejas locais.
Atualmente, o Manual possui 399 páginas e seu conteúdo está
dividido em dez partes que são organizadas de forma sistemática.
Eles incluem a Declaração Histórica, a Constituição da Igreja, o
Pacto de Conduta Cristã, Governo, Ministério e Serviço Cristão,
Administração Judicial, Ritual, Constituições Auxiliares,

IDENTIDADE NAZARENA 154


Formulários e Apêndice. Todas essas seções seguem o sistema de
artigos e parágrafos, numerados consecutivamente.

Declaração de missão, propósito e objetivo


 “A missão da Igreja do Nazareno é fazer discípulos à
semelhança de Cristo nas nações” (Mateus 28:19). “O
objetivo principal da Igreja do Nazareno é o avanço do
reino de Deus pela preservação e propagação da santidade
cristã conforme estabelecido nas Escrituras”.
 Também encontramos no Manual os objetivos e finalidades
para as quais nossa organização existe:
 “Os objetivos críticos da Igreja do Nazareno são a santa
comunhão cristã, a conversão dos pecadores, a inteira
santificação dos crentes, sua edificação em santidade e a
simplicidade e o poder espiritual manifestado na primitiva
Igreja do Novo Testamento, junto com a pregação do
evangelho a todas as criaturas”.
 “A Igreja do Nazareno existe para servir como um
instrumento para o avanço do reino de Deus através da
pregação e ensino do evangelho em todo o mundo. Nossa
comissão bem definida é preservar e propagar a santidade
cristã conforme estabelecido nas Escrituras, por meio da
conversão dos pecadores, a recuperação dos apóstatas e a
inteira santificação dos crentes.

Forma de governo
As Escrituras ensinam que havia ordem na igreja
primitiva. As cartas pastorais (1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito)
mostram que havia uma ordem em termos de serviços, os
regulamentos dentro da igreja para liderança e outras ordenanças.
Através da história da Igreja Cristã, pelo menos cinco formas de
governo da igreja têm sido praticadas:

IDENTIDADE NAZARENA 155


1. O papado: onde a Igreja Católica Romana afirma que a
autoridade suprema e final é o Papa.
2. Congregacional: onde a autoridade é colocada em
congregações separadas. Esta forma de governo é às
vezes chamada de “independente” ou “democrática”,
pois envolve uma maior participação. A autoridade está
na igreja local. Aqui estão três verdades que eles
afirmam:
 O poder está nos membros da igreja e não nos
bispos ou anciãos.
 A maioria é o que ordena, a minoria deve
submeter-se ao julgamento da maioria.
 O poder da igreja não pode ser transferido ou
ignorado, e a decisão da igreja é final.
3. Episcopal: onde a autoridade está concentrada em uma
ordem superior de ministros chamados bispos. O
governo da igreja local depende inteiramente do bispo,
que é o centro da autoridade.
4. Presbiteriano: onde a autoridade está com o ministério e
os leigos juntos. A autoridade neste sistema é mostrada
abaixo:
 Primeiro: na junta da igreja, que consiste em
presbíteros governantes ou líderes maduros que
representam a congregação e o pastor.
 Segundo: nos presbíteros, que consiste em todos os
pastores e um líder maduro de cada congregação.
 Terceiro: no Sínodo, que consiste em um grupo de
pastores e líderes maduros.
 Quarto: na Assembleia Geral, que é formada por
pastores e líderes representando todos os distritos.
Esta assembleia é a autoridade suprema da Igreja
Presbiteriana.

IDENTIDADE NAZARENA 156


5. Metodista: surgiu do modelo presbiteriano, onde a
autoridade é definida principalmente nos presbíteros da
igreja.
Dessas formas de governo eclesiástico, as mais
comumente adaptadas nas igrejas protestantes são: Episcopal,
Presbiteriana e Congregacional.
A Igreja do Nazareno tem um governo representativo, que
é uma combinação de certos elementos desses três modelos. A
Igreja do Nazareno usa elementos do modelo episcopal (a
autoridade está nos superintendentes distritais), modelo
presbiteriano (a autoridade está nos presbíteros) e o modelo
congregacional (a autoridade está na congregação) a fim de evitar
os extremos dos modelos episcopal e congregacional.
A forma de governo da Igreja do Nazareno é distinta,
porque em diferentes níveis da estrutura da organização existe a
participação ministerial e leiga. Eles ocupam diferentes posições
de serviço e trabalham juntos para alcançar objetivos comuns para
cumprir a missão da igreja. Leigos e ministros têm autoridade
igual nos assuntos administrativos da igreja, mantendo assim um
equilíbrio de poder.
Isso é afirmado na Introdução ao Manual: “Como os leigos
e o ministério têm autoridade igual nas unidades deliberativas e
legislativas da igreja, existe um equilíbrio de poder desejável e
eficaz. Vemos isso não apenas como uma oportunidade de
participação e serviço na igreja, mas também como uma obrigação
por parte dos leigos e do ministério”.
A organização e governança da igreja está estruturada em
três níveis: igreja local, distrital e geral.
 Organização da Igreja Local: Na Igreja do Nazareno,
afirmamos que a igreja local é o contexto no qual se
realiza a missão da igreja: proclamar a mensagem de
salvação, discipular os crentes, conduzi-los à
maturidade e treiná-los para exercer o dom s do

IDENTIDADE NAZARENA 157


Espírito. A igreja local, como o Corpo visível de Cristo,
é a representação viva das crenças e missão de nossa
igreja. A igreja local é organizada desta forma para
facilitar seu trabalho:
 Pastor / Pastores
 Junta da igreja (mordomos, curadores, presidentes
dos ministérios: Escola Dominical, Missão
Nazarena Internacional e Juventude Nazarena
Internacional, secretário e tesoureiro)
 Ministérios: Escola Dominical e Discipulado
(MEDI), Missão Nazarena Internacional (MNI),
Juventude Nazarena Internacional (JNI), Comitê
de Evangelismo e Comitê de Ministérios
Nazarenos de Compaixão (NCM).
 A igreja local elege delegados para a assembleia
distrital, participa da seleção e do ministério de
seus pastores, escolhe seus líderes locais,
administra suas próprias finanças e é responsável
por todos os outros assuntos relativos à vida e
trabalho da igreja local.
 Na Igreja do Nazareno, a organização da igreja
local não é rígida, mas permite a criação de
ministérios e a adição de tantos líderes quantos
forem necessários para cumprir a missão no
contexto local.

IDENTIDADE NAZARENA 158


Modelo organizacional de uma igreja local

PASTOR

Presidente Presidente Presidente Mordomos Ecônomos


da JNI da MNI da MED

 Organização Distrital: Um distrito é um grupo de


igrejas locais em uma área geográfica sob a liderança
de um presbítero que serve como Superintendente
Distrital. Nos Artigos de Organização e Governo na
seção da Constituição da Igreja, afirma o seguinte:
 28,1. Concordamos com a necessidade de uma
superintendência que complemente e auxilie a
igreja local no cumprimento de sua missão e
objetivos. A superintendência deve elevar o moral,
fornecer motivação, fornecer assistência ao
gerenciamento e método, e organizar e encorajar a
organização de novas igrejas e missões em todos
os lugares.
 28,2. Concordamos que a autoridade dada aos
superintendentes não deve interferir na ação
independente de uma igreja totalmente organizada.
Cada igreja terá o direito de escolher seu próprio
pastor, sujeito à aprovação que a Assembleia Geral
julgar conveniente instituir. Cada a igreja também
elegerá delegados para as várias assembleias,
administrará suas próprias finanças e será
responsável por todos os outros assuntos
pertinentes à sua vida e trabalho local.
 No nível distrital, um Superintendente tem uma
equipe de líderes de ministério, juntas e comitês.

IDENTIDADE NAZARENA 159


Os representantes das igrejas locais na assembleia
distrital anual elegem esses líderes e juntas.
 Organização Geral: A nível geral, existem três
entidades importantes na denominação, que
representam todas as igrejas locais e distritos em todo
o mundo. Estes incluem o seguinte: a Assembleia
Geral, a Junta de Superintendentes Gerais e a Junta
Geral Internacional. As funções e organização de cada
um estão no manual da igreja, mas aqui está um breve
resumo.
 A Assembleia Geral é a autoridade suprema da
denominação. É presidido pelos Superintendentes
Gerais. Consiste em delegados ministeriais e leigos
em número igual, eleitos pelas Assembleias
Distritais da Igreja do Nazareno; e de membros ex
officio e delegados de distritos sob administração
dos departamentos de Missão Global e
Crescimento da Igreja, conforme estipulado pela
Assembleia Geral. Esta assembleia é realizada a
cada quatro anos (ver parágrafos 300 a 305.9).
 A Junta Geral consiste de membros eleitos na
Assembleia Geral, que são delegados ministeriais
e leigos que representam uma região (ver
parágrafos 331 a 336). Os Superintendentes Gerais
são eleitos pela Assembleia Geral por todos os
anciãos da Igreja do Nazareno em todo o mundo.
Atualmente, há seis líderes que constituem a Junta
de Superintendentes Gerais (ver parágrafos 306-
307, 314 a 324). Para melhor desempenho de suas
funções, esses líderes contam com equipes de
pessoas organizadas em comitês, departamentos e
diretorias.

IDENTIDADE NAZARENA 160


 Organização Regional: Uma região é um
agrupamento de vários distritos em uma área
geográfica que estão sob a jurisdição de um Diretor
Regional. Existem atualmente seis regiões
internacionais: Mesoamérica, América do Sul,
Eurásia, Ásia-Pacífico, África e Estados Unidos e
Canadá. As regiões são subdivididas em campos,
cada uma sob um Coordenador de Estratégia de
Campo em nome do Diretor Regional. O Escritório
Regional é uma extensão da Missão Global da
Igreja do Nazareno na região designada.
 As regiões também têm Coordenadores Regionais
com recursos para apoiar as igrejas locais nos
seguintes ministérios: Evangelismo, Trabalho e
Testemunho, Compaixão, Escola Dominical e
Discipulado, Educação Teológica, Missões,
Juventude, Literatura, Comunicações e Missão
Global. Além disso, existe um Conselho
Consultivo Regional (RAC) com representação de
ministros ordenados e leigos (ver parágrafo 345.3).

A História do Selo da Denominação


O selo atual foi desenhado em 1967 quando o Dr. B. Edgar
Johnson, o Secretário Geral da denominação na época, queria um
desenho para as cartas oficiais da igreja. Com a ajuda do artista
plástico Dave Lawlor, o selo foi desenhado e apareceu em papel
timbrado da Secretaria Geral. Outros líderes dos departamentos
da Igreja Geral mostraram interesse em usar o selo em seus papéis
timbrados e logo depois que ele se tornou disponível para todos
os escritórios, incluindo a impressão do selo em materiais da Junta
Geral. Em 1970, o catálogo da Nazarene Publishing House
começou a vender selos autoadesivos nos selos dourado e preto

IDENTIDADE NAZARENA 161


para serem colocados em cartas, certificados, cartões, etc. e
gradualmente tornou-se mais popular e acessível a todos.
O Dr. Johnson escolheu elementos específicos para o selo
que tinham um significado especial e pessoal: A chama e a pomba
representam o Espírito que vive na Palavra, causando fome de
Deus em nossos corações. A Bíblia representa a ideia de que “a
letra mata, mas o espírito vivifica”, e a frase “Santidade ao
Senhor” lembra o início da denominação quando este slogan foi
usado nos cartazes pendurados nas igrejas nazarenos.

NOSSOS VALORES E MISSÃO


A Igreja deve recordar continuamente a sua missão, para
não perder a sua razão de ser, as suas prioridades ou o seu curso.
Tudo começou com o plano divino de salvação para os humanos
e continuou com o estabelecimento de um povo de Deus, pelo qual
todas as nações da Terra seriam abençoadas. Então Deus enviou
Seu Filho Jesus Cristo para continuar a missão e ser sal e luz no
mundo, e então Ele permitiu que Seus discípulos participassem da
missão.
Portanto, na Igreja do Nazareno, como parte da Igreja
universal, estamos comprometidos em responder à Grande
Comissão de Jesus Cristo. Somos o povo de Deus e temos uma
missão divina, redentora, santa e cheia de boas novas de alcance
universal.

Quais são os valores da Igreja do Nazareno?


A Igreja do Nazareno é definida pela sua participação na
missão de Deus e nas crenças e valores que refletem a identidade
da Igreja e que são transmitidos de geração em geração. Estes são
os valores centrais que servem como um guia, que definem o que
fazemos e porque o fazemos, e acima de tudo, que ajudam no
desenvolvimento da comunidade Nazarena global. A seguir está
um resumo desses valores:

IDENTIDADE NAZARENA 162


 Somos um povo cristão: “Como membros da Igreja
Universal, nos unimos a todos os verdadeiros crentes
na proclamação do senhorio de Jesus Cristo e na
afirmação dos credos trinitários históricos e das crenças
da fé cristã. Valorizamos nossa herança de Santidade
Wesleyana e acreditamos que é uma forma de
compreender a fé que é fiel às Escrituras, razão,
tradição e experiência”.
 Somos um povo santo: “Deus, que é santo, nos chama
para uma vida de santidade. Acreditamos que o Espírito
Santo busca fazer em nós uma segunda obra da graça,
chamada por vários termos, incluindo "inteira
santificação" e "batismo com o Espírito Santo" - nos
limpando de todo pecado, nos renovando à imagem de
Deus, fortalecendo que amemos a Deus de todo o
coração, alma, mente e força, e nosso próximo como a
nós mesmos, produzindo em nós o caráter de Cristo.
Santidade na vida dos crentes é mais claramente
entendida como semelhança de Cristo”.
 Somos um povo missional: “Somos um povo enviado,
respondendo ao chamado de Cristo e capacitado pelo
Espírito Santo para ir por todo o mundo,
testemunhando o senhorio de Cristo e participando com
Deus na edificação da Igreja e na extensão do Seu reino
(Mateus 28: 19-20; 2 Coríntios 6: 1). Nossa missão (a)
começa na adoração, (b) ministra ao mundo na
evangelização e na compaixão, (c) incentiva os crentes
à maturidade cristã por meio do discipulado e (d)
prepara mulheres e homens para o serviço cristão por
meio do ensino superior cristão”.

IDENTIDADE NAZARENA 163


A Igreja do Nazareno é uma Igreja com uma missão
A Igreja do Nazareno começou com uma missão clara
expressa por estas palavras escritas em um dos primeiros
panfletos impressos para uma próxima reunião.
“A Igreja do Nazareno é uma igreja simples e primitiva,
uma igreja do povo e para o povo. Não tem novas doutrinas,
apenas as velhas, velhas verdades da Bíblia ... Não é uma missão,
mas uma igreja com uma missão. É uma união de corações que
encontraram a paz com Deus, e que agora em sua alegria, saem
para levar a mensagem das riquezas insondáveis do evangelho de
Cristo a outras almas sofredoras, desencorajadas e enfermas pelo
pecado. Sua missão é para todos aqueles a quem a batalha da vida
foi feroz e para todo coração que anseia pela purificação do
pecado”.
A Igreja do Nazareno é uma igreja com uma missão. Essa
missão nasceu no coração de Deus e vem de Sua própria natureza
e caráter: Sua Santidade. Isso tem caracterizado nossa
denominação, bem como aqueles grupos de santidade que se
juntaram a ela. A missão é um aspecto essencial da nossa
identidade.
Os primeiros nazarenos, incluindo seu fundador, eram
conhecidos por seu amor e cuidado pelas pessoas necessitadas.
Eles trabalharam duro para abrir orfanatos, abrigos e missões de
resgate; ajudaram imigrantes, alimentaram os famintos,
escreveram artigos para jornais que promoviam a justiça social,
enviaram missionários a outras partes do mundo, evangelizaram
em outras cidades e vilas, etc.
Tudo isso fazia parte de quem eles eram. Os nazarenos
estavam seriamente comprometidos em fazer o que Jesus fez, em
pregar o evangelho das boas novas da salvação em palavras e
ações, e em testificar sobre sua experiência de santidade como
uma experiência de vida real. Tudo o que eles fizeram foi

IDENTIDADE NAZARENA 164


fundamental para sua identidade como igreja missionária (eles
não se limitaram apenas às necessidades locais, mas foram além).
O Dr. Ron Benefiel convida os nazarenos a responder a
esta pergunta: Ainda somos um povo com uma missão? A missão
que Deus deu aos primeiros nazarenos ainda é uma missão para a
igreja hoje?
Como no passado, hoje vivemos em um mundo quebrado,
doente e desanimado, e a Igreja do Nazareno ainda tem uma
missão clara de mostrar amor e atender às necessidades dos
fracos, pregar o evangelho e testificar sobre a santificação como
uma experiência transformadora da vida real. Essa missão, de
acordo com o Dr. Wesley Tracy, é evidente em quatro fatores:
adoração corporativa, evangelismo, edificação e serviço.
Portanto, é uma questão de continuar a dar provas do nosso
compromisso como nazarenos com a nossa missão, com Deus e
com nós próprios, e estar prontos para responder ao chamado do
Senhor e doar-nos em sacrifício para seguir os passos de Jesus.

A Igreja do Nazareno é uma Igreja da Grande Comissão


Como nazarenos, somos chamados a testemunhar
fielmente à família, amigos e vizinhos sobre a transformação que
Jesus Cristo faz em nossas vidas para que outros também possam
desejar ter uma nova vida cheia do amor de Deus. As formas
usadas para cumprir a Grande Comissão são numerosas e
criativas. Todos os nazarenos devem estar comprometidos com a
tarefa de fazer discípulos.
Junto com a Grande Comissão (Mateus 28: 18-20) está o
Grande Mandamento (Mateus 22: 36-39) de amar o nosso
próximo como a nós mesmos. Esta é a nossa motivação para
mostrar amor, demonstrar compaixão e ajudar a aliviar as
necessidades dos pobres e quebrantados como parte de nossa
missão.

IDENTIDADE NAZARENA 165


Desde o seu início, a denominação esteve envolvida em
missões e, portanto, a evangelização mundial é a missão da igreja.
O trabalho missionário é feito por meio de pregação, ensino,
evangelização, ação social, evangelismo, etc.
No entanto, esse trabalho custa dinheiro e exige esforço;
portanto, as congregações locais são generosas em dar, orar, jejuar
e apoiar missões e missionários internacionais para que muitas
pessoas em todo o mundo tenham a oportunidade de conhecer e
receber Jesus Cristo como Salvador e Senhor.
Com as ofertas grosseiras para o evangelismo global, os
nazarenos em todos os lugares estão envolvidos em alcançar
outros ao redor do mundo, e desde o início eles têm sido generosos
em fornecer recursos financeiros para a expansão da Igreja.

A Missão da Igreja do Nazareno após 100 anos


Nos primeiros meses de 2007, a Junta de Superintendentes
Gerais anunciou a nova declaração de missão para a Igreja do
Nazareno. Isso expressa a missão oficial da denominação:
“Fazendo discípulos à semelhança de Cristo nas nações”.
Em outubro de 2008, a Igreja do Nazareno celebrou 100
anos de história e progresso como denominação, mas também foi
um momento para reorientar, renovar e avaliar onde estamos
como igreja hoje e onde esperamos estar amanhã. Cada
congregação local ao redor do mundo é encorajada a contar a
história da denominação em termos de sua história, sua mensagem
e sua missão como família denominacional.
Nossa história nos permite lembrar nossas origens
humildes; é um tempo para renovar e continuar a proclamação da
mensagem de santidade de esperança radical, que oferece a
possibilidade de transformação pessoal e social. É um momento
para lembrar nossa missão de alcançar outras pessoas para Cristo
em todo o mundo, motivado por nosso compromisso e compaixão

IDENTIDADE NAZARENA 166


que emergem de nossos valores fundamentais (Grow Journal,
outono de 2003).
Na medida em que a igreja tenha uma missão,
continuaremos avançando. Esta missão nos manterá vivos e
crescendo como denominação. Não pode haver igreja sem missão
ou sem razão de ser.

A missão da igreja é para todos


Uma vez que a missão da Igreja faz parte da nossa
identidade como denominação, é importante que saibamos
participar, promovê-la e apoiá-la. Uma maneira é conhecer nossos
missionários e o que eles fazem como missionários. O manual do
Departamento de Missão Global da Igreja do Nazareno define um
missionário global desta forma: "Missionários globais deram
testemunho de um chamado para um serviço transcultural de
longo prazo, e completaram um número qualificado de anos em
trabalho missionário anterior ... Os missionários globais devem
ter um conhecimento prático de inglês e se tornar proficientes no
idioma predominante na área de sua designação”. (Definição de
Missionário Global, parágrafo 1.1, Parte Três, Manual de
Políticas e Procedimentos Missionários Globais).
Dr. Charles Gailey, um missionário e professor de missões
da Igreja do Nazareno, junto com outros missiólogos concordam
que o que diferencia um missionário global de qualquer outro
cristão que testemunha é que eles são selecionados e enviados a
outras culturas como ensinado em Atos 1: 8. Outra definição de
missionário é esta: um cristão chamado por Deus, escolhido e
enviado pela igreja para comunicar a boa nova da salvação de
diferentes maneiras a pessoas de diferentes origens étnicas em
todo o mundo.
Os missionários têm qualidades, aptidões e características
especiais que os ajudam a cumprir a tarefa única que chamamos
de trabalho missionário, que se reflete na entrega de si no amor e

IDENTIDADE NAZARENA 167


que implica renunciar a certas facilidades, mantendo uma
distância geográfica da família e dos amigos, vivendo uma vida
simples, adaptando-se a uma cultura diferente e às vezes
enfrentando perigos, sofrendo de doenças e talvez sofrendo
perseguições.
Compreendendo as diferentes circunstâncias às quais os
missionários estão expostos, a igreja se reúne para orar e dar seu
apoio. A congregação local desenvolve atividades e programas
que promovem o trabalho missionário da denominação, mantêm
contato com os enviados e, por meio disso, aprendem sobre as
necessidades e a cultura daquele local.
Se a missão da igreja é para todos, então por onde ela
começa? A missão começa com cada um de nós quando tomamos
a iniciativa e buscamos os perdidos onde eles estão. A missão da
igreja é realizada em casa, nas áreas próximas e longe de casa.

O Desafio do Terceiro Milênio para a Igreja do Nazareno


Dr. Tom Nees declara em seu livro, “A mudança da face
da Igreja de americana para global”, que o desafio para todos os
líderes nazarenos hoje é estar melhor preparado para trabalhar em
uma igreja caracterizada pela diversidade e crescimento urbano.
Para melhor servir no futuro, os líderes de hoje precisam de
treinamento nas áreas de liderança, comunicação e questões
interculturais. Eles precisam aprender a administrar ministérios
em diferentes línguas e culturas e criar unidade em meio a essa
diversidade”.
Para Nees, o sucesso de nossa missão como uma
designação depende de três fatores importantes:
1. Primeiro, atraia pessoas comprometidas e dedicadas
como membros e líderes de nossa grande denominação.
Em segundo lugar, trabalhe em equipes multiculturais
com pessoas que tenham ideias criativas, sábias e
sofisticadas, que tenham muitos dons e talentos, que

IDENTIDADE NAZARENA 168


tenham diferentes origens, perspectivas e experiências
e que tenham diferentes estilos de liderança. Terceiro,
mantenha e renove a paixão de pregar o evangelho em
todo o mundo e permaneça fiel ao mandamento de amar
o próximo incondicionalmente.
2. Um outro desafio para a igreja é aprender a desenvolver
ministérios urbanos criativos para alcançar jovens,
profissionais, estudantes, trabalhadores e outros grupos
na cidade com o propósito de apresentar Jesus Cristo e
fazer discípulos.
3. Outro desafio é aprender a usar a Internet e outras
mídias como redes sociais, e-mail, chat, messenger,
páginas da web, skype, telefones (mensagens de texto)
e outros avanços tecnológicos que permitem que as
pessoas entrem em contato com outras pessoas de
diferentes maneiras, lugares e horários para
compartilhar as boas novas de salvação.
É vital, portanto, que as igrejas locais desenvolvam uma
forte paixão por Cristo e sejam fiéis na missão de alcançar os
perdidos, aproveitar a diversidade cultural, ser flexíveis, criativas
e generosas, envolver a geração mais jovem e amar o próximo
incondicionalmente. Somente igrejas com essas qualidades
estarão preparadas para os desafios de hoje e de amanhã.
Somente assim as igrejas crescerão saudáveis e eficazes
no ministério.

Visão e Propósito
Visão: “Uma Igreja do Nazareno que está viva, unida,
santa, cada vez mais afirmando sua identidade, impactando a
comunidade através da compaixão e do amor de Cristo, e
comprometida em fazer discípulos e evangelizar o mundo.”
Propósito: “Para cumprir a Grande Comissão de Jesus
Cristo, fazendo discípulos, multiplicando e desenvolvendo uma

IDENTIDADE NAZARENA 169


igreja de santidade de acordo com os princípios bíblicos e
doutrinas da Igreja do Nazareno.”

NOSSO ESTILO DE VIDA


O que caracteriza um cristão? O que torna um cristão
diferente do resto do mundo? É suficiente apenas ser bom ou fazer
o bem pelos motivos certos? Qual é a motivação por trás de nossa
obediência aos padrões cristãos? É verdade que não importa em
que você acredita, desde que seja sincero? Por que é importante
ser leal às doutrinas e padrões da Igreja?

Qual é a cosmovisão cristã dos nazarenos?


Cosmovisão é “simplesmente a lente através da qual
vemos e avaliamos toda a cultura humana e nosso lugar nela”
(Santidade Hoje, maio de 2000, p.3). Os cristãos têm uma cultura
baseada no evangelho e estão convencidos de que o evangelho
tem o poder de transformar vidas e fazer a diferença no mundo.
Portanto, o evangelho nos dá novos valores e assim podemos
valorizar a cultura e nosso lugar nela. Uma cosmovisão cristã
inclui a crença na transformação do evangelho poder nas pessoas
e confiança no Espírito Santo para mudar os preconceitos mentais
e culturais dos cristãos. Esta cosmovisão é algo que se desenvolve
intencionalmente e é progressivo na medida em que submetemos
todas as áreas de nossas vidas a Cristo para que Ele mude nossa
maneira de pensar, nossas suposições, valores, estilos de vida, etc.
mudamos nossos valores não-cristãos, nossa maneira de pensar e
nossos hábitos, formamos nossa cultura cristã.

Qual é a aliança do caráter cristão?


A Igreja do Nazareno acredita que a maneira correta de
viver a vida cristã é o resultado de um relacionamento correto com
Cristo. Na medida em que o coração não se concentra em si
mesmo, mas em Cristo, a vida da pessoa refletirá a imagem e o

IDENTIDADE NAZARENA 170


caráter de Deus, mostrando uma inclinação para o que é bom. O
cristão não procurará fazer o mínimo para agradar a Deus, mas
descobre que quanto mais amor se tem por Deus, mais puro será
o coração.
Os nazarenos são guiados por três princípios ou “regras
gerais” (praticadas por John Wesley e Phineas Bresee) que
mostram a aplicação desse amor na vida prática do cristão. Essas
regras aparecem sob o nome de Aliança do Caráter Cristão e são
encontradas em nosso manual (Parte II Constituição da Igreja,
seção A Igreja):
1. Fazendo o que é ordenado na Palavra de Deus, que é
nossa regra de fé e prática, incluindo:
 Amar a Deus com todo o coração, alma, mente e força,
e ao próximo como a si mesmo (Êxodo 20: 3-6;
Levítico 19: 17-18; Deuteronômio 5: 7-10; 6: 4-5;
Marcos 12: 28-31; Romanos 13: 8-10).
 Chamar a atenção dos não salvos para as
reivindicações do evangelho, convidando-os para a
casa do Senhor e tentando alcançar sua salvação
(Mateus 28: 19-20; Atos 1: 8; Romanos 1: 14-16; 2
Coríntios 5: 18-20).
 Ser cortês com todos os homens (Efésios 4:32; Tito 3:
2; 1 Pedro 2:17; 1 João 3:18)
 Ser útil para aqueles que também são da fé, em amor
tolerando uns aos outros (Romanos 12:13; Gálatas 6:
2, 10; Colossenses 3: 12-14).
 Procurar fazer o bem ao corpo e à alma dos homens;
alimentar os famintos, vestir os nus, visitar os
enfermos e presos e ministrar aos necessitados,
conforme oportunidade e habilidade são dadas
(Mateus 25: 35-36; 2 Coríntios 9: 8-10; Gálatas 2:10;
Tiago 2: 15-16; 1 João 3: 17-18).

IDENTIDADE NAZARENA 171


 Contribuir para o sustento do ministério e da igreja e
sua obra nos dízimos e ofertas (Malaquias 3:10; Lucas
6:38; 1 Coríntios 9:14; 16: 2; 2 Coríntios 9: 6-10;
Filipenses 4: 15-19).
 Atender fielmente todas as ordenanças de Deus e os
meios da graça, incluindo a adoração pública a Deus
(Hebreus 10:25), o ministério da Palavra (Atos 2:42),
o sacramento da Ceia do Senhor (1 Coríntios 11: 23-
30); pesquisar as Escrituras e meditar nelas (Atos
17:11; 2 Timóteo 2:15; 3: 14-16); família e devoções
privadas (Deuteronômio 6: 6-7; Mateus 6: 6).
2. Evitando o mal de todo tipo, incluindo:
 Tomar o nome de Deus em vão (Êxodo 20: 7; Levítico
19:12; Tiago 5:12).
 Profanação do Dia do Senhor pela participação em
atividades seculares desnecessárias, entregando-se
assim a práticas que negam sua santidade (Êxodo 20:
8-11; Isaías 58: 13-14; Marcos 2: 27-28; Atos 20: 7;
Apocalipse 1:10).
 Imoralidade sexual, como relações pré-matrimoniais
ou extraconjugais, perversão em qualquer forma ou
frouxidão e impropriedade de conduta (Êxodo 20:14;
Mateus 5: 27-32; 1 Coríntios 6: 9-11; Gálatas 5:19; 1
Tessalonicenses 4: 3-7).
 Hábitos ou práticas sabidamente destrutivas para o
bem-estar físico e mental. Os cristãos devem se
considerar templos do Espírito Santo (Provérbios 20:
1; 23: 1-3; 1 Coríntios 6: 17-20; 2 Coríntios 7: 1;
Efésios 5:18).
 Brigar, retribuir o mal com o mal, fofocar, caluniar,
espalhar suposições prejudiciais aos bons nomes dos
outros (2 Coríntios 12:20; Gálatas 5:15; Efésios 4: 30-
32; Tiago 3: 5-18; 1 Pedro 3: 9-10).

IDENTIDADE NAZARENA 172


 Desonestidade, tirar vantagem na compra e venda, dar
falso testemunho e como obras das trevas (Levítico 19:
10-11; Romanos 12:17; 1 Coríntios 6: 7-10).
 A condescendência com o orgulho no vestuário ou
comportamento. Nosso povo deve se vestir com a
simplicidade e modéstia cristãs que se tornam
santidade (Provérbios 29:23; 1 Timóteo 2: 8-10; Tiago
4: 6; 1 Pedro 3: 3-4; 1 João 2: 15-17).
 Música, literatura e diversões que desonram a Deus (1
Coríntios 10:31; 2 Coríntios 6: 14-17; Tiago 4: 4).
3. Permanecendo em comunhão sincera com a igreja, não
investindo contra, mas totalmente comprometido com
suas doutrinas e costumes e ativamente envolvido em
seu testemunho e evangelismo contínuos (Efésios 2:
18-22; 4: 1-3, 11-16; Filipenses 2: 1-8; 1 Pedro 2: 9-
10).

O propósito desses princípios é desenvolver relações de


amor entre os membros do corpo de Cristo e, sobretudo, com
nosso próximo e ainda mais com nossos inimigos. Portanto, é
importante que os crentes aprendam a ser sensíveis para discernir
suas próprias atitudes, hábitos, padrões e práticas (culturais ou
não), especialmente aqueles que são negativos; praticar a
compaixão e ser compassivo; cuidar dos necessitados em nosso
mundo e aqueles da família de Deus; e, finalmente, nutrir o que é
bom, positivo e agradável em nossas vidas.
O bem-estar da comunidade cristã é sempre mais
importante do que os prazeres e hábitos pessoais; ninguém deve
buscar seu próprio bem-estar, mas primeiro buscar o bem-estar
dos outros; ninguém deve ser um obstáculo para o outro, e tudo o
que é possível não é necessariamente edificante.
Por outro lado, os crentes são encorajados a tomar cuidado
para não cair no legalismo para provar que alguém pode ser bom

IDENTIDADE NAZARENA 173


o suficiente para Deus. A igreja não deve “policiar” seus membros
em suas ações a cada momento de suas vidas, mas sim inspirar,
encorajar e instruir o que Deus diz sobre a vida santa, confiando
na orientação pessoal do Espírito Santo para cada pessoa.

Posição oficial da denominação sobre questões


contemporâneas cruciais
Para que os membros mantenham elevados padrões de
vida baseados nos princípios bíblicos, a Igreja do Nazareno
fornece aos membros orientação sobre como viver, pensar e agir
quando confrontados com questões sociais e morais da nossa
sociedade contemporânea. (O que se segue baseia-se no Manual
da Igreja, Parte III O Pacto de Conduta Cristã e Parte IV, Seção X
Apêndice, Questões Morais e Sociais Atuais).

Entretenimento
Recomenda-se evitar entretenimentos que promovam o
seguinte: violência, pornografia, sensualidade, ocultismo,
secularismo, materialismo, loterias e jogos de azar (legais ou
ilegais), todas as formas de dança que prejudicam o crescimento
espiritual e quebram as inibições e reservas morais adequadas,
adesão a ordens ou sociedades secretas juramentadas e o uso de
bebidas alcoólicas como bebida, o uso de drogas ilícitas, o uso de
tabaco ou o tráfico de tais drogas.
São apoiados entretenimentos que encorajam e promovem
a vida santa e afirmam os valores bíblicos.

Casamento, divórcio e / ou dissolução do casamento


A Igreja do Nazareno acredita que o casamento:
 É instituído e ordenado por Deus.
 É a união mútua de um homem e uma mulher para
comunhão, ajuda e propagação da raça.
 É um estado sagrado.

IDENTIDADE NAZARENA 174


 É um compromisso vitalício entre um homem e uma
mulher.
 O pacto do casamento é moralmente obrigatório
enquanto ambos os cônjuges viverem.
 O divórcio é uma violação dos ensinamentos bíblicos,
mas não está fora do alcance do perdão e da graça de
Deus.
No entanto, a igreja reconhece que muitas pessoas passam
por essa experiência e nossa missão é restaurar e ensinar os
princípios bíblicos para que tenham experiências positivas em
seus relacionamentos conjugais presentes ou futuros.

A Santidade da Vida Humana


A Igreja do Nazareno acredita que a vida humana é
sagrada desde o momento da concepção.
A Igreja do Nazareno apoia:
 O início de programas destinados a cuidar de mães e
filhos (centros de aconselhamento, lares para
grávidas, criação e utilização de serviços de adoção
cristã).
 A prática da ética do Novo Testamento em relação à
sexualidade humana e ao aborto.
 A mensagem do perdão de Deus para cada pessoa que
passou por um aborto.
 Engenharia genética para prevenção e cura de
doenças, enfermidades físicas e mentais.
 Pesquisa com células-tronco de fontes como tecidos
humanos adultos e da placenta, sangue e sangue do
cordão umbilical de animais.
A Igreja do Nazareno se opõe a:
 Aborto induzido por qualquer meio, seja por
conveniência pessoal ou para controle populacional.
 Legislação que legaliza o aborto.

IDENTIDADE NAZARENA 175


 Engenharia genética que promove a injustiça social,
ignora a dignidade humana, busca a superioridade
racial, intelectual ou social.
 Estudos de DNA que promovem o aborto humano.
 Eutanásia ou o fim de uma vida para que a pessoa não
sofra mais.
 Usar células-tronco retiradas de embriões humanos
para pesquisa, tratamento ou outros usos.
 O uso de embriões humanos para qualquer propósito
e pesquisa que tire a vida de um ser humano após a
concepção.
 Uso de tecido retirado de fetos humanos abortados.
 A clonagem de um ser humano. Um ser humano não
é um objeto, mas em vez disso tem dignidade e valor
dados pelo Criador.
 A legalização da eutanásia.

Sexualidade humana
A Igreja do Nazareno vê a sexualidade humana como uma
expressão da santidade e da beleza que Deus o Criador quis dar à
sua criação.
A sexualidade é uma das maneiras pelas quais o convênio
entre marido e mulher é selado e expresso. Pode e deve ser
santificado por Deus, e é feito apenas como um sinal de amor e
lealdade.
A sexualidade não cumpre seu propósito quando vista
como um fim em si mesma ou quando barateada pelo uso de outra
pessoa para satisfazer interesses sexuais pornográficos e
pervertidos.
Todas as formas de intimidade sexual fora da aliança
heterossexual do casamento (homem-mulher) são distorções
pecaminosas da santidade e da beleza que Deus pretendia.

IDENTIDADE NAZARENA 176


A homossexualidade é um meio pelo qual a sexualidade
humana é pervertida. A Bíblia condena tais atos pecaminosos e
eles estão sujeitos à ira de Deus.
A moralidade cristã e a prática da homossexualidade são
incompatíveis. No entanto, o homossexual precisa da aceitação do
povo de Deus para que possa conhecer a graça de Deus que é
suficiente para salvá-lo desse pecado e acabar com a prática da
homossexualidade.
Discriminação e maus-tratos aos indefesos
A Igreja rejeita todas as formas de discriminação e afirma
que Deus é o Criador de todas as pessoas. Independentemente de
raça, cor, sexo ou credo, todos devem ter igualdade perante a lei.
A igreja entende que a educação deve cultivar a compreensão e a
harmonia racial.
A igreja abomina o abuso de qualquer pessoa e busca
aumentar a conscientização pública por meio de publicações
apropriadas e informações educacionais.
Aqueles que agem sob a autoridade da igreja estão
proibidos de se envolver em atos de imoralidade sexual e outras
formas de maus tratos aos indefesos.

Responsabilidade pelos Pobres


A igreja busca estabelecer uma relação especial com os
pobres deste mundo e, por essa razão, a igreja se identifica e
simpatiza com eles e se esforça para oferecer oportunidades,
igualdade e justiça.

A Igreja e a Liberdade Humana


A igreja incentiva seus membros a participarem da política
e das eleições para cargos públicos, escolhendo pessoas que
acreditam nos princípios da dignidade do ser humano como
criação de Deus, que acreditam na sacralidade da consciência

IDENTIDADE NAZARENA 177


individual e que sabem responder perante Deus e diante daqueles
que os elegeram para o desempenho de suas funções.

A guerra e o serviço militar


A igreja é convidada a usar sua influência para procurar
maneiras de permitir que as nações vivam em paz. A igreja deve
se dedicar a espalhar a mensagem de paz. Os crentes devem servir
a sua nação de todas as maneiras compatíveis com a fé e o estilo
de vida cristão.

Criação
A Igreja afirma o relato bíblico da criação e se opõe à
interpretação ímpia da hipótese evolucionária que nega que os
humanos tenham uma responsabilidade moral para com nosso
Criador.

Abuso de substâncias químicas, álcool e tabaco


A Igreja do Nazareno se opõe ao abuso de substâncias
(drogas legais ou ilegais) como um mal social. A igreja deve ter
um papel ativo e visível nos programas educacionais para prevenir
o abuso. A Igreja se opõe publicamente ao uso de tabaco e álcool
em todas as suas formas e apoia a proibição de toda publicidade
sobre tabaco e álcool em todos os tipos de mídia.

Mordomia Cristã
A igreja apoia o que as Escrituras ensinam sobre
mordomia: Deus é o dono de todas as pessoas e de todas as coisas,
e nós mordomos tanto a vida quanto os bens. Acreditamos que
todos prestarão contas a Deus por sua mordomia.
A prática cristã de dar (dízimos e ofertas) reconhece que
Deus é o dono de todos os recursos. Essa prática permite que a
igreja apóie aqueles que pregam o evangelho (ministros de tempo

IDENTIDADE NAZARENA 178


integral). Portanto, a Igreja do Nazareno encoraja seus membros
a fazer o seguinte:
 Fielmente dizimar e dar ofertas para o sustento do
evangelho, construção de prédios de igrejas e sustento
de seus ministros e ministérios.
 Use métodos legítimos e éticos para arrecadar fundos.
 Planeje adequadamente as finanças da igreja.
 Pague fielmente as alocações orçamentárias locais,
orçamentos educacionais e orçamentos gerais e
distritais.
 Planeje com antecedência as doações, ofertas,
heranças e outras contribuições para apoiar os
ministérios da igreja.

IDENTIDADE NAZARENA 179


Revista graça e paz
Uma Revista Dialógica para o Clero Nazareno
Identidade Nazarena: Um Painel de Discussão

Identidade Nazarena - com isto em mente, a Grace &


Peace Magazine convocou um painel para discutir a identidade
denominacional e maneiras de conectar as pessoas às
comunidades de fé nazarena. A discussão foi moderada por Bo
Cassell, Professor de Sociologia da MidAmerica Nazarene
University, e incluiu os seguintes participantes:
 Ron Benefiel, Reitor da Escola de Teologia e
Ministério Cristão da Point Loma Nazarene
University (Benefiel serviu anteriormente como
pastor da Primeira Igreja de Los Angeles do Nazareno
e como presidente do Seminário Teológico
Nazareno);
 Rustin E. Brian, ex-pastor principal da Igreja do
Nazareno da Trindade em Kansas City e autor recente
de Covering Up Luther;
 Ken Crow, um sociólogo aposentado e pesquisador,
que serviu na MidAmerica Nazarene University e
Nazarene Bible College antes de se tornar um
pesquisador no escritório de Serviços de Pesquisa do
Centro de Ministério Global da Igreja;
 Diane Leclerc, que atua como Professora de Teologia
Histórica na Northwest Nazarene University, e é
autora de Descobrindo a Santidade Cristã: O Coração
da Teologia Wesleyana da Santidade; e
 Eugenio Duarte, que foi eleito 37º Superintendente
Geral da Igreja do Nazareno. Ele é natural das Ilhas
de Cabo Verde e serviu como pastor, superintendente
distrital, coordenador de estratégia de campo e diretor
regional para a Região da África.

IDENTIDADE NAZARENA 180


Uma parte abreviada e editada do painel de discussão aparece
abaixo.

Cassel: VAMOS COMEÇAR COM ESTA PERGUNTA: O


QUE É “IDENTIDADE” E O QUE ELA FAZ POR NÓS?
 Benefiel: Uma definição de trabalho para identidade
em um grupo religioso inclui crenças, práticas e
experiências compartilhadas que, ao longo do tempo,
são formadas em uma narrativa modeladora que orienta
ou dá direção. Christian Smith, em seu importante livro
Moral Believing Animals, diz que as pessoas vivem de
histórias. Eles têm metanarrativas que moldam suas
vidas: uma história de família que se torna parte de uma
história individual que se torna parte de uma história
corporativa, ou neste caso, uma história nazarena.

Cassell: RUSTY, COMO PASTOR, VOCÊ VÊ PESSOAS


VIVENDO UMA HISTÓRIA MAIOR OU ESTÃO
PRIMARIAMENTE PREOCUPADAS COM SUA
HISTÓRIA?
 Brian: As pessoas estão preocupadas com sua história,
mas se a igreja estiver fazendo um bom trabalho ao
contar a história maior, elas entrarão nesse reino. Para
adicionar à definição de trabalho de Ron, sugiro que a
crença vem por último. Em nossa cultura hoje, as
pessoas aderem não por causa de uma postura
doutrinária ou ética específica, mas porque querem
fazer parte de uma comunidade da igreja - elas querem
uma história. Eles podem não ser capazes de articular
isso, mas desejam um sentimento mais profundo de
pertencimento.

IDENTIDADE NAZARENA 181


Cassell: COMO UM PASTOR PODE FACILITAR A
CONEXÃO A UMA IDENTIDADE MAIOR - A UMA
HISTÓRIA MAIOR - DO QUE APENAS A HISTÓRIA DA
IGREJA INDIVIDUAL OU LOCAL?
 Duarte: As pessoas encontram histórias como as suas
que as atraem para um grupo maior, uma comunidade
maior - e isso é parte do que constrói uma denominação.
Como pastor, foi o que fiz. Encontrei pontos de
conexão entre as pessoas da minha igreja, outras igrejas
locais do Nazareno e a denominação.
 Crow: Como indivíduos, queremos estar conectados a
algo que seja significativo e torne nossas vidas
melhores - e ter exemplos ajuda. Quando tento
descobrir o que significa ser nazareno, e um
superintendente geral (ou um nazareno notável) vem e
conta sua história, tenho uma demonstração do que isso
significa.
 Benefiel: Vamos rever por que a ideia de história é
importante. As narrativas funcionam quase como
círculos concêntricos: você tem uma história pessoal
que é parte de uma história de família, que, se você é
nazareno, é parte de uma história religiosa, que então é
parte de uma história cristã mais ampla. Existem
narrativas dentro das narrativas e, às vezes, essas
histórias competem entre si. Um desafio é saber se
nossa história tem ressonância ou é uma alternativa
para histórias encontradas em outros lugares. A história
cristã é uma alternativa às histórias seculares
encontradas na cultura mais ampla. No evangelismo,
convidamos as pessoas para uma história diferente
daquela que estão vivendo. A história da Igreja do
Nazareno é parte da história cristã mais ampla, mas
também é distinta de maneiras que a separam de outras

IDENTIDADE NAZARENA 182


denominações e grupos religiosos. Conhecer nossa
história nos ajuda a saber onde nos encaixamos e como
responder a histórias concorrentes.
 Leclerc: A identidade de uma denominação particular
vem de um contexto histórico particular, às vezes até
mesmo um contexto reativo, que pode decidir
descontinuar ou reafirmar algo que veio antes. A
questão da identidade não é simples. Na Igreja do
Nazareno, uma série de coisas aconteceram que
levaram a decisões que resultaram em uma
denominação. Embora houvesse pontos em comum,
também havia diferenças que precisavam ser
negociadas na fusão de diferentes pessoas do oeste,
leste e sul. A questão então, como agora, é como
negociamos a diferença com o propósito de unidade?
Temos 100 anos de história que mostra isso em
diferentes épocas e de maneiras diferentes. Nossa
identidade está constantemente sendo negociada entre
um lugar histórico, as coisas que encontramos em
comum e aquelas nas quais diferimos. Mas o principal
tema de por que existimos é o que nos levará até o
próximo século.

Cassell: EUGENIO, COMO SUPERINTENDENTE GERAL,


VOCÊ VÊ ESTAS DIFERENÇAS DENTRO DA IGREJA
DO NAZARENO?
 Duarte: Com certeza. Todas as seis regiões do mundo
têm sua própria história. Você encontrará igrejas do
Nazareno formadas em áreas onde não havia outra
igreja. Essa congregação não será a mesma que foi
plantada em uma cidade onde as pessoas vêm de outras
denominações para formar uma igreja do Nazareno.
Embora os dois possam não parecer iguais, a diferença

IDENTIDADE NAZARENA 183


é positiva: nos torna mais ricos. O que nos une é nossa
mensagem e nossa missão.

Cassell: COMO MANTENHA NOSSA IDENTIDADE DE


FICAR CONFUSOS NO MEIO DA DIFERENÇA E COMO
PERMITIMOS VARIADAS EXPRESSÕES E AINDA
CHAMAMOS DE NAZARENO?
 Brian: Precisamos entender que parte da nossa
identidade é lidar com a diferença. Precisamos articular
uma história comum que permita a diferença.
 Leclerc: Se você examinar a história dos diferentes
ramos que formaram a Igreja do Nazareno, haverá dois
pontos em comum. Um era teológico e experimental e
o outro era prático. Os fundadores queriam uma igreja
que proclamava o otimismo da graça e afirmava que a
inteira santificação faz uma diferença significativa na
vida individual e comunitária. Todos eles se centraram
na identidade teológica da perfeição cristã, que veio de
dentro da tradição da Santidade Wesleyana. Esse
compromisso os unificou doutrinariamente. O segundo
e mais unificador prático é a afirmação de que são uma
igreja dos pobres, tanto em casa como no mundo
inteiro. Eles queriam apoiar os abatidos e oprimidos e
tirar as pessoas de seu desespero. Desde o início, os
nazarenos identificaram esses dois princípios como a
força unificadora do movimento. Agora, podemos
continuar a falar sobre nossa herança teológica, os
outros artigos de fé e quaisquer outras razões para
sermos nazarenos, mas a pergunta que precisamos fazer
continuamente é sobre nossa fidelidade a essas duas
coisas porque são a razão de existirmos como uma
denominação única.

IDENTIDADE NAZARENA 184


Cassell: SOMOS FIÉIS COM ESSAS DUAS COISAS? KEN,
COMO PESQUISADOR DE NAZARENO, O QUE VOCÊ
DIZERIA?
 Crow: Pesquisas dos Serviços de Pesquisa Nazarena
dizem que nos importamos e estamos envolvidos em
ministérios de compaixão em casa e no exterior. Na
prática, os grupos religiosos tendem a crescer na classe
social, e quanto mais nos afastamos de nossas raízes
como uma igreja dos pobres, mais difícil é nos
conectarmos de volta. Se não estivermos atentos à
nossa mensagem, iremos nos desviar dela. Temos que
continuar a contar a história e a afirmar quem somos, o
que acreditamos e por quê.
 Benefiel: John Wesley identificou uma falta de
vitalidade entre alguns metodistas que começaram a se
afastar do movimento à medida que cresciam na classe
social. A mobilidade socioeconômica é uma força
sociológica poderosa. À medida que as pessoas
prosperam, elas extraem sua identidade de uma rede
mais ampla e recebem mais sinais do mundo ao seu
redor. Como resultado, seu grupo principal tem menos
influência sobre como eles pensam e agem.
 Brian: Uma característica distintiva de nossa identidade
histórica não é apenas ser uma igreja a serviço dos
pobres, mas uma igreja dos pobres. Esta é uma ideia
mais radical. Ao mesmo tempo, temos tanta
diversidade dentro de nossas igrejas, de grandes e ricas
a pequenas e urbanas e rurais, bem como atribuições de
clero bivocacionais (em que alguns pastores estão
lutando para pagar contas e arranjar tempo para o
trabalho na igreja) que isso é um desafio difícil de
superar.

IDENTIDADE NAZARENA 185


 Leclerc: Uma das coisas que motivou os primeiros
nazarenos é uma crítica profunda à riqueza dos
metodistas. Depois de cem anos de história e ascensão
social, nos tornamos - pelo menos nos Estados Unidos
- o que criticamos tão violentamente em nosso início, o
que é fascinante.

Cassell: COMO DENOMINAÇÃO, ESTAMOS LUTANDO


COM COMO NEGOCIAR A ECONOMIA DE UMA
IGREJA GLOBAL E DE UMA IGREJA DOS EUA /
CANADÁ E AS DESIGUALDADES EXISTENTES ATÉ O
NÍVEL LOCAL? ISSO É PARTE DE NOSSAS
DIFICULDADES DE IDENTIDADE?
 Benefiel: Claro, e não somos apenas nós, mas uma
tendência dentro das denominações americanas nas
últimas centenas de anos. Há uma conexão entre as
duas coisas que Diane mencionou: proclamação da
santidade em toda a terra e preocupação com os pobres.
Wesley os une e diz que o ministério aos pobres é um
meio de graça que está vinculado à nossa santificação.
Para Wesley e Bresee, sua motivação primária não era
ajudar os pobres a subirem na escada socioeconômica -
uma espécie de benevolência social - mas dar as boas-
vindas aos pobres em uma comunidade porque esta é a
natureza do reino de Deus. Até os pobres cuidavam dos
pobres porque este era um meio de graça. Tudo isso
fluiu de um entendimento de que a própria natureza do
reino é cuidar dos perdidos, dos pobres e dos
quebrantados.
 Brian: Isso é particularmente desafiador hoje porque
muitas igrejas não estão em áreas que possam receber
os pobres, nem têm os recursos para ajudar.

IDENTIDADE NAZARENA 186


 Benefiel: Como definimos os pobres é importante. A
dimensão econômica do ministério entre os pobres é
importante, mas “os pobres” é uma categoria mais
ampla, que inclui os destituídos e os destituídos. São
pessoas que estão em lares de idosos, na prisão e que
são apanhadas em vícios. Não é como se você tivesse
que procurar pessoas pobres, especialmente nesta
sociedade onde as pessoas estão quebradas e as famílias
estão fragmentadas. A igreja foi criada para se mudar e
estabelecer residência onde as pessoas estão em
necessidade - necessidades físicas e espirituais - porque
isso é o coração da encarnação de Deus em Cristo Jesus.
Essas são as boas novas do evangelho.
 Duarte: Recentemente visitei o Brasil onde uma igreja
do Nazareno é plantada no meio da pior pobreza
imaginável. A igreja é missionária e focada no exterior
e está começando novas igrejas em áreas onde outras
falharam. A parte incrível dessa história é que a igreja
é composta de pessoas pobres - pessoas que não tinham
recursos, pessoas que eram viciadas em drogas e foram
marginalizadas. Um dos melhores cardiologistas
daquele país é dessa igreja. Como uma criança pobre,
ele veio ao pastor e disse: "Pastor, você acredita que eu
posso ser um médico?" O pastor respondeu: “Sim, você
pode ser médico”. Não havia como isso acontecer
financeiramente, mas a igreja queria que ele fosse
médico. Eles o apoiaram porque a igreja sabia de onde
vinha e acreditava que Deus poderia fazer o mesmo
pelos outros.

IDENTIDADE NAZARENA 187


Cassell: PERDEMOS DE VISTA ESSA PARTE DE NOSSA
IDENTIDADE?
 Leclerc: Estamos cem anos distantes dessas primeiras
memórias e precisamos recontar essas histórias porque
elas nos dão um ethos. Um livro que meus estudantes
universitários leram é o livro de Donald Dayton,
Discovering Our Evangelical Heritage. O livro analisa
o que significava ser uma pessoa de santidade no século
19, quando as pessoas de santidade eram a favor da
igualdade de gênero e raça e contra a escravidão.
Continuo a me surpreender com esses alunos que,
apenas por ler essas histórias, se inspiram e perguntam:
"Quais são os problemas que eles abordariam agora e o
que devemos fazer?" É importante que novas pessoas
que entram em nossas igrejas sejam apresentadas a essa
memória coletiva, pois ela expressa nossa rica herança
teológica.
 Benefiel: Há muita literatura hoje em dia sobre a era
pós-denominacional, o que reflete uma suspeita de
denominações e um movimento em direção ao
evangelicalismo genérico. Muitos perguntam por que
existem tantas denominações, especialmente jovens,
que se perguntam se isso reflete divisão em vez de
unidade. Esta é uma boa crítica, mas perde alguns
pontos. Primeiro, perde a particularidade da narrativa -
que um grupo emerge de um determinado tempo,
espaço e cultura, que molda sua história única e a
coloca em uma trajetória única. Essa história de um
povo lutando (com as Escrituras e a teologia) sobre o
que significa ser cristão no mundo torna-se parte do fio
da narrativa. Sem essas tradições para se inspirar, você
é um órfão sem nenhuma história para contar. Isso o
deixa à mercê de quaisquer outras histórias por aí,

IDENTIDADE NAZARENA 188


algumas das quais podem não estar baseadas no
evangelho e são mais pseudo-cristãs ou culturalmente
cristãs. Sem essa história e narrativa, você está à deriva.
 Leclerc: O evangelicalismo genérico resultou quando
procuramos pregar o evangelho da maneira mais geral
possível para o maior número de pessoas possível, e
perdemos as características denominacionais. Estamos
sofrendo as consequências disso agora. Uma resposta é
recontar a narrativa e trazer novas histórias. Outra
estratégia é pegar nosso sistema de crenças e dizer:
“Precisamos voltar à nossa identidade, certificando-nos
de que acreditamos nisso, nisso e naquilo”. Como
teólogo, entendo a necessidade de enfatizar as
afirmações doutrinárias, mas isso não vai resolver o
problema porque nossa identidade surge de uma
narrativa particular.

Cassell: EXISTE DIFERENÇA ENTRE A HISTÓRIA


DENOMINACIONAL E A IDENTIDADE DA IGREJA
LOCAL?
 Crow: Minha família mudou de denominação quando
eu era jovem. Fomos a uma igreja do Nazareno porque
tínhamos parentes na congregação, mas também
porque tínhamos um pastor que, sem menosprezar
qualquer outra denominação, focou na história do
Nazareno e como a história maior foi expressa naquela
congregação em particular. Nós entendemos a maneira
como os nazarenos faziam as coisas e por quê, e que
éramos pessoas que saíram do avivamento Wesleyano
e como isso se desenvolveu em nossa cidade em
particular. Às vezes, palestrantes especiais ajudaram
nesse processo e os missionários visitantes nos
ajudaram a nos identificar com a missão da igreja em

IDENTIDADE NAZARENA 189


todo o mundo. No caso da minha família, um pastor
desempenhou um papel importante ao explicar às novas
pessoas quem somos e do que somos, o que nos liga à
denominação. Tudo para dizer, precisamos entender
que normalmente entendemos a história
denominacional através dos olhos da igreja local e vice-
versa. Cada um nos ajuda a entender o outro - você não
pode separar essas duas coisas.

Cassell: KEN, VOCÊ CONSTRUÍDO


RELACIONAMENTOS E CONEXÕES COM NAZARENES
ATRAVÉS DESTE PASTOR E DA CONGREGAÇÃO E
APRENDEU A HISTÓRIA DA DENOMINAÇÃO.
CHAMAMOS ESSE “CAPITAL RELIGIOSO” - ESSE É O
VALOR QUE VEM DE FAZER PARTE DE UM GRUPO. O
QUE PODEMOS FAZER PARA CONSTRUIR “CAPITAL
NAZARENO” E DAR ÀS PESSOAS UMA CONEXÃO
MAIS PROFUNDA COM A NOSSA HISTÓRIA E COM AS
SUAS CONGREGAÇÕES LOCAIS?
 Crow: Precisamos de duas coisas: capital nazareno (ou
capital religioso) e capital social. A pesquisa diz que a
conexão para novas pessoas tende a ser por meio do
pastor. Não somos bons em ligar as pessoas a um grupo
maior na congregação. Se uma nova pessoa ou família
está ligada apenas ao pastor, seu capital social é perdido
quando o pastor sai. Portanto, temos que desenvolver
relacionamentos mais amplos. Isso precisa ser uma
estratégia intencional, seja por pequenos grupos ou
outra coisa. O capital nazareno vem contando a história
e dando às pessoas um lugar para servir nessa história.

IDENTIDADE NAZARENA 190


Cassell: O CAPITAL NAZARENO (ou capital religioso) É
SUFICIENTE?
 Brian: Parte desse capital se relaciona com nossas ações
e práticas, as coisas que fazemos e por que as fazemos.
Embora os mais jovens estejam cada vez mais céticos
em relação às denominações, nossa melhor resposta é
explicar por que nossa denominação específica existe.
Não é porque não gostamos de outras pessoas, mas
porque há algo que queremos enfatizar na história cristã
mais ampla.
 Crow: E de certa forma, não tanto para contar, mas para
demonstrar.
 Brian: Sim, vivendo isso, mas não apenas o pastor, mas
capacitando a congregação para ser o corpo de Cristo.
 Benefiel: Denominacionalmente, existem quatro
pontos centrais que podem nos ajudar a construir o
capital nazarena. O primeiro é a educação ministerial,
porque você tem que ter pessoas que possam contar a
história e convidar as pessoas para ela. A segunda são
as publicações, porque elas (da literatura da escola
dominical às revistas denominacionais) comunicam
nossa história. Terceiro, é a velha ideia metodista de
conferência - esta é a “conexão” que resulta de nos
unirmos e sermos parte de algo maior do que você. Isso
acontece em reuniões como assembleias distritais,
assembleias gerais e eventos de conferências. O quarto
é convidar as pessoas, especialmente os jovens, para
experiências missionárias. Precisamos convidar as
pessoas a participarem não apenas da adoração, mas
também de práticas e oportunidades de ministério que
envolvam a comunidade.

IDENTIDADE NAZARENA 191


Cassell: EUGENIO, NAS SUAS VIAGENS, VOCÊ VÊ
JUVENTUDE SE CONECTANDO A UMA HISTÓRIA
DENOMINACIONAL?
 Duarte: À sua maneira, eles estão se conectando, mas
precisamos ter certeza de que nossas igrejas locais e
estruturas denominacionais são flexíveis o suficiente
para permitir-lhes oportunidades. Precisamos abrir
espaço para nossos jovens - espaço para permitir que
eles se conectem de maneiras que reflitam quem eles
são.
 Benefiel: Christian Smith, em seu livro Souls in
Transition, diz que os adolescentes e os que vivem na
casa dos 20 anos nos Estados Unidos não são tão
religiosos quanto as faixas etárias anteriores. Robert
Putnam, um sociólogo de Harvard, em seu livro,
American Grace, fez uma extensa pesquisa nessa área.
Ele diz que as pessoas na casa dos 20 anos não se
identificam com a igreja, de modo que a categoria
maior e de crescimento mais rápido é "nenhuma
preferência religiosa". Ele diz que isso ocorre porque
eles não se identificam com o que a igreja tende a
representar em nossa sociedade. Sua pesquisa sugere
que a mudança para o evangelicalismo genérico,
começando na década de 1980, mudou o terreno de um
testemunho primário em torno do evangelho de Jesus
Cristo para um conservadorismo cultural,
especialmente com respeito a questões políticas
específicas que os jovens adultos tendem a rejeitar em
massa.

IDENTIDADE NAZARENA 192


Cassell: A IDENTIDADE CULTURAL OS JOVENS ESTÃO
REJEITANDO UMA CARICATURA? EXISTE UMA
OPORTUNIDADE QUE A IGREJA PODE APRECIAR?
 Brian: Em 2010, Kenda Creasy Dean publicou um livro
importante usando o título de um sermão de Wesley,
Quase Cristão: O que a fé de nossos adolescentes está
dizendo à Igreja americana. Baseando-se em dados
sociológicos, diz que os jovens têm fé, mas veem uma
desconexão entre a história e como ela é vivida.
 Leclerc: Em meu trabalho, vejo duas áreas em que os
jovens acham que a igreja é insuficiente. O primeiro é
a irrelevância - a igreja tem pouca relevância para suas
vidas pessoais, objetivos e onde eles querem estar. Em
segundo lugar, está a questão do isolacionismo - eles
estão relacionalmente conectados, mas veem uma
igreja que se afasta amplamente da cultura secular. Eu
encontro potencial em nossa narrativa nazarena.
Wesley e os primeiros nazarenos não tentaram se
manter santificados rejeitando o mundo. Eles estavam
entre os quebrados e trabalhavam nas próprias fendas
da sociedade. A mensagem de amor de santidade exige
um compromisso total com o mundo. A mensagem
wesleyana combina bem com as necessidades sentidas
dos pós-modernos.

Cassell: Vejo isso em meu trabalho com estudantes


universitários e jovens. O QUE PODEMOS FAZER PARA
AJUDÁ-LOS?
 Brian: Precisamos criar oportunidades para que eles
sirvam e vivam sua fé. A identidade nazarena é algo
que tem raízes e pilares, mas também é fluida e muda.
Isso permite a diversidade e eles fazem parte dessa
diversidade. Ser uma igreja global é um dos nossos

IDENTIDADE NAZARENA 193


maiores (por falta de uma palavra melhor) “argumentos
de venda”. Em minha experiência, novas pessoas ficam
impressionadas com isso e querem fazer parte.
 Benefiel: A tensão do “dentro mas não do mundo” é
algo que devemos levar a sério. Se apenas enfatizarmos
“no” mundo, nos tornamos como o mundo. Se apenas
enfatizarmos “não é do mundo”, tornamo-nos
irrelevantes e isolados. Ambos são necessários.
Santidade não é apenas estar separado; é também
participar do amor encarnado de Deus que nos empurra
de volta ao coração do mundo.
 Crow: A separação de crianças e jovens por grupos de
idade e o isolamento de nossos jovens de manifestantes
da fé mais velhos inibiram nossa capacidade de
transmitir identidade. A pesquisa de Christian Smith
sugere que os jovens que fazem uma transição bem-
sucedida para a vida adulta têm adultos que investiram
neles, especialmente os pais. Esse envolvimento ajuda
os jovens a formarem opiniões e crenças e a serem
pessoas de fé. Este tipo de investimento desenvolve
capital religioso e contribui para a missão da igreja.
 Leclerc: Mais do que a minha geração, os jovens não
temem a diferença porque estão no ensino médio com
colegas de diferentes culturas e diferentes experiências
religiosas. Sua habilidade de lidar com as diferenças é
uma habilidade incrível, que beneficiará a igreja, agora
e no futuro.

Cassell: QUAIS SÃO OS LUGARES ONDE OS JOVENS


PODEM ENCONTRAR UMA ADEQUAÇÃO COM
IDENTIDADE CRISTÃ E DENOMINACIONAL?
 Leclerc: O Pentecostes é significativo em nossa
narrativa e uma metáfora incrível para nós. No

IDENTIDADE NAZARENA 194


Movimento de Santidade do século 19, a história do
Pentecostes foi significativa ao afirmar a igualdade de
todas as pessoas - cada pessoa tem igual valor e
potencial no reino de Deus. Nossa identidade nazarena
diz que Deus criou cada pessoa com um propósito
único, então precisamos afirmar a dignidade e o valor
de todas as pessoas como filhos de Deus. Isso é algo
que ressoa com os jovens.

Cassell: DISCUTIMOS A CONEXÃO DA DENOMINAÇÃO


COM OS POBRES. AGORA, COMO CONSIDERAMOS A
SANTIFICAÇÃO INTEIRA COMO UMA QUESTÃO
TEOLÓGICA CENTRAL PARA A IDENTIDADE DO
NAZARENO?
 Leclerc: Temos duas raízes diferentes que informam
esta questão: uma é a articulação de Wesley da
santificação na Inglaterra nos anos 1700, e a outra é o
contexto americano do século 19, que tinha muitas
semelhanças com Wesley, mas algumas diferenças. No
final do século 20, essas diferenças polarizaram o
debate. O caminho a seguir é abraçar ambos os aspectos
dessa herança, mas também reconhecer que a
linguagem que expressa a experiência religiosa de
santificação é realmente metafórica, e diferentes tipos
de metáforas apelam para diferentes tipos de
experiências pessoais. Em relação à juventude,
precisamos encontrar novas metáforas que comunicam
a realidade espiritual que ressoa neste contexto cultural.
Estou preocupado que nossos jovens não estejam
captando a realidade espiritual o suficiente para sequer
começar a articular metáforas. A inteira santificação é
central para a nossa identidade, mas como resolvemos
os detalhes de como isso é comunicado é uma questão

IDENTIDADE NAZARENA 195


diferente. Os problemas surgem quando dizemos que
nossa maneira é a única maneira de expressar a
realidade espiritual.

Cassell: RON, VOCÊ TRABALHOU EXTENSIVAMENTE


COM UM PROJETO QUE SE FOCA NAS LINGUAGENS
DA SANTIDADE. CONTE-NOS SOBRE ISSO.
 Benefiel: O Projeto de Línguas de
Santidade examinou as duas fontes mencionadas
(Wesleyanismo clássico e o Movimento de Santidade
Americano), bem como outras, e concluiu que a
santidade encontra expressão em várias línguas. Cada
um é influenciado pela herança, cultura, contexto,
costumes e práticas da comunidade de santidade de
onde surgiu. As quatro expressões são: 1) a linguagem
da pureza, que enfoca a consagração; 2) a linguagem do
poder, que se concentra no enchimento do Espírito
Santo; 3) a linguagem do amor, que se concentra na
perfeição cristã - ser aperfeiçoado no amor de Deus e
no amor de Deus pelas pessoas; e 4) a linguagem da
comunidade do reino, que dá testemunho do reino e
participa do caráter santo de Deus. As pessoas tendem
a gravitar em torno de um deles, mas algumas
linguagens, como pureza e poder, podem se sobrepor.
Existem temas comuns com as quatro expressões que
ajudam a nos unir. Cada um deles contribui para uma
compreensão mais completa da santificação.
 Brian: Esta é outra área em que nossa diversidade pode
trabalhar para nós e trazer uma imagem mais completa
do amor e da graça de Deus. Nosso entendimento da
santificação é dinâmico, não estático, então temos que
buscar, repensar e aprender constantemente enquanto
olhamos para os fundamentos e construções teológicas,

IDENTIDADE NAZARENA 196


que dão ao nosso entendimento da santificação algo em
que nos apoiar.

Cassell: NOSSO GRANDE ESFORÇO É FALAR SOBRE


SANTIDADE OU VIVÊ-LA?
 Crow: Embora nossos teólogos estejam fazendo melhor
em nos ajudar a descrevê-lo, sempre lutamos com a
linguagem. Se eu não descrever como você descreveu,
você pode suspeitar que realmente não o experimentei,
mas a questão crucial é esta: nós experimentamos isso?
Deus é capaz e está disposto a fazer mais do que apenas
perdoar meus pecados? Deus pode me livrar de ser
dominado pelo pecado? Tive a sorte de ter pessoas que
não só podiam explicar, mas também demonstrá-lo.
Quando olhei para suas vidas, vi algo que parecia
verdadeiro para mim.
 Leclerc: No início da década de 1970, nos prendemos a
entendimentos legalistas de santidade e perdemos a
liberdade que a experiência traz. Mildred Bangs
Wynkoop abordou isso em A Theology of Love,
publicado em 1972. Ela notou todos os tipos de
declarações dizendo o que a santidade deveria ser, mas
apontou que tínhamos uma “lacuna de credibilidade”
em vivê-la. Os pastores criados com esse entendimento
legalista não queriam transmiti-lo, mas careciam de um
novo aprendizado sobre como proclamar e viver a
experiência. Embora essa experiência esteja no centro
de quem somos, a menos que os jovens vivenciem e se
tornem apaixonados pela comunicação da Santidade,
estamos apenas a uma geração da extinção.

IDENTIDADE NAZARENA 197


Cassell: COMO PODEMOS AJUDAR OS PASTORES A
MINISTRAR DENTRO DE DIFERENTES
PERSPECTIVAS DE SANTIDADE?
 Benfiel: Uma forma de comunicar a nossa história e
teologia é através de hinos. A música de adoração
mudou nas últimas décadas para enfatizar os coros de
louvor, mas muito de nossa música anterior era feita por
pessoas que faziam parte de nossa tradição, como
Haldor Lillenas e Charles Wesley. Essa música falava
da experiência, do compromisso, da consagração e do
testemunho cristãos - contava nossa história. Muitas
canções novas não chamam as pessoas à consagração
ou a uma vida de santidade da mesma forma que o
nosso hino. Este pode ser um recurso valioso a ser
utilizado.
 Leclerc: Além dos hinos, precisamos de educação.
Precisamos de literatura que explique nossa herança,
que não estará em uma livraria cristã local. A Casa
Nazarena de Publicações possui materiais que se
conectam à nossa herança e atraem as gerações mais
jovens. Alguns de seus livros recentes são excelentes
para ajudar os pastores a expressarem nossa identidade
e teologia.
 Brian: Ao contar nossa história e buscar a santidade,
precisamos nos concentrar na santidade enraizada no
escandaloso amor de Deus expresso na encarnação, na
crucificação e na ressurreição de Jesus. Isso nos dá a
diversidade necessária para entender que o Espírito
atua de forma diferente em diferentes vidas e em
diferentes gerações.

IDENTIDADE NAZARENA 198


Cassell: NÃO SERIA MARAVILHOSO FICAR TÃO
APEGADO A CRISTO QUE NOS FARIA CRIAR UMA
NOVA LINGUAGEM - NOVAS METÁFORAS - PARA
DESCREVER A SANTIDADE E A EXPERIÊNCIA DA
SANTIFICAÇÃO?
 Leclerc: Eu tenho que apresentar uma história
engraçada. Eu estava dando uma aula de teologia para
alunos do segundo ano, para alunos que não eram
religiosos. Tive dois dias para explicar a santificação,
tentando usar várias metáforas. Um aluno, lutando para
entender, foi repentinamente atingido por uma
metáfora e exclamou: “Entendi! É como no pôquer,
onde você vai com tudo! ” Usar uma metáfora do
pôquer para a inteira santificação faria alguns
nazarenos rolarem em seus túmulos, mas ele estava
procurando por uma linguagem com a qual pudesse se
identificar e entender.
 Benefiel: Também precisamos de exemplos de
transformação. Em ambientes de classe média, poucas
vidas são tão desesperadas que não têm esperança, mas
Deus. É por isso que precisamos ir até as margens, onde
estão as histórias da ressurreição. A transformação não
é apenas um testemunho de testemunho pessoal, mas o
poder de Deus para toda a igreja. Isso é o que nos torna
otimistas sobre a graça - é o poder de Deus. Mesmo a
inteira santificação é um milagre da graça.

Cassell: PRECISAMOS LEMBRAR QUEM ÉRAMOS


ANTES DE CONHECER A CRISTO.
 Benefiel: Isso mesmo. Isso não é nostalgia; esta é a
nossa vocação e a nossa razão de ser. Por que Deus
levantou a Igreja do Nazareno? É esta proclamação de
santidade, esta busca da santidade de coração e vida, e

IDENTIDADE NAZARENA 199


ministério para e entre os pobres, e como eles se
reúnem. Histórias de ressurreição e transformação
acontecem quando estamos ativamente engajados,
especialmente com aqueles que sabem que sua única
esperança é Deus.
 Brian: Essas histórias radicais podem ajudar a nos
rejuvenescer e a reviver, mas também precisamos ver
exemplos diários de consagração, santidade e
libertação. Isso também deve fazer parte da nossa
história.
 Benefiel: Quando comunicamos sobre a nossa
identidade, o nosso nome, “Igreja do Nazareno,” é
importante. J. P. Widney, cofundador denominacional,
chegou a este nome após uma noite de oração. Ocorreu
a ele que o nome da nova denominação deveria refletir
Jesus de Nazaré. Ser um nazareno era ser desprezado,
considerado de baixo nascimento e vir na contramão.
Como a Bíblia diz: “Pode vir alguma coisa boa de
Nazaré?” O nome nos lembra que somos chamados a
fixar residência e nos identificar com quem está na
contramão.
 Leclerc: Não apenas somos chamados a amar o menor
deles, mas também somos chamados a amar uns aos
outros. Ao discutir a identidade do Nazareno em nossa
igreja, perdemos a capacidade de amar uns aos outros
em nosso diálogo. Amamos uns aos outros com o puro
amor de Deus que proclamamos ser parte da mensagem
de santidade?
 Brian: Os pastores estariam mais dispostos a se
identificar e falar sobre santidade se pudéssemos
reconhecer que nossos entendimentos e experiências
variam.

IDENTIDADE NAZARENA 200


 Duarte: Cada história de avivamento mostra pessoas
dispostas a pagar um preço pela renovação. Se formos
revivificados, a luta pela linguagem e como fazer isso
não será um problema. Minha oração é para que Deus
reavive a Igreja do Nazareno.

Cassell: ISTO SE ENCAIXA NA NOSSA DISCUSSÃO DE


IDENTIDADE, ESPECIALMENTE QUANDO
CONSIDERAMOS O QUE ESTÁ PERDIDO E PRECISA
SER RECUPERADO. SE PAGAMOS O PREÇO PARA
BUSCAR UMA VISÃO RENOVADA PARA A IGREJA DO
NAZARENO, COMO SERÁ ESSA?
 Duarte: A Igreja do Nazareno não abandonou a sua
necessidade de renovação e avivamento, mas nem
sempre é claro quem deve tomar a iniciativa e como
isso deve ser feito dentro das nossas várias estruturas:
As coisas devem ser feitas de cima para baixo ou de
baixo para cima? Precisamos encontrar maneiras de
trazer as pessoas certas para a mesa e dialogar sobre o
que precisa ser feito, o que requer ouvir e trabalhar
juntos.

Cassell: RUSTY, ISSO FAZ SENTIDO EM UM CONTEXTO


LOCAL? OS PASTORES PRECISAM FALAR MAIS COM
OS DIFERENTES GRUPOS DA IGREJA LOCAL?
 Marti: Sim, em geral, essa é uma resposta muito boa.
Em uma congregação local, é um passo positivo
conversar com várias vozes à mesa. Também é
importante considerar como o otimismo radical da
graça pode afetar positivamente as noções de
identidade no contexto mais amplo de cidades, zonas,
distritos e regiões. À medida que nossa identidade

IDENTIDADE NAZARENA 201


cresce e muda, precisamos contar com o poder criativo
do Espírito.
 Leclerc: Todas as vozes são importantes. Não se trata
apenas de estruturas de poder. Em nosso início como
denominação, havia esse sentimento de que é uma
igreja do povo. Idade, gênero, etnia e outros tipos de
diversidade são importantes. Precisamos fazer tudo o
que pudermos para ouvir cada parte da igreja.
 Benefiel: Com respeito à identidade, os pastores podem
querer considerar John Wesley. Nos pequenos grupos
de Wesley, as pessoas se responsabilizavam por atos de
misericórdia e atos de piedade. Esses atos de devoção
foram os meios da graça que levaram as pessoas à
maturidade em Cristo Jesus e as aperfeiçoaram na
santidade. A prestação de contas foi fundamental para
a eficácia do avivamento metodista e é algo que
precisamos examinar novamente.

Cassell: QUAIS SÃO ALGUNS DESAFIOS GLOBAIS À


IDENTIDADE DE NAZARENO?
 Duarte: Não podemos construir uma denominação de
Santidade sem literatura de Santidade. Na África, a
Igreja do Nazareno serve em mais de 80 idiomas
diferentes. Quatro anos atrás, tínhamos literatura em
apenas 40 desses idiomas, então estamos treinando
pastores usando literatura que é estranha para eles. A
maior parte da literatura sobre santidade que temos vem
dos Estados Unidos. Se esse reservatório continuar
crescendo, esperamos que isso ajude a fazer a igreja
crescer em todos os lugares.
 Crow: Como denominação, o compromisso com as
missões - levando o evangelho e as boas novas sobre a
libertação da denominação do pecado ao redor do

IDENTIDADE NAZARENA 202


mundo - nos motivou ao longo do caminho. Ser uma
igreja global pode nos fazer pensar que chegamos, mas
missões ainda é importante e deve motivar a forma
como nos organizamos.
 Brian: Nós progredimos de uma igreja com uma grande
operação missionária para uma igreja missionária
global. Como uma igreja global, precisamos encorajar
conversas globais. Os nazarenos nos Estados Unidos e
Canadá precisam ouvir nossos irmãos e irmãs na África
e na América Latina e em outras partes do mundo.
Precisamos de suas vozes e relacionamentos ao
considerarmos a identidade nazarena.
 Benefiel: o livro de Philip Jenkins, The Next
Christendom, projetou que o crescimento do
cristianismo em lugares como África, América Latina e
Ásia teria um grande impacto na teologia e no espírito
da fé. Isso é especialmente verdadeiro para a Igreja do
Nazareno. Setenta por cento de todos os nazarenos
agora vivem fora dos Estados Unidos e Canadá, e sua
taxa de crescimento anual é de seis ou sete por cento.
Isso terá um grande impacto na maneira como
pensamos sobre teologia, missão, organização e
estrutura nos próximos anos. Uma nova igreja está
chegando, o que é empolgante.
 Duarte: A maior parte dos nossos recursos,
principalmente financeiros, ainda vem dos Estados
Unidos. Uma área que me preocupa é a educação
teológica e a formação teológica da igreja para a Igreja
do Nazareno global.

IDENTIDADE NAZARENA 203


Cassell: QUAIS SÃO ALGUNS DOS RECURSOS QUE
AJUDAM A COMPREENDER A IDENTIDADE DO
NAZARENO?
 Leclerc: Esta é a nossa palavra de ordem e canção: A
História do Centenário da Igreja do Nazareno,
publicada pela Beacon Hill Press de Kansas City em
2009. Abrange uma grande variedade de tópicos e
temas de forma positiva.
 Brian: O livro de 1962 de Timothy Smith, Called Unto
Holiness: The Story of the Nazarenes: The Formative
Years, ainda é uma obra clássica de um historiador de
primeira linha. Mais recente é Stan Ingersol's Nazarene
Roots: Pastors, Prophets, Revivalists, & Reformers,
publicado em 2009. O livro de Ingersol enfoca os
principais homens e mulheres que formaram a
denominação e é especialmente bom para pastores e
leigos. Janine Metcalf fez um documentário sobre
mulheres no ministério, Ablaze with Love, que fornece
histórias e partes da tradição que não ouvimos tanto e
está disponível na Casa Nazarena de Publicações.
Holiness Today (holinesstoday.org) e Grace & Peace
Magazine (graceandpeacemagazine.org) são recursos
úteis sobre nossa identidade para leigos e pastores;
assim como NCN News (NCNNews.com). Os
superintendentes distritais também são um recurso útil
para histórias sobre a tradição de fé do Nazareno. É
comum que os distritos tenham dias de educação e
treinamento que ensinem sobre a nossa identidade.
 Benefiel: Sinto-me encorajado pela maneira como
nossas escolas regionais (universidades, faculdades e
seminário) contrataram recursos para o clero. A
acessibilidade da educação teológica online e
videoconferência é maior do que nunca. Existem cursos

IDENTIDADE NAZARENA 204


modulares, que são fornecidos pelo Desenvolvimento
Global do Clero (usacanadanazarene.org). A educação
ministerial é talvez o local central para concentrar
nossos recursos para ajudar a compreender e contar a
história na próxima geração. Os Arquivos Nazarenos,
liderados por Stan Ingersol, no Centro de Ministério
Global em Lenexa, Kansas, é um recurso muito útil
para pastores, estudantes e estudiosos na compreensão
de nossa tradição de fé.
 Crow: É caro produzir literatura de santidade e
denominacional. Financeiramente, podemos sentir que
precisamos cortar em vez de avançar, mas fazer isso
afeta nossa habilidade de contar a história da Igreja do
Nazareno. Além disso, precisamos entender que contar
a história não é responsabilidade apenas de alguns, mas
de todos nós. Precisamos assumir a responsabilidade,
nos envolver e encontrar maneiras de fazer isso
funcionar.

Cassell: ALÉM DESES RECURSOS, PODEMOS FAZER


MAIS PARA OLHAR A IDENTIDADE NAZARENA EM
REUNIÕES QUE JÁ EXISTEM, COMO DISTRITO E
ASSEMBLÉIA GERAL, E OUTROS EVENTOS COMO
MISSÃO 2015 OU CONGRESSO DA JUVENTUDE
NAZARENA, OU OUTRAS OPORTUNIDADES DE
DIÁLOGO.
 Brian: Frequentemente, é difícil para os pastores
bivocacionais comparecerem aos eventos
denominacionais por causa do custo ou da
programação. É crucial que eles tenham conexão com
a nossa irmandade e saibam o que acontece nessas
reuniões. Precisamos encontrar maneiras de incluí-los.

IDENTIDADE NAZARENA 205


 Leclerc: Como compartilhei antes, a teologia do
Pentecostes ressaltou a importância da igualdade de
todas as pessoas. Desde o início da Igreja do Nazareno,
as mulheres tiveram um papel importante no
desenvolvimento da igreja e o clero feminino foi
ordenado desde o início da igreja. As forças culturais,
principalmente de fora, reduziram esses números.
Recentemente, no desejo de ser proativos, os
superintendentes gerais convidaram algumas mulheres
importantes do clero para falar sobre essas questões e
criaram pontos de ação a partir dessas discussões. Uma
delas é que todo ministro que faz o programa de
formação ministerial tem que ter uma aula sobre os
fundamentos teológicos, bíblicos e históricos das
mulheres no ministério. Educar os ministros nessas
questões é importante para manter a teologia
pentecostal da igualdade de todas as pessoas. Se os
superintendentes gerais não estivessem abertos a esse
tipo de diálogo e não tivessem entendido a necessidade
de serem proativos, essas portas para as mulheres não
seriam abertas.

Cassell: OBRIGADO, MEMBROS DO PAINEL, POR


COMPARTILHAR SUAS VALIOSAS INFORMAÇÕES
SOBRE ESTE TÓPICO IMPORTANTE. APRENDEMOS
QUE A IDENTIDADE NÃO APENAS ACONTECE, MAS
DEVE SER INTENCIONALMENTE BUSCADA, E QUE
NÓS PRECISAMOS ESTAR ABERTOS PARA ESCUTAR
E APRENDER UNS DOS OUTROS ENQUANTO
LIDAMOS COM O QUE SIGNIFICA FAZER PARTE DA
IGREJA DO NAZARENO.

IDENTIDADE NAZARENA 206


RELATÓRIO ANUAL DA JUNTA DE
SUPERINTENDENTES GERAIS
Á Sessão Especial da JUNTA GERAL IGREJA DO
NAZARENO
21 de fevereiro de 2020
Lenexa, KS, Estados Unidos da América
“Em Sua Presença”
INTRODUÇÃO
“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos.
E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar
com vocês para sempre, o Espírito da verdade.” John 14:15-17ª
Boas-vindas
"Que a Igreja do Nazareno seja fiel à sua comissão; não a
edifícios grandes e elegantes; mas em alimentar aos famintos e
vestir ao desnudo, enxugar as lágrimas de tristeza e ajuntar joias
para a Sua coroa". Essas palavras profundas foram proferidas por
Phineas Bresee, um de nossos fundadores. Tendo essa visão como
base, por mais de um século, os nazarenos ao redor do mundo têm
estado fielmente e relacionalmente envolvidos no trabalho de
convidar e discipular os descrentes para leva-los a um
relacionamento com Jesus Cristo.
Nesta manhã, em nome da Junta de Superintendentes
Gerais, eu dou as boas-vindas a esta Sessão Especial da Junta
Geral da Igreja do Nazareno para salientar e enfatizar o nosso
chamado como povo enviado para fazer discípulos à semelhança
de Cristo e para pregar a santidade das escrituras às nações. Nos
reunimos para afirmar nosso compromisso de, em Sua presença,
ir, servir e compartilhar a mensagem do evangelho com um
mundo perdido que precisa do Salvador. Conforme levamos
adiante o nosso compromisso de fazer discípulos à semelhança de
Cristo, reconheçamos que Deus vai adiante e abre o caminho e
que o Espírito Santo nos capacita a realizar essa tarefa em prol do
Seu Reino. O discipulado fiel envolve todos os aspectos da igreja
para a formação dos crentes. Oramos para que Deus continue a
derramar o Seu Espírito Santo sobre a igreja e sobre esta sessão

IDENTIDADE NAZARENA 207


da Junta Geral. Que este seja um tempo de reflexão sobre o ano
que passou e de buscar sabedoria e direção de Deus conforme Ele
envia nossa igreja, em e com Sua presença, ao mundo para
cumprir Sua missão.

ATUALIZAÇÕES
Ao longo deste quadriênio, temos focado em três
prioridades: missões, discipulado e identidade. Temos tido o
prazer de ver os resultados do projeto de missões e o lançamento
no ano passado de Missões Nazarenas: Um Movimento de Deus
através do Povo de Deus.
Queremos enfatizar novamente nosso compromisso de ser
uma igreja missional e um povo enviado, por meio da afirmação
de nossa estratégia, métodos e modelos de financiamento para o
século XXI. Esta mensagem foi comunicada às igrejas locais por
meio de apresentações nas assembleias distritais e nas convenções
das Missões Nazarenas Internacionais, e uma variedade de
recursos impressos nos EUA e no Canadá e recursos digitais
disponíveis para todo o mundo nos nossos cinco idiomas
principais.
Missões Nazarenas foi o primeiro passo na exploração de
nossa declaração de missão, "fazer discípulos semelhantes a
Cristo nas nações". Continuaremos cumprindo com o nosso
compromisso com as missões, durante o lançamento da nova
ênfase em 2020 de discipulado, começando por esta Sessão
Especial da Junta Geral. Enquanto ainda estamos no meio de
consultas sobre a nova estrutura de discipulado, antecipamos o
lançamento oficial durante a Junta Geral de fevereiro de 2021. O
Discipulado Nazareno, Uma Jornada de Graça, enfatizará o
discipulado como um estilo de vida, conforme nos esforçamos
para ser mais parecidos com Jesus diariamente. Essa estrutura
para o discipulado apontará para Jesus como Aquele que prepara
o caminho diante de nós através da graça preveniente, nos resgata

IDENTIDADE NAZARENA 208


do pecado e da morte através da graça salvadora e nos guia a um
relacionamento mais profundo com Ele através da graça
santificadora. Acreditamos que a Jornada de Graça preparará e
equipará os crentes para crescerem e amadurecerem na fé cristã,
o os inspirará a compartilhar a mensagem do amor
transformacional de Cristo a outras pessoas. Agradecemos aos
MEDDI e aos membros da equipe de lançamento por seu trabalho
duro e apoio em todas as áreas.
Essas ênfases nos conduzem à Assembleia Geral de 2021,
complementando a mensagem sobre nossa identidade. Nossa
identidade nazarena nos estabelece como um povo de santidade
chamado para amar, servir e compartilhar a mensagem de
salvação.
Todos esses esforços são mais que apenas um outro
programa ou tema; eles fazem parte da nossa identidade como
pessoas santas. Como um movimento gerado, moldado e guiado
pelo Espírito Santo, a Igreja do Nazareno continua sendo uma
igreja missional e discipuladora através de seu trabalho em 162
áreas do mundo. Mais de 2,6 milhões de nazarenos em todo o
mundo se reúnem para adorar através do ministério de 29.723
ministros credenciados em 30.875 igrejas. Conforme reportado no
ano eclesiástico de 2019, nossa igreja testemunhou 221.686
decisões por Cristo, recebemos 138.750 pessoas como novos
nazarenos e 90.364 nazarenos foram batizados. Nossos membros
estão ativamente envolvidos nos ministérios da igreja, incluindo
a Juventude Nazarena Internacional com 438.965 membros,
Missões Nazarenas Internacionais com 1.062.516 membros e
1.328.436 pessoas frequentando o discipulado. Além disso, temos
51.342 estudantes atualmente recebendo educação cristã por meio
de nossas 51 instituições de ensino superior. Nossos membros
também apoiam o trabalho da igreja através de suas ofertas. Este
ano, a participação no Fundo de Evangelismo Mundial totalizou

IDENTIDADE NAZARENA 209


US$36.400.000, e outros US$25.900.000 foram contribuídos para
especiais aprovados.
Todas essas estatísticas exemplificam nossa identidade
nazarena como um povo chamado a representar Cristo no mundo.
Em sua Presença!
“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos.
E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar
com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode
recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o
conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. (João
14:15-17)
Nosso Deus nunca foi um Deus distante de Seu povo! Em
toda a Bíblia, existe o tema recorrente do desejo de Deus de
habitar em meio do Seu povo perpetuamente. No Antigo
Testamento, aprendemos que Deus oferece colocar Sua morada
no meio do Seu povo, a fim de ser o Deus deles e andar, viver e
estar sempre com eles. Como exemplo, Ezequiel 37:27 diz:
“Minha morada estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão
o meu povo. ” De fato, a presença de Deus sempre está com o Seu
povo. Contudo, a Sua presença não pode ser reconhecida no vazio;
ela é expressa através de uma mensagem de esperança, de
restauração e de transformação. A presença de Deus leva o Seu
povo a uma jornada de graça que nos guia a uma vida de
obediência. Como Brad Kelle expressa, o Espírito de Deus revive
e molda o coração e o caráter humano para "uma vida de amor e
lealdade exclusivo diante de um Deus santo".
No Antigo Testamento, a melhor representação da
presença de Deus era através do tabernáculo e mais tarde do
templo. O tabernáculo / tenda de reuniões 2 deu a confiança ao
povo de Israel de que a presença de Deus estava com eles em sua
jornada no deserto. Isso os convenceu de que Seu poder estava
entre eles.

IDENTIDADE NAZARENA 210


No Novo Testamento, a presença de Deus no mundo é
expressa de uma melhor forma através da encarnação do Filho de
Deus, Jesus, o Messias. Em Jesus, Deus veio habitar3 entre o Seu
povo. Em Jesus, o propósito de Deus agora é cumprido; Ele se fez
tabernáculo entre nós! Isso não é o cumprimento de uma presença
temporária, mas a inauguração e o cumprimento da presença de
Deus que durará para sempre. Dessa forma, mesmo que no futuro
próximo Jesus voltaria ao Pai, Ele queria que os Seus seguidores
tivessem a certeza de que Ele não os deixaria órfãos. O Pai e o
Filho viriam e faria morada entre eles4; a presença de Deus
continuaria a estar com eles através do Espírito Santo.
A presença de Deus é transformacional. Ele salva,
santifica, nos permite viver uma vida semelhante a Cristo e nos
capacita a participar plenamente do plano redentor de Deus no
mundo.
Em todo o evangelho de João, Jesus declara que Ele é um
com o Pai; Ele está no Pai, e o Pai está Nele. Jesus nos diz que as
obras que Ele faz são as obras do Pai. Jesus disse que pediria ao
Pai que enviasse o Espírito Santo para continuar a obra do Pai:
outro paracleto - outro como Jesus que viria ao lado dos
seguidores de Jesus. Com a vinda do Espírito Santo, o Pai e o
Filho viriam e estabeleceriam morada entre o Seu povo. Esse
Espírito Santo viria a ser a presença contínua de Deus no mundo.
O Espírito Santo é o Espírito da verdade, que nos guia a
toda a verdade. É através da obra do Espírito Santo que chegamos
a entender, viver e crescer na verdade de Deus. Viver e crescer na
verdade de Deus é muito mais do que adquirir conhecimento. No
entanto, adquirir conhecimento é fundamental na jornada como
um meio de graça; o conhecimento sobre Deus e nossas
experiências da graça são de extrema importância em nossa
caminhada com o Senhor! Viver e crescer na verdade nos liberta,
individual e coletivamente, do pecado e da escravidão do pecado.
Essa liberdade inicia ao colocarmos nossa confiança em Jesus

IDENTIDADE NAZARENA 211


Cristo e permanecendo na jornada de confiança nEle. O Espírito
Santo nos capacita a fazer isso. H. Orton Wiley afirma isso de uma
maneira melhor: "… o elemento principal da fé é a confiança;
portanto, a fé salvadora é uma confiança pessoal na Pessoa do
Salvador. Podemos dizer com relação a isso que a razão da
eficiência dessa fé é obra do Espírito Santo, e sua causa
instrumental é a revelação da Verdade concernente à necessidade
e possibilidade de salvação."5
Além disso, é fundamental ressaltar que o Espírito Santo
não veio apenas por causa dos crentes. O Espírito está no mundo
para servir a todos. Deus está atraindo todas as pessoas para um
relacionamento com ele. O Espírito Santo leva tanto o incrédulo
quanto o crente à verdade.
O Espírito está no mundo, mas como Jesus disse, o mundo
não pode aceitá-Lo porque não o vê ou o conhece. Isso se ecoa no
que João 1:9-10 nos diz no início desse evangelho:
“Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina
todos os homens. Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o
mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o
reconheceu.” Ou seja, Deus já estava trabalhando no mundo, mas
o mundo não pode vê-lo, reconhecê-lo ou aceitá-lo porque não o
conhece. 6 Mas Deus não desiste de Sua criação. Hoje, através da
obra do Espírito Santo, Deus continua atraindo e despertando a
todos para sua necessidade de Deus.
Portanto, nosso ministério de discipulado deve continuar
tendo uma paixão por alcançar os incrédulos (aqueles que ainda
não entraram em um relacionamento com Jesus como seu Senhor
e Salvador) e discipular crentes de todas as idades. Fazer
discípulos semelhantes a Cristo inclui evangelismo! A obediência
é possível graças à obra do Espírito Santo, que instrui e recorda
os ensinamentos de Jesus. Somos feitos novos em Cristo, não
através de nosso próprio esforço. No entanto, devemos responder
à graça oferecida por Deus.

IDENTIDADE NAZARENA 212


A Igreja do Nazareno está comprometida com o ministério
de discipulado, para equipar os crentes de todas as idades nas
igrejas locais e para alcançar e discipular nossas comunidades.
Hoje, muitos são os seguidores de Cristo como resultado
direto da escola dominical 7, de um grupo pequeno grupo ou
outros ministérios relacionados ao discipulado. A igreja,
capacitada pelo Espírito Santo, procurou ensinar a Palavra de
Deus fielmente, levando muitas pessoas de todas as idades à fé e,
para os seguidores de Cristo, ao aprofundamento no
conhecimento da verdade.
Somos convidados a entrar em parceria com o Deus Trino
para trazer redenção ao mundo, fazendo discípulos semelhantes a
Cristo. Uma das minhas histórias favoritas de plantação de igrejas
é a de uma igreja plantada por crianças como resultado direto do
ministério de discipulado. No ano de 2000, uma igreja local, a
Matola Cidade, em Moçambique, realizou uma Escola Bíblica de
Férias. As crianças foram convidadas das comunidades próximas
a participar. Entre os que vieram, havia crianças de uma área
chamada Matola Rio. Esta se tratava de uma nova comunidade
resultante da urbanização. Essas crianças tiveram que andar uma
longa distância e passar por um cruzamento perigoso para chegar
à igreja, mas elas vieram assim mesmo.
No final de cada dia, quando essas crianças retornavam à
sua comunidade, elas faziam algo que ninguém havia previsto.
Elas se juntavam sob a sombra de uma árvore, cantavam juntas as
músicas que aprenderam na EBD, repetiam os versículos da
Bíblia e tentavam recitar a lição do dia. Outras crianças e jovens,
até adultos, começaram a se juntar para ouvir e observar o que
estava acontecendo.
Ao longo da semana, o grupo de crianças provenientes da
Matola Rio e da igreja da Matola Cidade aumentou. Quando a
EBD terminou, as crianças continuaram a frequentar a igreja todos

IDENTIDADE NAZARENA 213


os domingos por várias semanas, enquanto também continuavam
a reunir-se debaixo de uma árvore.
Os pais dessas crianças, preocupados com o trajeto
perigoso, entraram em contato com o pastor. Eles agradeceram ao
pastor e à igreja pelo impacto que estavam fazendo na vida de seus
filhos e perguntaram se havia uma maneira de ter uma igreja
nazarena em sua comunidade. Como resultado, um professor da
escola dominical foi enviado para participar e discipular essas
crianças em Matola Rio. A igreja das crianças debaixo de uma
árvore continuou a atrair pessoas de todas as idades. Hoje, a
Matola Rio é uma igreja organizada e continua a fazer a diferença
em sua comunidade.
Esta igreja é um resultado direto de crianças fazendo
discípulos semelhantes a Cristo. Tudo isso porque uma igreja
local foi intencional e comprometida com o ensino da Palavra de
Deus a todos, aprofundando o conhecimento do evangelho,
equipando os seguidores de Cristo para se unirem ao Senhor e
alcançando aqueles que ainda não haviam ouvido o evangelho. O
Senhor pode mudar o coração de pessoas de todas as idades. O
Senhor pode usar pessoas de todas as idades. Mas, como Seu
povo, devemos responder ao chamado para permanecer em Sua
presença, ir em Sua presença e permitir que o Espírito Santo nos
ensine e nos guie em toda a verdade.
Devemos permanecer comprometidos em fazer discípulos
semelhantes a Cristo, reconhecendo que Deus vai adiante para
abrir o caminho e nos leva a um relacionamento através da graça
preveniente. Jesus nos resgata do pecado e nos leva à verdade que
nos liberta através da graça salvadora, e o Espírito Santo nos
capacita a viver plenamente consagrados a Deus através da graça
santificadora.
Agora, junte-se à missão de Deus. Vá em Sua presença,
reconhecendo que o Espírito Santo está com você, permitindo que

IDENTIDADE NAZARENA 214


você seja um discípulo semelhante a Cristo e faça discípulos
semelhantes a Cristo nas nações.
Em espírito de oração e respeito,
A Junta de Superintendentes Gerais
Eugénio R. Duarte;
David W. Graves;
David A. Busic;
Gustavo A. Crocker;
Filimão M. Chambo;
Carla D. Sunberg

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BREVE ESTATÍSTICA SOBRE A IGREJA DO
NAZARENO GLOBAL
• Os ministros da Igreja do Nazareno em 164 áreas
mundiais. Durante a Junta Geral de 2021, Luxemburgo,
na Região da Eurásia, tornou-se a última área mundial
a receber aprovação para entrada oficial.
• Em 2020, havia 531 missionários originários de 64
áreas mundiais, servindo em 96 países. Destes
missionários, 361 serviram como desdobramentos
globais e 170 foram implantados patrocinados. No ano
passado, houve 66 novos desdobramentos missionários
(alguns dos quais estão aguardando sua partida para o
campo, devido às restrições de viagem do COVID-19).
Dentro dessas famílias emissárias, há 302 crianças
missionárias.
• O número de igrejas nazarenas cresceu para 31.049
igrejas, um aumento de 0,56 por cento, com 2,64
milhões de membros, um aumento de 0,90 por cento em
relação ao ano passado.
• Em 2020, havia 489 distritos em todo o mundo, com
30.184 clérigos credenciados.
• 51 educacionais instituições, incluindo seminários de
graduação / faculdades teológicas, 13 faculdades /
universidades de artes liberais, 30 seminários de
graduação / teológicas / Colégios Bíblicos, 2 faculdades
de treinamento de enfermeiras, 1 faculdade de
formação de professores e 1.411 centros de educação
(extensão) tiveram uma inscrição combinada de 49.244
alunos em todo o mundo.
• Pessoas necessitados foram tratados em clínicas
comunitárias e centros de saúde em todo o mundo, com
esforços concentrados na Índia, Papua Nova Guiné e
Eswatini (anteriormente conhecido como Suazilândia).

IDENTIDADE NAZARENA 216


• 406 missionários aposentados receberam benefícios
através do Plano de Pensão das Missões Globais para o
ano fiscal de 2019-2020.
• A afiliação nas Missões Nazarenas Internacionais era
1.058.137, com o número de MNI locais organizados
aumentando para 19.143.
• A parceria do Filme Jesus, arrecadou $ 3,67 milhões, e
o Fundo de Evangelismo Mundial (WEF) ajudou a
fornecer infraestrutura para 847 equipes de JFHP para
compartilhar o amor de Deus. Em 2019–2020, as
equipes relataram 1,9 milhão de contatos
evangelísticos. Destes contatos, 511.097 indicaram
decisões por Cristo com 314.924 acompanhamentos de
discipulado inicial. As equipes começaram 8.632
pontos de pregação em 2020.
• A MNI e outros fizeram parceria com igrejas locais
para ajudar a arrecadar US $ 37,09 milhões através do
Fundo de Evangelismo Mundial durante o ano fiscal de
2019-2020.
• As igrejas globalmente doaram US $ 25,88 milhões
para as Ofertas Missionárias Especiais Aprovadas.
• Em 2020, 77 distritos doaram 5,5 por cento de sua
renda e mais para o Fundo de Evangelismo Mundial (52
dos quais eram de outras regiões fora da região dos
EUA / Canadá). A doação ao Fundo de Evangelismo
Mundial além de 5,5 por cento ajuda a abrir novos
trabalhos, sustenta trabalhos abertos nos últimos anos e
ajuda a enviar novos missionários que Deus chama.11
“Novos trabalhos” se referem a novas áreas do mundo,
uma área geográfica ou novas entidades, como
instituições. Áreas pioneiras ou distritos da Fase 1 são
considerados novos trabalhos. Quando um distrito
atinge a Fase 2, não é mais um "novo trabalho".

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• Os nazarenos doaram 233.667,00 dólares americanos
para a Transmissão da Missão Mundial (WMB),
fornecendo programas de rádio, televisão e Internet
para compartilhe o evangelho globalmente.
• Os nazarenos deram 3,07 milhões de dólares
americanos em ofertas de giro missionário para os
missionários.
• A MNI tem mais de 269 distritos em todo o mundo
participando do Links (programa em que cada distrito
e suas igrejas ficam responsáveis pelo apoio em oração
e comunicação direto a uma família missionária),
contribuindo com 186.051,00 dólares americanos e
criando conexões personalizadas entre igrejas locais,
distritos e missionários ao redor do mundo. Cada
conexão é vital para continuar a compartilhar sobre o
impacto das missões. • Os nazarenos doaram 2,4
milhões de dólares americanos para a oferta de
Alabastro, para financiar projetos de construção em
2020. A oferta de alabastro é usada em todas as seis
regiões globais. Nenhum fundo de alabastro é usado
para custos administrativos.
• O Fundo de bolsa de estudos para estudantes
internacionais (projeto do 80º aniversário do NMI)
forneceu 86 bolsas de estudo para estudantes fora dos
EUA / Canadá para frequentar instituições teológicas
nazarenas.
• A MNI fez parceria com os Ministérios Nazarenos de
Compaixão para doar mais de 4,3 milhões de dólares
americanos, para projetos de resposta a desastres e
compaixão em todo o mundo e para apoiar 11.951
crianças através de Centros de Desenvolvimento
Infantil e do programa “Filhos do Pastor”.

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• A MNI auxiliou o ministério de “Trabalho e
Testemunho” na arrecadação de aproximadamente 1,01
milhão de dólares americanos, no qual participaram
270 equipes, uma média de 4,82 equipes por semana.
2659 voluntários participaram do Trabalho e
Testemunho em 2020, doando 173.023 horas de
trabalho (ou 86,5 anos de trabalho).
• Igrejas do Nazareno em todo o mundo administraram
1.353 escolas pré-escolares, primárias e de ensino
médio com um total de matrículas de 162.797 alunos.
Deus abençoou os esforços da Igreja do Nazareno
durante a pandemia COVID-19, estendendo graça,
trazendo esperança e ministrando paz para aqueles que
precisam Dele ao redor do mundo.
• Estes dados representam o último ano fiscal (1 de
outubro de 2019 a 30 de setembro de 2020).

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