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FICHA TÉCNICA

Bullón, Dorothy
B876h História da Igreja do Nazareno / Dorothy Bullón;
tradução Márcio Nogueira e Paula de Sena Lima Nogueira.
— Campinas: FNB / Casa Nazarena de Publicações no Brasil, 2011.
— (Série Programa Educacional Seminário sem Fronteiras, 4).
Tradução de: Historia de la Iglesia del Nazareno.
Bibliografia.
ISBN 978-89081-57-1

1. Igreja do Nazareno – História. I. Título. II. Série.

C.D.D. 287.9909

Seminário Teológico Nazareno do Brasil


Programa de Formação Ministerial
Reitor: Dr. Geraldo Nunes Filho
Tradução: Márcio Nogueira e Paula de Sena Lima Nogueira
Preparação do texto: Daiane Peinado/Ebe F. Souza
Revisão de Texto: Ruth Hayashi Yamamoto
Capa: Francisco Borges
Diagramação: Daniel Lima – daniel@nazareno.com.br (19)9107-9597
Coordenação Editorial: Ebe F. de Souza
Acompanhamento Gráfico: Marcos Adelino Lucas
1ª Edição: Agosto de 2011
Tiragem: sob demanda
Impressão: Gráfica Bandeirantes
Direitos autorais da Edição em Português:
Seminário Teológico Nazareno do Brasil
Campinas – SP – Brasil
Telefone: (19) 3287-7360
Site: www.etedbrasil.com.br
Parceria: Casa Nazarena de Publicações no Brasil
Rua Professor Luiz Rosa, 242 – Botafogo
Campinas – SP – Brasil – 13020-260
Telefone: (19) 3234-7880
www.casanazarena.com.br
administrativo@casanazarena.com.br
Índice

PREFÁCIO ............................................................................................................ 7
APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 9
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .............................................................. 11
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 19
O Legado da Igreja do Nazareno .......................................................... 20
O Avivamento Wesleyano do Século XVIII ......................................... 21
UNIDADE I – CONTEXTO SOCIAL E RELIGIOSO DO
SURGIMENTO DA IGREJA DO NAZARENO (1858-1900) ....... 23
O Avivamento de Santidade (1858-1888) ............................................. 27
A relação entre Avivamento de Santidade e Igrejas estabelecidas ..... 33
Responsabilidade do Aluno: UNIDADE I .......................................... 42
UNIDADE II – O SURGIMENTO DA IGREJA DO
NAZARENO NOS ESTADOS UNIDOS .......................................... 43
O surgimento da Igreja do Nazareno no Oeste .................................. 52
O surgimento da Igreja do Nazareno No Sul ...................................... 66
Responsabilidade do Aluno: UNIDADE II ....................................... 72
UNIDADE III – A IGREJA DO NAZARENO: SEU PROCESSO
DE UNIÃO E CONSOLIDAÇÃO DENOMINACIONAL ........ 73
Processo inicial para a união do Leste com o Oeste (1906-1907):
Em direção a um companheirismo nacional ................................. 73
Significado de Pilot Point .......................................................................... 74
Outros esforços de união (1908-1915): êxitos e fracassos ................. 76
História da Igreja do Nazareno

O Meio-Oeste: Centro estratégico da Igreja do Nazareno ................ 78


Igreja Pentecostal da Escócia ................................................................... 79
A consolidação da união ........................................................................... 80
Responsabilidade do Aluno: UNIDADE III ....................................... 86
UNIDADE IV – A IGREJA DO NAZARENO: A ALTERNÂNCIA
DE GERAÇÕES, DESAFIOS E RESPOSTAS .................................... 87
A crise da mudança na liderança pioneira .............................................. 87
Temor de um declínio espiritual na segunda geração .......................... 90
A Associação Leiga de Santidade no Norte.......................................... 92
A renovação na liderança e o ressurgimento do evangelismo ........... 95
Alguns dados dos anos posteriores a 1933 ........................................... 99
Responsabilidade do Aluno: UNIDADE IV ..................................... 102
UNIDADE V – A IGREJA DO NAZARENO: SEU
ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA
AMÉRICA LATINA ................................................................................. 103
Estabelecimento e desenvolvimento no México,
América Central e Panamá .............................................................. 103
Estabelecimento e desenvolvimento nos países de fala
espanhola do Caribe. ........................................................................ 124
Estabelecimento e desenvolvimento na América do Sul .................. 132
Aspectos-chave da estratégia de desenvolvimento da Igreja ............ 161
Responsabilidade do Aluno: UNIDADE V ....................................... 164
UNIDADE VI – FAZENDO E ESCREVENDO A HISTÓRIA
DA IGREJA ............................................................................................... 167
A importância da história da Igreja local, distrital ou nacional ......... 167
A organização para escrever a história ................................................. 170
A estratégia para fazer a investigação histórica local, distrital ou
nacional .............................................................................................. 171
As fontes de informação ........................................................................ 175
Apresentação final da história local, distrital ou nacional .................. 177
Responsabilidade do Aluno: UNIDADE VI ..................................... 180

6
Prefácio

A edição dos trinta livros que formam o Curso de Formação


Ministerial é o resultado de diálogos com pessoas que trabalham
com a tarefa de capacitar os chamados para o ministério, para que
cheguem à ordenação na Igreja do Nazareno.
Esta coleção de livros é o trabalho de amor que demandou
labuta e responsabilidade da parte de cada um dos envolvidos nes-
ta tarefa.
A seguir, a relação dos autores dos livros do aluno e professor;
Jorge L. Julca, que desempenhou o cargo de Coordenador didático
dos livros do professor que acompanham esta coleção; J.Victor
Riofrío que foi o Editor Geral da segunda parte desse projeto;
Adrían H. Quérula, que colaborou com o trabalho editorial. Da-
mos graças a Deus pelo profissionalismo dessas pessoas, que zela-
ram por cumprir e manter o equilíbrio de um trabalho acadêmico
sério, adequando as necessidades dos estudantes às dos que se es-
meram no ensino.
Agradeço a Harvest Partners (parceiros na colheita), que tem
respaldado este projeto com sua contribuição financeira e com uma
grande disposição para investir em homens e mulheres, a quem
Deus tem chamado para serem pastores e líderes de nossa igreja.
Muitas vezes os irmãos que estudam e ensinam em lugares distan-
tes, sentem-se isolados e sozinhos; se este é o caso de algum leitor,

7
História da Igreja do Nazareno

aproveito a oportunidade para animá-lo; existem pessoas que oram


a cada dia por você. Este livro, que hoje está em suas mãos, é
evidência de que há pessoas e instituições que querem acompanhá-
lo, contribuindo para a sua formação ministerial.
O mais importante é que Deus está com você; se ele o tem
chamado, também o acompanhará. Somos gratos por responde-
rem ao chamado de Deus. A educação não é algo separado da
formação ministerial, é parte da mesma. Desejo que Deus os aben-
çoe ricamente e que este livro lhe sirva de apoio para o que Deus
está fazendo e haverá de fazer em seu ministério.

Jorge L. Julca
Coordenador de Educação Teológica
Igreja do Nazareno América do Sul

8
Apresentação

O Programa de Formação Ministerial é uma coleção de trinta


livros básicos, elaborados de acordo com os parâmetros estabele-
cidos pelo Guia de Desenvolvimento ministerial (2003/2007) da
Igreja do Nazareno para a Região da América do Sul. Todo o ma-
terial está baseado nas quatro dimensões da preparação ministeri-
al, estabelecidas pelas associações internacionais de educação
teológica (Conteúdo, Capacidade, Caráter, Contexto). Os trinta li-
vros que compõem esta coleção constituem o requisito educativo
para a ordenação do estudante nazareno ao ministério cristão.
A Assembleia Geral de 1997 estabeleceu que o Sistema Glo-
bal de Educação Nazarena integrasse estas dimensões, em cada
curso. O Manual da Igreja do Nazareno 2001-2005, Artigo 424.3,
registra esta disposição da seguinte maneira: “O caráter do instru-
tor, o relacionamento dos estudantes com o instrutor, do ambi-
ente e experiências anteriores dos estudantes, aliam-se ao conteúdo
do curso para formar a totalidade do currículo. Diferenças cultu-
rais e uma variedade de recursos requererão detalhes diferencia-
dos na elaboração do currículo. Entretanto, todos os programas
que visem a prover bases educacionais ao ministério ordenado,
(...) devem dar atenção cuidadosa ao conteúdo, capacidade, cará-
ter e contexto. Todos os cursos envolvem os quatro elementos,
em graus distintos”. 1

9
História da Igreja do Nazareno

Assim sendo, sentimo-nos honrados em colocar nas mãos da


Igreja do Nazareno do Brasil este material que será uma ferramen-
ta para formar a nova geração de ministros deste imenso país. Nossa
missão é: Fazer discípulos à semelhança de Cristo no Brasil. Este
livro corresponde ao curso de História da Igreja do Nazareno e
compreende o estudo da origem e desenvolvimento da Igreja do
Nazareno, especialmente em sua etapa formativa, provendo as ori-
entações básicas para que o aluno analise o avanço da mesma em
seu próprio contexto.

Geraldo Nunes Filho


Reitor

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Conteúdo Programático

CURSO: HISTÓRIA DA IGREJA DO NAZARENO


CRÉDITOS: 3
ÁREA: HISTÓRIA

DESCRIÇÃO DO CURSO
Compreende o estudo da origem e desenvolvimento da Igre-
ja do Nazareno, especialmente em sua etapa formativa, proven-
do as orientações básicas para que o aluno analise o avanço da
mesma em seu próprio contexto.

FUNDAMENTAÇÃO DO CURSO
“A missão da Igreja do Nazareno consiste em responder à
Grande Comissão de Cristo Ide e fazei discípulos de todas as na-
ções (Mateus 28.19)”. “O objetivo primordial da Igreja do
Nazareno consiste em levar adiante o Reino de Deus, por meio da
preservação e propagação da santidade cristã, como o estabele-
cem as Escrituras”.
As palavras anteriores revelam a direcionalidade do agir da Igre-
ja do Nazareno como denominação. Sem dúvida, esta direcionalidade
não é acidental; mas antes, responde a um legado, ou herança, que
tem sido transmitida por vezes pelos nazarenos ao redor do mundo,
com o propósito de difundir a mesma convicção que animou os
fundadores nos momentos iniciais da igreja.
11
História da Igreja do Nazareno

Como muito bem assinalava o então Superintendente Geral


da Igreja, Dr. H. C. Benner: “A história tem destacado uma vez
ou outra que, ainda quando as gerações subsequentes logrem
melhorar as facilidades e técnica de um determinado movimento
espiritual, muito raras vezes melhoram o espírito da geração fun-
dadora. Ademais, somente é necessário que uma geração faça por
um lado ou deforme os feitos básicos e o espírito, para mudar o
curso futuro total de qualquer empresa espiritual.”.
Esta é a razão pela qual, na formação de seus ministros, a Igreja
considera que esta matéria é vital. É nosso mais profundo anelo
que seu conhecimento a respeito facilite assumir uma identidade
clara como ministro nazareno, e defina, além disto, o curso de seu
aporte ministerial no contexto mais amplo das igrejas evangélicas.

DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO

UNIDADE I: CONTEXTO SOCIAL E RELIGIOSO DO


SURGIMENTO DA IGREJA DO NAZARENO (1858-1900).
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Ao terminar esta unidade, o aluno estará em condições de:
A. Analisar a natureza do Avivamento de Santidade nos fins do
século XIX.
B. Explicar a reação entre o Avivamento de Santidade e as igre-
jas estabelecidas.
TEMAS:
A. O AVIVAMENTO DE SANTIDADE (1858-1888):
1. Os desafios do mundo moderno à fé cristã.
2. O Avivamento de Santidade nas Igrejas Metodistas (1865-
85).
3. O interdenominacional e internacional no Movimento de
Santidade.
B. A REAÇÃO ENTRE AVIVAMENTO DE SANTIDADE
E IGREJAS ESTABELECIDAS:
1. Crise de separação.
2. Participação em projetos de serviço social de santidade.
12
História da Igreja do Nazareno

UNIDADE II: O SURGIMENTO DA IGREJA DO NAZARENO


NOS ESTADOS UNIDOS.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Ao terminar esta unidade, o aluno estará em condições de:
A. Diferenciar e valorizar os aportes dos movimentos que pro-
moveram o surgimento da Igreja do Nazareno no Leste.
B. Examinar o processo de surgimento da Igreja do Nazareno
no Oeste.
C. Explicar os fatores e desafios que ocorreram na formação
da Igreja do Nazareno no Sul.
TEMAS:
A. AS RAÍZES DA IGREJA DO NAZARENO NO LESTE:
1. As Igrejas do Povo: A santidade e o congregacionalismo.
2. A Associação Evangélica e o Metodismo de Nova Ingla-
terra.
3. W. H. Hoople e as Igrejas “Pentecostais” no Brooklyn.
4. A Associação de Igrejas Pentecostais (1897-1907).
B. O SURGIMENTO DA IGREJA DO NAZARENO NO
OESTE:
1. Phineas Bresee: seu caráter e influência.
2. O Avivamento de Santidade na California do Sul.
3. A fundação da Igreja do Nazareno: características dos pri-
meiros nazarenos.
4. A Igreja do Nazareno e sua projeção nacional nos Estados
Unidos.
C. O SURGIMENTO DA IGREJA DO NAZARENO NO
SUL:
1. R. L. Harris e a Igreja Neotestamentária de Cristo.
2. Princípios de organização denominacional.
3. A Associação de Santidade no Texas: Peniel.
4. A Igreja Independente da Santidade, Pilot Point. A união
de 1904 em Rising Star.
5. A Igreja de Cristo da Santidade (1905-1908).
6. A Missão Pentecostal no Tennesee (1898-1915).

13
História da Igreja do Nazareno

UNIDADE III: A IGREJA DO NAZARENO: SEU PROCESSO DE


UNIÃO E CONSOLIDAÇÃO DENOMINACIONAL.
Ao terminar esta unidade, o aluno estará em condições de:
A. Descrever e avaliar o processo de união da Igreja do
Nazareno desde suas várias vertentes.
B. Explicar as razões pelas quais se foi configurando um centro
estratégico de direção para a Igreja do Nazareno.
C. Valorizar a integração da Igreja Pentecostal de Escócia.
D. Interpretar os fatores-chave para a consolidação da Igreja
do Nazareno como denominação.
TEMAS:
A. PROCESSO INICIAL PARA A UNIÃO DO LESTE COM
O OESTE (1906-1907): PARA O COMPANHEIRISMO
NACIONAL.
B. O SIGNIFICADO DE PILOT POINT.
C. OUTROS ESFORÇOS DE UNIÃO (1908-1915): ÊXITOS
E FRACASSOS.
D. O MEIO–OESTE: CENTRO ESTRATÉGICO DA IGRE-
JA DO NAZARENO.
E. A IGREJA PENTECOSTAL DE ESCÓCIA.
F. A CONSOLIDAÇÃO DA UNIÃO:
1. Superintendência Geral.
2. Missões ao estrangeiro.
3. A Igreja e sua filosofia e prática educativa.
4. O ministério editorial denominacional.

UNIDADE IV: A IGREJA DO NAZARENO: A MUDANÇA GERAL,


DESAFIOS E RESPOSTAS.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Ao terminar esta unidade, o aluno estará em condições de:
A. Examinar os fatores que se deram no período da mudança
da liderança fundadora à liderança de segunda geração da
Igreja do Nazareno.

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História da Igreja do Nazareno

B. Analisar o impacto da Associação Leiga de Santidade no


Norte sobre a Igreja do Nazareno e suas derivações.
C. Avaliar os aspectos relevantes da renovação na liderança da
Igreja do Nazareno, neste período chave.
TEMAS:
A. A CRISE DA MUDANÇA NA LIDERANÇA FUNDA-
DORA:
1. Liberdade versus unidade.
2. O caso Rees.
3. H. O. Wiley e o Colégio Nazareno do Noroeste.
B. TEMOR DA DECADÊNCIA ESPIRITUAL NA SEGUN-
DA GERAÇÃO.
C. A ASSOCIAÇÃO LEIGA DE SANTIDADE NO NOR-
TE:
1. Inícios do movimento entre os leigos.
2. O fundamentalismo wesleyano.
3. A união com os nazarenos.
4. A resposta nazarena ao fundamentalismo.
D. A RENOVAÇÃO NA LIDERANÇA E O RESSURGI-
MENTO DO EVANGELISMO:
1. A educação como fator-chave da estratégia denominaci-
onal.
2. O sistema de comitês na Administração Geral da Igreja.
3. A organização da Junta Geral.

UNIDADE V: A IGREJA DO NAZARENO: SEU


ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA
LATINA.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Ao terminar esta unidade, o aluno estará em condições de:
A. Analisar as diferentes modalidades de inserção, consolida-
ção e desenvolvimento da Igreja do Nazareno na América
Latina.

15
História da Igreja do Nazareno

B. Avaliar os aspectos-chave que se podem perceber no desen-


volvimento da Igreja do Nazareno no contexto latino-ame-
ricano.
TEMAS:
A. ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO NO
MÉXICO, AMÉRICA CENTRAL E PANAMÁ:
1. México
2. Guatemala
3. Belize
4. Nicarágua
5. Costa Rica
6. El Salvador
7. Panamá
8. Honduras
B. ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA
AMÉRICA DO SUL:
1. Argentina
2. Uruguai
3. Peru
4. Bolívia
5. Chile
6. Equador
7. Colômbia
8. Brasil
9. Venezuela
10. Paraguai
C. ASPECTOS-CHAVE DA ESTRATÉGIA DE DESEN-
VOLVIMENTO DA IGREJA:
1. A educação teológica para pastores.
2. A educação cristã para os membros das igrejas.
3. O ministério editorial: a página impressa.
4. O uso de meios de comunicação de massa: a rádio.
5. A organização da igreja em regiões geográficas.

16
História da Igreja do Nazareno

UNIDADE VI: FAZENDO E ESCREVENDO A HISTÓRIA DA


IGREJA.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Ao terminar esta unidade, o aluno estará em condições de:
A. Reconhecer a importância de escrever a história da igreja
local, distrital ou nacional.
B. Usar as ferramentas apropriadas para investigar, escrever e
apresentar a história da igreja, no nível em que decida traba-
lhar (local, distrital ou nacional).
TEMAS:
A. A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA IGREJA LOCAL,
DISTRITAL O NACIONAL.
B. A ORGANIZAÇÃO PARA ESCREVER A HISTÓRIA.
C. A ESTRATÉGIA PARA FAZER A INVESTIGAÇÃO
HISTÓRICA LOCAL, DISTRITAL OU NACIONAL.
D. AS FONTES DE INFORMAÇÃO.
E. APRESENTAÇÃO FINAL DA HISTÓRIA LOCAL,
DISTRITAL OU NACIONAL.

Ao concluir este curso, o aluno estará em condições de:


1. Entender o contexto social e religioso que serviu de marco
para o surgimento da Igreja do Nazareno.
2. Conhecer a dinâmica e os aportes dos movimentos que con-
fluíram na formação da Igreja do Nazareno.
3. Compreender o processo de união que configurou a Igreja
do Nazareno como denominação.
4. Apreciar os desafios que teve que enfrentar a Igreja do
Nazareno ao confrontar um período de mudanças gerais, e
as respostas dadas a esses desafios.
5. Compreender o processo de estabelecimento e desenvolvi-
mento da Igreja do Nazareno fora dos Estados Unidos e, de
maneira especial, na América Latina.
6. Saber preparar uma breve história de sua igreja local, distrital
ou nacional.

17
História da Igreja do Nazareno

BIBLIOGRAFIA
ARAUTO DA SANTIDADE – (Edições em Português)
MANUAL DA IGREJA DO NAZARENO. 2001-2005.
Indianápolis (EUA): CNP, 24 a 28 de junho de 2001.
VAUGHTERS, William C. Frutos do Avanço: Igreja do Nazareno no
México e América Central.
SMITH, Timothy L. La Historia de los Nazarenos: Los Anos
Formativos: Kansas City: CNP, S.d.
COOK, R. Franklin. Nazarenes in Mexico Today.
MOSTELLER, E; GATES, C. e DENTON, Ronald. Brazil Diary:
Glimpses into our missionary adventures during beginning days in Brazil:
CNP, 1961

Áudio-visual (VHS):
LIMA, J. A. História de Missões na Língua Portuguesa: Entrevista.
Eduardo R. da Silva (Org.). STNB: 1991-2.
MAZE, Roger. História de missões na Língua Portuguesa: Entrevista.
Eduardo R. da Silva (Org). STNB: 1991-2.
MOSTELLER, E.A. História de Missões na Língua Portuguesa: En-
trevista. Eduardo R. da Silva (Org.) STNB: 1991-2.
STEGEMOLLER, Family. História do Início da Igreja do Nazareno
no Brasil: Entrevista. Eduardo R. da Silva (Org.). STNB:
1991-2.
WOOD, Elton. História do SIBIN: Entrevista. Eduardo R. da Sil-
va (Org). STNB: 1994.

Sites Web:
www.nazarene.org/archives/history/portuguese_declaracion1.html

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Introdução

Por que estudar a história da Igreja do Nazareno? “Porque a


Igreja deve ser a comunidade com memória, que recorde tanto
seus êxitos como seus problemas, de tal modo que a memória faça
com que o passado se converta em presente e defina decisivamen-
te o futuro. A capacidade de recordar significa renovação, poder
situar-se no coração da história, de modo que possamos ser real-
mente contemporâneos e universais” (Anastácio Arcebispo de
Antioquia e de toda Albânia).
A missão da Igreja do Nazareno consiste em responder à
Grande Comissão de Cristo de “ir e fazer discípulos de todas as
nações” (Mateus 28.19). O objetivo primordial da Igreja do
Nazareno consiste em levar adiante o Reino de Deus, por meio
da preservação e propagação da santidade cristã, conforme foi
estabelecido nas Escrituras.
As palavras anteriores revelam a razão da existência da Igreja
do Nazareno como denominação. Com certeza, este direcionamen-
to não é acidental; melhor dizendo, responde a um legado ou he-
rança que tem sido transmitida continuamente pelos nazarenos, ao
redor do mundo, com o propósito de difundir a mesma convicção
que motivou os fundadores nos primeiros momentos da Igreja.
Como muito bem assinalava o então Superintendente Geral,
Dr. H. C. Benner: “A história tem destacado de contínuo que, ain-

19
História da Igreja do Nazareno

da quando as gerações subsequentes consigam melhorar os re-


cursos e técnicas de um determinado movimento espiritual, pou-
cas vezes, entretanto, superam o espírito da geração fundadora.
Além disso, é preciso somente que uma geração deixe de lado ou
desfigure os fundamentos básicos e espírito, para desviar o curso
futuro total de qualquer esforço espiritual”
Esta é a razão por que, na formação de seus ministros, a
Igreja considera vital esta matéria. É nosso desejo mais intenso
que seu conhecimento a respeito facilite assumir uma identidade
clara como ministro nazareno e defina, além disso, o curso de sua
contribuição ministerial no contexto mais amplo das igrejas evan-
gélicas.

O LEGADO DA IGREJA DO NAZARENO2


Desde o início, a Igreja do Nazareno tem afirmado que é
um ramo da Igreja “santa, universal e apostólica,” e procurado
ser fiel a ela. Considera como sua a história do povo de Deus
preservada no Antigo e Novo Testamentos, essa mesma história
tal como se tem entendido, desde os dias dos apóstolos até os
nossos. Considerando-o como seu próprio povo, a igreja acolhe
o povo de Deus ao longo dos tempos, todos os redimidos por
meio de Jesus Cristo, qualquer que seja a expressão da igreja a
que tenham pertencido.
Nossa igreja recebe os credos ecumênicos dos primeiros cin-
co séculos cristãos como expressões de sua própria fé. Se bem
que a Igreja do Nazareno tenha respondido a seu chamamento
especial de proclamar a doutrina e experiência da inteira
santificação, tem tido também o cuidado de reter e de alimentar
uma identificação com a igreja histórica, mediante sua pregação
da Palavra, sua administração dos sacramentos, sua insistência
em desenvolver e em manter um ministério verdadeiramente apos-
tólico em fé e prática, para que seus membros tenham o compro-
misso de inculcar as mesmas disciplinas de Cristo em sua vida e
em seu serviço a outros.

20
Introdução

O AVIVAMENTO WESLEYANO DO SÉCULO XVIII


Esta fé cristã tem sido mediada aos nazarenos, através de
correntes religiosas históricas, em particular pelo avivamento
wesleyano do século XVIII. No início da década de 1730, surgiu
na Inglaterra um avivamento evangélico mais amplo, dirigido prin-
cipalmente por John Wesley (1703-1791), seu irmão Charles Wesley
e Jorge Whitefield, ministros da Igreja Anglicana. Por meio deles,
muito mais homens e mulheres se libertaram do pecado e rece-
beram poder para servir a Deus. Este movimento se caracterizou
pela pregação de leigos, o testemunho, a disciplina e a criação de
círculos de discípulos veementes; os grupos foram denominados
“sociedades”, “classes” e “bandos”. Visto como movimento de
vida espiritual, os antecedentes desse avivamento incluíram o
pietismo alemão, tipificado por Philip Jacob Spener; o puritanis-
mo inglês do século XVII; e um despertamento espiritual na
região da Nova Inglaterra nos Estados Unidos, descrito pelo pas-
tor-teólogo Jonathan Edwards.
A fase wesleyana de grande avivamento se caracterizou por
três questões de ponta da teologia: a regeneração pela graça através
da fé; a perfeição cristã ou inteira santificação pela graça através da
fé; e o testemunho do Espírito da segurança da graça. Uma das
contribuições distintivas de John Wesley foi seu ensinamento so-
bre a inteira santificação nesta vida, como provisão da graça de
Deus para o cristão. Os primeiros esforços missionários do
Metodismo Britânico começaram disseminando essa ênfase teoló-
gica por todo o mundo. Nos Estados Unidos, a Igreja Metodista
Episcopal foi organizada em 1784. Seu propósito declarado foi
reformar o continente e disseminar a santidade bíblica por todas
estas terras.

1
Manual da Igreja do Nazareno 2001-2005, Artigo 424.3
2
Várias partes del texto de la Declaración Histórica están incluidas en las páginas 1- 15, www.nazarene.org/archives/
links/_spanish.html.

21
UNIDADE

Contexto social e religioso


do surgimento da Igreja do
Nazareno (1858-1900)
Para poder entender como a Igreja do Nazareno surgiu, é
necessário focalizar o que sucedia na América do Norte no sécu-
lo XIX. Ao ganhar a guerra da Independência da Inglaterra (1776-
1783), os Estados Unidos começaram a formalizar-se como uma
nação. No início do século XIX, os Estados Americanos localiza-
vam-se na Costa Leste. A maioria da população era composta por
imigrantes. O primeiro grupo deles veio da Europa, por diversas
razões: perseguição religiosa, pobreza nos países de origem, como
quando houve a quebra da colheita de batata na Irlanda, ou o dese-
jo de começar uma vida melhor no Novo Mundo. Assim é que
ingleses, escoceses, irlandeses, alemães, judeus, russos, italianos e
gente do Leste da Europa, entre outros, começaram a estabelecer-
se nestas novas terras, que lhes prometiam muito, se estivessem
dispostos a trabalhar duro. Houve um movimento pioneiro du-
rante os primeiros 50 anos, deslocando-se do leste para oeste, con-
quistando territórios, estabelecendo povoados, enfrentando
diversos perigos.
Os que empurraram suas carroças ou vagões na caminhada
para o Centro-Oeste e para o Oeste eram pessoas com um espírito
aventureiro, com muita coragem e visão de futuro. Muitos deles
tinham firmes convicções religiosas, mas de diversas origens. Como

23
História da Igreja do Nazareno

a frente migratória na fronteira era móvel, não havia, no começo,


templos, e como o povo era religioso, tinham por hábito armar
uma reunião na fronteira, onde pessoas de diferentes origens e
denominações se juntaram, muitas vezes, para celebrar cultos fer-
vorosos. Estas experiências de viajantes com as suas famílias, mo-
vendo-se com suas carroças, representam um grupo de crentes
dinâmicos. Os cultos na fronteira traziam um espírito de adoração
dinâmico e avivado. Muitas vezes eram de caráter interdenomina-
cional. Como ocupavam novos territórios, estavam preparados para
novas ideias, e foi neste movimento que nasceram várias seitas,
como, por exemplo, os adventistas e os mórmons. Desenvolve-
ram-se, diferentes interpretações das Escrituras, com conclusões
diversas, mas havia um espírito de avivamento, e muitas vidas fo-
ram transformadas pelo poder de Deus.
À medida que estabeleciam povoados, construíram igrejas,
muitas das quais eram metodistas. Assim é que esta gente valente
conquistou o território enorme até a Costa do Pacífico. No ano
de 1869, o transporte ferroviário transcontinental, de leste a oes-
te, uniu ambas as costas, símbolo de ter chegado ao outro extre-
mo deste grande país.
Houve muitas doenças e confrontos com índios de diversas
tribos. A vida era dura mas oferecia promessas de novas terras e
boas expectativas. Muitas pessoas, durante estes anos, formaram
pequenos povoados de agricultores em toda a nação. Durante o
século XIX, a população ia aumentando. Houve grupos de imi-
grantes vindos da Europa, procurando uma vida melhor no Novo
Mundo. Já entrando no século XX, as imigrações vinham tam-
bém do terceiro mundo, especialmente do resto do Continente
Americano.
Outro fator de fervor religioso foram as reuniões rurais (en-
contros campestres) que aconteceram com frequência, durante o
século XIX. Para que pudéssemos entender aquele momento, se-
ria desejável levá-los a uma semana típica de reuniões campestres.
Estas reuniões eram um pouco diferentes das reuniões nas fron-

24
Contexto social e religioso do surgimento da Igreja do Nazareno (1858-1900)

teiras, porque começaram a acontecer, quando os povoados já


haviam se estabelecido. Informando a todos que acorriam às reu-
niões, escolhia-se um terreno que podia acomodar a todos. Cos-
tumava-se escolher um lugar aprazível com sombra, onde podiam
trazer água de um rio, com espaço para acampar as carretas e feno
ou pasto para alimentar os cavalos. Como várias centenas de pes-
soas chegavam a estes eventos, construíam-se santuários rústicos,
com troncos como assentos e, às vezes, um teto de galhos de árvo-
res, ou uma grande tenda ou barraca para as reuniões. As pessoas
chegavam em suas carroças ou carretas, com suas famílias, comi-
da, às vezes com seus animais, frangos e vacas. Estacionavam suas
carretas, ficavam por ali e comiam. A semana ficava repleta de ati-
vidades, cultos de oração, cultos de adoração para famílias e, à noi-
te, uma boa pregação evangelística, com chamado ao altar para
conversão ou para buscar a inteira santificação. Os cantos eram
muito animados e os cultos, muito tumultuados. Havia boa prega-
ção da Palavra e muitas pessoas chegavam a estas reuniões para
consertar suas vidas com Deus.
Mas, ao mesmo tempo, a reunião campestre tinha uma grande
função social. Os pequenos agricultores, que viviam um pouco
afastados uns dos outros, usavam as noites ao redor da fogueira
para trocar experiências, enquanto as senhoras tinham aulas para
aprender a fazer colchas ou outra coisa prática que quisessem com-
partilhar. Muitos jovens se apaixonavam nestes eventos, pois era
uma oportunidade para conhecer outras pessoas fora do círculo
familiar. O contato entre jovens cristãos de diferentes culturas re-
sultou na formação de muitos lares cristãos. As reuniões ao ar livre
que tiveram lugar durante todo o século XIX, permitiram que a
igreja chegasse aonde não havia edifícios. Durante os domingos
destas reuniões campestres, os habitantes dos vilarejos próximos
vinham participar e aprender. No começo do século XIX, em 1811,
o bispo metodista Asbury reconheceu que aconteciam umas qui-
nhentas reuniões destas, a cada ano, com uma participação anual
de dez mil pessoas.

25
História da Igreja do Nazareno

A Igreja Metodista começou a declinar espiritualmente. A pros-


peridade do país foi um fator para isto e também o movimento
para a industrialização. O assunto realmente controverso era o da
escravatura, especialmente no Sul. Este problema causou muito
mal-estar. Os do Norte sentiam profundamente que a escravatura
deveria ser abolida de uma vez por todas.
De 1845 a 1855 a vida religiosa nos Estados Unidos havia per-
dido seu vigor. Ainda que Grã-Bretanha tivesse abolido a escrava-
tura em 1834, ainda persistia o costume na América do Norte. O
sul fazia questão de mantê-la, colhendo severas críticas dos Esta-
dos do norte do país. A questão da escravatura dividia os cristãos,
que tomaram seus respectivos lados, pró ou contra, com muita
paixão. Os povoados haviam prosperado e o povo estava esque-
cendo-se de Deus e confiando apenas em suas riquezas. No ano
1857 a Bolsa de Valores caiu, espalhando pânico na população.
Esta crise financeira sensibilizou o povo, outra vez, a respeito da
sua necessidade de Deus.
Deu-se início, então, ao que é conhecido como o Grande Avi-
vamento de 1856-58. Na cidade de New York, que tinha então
800.000 habitantes, muitas pessoas começaram a orar. Durante 1857,
10.000 homens de negócio se reuniram, a cada dia, para orar por
um avivamento. Em fevereiro de 1858 Deus estava visitando-os
numa forma muito poderosa. Dois jovens foram muito usados
por Deus, Charles Finney e Dwight L. Moody. A Igreja Metodista
cresceu neste tempo de avivamento. O Dr. Edwin Orr, em sua tese
de doutorado para a Universidade de Oxford, reportou um cresci-
mento da Igreja nos Estados Unidos de um milhão de pessoas, e
de outro milhão na Grã-Bretanha, só no espaço de dois ou três
anos3.
A Guerra Civil (1861-1867) deu-se entre os Estados do Norte
- os proponentes da União, que queriam abolir a escravatura, e os
do Sul - os Confederados, que queriam mantê-la. Estima-se que
pelo menos 618.000 pessoas morreram em batalhas sangrentas.
Depois de seis anos de fratricídio, Abraham Lincoln, apoiado pela

26
Contexto social e religioso do surgimento da Igreja do Nazareno (1858-1900)

União, declarou a escravatura abolida. No entanto os sentimen-


tos hostis entre os dois grupos perduraram por várias décadas e,
ainda assim 50 anos depois, havia um sentimento de rejeição en-
tre os do Norte e os do Sul.

O AVIVAMENTO DE SANTIDADE (1858-1888)


As raízes da Igreja do Nazareno remontam, então, ao já men-
cionado Avivamento de Santidade, propiciado pela Igreja Metodista
e John Wesley, primeiro na Inglaterra e depois nas colônias ame-
ricanas. Analisemos, pois, o que implicou este avivamento nos
Estados Unidos, dos meados ao final do século XIX.

Os desafios do mundo moderno à fé cristã


No final do século XIX, os Estados Unidos ingressam na
modernização. A revolução industrial começa e, com ela, a forma-
ção das grandes cidades. Chegavam mais e mais pessoas em ondas
de imigração da Itália, da Europa ocidental, da Irlanda, entre ou-
tros povos. Antes, reinava a situação de reivindicar terras, de avan-
çar conquistando o país, mas, ao fim do século, muitos dos
imigrantes terminaram trabalhando nas grandes fábricas desen-
volvidas pela revolução industrial. Muitos viviam em situações de
pobreza. As filosofias da moda na Europa – como a evolução das
espécies, a psicologia de Freud e as linhas da teologia liberal – fize-
ram-se ouvir nas salas de aula universitárias. Estas ideias liberais
começaram a afetar o país. Ao findar o século XIX e no começo
do século XX, surgiram várias invenções revolucionárias: o auto-
móvel, aviões, a eletricidade, a fotografia, o cinema e as grandes
máquinas necessárias para as fábricas. A era da industrialização
instalou-se e os Estados Unidos começaram a despontar como
uma potência mundial. Em meio ao ambiente descrito acima, a fé
cristã e a antes procurada vida de santidade tiveram que enfrentar
vários desafios. Do pensamento de Timothy L. Smith, resgatamos
os que mais sobressaíram4:

27
História da Igreja do Nazareno

1. A Igreja Metodista sofreu uma divisão, surgindo a Igreja


Metodista Livre, em 1859.
2. O evangelho da perfeição cristã ia se convertendo num
credo acompanhado de lutas e discussões.
3. No futuro próximo haveria movimentos que deveriam en-
carregar-se de reunir os fragmentos do Movimento de
Santidade.
4. A modernização, a revolução industrial e as novas filoso-
fias trouxeram grande confusão às pessoas.
5. Depois da Guerra Civil, a introdução da Igreja Católica
Romana e dos novos estilos de vida nos Estados Unidos,
converteram a sociedade rural em urbana e industrial, o
que, por sua vez, acarretou grandes problemas morais e
sociais. Smith o descreve assim: O comércio e a manufa-
tura atraíram milhares de jovens, saídos de suas proprie-
dades, tanto do Novo como do Velho Mundo. Nas
cidades e povoados, os recém-vindos viviam com
frequência de forma desastrosa e no meio da miséria,
resistindo a períodos de desemprego, enfrentando toda
classe de tentações, convidando-os à bebida e ao vício.
A imigração católica romana mudou inteiramente a situ-
ação de cidades como Boston, Lowell, Pittsburg,
Cleveland e Chicago. As barreiras de religião e de lin-
guagem complicaram mais ainda a luta cruel e sanguiná-
ria, que logo desencadeou entre os empregados e seus
padrões.5
6. A agricultura se converteu em um empreendimento
especulativo. Muitos viajavam ao oeste em busca de for-
tuna. Como resultado, veio a superprodução, que produ-
ziu uma depressão crônica, aumentando a suspeita dos
camponeses para com os ricos, separando, assim, o oeste
e o sul do leste urbanizado.
7. As igrejas se enredaram com a secularização, ao mesmo
tempo em que caíram sob o engano da riqueza e do po-

28
Contexto social e religioso do surgimento da Igreja do Nazareno (1858-1900)

der. Isto tornou mais difícil a tarefa dos pregadores de


santidade.
8. A nova fé do modernismo fez pensar que este era capaz
de endireitar as injustiças sociais.
9. Os leigos foram alvos fáceis do “evangelho social”. Eles
criam que este evangelho aprovava as festas na igreja e as
danças na escola dominical.
10. Esta fé sem base sólida e vazia prevalecia no sentido de
que a educação, a democracia e o cristianismo liberal, cedo
teriam de aparecer no mundo. No entanto, sempre se
manteve um “remanescente” que nunca deixou de pre-
gar a santidade como resposta ao problema do pecado
pessoal e social.

O Avivamento de Santidade nas Igrejas Metodistas (1865-


85)
No século XIX, levantou-se no leste dos Estados Unidos um
renovado interesse pela santidade bíblica, que se estendeu por toda
a nação. Timothy Merritt, ministro metodista e diretor fundador
da revista Guia para a Perfeição Cristã, foi um dos dirigentes do
Avivamento de Santidade. Diziam de Timothy Merritt que a gran-
de doutrina da perfeição cristã era um de seus maiores temas e
que demonstrava em sua própria vida os frutos do Espírito: paci-
ência, fé e amor.
O personagem central do movimento foi a senhora Phoebe
Palmer (1807-1874) e seu esposo Dr. Walter Palmer. Em 1835, eles
começaram a promover a doutrina da santidade cristã em New.York.
Phoebe e sua irmã Mrs. Langford dirigiam as reuniões das terças-
feiras para a promoção da santidade, nas quais bispos, educadores
metodistas e outros ministros se uniram ao grupo original de
mulheres, na busca da santidade. Realizaram-se muitas reuniões
nas terças-feiras para promover a santidade em diferentes pontos
do norte dos Estados Unidos. De fato, o casal Palmer foi usado
por Deus durante os anos deste avivamento.

29
História da Igreja do Nazareno

Durante quatro décadas, a senhora Palmer promoveu a fase


metodista do Movimento de Santidade, falando em público, es-
crevendo como diretora do influente periódico Guia para a Santi-
dade. Uma contribuição da senhora Palmer foi seu ensino a
respeito da necessidade de vir ao altar, render-se ante Deus e
receber, por fé, a experiência da inteira santificação como uma
segunda obra da graça. Importantes foram as reuniões das terças-
feiras, as quais os Palmers haviam promovido, e também o aviva-
mento de 1857-58. Depois de terminar a Guerra Civil, um
Avivamento de Santidade estourou na Igreja Metodista.
Em 1867, os ministros metodistas John A. Wood, John Inskip
e outros, começaram em Vineland, Nova Jersey, o primeiro de uma
longa série de cultos ao ar livre, nacionais. Por volta de 1880, acon-
teceram também dois incidentes que ilustram a hegemonia que o
avivamento tinha obtido nas mentes dos metodistas6.
1. Na primeira conferência mundial de denominações
wesleyanas, celebrada em Londres em 1881, John P.
Newman, que logo viria a ser bispo da Igreja Metodista
Episcopal do Norte, pregou um discurso importante so-
bre “A santidade bíblica e a adaptação especial dos meios
de graça para promovê-la”. Vários líderes dos Estados
Unidos e da Inglaterra concordaram com Newman que a
“segunda bênção” era uma parte integral do “credo co-
mum e da experiência da igreja”.
2. O outro evento foi a celebração em New York, no dia 9
de fevereiro de 1886, do décimo quinto aniversário da
“Reunião de oração das terças-feiras” da senhora Palmer.
Ainda que ela já tivesse morrido dez anos antes, vários
bispos e leigos se reuniram na Igreja de São Paulo para
honrar sua memória e para comprometer-se a continuar
procurando a santidade. Nesse tempo, havia 238 reuni-
ões diárias de santidade nas principais cidades dos Esta-
dos Unidos e em dezenas de cidades estrangeiras.

30
Contexto social e religioso do surgimento da Igreja do Nazareno (1858-1900)

O Avivamento de Santidade havia se espalhado a tal ponto


que, apenas pelo fato de recordar John Wesley, John Fletcher e o
primeiro bispo norte-americano Francis Asbury, junto com a iden-
tificação profunda da inteira santificação como a ortodoxia
metodista, fazia com que os opositores tivessem dificuldade em
manter-se de pé e evitar, ao mesmo tempo, a acusação de serem
hereges.

O interdenominacional e o internacional no Movimento de


Santidade
O Avivamento de Santidade transcendeu os limites do
Metodismo. Asa Mahan e Charles G. Finney, ambos da Universi-
dade de Oberlin, deram direção ao interesse renovado pela santi-
dade em círculos presbiterianos e congregacionais. O pregador de
avivamentos William Boardman fez o mesmo. O evangelista batis-
ta A. B. Earle esteve entre os líderes do Movimento de Santidade
dentro de sua denominação. Hannah Whitall Smith, popular
evangelista de santidade da Igreja Quaker, publicou seu famoso
livro O Segredo da Vida Cristã Feliz (1875), um texto clássico so-
bre a espiritualidade cristã.
Em 1867 o movimento se formalizou. Vários fatores contri-
buíram para esta formalização. Charles Finney e Asa Mahan pro-
moviam a perfeição cristã num seminário em Ohio, chamado
Oberlin. Eles não eram metodistas, mas de tradição com tendência
mais calvinista do que arminiana. Sua universidade foi muito radi-
cal quanto à necessidade da abolição da escravatura.
O testemunho da santidade cristã desempenhou funções de
diversa magnitude na fundação da Igreja Metodista Wesleyana
(1843), da Igreja Metodista Livre (1860), e, na Inglaterra, do Exér-
cito de Salvação (1865). Na década de 1880, nasceram várias igre-
jas novas que davam destaque à santidade, entre as quais se contam
a Igreja de Deus (Anderson, Indiana) e a Igreja de Deus (de Santi-
dade). Outras tradições religiosas já existentes também receberam
a influência do Movimento de santidade, incluindo certos grupos

31
História da Igreja do Nazareno

de Menonitas, Irmãos e Amigos, que aceitaram a posição wesleyana


de santidade sobre a inteira santificação. A Igreja dos Irmãos em
Cristo e a Aliança Evangélica dos Amigos são exemplos deste
amálgama de tradições espirituais.
Lorenzo Dow, um pastor metodista americano, começou nas
Ilhas Britânicas reuniões ao ar livre. Fundou-se, então, o grupo
dos metodistas primitivos. Deste grupo saiu um importante per-
sonagem para o Movimento de Santidade, William Booth, inglês e
fundador do Exército de Salvação. Durante a última parte do sécu-
lo XIX, o Exército da Salvação promoveu poderosamente a inteira
santificação. Booth dizia que, se seus “soldados” não fossem san-
tificados, não poderiam trabalhar resgatando pessoas de prostíbulos
e de outras condições denegridoras da sociedade. Phoebe e Walter
Palmer, Finney e Moody visitaram as Ilhas Britânicas em várias
ocasiões, transportando, assim, as ideias de santidade através do
Atlântico.
Uma das oposições à teologia da santidade foi o Movimento
de Keswick, influenciado por um casal norte-americano, os Pearsal
Smith, e pelas campanhas de Moody e Sanky, entre outros. A ênfa-
se era uma vida de santidade através da vitória sobre o pecado, por
meio da fé. A partir de 1875, Keswick, um povoado pequeno entre
montanhas e lagos formosos, chegou a ser o centro de uma con-
venção de massa, anual, onde se ensinava o caminho da vitória
sobre o pecado. A diferença doutrinária entre a Igreja do Nazareno
e o Movimento de Keswick é que, enquanto os nazarenos clássi-
cos criam que as raízes do pecado eram erradicadas de nosso ser,
na experiência da inteira santificação, os de Keswick criam que os
santificados não se tornavam feitos completamente santos, mas
iam adquirindo vitória sobre o pecado.
É significativo ressaltar, então, como assinala Smith, que o
Avivamento de Santidade nasceu dos grandes avivamentos. Pros-
perou devido às energias de leigos e mulheres pregadoras usadas
de forma inusitada. Os pastores e evangelistas da cidade, viajan-
do livremente pelos dois continentes, mais do que formando uma

32
Contexto social e religioso do surgimento da Igreja do Nazareno (1858-1900)

frente como pioneiros rudes, também deram a este despertamento


seu impulso e direção originais.

A RELAÇÃO ENTRE AVIVAMENTO DE


SANTIDADE E IGREJAS ESTABELECIDAS
Dois aspectos importantes de se levar em conta, quando fo-
calizamos o contexto social e religioso do surgimento da Igreja
do Nazareno, são: crises de separação que surgiram nas congre-
gações que participavam do Avivamento de Santidade e a partici-
pação das igrejas em projetos de serviço social de santidade.

Crises que resultaram em separação


Em 1885, a influência do despertamento no Meio-Oeste e no
Sul estava produzindo dois grupos mais ou menos diferentes. Um,
em sua maior parte rural, era mais reconhecido por expressões
emocionais, estabelecia normas rígidas sobre vestimenta e a con-
duta, desprezando com frequência a disciplina eclesiástica. O ou-
tro era de tipo urbano, intelectual e, em certo sentido, menos
zeloso quanto às normas.
Timothy Smith assegura que nem a origem nem a história sub-
sequente da Igreja do Nazareno serão compreendidas, se não co-
nhecermos as duas tradições de santidade, a urbana e a rural. Os
fundadores provinham de ambas, e as duas tradições tiveram mui-
to a ver com a nascente denominação: uma, pela posição firme
contra o mundanismo, bem como uma suspeita saudável contra a
burocracia eclesiástica; a outra, por uma visão nacional, ao mesmo
tempo em que mantinha um sério respeito quanto à educação e à
tradição wesleyana.
Os que primeiro se separaram de suas denominações foram
os da tradição rural. Por exemplo, Daniel S. Warner fundou a
Igreja de Deus (Anderson, Indiana) em 1880. Sua posição foi a tal
ponto extrema, que recusou completamente a ideia de uma deno-
minação organizada. Mas, apesar de tudo, o conceito de Warner

33
História da Igreja do Nazareno

sobre a igreja contribuiu para influenciar certo cuidado quanto


aos perigos da política eclesiástica.
John P. Brooks e Hardin Wallace, ministros numa zona rural
de Illinois, também se separaram da Igreja Metodista. Primeiro,
uniram-se à Associação Oeste da Santidade e mais tarde, à Asso-
ciação da Santidade em Illinois. Brooks escreveu The Divine
Church (A Igreja Divina) (1880), obra que, desde então, se con-
verteu no livro-texto do “separatismo”. Por esse tempo, já se
reconhecia como parte da Igreja de Deus de Santidade.
Em 1883, alguns clérigos metodistas organizaram a Associa-
ção de Santidade no Noroeste do Texas. Fizeram da Bíblia e da
“perfeição cristã” de Wesley sua constituição e decidiram não rece-
ber ninguém que não houvesse sido um membro de boa reputação
na Igreja Metodista Episcopal.
Hardin Wallace, que havia começado o Avivamento de Santi-
dade no Texas, tendo-se mudado para o sul da California, ali
organizou a Associação da Santidade da California do Sul e do
Arizona. No entanto, quando Wallace regressou, depois de um
tempo em Los Angeles, quase todas as igrejas lhe fecharam as
portas. Vários se rebelaram contra um suposto “jugo escravizante”.
Foi assim que aconteceu a James F. Washburn, na reunião aberta
da Associação da Santidade em California do Sul e Arizona, em
1883, junto com dois ministros presbiterianos, quando se separa-
ram daquela associação. Daí nasceu a Igreja de Santidade. Mas a
adoção de regras rígidas como não se enfeitar com ouro, e outros
requisitos, fez com que esta Igreja não tivesse tanto crescimento.
A maioria dos seus grupos desapareceram, fazendo com que
Dennis Rogers, um dos líderes desta Igreja, acabasse unindo-se
com J. B. Champan e C. B. Jernigan, para organizar a Igreja Inde-
pendente da Santidade, outro dos grupos fundadores da Igreja do
Nazareno.

34
Contexto social e religioso do surgimento da Igreja do Nazareno (1858-1900)

A busca de lealdade e santidade.


Enquanto isso, na zona rural de Michigan, onde o perfeccio-
nismo de Oberlin e o metodismo haviam se estabelecido, S. B.
Shaw (Metodista Episcopal) sonhava em unir os que apoiavam a
santidade, sobre a base de uma plataforma radical, antes de dar
início à outra denominação. Conseguiu, então, realizar reuniões
com os Metodistas Livres, os Metodistas Wesleyanos e os Ir-
mãos Unidos.
O surpreendente é que Shaw e outros líderes radicais acaba-
ram sendo responsáveis, principalmente, pela Assembleia de San-
tidade em Chicago, em 1885, que reuniu representantes de todos
os grupos que se tinham organizado nos Estados Unidos para a
promoção da inteira santificação. Entre eles havia uma dúzia de
associações estaduais e quatro regionais (a Ocidental, a Sul ociden-
tal, da Costa do Pacífico e a União), todas elas do tipo
interdenominacional. Aí, então, lançou-se o projeto de uma “As-
sociação Interdenominacional Nacional”.
No entanto, no ano seguinte, quando líderes conservadores
participaram da Assembleia de Chicago, o panorama mudou.
George Hughes, de New York, que foi nomeado líder principal,
não deu prosseguimento ao tema da organização de igrejas inde-
pendentes que havia sido proposto por James F. Washburn. Maior
ênfase foi dada à busca do batismo com o Espírito Santo e se
adotou uma “Declaração de princípios”, que estendia os benefíci-
os de membresia em uma igreja a toda pessoa convertida.
Assim que, aproximadamente a partir de 1885, suscitou-se um
forte argumento entre os que criam serem necessárias denomina-
ções exclusivas com ênfase na santidade e os que dependiam das
associações para levar adiante o trabalho.
No entanto, à medida que se aprofundava a crise quanto às
relações com a igreja em 1890, a pressão eclesiástica forçou as as-
sociações ao interdenominacionalismo. Como consequência, a
partir de 1897, a Associação Nacional de Santidade, que até então
era Metodista do Norte, tinha mudado seu foco de atendimento

35
História da Igreja do Nazareno

para cobrir também de leste a oeste, tentando converter-se numa


espécie de organização para todo o país e para todas as denomina-
ções. Na Assembleia da Santidade em Chicago, em 1901, S. B.
Shaw triunfou em sua posição não sectária, ainda que não conse-
guisse produzir uma organização efetiva. Três anos mais tarde,
Henry Clay Morrison e outros líderes sulistas formaram a União
de Santidade, que procurava unir todo o movimento que operava
ao sul da linha Mason e Dixon.
A Aliança Pentecostal de McClurkan, ainda que limitada em
alcance, era também não-denominacional, e juntou missões e igre-
jas disseminadas pela região central do Tennessee, a Associação
Central Evangélica de Santidade na Nova Inglaterra, e a Associa-
ção de Santidade no Texas, organizando-se em 1899. Todas estas
desempenharam um papel importante nas origens da Igreja do
Nazareno.
Nascida em New York em 1887, a Aliança Cristã e Missionária
de A. B. Simpson, presbiteriano, organizou-se pouco a pouco num
companheirismo “não denominacional” e logo se estendeu por
todas as grandes cidades da nação.
Por outro lado, muitas igrejas “separatistas” surgiam, confron-
tando Brooks e Wallace. Entre elas se contam: a Igreja do Nazareno
de Phineas Bresee, em Los Angeles, a Associação de Igrejas
Pentecostais de América, no Brooklyn, e a Missão Pentecostal de
Nashville, todas elas ramos fundadores da atual Igreja do Nazareno,
bem como a Associação Metropolitana.
A zona do Texas e Tennessee produziu a Igreja Neotestamen-
tária de Cristo e a Igreja Independente de Santidade. Estas se uni-
ram em 1904 e, subsequentemente, se afiliaram à Igreja do Nazareno
em 1908.
No meio de todo este ir e vir de uniões e separações, o que
prevaleceu foi a profunda convicção de que era necessária uma
vida de santidade. Quer em associações, em denominações quer

36
Contexto social e religioso do surgimento da Igreja do Nazareno (1858-1900)

em igrejas independentes, a doutrina da inteira santificação pre-


valeceu.

A crescente crise para os “Leais”


Os “leais” eram aqueles que tentaram, por longo tempo, man-
ter-se em suas denominações tradicionais, apesar do pujante de-
senvolvimento do “separatismo”. Para isto, os oficiais eclesiásticos,
especialmente os metodistas, exerceram uma pressão crescente
sobre as organizações independentes que apoiavam o movimen-
to. Ao final de 1881, alguns eminentes metodistas, tais como Daniel
Steele, Asbury Lowery, John Milhares e Milton S. Ferry, assevera-
ram que o Avivamento de Santidade não atingiria seu total desen-
volvimento, se fosse deixado a cargo de organizações
independentes e agências não reconhecidas.
No entanto, outros pensadores reagiram ante tal argumento.
Por exemplo, J. E. Searles afirmava: “Ainda que a doutrina da
santidade esteja sendo ensinada clara e especificamente em nos-
sas escolas metodistas, raras vezes encontra oportunidade de ex-
pressão nos púlpitos e reuniões de oração nas igrejas”. Ademais,
Searles advertiu: “Nada substitui a pregação sincera e a experiên-
cia desta doutrina, para salvar a nossa grande Igreja Metodista do
formalismo religioso e do espírito do mundo. Nosso perigo au-
menta em proporção ao nosso crescimento em número, popula-
ridade e riqueza”.7
Ainda que vários homens, como John Inskip, não demons-
trassem a intenção de deixar sua Igreja, pouco a pouco se percebia
a pressão da crise separatista. Por outro lado, neste processo de
ruptura de lealdades, o que reteve os conservadores metodistas em
sua Igreja foi o surto de uma controvérsia doutrinária em que se
atacavam publicamente os ensinos de Wesley. Próximo de 1880, os
especialistas da santidade tinham demolido praticamente os argu-
mentos a respeito da instantaneidade da segunda experiência e as-
severavam que Wesley não abordava com precisão a respeito do
pecado nos crentes.

37
História da Igreja do Nazareno

Em 1880, J. M. Boland, pregador da igreja do sul, publicou


uma obra titulada The Problem of Methodism (O problema do
Metodismo), onde declarava que Wesley tomou emprestada dos
calvinistas a ideia de “pecado nos crentes”. O debate cresceu, ao
aparecerem muitos argumentadores contrários a esta proposição,
tais como Leonidas
Rosser e George H. Hayes. Este último escreveu o livro The
Problem Solved (O problema resolvido), onde defendia a ideia
calvinista de que a depravação era inseparável do estado mortal.
No entanto, Boland foi mais crítico e sarcástico, quando, em
1893, denunciou os pregadores de santidade por se autoconsidera-
rem “os defensores, por designação do céu, desta arca sagrada do
Metodismo”. Junto a Boland se levantaram associações indepen-
dentes, jornais, colégios, universidades e jovens evangelistas, alguns
dos quais se atreviam, até mesmo, a contestar a integridade dos
bispos da igreja.
Um novo personagem surgiu em Nashville, B. F. Haynes, que
mais adiante viria a ser o primeiro diretor do Herald of Holiness
(O Arauto da Santidade). Ele se convenceu de que os esforços
para reformar a igreja eram menos importantes do que a restaura-
ção de uma “limpeza individual, uma consagração pessoal, com-
pleta, do coração e da vida a Deus e à humanidade”. Depois de ter
trabalhado, publicando revistas, de ter pastoreado, dirigido o Asbury
College, entre outras atividades, em 1909 se transferiu para o Colé-
gio de Santidade em Peniel, Texas, unindo-se à Igreja do Nazareno.
A crescente criação de universidades, colégios e institutos, tan-
to de caráter metodista como interdenominacional, fez com que
estas instituições produzissem líderes de santidade que cedo per-
ceberam que o povo não apoiaria mais os seus defensores
metodistas. As reuniões ao ar livre e publicações que as sustenta-
vam, converteram-se em instrumentos para a criação de organiza-
ções separadas de santidade.

38
Contexto social e religioso do surgimento da Igreja do Nazareno (1858-1900)

Participação em projetos de serviço social de santidade


Pelas circunstâncias sócio-políticas que estavam vivendo os
Estados Unidos, na última parte do século XIX, um aspecto crucial
que causou a saída de muitos líderes de santidade de suas igrejas,
foi sua participação no trabalho social e de restauração do tipo não
denominacional.
Preeminentes personalidades no movimento deram as costas
às discussões vãs, para evangelizar os pobres. Isto produziu uma
classe de convertidos que se sentia incomodada nas “igrejas de
cidade”. Desta maneira, se tornou inevitável a organização de con-
gregações independentes. Um pequeno resumo das obras desses
projetos pode ser observado nessas declarações8:
• Charles G. Finney contribuiu com a cruzada contra a es-
cravidão.
• Phoebe Palmer fundou o primeiro asilo nos bairros
novaiorquinos. A experiência do perfeito amor tinha com-
pelido muitos a aliviarem o sofrimento humano.
• Desde 1860, o povo de santidade estabeleceu dezenas de
missões e casas de recuperação para as vítimas do tráfico
de escravas brancas. Fundaram hospitais, orfanatos, ca-
sas para mães solteiras, e ajudaram os imigrantes sem re-
cursos que viviam em bairros pobres, a retornarem a seu
lugar de origem.
• A partir de 1880, o General Booth e todos seus voluntá-
rios do Exército de Salvação trabalharam nas cidades mais
populosas dos Estados Unidos. Ele pensava que os me-
nos afortunados não confiariam em nenhuma religião que
fracassasse em engrandecer o poder e a graça de Deus.
Booth motivava seus seguidores a viverem uma vida to-
talmente consagrada e santificada.
• Na zona rural do Texas floresceram muitos orfanatos e
casas de recuperação, um dos quais, em Pilot Point, par-
ticipou significativamente das origens da Igreja do
Nazareno.

39
História da Igreja do Nazareno

• No Leste, o Instituto Bíblico da Aliança Cristã e


Missionária preparava jovens para o campo missionário,
enviando-os em grupos para trabalhar nas missões, hos-
pitais e prisões de New York.
• Em Saint Louis, C.W. Sherman administrava a Missão
Vanguarda que se especializava no trabalho de recupe-
ração de pessoas.
• D. Brown, tornou-se nazareno através de um orfanato
para meninos no Estado de Washington. Depois que foi
diretor desta casa de órfãos, alcançou reconhecimento a
nível nacional.
• Charles N. Crittenton, evangelista de santidade, dedicou
a última parte de sua vida a organizar uma rede de casas
de recuperação que levavam seu nome e que se estendi-
am desde o Maine até à California.
• O trabalho social de santidade que se realizou incluía a
abertura de centros de adoração para famílias que, desde
1880, viviam apertadas nas áreas pobres das cidades.
Os bispos da Igreja Metodista Episcopal do Norte haviam
advertido, por décadas, os seus adeptos quanto ao descuido com
os pobres da cidade. A princípio, apoiaram a abertura de igrejas
dedicadas ao trabalho de recuperação. Mas agiram com precaução,
permitindo que muitos colaboradores que professavam santificação,
tomassem a dianteira em tais projetos e, ocasionalmente,
convertessen as missões em congregações independentes de santi-
dade. Muitas Igrejas do Nazareno surgiram desta forma.
T. P. Ferguson e sua esposa tinham sido dirigentes da Los
Angeles Mission, que, a partir de 1886, passou a se denominar
Peniel. Convidaram, então, o metodista Phineas Bresee para traba-
lhar com eles. Na primeira edição de seu jornal mensal, O Arauto
de Peniel, Bresee declarou:
“Nossa primeira tarefa consiste em ganhar os que não
estão na igreja; o povo da rua e dos lares aonde não

40
Contexto social e religioso do surgimento da Igreja do Nazareno (1858-1900)

chega a mensagem das igrejas, ou que mal os atinge.


Devemos alcançar, especialmente, os menos afortuna-
dos para a cruz de Cristo, convencendo-os por meio
da ajuda e aconchego cristãos. Nossa tarefa inclui tam-
bém pregar e ensinar o evangelho da salvação com-
pleta; mostrar o bendito privilégio dos crentes em Cristo
Jesus, e torná-los santos e aperfeiçoá-los no amor”.9
Através da Missão Peniel, Bresee tentava uma combinação da
ideia interdenominacional de missão, com a de uma igreja inde-
pendente; a primeira, para os obreiros e contribuintes que não
quisessem esquecer suas lealdades tradicionais; a outra, para os
novos convertidos e outros mais que necessitassem de uma igreja
própria.
Seth C. Rees, um evangelista Quaker de santidade, que mais
tarde desempenharia um papel importante na história nazarena,
começou um projeto similar em Chicago, em torno dos 1900, mas
sem sucesso.
Apesar da forma como se organizou, o objetivo principal de
Bresee em Los Angeles era estabelecer um poderoso “centro de
fogo santo”, que contagiasse toda a cidade. Metodistas de influên-
cia como William McDonald, J.A. Word, Joseph Smith, H.C.
Morrison e Beverly Carradine, apoiaram-no. Assim, começou um
novo avivamento que pretendia recuperar o espírito de John
Wesley.
Nos últimos 20 anos antecedentes, os bispos metodistas havi-
am observado uma crescente deserção em suas fileiras, cujo aspec-
to mais grave era o distanciamento entre os oficiais da igreja e os
membros mais sinceros e abnegados do Metodismo. Essa diferen-
ça era maior ainda entre as igrejas da cidade e as dos povoados.
Naquelas circunstâncias, muitos grupos trabalhavam em missões
muito independentes da disciplina metodista. Alguns surtos de fa-
natismo, desta vez nas cidades, desanimaram o meio evangélico, ao
mesmo tempo em que forçaram os líderes de santidade à forma-
ção de organizações independentes mais fortes.

41
História da Igreja do Nazareno

RESPONSABILIDADE DO ALUNO: UNIDADE I


1. Responda:
• Quais os três pontos doutrinários que caracterizaram
o Movimento Wesleyano?
• Por que Timothy Smith assegura que nem a origem
nem a história subsequente da Igreja do Nazareno se-
rão compreendidas, se não conhecermos as duas tra-
dições de santidade: a urbana e a rural?
• Qual o papel da Sra. Palmer no desenvolvimento do
Movimento de Santidade?
2. Analise e descreva brevemente:
• O contexto social e religioso por ocasião do surgimento
da Igreja do Nazareno (1858-1900)
• A crise que gerou o grupo dos leais e dos separatistas.

3
Dr. Edwin Orr. The Second Evangelical Awakening. Gran Bretaña: Ed. Marshall,Morgan and Scott 1949.
4
Smith, Timothy L. La historia de los nazarenos: Los años formativos. Kansas City: Casa Nazarena de Publicaciones,
s.f., pp. 12-15.
5
Smith. Op. Cit., p. 13.
6
Ibíd., pp. 21-22.
7
Ibíd., p. 44.
8
Ibíd., pp. 54-57
9
Ibíd., p. 58.

42
UNIDADE

II

O surgimento da Igreja do
Nazareno nos Estados
Unidos
As raízes da Igreja do Nazareno no Leste
Ainda que no Oeste acontecessem vários movimentos im-
portantes para a fundação da Igreja do Nazareno, foi no Leste e
no Sul que verdadeiramente se iniciaram os esforços organizados
para promover a santidade em todo o país.

A Igreja do Povo: a santidade e o congregacionalismo


Em 21 de julho de 1887, a Igreja Evangélica do Povo foi orga-
nizada com 51 membros em Providence, Rhode Island, tendo Fred
A. Hillery como pastor. No ano seguinte, a Igreja Missionária foi
organizada em Lynn, Massachusetts, sob a direção de C. Howard
Davis como pastor.
A Igreja Evangélica do Povo se converteu em um núcleo, ao
redor do qual se uniram outras congregações e grupos de santida-
de. Já em 1888 haviam sido organizadas outras igrejas e o movi-
mento ia trilhando uma rota de crescimento.
A “Convenção de Santidade União”, da Nova Inglaterra em
1889, composta por líderes “leais” à tradição metodista, não estava
em condições de aprovar este movimento. No entanto, durante
todo o ano seguinte, estendeu-se o trabalho dos grupos indepen-
dentes, chegando a organizar-se, em Rock, como a Associação

43
História da Igreja do Nazareno

Central Evangélica da Santidade. Declararam como seu objetivo


“promover a santidade bíblica por uma aliança e ação unida, for-
talecendo e estimulando os que, por causa de sua lealdade para a
verdade inspirada divinamente, encontram-se sem os privilégios
de um verdadeiro companheirismo” 10.
Na organização desta Associação, celebrada em 1890, W. C.
Ryder, pastor em Rock, acabou sendo eleito presidente; Fred A.
Hillery, vice-presidente; C. Howard David, secretário; e Benjamin
Luscomb, tesoureiro. O ano seguinte, a missão que F. L. Sprague
tinha em Keene uniu-se ao grupo. Como era de se supor, todos
estes pregadores criam firmemente no sistema de governo
congregacional. Foi desse modo que o movimento de indepen-
dência, o congregacionalismo e a santidade cristã se uniram.
William McDonald e Joshua Gill começaram, em 1891, um
esforço para organizar uma Liga Geral de Santidade. Assim se ins-
tituíram “ligas” locais interdenominacionais em muitos povoados
da Nova Inglaterra. O interessante disto é que a Liga estimulou os
“leais” a saírem de suas igrejas, em lugar de conservar os que ne-
cessitavam de conexão com sua congregação, pois a organização
não poderia existir sem apoiar as reuniões independentes de santi-
dade, às quais as autoridades eclesiásticas se opunham tanto.
Apesar de, em 1892, a Conferência Metodista de Nova Ingla-
terra, que se tinha reunido em Haverhill, divulgar uma resolução,
opondo-se às igrejas independentes, considerando-as em conflito
com a ordem e a disciplina da Igreja, o novo movimento seguia
adiante. Na reunião anual da Liga Geral de Santidade, naquele ou-
tono, McDonald disse que a Liga era necessária pelo fato de a
Igreja não permitir que se professasse a santidade com liberdade
e de vários irmãos terem sido expulsos. J. N. Short, H. N. Brown
e H.F. Reynolds, que mais tarde se tornaram nazarenos, serviram
no comitê de revisão da constituição da Liga. Os delegados ele-
geram George Morse como presidente e Reynolds como vice-
presidente.

44
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

H. F. Reynolds, um jovem ministro, havia convencido seu


irmão E. E. Reynolds a unir-se a O. J. Copeland, um leigo de
Montpelier, e a outros mais para organizar a Associação de Santi-
dade em Vermont. Desta maneira, o Avivamento de Santidade
chegou à isolada região rural de Vermont, após o restante da
Nova Inglaterra.
Em 1892, a Associação Central Evangélica de Santidade orde-
nou a Anna S. Hanscombe. Crê-se ter sido a primeira mulher orde-
nada ao ministério cristão, das congregações que mais tarde se
tornariam a Igreja do Nazareno.

A Associação Evangélica e o Metodismo da Nova


Inglaterra
Em Boston, as fileiras dos “leais” estavam a ponto de ceder
ante a pressão eclesiástica. Joshua Gill e John Short, junto com
outros metodistas, começaram a trabalhar com a Associação Evan-
gélica, que era uma denominação wesleyana alemã, na Pensilvânia.
Desta maneira, estabeleceu-se um meio termo entre as igrejas in-
dependentes e a Igreja Metodista. Gill e outros se deram conta de
que podiam continuar como membros da Igreja Metodista, mas
participando das reuniões de avivamento ao ar livre independentes
e trabalhando, para que a Associação Evangélica se tornasse uma
entidade de unificação.
Assim foi que a Associação Evangélica seguia desenvolvendo-
se e estabelecendo igrejas crescentes em diferentes lugares. Em
1895, foram organizadas novas igrejas em Lynn, Salem, New
Bedford, Everett e Chelsea, Massachussets, Woodsville, New
Hampshire e Ringfield, Maine. Durante 1896 e 1897 apareceram
novas congregações em Stoneman, Quincy, East Boston e
Somerville, Providência, Rhode Island, New Haven, West Haven
e Bridgeport em Connecticut.
Short, Hart e Buell trabalharam intensamente para que a As-
sociação Evangélica crescesse, mas não estavam dispostos a ce-
der o domínio de suas congregações a bispos de fala alemã. Este

45
História da Igreja do Nazareno

e outros fatores formaram o marco da divisão que, pouco depois


de 1900, separou a Conferência Metodista da Nova Inglaterra da
Associação Evangélica. Praticamente não houve congregação que
não experimentasse uma divisão. Parte da paróquia de Cambridge
se uniu com Short para organizar um grupo independente. Foi a
congregação que, eventualmente, pelo espaço de 30 anos, Short
pastoreou sob a Igreja do Nazareno.
O grupo de Everett se separou em massa no ano 1899 sob a
direção de Aaron Hartt. Na prática, todos os que haviam se sepa-
rado se juntaram a William F. Hoople, F. A. Hillery e H. F. Reynolds
na Associação de Igrejas Pentecostais de América e, eventualmen-
te, à Igreja do Nazareno. O distanciamento que existiu por muitos
anos entre os nazarenos e os da Igreja Evangélica na Nova Ingla-
terra deveu-se a este período de dissensão.

W. H. Hoople e as Igrejas “Pentecostais” no Brooklin


As congregações nazarenas do Brooklyn, New York, origina-
ram-se sob circunstâncias humildes e sem muita relação com os
problemas internos do Metodismo. O personagem que sobressai
nesta história foi William Howard Hoople. Numa reunião de ora-
ção na Igreja Metodista Episcopal de John Street, na zona de
Manhattan, conheceu Charles BeVier, que o ajudou a entender e
experimentar a bênção da santificação. Desde então, estes dois jo-
vens foram como “Davi e Jônatas” do Movimento de Santidade
no Brooklyn.
Hoople e BeVier deram início à sua missão, evangelizando os
pobres. Fundaram uma igreja chamada “Tabernáculo da Avenida
Utica”. Nesse lugar se organizou, em 1894, a “Associação da San-
tidade no Estado de New York”, tendo BeVier como presidente
e Hoople como vice-presidente. Esta associação era de caráter
não denominacional.
Durante 1895, o trabalho do Brooklyn continuou sob a ban-
deira não denominacional. Enquanto isso, O. J. Copeland havia se
transferido de Montpelier, Vermont, para o Brooklyn, a fim de

46
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

iniciar um negócio de granito. Logo se uniu ao grupo de Hoople.


A este pequeno detalhe se pode atribuir, em grande parte, a histó-
ria dos nazarenos no Leste. Desde então, um bom grupo de lei-
gos e pregadores de Vermont reforçaram o movimento do
Brooklyn. Copeland, H. F. Reynolds, A. B. Riggs, E. E. Angell,
Susan N. Fitkin e H. N. Brown exerceram um papel importante
na união subsequente com as congregações de Boston e
Providence, na Associação Central Evangélica de Santidade.
H. F. Reynolds foi o primeiro a seguir as pisadas de Copeland.
Foi o primeiro ministro metodista ordenado que se uniu à associ-
ação de Hoople, em 1895. Sem dúvida, este fato foi o que ocasio-
nou a organização da “Associação de Igrejas Pentecostais da
América”, em 1896, que seria um movimento mais unificador e
mais forte.
As congregações da Nova Inglaterra se uniram individualmen-
te à Associação de Igrejas Pentecostais. Lynn, Providence, North
Attleboro e Keene se uniram em 1897, trazendo consigo três con-
gregações organizadas (Bristol, North Sitúate, Rhode Island, e
Cliftondale, Massachussets). Malden se uniu no ano seguinte. En-
tretanto, mais do que a união de congregações locais, foi a entrada
do jornal de Hillery que agora se chamava Beulah Christian (O
cristão de Beulah). Este se converteria num órgão de unidade e
propaganda para a Associação de Igrejas Pentecostais.
Enquanto isso, em Ellenburg Depot, no norte do Estado de
New York, E. E. Angell, um jovem congregacional, levou adian-
te um avivamento sob o ministério de H. F. Reynold. Várias Igre-
jas do Nazareno devem sua origem a este despertamento. No
entanto, o movimento da Nova Inglaterra não era ainda uma “igre-
ja”, e nem sequer tinha um nome. Era, melhor dizendo, uma
associação de igrejas com líderes proeminentes como Charles
BeVier e W. H. Hoople em Brooklyn, Hillery em Providence, C.
Howard David em Boston North Shore, F. L. Sprague em Keene
e N. H. Washburn em Maine.

47
História da Igreja do Nazareno

A Associação de Igrejas Pentecostais (1897-1907)


Esta associação prosperou durante os seis anos seguintes à
união em 1897. As congregações cresceram, os pregadores se des-
tacavam, os leigos saíam como missionários nacionais e estrangei-
ros, fundou-se um instituto bíblico em North Sitúate, Rhode Island,
e várias igrejas de missões não-denominacionais de santidade se
afiliaram.
Em outros lugares da Nova Inglaterra, e fora dela, a associação
ganhou também muitos adeptos. A imigração em massa dos cana-
denses, em direção às cidades industriais da Nova Inglaterra, esta-
beleceu vínculos tanto sociais como religiosos entre as duas
regiões. Um notável número de líderes da Associação dos Esta-
dos Unidos vinha da Nova Scotia ou Nova Brunswick; entre
eles, H. N. Brown, Aaron Hartt, L. S. Tracy, Isaac W. Hanson e C.
Howard David. Estes homens ganharam convertidos entre o meio
milhão de nacionais do Canadá e de Terranova, que residiam nos
Estados do Atlântico Norte, em 1890. Esta corrente de imigração
continuou pelos 30 anos seguintes. Praticamente toda Igreja do
Nazareno na Nova Inglaterra inclui numerosas famílias de ori-
gem canadense.11
Na zona holandesa da Pensilvânia, a Igreja Cristã de Santidade
organizou igrejas separadas. Os “Recrutas celestiais”, como eles se
chamavam, tinham sido o resultado dos esforços de alguns prega-
dores independentes. Horace G. Trumbauer, e outros mais, orga-
nizaram uma conferência em 1893. No ano seguinte, adotaram o
nome de Associação Cristã de Santidade, mudando-a depois para
Igreja Cristã de Santidade, em 1897. C. W. Ruth, que mais tarde se
uniu à igreja do Dr. Bresee na California, e John Thomas Maybury,
pai de duas gerações de ministros nazarenos, foram líderes pree-
minentes. Como veremos mais tarde, Ruth foi uma das pessoas
responsáveis pela união, em 1907. Em parte por sua influência,
Trumbauer fez com que a conferência da Igreja Cristã de Santi-
dade da Pensilvânia se unisse, mais adiante, à Igreja Pentecostal
do Nazareno, em 1908.

48
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

Por outro lado, a Associação de Igrejas Pentecostais ganhou


um bom número de grupos na Pensilvânia Ocidental: Pittsburg,
Findlay, em Ohio, e Hazelton, em Iowa. Estes acontecimentos iam
estimulando o sonho de uma igreja nacional de santidade.

H. F. Reynolds e a busca de uma superintendência


Smith assinala que houve quatro fatores que contribuíram muito
para o declínio do congregacionalismo entre as igrejas de Nova
Inglaterra:
(1) A necessidade de atribuir tarefas missionárias do-
mésticas e prover cuidado e disciplina para as congre-
gações nascentes; (2) a emergência de pastores
ex-metodistas a posições relativamente de maior força
do que a que tinham os pregadores batistas e leigos; (3)
o fracasso da primeira tentativa de fundar uma escola
bíblica, sob circunstâncias que demonstravam os peri-
gos muito visíveis de independência; e (4) os múltiplos
problemas da obra missionária estrangeira que a asso-
ciação levava a cabo na Índia e nas Ilhas de Cabo Ver-
de.12
A reunião para a “união” de 1897 criou um comitê missionário
permanente, cujo objetivo principal era o de organizar um progra-
ma missionário estrangeiro de importância. No entanto, como este
comitê era o único grupo de planejamento geral que a associação
possuía, incluindo todos os líderes principais em sua paróquia, a
tarefa de atribuir e supervisionar a obra doméstica em geral exigia,
desde o princípio, muito tempo. Foi nesse contexto que despon-
tou, de modo natural, uma superintendência elementar. Sua forma
se parecia com a atual Junta Geral e Junta de Superintendentes
Gerais da Igreja do Nazareno. O comitê executivo da associação
era formado por Hillery, Davis, Bevier, Hosley, Hoople e
Reynolds.
H. F. Reynolds estava adquirindo preeminência. Era o
evangelista mais capaz e mais agressivo no campo doméstico e,

49
História da Igreja do Nazareno

além disso, experiente em receber contribuições. No entanto, quase


desde o princípio, e pelos nove anos seguintes, Reynolds notou
que os membros influentes do comitê se opunham, cada vez que
se sugeria uma organização com maiores restrições.
Em agosto de 1898, H. B. Hosley propõe que Reynolds se
ocupe somente de uma igreja e de uma proporção de seu salário,
que interrompa o trabalho de evangelismo, que visite mais as igre-
jas, motivando-as a que contribuam, deixando, porém, que os pas-
tores se encarreguem dos valores recebidos. Reynolds aceitou tais
restrições.
Para a reunião anual de 1902, Reynolds havia aprendido a tra-
balhar tão bem com outros homens de ideias independentes, que
sua reeleição como Secretário de Missões aconteceu quase auto-
maticamente. Nesta reunião, o comitê designou Reynolds exclusi-
vamente para a obra missionária, indicando seu bom amigo C.
Howard Davis como secretário de missões nacionais.
Durante o ano seguinte, Hoople e Davis continuaram a cam-
panha de missões nacionais e Reynolds se encarregou das tarefas
administrativas. O fato de que duas personalidades independentes
de força se tivessem unido para propagar e dirigir o evangelismo
doméstico, era prova de que a maioria dos líderes sentia a necessi-
dade, de certa forma, de superintendência.
Neste ponto crítico, surgiram três pregadores ex-metodistas,
ocupando posições de grande relevo pessoal (John N. Short, A. B.
Riggs e H. N. Brown). Dessa forma, conseguiram apoiar Hiram
Reynolds em sua busca por uma ordem denominacional mais fir-
me. Estes três homens, um dia, estariam indo a Los Angeles para
iniciar a união com os nazarenos do Dr. Bresee.
Em 1905, após a renúncia de Hoople como Superintendente
de Missões Domésticas, o Comitê Missionário o encarregou da
evangelização doméstica e de missões estrangeiras.

50
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

O estabelecimento de missões estrangeiras na Índia e


nas Ilhas de Cabo Verde
Provavelmente o fator que mais motivou a tendência para uma
superintendência mais potente foi a dificuldade que a associação
experimentou, ao precisar administrar seus trabalhos na Índia e
em Cabo Verde. Com certeza, H. F. Reynolds desempenhou um
papel crucial neste assunto. Pouco depois da união com a Associ-
ação Central Evangélica de Santidade em 1897, o comitê missioná-
rio havia indicado cinco pessoas para a Índia. O pastor M. D. Wood
e sua esposa, que antes eram de outra missão, foram designados
Superintendentes nesse país. Carrie E. Taylor, Lilian M. Sprague e
Fred P. foram os outros. Entretanto, logo aconteceram problemas,
até que o comitê teve que suspender seu acordo com Wood, pela
sua posição independente e suposto mal uso de fundos.
Reynolds, em diversas ocasiões, continuava trabalhando para
apoiar os missionários; mas, por outro lado, aproveitou os proble-
mas que havia na Índia, para discursar contra o espírito indepen-
dente e reafirmar que tudo isso tinha muito a ver com falta de
organização, autoridade e obediência.
Por outro lado, a participação de Hoople e Hosley na reunião
anual ajudou a promover um espírito de reconciliação e de união
na associação. Nos meses seguintes, este fato seria decisivo para a
união do Leste com o Oeste na formação da Igreja Pentecostal do
Nazareno.

Experiência radical e administração conservadora


A Associação de Igrejas Pentecostais havia adicionado uma
contribuição significativa ao movimento de santidade. Havia mui-
tas igrejas, milhares de membros, pastores consagrados, pregado-
res pentecostais, força missionária, templos atraentes em áreas
urbanas, boa organização. Quase toda congregação tinha uma es-
cola dominical, uma sociedade juvenil e uma biblioteca ambulan-
te. Reviveu-se a tradição metodista de reuniões em classes. Numa
reunião anual se autorizou a formação da “Sociedade Feminina

51
História da Igreja do Nazareno

Missionária Auxiliar”. A esposa de Reynolds (H. F.) e Susan N.


Fitkin foram conselheiras entusiastas deste ministério, que, depois,
deu lugar a uma organização missionária tão preeminente na his-
tória moderna da Igreja do Nazareno.
Apesar de todo este crescimento, todos advogavam por man-
ter o espírito interdenominacional da Associação de Igrejas
Pentecostais. Assim, a pregação da santidade era vigorosa e real
nas vidas de seus membros; contudo, mantinha-se uma organi-
zação conservadora, respeitando a diversidade das igrejas parti-
cipantes.

O SURGIMENTO DA IGREJA DO NAZARENO NO


OESTE
As raízes da Igreja do Nazareno que brotaram no Leste e no
Sul, cedo iam dar origem a esta denominação no Oeste. Para en-
tender melhor este desenlace, é necessário conhecer de perto seus
precursores e alguns eventos importantes de então.

Phineas Bresee: seu caráter e influência


Phineas F. Bresee nasceu em Franklin, condado de Delaware,
na parte ocidental de New York, em 31 de dezembro de 1838.
Era o segundo de três filhos de Phineas P. e Susana Brown Bresee.
Converteu-se ao Senhor num culto em fevereiro de 1856, na Igreja
Metodista. No ano seguinte, sua família passou a viver numa planí-
cie perto de Millesburg, no Estado de Iowa. Ali, o jovem Bresee se
deu conta de que não havia pregadores e na conferência anual foi
aceito como ajudante “em treinamento” do ministro A. C. Barnhart,
que era o encarregado da região metodista de Marengo em 1857.
Em 1858, Bresee foi designado para sua própria região, na co-
munidade holandesa de Pella. E, em 1859, foi admitido em “co-
missão total” como ministro metodista. Em 1861, foi ordenado
como presbítero. Enquanto isso, retornou a New York, para ca-
sar-se com Mary Hibbard.

52
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

Bresee pediu uma mudança de Pella, em 1861, porque se deu


conta de que suas convicções contra o mercado de escravos eram
uma ofensa a certas pessoas do Sul. Por toda sua vida, haveria de
conservar uma paixão básica pelas necessidades sociais do homem.
Quando o presbítero-presidente enviou Bresee ao difícil circuito
de Galesburg, a princípio isso lhe causou um certo peso, mas cedo
se reanimou e fez um excelente trabalho, ganhando dezenas de
novos membros e melhorando sua situação de vida natural. Dessa
maneira, aos 23 anos, Bresee foi designado como pastor de uma
boa igreja em Des Moines, a cidade capital de Galesburg. Essa
experiência lhe fez muito bem como ministro e como pessoa. Des-
de então, as capacidades de Bresee afloraram mais e seu trabalho
gozou de um êxito contínuo. Livrou a igreja de Des Moines da
ruína financeira, depois serviu dois anos como presbítero-presi-
dente do distrito de Winterset, que cobria a parte ocidental de Iowa.
Mais adiante, ocupou o pastorado de Charinton, Des Moines (pela
segunda vez), e Council Bluffs, para continuar com Red Oak,
Clorinda e Creston. Durante esses anos, Bresee tornou-se um líder
de confiança da conferência de Iowa, sendo especialmente ativo
nas causas missionárias e de temperança (oposição à bebida e res-
tauração de alcoólicos).
No inverno de 1866, Bresee experimentou a obra da inteira
santificação. Foi durante uma nevasca noturna, em uma reunião de
oração em seu pastorado de Charinton. Ali caiu de joelhos no altar
de sua própria igreja e orou, clamando ao Senhor que lhe desse
uma experiência que satisfizesse sua necessidade. Deus lhe deu a
vitória. Ele reconheceu a ocasião como a experiência que desarrai-
gou suas tendências ao mundanismo, à ira e ao orgulho, tirando de
passagem toda dúvida que antes possuía 13; entretanto, levou ainda
algum tempo para que começasse a pregar a respeito da experiên-
cia da inteira santificação.
Bresee foi eleito delegado à Conferência Geral reunida em
New York, em 1872. Embora fosse um dos mais jovens ali pre-

53
História da Igreja do Nazareno

sentes, desempenhou um papel importante para assegurar a elei-


ção de Gilbert Haven ao posto de Superintendente (bispo).
Após uma infeliz aliança que Bresee fez com Joseph Knotts,
com intuito de melhorar sua situação material, e após ter sido mal
sucedido nisto, decidiu mudar-se para a California. Essa experiên-
cia o ajudou a comprometer-se consigo mesmo de que o resto de
sua vida se dedicaria à pregação direta da Palavra de Deus, e não
mais tentaria obter recursos materiais.
Em agosto de 1883, Bresee e sua família de sete filhos saíram
de Council Bluffs. Chegaram ao Sul de California, uma semana
antes de começar a conferência anual metodista. No domingo se-
guinte foi convidado para pregar na Primeira Igreja Metodista de
Los Angeles. Não imaginava que, em duas semanas, seria instalado
como pastor dessa congregação.
A resolução que resultou da conferência de Iowa, em sua reu-
nião anual, demonstra que Bresee realmente chegou a ser um per-
sonagem de influência:
Uma vez que as necessidades de nossa obra de conso-
lidação tornaram necessária a transferência do Rev. P.
F. Bresee para a Conferência da California do Sul,
resolve-se: (1) Que sentimos profundamente a partida
de um membro tão estimado de nossa conferência,
cujo trabalho em Iowa, por 25 anos, conquistou o ca-
rinho de muitos corações e que contribuiu muito para
o crescimento do Metodismo em Iowa; (2) que o re-
comendamos de coração ao carinho de nossos irmãos
de California, esperando que ele consiga ter uma me-
dida maior de êxito entre eles...14

O Avivamento de Santidade na California do Sul


Depois da visita de William McDonald, presidente nacional, e
de George D. Watson à igreja de Bresee por três semanas, no final
de 1884, este, finalmente, entendeu a urgência de viver e pregar a
respeito da santidade. Deste ponto em diante, Bresee se conver-

54
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

teu num advogado da segunda bênção. Mas, não foi senão a partir
de 1890, quando o Avivamento de Santidade passou por uma
crise considerável na California do Sul, que ele fez desta doutri-
na o objetivo supremo de toda sua pregação. Mais tarde se la-
mentou dizendo que, se antes tivesse entendido isto, talvez
houvesse levado o Metodismo da California do Sul à santidade.
Apesar de alguma oposição de líderes metodistas ao Aviva-
mento de Santidade, que estava ocorrendo na California do Sul,
Bresee e outros continuavam pregando e realizando pregações
de santidade acompanhadas de depoimentos, cantos e santo entu-
siasmo. T. E. Robinson e Bresee encabeçaram a nova ênfase so-
bre a educação cristã que então tinha preeminência na Conferência.
Bresee também iniciou a organização da sociedade missionária
doméstica do distrito, propagou o estabelecimento permanente
dos acampamentos em Long Beach e dirigiu os metodistas na
cruzada contra as bebidas alcoólicas. No final do seu pastorado
em Los Angeles, a congregação de Bresee contava com 650 mem-
bros, quatro vezes maior do que qualquer outra igreja.
Em agosto de 1886, Bresee aceitou a designação para Pasadena.
Um de seus amigos lhe perguntou: “Bresee, o que você vai fazer
em Pasadena?” Ao que ele replicou: “Pela graça de Deus, vou ini-
ciar ali um fogo que chegará aos céus”15. Foi assim que, em agosto
do segundo ano de Bresee em Pasadena, 250 pessoas se uniram à
Igreja Metodista. Ao fim do segundo ano, Bresee informou que
sua igreja tinha 600 membros.
Enquanto isso, alguns membros da conferência, além de Bresee,
propagavam com sucesso a santidade. Durante 1888 e 1889,
Mcdonald e Word dirigiram avivamentos em igrejas grandes e pe-
quenas. Leslie Gay continuou dirigindo as reuniões de santidade
na Primeira Igreja de Los Angeles. O pastor informou que não se
passava um domingo, sem que houvesse pessoas procurando a
santificação nos altares da igreja.

55
História da Igreja do Nazareno

Bresee ganhou reconhecimento público por seus esforços em


aplicar o cristianismo aos problemas sociais, durante os anos que
passou em Pasadena, bem como por sua pregação da santidade.
Mas quando Bresee terminou o pastorado em Pasadena, em
1890, o Avivamento de Santidade na California chegava a uma
nova fase crítica. A atividade crescente de grupos independentes
da santidade por todo o estado deixava envergonhadas as autori-
dades metodistas.
A presença do bispo Willard F. Mallalieu na Conferência da
California do Sul, em outono de 1891, aumentou a vantagem inici-
al que tinham os líderes de santidade. Mallalieu designou Bresee
presbítero-presidente do distrito de Los Angeles e aprovou, de
coração, o plano para organizar uma série de avivamentos de san-
tidade em seu território, durante o ano seguinte. A série de campa-
nhas começou na Igreja de Asbury, em Los Angeles, onde Bresee
tinha sido pastor, de 1890 a 1891. Desde então, os pastores das
igrejas, grandes e pequenas, voltaram a gozar e a pregar a salvação
completa.
Na conferência geral de 1892, o Daily Christian Advocate (Diá-
rio do Advogado Cristão), órgão daquela conferência, apresentou
Bresee como indivíduo de personalidade firme, cujo distrito havia
experimentado um poderoso avivamento. Nos círculos de santida-
de, ao menos, já se falava de fazê-lo Superintendente.
Naquele outono, no entanto, quando o bispo John H. Vincent,
inimigo da doutrina da inteira santificação, apareceu como presi-
dente da Conferência da California do Sul, foi abreviada a atuação
do avivamento que Bresee havia começado. Sem cerimônia algu-
ma, Vincent removeu Bresee do seu posto e o designou como
pastor da Igreja Simpson, onde dominavam os oponentes à santi-
dade. Não durou mais do que um ano ali, e, depois, foi nomeado
como pastor de Boyle Heights, Los Angeles, que era um grupo
sólido, ainda que menor.
A relação de Bresee com a Universidade do Sul da California,
durante esses anos, é de especial significado. Tinha sido vice-presi-

56
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

dente da Junta de Diretores da Universidade, desde 1884, da qual,


mais adiante, foi também presidente. Ajudou muito J. P. Widney a
salvar a instituição de uma iminente ruína. Quando ocorreu a con-
ferência anual, em 1894, a universidade havia ultrapassado sua cri-
se financeira e o trabalho de Widney havia sido completado. Talvez
por isso, ele estava pronto para assumir um novo projeto, o de
unir-se a Bresee na Missão Peniel.

A fundação da Igreja do Nazareno: características dos


primeiros nazarenos
Desde 1892 Bresee tentava ser missionário metodista na cida-
de de Los Angeles. Isto se tornou realidade, quando foi convidado,
junto com Widney, a trabalhar na Missão Peniel. Apesar de vários
tropeços que teve com o bispo N. Fitzgerald, Bresee pôde
fnalmente, começar a difundir a mensagem de santidade, a partir
de Peniel.
No entanto, os primeiros sinais de uma separação iminente da
Igreja Metodista se deram em dezembro de 1894, quando Bresee
fez publicar a “Declaração de princípios” que haveria de reger a
obra de Peniel. A declaração defendia uma organização de obrei-
ros que permitisse a pessoas não pertencentes a nenhuma igreja
considerarem a missão como seu lar espiritual. O diretor do jornal
O Advogado Cristão da California, (California Christian Advocate)
chegou à conclusão de que Bresee se preparava para organizar uma
igreja metodista independente. Mas, o que Bresee queria, era que a
missão fosse uma opção para a grande multidão de pessoas po-
bres que não tinham os privilégios de serem membros de uma
igreja.
Uma das principais razões que separaram Bresee dos
metodistas, foi, portanto, seu programa de evangelização dos po-
bres. Já em junho de 1895, os pastores metodistas de Los Angeles
haviam organizado uma “União Cívica Evangelizadora”, que tra-
balhava nas áreas pobres da cidade. As críticas não demoraram a

57
História da Igreja do Nazareno

chegar; poder–se-ia dizer, então, que, primeiramente, a divisão foi


eclesiástica e não teológica.
A causa imediata para a organização da Igreja do Nazareno
não deve ser buscada, portanto, nas diferenças de Bresee com os
metodistas, senão com os responsáveis pela Missão Peniel. Bresee
estava em desacordo com Ferguson e sua esposa no uso de moças
no trabalho de recuperação, e seu interesse crescente nos projetos
missionários estrangeiros. Widney renunciou a Peniel na primave-
ra de 1895. Bresee, após um circuito de pregação sobre santidade,
regressando a Los Angeles, defronta-se com o fato de que a Mis-
são Peniel o havia excluído dos concílios, e, finalmente, lhe pedi-
ram que saísse. Agora, Bresee se encontrava sem um lugar onde
pregar.
Foi nestas circunstâncias que Bresee se uniu a Widney, para
formar uma nova organização, na qual se perpetuasse o programa
de prover um lar espiritual para os menos favorecidos. Celebraram
sua primeira reunião em 6 de outubro de 1895, em Red Men´s Hall
(Sala dos Homens Vermelhos), a uma pequena distância de Peniel.
Duas semanas mais tarde, 82 pessoas se uniram como membros
fundadores da Igreja do Nazareno. Um pouco tempo depois, já
havia 135 membros.
Além das famílias de Bresee e Widney, contavam-se outros ex-
metodistas de importância: W. S. Knott e esposa, A. P. Baldwin,
Leslie F. Gay e esposa, e Gardner Howland. Também estava uma
mulher episcopal chamada Mary J. Willard. No entanto, a maioria
dos membros era de recém-convertidos que vinham dos bairros
pobres da cidade.
Widney, na mensagem da organização desta nova igreja, disse
que havia a necessidade de uma nova denominação, porque o sis-
tema e métodos das igrejas antigas estavam sendo um obstáculo
para o trabalho da evangelização dos pobres. Ele também explicou
a origem do nome da Igreja do Nazareno. A palavra “nazareno”
viera ao seu pensamento, ao nascer do dia após uma noite de ora-
ção. Imediatamente lhe pareceu que simbolizava “a missão humil-

58
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

de e laboriosa de Jesus Cristo”. Era o nome que Jesus havia usa-


do para si. Nome que, unindo-se ao seu próprio nome, identifica-
va Jesus Cristo com “o coração trabalhador, lutador e triste do
mundo. Jesus de Nazaré faz com que o mundo queira livrar-se de
sua miséria e desalento para receber uma nova esperança”.16
A reação dos metodistas à organização da nova igreja não sur-
preendeu a ninguém: eles agradeceram o trabalho de Bresee e de
Widney no Metodismo. Não estavam de acordo com esta divisão,
mas, ao mesmo tempo, não iriam opor-se à organização destes
honrados e sinceros irmãos – e assim o expressaram na Conferên-
cia Anual da California do Sul da Igreja Metodista.
O doutor Bresee só precisava registrar um crescimento rápido
de sua congregação (350 num ano, e 1500 membros e várias igrejas
em oito anos) para provar que a nova organização era realmente
necessária.
No entanto, o próprio Bresee reconhecia que o nascimento da
Igreja do Nazareno no Oeste foi um evento providencial, oportu-
no. No início, a organização não estava bem estruturada, mas logo
se estabeleceram doutrinas, regras de disciplina, práticas de adora-
ção, métodos de evangelismo.
Mas, como eram estes primeiros nazarenos? Em seguida, enu-
meramos uma série de características que sobressaíam 17:
1. O governo da igreja era verdadeiramente democrático. Ain-
da que Bresee e Widney fossem os “Superintendentes
gerais”, o trabalho e a responsabilidade eram comparti-
lhados com os administradores, tesoureiros, diaconisas e
ministros ordenados. Recolhiam-se contribuições de acor-
do a possibilidade de todos, quer fossem ricos ou pobres.
A constituição original reconhecia especificamente o di-
reito de a mulher de pregar e de ser ordenada.
2. O objetivo principal da igreja era o de pregar aos pobres a
santidade. Desde o início, todos na igreja denotavam seu
desejo de trabalhar, para que os pobres não se sentissem
como um incômodo. Passaram de um salão alugado a

59
História da Igreja do Nazareno

outro, até que, em 1896, logo construíram um humilde


templo denominado “Board Tabernacle”, situado na Rua
Los Angeles, entre as ruas Quinta e Sexta.
3. Sua disciplina dependia primeiramente do trabalho do Es-
pírito Santo. Uma vez que Bresee pregava sobre a inteira
santificação, cria que, se as pessoas eram de fato santifi-
cadas, andariam pelo “caminho estreito”. Isso lhes per-
mitiria cumprir, sem dificuldades, as regras que a
denominação estabeleceu desde o princípio, quanto à ven-
da e consumo de bebidas, doutrina, participação nos cul-
tos, vestido, comportamento, obra social e outros. No
entanto, Bresee cria que, em certos assuntos, seriam sufi-
cientes apenas conselho e exortação.
4. A doutrina do Perfeito Amor era central no credo da igre-
ja. Também se acreditava em outras doutrinas fundamen-
tais como a Trindade, a autoridade das Escrituras, a
justificação, entre outras, mas a doutrina da inteira
santificação era central.
5. Sua adoração estava saturada de uma alegre liberdade. Os
domingos eram como um dia de festa. Havia tal sensibi-
lidade espiritual que quase todos os cultos terminavam
com tempos de permanência no altar. Após os encon-
tros, compartilhavam a comida. Quando se construiu o
novo edifício, em 1903, fez-se provisão para as refeições
de domingo no porão. Orações, depoimentos, louvores a
plenos pulmões, aleluias triunfantes, améns, e exclama-
ções vitoriosas eram frequentes na Igreja do Nazareno.
Não era meramente uma ênfase emocional, senão, como
dizia Bresee, “a glória de Deus que descia”. A presença
de Deus era real.
6. Sem dúvida, a personalidade de Bresee imprimiu uma mar-
ca distintiva à denominação. Por exemplo, não se deslo-
cava para o salão atrás do templo, depois do culto, para
cumprimentar as pessoas, porque dizia que se sentia tão

60
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

envergonhado por não saber pregar, que não queria fi-


car frente a frente com as pessoas. Isso fazia com que,
durante os cultos, pessoas viessem à frente do altar,
onde podia ajudá-las nos seus problemas. Entretanto,
antes do culto, Bresee ficava disponível para dar as boas-
vindas a todos. Se quem o procurava estava vestido de
modo simples, abraçava-o e o levava ao melhor assento
do templo. Dizia “Bom dia!” a qualquer hora do dia,
pois afirmava que, para os cristãos, sempre era o nascer
do dia, porque seus olhos estavam fixos no céu. Recu-
sava a recuar, a andar para trás. Sempre levava dinheiro,
quando fazia as visitas pastorais, mas nunca regressava
com ele para casa.
Os cultos impregnados de forte carga emotiva, no tabernáculo,
foram demais para J. P. Widney, que regressou à Igreja Metodista,
em 1898. No entanto, sua separação de Bresee foi amistosa. Em
vista disto, delegados de várias igrejas votaram limitando o mandato
dos Superintendentes gerais, que era vitalício, para um ano. Widney
se foi e Bresee permaneceu como único Superintendente.
A congregação de Bresee tornava-se, a cada ano, mais e mais
igreja do que missão. A denominação ia crescendo a grandes pas-
sos. O campo de ação da Igreja do Nazareno havia crescido, já que
não somente trabalhavam com os pobres, que ainda eram o seu
foco, como também sentiram o chamado de ir aonde havia almas
afligidas pelo pecado e corações que quisessem ser salvos.
No decorrer de 1898, a Igreja havia chegado a vários lugares
de Los Angeles, Elysian Heights, Pasadena do Sul, Berkeley e
Oakland. Somente a falta de líderes estava refreando a organiza-
ção do trabalho em outros lugares.

A Igreja do Nazareno e sua projeção nacional nos Estados


Unidos
Bresee não acalentava o desejo de constituir-se fundador de
uma nova denominação. Ele havia saído da Igreja Metodista com

61
História da Igreja do Nazareno

o único propósito de pregar a santidade aos pobres. Organizara a


Igreja do Nazareno para poder cumprir este sonho, que sua anti-
ga igreja não lhe permitiu. Mas o movimento ia crescendo tanto
que logo os planos mudaram para não se fixar somente em Los
Angeles e lugares próximos, mas ir a outros Estados.

Primórdios da projeção nacional


A partir de julho de 1899, começou-se a pensar em uma Igreja
Nacional de Santidade, quando um dos pastores de Bresee decla-
rou no O Mensageiro Nazareno (The Nazarene Messenger) que
o Movimento de Santidade na América havia atingido seu ponto
mais alto sob o trabalho das igrejas populares, e que agora devia
ser feito algo para conservar os frutos de anos de trabalho. Bresee
também chegou à mesma conclusão, no mês seguinte, após regres-
sar de uma reunião estadual ao ar livre em Springfield, Illinois. Ali
ele viu que estas reuniões haviam perdido sua influência e que os
principais ministros já não colaboravam.
Depois que L. B. Kent, um antigo líder metodista de Illinois,
visitou a igreja de Bresee, escreveu no O Testemunho Cristão
(Christian Witness), que a congregação de Los Angeles bem pode-
ria ser o padrão de Deus para o futuro do movimento de santida-
de. Bresee apoiou este pensamento, quando atacou o Metodismo,
dizendo que os bispos do norte estavam dando ênfase à ideia de
que a doutrina central do wesleyanismo era o testemunho do Espí-
rito, mais do que a inteira santificação. Em 1903, Bresee declarou
que praticamente não havia um só periódico metodista que ensi-
nasse claramente e desse ênfase à segunda obra definida da graça,
pela qual se santificam inteiramente os novos convertidos. Daí em
adiante, Bresee foi um crítico ferrenho do declínio do Metodismo
e reforçou sua posição recriminatória, em especial com respeito ao
consumo de bebida alcoólica que, na ocasião, era um problema
sério em todo o país.
Foi assim que a necessidade de oferecer um refúgio para os
convertidos no movimento de santidade, juntamente com o que

62
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

Bresee considerava falta de firmeza do Metodismo com o peca-


do, influiu nele para tornar a organização da Igreja do Nazareno
numa denominação nacional. O outro fator foi o princípio de
uma nova onda de fanatismo entre as fileiras de santidade que, ao
contrário do que havia sucedido em 1800, rendeu frutos entre os
pobres das cidades.
A Assembleia Geral de Santidade, reunida na Primeira Igreja
Metodista de Chicago, em maio de 1901, ajudou a reafirmar os
fatores que apontavam para a necessidade de uma nova denomina-
ção nacional. Proeminentes líderes do movimento de santidade,
entre eles metodistas, metodistas livres, metodistas episcopais afri-
canos e um dos Irmãos Unidos, junto com importantes diretores
de publicações, presidentes de universidades e outros obreiros de
missões de santidade, deram seu apoio total aos que, em vários
lugares do país, se viram forçados a organizar igrejas independen-
tes. Este incidente foi crucial para o futuro da Igreja do Nazareno
nacional.
Um dos jovens evangelistas presentes na Assembleia de Chi-
cago foi C. W. Ruth, de Indianápolis, Indiana. Bresee o convidou a
pregar numa reunião ao ar livre familiar de Los Angeles em outu-
bro de 1901. Ruth agradou à congregação de Bresee e este o reco-
mendou na Assembleia seguinte para sua eleição como
Superintendente Geral Auxiliar.
Em janeiro de 1902, Ruth foi a Spokane, Washington, e reor-
ganizou a Missão do Povo como Igreja do Nazareno. De regresso,
passou por Berkeley, onde se comprometeu a organizar° uma
igreja em Illinois. Bresee aproveitou o talento de Ruth para orga-
nizar o trabalho da Igreja do Nazareno em lugares onde parecia
providencial fazê-lo. Em março de 1903, Ruth estava pregando a
santidade por todas as partes.
Em novembro de 1903, Bresee pôde informar à Assembleia
anual a adição de novas igrejas em Maples Mill e Pequim, Illinois;
Omaha, Nebraska; Boise, Idaho; e Salt Lake City, Utah.

63
História da Igreja do Nazareno

Crescimento na California
Durante anos, Bresee havia feito pouco esforço por estender a
obra na California do Norte. Ao final de 1904, um ano depois que
a ideia de uma igreja nacional ter sido sedimentada, Robert Pierce,
que havia se unido com seu grupo de Boise, Idaho, veio a Oakland
onde ganhou um bom número de convertidos e a igreja crescia.
Enquanto isso, P. G. Linaweaver, que se tinha unido à denomina-
ção em Chicago, aceitou a designação de Bresee para ser o pastor-
ajudante de Girvin, em Berkeley. Esta foi a ocasião propícia para
que a visão de Bresee aumentasse. Separou a California do Norte
como um “distrito missionário”, designando Linaweaver como
Superintendente, pouco antes da Assembleia Geral de 1905.
“À medida que as igrejas se organizavam por toda a costa do
Pacífico, apareceram novas escolas dominicais, novas unidades da
“Companhia E” (Sociedade de moças)” e “Irmandades” (Socie-
dade de rapazes). Uma mulher leiga, May McReynolds, organi-
zou o trabalho missionário e escolas entre os mexicanos, tanto na
cidade como no condado de Los Angeles. Leigos patrocinaram
missões entre os chineses e japoneses, e abriram caminho para a
fundação da Pacific Bible School, que deu lugar ao Pasadena
Colege.
Em maio de 1906, Jackson Deets e sua esposa, de Upland,
California, doaram 30 mil dólares para a construção de novos
edifícios para o Colégio Bíblico. Com isto, Bresee se uniu com
entusiasmo aos planos de desenvolver uma “Universidade
Nazarena” que tivesse uma Academia, um Colégio de Artes Li-
berais e um Colégio Bíblico. Deets continuou apoiando financei-
ramente, até que em junho de 1907 se fez a dedicação dos edifícios.
Assim, à medida que a igreja crescia na California, o desen-
volvimento das necessidades da comunidade nazarena ia definin-
do o padrão de vida da denominação. Bresee estava convencido
de que tudo era providencial e, em seu espírito democrático,
aceitava o que vinha, sensível à voz de Deus.

64
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

Crescimento no Noroeste
Por volta de 1900, um grupo de evangelistas independentes
começou a visitar os povoados do “Grande Noroeste”. Entre eles
estavam Isaiah H. Martin e William Lee, que se uniram a Bresee.
Em 1901, Martin e Lee ajudaram a organizar, em Spokane, a Asso-
ciação de Santidade no Estado de Washington, de onde veio a Pri-
meira Igreja do
Nazareno no Noroeste. Em janeiro de 1902, com a visita de C.
W. Ruth a esta igreja, tornou-se realidade a integração à denomina-
ção nazarena, tendo a senhora Wallace como pastora.
Em dezembro de 1904 Bresee organizou o Distrito Noroeste
(Oregon, Washington, Idaho e Montana) e nomeou H. D. Brown,
amigo recém-unido aos nazarenos, como Superintendente desse
lugar. Nesse mesmo ano, uma pequena congregação de Garfield,
próximo a Spokane, se uniu à Igreja do Nazareno. Assim, o Esta-
do de Washington tornou-se parte da obra nazarena.
Em 1905, L. B. Kent, que já era nazareno, uniu-se aos Wallace
e a outros mais num avivamento sob uma tenda, em North Yakima,
Washington. Kent animou J. B. Creighton a unir-se aos nazarenos
e a aceitar o pastorado da nova congregação nesse lugar. Organi-
zaram-se, também, grupos em Ashland e Milton, Oregon, e em
Moroe, Tipso e Plainview, Washington. Brown continuou como
Superintendente Distrital destas igrejas e como pastor em Seattle.

Chegada de Bresee ao vale do Mississippi


Os pregadores de Bresee e ele mesmo realizavam visitas fre-
quentes aos vales e colinas do centro do país. Aonde iam, estendia-
se a fama da Igreja do Nazareno. Quem dali visitasse Los Angeles,
inevitavelmente, voltava ao Meio-Oeste com a ideia de estender
até lá o movimento.
Outro dos seguidores de Bresee voltou ao Meio-Oeste com
planos de estabelecer congregações nazarenas. Assim foi com
William Allison que organizou a primeira Igreja do Nazareno no
Texas, no pequeno povoado de Schiller, em novembro de 1901.

65
História da Igreja do Nazareno

Em janeiro de 1902, J. A. Smith, ministro metodista de Pe-


quim, Illinois, decidiu unir-se à Igreja do Nazareno e organizar
uma congregação na cidade. No ano seguinte, Smith também or-
ganizou uma congregação em Maples Mills, Illinois, uma comuni-
dade rural. Mais ao oeste, J. A. Dooley e sua esposa, de Omaha,
Nebraska, decidiram unir sua Primeira Missão Igreja Pentecostal
ao movimento de Bresee em agosto de 1903.
Poucos meses mais tarde, os Doleey se transferiram para
Minneapolis, Minnesota, para abrir a que seria a primeira Igreja do
Nazareno naquele Estado.
O mais importante centro, no Meio-Oeste, era a Primeira Igre-
ja de Chicago, estabelecida em 1904. Esta congregação era uma
cópia exata da de Los Angeles em seu crescimento espontâneo
dirigido por leigos, e em sua tarefa de acender “novos fogos” em
cidades e povos próximos.
Enquanto isso, apareciam por toda parte congregações peque-
nas, em Stockton, Kewanee, Canton e Auburn, Illinois, e em
Hammond, Indiana. Bresee dirigiu a Assembleia de distrito em
Chicago em julho de 1906, animando-se a abrir, como dizia ele,
“novos centros de fogo santo” em St. Louis, Indianápolis e Des
Moines.
Ao final de 1906, Bresee designou T. H. Agnew como Supe-
rintendente do Distrito Meio-Oeste. Ele celebrou campanhas em
Harris e organizou ali uma igreja com 89 membros, em março de
1907. Foi assim que, mesmo antes da união com a Associação de
Igrejas Pentecostais da Nova Inglaterra, em outubro de 1907, a
Igreja do Nazareno se havia convertido numa denominação na-
cional.

O SURGIMENTO DA IGREJA DO NAZARENO NO


SUL
Os estragos da Guerra Civil, as lutas raciais entre brancos e
negros, a tradição doutrinária antiga, a não aceitação da doutrina
da inteira santificação, a restrição de não poder trabalhar fora da

66
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

área de outro pastor, fizeram com que a obra no Sul fosse parti-
cularmente diferente de outras regiões do país.

R. L. Harris e a Igreja Neotestamentaria de Cristo


Robert Lee Harris, um texano do Oeste, conhecido como
“evangelista vaqueiro”, voltou aos Estados Unidos em 1890, de-
pois de dirigir um trabalho independente por alguns anos em
Monrovia, África Oriental Francesa. Em novembro de 1893, a
Conferência da Igreja Metodista Episcopal do Sul, em West
Tennessee, havia resolvido não mais apoiar os evangelistas. Isto
fez com que Harris se separasse da Igreja Metodista e anunciasse o
desejo de unir-se a uma igreja neotestamentária.
Então, em 9 de julho de 1894, Harris organizou um grupo sob
o nome de Igreja Neotestamentária de Cristo. Pouco tempo de-
pois, morreu, em 26 de novembro de 1894. Mas antes de sua mor-
te publicou um panfleto intitulado “O governo e as doutrinas da
Igreja Neotestamentária”. Ele dizia que a Igreja de Cristo não era
um corpo legislativo nem executivo. Esta constituição fez com que
sua igreja se tornasse autônoma, sem ter que submeter suas deci-
sões a outro corpo eclesiástico. Ali agregou também o batismo por
aspersão, a doutrina da santificação como segunda obra de graça e
a separação de toda forma de mundanismo (diversões pecamino-
sas, extravagância no modo de vestir, uso de jóias, participação em
sociedades secretas, uso de drogas, de fumo e de bebidas
intoxicantes).
O pequeno grupo se estendeu, lentamente, de 1894 a 1901
pelo oeste de Tennesse, Arkansas, o norte de Alabama, e partes do
Texas, sob a direção de mulheres pregadoras até que, depois, a
liderança passou aos líderes homens.

Primórdios da organização denominacional


Os líderes da Igreja Neotestamentária de Cristo se opunham
sempre a mudanças que estorvassem a independência congregaci-
onal. As sessões que celebraram, sempre tendiam a manter a inde-

67
História da Igreja do Nazareno

pendência das igrejas locais. No entanto, a Igreja de Milan,


Tennessee, mantinha certa preeminência. Durante os anos seguin-
tes, uniram-se a esta Igreja pregadores metodistas, metodistas li-
vres e independentes, homens e mulheres que assumiram
pastorados em lugares distintos.
Nos concílios de 1903 e 1904 deste grupo de igrejas, William
E. Fisher e B. F. Nelly exerceram notável influência. Neste último
ano, Fisher acertou a união com a Igreja Independente da Santida-
de. E antes que se resolvesse o assunto de soberania congregacional
das Igrejas Neotestamentárias de Cristo, a união com os nazarenos
substituiu a direção por concílios pela superintendência geral.

A Associação de Santidade no Texas: Peniel


No ano 1894, E. C. DeJernett, pastor da Igreja Metodista do
Sul, em Comerse, Texas, pediu exoneração do seu cargo, para de-
dicar-se à obra evangelística. Passou a viver em Greenville, onde
comprou uma colina ao norte do povoado, para celebrar reuniões
ao ar livre. Ali se formou uma pequena comunidade, chamada
Peniel. Em poucos anos, Peniel organizou um Colégio, uma casa
de publicações especializada em literatura de santidade, um orfa-
nato e um dos maiores acampamentos da região. Esse lugar se
converteu no coração da Associação de Santidade de Texas.
Em 1898, DeJernett foi expulso da Igreja Metodista Episco-
pal. Foi quando, com C. B. Jernigan, Henry Clay Morrison e Bud
Robinson, anunciou o propósito de prover um lugar para o povo
de santidade, que estava desamparado no Sul; ou, ao menos, para
organizá-lo numa associação para mútua proteção. Assim, de-
pois de longa luta, se concretizou a Associação de Santidade de
Texas. Esta adquiriu força pela expansão rápida do colégio e da
comunidade de Peniel, bem como pela extensa influência do Texas
com a publicação de Holiness Advocate (Advogado da Santida-
de) do Texas, de Keith, que mais tarde promoveu a mudança de
seu nome para Pentecostal Advocate (Advogado Pentecostal).
Em 1907, a associação havia atingido proporções nunca imagi-

68
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

nadas. Na reunião anual estiveram presentes várias igrejas que


pertenciam ao seu grupo.

A Igreja Independente de Santidade, Pilot Point


Dentro do companheirismo da Associação de Santidade, apa-
receram congregações independentes de santidade. Foi assim que
surgiu a Igreja Independente da Santidade possibilitada pelo traba-
lho de Seth C. Rees, em Paris, Texas, em 1902. C. B. Jernigan veio
a ser o presidente do novo grupo e James B. Champan, secretário.
Os líderes desta Igreja eram em geral evangelistas jovens, mais in-
teressados no destino daqueles a quem pregavam do que nos vín-
culos com outras organizações.
Ao mesmo tempo, a organização de uma casa de recuperação,
um orfanato e uma escola tendo em vista a pequena comunidade
de Pilot Point, 95 km ao oeste, produziu um novo centro onde os
líderes da Igreja Independente da Santidade podiam realizar con-
ferências. J. P. Roberts se uniu a esta instituição em 1903. Ele estava
animado a participar neste tipo de ministério, quando escutou a
Rees pregar em Oklahoma City.
O chamado a trabalhar com os menos favorecidos foi tão for-
te na vida de Roberts que, mais adiante, fundou uma escola de
recuperação, Rest Cottage, em Pilot Point. Ali se oferecia abrigo e
atendimento médico a mães solteiras durante as horas mais difíceis
de suas vidas. Essa instituição se manteve, por longos anos, como
a única instituição de serviço social mantida pela Igreja do Nazareno.

A união de 1904 em Rising Star


Na reunião anual da Associação da Santidade do Texas, em
1903, Jernigan conversou com William E. Fisher, líder na Igreja
Neotestamentária no oeste de Texas. Os dois decidiram consumar
a união de suas organizações. Ao mesmo tempo, em 1904, a Igreja
Independente da Santidade, de Blossom, também se uniu ao gru-
po. Dessa união resultou o Concílio Ocidental da Igreja Neotesta-
mentária de Cristo, que haveria de reunir-se em Rising Star, Texas.

69
História da Igreja do Nazareno

Sem dúvida, o fator principal na transição de um congregacio-


nalismo intenso para a eventual aceitação da superintendência foi o
papel mediador do líder leigo e membro fundador, R. B. Mitchum.
Praticamente cada ministro da Igreja Neotestamentária de Cristo se
sentia devedor a Mitchum, em vista da sua hospitalidade. Sobre os
ombros deste homem teria de cair a maior responsabilidade das de-
cisões a respeito da união, primeiro em Rising Star, e depois com a
Igreja Pentecostal do Nazareno em Pilot Point.
Posteriormente se designou um comitê unido para redigir um
Manual e uma declaração de doutrina que servisse de base para a
união. O relatório do comitê, ratificado no ano seguinte (1905) em
Pilot Point, proveu um nome que combinasse os grupos originais
na Igreja de Cristo da Santidade.

A Igreja de Cristo da Santidade (1905-1908)


Uma vez estabelecida a Igreja de Cristo da Santidade pela fu-
são de algumas organizações, a tarefa mais importante que desen-
volveu foi preparar a educação de ministros e obreiros de casas de
recuperação.
Em 1906, a denominação estava sustentando três escolas
bíblicas, situadas em Buffalo Gap, Texas; em Vilonia, Arkansas; e
em Pilot Point. Muitos pastores e evangelistas que depois foram
preeminentes na Igreja do Nazareno, incluindo Lewis, D. Shelby
Corlett e J. E. Moore, receberam sua preparação inicial em Vilonia.
Tanto o jornal Holiness Evangel, cujo redator foi Jernigan,
como as escolas, foram projetadas para sustentar a qualidade de
evangelismo que a Igreja de Cristo da Santidade insistiu em reali-
zar durante os três anos de sua história: trabalho de recuperação
no país e missões autossustentadas no estrangeiro.
A preocupação com respeito ao trabalho de recuperação e de
missões chegou a tal intensidade, no ano 1907, que parecia acabar
com a capacidade do movimento de cumprir seu propósito origi-
nal de estabelecer congregações de santidade. Por isso, entre 1905
e a união com os nazarenos em 1908, a Igreja de Cristo da Santida-

70
O surgimento da Igreja do Nazareno nos Estados Unidos

de só agregou 15 novas congregações às 75 que havia informado


no ano anterior.
No leste do Tennessee funcionava a Missão Pentecostal de
McClurkan. A expansão do movimento da Igreja de Cristo da San-
tidade nesta nova região não só aumentou os contatos com esta
missão, como também avivou o desejo de união entre as igrejas de
santidade no Sul.

A Missão Pentecostal no Tennesee (1898-1915)


Para entender um pouco melhor o movimento que uniria o
povo de santidade no sul dos Estados Unidos, é necessário re-
montar ao trabalho de J. O. McClurkan em Nashville. Ele proveu
refúgio e campo de ação para os que, dentre várias denominações,
aceitaram a santidade. A união da Missão Pentecostal de McClurkan
com a Igreja do Nazareno só aconteceu em 1914.
A Missão Pentecostal havia estado, desde o princípio, em con-
tato com os líderes dos movimentos de santidade no Tennesee,
Arkansas e Texas, os quais finalmente se uniram à Igreja do
Nazareno. Em 1907, McClurkan já manifestara o desejo de unir-se
a Bresee, dizendo que sua igreja era a que estava mais próxima do
seu ideal. No entanto, a união teria de esperar um pouco, até mais
adiante por causa das diferenças doutrinárias e organizacionais
sustentadas por McClurkan.
Em 1910, vários seguidores de McClurkan decidiram, por conta
própria, fazer os primeiros contatos com os nazarenos. McClurkan
conseguiu manter-se à frente da Missão Pentecostal, dizendo que
os outros poderiam ir para a Igreja do Nazareno, mas ele não iria.
Entretanto, em 1914, estando McClurklan enfermo e com proble-
mas financeiros em sua missão, iniciou-se a união inevitável com
os nazarenos, concretizada em 15 de abril de 1915.

71
História da Igreja do Nazareno

RESPONSABILIDADE DO ALUNO: UNIDADE II


1. Responda:
• Qual o papel das Associações na disseminação da dou-
trina da Santidade?
• Como você caracteriza essas duas grandes figuras do
Movimento de Santidade: H. F. Reynolds e Dr. Phineas
Bresee?
2. Faça um resumo sobre o surgimento da Igreja do Nazareno
no Leste, no oeste e no sul dos Estados Unidos.

10
Ibíd., p. 67.
11
Ibíd., p. 87.
12
Ibíd., p. 89.
13
Ibíd., p. 108.
14
Ibíd,. p. 110.
15
Ibíd., p. 114.
16
Ibíd., pp. 127-128.
17
Ibíd., pp. 130-140.

72
UNIDADE

III

A Igreja do Nazareno: Seu


processo de união e
consolidação
denominacional
Como vimos, durante o século XIX, Deus estava promoven-
do o acordo entre vários grupos, em diversas partes dos Estados
Unidos, a respeito da necessidade de viver uma vida de santida-
de. Cada um se desenvolvera independentemente, mas, através
dos primeiros anos do novo século, se encontrariam e juntariam
forças para formar a Igreja do Nazareno.

PROCESSO INICIAL PARA A UNIÃO DO LESTE


COM O OESTE (1906-1907): EM DIREÇÃO A UM
COMPANHEIRISMO NACIONAL
A Associação de Igrejas Pentecostais de América, a Igreja do
Nazareno e a Igreja de Cristo da Santidade chegaram a associar-se,
graças a C. W. Ruth, que funcionava como Superintendente Geral
assistente de Bresee, na Igreja do Nazareno, e que havia estabeleci-
do amplas amizades em todo o movimento wesleyano de santida-
de. Delegados da Associação de Igrejas Pentecostais da América e
da Igreja do Nazareno sancionaram uma Assembleia Geral em
Chicago, de 10 a 17 de outubro de 1907.
Os grupos que se estavam unindo, entraram em acordo so-
bre um tipo de governo da igreja que equilibrasse a necessidade
73
História da Igreja do Nazareno

de uma superintendência com a independência das congrega-


ções locais. Os Superintendentes deveriam focalizar e dar aten-
dimento às igrejas já estabelecidas, organizar e estimular a
organização de igrejas em todo lugar, mas sua autoridade não
deveria interferir nas ações independentes de uma igreja plena-
mente organizada. Ademais, a Assembleia Geral adotou um nome
para o corpo unido, formado de ambas as organizações: A Igreja
Pentecostal do Nazareno. Phineas F. Bresee e Hiram F. Reynolds
foram eleitos Superintendentes Gerais. Nas sessões da
Assembleia estivera presente uma delegação de observadores
da Igreja de Cristo da Santidade.
Durante o ano seguinte ocorreram outras duas adesões. Em
abril de 1908, P. F. Bresee organizou uma congregação da Igreja
Pentecostal do Nazareno em Peniel, Texas. Alguns dos membros
dessa igreja eram dirigentes principais da Associação de Santida-
de de Texas, o que preparou o caminho para que outros membros
se unissem. Em setembro, a Conferência da Pensilvânia da Igreja
Cristã da Santidade, após receber permissão de sua Conferência
Geral, decidiu dissolver-se e, sob a direção de H. G. Trumbaur,
uniu-se à Igreja Pentecostal do Nazareno.
Bresee e Reynolds verificaram, no entanto, que seu desafio maior
estava na extensão do movimento para o Sul. De fato, este tinha
sido seu objetivo primário, desde que se deram conta de que o
Leste e o Oeste teriam de unir-se. Mas logo teria de vislumbrar este
fato glorioso, quando a Igreja do Nazareno se converteria num
povo do norte, sul, este e oeste.

SIGNIFICADO DE PILOT POINT


O convite ao evento de União em Pilot Point declarava as-
sim: “Estão convidados a presenciar o casamento da Igreja
Pentecostal do Nazareno e da Igreja de Cristo da Santidade. A
união terá lugar em Pilot Point, Texas, de 8 a 14 de outubro. Estas
duas igrejas de santidade vão consumar sua união na presença de
uma grande Assembleia de homens e anjos. O Pai, o Filho e o

74
A Igreja do Nazareno: Seu processo de união e consolidação denominacional

Espírito abençoarão esta união” (Artigo publicado na revista


Holiness Evangel18).
A mencionada Assembleia, que na mente de muitos era o
quinquagésimo aniversário de nascimento da Igreja, fez-se numa
grande tenda com mil pessoas presentes. Consideraram-no assim,
porque várias congregações individuais, em todas as partes do país,
haviam celebrado recentemente seus 50 anos de trabalho. O “casa-
mento” aconteceu às 10h30, terça-feira, 13 de outubro de 1908.
Ao terminar a cerimônia, todos saíram e realizaram uma marcha
extraordinária, cantando hinos com grande fervor. E. P. Ellyson,
que havia propagado ativamente a união das forças locais e nacio-
nais, foi eleito Superintendente Geral para o Sul. Daí o motivo de
se dizer que Pilot Point significou o estabelecimento da Igreja do
Nazareno a nível nacional.
A Assembleia Geral da Igreja Pentecostal do Nazareno
Pentecostal se reuniu em sessão combinada com o Concílio Ge-
ral da Igreja de Cristo da Santidade. A união aconteceu na terça-
feira, 13 de outubro, pela manhã, quando o R. B. Mitchum propôs
e C. W. Ruth secundou esta moção: “Que a união das duas igrejas
seja consumada agora”. Variados oradores falaram a favor da mo-
ção. Phineas Bresee havia tentado concretizar esse propósito por
muito tempo. Em meio a um grande entusiasmo, a Assembleia,
pondo-se de pé, aprovou a união por unanimidade. Havia nasci-
do a Igreja do Pentecostal do Nazareno.
Neste ponto, cabe mencionar que, na Assembleia Geral de
1919, a denominação mudaria de nome, atendendo à petição de
35 assembleias distritais. É assim que, daí em adiante, o nome
oficial seria “Igreja do Nazareno”, devido ao novo significado
que se dava à palavra “pentecostal”, a partir de então.
Muitos veteranos que assistiram à Assembleia de Pilot Point
recordam que, após o anúncio do voto unânime para a unificação,
um texano, caminhando de um lado a outro da plataforma, dizia:
“Não abracei um ianque desde antes da Guerra Civil, mas agora
vou abraçá-lo”. O abraço de William Howard Hoople do Brooklyn

75
História da Igreja do Nazareno

com um texano, perto do púlpito, iniciou a celebração. O fosso


entre o Norte e o Sul havia se fechado para sempre.19 Ademais,
diz-se que Pilot Point é significativo, porque nesse lugar se deu a
afirmação da unidade da igreja no essencial e a decisão de manter
sua liberdade sobre os demais assuntos secundários.
Estabeleceu-se um equilíbrio entre os perfeccionistas e os pu-
ritanos, entre a lei e a liberdade, que tem caracterizado a Igreja do
Nazareno desde aquele dia.

OUTROS ESFORÇOS DE UNIÃO (1908-1915):


ÊXITOS E FRACASSOS
Os anos que viriam depois desta grande união, caracterizaram
pelo crescimento, novas adições e sucesso, por um lado; mas, por
outro lado, também por fracassos no desejo de um maior desen-
volvimento.
Surgiriam novos grupos interessados em unir-se, mas também
surgiriam diferenças dentro da Igreja Pentecostal do Nazareno
que fariam com que a denominação, em certas ocasiões, ficasse
contida na sua projeção nacional.
Em 1898, o reverendo J. O. McClurkan encabeçou a formação
da Aliança Pentecostal, em Nashville, à qual se associaram crentes
de santidade do Tennessee e de outros Estados vizinhos. Este cor-
po se destacava por grande espírito missionário, e enviara missio-
nários a Cuba, Guatemala, México e Índia. Seu fundador morreu
em 1914. No ano seguinte, seu grupo, que era conhecido como a
Missão Pentecostal, uniu-se à Igreja Pentecosta do Nazareno.
Em Kansas e Oklahoma, C. B. Jernigan, recentemente desig-
nado como Superintendente Distrital, havia estabelecido contato
com a Igreja Apostólica de Santidade em Hutchinson, Kansas. Em
outubro de 1909, Jernigan recebeu a congregação de Hutchinson,
com sua propriedade e escola, dentro da Igreja Pentecostal do
Nazareno Outras igrejas se uniram, também. Assim, antes que
Jernigan terminasse seu segundo ano, Kansas tinha suficientes Igre-
jas do Nazareno para organizar-se num distrito à parte.

76
A Igreja do Nazareno: Seu processo de união e consolidação denominacional

Por outro lado, Jernigan teve sucesso também em Oklahoma.


Conseguiu várias adições de congregações e instituições (escolas,
casas de recuperação, orfanatos). Fundou a Universidade de Santi-
dade, em Oklahoma. Por ocasião da Assembleia Geral em 1911, o
distrito de Oklahoma relatou a existência de 63 igrejas. A Universi-
dade de Bethany se converteu no centro nazareno para todo o
sudoeste.
O entusiasmo de Jernigan inspirou outros Superintendentes
de distrito em outras partes do país. No distrito noroeste, por exem-
plo, H. D. Brown informou sete novas igrejas na Assembleia de
1908. Só para a Assembleia de 1914, no distrito do noroeste, o
novo Superintendente DeLance Wallace informou sete novas igre-
jas. Logo estaria pronto para entrar na parte sul de seu território
com outro distrito chamado Idaho-Oregon em 1915.
A Igreja Pentecostal do Nazareno, no período, havia dobrado
sua membresia e quase triplicado a matrícula na escola dominical.
Mas nem tudo foi sucesso. Para a conferência anual de 1908 da
Igreja Cristã da Santidade, W. G. Trumbauer havia conseguido que
um grande número de suas igrejas aprovasse a união com os
nazarenos. No entanto, o grupo de Indiana decidiu não participar
dessa união. Por outro lado, Bresee recusou organizar uma igreja
em Denver, Colorado, porque havia situações inconvenientes com
a Associação de Santidade no Estado.
Em 6 de janeiro de 1912, William H. Lee, de Colorado Springs
e seus pregadores, escreveram, de surpresa, a Bresee, dizendo que
haviam decidido separar-se da denominação, alegando que a for-
ma congregacional da Igreja do Nazareno não se enquadrava com
o trabalho pioneiro e agressivo que eles desenvolviam. Só um pe-
queno grupo desse lugar permaneceu leal aos nazarenos. Em
consequência, esta divisão fez com que a Missão Pentecostal não
se unisse. Também não se conseguiu a união de numerosos gru-
pos de Louisiana e Mississippi, nem da congregação de McClurkan,
em Nashville. Esta última não se uniu à Igreja do Nazareno, senão
até depois da morte de McClurkan, em 1914.

77
História da Igreja do Nazareno

De fato, durante os 20 anos seguintes à Assembleia de 1911,


a Igreja do Nazareno só conseguiu duas uniões importantes: a
Igreja Pentecostal da Escócia e a Associação de Leigos da Santi-
dade, em North Dakota. Também não aumentou a membresia da
denominação mais do que três por cento. Mesmo assim, a ex-
pansão veio do trabalho de evangelismo, antes da anexação de
outros grupos.

O MEIO-OESTE: CENTRO ESTRATÉGICO DA


IGREJA DO NAZARENO
Bem mais significativo do que qualquer união que tenha ocor-
rido, em 1908, foi o rápido crescimento da Igreja do Nazareno nos
Estados do Vale de Mississippi (Ohio, Kentucky, Indiana, Illinois,
Michigan, Missouri e Iowa). Junto com os Estados de Nebraska,
Kansas e Oklahoma, em 1920 somavam mais de 40% do total da
membresia nazarena, quase a metade do valor das propriedades da
Igreja e quatro das universidades denominacionais. Os escritórios
gerais situavam-se em Kansas City, onde, em 1911, ainda não exis-
tia Igreja. A que se deveu o crescimento da Igreja do Nazareno no
Meio-Oeste? A seguir enumeramos algumas razões:
1. As Igrejas Metodistas nesse setor eram fortes e se opu-
nham a qualquer nova denominação. Isso fazia com que
os pregadores que se sobressaíam, mostrassem seu des-
contentamento com tais igrejas. Esta situação foi cres-
cendo cada vez mais.
2. Nos anos posteriores a 1910, levantou-se uma controvér-
sia entre o “fundamentalismo” e o “modernismo” entre
os metodistas e em outras igrejas. Isso causou divisão
entre a América rural e a urbana, e também dividiu os
que procuravam novos horizontes daqueles que queriam
permanecer em sua “fé antiga”.
3. Os metodistas tinham declinado em sua ênfase na doutri-
na da santidade, coisa que os nazarenos intensificavam e
ganhavam adeptos.

78
A Igreja do Nazareno: Seu processo de união e consolidação denominacional

4. A abertura da Igreja do Nazareno a qualquer organização


de santidade cooperou para a união e o crescimento.
5. Em Indianápolis, os nazarenos tinham herdado a Liga de
Jovens de Santidade, uma organização que, em anos re-
centes, havia visto o comparecimento de até 3000 pesso-
as nos altares.
6. Enquanto a Igreja penetrava em novos lugares, a capaci-
dade de organizar-se em distritos cooperou para que se
multiplicasse o crescimento.
Ainda que a denominação Igreja do Nazareno não tenha se
originado de separação e sim da união de pessoas que já estavam
fora das igrejas estabelecidas, não há dúvida de que seu crescimen-
to no Meio-Oeste esteja relacionado estreitamente ao desconten-
tamento que havia dentro do rebanho metodista. Assim, em última
instância, o lugar onde a denominação nazarena começou, veio a
ser o centro de sua principal força20.

IGREJA PENTECOSTAL DA ESCÓCIA


Em 1906 Jorge Sharpe, da Igreja Congregação de Parkhead,
Glasgow, foi expulso de seu púlpito por pregar a doutrina wesleyana
de santidade cristã. Os oitenta membros que saíram com ele, ime-
diatamente formaram a Igreja Pentecostal de Parkhead. Outras
congregações foram organizadas e, em 1909, formou-se a Igreja
Pentecostal da Escócia. Esse corpo se uniu à Igreja Pentecostal
do Nazareno em novembro de 1915.
Para que esta união se efetivasse, a Junta Geral de Missões
Estrangeiras enviou o Superintendente Geral Edward F. Walker
à Escócia, na primavera de 1914. A presença e pregação de Walker
nesse lugar demonstraram que foi acertada a decisão de enviá-lo, já
que ajudou a estimular a união. Com a chegada de Reynolds tam-
bém se concretizou a união da Igreja Pentecostal da Escócia à Igreja
do Nazareno. Esta adição trouxe à Igreja do Nazareno algo mais
do que oito igrejas, seus membros e uma boa propriedade. Mas,

79
História da Igreja do Nazareno

acima de tudo, com esta união se concebeu a missão de um grupo


internacional de santidade.

A CONSOLIDAÇÃO DA UNIÃO
No breve espaço de sete anos verificaram-se as uniões entre
os oito grupos que finalmente constituíram a Igreja do Nazareno.
O modo como se deram esses acontecimentos trouxe consigo a
urgente necessidade de conseguir uma boa organização que con-
solidasse a união. Era, pois, o momento para estabelecer bases
legais e administrativas bem elaboradas.

A Superintendência Geral
As habilidades de Bresee como líder e de Hiram Reynolds como
organizador fizeram com que as adesões à Igreja do Nazareno fos-
sem permanentes. No entanto, já nos anos posteriores às uniões,
Bresee estava enfermo e Reynolds ainda contava com muita ener-
gia. Dentro desse cenário, o outro Superintendente Geral, E. P.
Ellyson, renunciou a seu cargo para aceitar a direção da nova Uni-
versidade Nazarena em Pasadena, California.
Na Assembleia Geral de Nashville em 1911, E. F. Walker
propõe que o governo da Igreja do Nazareno seja sob o sistema
de superintendência em lugar do episcopal. A declaração, que se
aprovou, afirmava assim:
Nosso sistema de superintendência não supõe vigilân-
cia episcopal. Lamentamos e recusamos sancionar qual-
quer inclinação para isso. Nossos pastores são os
supervisores de seus cargos. Nossos Superintendentes
têm por responsabilidade eminente a supervisão de
congregações sem pastores, a obra de evangelismo, e a
organização e promoção de igrejas locais onde provi-
dencialmente se apresente um chamado e uma oportu-
nidade.21
Seis dias depois, os delegados à Assembleia elegeram Walker
como Superintendente Geral, e reelegeram a Bresee e Reynolds.

80
A Igreja do Nazareno: Seu processo de união e consolidação denominacional

Nos quatro anos seguintes, a direção da Igreja recaiu, quase por


inteiro, sobre os ombros de Hiram Reynolds.
No entanto, começou a surgir um descontentamento com os
“superintendentes gerais,” receando que pudessem tornar-se tira-
nos eclesiásticos. Foi então que I. G. Martin, na Assembleia Ge-
ral de 1915, sugeriu que a denominação se dividisse em quatro
grandes seções, cada uma das quais elegeria seu próprio Superin-
tendente Geral, a cada dois anos.
Enquanto isso, Bresee, em Los Angeles, prestes a ir encontrar-
se com o Senhor, olhava tudo isto com preocupação. De qualquer
jeito, assistiu à Assembleia Geral de Kansas City, em 1915, para
ler o primeiro relatório quadrienal dos Superintendentes Gerais.
Ali, Bresee advogou pela unidade da denominação.
A Assembleia aprovou a nomeação de quatro Superintenden-
tes Gerais, que morariam em diferentes regiões do país, e um deles
se encarregaria de supervisionar a obra no estrangeiro. Essa res-
ponsabilidade recaiu sobre Reynolds. Os quatro Superintendentes
Gerais nomeados nessa ocasião foram: Bresee, Reynolds, Walker e
Ellyson. Este último renunciou e, em seu lugar, elegeram a W. C.
Wilson. Bresee morreu em 13 de novembro de 1915, apenas 35
dias após a Assembleia Geral, e Wilson, cinco semanas mais tar-
de. Os Superintendentes distritais escolheram a John W. Goodwin
e A R. T. Williams para preencherem os postos vagos. Este últi-
mo era o mais jovem, com apenas 32 anos de idade.
Passaram-se 10 anos, antes que os novos Superintendentes
Gerais pudessem exercer a qualidade de autoridade que a denomi-
nação exigia, mas haviam começado bem.

As missões no estrangeiro
A Igreja do Nazareno teve dimensões internacionais desde
seu nascimento. Já na Assembleia de união em 1908, os nazarenos
estavam servindo e dando testemunho não só nos Estados Uni-
dos, como também no México, na Guatemala, nas ilhas de Cabo
Verde, Índia, Japão e África do Sul, países aos quais já haviam

81
História da Igreja do Nazareno

sido enviados missionários dos grupos do Movimento de Santi-


dade — como testemunho vivo do impacto do movimento missi-
onário do século XIX, nos grupos religiosos que formaram o
que agora é a Igreja do Nazareno.
A Associação de Igrejas Pentecostais de América iniciou a
expansão a novas áreas do mundo, começando na Ásia em 1898.
A Missão Pentecostal estava trabalhando na América Central, no
ano 1900; no Caribe, em 1902, e na América do Sul, em 1909. Na
África, os nazarenos, que estavam ativos ali, em 1907, foram re-
conhecidos mais tarde como missionários denominacionais.
Um leigo de Los Angeles, Leslie F. Gay, e o Superintendente
Geral H. F. Reynolds foram os que mais contribuíram para o esta-
belecimento de um programa central controlado para o sustento e
a administração das missões no estrangeiro. Estruturou-se muito
bem o Departamento Geral de Missões, com escritórios centrais
em Chicago, onde Gay foi nomeado como tesoureiro e Reynolds
como secretário-executivo, facultando aos Superintendentes Ge-
rais trabalharem nos Departamentos, no intervalo entre reuniões
ordinárias.
A Assembleia Geral de 1911 sancionou a administração cen-
tral da obra estrangeira, e estabeleceu um sistema de representação
na Junta Geral de seis “divisões missionárias”.

A Igreja, sua filosofia de vida e sua prática educativa


Quais foram e são ainda algumas características da filosofia de
vida e trabalho da Igreja do Nazareno?

Evangelismo
O impulso evangelístico foi exemplificado nas vidas de H. F.
Schmelzenbach, L. S. Trace, Esther Carvão Piscam, Samuel
Krikorian, e outros cujos nomes simbolizam esta dimensão do
ministério. Nossas igrejas e distritos continuam refletindo ao re-
dor do mundo, o caráter de avivamento e evangelismo.

82
A Igreja do Nazareno: Seu processo de união e consolidação denominacional

Compaixão
As raízes internacionais do ministério de compaixão nazareno
fundamentam-se no apoio dado, nos primeiros anos, para mitigar
a fome, bem como no trabalho de orfanatos na Índia. Esse traba-
lho recebeu grande impulso da União Nazarena Médica Missionária,
organizada no início da década de 1920, para edificar o Hospital
Memorial Bresee, em Tamingfú, China. Na Suazilândia, África,
desenvolveu-se um extenso trabalho médico e outros ministérios
de compaixão tomaram forma ao redor do mundo.

Educação
A educação é um aspecto do ministério mundial, exemplificado
nos primeiros anos da Igreja pela Escola “Hope” para Meninas,
fundada em Calcutá, pela senhora Sukhoda Banarji, em 1905, e
adotada no ano seguinte pela Igreja do Nazareno. Fora dos Esta-
dos Unidos e Canadá, os nazarenos estabeleceram escolas de edu-
cação primária e de preparação de ministros. Nos Estados Unidos,
seis universidades de Artes Liberais foram fundadas as quais estão
prosperando até hoje. Muitos filhos de nazarenos se formaram
nestes centros de educação, que têm contribuído para prover a
formação profissional num ambiente nazareno.
Desde 1908, quando se incorporaram à denominação o Insti-
tuto Bíblico em Pilot Point, a Universidade de Santidade e o Colé-
gio de Arkansas da Santidade, em Vilonia, percebeu-se o impulso
que a Igreja do Nazareno daria à educação. Para esse fim, já existia
também o Deets Pacific Bible College e o Pentecostal Collegiate
Institute. Os anos seguintes viram acontecer uma série de funda-
ções e adesões de instituições educativas por todos os lados. Des-
de o início, a Assembleia Geral formou a Junta Geral de Educação,
com autoridade para administrar propriedades e supervisionar o
trabalho de todas as escolas.
Hoje contamos com seminários de pós-graduação nas Filipi-
nas, Costa Rica, Estados Unidos e Grã-Bretanha; instituições de
Artes Liberais na África, Coréia e nos Estados Unidos; um colégio

83
História da Igreja do Nazareno

universitário no Japão; duas escolas de enfermagem na Índia e


Papua Nova Guiné; mais de 40 instituições bíblico-teológicas em
todo mundo. A igreja prosperou conforme foram se desenvol-
vendo estes componentes da sua missão. Em 2001, a Igreja do
Nazareno tinha uma membresia internacional de 1.390.306, distri-
buída em mais de 12.600 congregações. Na atualidade (finais de
2009), a Igreja está trabalhando em 155 áreas do mundo; conta
com 1.9 milhões de membros; registra 22.807 igrejas e congrega-
ções; possui 57 colégios, universidades e seminários e mais de
450 distritos.

O Ministério editorial denominacional


Desde os primórdios do movimento de Santidade, pode-se
notar a importância da literatura. Na realidade, muito da propaga-
ção do Movimento de Santidade foi por meio das revistas
publicadas. Desde então, a Igreja do Nazareno investiu na produ-
ção de boa literatura para a educação cristã e em muitas outras
publicações, em diversos idiomas dos povos do mundo.
A Assembleia Geral de 1911 propôs que se elegesse uma
Junta de Publicações com poderes para estabelecer e administrar
uma Editora Geral que provesse literatura para escola dominical
a toda a denominação. Os delegados aprovaram e elegeram como
membros desta Junta a Hill T. McConnell, L. D. Peavey e C. J.
Kinne, associados, respectivamente, com as publicações de Peniel
(Pentecostal Advocate), Providence (Beulah Christian) e Los
Angeles (Nazarene Messenger). A Junta, nessa mesma ocasião, se
organizou e nomeou como presidente da referida editora B. F.
Haynes, e secretário, a McConnell. A sede desta editora estaria lo-
calizada em Kansas City. Nomearam C. J. Kinne como gerente e a
mesma passou a chamar-se Casa Nazarena de Publicações a qual
cresceu rapidamente com a fusão dos jornais já citados e de outras
publicações que circulavam. Em 1 de abril de 1912, decidiu-se a
publicação de uma nova revista intitulada O Arauto da Santidade

84
A Igreja do Nazareno: Seu processo de união e consolidação denominacional

(Herald of Holiness). Nomearam como seu diretor B. F. Haynes


e, subdiretor, C. A. McConnell.
Atualmente, a atividade editorial a que estamos fazendo alu-
são, é Casa Nazarena de Publicações. (A que publica em inglês se
localiza em Kansas City, Estados Unidos, enquanto, para a língua
espanhola, em Pilar, Argentina; e a de português se encontra na
cidade de Campinas, Brasil.)
Como resultado do desenvolvimento histórico registrado nas
páginas anteriores, hoje a denominação está trabalhando para pas-
sar de uma “presença internacional” a uma “comunidade interna-
cional” de fé. O reconhecimento desse fato levou a Assembleia
Geral de 1976 a autorizar a criação de uma Comissão de
Internacionalização, cujo relatório à Assembleia Geral de 1980
levou à criação de um sistema de áreas de regiões mundiais.
O número e os limites das regiões mundiais originais muda-
ram, desde então. As que temos no presente são: a Região de Áfri-
ca, a Região de Ásia–Pacífico, a Região do Canadá, a Região do
Caribe, a Região da Eurásia, a Região do México–América Cen-
tral, a Região da América do Sul, e oito regiões nos Estados
Unidos.

85
História da Igreja do Nazareno

RESPONSABILIDADE DO ALUNO: UNIDADE III


1. Responda:
• Como aconteceu o processo inicial para a união do
Leste com o Oeste (1906-1907).
• Quais foram os primeiros dois superintendentes ge-
rais e qual a influência deles no desenvolvimento da
Igreja?
2. Analise e descreva o papel da educação e da literatura para
o crescimento da Igreja do Nazareno.

18
Revista Holiness evangel. Artigo escrito por C. B. Jernigan. Septiembre 30, 1908; citado en Handbook of Historical
documents of the Church of the Nazarene, por Dr. Mendel Taylor (Material Inédito).
19
Smith. Op. Cit., p. 257.
20
Ibíd., pp. 274-275.
21
Ibíd., p. 286.

86
UNIDADE

IV

A Igreja do Nazareno: A
alternância de gerações,
desafios e respostas
Recordemos como a Igreja do Nazareno se consolidou nos
primeiros anos de sua vida. Que desafios teve que responder? O
que aconteceria após a morte dos líderes fundadores? Como se vê
a denominação hoje?

A CRISE DA MUDANÇA NA LIDERANÇA


PIONEIRA
Dois meses após a Assembleia de 1915 faleceram dois dos
Superintendentes Gerais fundadores, Dr. Bresee e W. C. Wilson.
Dois dos irmãos pioneiros estavam envolvidos em suas tarefas. E.
F. Walker se ocupava na formação da Universidade Nazarena de
Olivet e Hyram Reynolds estava muito ocupado com as missões. A
Igreja do Nazareno teve que entrar na etapa de consolidação de
geração. Surgiram, pela graça de Deus, novos líderes, mas enfren-
taram diferentes crises nesta transição de liderança pioneira.

Liberdade contra unidade


A morte do Dr. Bresee coincidiu com a aparição de um pro-
blema sério, criado entre os que consideravam que a esperança dos
nazarenos estava em continuar edificando uma denominação for-
te, com uma superintendência sólida, e um grupo de indivíduos de

87
História da Igreja do Nazareno

tendências independentes que professavam grande zelo pela “li-


berdade espiritual”.
A organização nazarena começou a desintegrar-se no sul da
California e isto se propagou a outras regiões. As razões para que
se aprofundasse este problema, segundo Smith, foram22:
1. As responsabilidades dos Superintendentes Gerais não
estavam bem claras.
2. Também não estavam claras as responsabilidades das jun-
tas gerais de publicações, missões domésticas, missões
estrangeiras e educação.
3. Por um lado trabalhavam os Superintendentes e, por ou-
tro lado, as juntas gerais. Os primeiros tinham autoridade
individual; as segundas respondiam diretamente à As-
sembleia Geral.
4. Permitiu-se o surgimento de líderes com atitudes positi-
vas (R. T. Williams e H. Orton Wiley); mas também, de
outros com atitudes independentes (Seth C. Rees).
5. Houve divergências quanto a assuntos doutrinários, tais
como: a posição pré-milenista contra a pós-milenista; a
fé como único requisito para a santificação, enquanto
outros opinavam que tinham que “morrer”.
6. Certo grupo, cada vez mais crescente, seguidores de Rees,
dizia que viviam a “liberdade do Espírito”, porque nos
cultos se evidenciavam experiências de tal intensidade de
contrição, que clamavam, choravam e até se prostravam
no chão. No começo, Wiley participou de tal avivamento,
mas depois se distanciou de Rees, ainda que não saiba-
mos bem as razões desta separação.

O caso Rees
Esta crise se apresentou no inverno de 1916 para 1917. Com
as diferenças que já haviam acontecido como antecedentes, o as-
sunto se tornou crítico, quando Rees, com seu aliado John
Matthews, afirmou que possuíam informação confidencial sobre

88
A Igreja do Nazareno: A alternância de gerações, desafios e respostas

“acomodações espirituais” nos escritórios gerais da Igreja. Isto


disse, porque, tanto em algumas universidades como na Casa
Nazarena de Publicações, estavam dando emprego a docentes e
pessoas que não acreditavam na santidade, permitindo espaço
para os sindicatos.
Tudo isto levou Rees, com a congregação da Igreja “University”,
em Pasadena, a mudar-se para outro local. O Superintendente
Distrital Howard Eckel desautorizou a organização dessa igreja e o
Superintendente Geral E. F. Walker respaldou tal ação. Imediata-
mente, Rees enviou uma carta aberta a todos os nazarenos do país,
mencionando tal caso. Os jornais do sul da California também
contaram os detalhes de tal situação e a luta se tornou renhida,
disputando-se inclusive os bancos e o mobiliário da capela.
A partir de então, Eckel e outros classificaram Rees como “re-
belde e desordenado”. Este, no entanto, lançou uma revista pró-
pria intitulada O peregrino. Já então se dizia que esta controvérsia
ameaçava dividir a igreja em duas, de um extremo a outro. Vários
pastores em diferentes lugares apoiaram a ideia de Rees de sair da
denominação. Somente a revogação da decisão de Eckel e Walker
faria com que eles permanecessem. Ainda que, por pressão dos
outros três Superintendentes Gerais (Reynolds, Goodwin e
Williams), Walker tivesse que publicamente retirar sua decisão de
ter apoiado a Eckel, todavia Rees muito antes já havia decidido
encabeçar um novo movimento. Foi assim que se originou a Igreja
Pentecostal Peregrina. Devido a este fato, a partir de 1917, a tarefa
dos Superintendentes Gerais foi a de prevenir mais desordens.

H. Orthon Wiley e o Colégio Nazareno do Noroeste


Wiley nasceu numa humilde choupana em Nebraska, em 15
de novembro de 1877. Sua família mudou-se primeiro para a
California e depois para o Oregon. Uniu-se à Igreja do Nazareno
em Berkeley, da qual foi pastor, servindo ali de 1905 a 1909. Em
1910, aceitou o convite para dirigir o Colégio de Pasadena. Re-
nunciou ao posto, em março de 1916. E o conselho de adminis-

89
História da Igreja do Nazareno

tração do recém fundado centro de treinamento em Nampa,


elegeu-o como diretor.
Quando Wiley chegou para viver em Nampa, em maio de
1917, apoiou a posição espiritual e legal de Rees, mas conservou
inviolável sua lealdade à Igreja do Nazareno. No entanto, pelas
situações vividas por Rees e desconhecidas por outros, Wiley
decidiu manter sua lealdade à denominação. Contudo, o próprio
Wiley foi quem lutou para que sua escola e as outras instituições
educativas nazarenas estivessem sob o controle da Junta Geral
de Educação.
Desde o dia em que Wiley chegou a Nampa, declarou seu pro-
pósito de converter o Colégio do Noroeste ** numa escola
“missionária”. Dali saíram missionários para o Peru, África e Chi-
na. Por outro lado, Wiley também defendeu que a obra missionária
fosse acompanhada por assistência médica e social. Dessa manei-
ra, manteve-se a herança da santidade dos primeiros nazarenos, de
servir aos menos favorecidos, com a afirmação de uma ortodoxia
doutrinária.
O Dr. Orton Wiley tornou-se o fundador da Universidade
Nazarena do Nordeste, em Nampa, vindo a ser o teólogo sistemá-
tico do movimento. Sua influência foi muito positiva para a Igreja
do Nazareno como denominação. Pouco a pouco, a nova igreja
dava passos mais sólidos para o seu futuro.

TEMOR DE UM DECLÍNIO ESPIRITUAL NA


SEGUNDA GERAÇÃO
A essência da história é a mudança. De 1917 até 1933, a
Igreja do Nazareno entrou num período de mudanças. Vários
fatores externos pressionaram os acontecimentos. Entre eles, a
teologia liberal, que afetava as grandes denominações, e a po-
breza espiritual de parte dos jovens. O Dr. Timothy Smith, em
sua História dos anos formativos da Igreja do Nazareno, assina-
la quatro temores a respeito do declínio espiritual que se perce-
bia nestas primeiras décadas.

90
A Igreja do Nazareno: A alternância de gerações, desafios e respostas

1. O temor de que, tendo passado o primeiro momento, o


movimento passasse a ser simplesmente mais uma insti-
tuição.
2. O temor de que os filhos dos nazarenos não seguissem os
mesmos caminhos de seus pais.
3. O fato de que a cultura de Estados Unidos, que estava
liberando-se, iria afetar a igreja. Havia uma mudança nos
costumes e na conduta pessoal. Já se sentia a presença do
cinema, surgiram novos artigos de beleza e vestuário,
como maquiagem para mulheres, trajes de banho de praia,
saias mais curtas e um número sem fim de novos costu-
mes. A pergunta era como deveria um cristão, que está
procurando viver a vida de santidade, atuar no meio de
todas estas mudanças?
4. Este período de intranquilidade coincidia com o
surgimento das controvérsias sobre o fundamentalismo
nas grandes denominações.
Acompanhando estes temores, a crise desta mudança de gera-
ção também chegou, porque os fundadores haviam morrido; a dis-
tância entre a unidade legal e as tradições de independência
congregacional ainda era grande, e as lembranças dos últimos pro-
blemas enfrentados ainda eram recentes.
A Igreja do Nazareno reagiu de três maneiras: (1) deu ênfase
a normas de conduta e apresentação pessoal - os membros
nazarenos deveriam renunciar à maçonaria; deveriam deixar de
ter apólices de seguro; as mulheres deveriam recusar as modas
femininas indecentes; não usar jóias e não usar o santuário para
qualquer atividade de recreação (entre outras restrições). (2) Uma
segunda maneira de resistir às mudanças era promover cultos
expressivos. Os cultos deveriam ser encontros cheios de vitória,
com cantos entusiastas e depoimentos saturados de fogo. (3)
Motivaram-se todos à lealdade denominacional. No entanto, o
diretor do O Arauto de Santidade, James B. Chapman, sentiu e
expressou abertamente que isto isolaria a Igreja das demais deno-

91
História da Igreja do Nazareno

minações de santidade e defendeu esforços de união com a Igreja


dos Peregrinos de Santidade e a Igreja Metodista Wesleyana23.

A ASSOCIAÇÃO LEIGA DE SANTIDADE NO


NORTE
Aconteceram muitas mudanças na sociedade norte-america-
na, nas primeiras décadas do século vinte. Ocorreu uma migração
em massa dos jovens do campo para trabalhar nas cidades. Come-
çou-se a sentir o efeito nascente da secularização em todos os
âmbitos da sociedade. Ainda que os Estados Unidos não tives-
sem participação tão ativa nela, a Primeira Guerra Mundial impactou
a nação. A Grande Depressão causou muito desequilíbrio. De
repente, o povo viu-se levado a níveis de extrema pobreza, lu-
tando por sua sobrevivência. Nos círculos eclesiásticos, surgiu o
projeto dos fundamentais24, que era um estudo erudito e bíblico
dos pontos fundamentais da fé cristã como uma resposta
apologética à teologia liberal em moda. Durante o século XX,
um grupo grande de evangélicos permaneceu ligado a estes
direcionamentos. Agora são conhecidos como “fundamentalistas”.
Possuem uma posição fechada em relação a muitos debates. A
palavra fundamentalista, que foi cunhada para descrever este grupo
de evangélicos, principalmente nos Estados Unidos, já é usada
para descrever qualquer outro grupo religioso radical, como po-
dem ser os muçulmanos fundamentalistas ou os judeus
fundamentalistas, entre outros.

Primórdios do movimento entre os leigos


O movimento entre os leigos era observado no grupo de pes-
soas dentro da Igreja Metodista que reagiram diante de dois assun-
tos: por um lado, a saída dos jovens dos ambientes rurais para as
grandes cidades; e por outro lado, a introdução da teologia e práti-
ca liberal nas igrejas, o que ia na contramão da doutrina da inteira
santificação. Foi então que, em julho de 1917, alguns leigos decidi-
ram organizar uma associação que não estivesse sob o domínio

92
A Igreja do Nazareno: A alternância de gerações, desafios e respostas

dos bispos. Dali surgiu a Associação Leiga Metodista de Santida-


de. Em janeiro de 1918, o comitê executivo desta entidade apro-
vou o plano de organizar “associações locais de santidade” onde
os que criam na segunda obra da graça, que não estivessem rece-
bendo atendimento espiritual adequado, fossem assistidos com
um bom ensino. Desde então, a Associação trabalhou dentro da
denominação, mas não como parte dela.
Desse ano em adiante, vários grupos em diferentes Estados,
todos metodistas, iam-se unindo à Associação, à frente da qual
estava J. G. Morrison. Em 1919, a Associação retirou o termo
“metodista” do título da organização, e o jornal que possuíam,
tomou o nome de O leigo de santidade (Holiness Layman). Com
este passo, outros grupos não metodistas se uniram à Associação.
Apesar da oposição das autoridades metodistas, o movimento
ganhou força e, finalmente, seu líder J. G Morrison conduziu cen-
tenas de seus membros à Igreja do Nazareno, em 1922 e 1923.

O fundamentalismo wesleyano
A literatura da Associação Leiga de Santidade estava saturada
com o espírito do que chamamos “fundamentalismo wesleyano”.
Recusaram o serviço social cristão. Falaram da Igreja Metodista
como a “nefasta apostasia” ou “a “babilônia moderna”. Esse tipo
de comentário é característico de movimentos fundamentalistas.
Sentindo o problema dos jovens que saíam, Morrison representa-
va o protesto do campo contra a apostasia que vinha da cidade. O
Dr. Timothy Smith realça que “era uma nova forma de revolução
agrária que conclamava o país a uma piedade sobrenatural em vez
da reforma social... Não era o poder econômico de Wall Street,
mas a ímpia influência das universidades; nem os sofrimentos cau-
sados por uma economia injusta, mas a bancarrota espiritual de
uma igreja infiel”25.
Este grupo estava reagindo às mudanças na sociedade e à
abertura das igrejas a estas mudanças. Era um movimento dentro
da igreja metodista, que abarcava outras denominações, ao mes-

93
História da Igreja do Nazareno

mo tempo em que procurava encontrar outra casa eclesiástica


para abrigar-se.

A união com os nazarenos


Os primeiros a unirem-se à Igreja do Nazareno foram Morrison,
sua esposa e sua filha, em 1922. Daí em adiante, Morrison pouco a
pouco trabalhou para motivar o restante de sua Associação a uma
aliança com os nazarenos. Desse modo, a grande maioria dos mem-
bros da Associação Leiga de Santidade no Norte encontrou na
Igreja do Nazareno um novo lar.
Muito cedo Morrison funcionou como Superintendente
Distrital de Jamestown, além de continuar como Presidente da
Associação Leiga de Santidade. Seu distrito cresceu muito. Morrison
se mostrou um líder habilidoso. Em 1926, foi eleito para substituir
Orton Wiley como diretor da Universidade Nazarena do Norte
em Nampa. No ano seguinte a Junta Geral o nomeou como Secre-
tário Executivo de Missões Estrangeiras e, em 1936, foi eleito mem-
bro do corpo de Superintendentes Gerais.

A resposta nazarena ao fundamentalismo


Ao suceder a união da Associação Leiga de Santidade, apre-
sentou-se a necessidade urgente de definir cuidadosamente a rela-
ção entre a Igreja do Nazareno com os fundamentalistas wesleyanos,
por um lado, e, por outro, com os grupos pentecostais que defen-
diam a glossolalia.
Nestes primeiros anos, o pré-milenismo, outro aspecto do
fundamentalismo, ganhou impulso. Incomodadas com o sistema
educacional secular, que ensinava abertamente a evolução de espé-
cies, muitas Igrejas do Nazareno formaram suas próprias escolas
para proteger seus filhos. Havia uma disposição, especialmente no
campo, de oposição a qualquer atividade sindical. A obra social,
que era tão importante para Wesley e nos primeiros anos da Igreja
do Nazareno, foi vista como um elemento moderno ou liberal (o
evangelho social).

94
A Igreja do Nazareno: A alternância de gerações, desafios e respostas

Por outro lado, a Igreja do Nazareno voltou a enfatizar a


doutrina da inteira santificação, coisa que os fundamentalistas nas-
cidos em outras igrejas, agora unidos aos nazarenos, haviam es-
quecido. Da parte da Igreja, se firmou que a inteira santificação
contempla numa só experiência a limpeza do coração de pecados e
a presença real e permanente do Espírito Santo.
Este núcleo de ideias era o fundamento das primeiras déca-
das da Igreja. Com o tempo, a Igreja optou por um caminho não
tão fundamentalista. Por exemplo, a questão do milênio se tornou
mais aberta; cada um escolhe a posição que prefere. O importan-
te é acreditar na Segunda Vinda do Senhor, o juízo divino e o
futuro com ou sem Deus. Quanto à obra social, abrimos nossas
mãos em compaixão onde podemos e vemos a responsabilidade
social como parte do evangelho, recordando o que disse John
Wesley, que “não há santidade que não seja santidade social”, e
seguindo as pisadas do Mestre.

A RENOVAÇÃO NA LIDERANÇA E O
RESSURGIMENTO DO EVANGELISMO
Assim decorreram as primeiras duas décadas do século vinte.
A Igreja do Nazareno, que nasceu da união de muitos grupos
movidos pelo Espírito Santo, na busca de preservar a doutrina da
santidade, começou a fortalecer-se e a caminhar com mais segu-
rança ao longo de um século muito diferente. Alguns fatores con-
tribuíram decididamente para o fortalecimento da jovem
denominação. A seguir, trataremos brevemente de alguns deles.

A educação como fator-chave da estratégia


denominacional
Os novos líderes da Igreja do Nazareno consideraram que
a educação seria a chave para o sucesso de seus planos. Com
isto em mente, estabeleceram-se universidades nazarenas26 em
diferentes pontos estratégicos do país. Ao mesmo tempo, de-
senvolveram-se escolas nazarenas administradas por congre-

95
História da Igreja do Nazareno

gações locais. No nível de congregações locais, foi dada espe-


cial ênfase à importante tarefa da educação por meio das esco-
las dominicais e sociedades de jovens. A Casa Nazarena de
Publicações começou a publicar e distribuir, dentro e fora do
país, bons materiais para a escola dominical. Também se de-
senvolveu uma forte ênfase de que cada família deveria edu-
car seus filhos na fé e nas crenças da Igreja do Nazareno.
No começo, as instituições educacionais nazarenas tiveram
que lutar muito para obter reconhecimento oficial. Mas o impor-
tante foi que todo este esforço se fez com orientação da Junta de
Educação. Isto refletia o fato de que os centros educativos cami-
nhavam juntos com a igreja, conseguindo que as escolas não se
tornassem “mundanas”. Um aspecto digno de ressaltar é que,
nos primeiros anos das instituições educacionais, as populações
estudantis eram inteiramente nazarenas. Isso permitiu preservar
a lealdade à denominação e contribuiu para um maior isolamen-
to do mundo.
Um exame do desenvolvimento da educação nazarena durante
estes anos, seja através das escolas dominicais nas congregações
locais, seja por meio das sociedades de jovens, seja por meio das
instituições de educação superior, demonstra-nos, mais uma vez,
quão falsa é a opinião tão em moda entre certos sociólogos, de que
a educação religiosa é uma atividade da igreja grande e estabelecida,
enquanto sua ausência é indicação de sectarismo.
O zelo pela educação, tanto numa igreja como numa nação,
pode ser o reflexo da determinação de preservar a herança dos
antepassados, e de cultivar campos de visão mais amplos. É indis-
cutível que, na Igreja do Nazareno, a educação e o evangelismo
eram os dois “companheiros inseparáveis”, escreveu E. P. Ellyson,
em 1936, no Bible School Jornal; dois fiéis instrumentos unidos
pelo mesmo jugo e carregando o mesmo ônus: a redenção dos
perdidos.27
Qualquer um pode observar que a visão da necessidade de
uma boa literatura, e a de educar pastores e líderes com ela, foi e é

96
A Igreja do Nazareno: A alternância de gerações, desafios e respostas

um dos elementos mais abençoados por Deus, durante os últi-


mos anos.

O sistema de comitês na Administração Geral da Igreja


Toda associação voluntária que pretenda triunfar, exige orga-
nizar-se bem. Levou alguns anos para equilibrar tudo isto, no caso
dos nazarenos.
No começo, vários dos comitês trabalhavam de modo inde-
pendente e, com frequência, colidiam entre si, especialmente nos
esforços de recolher fundos. A situação econômica crítica do país,
durante os anos da depressão, exigiu consolidação de todos os
esforços. O surpreendente é que os nazarenos conseguiram corri-
gir os defeitos que existiram durante os tormentosos anos de 1918-
1925, quando o espírito de independência de certos grupos
contendia abertamente com a tendência ao centralismo da admi-
nistração. Que tivesse acontecido esta mudança positiva foi prova
de que a herança de disciplina e organização recebida de Wesley
era tão forte como a herança de santidade.

A Organização da Junta Geral


Vários dos ministérios da Igreja entraram em dificuldades eco-
nômicas. A Igreja respondeu, formando o Concílio Geral ou a
Junta Geral composta de seis leigos e seis ministros para consoli-
dar todos os esforços da denominação. Assim é que todos os pro-
gramas da Igreja foram integrados num sistema unificado, o que
sucedeu a partir da Assembleia Geral que se reuniu em Kansas
City, em 1923. As crises econômicas que atingiram várias institui-
ções nazarenas concederam aos Superintendentes Gerais a opor-
tunidade de persuadir os delegados a enfrentarem a situação com
firmeza. De um só golpe, a Assembleia desfez as Juntas de Mis-
sões Domésticas, de Missões Estrangeiras, de Publicações e de
Extensão da Igreja, e suspendeu a autonomia de todas as demais
Juntas para manejar suas finanças. Estes poderes se concederam
então a seis ministros e seis leigos, eleitos em plenário, para servir

97
História da Igreja do Nazareno

sob a direção da Junta de Superintendentes Gerais, o que primei-


ro se chamou Concílio Geral, mas que logo se denominou de
Junta Geral. A nova Junta se reuniu imediatamente e se organizou
em diferentes departamentos. Ordenou que todas as Juntas, que
haviam sido desfeitas, entregassem seus bens, arquivos, e docu-
mentos ao escritório do secretário geral da Igreja, E. J. Fleming. A
capacidade administrativa de Fleming facilitou enormemente a
nova organização, e assegurou que em todos os assuntos se obti-
vesse a máxima divulgação e a mais ampla deliberação. Pela pri-
meira vez havia-se conseguido um sistema unificado. Agora os
Superintendentes Gerais possuiriam canais estabelecidos para
exercer todo o peso de sua influência.
Para solucionar outros problemas no campo das missões, a
Assembleia Geral de 1923 ordenou à Junta Geral que elegesse
três Superintendentes que fossem missionários residentes em solo
estrangeiro, um para cada “região”: África e Oriente Médio, Ex-
tremo Oriente, e América Latina. A junta escolheu George Sharpe,
da Inglaterra, para a primeira região, J. E. Bates para a segunda, e
A. J. D. Scott para a terceira. Eles teriam toda a autoridade neces-
sária para realizar seu trabalho e informariam a Junta de Superin-
tendentes Gerais. Mas logo se percebeu a necessidade de que
alguém coordenasse o trabalho de missões. Chamaram, então,
Joseph G. Morrinson da Universidade Nazarena do Noroeste,
em Nampa, para que ocupasse o posto de Secretário Geral de
Missões Estrangeiras. Morrinson serviu diretamente sob a Junta
Geral em consulta com os Superintendentes Gerais.

O evangelismo no país e no estrangeiro


Os anos de 1921 a 1923 viram, também, o surgimento de al-
guns Superintendentes Distritais muito capazes, em território nor-
te-americano no estrangeiro. Estes foram os homens que assumiram
a tarefa de erguer bem alto a bandeira da santidade por todo mun-
do. A paixão pelo evangelismo e a santidade, tanto dentro como
fora de Estados Unidos, fez com que a Igreja do Nazareno chegas-

98
A Igreja do Nazareno: A alternância de gerações, desafios e respostas

se a lugares longínquos. Harmon Schmelzenbach chegou à


Suazilândia, África. Em 1933, já havia 26 missionários na
Suazilândia. O primeiro que chegou à Guatemala foi o missionário
Richard S. Anderson. Depois, chegou ali Eugenia Phillips, que
inagurou o Instituto Bíblico Nazareno, em 1921. O mexicano V.
G. Santín foi chave no crescimento da Igreja do Nazareno no Mé-
xico. Em 1917, Roger Winans foi nomeado o primeiro missioná-
rio nazareno no Peru.
No Oriente, dois missionários se destacaram durante o mes-
mo período: L. S. Tracy na Índia Ocidental, e W. A. Eckel, no Ja-
pão. Na China, um numeroso contingente missionário estabeleceu
sua base nas províncias de Shantung e Hopeo. O Hospital Memorial
Bresee, edificado em 1932 sob a direção de C. J. Kinne, genro do
Dr. Bresee, funcionou como um firme ponto de apoio para o avanço
da obra.
Por outro lado, a obra nos Estados Unidos também teve um
crescimento notável nestes anos. Por exemplo, no Meio Oeste, E.
O. Chalfant, do Distrito de Chicago Central, e C. A. Gibson, do
Distrito de Ohio, foram os Superintendentes que mais sobressaí-
ram, sendo possível creditar a eles, em 1933, a organização de pelo
menos 100 igrejas. O mesmo sucedia por todo o país, à exceção
dos Estados do sudeste, onde a expansão das missões domésticas
não foi tão agressiva até 1940.

ALGUNS DADOS DOS ANOS POSTERIORES A


1933
Nos fins de 1962, a denominação tinha crescido muito. Nessa
ocasião, já existiam 2.812 igrejas em cidades grandes e pequenas ao
redor do mundo. Os nazarenos tinham aumentado sua base de igre-
jas em 80%, melhorado e estendido suas escolas dominicais e o seu
trabalho com jovem, e incrementado a beleza e funcionamento de
seus edifícios. Tinham missionários servindo em 42 regiões do mun-
do, conduzindo a vida espiritual das igrejas nacionais, cujos 57.000
membros assumiam, dia a dia o sustento da obra.

99
História da Igreja do Nazareno

Nos Estados Unidos, todas as escolas superiores preparatóri-


as já haviam recebido credenciamento, e foram estabelecidas mais
duas fora do país: no Canadá e nas Ilhas Britânicas. O Seminário
Teológico de Kansas City, fundado em 1945, por recomendação
de James B. Chapman, havia graduado 656 ministros. Um progra-
ma de rádio estava difundindo a mensagem nazarena por todas as
regiões, através de 450 estações. A Casa Nazarena de Publicações
de Kansas City, tinha conseguido abrir sucursais em Toronto, Ca-
nadá, e Pasadena, California, além de depósitos na Inglaterra, Aus-
trália e África do Sul.
Neste ano, a Igreja do Nazareno viu também novas unifica-
ções e um crescimento notável.

A Missão Sul-Africana
Por volta de 1950, as Igrejas de Tabor, a missão na África do
Sul e outras partes da organização uniram-se à Igreja do Nazareno.

Missão Internacional de Santidade


David Thomas, homem de negócios e pregador leigo, fundou
a Missão de Santidade em Londres, em 1907. Desenvolveu-se, en-
tão, um trabalho missionário muito extenso no sul de África, sob a
direção de David Jones. A missão mudou seu nome para Missão
Internacional de Santidade, em 1917. Esta se uniu à Igreja do
Nazareno em 29 de outubro de 1952, com 28 igrejas e mais de
1000 membros na Inglaterra sob a superintendência de J. B.
Maclagan e com uma obra missionária dirigida por 36 missionári-
os na África.

Igreja de Santidade O Calvário


Em 1934, os reverendos Maynard James e Jack Ford, que ha-
viam sido evangelistas itinerantes na Missão Internacional de San-
tidade, fundaram a Igreja de Santidade O Calvário. Em 11 de
junho de 1955, essa igreja, com suas 22 congregações e mais de
600 membros, uniu-se à Igreja do Nazareno. A união da Missão

100
A Igreja do Nazareno: A alternância de gerações, desafios e respostas

Internacional de Santidade e da Igreja de Santidade O Calvário


foi resultado, primordialmente, da visão e dos esforços do Supe-
rintendente Distrital George Frame.

A Igreja de Obreiros do Evangelho de Canadá


Esta igreja, que foi organizada por Frank Goff, em Ontário,
Canada, em 1918, surgiu de um grupo anterior chamado Obreiros
de Santidade. Uniu-se à Igreja do Nazareno em 7 de setembro de
1958, adicionando cinco igrejas e aproximadamente 200 membros
ao Distrito Central do Canadá.

Igreja do Nazareno (Nigéria)


Na década de 1940, organizou-se na Nigéria uma igreja
wesleyana de santidade, sob direção local. Adotou o nome de Igre-
ja do Nazareno e derivou suas crenças doutrinárias e nome, em
parte, de um Manual da Igreja do Nazareno Internacional. Sob a
direção de Jeremiah O. Ekaidem, uniu-se aos nazarenos em 3 de
abril de 1988, o qual deu lugar à criação de um novo distrito com
39 igrejas e 6.500 membros.

101
História da Igreja do Nazareno

RESPONSABILIDADE DO ALUNO: UNIDADE IV


Responda:
• Segundo Smith, por que a Igreja viveu tantos proble-
mas após a morte do Dr. Bresee?
• Qual o papel dos leigos na História da Igreja do
Nazareno?
• O que era o Fundamento Wesleyano e qual a resposta
da Igreja do Nazareno a ele?
• Por que dizemos que a Igreja do Nazareno já nasceu
missionária?

22
Ibíd., pp. 314-315.
* Normalmente nos Estados Unidos Colégio é a designação que se dá a uma instituição universitária.
23
Ibíd., pp. 333-340.
24
Fundamentais é um livro muito erudito escrito por muitos protestantes para defender as doutrinas básicas da fé
cristã, como a criação do mundo Trindade, humanidade e ivindade de Jesus (entre outros).
25
Smith. Op. Cit., p. 354.
26
Na cultura americana muitas dessas universidades são chamadas de “faculdades” ou “colleges”. Para mais infor-
mações sobre o meio ambiente da América Latina o autor optou pelo nosso termo “universidade”, porque são
instituições de ensino superior.
27
Smith. Op. Cit., p. 380.

102
UNIDADE

A Igreja do Nazareno: Seu


estabelecimento e
desenvolvimento na América
Latina
Tendo visto como a Igreja do Nazareno nasceu e se consoli-
dou nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, vamos
voltar nossos olhos, particularmente, para o restante do Continen-
te Americano e para as ilhas caribenhas de fala espanhola, a fim de
conhecer cada uma de suas histórias.

ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO NO
MÉXICO, AMÉRICA CENTRAL E PANAMÁ
As sínteses históricas que apresentamos a seguir não estão
necessariamente colocadas em ordem cronológica, mas por paí-
ses, em suas respectivas regiões geográficas.

México28
Em 1903, cinco anos antes que se declarasse historicamente
o nascimento da Igreja do Nazareno, pessoas procedentes dos
Estados Unidos e membros da “Associação de Santidade” do
Texas estabeleceram-se no sul de México. Sob a direção de Samuel
M. Stafford iniciaram a pregação e ensino da doutrina bíblica da
santidade em Tonalá, Chiapas. Num período de sete anos, estabe-

103
História da Igreja do Nazareno

leceram missões em cidades, como São Jerônimo, Oaxaca (hoje


Ixtepec), Jalisco, Chiapas (hoje Arriaga), Calera, Tonalá, e outros
lugares no Estado de Guerrero.
Em janeiro de 1907, Charles Miller foi enviado pela “Asso-
ciação de Santidade,” como missionário, à cidade do México.
Em maio do mesmo ano, estabeleceu-se uma relação muito pró-
xima com o Dr. Vicente G. Santín, um médico que havia sido
membro e pastor da Igreja Metodista. Com o Rev. Miller, Santín
encontrou a experiência da inteira santificação e se uniu ao tra-
balho do missionário.
Em outubro de 1908, ao realizar-se a unificação e organização
oficial da atual Igreja do Nazareno, os missionários e obras inicia-
das no México, por parte da Associação de Santidade do Texas,
passaram a fazer parte da nova denominação. Em 24 de outubro
de 1908, organizou-se a Primeira Igreja do Nazareno na cidade do
México, sob o ministério do Rev. Charles Miller, que ali permane-
ceu até o ano 1912. Durante o período de 1912 a 1919, devido ao
movimento da Revolução Mexicana, todos os estrangeiros foram
expulsos do país. Os missionários estabelecidos tanto no sul como
no centro tiveram que abandonar o trabalho iniciado.
Em outubro de 1919, o Dr. Vicente G. Santín foi nomeado
Superintendente da Missão Estrangeira no México. A partir de
então, foram enviados obreiros nacionais para atender as mis-
sões e igrejas que estavam estabelecidas na parte sul e no centro
do país. Em 9 de janeiro de 1922, foi fundada a primeira Escola
Bíblica e, meses depois, mudou-se o nome para Seminário
Nazareno do México. A primeira graduação se efetuou no ano
de 1926. O Seminário fechou suas portas, em 1947, depois de 25
anos cumprindo sua missão de preparar ministros para a Igreja
do Nazareno. A tarefa da preparação de ministros passou às mãos
do recém-aberto Instituto Bíblico Espaço Nazareno e do Insti-
tuto de Preparação Missionária, localizados em Santo Antonio,
Texas, Estados Unidos. O primeiro diretor desta instituição foi
Hilario S. Peña.29

104
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

O norte do país teve dois movimentos missionários que in-


troduziram a Igreja do Nazareno através das fronteiras com os
Estados Unidos. Um movimento surgiu no ano 1907, através da
conversão da Sra. Santos Elisondo, cidadã méxico-americana, resi-
dente em El Paso, Texas. Ela estabeleceu ali uma missão com pes-
soas que falavam espanhol. Cinco anos mais tarde, a obra foi
organizada oficialmente. A senhora Santos passou para o lado
mexicano e estabeleceu uma missão na fronteira, em Cidade Juarez,
Chihuahua. Com seus próprios recursos, alugou uma casa e esta-
beleceu um orfanato que sustentou até 1941. Ao mesmo tempo, a
Igreja do Nazareno na área de Los Angeles, California, através do
ministério de alcance aos pobres, chegou aos trabalhadores mexi-
canos estabelecidos nos Estados Unidos. Por meio deles, a Igreja
cruzou as fronteiras da Baixa California ao México, até que, em
1946, pela liderança do Dr. Ira L. True, organizou-se a obra hispana
de ambos os territórios, incluindo a obra estabelecida em
Chihuahua.
O outro movimento surgiu do ministério hispano da Igreja do
Nazareno em Santo Antonio, Texas, que se projetou para a parte
nordeste de México, particularmente para a cidade de Monterrey.
Em 1943, por decisão da Junta Geral da Igreja, esta obra se sepa-
rou dos Estados Unidos e se organizou o Distrito Norte. Na oca-
sião, tomou-se a decisão de organizar o território mexicano em
dois distritos: o do Norte e o do Centro.
Por quase 50 anos, a Igreja do Nazareno no México cresceu
por meio de um alto número de leigos e pastores chamados ao
ministério, mas mantendo um trabalho particular, de que dependi-
am economicamente para sustentar a sua família. Os pregadores
leigos e presbíteros mantinham um cuidado especial por seus púl-
pitos. Estes não eram cedidos a pregadores de outras denomina-
ções. Isso fez com que o conhecimento da doutrina bíblica e
costumes de santidade fossem quase uniformes em qualquer lugar
da geografia nazarena no México.

105
História da Igreja do Nazareno

Entre 1956 e 1975, a igreja mexicana se propôs a levantar o


nível das igrejas locais, a ponto de sustentar os seus próprios pas-
tores e também a declarar os distritos autossustentados. Os recur-
sos previstos pela denominação para ajudar os pastores
esgotaram-se entre os anos de 1970 e 1972. A partir dessa data,
organizaram-se novos distritos e a Igreja teve um desenvolvimen-
to melhor.
Sob a direção do Dr. William C. Vaughters, do Seminário
Nazareno em Santo Antonio, Texas, celebraram-se a cada dois ou
três anos, reuniões de pastores para receber cursos especiais de
exegese bíblica e teologia os quais se denominavam “Institutos de
Pastores”. Este foi outro recurso que cooperou para a identidade
da doutrina de santidade.
O trabalho do Seminário Nazareno, os Institutos de Pastores,
os estudos ministeriais por correspondência e a publicação do
“Arauto da Santidade”, unidos à vida disciplinada que se aplicava
ao ministério leigo e pastoral, produziu uma geração de grandes
pregadores, mestres e líderes que impulsionaram o crescimento da
Igreja do Nazareno com uma identidade que ganhou o respeito
das outras denominações históricas no país.
Quanto ao crescimento numérico da Igreja no México, em 1958
havia uma membresia de 10.000 pessoas em todo o país. Oito anos
depois, em 1966, informou-se que havia 160 igrejas organizadas
em 4 distritos em todo o país, com um total de 14.700 membros.
Em 1983, 17 anos mais tarde contava-se uma membresia de 19.923.
No ano de 2003, vinte anos mais tarde, tínhamos uma membresia
de 43.563 e 586 igrejas organizadas.
Dos 32 Estados que formam a República Mexicana, a Igreja do
Nazareno só não estabeleceu formalmente seu ministério em dois
deles. Ante o volume de 103,7 milhões de habitantes no México, a
Igreja do Nazareno, atinge somente 0,04% da população.
Atualmente, na Igreja do Nazareno do México, surgiu um
movimento entre os leigos jovens, vindos das universidades e de
escolas de estudos superiores, procurando os estudos de mestrado

106
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

que oferece o SENDAS da Costa Rica. Estes homens e mulhe-


res têm um claro chamado ao ministério pastoral, de ensino e
missionário. Isso nos dá a esperança de que, num futuro próximo,
com a ajuda de Deus, a Igreja no México, pode chegar a enviar
missionários e obreiros a outras partes do mundo.

Guatemala30
Para a Guatemala, o ano de 1904 é um marco em sua história
religiosa. Esse ano foi declarado como o ano oficial do início do
trabalho da Igreja do Nazareno no país. Tornar-se-ia, assim, a quarta
missão evangélica que se estabeleceu em solo guatemalteco. Em 10
de novembro desse ano, chegaram a Porto Bairros, hoje Distrito
do Atlântico, o Rev. Ricardo S. Anderson e sua esposa Ana Maude.
Residiram no departamento de Zacapa por um curto período. Pos-
teriormente, mudaram-se para Livinstong, lugar onde fundaram
uma congregação de fala inglesa, que em 1933 Roberto Ingram
organizou como Igreja do Nazareno, onde Mardoqueo Paz serviu
como pastor.
Em 1905 os Anderson chegaram a Cobán, Alta Verapaz, onde,
em companhia do missionário Thomas Buttler iniciaram visitas a
lugares circunvizinhos. Vendiam Bíblias, Novos Testamentos e dis-
tribuíam gratuitamente literatura evangélica. Celebraram cultos onde
se lhes permitia fazê-lo. Como ícones dessa história estão os no-
mes de Manfredo De León, Javier De León, José Catalão, Ventura
Nuila e María Teresa de Nuila como os primeiros convertidos na-
quele lugar.
Em 10 de agosto de 1919, o missionário John D. Franklin or-
ganizou a primeira Igreja do Nazareno em território guatemalteco.
Pode-se dizer, com propriedade, que Cobán foi o epicentro do
terremoto missionário que veio abalar os alicerces do solo guate-
malteco com a mensagem da santidade como sinônimo da Boa
Nova do Reino.
O trabalho árduo e provavelmente ignorado daqueles primei-
ros missionários, sujeitos às crises da febre amarela que açoitou

107
História da Igreja do Nazareno

Zacapa, às inclemências climatéricas do noroeste do país e aos


problemas que protagonizaram o encontro de culturas diferentes,
foi o ponto de partida para que a Igreja do Nazareno se estendes-
se a todo o território guatemalteco. Nomes como Javier da Cruz,
Simón Lázaro, José Figueroa, Matías Véliz e Bernardino Hércules
estão unidos à obra realizada no departamento de Petén, onde
Luciano Castelhanos foi o primeiro pastor e Leoa Gardiner a
primeira missionária. Mas o dinamismo que impulsionou essa ex-
pansão que hoje em dia conta com um total de 65.000 nazarenos
na Guatemala, também permitiu abrir a obra em diferentes comu-
nidades indígenas, com as quais a igreja realizou um trabalho
evangelicamente humanitário.
No ano 1912 se iniciou o trabalho da educação secular. A se-
nhorita Fay Watson fundou “A Escola Evangélica”, nome que
mudou pouco tempo depois para “Colégio Nazareno de Moças”.
Sua primeira diretora foi Eugenia Phillips. Em 15 de janeiro de
1921, inaugurou-se o “Colégio Nazareno de Rapazes”, sob a di-
reção de Sara M. Cox. Cabe destacar a elogiável função docente,
em ambas as instituições, da professora Cristina V. Najarro. A edu-
cação teológica acontece de maneira informal. Mas em 1923, a Srta.
Cox abriu o Instituto Bíblico Nazareno, que teve em Alfredo
Chacón e Manuel Buenafé seus primeiros graduados. Em 1953,
Guillermo Dannemann fundou o Centro Educativo K’ekchí, em
San Juan Chamelco. Mais tarde, foi organizado o Centro Educativo
Rabinal Achí, em San Miguel.
Entre outras projeções daquela obra, vale a pena ressaltar o
impulso dado ao trabalho médico entre comunidades indígenas,
esforço que até o momento a Igreja permanece promovendo, não
só com a finalidade de prover um benefício físico, mas cooperar
por meio de uma promoção evangelística o bem-estar espiritual,
paralelo com o físico.
A produção literária foi possível, graças aos esforços missio-
nários de trazer uma gráfica dos Estados Unidos. Um persona-
gem-chave é o missionário de origem alemã William Sedat.

108
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Em Cobán foi fundada a primeira Sociedade Feminina, em


1928, e se estimulou nos distritos a criação das Sociedades de
Jovens.
Por outro lado, é importante assinalar que, desde a abertura da
Igreja do Nazareno na Guatemala, uma das principais metas foi
desenvolver uma igreja dirigida por guatemaltecos. Assim, em 1960
se nomeou Federico Guillermo como o primeiro Superintendente
nacional. Dali em adiante, cresceram os distritos com sustento pró-
prio. Já em 1980, a Igreja em Guatemala contava com 9.975 mem-
bros e três distritos31.
A façanha histórica local guatemalteca, além de ter sido paga
pelo tributo de vidas generosas – como a última, em julho de 2004,
sendo artífice dessa história o Rev. Alfonso Barrientos –, tem como
testemunhas Guilhermo Dannemann e outros mais como o então
Diretor regional da Eurásia Gustavo Crocker.
É motivo de alegria o número de pastores e líderes que estão
inscritos nos diversos programas oferecidos pelo Seminário Teo-
lógico Nazareno da Guatemala que, no dia de hoje, atinge um nú-
mero de 586 estudantes, 67 estudando no campus principal e 519
nos diferentes programas de educação descentralizada (dados for-
necidos pelo Reitor do Seminário Teológico Nazareno de
Guatemala).
O espírito missionário legado à Igreja, mas superado em al-
guns aspectos, está latente nos dias de hoje; vê-se renovado com a
mistura de jovens missionários latino-americanos, norte-america-
nos e guatemaltecos. Mas, não se pode negar que faltou à nossa
missão, por momentos, a orientação devida, e que se perdeu – como
o atual caso dos pastores das 8 igrejas que recentemente se separa-
ram da denominação e formaram os Ministérios Maná - resultado
de um problema teológico que confrontou a doutrina ortodoxa da
Igreja com novas correntes de expressão religiosas qualificadas
como: falar em línguas, “cair no Espírito” e outras expressões mais
da religiosidade popular, que são a linguagem do momento da filo-
sofia religiosa da Guatemala. É por isso que, no dia de hoje, come-

109
História da Igreja do Nazareno

çou-se a dar especial atendimento a casos como esses, por meio


de uma liderança comprometida.

Belize32
Belize, na organização internacional da Igreja, não corresponde
à Região MAC – América Central. Especificamente, pertence à área
de fala inglesa na Região do Caribe. No entanto, por questões de
afinidade geográfica, histórica e contextual, faremos um breve re-
lato histórico da Igreja do Nazareno neste país. Como fogo, o
Programa Missionário da Igreja do Nazareno começou a esten-
der-se a partir da Guatemala para seus países limítrofes. Um des-
tes foi Honduras Britânica que, mais tarde, tomou o nome de
Belize, quando se converteu em país independente, em 1964. O
inglês é ainda o idioma oficial deste país.
Em 1930, dois homens maias (Teodoro Tesucum e Encarnación
Baños), que haviam se convertido em Petén, sentiram o chamado
de Deus para levar seu testemunho a este país. O povo em Belize
reagiu favoravelmente à sua mensagem. A partir disso, Robert
Ingram nomeou Leoa Gardner como a primeira missionária em
Belize. Ali se uniu à obra a missionária Augie Holland, em 1936.
As duas realizaram um trabalho digno de aplauso. Em 1941, Harold
Hampton foi nomeado para que dirigisse a obra em Belize. Sob
esta liderança, Joyce Blair chegou para fundar uma clínica médica
em Benque Velho. Depois, Connie Mackenzie assumiu a tarefa e,
em 1976, já havia outra clínica em Crooked Tree, com Lucille Broyles
como encarregada.
Em junho de 1948 chegou o casal Bishop para organizar esco-
las nazarenas. Logo havia 9 escolas funcionando e, por último, 16.
MaryLou Riggle, que chegou em 1965, deu uma direção marcante
ao programa escolar.
Em 1946, havia sete pontos missionários com uns 300 mem-
bros. Por decisão da Junta Geral, neste ano se separou a obra das
Honduras Britânica do distrito de Guatemala, formando um novo

110
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

distrito. O pastor Harold Hamptom assumiu a direção da nova


missão.
Em 8 de junho de 1950 foi inaugurado o Instituto Bíblico
Nazareno Memorial Fitkin, em Benque Velho, tendo o presbítero
David Browning como diretor. Em poucos anos o número de
matrículas era de 20 e se adicionou um programa agrícola. Mas,
tanto o Seminário Nazareno das Américas, de Costa Rica, em es-
panhol, como o Caribbean Nazarene Training College, em Trinidad
(inglês), diminuíram a influência deste instituto.
Em 1970, Belize se converteu em Distrito Missionário Naci-
onal com o Pastor Alvin Young como primeiro Superintendente
Nacional. Em 1977, com a saída de Young, o pastor Enésimo Pot
assumiu a liderança. Em 1980 havia 21 igrejas organizadas em
Belize, com um total de 1.070 membros. A Igreja do Nazareno, na
época, era a maior igreja evangélica do país. Na atualidade, Belize
conta com 1 distrito de fase III, 32 igrejas e 2.207 membros.

Nicarágua33
O trabalho evangelístico da Igreja do Nazareno na Nicarágua
começou com o Dr. David Ramírez. Ele foi um nicaraguense que,
por diferentes circunstâncias da vida, chegou aos Estados Unidos
para estudar, mas se afastou do Senhor. Nesse país teve o reencon-
tro com o Senhor Jesus na Igreja do Nazareno de Chicago, Illinois.
A mensagem da santidade impactou sua vida e lhe acendeu um
ardente zelo missionário para pregar a Cristo.
Em 1937, regressou a Nicarágua para estabelecer-se em San
Jorge, Rivas, e fazer o trabalho missionário “não oficial”. Come-
çou como evangelista itinerante a visitar povos e comunidades,
dando-lhes a mensagem do Senhor. Passou perigos, ameaças e li-
mitações econômicas muito extremas. Isso se viu agravado por
seus problemas de saúde e por sua idade, até que chegou a perder
a vista.
Ramírez orava fervorosamente para que Deus enviasse mis-
sionários a Nicarágua. Simultaneamente, escrevia cartas a Kansas

111
História da Igreja do Nazareno

City relatando sobre a necessidade urgente de enviar missionári-


os. Seis longos anos se passaram. Em 1943, finalmente foi envia-
do o primeiro casal de missionários. Era o jovem casal Harold e
Evelyn Stanfield. Este casal faria o maior trabalho de impacto
missionário no país, pois, por 18 anos intercalados, serviram ao
Senhor. O Rev. Stanfield serviu na qualidade de Pastor, Superin-
tendente Distrital, Diretor de Missão, Diretor e Professor no
Instituto Bíblico Nazareno; e, além disso, foi gestor, promotor e
executor do estabelecimento da obra em Rivas e no interior do
país, com o apoio dos nacionais.
Em agosto de 1944, teve lugar a organização da Primeira Igre-
ja do Nazareno, com 19 membros em plena comunhão, na cidade
de San Jorge, departamento de Rivas, e berço da obra nazarena na
Nicarágua. A Primeira Assembleia de Distrito foi celebrada em
1947. Nesse momento era o Distrito 91, indicado para a Guatemala.
O centro de operações do nascente trabalho missionário era a
cidade de San Jorge.
Em 1946 chegou à Nicarágua o segundo casal de missionários,
composto por Cecilio e Edna Rudeen. Cecilio teve a visão de fun-
dar o Instituto Bíblico Nazareno destinado à preparação de pasto-
res e líderes. Em 1948, abriu suas portas com cinco estudantes sob
a direção do mesmo Rev. Rudeen, que foi seu primeiro diretor.
Este centro se converteu no “semeador’’ de ministros nacionais
que, por 29 anos, produziu os obreiros e as obreiras comprometi-
dos com a obra do Senhor na Nicarágua. O Instituto Bíblico
Nazareno (IBN) funcionou de 1948 até 1977. Por ele passaram
mais de 100 estudantes.
Em 1955 teve lugar a ordenação dos primeiros cinco pastores
nacionais: Daniel Vega Sánchez, Ignacio Hernández, Abelino Pal-
ma, Diego M. Ortiz e Víctor González. Deles quatro ainda vivem.
González está com o Senhor. Palma e Ortiz residem nos Estados
Unidos. Vega e Hernández vivem na Nicarágua, aposentados, mas
servindo ao Senhor com muito amor.

112
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Por outro lado, é importante mencionar que, por três décadas


e meia, a Igreja Internacional enviou 15 casais e 10 moças na qua-
lidade de missionários. A Igreja investiu na compra de terrenos,
construção de templos, casas pastorais, clínicas e escolas.
Segundo dados do Rev. Diego Manuel Ortiz, em seu livro:
Recordar é Viver, durante o período de 1943–1975, a Igreja avan-
çou para 76 lugares geográficos, atingindo uma membresia de
1.431 membros em plena comunhão, e haviam sido celebradas 29
Assembleias de distrito. Isto cobre 32 anos de trabalho. O mesmo
autor nos informa que, em 1991, a Igreja tinha chegado a 100 loca-
lidades geográficas, atingindo 4.618 membros em plena comunhão
e associados. À época, já haviam sido celebradas 44 Assembleias
de distrito.
Esse avanço foi acompanhado por ações de caráter social, num
esforço por apresentar o evangelho integral. Assim se estabelece-
ram clínicas médicas em San Jorge (Rivas), San Isidro (Matagalpa)
e Pantasma (Jinotega). De igual forma, foram fundadas escolas em
Rivas e Boaco. As enfermeiras atendiam o povo em suas necessi-
dades de saúde e simultaneamente lhes pregavam o evangelho, com
a ajuda de nazarenos nicaraguenses. Nas escolas se evangelizavam
os filhos e os pais de família.
No entanto, o avanço da Igreja na Nicarágua foi abalado e
afetado por dois fatos: (1) Um bom grupo de leigos nazarenos
se separou da Igreja e organizou a Igreja Nacional do Nazareno.
Isto trouxe tensões e afetou o ânimo das pessoas. Apesar de
nenhum pastor ter apoiado o movimento, houve um impacto
estatístico de membros, econômico e espiritual. (2) Antes, du-
rante e depois da revolução sandinista, muitos pastores e leigos
abandonaram o país por diversas razões. Muitos iam em busca
do “sonho americano”.
Em 61 anos de existência da Igreja do Nazareno na Nicará-
gua, a realidade denominacional é a seguinte: a Igreja está presen-
te nos 16 departamentos em que se divide o país. Em alguns a
presença é forte, em outro, débil e nascente, como é o caso de

113
História da Igreja do Nazareno

Zelaya (Costa Atlântica) onde a obra começou em 1997. Há qua-


tro distritos, que são: Distrito Sul (Rivas, Granada e Carazo); Dis-
trito Central (Managua, Masaya, León, Chinandega, Boaco,
Chontales e Zelaya); Distrito Sudeste (Rio San Juan); e Distrito
Norte (Estelí, Madriz, Nova Segovia, Jinotega e Matagalpa). A
membresia total é de 8.243 membros em plena comunhão, 1.579
associados, 147 pastores, 125 igrejas organizadas, 31 missões, 12
centros de ETED, 132 alunos de ETED, 14 escolas (primária e
secundária) com 2.150 alunos e 6 projetos de Ministérios
Nazarenos de Compaixão.

Costa Rica34
A Igreja do Nazareno na Costa Rica se iniciou lá pela década
de 1950, com a visita de irmãos nicaraguenses, que começaram
uma missão no povoado.
Durante o ano de 1960, realizou-se a Cruzada Nacional de
Evangelismo a Fundo, na Nicarágua, sob a coordenação da Mis-
são Latino-americana. Por sua colaboração em tal cruzada, outor-
garam ao Pastor Ignacio Hernández uma bolsa de estudos de
Pós-Graduação no Seminário Bíblico Latino-americano de San José,
Costa Rica. Imediatamente, o pastor Hernández pôs-se em conta-
to com o Superintendente Distrital na Nicarágua, o Rev. Cecilio
G. Rudeen, para manifestar-lhe o desejo de iniciar uma igreja em
San José, a quem pareceu muito boa a ideia.
A aprovação da Junta de Superintendentes Gerais para este
esforço se deu em janeiro de 1963, mas sem nenhum apoio econô-
mico. O Concílio Missionário na Nicarágua fez os arranjos para
tomar de outras fontes o dinheiro que se necessitaria no início
desta nova obra.
Quando o pastor Hernández chegou a San José, fez contato
com uma família nicaraguense nazarena que vivia ali e que havia
conhecido em seu país. Era a família Mendonza, que estavam oran-
do para que a Igreja do Nazareno se estabelecesse na Costa Rica.
No dia 20 de fevereiro de 1963, celebrou-se a primeira Escola

114
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Dominical com uma assistência de 20 pessoas. O primeiro con-


vertido foi alcançado durante a Escola Dominical do dia 17 de
março de 1963.
O pastor Hernández estava terminando seus estudos e teria
que voltar à Nicarágua para retomar o cargo de pastor da Primeira
Igreja do Nazareno, em Manágua. Mas pediram-lhe que, antes de
regressar, deixasse organizada a Igreja do Nazareno em San José.
Desse modo, em 2 de março de 1964, organizou-se a Primeira
Igreja do Nazareno em San José, Costa Rica, em Barrio México,
com a presença do Superintendente Distrital da Nicarágua, o Rev.
Dia Galloway. Os fundadores desta Igreja foram 10 membros em
plena comunhão e 13 membros em prova. O Rev. Diego Manuel
Ortiz foi o novo pastor. Com este começo da obra em Costa Rica,
o Distrito da Nicarágua passou a chamar-se Distrito Nicarágua-
Costa Rica, com os escritórios centrais em Nicarágua.
Antes de iniciar a década de 1970, em 1968, foi construído
um edifício para a capacitação e formação dos futuros líderes
nazarenos, no Alto de Guadalupe, região da Goicoechea, deno-
minado Seminário Nazareno Centro-americano. Posteriormente,
passou a chamar-se Seminário Nazareno das Américas. O primei-
ro diretor foi Howard Conrad. Este fato influiu na criação de um
novo Distrito na Costa Rica, celebrando-se a Primeira Assem-
bleia Distrital de 13 a 15 de abril de 1972, nas instalações do
Seminário Nazareno Centro-americano, com a presença de pasto-
res, missionários e delegados. O Superintendente Distrital nome-
ado foi o Rev. Marshall G. Griffith. Na ocasião, contava-se com
duas igrejas organizadas e duas missões, 44 membros em plena
comunhão, e 34 membros associados. O Superintendente Geral,
Dr. Coulter, agradeceu ao Rev. Allan Wilson e à sua esposa o
bom trabalho no crescimento e edificação do Distrito Pioneiro da
Costa Rica. Ao mesmo tempo aquela região passaria a ser um
Distrito Nacional Missão, para o qual precisariam de um Superin-
tendente Distrital Nacional, elegendo-se o Rev. Ezequiel Juantá.
Naquele ano, os relatórios mostravam que havia 434 membros

115
História da Igreja do Nazareno

em plena comunhão, 146 membros em prova, 12 igrejas e 5 mis-


sões.
Um dos problemas da Igreja do Nazareno na Costa Rica foi
a falta de liderança nacional. A maioria dos líderes eram estu-
dantes de diferentes nacionalidades, que chegaram a preparar-
se no Seminário e ficaram por lá em virtude da falta de pastores
costarriquenhos.
Ainda que o panorama, aparentemente, não se apresente muito
animador, cremos que a Igreja do Nazareno na Costa Rica vai
tomar um rumo diferente. O programa de estudos teológicos
descentralizados, ETED, será chave na nova etapa da Igreja na
Costa Rica.

El Salvador35
A história da Igreja do Nazareno em El Salvador começa na
década de 1960, mais exatamente, no ano de 1964. O país se en-
contrava envolvido numa série de protestos sociais entre o go-
verno e a associação de professores. Tal ambiente, nos dez anos
seguintes, levaria o povo salvadorenho a uma guerra que traria
como resultado um número aproximado de 80.000 pessoas mor-
tas, golpes de estado, 20.000 desaparecidos e uma guerra que durou
doze anos.
Sete anos antes dos acontecimentos anteriormente descritos,
Deus colocou no coração de irmãos guatemaltecos viajarem a El
Salvador. Assim é que, em 1957, realizou-se a primeira tentativa para
abrir a missão nazarena no país, por iniciativa dos irmãos Roberto
Ingram (norte-americano), Federico Guillermo (guatemalteco) e mais
oito irmãos do Concílio Missionário da Guatemala. Seu desejo era
deixar um grupo permanente, pregando a mensagem de santidade.
Em agosto desse ano se adicionou à equipe Ismael Bolaños
(salvadorenho). A equipe iniciou o trabalho na cidade de San Martín,
conquistando 16 pessoas para Cristo.
No entanto, a obra sofreu resistência da parte do pároco cató-
lico do lugar, que acusou o pastor Bolaños de ensinar o comunis-

116
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

mo no país. Unidos, autoridades e residentes do lugar expulsaram


os missionários da região, terminando assim a primeira tentativa
de abrir uma missão naquele país.
O tempo decorreu muito rápido e dois anos depois, em um
sábado, 25 de fevereiro de 1967, declarou-se oficialmente organi-
zada a Primeira Igreja do Nazareno em El Salvador, com 29 mem-
bros em plena comunhão, nomeando como primeiro pastor o
irmão Juan Xitumul López (guatemalteco). Logo aconteceu tam-
bém um belo culto, com o qual se organizava a segunda missão,
conhecida como Igreja do Nazareno Jardim, com 18 membros,
sendo seus pastores o casal Bryant. Eles ficaram no país até sua
aposentadoria, em 1976.
A expansão nazarena continuou e, em 1970, se organizaram as
seguintes igrejas: a de Santa Ana, a de San Miguel e a de Vista For-
mosa. O trabalho missionário foi realizado pelo casal Norma e Stanley
Storey, Danilo Solís, e Juan Lucas. Todo o esforço mencionado pro-
piciou o nascimento do primeiro distrito em El Salvador, sendo o
primeiro Superintendente o Rev. Allen D. Wilson.
Nas duas décadas seguintes produziu-se um crescimento de
muita bênção. Assim, de 1970 a 1979 organizaram-se mais 5 igre-
jas na área central e ocidental do país; na década de 1980, mais 16
congregações; e, na de 1990, mais 9 igrejas.
Em 1994, como estratégia da Região, o país se dividiu em três
distritos, ficando da seguinte maneira: Distrito Centro (San Salva-
dor, San Vicente, Cuzcatlán, Chalatenango, Choupanas e La Paz);
Distrito Ocidental (Santa Ana, Sonsonate, Ahuachapän e A Liber-
dade); e Distrito Oriente (A União, San Miguel, Morazán e
Usulután).
A visão geral anterior do processo histórico da igreja nos
dá a base para realizar uma descrição do crescimento qualitati-
vo da igreja, a qual se divide em três frentes: Membresia. O
total é de 5.500 membros nos três distritos Igrejas. Segundo
dados da Assembleia de 2003, conta-se com 38 igrejas organi-
zadas e 5 missões.

117
História da Igreja do Nazareno

Distritos. Como se fez menção na parte histórica, os distritos


se desenvolveram assim: Distrito Ocidental no nível de fase I, con-
ta com oito locais próprios para as igrejas e sua respectiva casa
distrital; Distrito Centro, de fase III, onde noventa por cento são
locais próprios, além de contar com 2 colégios e sua sede distrital;
finalmente, o Distrito Oriente, com dois locais próprios, sem sede
distrital ainda, mas com uma grande visão para o futuro.
Quanto à área de evangelismo de missões, El Salvador, através
de seus distritos e igrejas locais, conseguiu estabelecer-se em luga-
res onde impera o catolicismo romano. Deus foi poderoso e sua
Palavra tem penetrado nos corações de muitas pessoas, conseguindo
assim a organização de várias igrejas e, em outras áreas, continu-
am sendo abertas outras missões. Para o desenvolvimento e execu-
ção da missão se utilizaram as seguintes estratégias: (1) Na década
de 70, 80 e 90 o Plano Impacto foi a ferramenta que o Senhor
utilizou para o crescimento qualitativo e quantitativo das igrejas.
(2) Depois do terremoto de 1986, apoiados pela World Relief, a
Igreja do Nazareno, ao lado de outras denominações, tomou parte
no esforço de construção de moradias em comunidades pobres,
conseguindo reparar necessidades materiais e espirituais dos habi-
tantes, de tal maneira que muitos foram alcançados para Cristo e
inclusive igrejas foram construídas. (3) A construção de colégios
cristãos foi outra forma de aproximação e apresentação da mensa-
gem salvadora a muitos jovens. (4) No evangelismo agressivo e de
alcance de multidões aconteceram campanhas evangelísticas em
ginásios, parques, campos e colônias, associadas ao filme Jesus.
Por ambos os métodos, centenas de pessoas aceitaram a Jesus. (5)
Os ministérios de compaixão concederam um apoio tremendo à
missão salvadorenha, capacitando, assessorando e doando materi-
ais para a implementação de campanhas de saúde, odontológicas e
de saúde mental.
Com referência à educação teológica, esta tem sua origem em
4 de fevereiro de 1980, data na qual o SENDAS de Costa Rica
patrocinou o programa CENETA com o fim de preparar pastores

118
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

e líderes locais. A visão continuou de tal maneira que alguns


pastores viajaram aos seminários de Guatemala e Costa Rica para
preparar-se. Em 1994 o Seminário Teológico Nazareno da
Guatemala descentralizou os programas de ensino médio e pro-
fessorado em teologia. Tais programas produziram seus frutos,
de tal maneira que, em 2002, o SENDAS da Costa Rica, enviou
ao país seu programa de Mestre em Ciências da Religião. Na
atualidade, temos a bênção de contar com os programas de ETED,
ensino médio, professorado, licenciatura e a futura construção de
nosso primeiro local de estudos, patrocinado por irmãos da cida-
de de Washington, DC (USA), o qual servirá para a preparação
de toda a liderança dos três distritos e para servir com maior
efetividade à igreja do Senhor.

Honduras36
A vontade de descobrir quem tinha interesse pela chegada dos
nazarenos a Honduras nos permitiu encontrar vários personagens.
Neste caso, faremos referência apenas a dois: o Superintendente
do Oeste da América do Norte, Juan Madri, hondurenho e o
presbítero Ira L. Traz.
No ano de 1969, algumas famílias missionárias saíram da
Guatemala e de El Salvador para Honduras (James Hudson, Samuel
Heap, Larry Bryant, William Sedat e Stanley Storey) 37. Percorre-
ram a cidade de San Pedro Sula, que na época tinha o perfil de
cidade industrial. Posteriormente, transferiram-se para a capital,
Tegucigalpa. Esta primeira visita abriria o caminho para começar a
Igreja do Nazareno em Honduras.
Dois anos mais tarde, o pastor Danilo Solís, da Guatemala,
plantou a primeira Igreja do Nazareno na cidade de San Pedro
Sula. Esta igreja foi organizada em 1972. Em julho de 1973, a Igre-
ja Internacional enviou o primeiro missionário, o Rev. Stanley Store
para dirigir a missão em Honduras.
Nos primeiros anos, a Igreja descuidou da formação dos no-
vos pastores e teve de apoiar-se no trabalho de pastores que vi-

119
História da Igreja do Nazareno

nham de outra tendência doutrinária, que, ainda que bem intenci-


onados, não conseguiram sentir-se à vontade com a teologia da
santidade e a missão da Igreja do Nazareno. Assim, a formação
teológica inicial foi muito débil e com pouco impulso.
No entanto, oito anos depois, a Igreja contava com cinco igre-
jas organizadas, mas nenhum dos pastores era produto da igreja
nacional. Ao iniciar-se a década de 1980, a igreja experimentou
mudanças aceleradas. Iniciou-se a preparação teológica através de
cursos intensivos.
Estes ajudaram no processo, mas os novos candidatos que es-
tavam sendo preparados não conseguiram assimilar os conteúdos
das instruções teológicas. Este esforço deu pouco resultado e cus-
tou muito investimento.
As estatísticas para essa data informaram que havia 209 mem-
bros, com mais do que o dobro dessa quantidade matriculados na
escola dominical.
Por outro lado, a promoção e abertura de novas missões pro-
vocaram um conflito: várias igrejas sem pastor! As igrejas que rea-
lizavam essas novas missões foram-se enfraquecendo, devido ao
fato de que os membros maduros tinham que sair para ajudar nas
novas obras. Neste sentido, perdeu-se terreno, ainda que as estatís-
ticas assinalassem outra imagem. A teologia da santidade ainda
não conseguia estabelecer-se entre os nazarenos de Honduras.
Em 1987, dezesseis anos após ter começado a denominação,
deu-se o passo de entregar a direção da obra aos nacionais. Ao
iniciar esta nova etapa, não se experimentou crescimento numéri-
co, nem se iniciaram novas igrejas. Entretanto, logo se iniciou um
processo de ordenar e corrigir a membresia da igreja. Esta postura
foi muito criticada, já que parecia que a Igreja não estava “crescen-
do”. Cunharam-se frases como “em Honduras não há líderes”.
Isto deu ocasião para que a Igreja se focalizasse na tarefa sólida de
formar pastores que enfatizassem a doutrina da santidade. Hoje,
a igreja, uma vez mais iluminada pelo Espírito Santo, começa a

120
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

provocar nos nazarenos de Honduras a responsabilidade de es-


tender o reino de Deus.
Segundo as estatísticas internacionais, a Igreja do Nazareno
em Honduras tem um distrito de fase III, 53 igrejas e 3.327 mem-
bros38.

Panamá 39
A Igreja do Nazareno se estabeleceu, neste país, por duas dife-
rentes vias. A primeira teve a ver com a Região do Canal e a
outra, com a República do Panamá propriamente dita. Vejamos de
maneira panorâmica o que sucedeu.
A partir de um convite das autoridades norte-americanas que
se encontravam a trabalho na região do Canal, a Igreja do Nazareno
iniciou suas atividades ali, em 22 de agosto de 1953. Através do
Departamento de Missões Domésticas iniciou-se uma obra em
Ancón, no ginásio de uma escola, com W. A. Jordan como pastor.
Uma semana depois, a igreja foi organizada, com 15 membros.
Tempo depois, adquiriram uma propriedade. Por razões de saúde,
o casal Jordan precisou deixar o país.
Foi aí que, em 29 de maio de 1955, chegou o casal Elmer e
Dorotea Nelson para encarregar-se da obra. Em 1959, organizou-
se outra congregação, próxima à cidade de Colón.
Quanto ao Panamá mesmo, os irmãos Nelson começaram a
percorrer algumas regiões do país, e verificaram que havia um
amplo campo missionário. Com esse fim, iniciaram-se, então, as
gestões para o reconhecimento governamental da Igreja do
Nazareno, o que se efetivou no ano 1957. Em outubro de 1961,
aconteceram os primeiros cultos com 16 pessoas de fala espa-
nhola e, em janeiro de 1962, a igreja se organizou.
Na cidade, a Igreja cresceu rapidamente e começou a implan-
tação de novas obras nos arredores da capital Panamá. Disto se
originou o Distrito no Panamá.
Em 14 de agosto de 1969, o Distrito do Panamá celebrou suas
primeiras Convenções Distritais e a Segunda Assembleia. Todos

121
História da Igreja do Nazareno

os concílios eram presididos por norte-americanos e secundados


por panamenhos. Mas os nacionais logo iniciaram seus estudos de
Bíblia e Teologia, no Seminário na Costa Rica e ainda houve quem
se transferisse para os Estados Unidos da América do Norte.
Mais missionários aportaram para ajudar na obra, tais como
Robert Pittam, Heap, Lewis, Mark Rudeen e Tom Spalding. Mas a
situação mudou entre 1976 e 1980, devido à agitação política e o
antiamericanismo que se levantou em todo o Panamá. Até então,
os missionários eram os únicos que atuavam como Superinten-
dentes Distritais. Foi quando, pela primeira vez, em 1981, assumiu
tal responsabilidade um nacional, o pastor José Gordon, que con-
tinuou nesta tarefa por 14 anos.
Em 1986, a Igreja do Nazareno no Panamá contava com 12
ministros licenciados que levavam adiante a obra. Em 1989, já ha-
via 8 presbíteros nacionais, 11 ministros licenciados e 3 leigos tra-
balhando ativamente na obra. Em 1990, o relatório incluiu que o
CENETA contava já com 20 alunos. Em 1995, assumiu como
Superintendente o pastor Emitido Quintana, que permaneceu nesta
função até novembro de 2000. Nesse mesmo ano (1995), o Pana-
má se dividiu em dois distritos: Central e Bocas do Touro.
No total, as estatísticas da Igreja do Nazareno no Panamá são:
Dois distritos de fase II (Bocas do Touro e Central), 34 igrejas e
2.095 membros40.
Diante desta história e destes dados, é possível responder a
algumas perguntas- chave, que nos ajudarão no trabalho que te-
mos pela frente:
1. Que recebemos? (a) Apoio em construções de templos,
tanto por parte de grupos de Trabalho e Testemunho,
como de doações variadas. Também veículos; (b) Sub-
sídios pastorais até 1985, incluído um fundo para pen-
são de pastores; (c) Inscrição na Caixa de Seguro Social,
paga com rendimentos da missão; (d) Ajuda de
autogestão para pastores e assessoramento em diferen-
tes projetos; (e) Atendimento do grupo indígena ngobe-

122
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

buglé com ajudas específicas; (f) Classes de Manual,


Teologia e Bíblia para a preparação de líderes; (g) No
aspecto evangelístico, crescimento espontâneo; (h) Reu-
niões pastorais com muita convivência e unidade; (i)
Visão de crescimento.
2. O que nós desenvolvemos? (a) Um estilo de evangelismo
de acordo com a cultura panamenha, que trouxe cresci-
mento, quando foi levado a cabo; (b) A Santa Ceia Uni-
da, que começou acontecer, a cada mês, numa diferente
igreja; (c) O desenvolvimento do ensino através de
CENETA.
3. O que se fez bem? (a) Tratar de corrigir os erros que esta-
vam sendo cometidos, desde a liderança até às bases; (b)
Manter a fidelidade à igreja, através de um grupo de ir-
mãos que tentaram, em todo tempo, conservar sua iden-
tidade nazarena; (c) Manter a visão de crescimento; (d)
Progressos na área de capacitação de líderes; (e) Tentar
ser conscientes das responsabilidades na vida cristã; (f)
Tratar de organizar administrativamente todos os aspec-
tos da igreja; (g) A utilização por parte de algumas igrejas,
de Ministérios de Compaixão. O programa O Bom
Samaritano começou com boas perspectivas; (h) Utilizar
o Plano Panalfalit para alfabetizar em áreas rurais e indí-
genas kunas; (i) Levar a mensagem de salvação aos gru-
pos marginalizados, tais como os indígenas kunas da
Região do Lago Bayano, e basurales da Região de
Chorrera.
4. O que se fez mal? (a) Dar às congregações liberdade ex-
cessiva para assistir a cultos em outras igrejas, sem uma
direção apropriada no aspecto doutrinário; (b) Faltou a
unidade de critério doutrinário no ensino pastoral.
Descuido dos líderes nacionais neste aspecto, com pre-
gações sem ênfase doutrinária; (c) Permitir nas igrejas
que se praticassem diferentes correntes doutrinárias (pro-

123
História da Igreja do Nazareno

fecias, línguas, cair no Espírito, etc.). Já no ano de 1981


havia problemas doutrinárias com estas práticas; (d) Não
pedir prestação de contas a líderes que não atuaram como
deveriam (venda de propriedades e coisas materiais de-
saparecidas); (e) Fazer pouco caso das normas
estabelecidas pelo Manual; (f) Tolerância de casos de
pecado reconhecidos pelas autoridades da Igreja. Ainda
casos de pastores em adultério, que afetou a igreja em
geral; (g) Não trabalhar em equipe, deixando de existir a
relação pastoral que havia antes; (h) Não ter um escritó-
rio central ocasionou transtornos administrativos. A ad-
ministração tanto distrital como local foi fraca, (i) Pensar
que o Distrito é que tem que proporcionar absoluta-
mente tudo; (j) Descuidar da manutenção das proprie-
dades; (k) No aspecto evangelístico, conquanto se
implementassem alguns planos, não se continuou a
desenvolvê-los; (l) Deixou-se de utilizar literatura
nazarena na Escola Dominical, sob o pretexto de que
seus preços eram onerosos; (m) Terminaram-se as visi-
tas a hospitais e prisões como uma prática comum; (n)
Por cerca de 10 anos, os pastores deixaram de receber
as Atas de Assembleia.
Ante este panorama, só resta expressar que o desafio que
se nos apresenta como povo de Deus, implica para cada
um dos panamenhos e dos que trabalham com este povo
abençoado, assumir um compromisso genuíno para que
a Igreja do Nazareno continue crescendo e impactando
com a mensagem de santidade o Panamá.

ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO
NOS PAÍSES DE FALA ESPANHOLA DO CARIBE.
América Latina também inclui aqueles países do Caribe que
falam espanhol. Por isso, dedicamos este espaço para conhecer a
história da Igreja do Nazareno em tais nações.

124
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Cuba 41
Como nazarenos deste tempo, não podemos deixar de dizer o
que recebemos de nossos antecessores, estrangeiros e nacionais,
homens e mulheres de Deus que sulcaram os mares e navegaram
os céus do mundo para dar uma mensagem de salvação e santida-
de, com paixão.
Somente em 1945, um ano após a morte de Gardner, chega-
ram a Cuba os missionários Lyle Prescott e família para reiniciarem
a obra nazarena. Dois anos depois, chegou John Hall com sua
família e, mais tarde, Spurgeon Hendrix com sua família, entre
outros. A partir de 1953 se intensificou o processo da revolução
cubana, a mesma que triunfou em 1959. Os missionários tiveram
que abandonar o país. Em 30 de outubro de 1960, deixaram uma
nota sobre a mesa do refeitório do Seminário. Ali estavam os no-
mes dos nacionais que formariam o comitê de emergência, encar-
regado dos negócios da Igreja. Todos eram leigos, incluindo o que
ficara como Superintendente, o irmão Pedro H. Morejón. Não se
contava com um só presbítero. Sem ajuda estrangeira e sem
assessoramento de ministros ordenados foram os que, com a aju-
da de Deus, mantiveram e continuaram a obra, fazendo predomi-
nar a bravura local.
De 1959 à década de 1980, Cuba experimentou uma revolução
social, o que provocou uma grande confusão espiritual. Os con-
ceitos marxistas-leninistas e a atitude para com a igreja, fizeram
minguar a fé de muita gente, de maneira que emigravam em massa
tanto do país como das igrejas. O exemplo dos que ficaram foi a
inspiração dos nazarenos de hoje. Eles enfrentaram com coragem
e fé a discriminação e assédio que caracterizaram esses anos, dan-
do origem a uma igreja que ainda vive e está ativa hoje, mais do que
nunca.
Os anos entre 1959 e 1986 foram difíceis. O crescimento
quantitativo da Igreja quase se deteve. Para a Assembleia de 1986
se informou somente um remanescente de 300 membros. Nesse
mesmo ano, a Igreja de Cuba teve uma representação na Assem-

125
História da Igreja do Nazareno

bleia Geral. Quatro anos depois, em 1990, tinha-se alcançado o


dobro da membresia, para um número aproximado de 700 mem-
bros e 18 igrejas. Começou-se a experimentar um avanço
evangelístico e missionário, atingindo novas áreas geográficas, tanto
nas cidades como nos campos, o que permitiu que, para 1997,
atingíssemos 2.780 membros em plena comunhão, 23 igrejas or-
ganizadas, 7 missões, 39 pontos de pregação, 17 presbíteros, 17
ministros licenciados e mais de 20 obreiros leigos. Chegamos a
2000 com 3.421 membros, 24 igrejas, 16 missões e 155 pontos de
pregação. Isto nos indica que a igreja cresceu e segue crescendo,
pois, atualmente, já superou os 6.000 nazarenos. Contamos com
45 igrejas organizadas, 10 missões, 110 pontos de pregação, 18
presbíteros e 29 ministros licenciados.
Além dos Ministérios de Compaixão, que têm uma forte
ênfase em Cuba, a Educação Teológica também é chave. Ale-
gra-nos o número crescente de pastores e líderes que estão es-
tudando nos diferentes programas que se oferecem no
Seminário Teológico Nazareno Cubano. Os líderes das orga-
nizações auxiliares dão ênfase ao desenvolvimento de suas
áreas, especialmente à Escola Dominical. Nesse ritmo, os es-
tudos por extensão logo atingirão mais de 20 pastores e 100
líderes leigos de nossa igreja.
Os insensíveis anos entre 1960 e 1980, a emigração em mas-
sa para os Estados Unidos, a vinda do mundo socialista, e a
crise econômica, política e social que enfrenta o nosso povo,
no chamado “período especial”, anunciaram o desaparecimento
da Igreja; mas a igreja é do Senhor e nada a destruiu nem a
destruirá.
As características da Igreja do Nazareno em Cuba apontam
para um futuro promissor: (1) Louvor e adoração espontânea;
(2) Testemunho público; (3) Intercessão; (4) Petição; (5) Cele-
bração dos sacramentos; (6) Ofertas e dízimos; (7) Boa mordo-
mia; (8) Irmandade e serviço cristão; (8) Discipulado, (9)
Evangelismo.

126
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

República Dominicana42
Em agosto de 1975, iniciou-se a obra da Igreja do Nazareno
na República Dominicana. A chegada do Dr. Louie Bustle, atual
Diretor de Missão Mundial e, mais tarde, do Dr. Jerry Porter,
atual Superintendente Geral, marcou uma mudança de paradigma
na obra evangelística da República Dominicana. A mensagem
da santidade e o testemunho dos primeiros nazarenos impactaram
a vida de muitos inconversos, que chegavam ao altar,
arrependidos de seus pecados e testemunhando com lágrimas a
presença de Cristo em suas vidas. Este Movimento de Santida-
de atravessou as fronteiras da Igreja e impactou outras denomi-
nações. Muitos pastores e leigos vieram interessados em fazer
parte da Igreja do Nazareno. Na primeira Assembleia de 1976,
contava-se com 12 igrejas e 228 membros. Muitas dessas con-
gregações já tinham seu templo próprio.
A presença do Espírito Santo era uma constante no trabalho
evangelístico. Os fundadores abrigavam uma visão clara de cresci-
mento. Os lemas daquele tempo revelavam o conteúdo da visão:
“Cada Um Ganhe Um”, “Cada Pastor Treine um Pastor”, “Cada
Igreja Plante Outra Igreja”; “Quisqueya para Cristo”; “Sem Santi-
dade Ninguém Verá o Senhor”.
Outros elementos positivos se observaram nos grupos
evangelísticos dos Estados Unidos, Porto Rico, México e outros
países. O sistema de tendas, as campanhas evangelísticas nos par-
ques, os concertos, corais de grupos de Porto Rico e dos Estados
Unidos, as campanhas nas igrejas com pregadores-missionários,
bem como o contato pessoal com a comunidade, foram elementos
de grande empuxo no desenvolvimento e crescimento da Igreja.
Por outro lado, a nomeação de líderes que vieram de outras
denominações afetou de maneira sensível o crescimento da Igreja
e o desenvolvimento de uma liderança nacional com uma identida-
de doutrinária nazarena.
Quando os fundadores saíram, os nazarenos dominicanos não
haviam atingido a preparação e a maturidade necessárias para as-

127
História da Igreja do Nazareno

sumir o controle da Igreja. Várias igrejas fechadas, pastores


descredenciados e expulsos, foi o resultado de uma liderança
disfuncional. Outros fatores que influíram negativamente no pro-
cesso de consolidação da Igreja foram: (1) Milhares de nazarenos
nacionais haitianos, que viviam no país, foram repatriados pelo
governo dominicano para a sua nação. (2) Os conflitos judiciais
entre superintendentes e pastores se tornaram intensos. (3) Deu-
se uma desistência ministerial em massa de pastores e o fecha-
mento de igrejas. (4) Houve muitos julgamentos e disciplinas
ministeriais.
Mas o crescimento da Igreja do Nazareno na República
Dominicana foi um fato inegável. As estatísticas revelaram que no
ano 1990 havia uma membresia de 10.253 nazarenos. Entretanto,
pelas razões mencionadas, a membresia atual é de 7.964 membros.
Existem quatro distritos (Central de fase III, Norte, Nordeste e
Oriental; os três últimos de fase II), com um total de 117 igrejas.43
A Educação Teológica na República Dominicana se iniciou for-
malmente no ano de 1976, dirigida pelo Dr. Jerry Porter. O Progra-
ma no Ministério Cristão foi um atrativo para centenas de estudantes
interessados na preparação ministerial. Em 1988, foi aprovada a aber-
tura do Seminário Nazareno Dominicano, com modalidade
residencial. Mas, em 1994, fruto de pressões econômicas, fechou-se
o programa em residência. O SND agora concentra seus esforços
exclusivamente na modalidade descentralizada. Atualmente, há 9
centros e 150 estudantes matriculados. Desenhou-se uma estraté-
gia de acordo com a missão e a visão da Igreja do Nazareno e a
Junta Internacional de Educação.
Os pastores dominicanos que foram estudar no Seminário
Nazareno das Américas de San José, Costa Rica, se reinseriram
imediatamente nos afazeres teológicos do Seminário local, con-
tribuindo, assim, para a formação de ministros preparados para
a obra. A Igreja atualmente conta com mais de 18 bacharéis em
teologia, mestres e doutores em diferentes áreas do conheci-
mento.

128
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

O Ministério de Compaixão iniciou-se no final dos anos 80 e


significou uma grande ajuda econômica para os pastores. No co-
meço, era só um Programa de Bolsas para apoiar a educação dos
filhos dos pastores. Mais tarde, o Programa se ampliou para pe-
quenos projetos de microempresas que beneficiaram os pastores
em sua economia familiar; mas, em sua maioria, fracassaram por
má supervisão e mau manejo administrativo dos mesmos. Atual-
mente, existe na República Dominicana um Coordenador Nacio-
nal de Ministérios Compassivos e um Coordenador para cada
distrito. Compaixão é, assim, um braço de apoio à Igreja, em sua
tarefa de evangelismo integral, e abarca programas de medicina,
saúde, assistência em tempo de desastres, entre outros.

Porto Rico44
A Igreja do Nazareno de Porto Rico iniciou sua obra de ma-
neira oficial em 1944. Isto, apesar de, em 1942, o Rev. C. Warren
Jones, Secretário do Departamento de Missões Mundiais, haver se
reunido com o Rev. José R. Lebrón Velázquez, pastor de um gru-
po de igrejas independentes denominadas como Igreja do Salva-
dor, para estudar a possível união da Igreja do Salvador à Igreja do
Nazareno. A união se deu no ano de 1943. Howard V. Miller, Su-
perintendente Geral dessa época, aceitou Lebrón como ministro
reconhecido na Igreja do Nazareno. Ao mesmo tempo, Lebrón foi
nomeado Superintendente Distrital, e se lhe atribuiu a posição de
Missionário, responsável pela obra em Porto Rico.
A Primeira Assembleia de Distrito se efetuou em 1949, com a
participação de cinco congregações. É necessário reconhecer que
um dos elementos de maior relevância no transcurso da Igreja do
Nazareno em Porto Rico é o fato de que a obra começou sob a
liderança de porto-riquenhos, diferentemente de países como Cuba
e República Dominicana. O Rev. Lebrón Velázquez funcionou
como Superintendente e Missionário entre os anos 1944-1952.
Ainda quando, no ano 1952, era Superintendente e Missionário,
continuou pastoreando a primeira igreja até 1955. A saída de

129
História da Igreja do Nazareno

Lebrón da denominação se deveu, fundamentalmente, à insatisfa-


ção de alguns líderes da Igreja em nível central, os quais conclu-
íram que, apesar do desenvolvimento e crescimento da Igreja, a
mesma não era representativa da “doutrina” oficial da denomina-
ção. Por tal motivo, no ano 1952, chegaram a Porto Rico o Rev.
Harold Hampton e sua esposa para servirem como missionários
naquele país. Desta maneira, a direção da igreja passou às mãos
da liderança norte-americana.
A chegada de líderes de América do Norte ao país sem dúvi-
da contribuiu de maneira significativa na tarefa de imprimir uma
identidade doutrinária de acordo com a denominação. Esta lide-
rança se estendeu por cerca de 19 anos entre, 1952-1971. Neste
tempo, surgiram ministérios muito significativos e de muito bene-
fício, entre eles o Instituto Bíblico, com a direção do Rev. William
Porter e sua esposa, e a aquisição de 54 lotes de terreno onde se
construiria o Acampamento Nazareno. Ainda que a contribuição
de todos os missionários, entre eles Harold Hampton, Lyle
Prescott e Harry Zurcher tenha sido excelente, não é menos
verdadeiro que a contribuição de William e Juanita Porter foi de
maior alcance, já que Porto Rico foi seu lar por 22 anos. A ênfase
em enviar missionários porto-riquenho foi um fator vital e muito
significativo. Hoje existem umas quatro famílias porto-riquenhas
no campo missionário.
A “ambiguidade” não intencional quanto à formação de obrei-
ros e a falta de um programa dinâmico de estudos, não favoreceu a
Igreja. Isto, por sua vez, criou a necessidade de recrutar ministros
de outras denominações, os quais nem sempre representaram de
forma efetiva a herança doutrinária. O “hermetismo” denominaci-
onal também não contribuiu. Porto Rico tem estado muito isola-
do, ainda, dentro da própria Denominação. Finalmente, o elemento
que provocou mais dano foi a impossibilidade de implementar
de maneira “dinâmica” a visão e missão da denominação, apesar
do extraordinário potencial da Igreja no país. Uma das maiores
contribuições do trabalho missionário nos anos formativos da

130
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Igreja em Porto Rico foi o estabelecimento do Instituto Bíblico


(1954). Quatro anos mais tarde (1958), realizou-se a primeira
graduação, com cinco alunos. Ainda que, através dos anos, te-
nham acontecido múltiplas realizações na área de estudos teo-
lógicos, atualmente, só se oferece um programa de estudos para
acesso à ordenação através do Instituto Bíblico.
É importante e necessário reconhecer a extraordinária consci-
ência da bravura “autóctone” que teve a Igreja do Nazareno por-
to-riquenha, desde seus primórdios. Inicialmente, com o Rev. José
R. Lebrón Velásquez como primeiro Superintendente nacional.
Com a saída da liderança missionária, surgiram novos líderes naci-
onais, entre eles o Rev. Benjamín Román Díaz, que fora nomeado
como o segundo Superintendente Distrital. Ele, junto a outros lí-
deres preeminentes, desenvolveu um tremendo trabalho pelo perí-
odo de 15 anos, levando a Igreja a ser declarada Distrito Regular
no ano de 1980.
Em 1993 se criou o segundo distrito de Porto Rico. O Rev.
Pedro Cruz foi nomeado como Superintendente do Distrito Les-
te; e o Rev. Raúl Puig como Superintendente do Distrito Oeste.
No entanto, há que reconhecer que, através dos anos, o crescimen-
to da igreja em termos de “membresia” foi “conservador”. Os fa-
tores mais significativos que explicam isto, poderiam resumir-se
assim: falta de desenvolvimento na visão e missão da denomina-
ção; e poucos esforços evangelísticos, de acompanhamento e
discipulado.
O crescimento na membresia durante os anos 1957-1971, quan-
do a liderança estava nas mãos dos missionários, foi de 1.433 pes-
soas recebidas e 1.009 desligadas, para um acréscimo líquido de
828. No período do 1972-1989, sob a liderança porto-riquenha,
ganharam-se 4.621 e perderam-se 2.262, com um ganho real de
1.899. De 1990 a 2003, as estatísticas refletiram 4.107 adesões e
3.231 saídas para um ganho líquido de 853. As estatísticas interna-
cionais informam que, hoje, em Porto Rico, existem 50 Igrejas do
Nazareno nos dois distritos regulares e 3.924 membros45.

131
História da Igreja do Nazareno

A contribuição dos Distritos porto-riquenhos consistiu fun-


damentalmente num respaldo financeiro significativo. De maneira
complementar, algumas igrejas locais se uniram e realizaram al-
gumas ajudas humanitárias e estabeleceram clínicas de saúde em
diferentes países do Caribe, entre eles Haiti, República Dominicana
e Cuba.

ESTABELECIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA
AMÉRICA DO SUL
Os 10 países que constituem a Região da América do Sul, têm
também uma história significativa no corpo nazareno. Somente o
Brasil, é que não se fala o espanhol e sim o português, entretanto,
por suas características contextuais similares ao resto dos países
sulamericanos, e por pertencer à Região SAM, incluímo-lo neste
estudo.

Argentina46
Foram dois os casais que deram início à Obra da Igreja do
Nazareno na Argentina: Francisco e Lula H. Ferguson, e Charles
H. e Catalina Miller. Os Ferguson chegaram a Buenos Aires em
1909 e os Miller chegaram em 1914.
Naquela ocasião, os dois casais pertenciam a grupos que já
estavam unidos à Igreja do Nazareno. Em 3 de setembro de 1919,
começaram os cultos da Igreja do Nazareno em solo Argentino,
na moradia dos Miller. Em 5 de outubro de 1920 informou-se a
existência de duas missões.
A Segunda Assembleia do Distrito Missionário Argentino re-
alizou-se em 10 e 11 de outubro de 1922. Naquela oportunidade,
informou-se a existência de três missões, três escolas dominicais e
sete lugares de pregação.
A página impressa teve um papel decisivo, principalmente com
a publicação da revista A Senda Antiga, mais adiante O caminho
mais excelente. Folhetos, materiais de evangelização, artigos de
autores conhecidos, e também a tradução de livros sobre santida-

132
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

de foram impressos e distribuídos com os mínimos recursos ne-


cessários para fazê-lo.
Outro aspecto preponderante foi a abertura da Escola Evan-
gélica Mista, na rua Gaona, com inscrição de 25 alunos regulares
em fevereiro de 1923. Cumpre destacar, também, a educação teo-
lógica a cargo de Charles Miller, que serviu inclusive a estudan-
tes de outras denominações ao recebê-los como alunos do então
Instituto Bíblico Nazareno.
De 8 a 14 de junho de 1931, celebrou-se a Nona Assembleia
de Distrito. Foi um momento inesquecível, já que o Dr. J. B.
Chapman visitou a Argentina, sendo o primeiro Superintendente
Geral da Igreja do Nazareno a fazê-lo, oficialmente. Nessa opor-
tunidade, ordenou quatro ministros licenciados como Presbíteros.
A Dra. Lucía de Costa foi a primeira nazarena convertida ao
evangelho na Argentina. Ela chegou a ser professora, pastora e
missionária de renome.
Mas, ao ler a história da Igreja do Nazareno na Argentina, é
importante refletir sobre aspectos que marcaram seu desenrolar:
1. Falta de liderança comprometida. As primeiras duas déca-
das (1919–1939) decorreram sem maiores mudanças; uma
liderança forte e visionária, mas estrangeira, não atingiu
o alvo de transmitir a visão e a paixão aos nacionais e,
muito menos, a autoridade delegada, para fazer deles ver-
dadeiros protagonistas. Os casos excepcionais foram pela
graça de Deus, mais do que por um projeto definido de
treinamento.
2. Falta de um ministério definido de compaixão. O atendi-
mento aos necessitados como um ministério de compai-
xão, se restringiu ao âmbito da igreja e, mais ainda, ao
templo. Um evangelho marcadamente espiritualista des-
pojava as pessoas de corpo e alma. Um evangelho muti-
lado não pôde evitar também mutilar as pessoas e as
famílias. Até se pode falar, sem ofender, de uma apologia

133
História da Igreja do Nazareno

à ignorância e à pobreza, como boa referências de uma


vida espiritual.
3. Falta de um programa de educação formal estável. Não
conquistar espaço na educação formal a partir da Igreja
do Nazareno, foi uma perda que não se pôde recuperar
por muitos anos, e voltar a fazê-lo tornou-se um sofri-
mento para quem devia empreender a tarefa. Nota-se
como foram sendo substituidas as prioridades, portanto
a missão da igreja foi-se estreitando dentro dos templos.
Num país onde as distâncias são a maior dificuldade a vencer,
o crescimento se consegue unicamente fazendo com que a admi-
nistração e seus líderes estejam mais próximos do campo e missão,
e não mais distantes. Isto mostrou ser mais do que um desafio,
precisando converter-se num imperativo planejado e claramente
compartilhado em todos os níveis da liderança da igreja na época.
Não é de surpreender, então, que, após doze anos de trabalho (1931),
fosse informada a existência de 3 igrejas organizadas, com um to-
tal de 132 membros em plena comunhão, 70 membros em prova e
265 na matrícula de Escola Dominical.
As décadas seguintes (1939-1979) viveram a expansão da Igre-
ja do Nazareno no interior de Argentina. Como consequência da
expansão, apareceu uma forma de governo, que deixou de ser um
modelo de administração para converter-se num fator de poder e
domínio, o centralismo e hegemonia de Buenos Aires. O fato de
haver um distrito único fazia com que os pastores fossem designa-
dos a partir de Buenos Aires para pontos tão distantes e desconhe-
cidos, alheios totalmente a sua cultura, e agravado pelas mudanças
pastorais repentinas.
Não é de estranhar que Argentina fosse, nesses anos, um dos
países de menor crescimento na América do Sul, enquanto outras
denominações e grupos cresciam. Quando se pôde transferir a li-
derança aos nacionais, sinceramente, já era tarde. Muitos batalha-
vam em sua boa fé para serem líderes merecedores de tal distinção.

134
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Os anos 1979-2004 foram testemunhas dos maiores esforços


da Igreja do Nazareno na Argentina. A pressão para corrigir o
caminho percorrido foi crescendo e foi-se manifestando de muitas
maneiras. Os lucros obtidos custaram o preço de perder líderes,
de romper estruturas e de criar novos modelos.
Alcançou um resultado significativo a descentralização da ad-
ministração distrital, a ponto de chegar a 11 distritos, dois deles de
fase III. Um destes distritos atende exclusivamente aos aborígenes
do nordeste, com um projeto pronto para concretizar-se como
centro de treinamento para as missões. Outro lucro foi a
descentralização da educação teológica, mediante o sistema à dis-
tância: SEJAM, CENETA e agora ETED. A longa luta de residên-
cia e estudos à distância foi superada. Confrontou-se a visão da
Igreja e o crescimento, dando lugar a declarações que, para o mo-
mento eram violentas, tais como: “Cada um ganha um”, “Cada
pastor treina outro pastor”, “Cada igreja planta outra igreja”, e
mais adiante, “Cada Superintendente Distrital treina outro Supe-
rintendente”, e a preocupação de alcançar a prática.
Foram enfrentados os males que atacavam a Igreja: o
“templismo” e o “crentismo”, propondo os remédios através de
células de oração, líderes de células e “irmãos maiores”. Também
se enfrentou o paternalismo e a dependência e, ao mesmo tempo,
multiplicando a liderança nacional, ajudando a elaborar e respon-
der a projetos autofinanciáveis, igrejas com sustento próprio e pas-
tores bivocacionados. Foi necessária a presença e continuidade de
uma filosofia de trabalho que coincidiu com a abertura da Região
América do Sul e a visão da liderança. Não foram poucas as angús-
tias vividas para entender e aceitar a mudança, mas foram mais as
dores vividas, e a terra já estava arada e regada com oração e lágri-
mas, pronta para ser semeada e esperar a colheita, que por fim
chegou.
Atualmente, a Igreja do Nazareno na Argentina conta com 11
distritos, 179 igrejas e 11.884 membros47.

135
História da Igreja do Nazareno

Uruguai48
A obra nazarena iniciou-se no Uruguai, no ano 1948, como
extensão da obra missionária do Distrito Argentino, onde o Supe-
rintendente era Juan Cochran.
Em 1949, o Rev. Ronald Denton e sua família se mudaram
para Montevidéu, para uma casa alugada na rua 14 de Julho, no
bairro Pocitos. Estes servos de Deus tinham um grande desafio e
uma grande visão para implantar a Igreja do Nazareno, sendo que
chegavam a um país com forte predomínio da fé Católica Romana
(66%).
No dia 16 de janeiro de 1949, realizou-se a primeira reunião na
casa de uma família, com a presença de 16 pessoas. Em março de
1949, realizaram-se reuniões especiais, surgindo os primeiros con-
vertidos. Entre eles, estava o Sr. Salvador Cipriano Ramos que foi
um fruto que permaneceu firme, chegando a ser, com o correr dos
anos, um pastor que se manteve no ministério e o primeiro presbítero
no Uruguai. Atualmente é um dos muitos testemunhos vivos dos
primórdios da Igreja do Nazareno no Uruguai.
No ano do início das reuniões, realizou-se, na praia de Pocitos,
o primeiro batismo de oito pessoas, cujos nomes são: Osvaldo
Nobre e sua esposa María, Angélica Bairros, Ethel Facal, Lucía
de Milhar, e Cipriano Ramos e sua esposa Esmeralda. Com estes
oito membros, organizou-se a primeira Igreja do Nazareno no
Uruguai, em 17 de fevereiro de 1952.
Nesse mesmo ano, o Rev. Ronald Denton começou reuniões
em casas de família e em tendas, na região de Pedras Brancas e
Manga. Posteriormente, em abril de 1958, foi alugada uma casa na
Av. Cuchilla Grande, onde pastoreou David Corvino. Em 1959,
foi adquirido um terreno na região de Pedras Brancas, onde se
construiu a igreja atual, a qual foi organizada no mês de abril de
1962; foi pastor desta igreja o Rev. Cipriano Ramos. Em agosto de
1955, organizou-se a Igreja de Carrasco, com dez membros. Em
29 de março de 1959, foi inaugurado o novo templo na Avenida
Bolívia.

136
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

O avanço da obra trouxe outros missionários, como a família


Parkinson, que veio da Argentina no ano de 1953, a família
Armstrong vinda da Bolívia em 1956. Finalmente se uniu a eles a
família Wilkerson.
Em 1956, o avanço missionário se estendeu fora de Montevi-
déu, a uma cidade a 47 quilômetros da capital, chamada Canelones.
No ano de 1957, se estabeleceu uma igreja nesse lugar. Em 1959,
foi adquirida uma propriedade na cidade de Montevidéu, na Cida-
de de Baía Branca, onde começou a funcionar o Instituto Bíblico
Nazareno.
Em 1963 se uniu ao corpo missionário a família Hughes, que
havia servido em Cuba e na Nicarágua. Ted Hughes serviu como
diretor da missão no país e como diretor do Instituto Bíblico
Nazareno do Uruguai.
Como se nota, com o correr dos anos, no Uruguai se deu uma
grande concentração de missionários na capital. É assim que, após
14 anos do começo da Igreja do Nazareno, o lugar mais longe a
que se havia chegado, era a cidade de Canelones, tão somente a 47
quilômetros da capital.
Sendo Superintendente o missionário Ronald Denton, ainda
sem contar com o pleno acordo entre os integrantes do Conselho
missionário, resolveu-se enviar Ted Hughes à cidade de Minas,
departamento de Lavalleja, a uns 120 quilômetros da capital. Um
outro casal missionário, a família Parkinson, junto com Miguel
Rodríguez como pastor ajudante, dirigiram-se de mudança à cida-
de de Florida, a 97 quilômetros da capital.
Posteriormente chegaram outros missionários, que utilizaram
a estratégia de mobilizar o corpo estudantil do Instituto Bíblico
Nazareno. Dessa forma, chegou-se à cidade de San José, no ano
1972, com uma grande tenda No ano de 1973, numa Assembleia
anual, o Superintendente Distrital apresentou o primeiro casal de
missionários nacionais, José Pedro López e sua esposa. Esse casal
viaja sozinho, sem o acompanhamento dos missionários, a 400

137
História da Igreja do Nazareno

quilômetros da capital, para Tacuarembó. Hoje essa cidade é sede


da superintendência do Distrito Uruguai Norte.
Em 1980, já havia se retirado do país a maioria dos missionári-
os norte-americanos.
Não se sabe quais foram as causas fundamentais que levaram à
saída em massa dos mesmos. Nesse ano, no Uruguai havia 12
igrejas e 424 membros. Algumas características da Igreja do
Nazareno no país, naquela época, eram: (1) Boas bases da escola
dominical; (2) Gerações de pastores que não permaneciam no
ministério; (3) Fechamento brusco do Instituto Bíblico Nazareno
do Uruguai; (4) Dependência financeira da missão; (5) Houve um
bom grupo de pastores nacionais que haviam sido preparados
teológica e emocionalmente para seguir o caminho do sacrifício,
a tal ponto que muitos deles estão até o dia de hoje no ministério;
(6) Vieram tempos difíceis em virtude das mudanças pastorais
frequentes.
Assim foi, até que, no ano 1980, apareceu a figura do primeiro
Superintendente Distrital nacional na pessoa do Rev. Walter
Rodríguez. O tempo demonstrou que não estávamos preparados
para essa mudança, mas tínhamos que assumi-la. Nesse período,
com a chegada do Dr. Louie Bustle como Diretor Regional, deu-se
uma nova visão à obra. Ele propôs a criação do Distrito pioneiro
Uruguai Norte, com sede na cidade de Tacuarembó. Designou-se
como Superintendente o Rev. Jesus Bernat, que serve nesse posto
até hoje. Na atualidade, depois de 19 anos, o Distrito Norte conta
com 32 igrejas ativas e 2.100 membros em plena comunhão. A
obra se estendeu a partir da cidade de Tacuarembó para outros
lugares, como Vila Ansina e Salto, e contatos em Rivera, Artigas,
Passo dos Touros e Paysandu. O método utilizado foi o discipulado,
“cada um ganhando um”, projeções do filme Jesus e tudo aquilo
que era útil para consolidar o desenvolvimento.
Pelo Distrito Sul passaram os Superintendentes Rev. Miguel
Rodríguez e, posteriormente, o Rev. Adão Villalba. Hoje desempe-
nha essa responsabilidade o Rev. José Pedro López.

138
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Apesar de todas as vicissitudes, a Igreja do Nazareno no Uru-


guai cresceu com o trabalho dos obreiros nacionais. Em 35 anos,
abriram-se 12 igrejas com 424 membros, e, no mês de outubro de
2001, existiam 24 igrejas organizadas com uma membresia de 1.000
membros.
Era um novo tempo para a Igreja no Uruguai e para a
capacitação dos novos líderes nacionais. Assim, surgiu um novo
programa de estudos (CENETA, hoje ETED). Neste novo pro-
grama, dava-se ao estudante a possibilidade de trabalhar e susten-
tar-se, ou sustentar a sua própria família, enquanto realizava seus
estudos ministeriais. Isto permitiu que, no meio da crise que o país
viveu e da qual não saiu, a obra pudesse continuar.
Dentre os benefícios obtidos pela Igreja do Nazareno no Uru-
guai, pode-se mencionar o reconhecimento oficial pelo Estado da
função pastoral, de tal forma que se possa receber uma aposenta-
doria, benefício que se alcançou no ano de 1985, e que se mantém
até hoje.
As estatísticas internacionais da Igreja do Nazareno indicam
que no Uruguai existem hoje dois distritos (Norte, de fase II, e Sul,
de fase III), 68 igrejas e 4.247 membros.49

Peru50
No dia primeiro de novembro de 2004, celebrou-se os 90 anos
da chegada do primeiro missionário ao Peru, o pastor Roger Winans.
Este herói da fé, em obediência a uma visão que teve num de seus
encontros gloriosos com o Senhor, semelhante ao de Paulo em
Trôade, quando recebeu o convite do varão macedônio, “conse-
guiu ver uma tribo de indígenas do Alto Amazonas, e uma mão
parecia apontar para eles”. Tendo tal convicção que esse era seu
campo missionário, Roger Winans e sua esposa Mary Hunt, pa-
gando suas próprias passagens e outros gastos de viagem, parti-
ram da California rumo ao Peru, em 1914. Chegaram a Pacasmayo,
um porto ao Norte do Peru.

139
História da Igreja do Nazareno

Durante os três primeiros anos, Roger Winans havia realizado


a obra por sua conta. Oficialmente, a sede da Igreja do Nazareno
autorizou a abertura da obra no Peru em 1917. A partir de
Pacasmayo se projetou para os Andes e depois à selva amazônica,
ainda que sem deixar de pregar aos povos e cidades da costa. Mas
para Winans sua maior realização foi chegar à tribo indígena que
havia visto em sua visão em Kansas.
Na primeira década de ministério da Igreja do Nazareno, esta-
beleceram-se 8 igrejas e 6 missões; mas, ao celebrar as Bodas de
Ouro (1967), tinham sido organizadas 61 igrejas com uma
membresia de 2.919. A maioria das congregações localizavam-se
na Serra e na Selva do Norte do Peru.
Ao cumprir as Bodas de Diamante (1992), pelo amor e pela
paixão dos pastores e das igrejas, especialmente na década de 1980,
houve muita motivação para o crescimento. Por essa época já ha-
via 500 igrejas com uma membresia de 30.000. No ano 2004, o
relatório estatístico registrava que havia 46.730 membros, distribu-
ídos em 763 igrejas ativas e em 16 distritos eclesiásticos.
A área mais evangelizada, e onde está a maior parte do povo
nazareno (93%), continua sendo o Norte do Peru, abarcando as
três regiões naturais do país. Destas regiões saíram centenas de
pastores que gastaram suas energias e suas forças, estabelecendo
centenas de igrejas.
Os pastores atuais tomaram sobre seus ombros a missão da
igreja e permanecem nos seus postos, continuando a visão de Roger
Winans.
Estas nove décadas de ministério da Igreja do Nazareno no
Peru deixaram algumas impressões, elaboraram alguns paradigmas
e fundamentos que permitiram cumprir, em grande parte, a tarefa
e, além disso, ganhando um espaço e respeito na sociedade e na
fraternidade do povo evangélico no país.
Foi feita uma pergunta-chave a um dos líderes pertencentes à
primeira geração de presbíteros da Igreja do Nazareno: O que é a
melhor herança da Igreja do Nazareno para a presente geração

140
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

no Peru? O Dr. Esperideón Julca identificou duas coisas: a dou-


trina e uma liderança comprometida, que nos deixaram impres-
sões indeléveis.
Mas, quais foram os fatores que permitiram à Igreja do
Nazareno no Peru ser uma das denominações mais crescentes no
país?
1. Uma liderança comprometida e com paixão pelos perdi-
dos. Desde os primórdios, Roger Winans, os missionári-
os que lhe seguiram, pastores e obreiros nacionais foram
nutridos com a abnegação, uma grande paixão e com-
promisso para levar o evangelho a povos e lugares remo-
tos, deixando marcas permanentes para as futuras
gerações.
Os primeiros missionários e pastores peruanos, talvez não
tenham utilizado a linguagem “missão integral”, mas,
desde o alvorecer da Igreja do Nazareno no Peru, pre-
gou-se um evangelho integral. Juntamente com a procla-
mação do evangelho e da experiência da inteira
santificação, estabeleceram-se escolas de ensino para cri-
anças e jovens; deram-se ensinos sobre agricultura, pecu-
ária; compartilhava-se a comida na viagem; ensinava-se o
idioma inglês, etc. Tudo isso para que a mensagem do
evangelho tivesse impacto nas comunidades e povos aon-
de iam os missionários.
Em 1920, paralelamente à Escola de ensino básico, criou-
se a Escola Bíblica para preparar obreiros nacionais para
o ministério cristão. Nunca se fechou esta Escola Bíblica;
hoje é o Seminário Teológico Nazareno, que oferece
Ensino médio e Licenciatura em Teologia; além disso,
funciona como sub-sede do Seminário Nazareno das
Américas, localizado na Costa Rica, para o programa de
Mestre em Ministério Cristão. Esta instituição foi o lugar
de semeadura dos servos do Senhor trabalhando em todo
o país. Hoje, esta instituição conta com cerca de uma cen-

141
História da Igreja do Nazareno

tena de alunos em residência e cerca de 500 por exten-


são (ETED). Por outro lado, devido ao rápido cresci-
mento da obra entre os aguarunas da selva peruana,
também se fundou para eles o Instituto Bíblico Aguaruna,
que funciona até hoje.
2. A estratégia de plantar igrejas. “Cada igreja local deve che-
gar a ser uma Igreja Mãe” foi a filosofia e o estilo de vida
da Igreja do Nazareno no Peru. Como exemplo, a Pri-
meira Igreja de Chiclayo plantou ao seu redor 20 igrejas-
filha nas áreas urbano-marginais e em pequenos
povoados. Entender desta maneira o crescimento da igreja,
levou a organizar 16 distritos nos vinte últimos anos; doze
no Norte, sendo os maiores, três no Centro, e um no Sul.
Ali estão os campos brancos para a Igreja do Nazareno.
3. A Escola Bíblica Dominical. Esta estratégia da Igreja,
recebida muito cedo, permitiu desenvolver o discipulado
e a maturidade da Igreja, na doutrina e na identidade
como Igreja do Nazareno. Mas, foi também uma
metodologia de crescimento quantitativo. A multiplica-
ção de classes e de escolas dominicais deram origem a
muitas igrejas novas.
4. Outros fatores. Em geral, as Assembleias Distritais fo-
ram tempos de celebração, de avivamento e capacitação
para a Igreja, e para o avanço da obra. Até agora há
grande expectativa, não só de escutar relatórios e apro-
var resoluções, como também de uma visita especial e
um toque renovador do Espírito Santo.
Os três departamentos da Igreja (MED, JNI, MNI) assumiram
desde o início com muita responsabilidade, seus ministérios a nível
distrital e local. Envolveram a igreja em desafios e capacitações,
dando muito entusiasmo para levar adiante o crescimento do reino
de Cristo. Só para mencionar um, a JNI sempre se preocupou em
dar espaço especial aos jovens, mediante a celebração de acampa-

142
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

mentos inesquecíveis, retiros, congressos e diversos encontros,


onde o Senhor chamou muitos deles ao ministério pastoral.
Através dos anos se tem produzido uma liderança nacional. A
Igreja do Nazareno está em mãos de líderes peruanos: Superinten-
dentes distritais, reitores de seminários, presidentes de juntas naci-
onais e pastores, em sua grande maioria dedicados exclusivamente
ao ministério. Também alguns líderes internacionais e missionári-
os se têm formado no meio da Igreja do Peru.
Informa-se, na data desta publicação, que a Igreja do Nazareno
no Peru conta com 16 distritos (5 de fase III, 3 de fase II e 8 de fase
I), 655 igrejas e 51.811 membros51.

Bolívia52
A Igreja do Nazareno começou na Bolívia em 1945, com a
chegada da família Bailes como missionários; mas, oficialmente,
foi fundada em 18 de abril 1946. Desde seus primórdios, a Igreja
começou a obra, respondendo às necessidades sociais; onde se
começava uma igreja, ali também se abria uma escola diurna. Mas,
por diferentes razões, lamentavelmente, não se preservou essa
mesma paixão em anos futuros. Fecharam-se as escolas noturnas e
as clínicas que existiam até a década de 1970.
Neste ponto é importante ressaltar o que a Igreja do Nazareno
na Bolívia recebeu como herança:
(1) A doutrina bíblica da inteira santificação nem sempre bem
compreendida, ou mesmo evidenciada, às vezes. (2) Uma igreja
missionária, já que nas primeiras décadas foi notória a expansão e
se contou com vários missionários, cada um fazendo um trabalho
específico em sua área. (3) A educação teológica, começando com
uma escola bíblica (1953) e alcançando até um seminário teológi-
co, hoje denominado Seminário Teológico Nazareno da Bolívia.
(4) Uma igreja internacional com identidade definida, uma das
poucas igrejas com estas características no país. (5) Uma igreja com
governo representativo, que não está entre os extremos do con-
gregacionalismo e do episcopalismo. (6) Uma igreja que trabalha

143
História da Igreja do Nazareno

com os pobres e continua trabalhando com eles; se há alguns


poucos membros de classe média, são produto da segunda ou
terceira geração de crentes.
Quando atuou no contexto cultural dos Aymara (uma das etnias
majoritárias da Bolívia), a Igreja do Nazareno adotou uma teolo-
gia comunitária, praticando o valor cultural pré-colonial do “Acne”
(“hoje por você amanhã por mim”), o “Ayllu” (“comunidade”), e
“apthapi” (“juntar para redistribuir”). Na adoração, traduziram-se
os hinos ao aymara, mas não ao quechua nem ao guarani, que
também são etnias significativas do país. Depois se fez a composi-
ção de novos hinos com sabor andino em cooperação com a CALA
(Comissão de Alfabetização em Literatura Aymara), em conjunto
com outras denominações irmãs.
Começou-se a participar do ecumenismo dentro do âmbito
evangélico.
Assim, a Igreja do Nazareno no país foi a fundadora da Asso-
ciação Nacional de Evangélicos da Bolívia, como também das Igre-
jas Evangélicas Unidas. Além disso, é cofundadora da Fraternidade
de Educadores e Instituições Teológicas (1965, 1966, 1995 respec-
tivamente).
Não se pode deixar de mencionar a expansão que teve a Igreja
por todo o país. Por exemplo, em 1983, o distrito La Paz-Bolívia
marcou o recorde mundial da denominação em crescimento nu-
mérico de membros. No entanto, os dados estatísticos não refleti-
am a realidade total. O ano de avaliação para ajustar o total de
membros (2002) revelou cerca de 30% de membros inexistentes.
A partir de 1980, por problemas sócio-políticos no país e
outros fatores, foi necessário transferir a liderança aos nacionais,
ainda que a Igreja não estivesse preparada de todo. No entanto,
foi bom para a Igreja assumir o papel como igreja boliviana, con-
tar com líderes nacionais e juntos tomarem decisões sábias para
o futuro.
Bolívia tem seis distritos (um de fase III e cinco de fase I), um
total de 246 igrejas e uma membresia de 15.422.

144
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

A educação teológica continua equipando líderes, mantendo


uma média de 30 alunos em residência e uns 150 em educação
descentralizada. Com relação à educação secular, a Igreja do
Nazareno na Bolívia foi uma das fundadoras e patrocinadoras da
Universidade Evangélica Boliviana. Os Ministérios de Compaixão
trabalham em convênio com outras ONGs cristãs. Quanto à igre-
ja, em sua vocação de serviço em áreas rurais, há uma cooperação
entre irmãos muito solidários, mas, na maioria das igrejas, faz-se
muito pouco com relação à responsabilidade social.
Está começando a ser construída uma clínica na cidade de Santa
Cruz. Atualmente se conta com centenas de profissionais nas igre-
jas nazarenas, que, sem dúvida alguma, permitirão que surjam no-
vos projetos num futuro próximo.
Revisando a história da Igreja do Nazareno em Bolívia, os anos
em que mais cresceu foram aqueles em que ofereceu resposta às
necessidades sociais e não somente às espirituais. É desse modo
que se registram as escolas diurnas nas primeiras décadas da igreja
e, na década de 1980, o convênio com a instituição Compaixão
Internacional.

Chile53
Atualmente, a Igreja do Nazareno no Chile possui 2.466 mem-
bros, que se reúnem em 55 congregações, repartidas em quatro
distritos (três de fase II e um de fase I), que abarcam desde Arica
pelo Norte até Lanço pelo Sul, com presença em 8 das 13 regiões
do país. Sua liderança inclui três Superintendentes nacionais e um
Superintendente Missionário, que, ao mesmo tempo, é o Reitor
do Seminário Bíblico Nazareno; 24 ministros ordenados e 17 mi-
nistros licenciados. O Seminário conta com 6 centros de exten-
são e a modalidade de residência retomada desde o ano 2003,
onde atualmente se preparam cerca de 50 estudantes ministeriais.
Assim se resumem, em termos estatísticos, os 42 anos da Igreja
do Nazareno no Chile. Mas a Igreja deve ser compreendida além
desse conjunto de cifras. Os anos de história convidam a pensar nas

145
História da Igreja do Nazareno

pessoas que estão por trás desses números e que fizeram possível
sua permanência, com suas virtudes e defeitos. A Igreja inicia ofici-
almente sua obra no ano 1962, quando, com seus acertos e seus
erros, a Missão Independente de Santidade se uniu à Igreja do
Nazareno, com todo seu patrimônio e sua obra missionária interna-
cional. Muitos de seus ministros solicitaram o reconhecimento de
suas credenciais de presbíteros na Igreja do Nazareno, entre eles, o
Rev. Boyd Skinner, que junto com sua esposa, esteve trabalhando
na cidade de Arica desde o início da década de 1950. A eles se
considera como os fundadores da Igreja no Chile. Quando da união
de sua Missão com os nazarenos, os Skinner já tinham organizado
uma igreja local na cidade de Arica e muitas outras no Planalto
chileno. Depois, em 1967, o Chile foi declarado um distrito, cuja
sede se instalou em Santiago, onde a obra prossegue em mãos dos
missionários norte-americanos.
A partir de Santiago, a obra se estendeu para o sul do país. Em
meados da década de 1970, a igreja se estabeleceu em Concepción.
Ela começou a viver anos de grande crescimento e desenvolvi-
mento, incorporando-se um número significativo de obreiros na-
cionais, graças ao empenho missionário que inclui participação na
liderança, desenvolvimento de congregações e seu financiamento.
Também compraram-se terrenos e foram edificadas a maioria dos
templos com que conta hoje a Igreja. As igrejas locais começaram
a dar sinais de um fortalecimento sadio, e, em consequência, o
Seminário Bíblico se nutria de cada vez mais aspirantes ao ministé-
rio. Todas as igrejas locais chegaram a ser pastoreadas por líderes
chilenos. Nessa época, o irmão Skinner estabeleceu a igreja local
mais ao sul: Lanco; pequena obra que ainda impõe o desafio de
superá-la como fronteira sul da Igreja. Encerrando este ciclo, em
meados da década de 1980, a divisão territorial em distritos. Du-
rante o ano 1984, o país foi organizado em três distritos e, depois,
no ano de 1985, somou-se um quarto distrito, incorporando-se na
superintendência dois pastores nacionais.

146
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Em seguida, iniciou-se um período que poderia ser chamado


de ajuste. O crescimento foi mínimo, a formação de liderança pas-
toral ficou em mãos dos distritos e a responsabilidade do financi-
amento foi assumida pelas congregações locais. Neste ponto, cabe
ressaltar alguns elementos importantes que foram acrescidos como
herança na Igreja do Nazareno de Chile:
1. A própria Igreja. Sem o interesse desses primeiros missio-
nários, hoje não a teríamos. É assim que, graças a Deus e
ao interesse desses pioneiros, hoje temos a Igreja.
2. Uma tradição teológica. Uma doutrina que caracteriza nos-
so modo de crer e molda o estilo de vida que nos identi-
fica: o Evangelho de santidade e o chamado à vida santa.
Isto inclui: princípios éticos definidos e claros; uma ma-
neira de fazer as coisas e de projetar nosso futuro; nossa
devoção, espiritualidade e a prática do culto. Fruto disso
é o apego às Escrituras e a vocação acadêmica, arraigada
em nossa identidade, e que caracteriza os nazarenos no
contexto das denominações.
3. A ordem administrativa, que implica a organização de uma
congregação e as diretrizes na forma de governo que es-
tabelece a igreja em seus diferentes níveis.
4. O amor pelas missões e um sentido de missão que nos
move a olhar a obra de Deus no âmbito mundial. Rece-
bemos uma igreja internacional. A dinâmica de cresci-
mento dos primeiros anos se fez lenta; o investimento na
capacitação da liderança concentrou-se nos programas
por extensão; incorporou-se de forma ativa à igreja na-
cional, na compra de propriedades e a construção de
edifícios, mas a um ritmo menor que no período anteri-
or e a presença missionária se reduziu a um só casal
com residência no país.

147
História da Igreja do Nazareno

Equador54
O surgimento da Igreja remonta ao mês de janeiro de 1971,
quando o casal Swain recebe a permissão oficial do Departamento
de Missões Mundiais, em Kansas City, para estabelecer a Igreja do
Nazareno no Equador. Em 29 de fevereiro de 1972, a entusiasta
família Swain, de cinco membros, chegou a Guayaquil com o úni-
co propósito de estabelecer a Igreja.
O primeiro convertido foi um pintor, que havia sido contrata-
do para pintar a casa dos missionários. Imediatamente, ele abriu as
portas de sua casa e convidou seus vizinhos. Foi assim que se co-
meçou a semear nas famílias equatorianas o evangelho e a doutri-
na da santidade.
Em 1º de junho de 1972 organizou-se a primeira Igreja no
bairro La Prosperina, com 50 pessoas, aproximadamente. Depois,
também se organizou outra Igreja nas ruas Letamendi e Babahoyo,
com 80 pessoas.
No mesmo ano chegou a Guayaquil um grupo de jovens uni-
versitários dos Estados Unidos, representando o Centro Estu-
dantil em Missão para realizar trabalhos de Evangelismo,
construção de templos, ensino bíblico e missões. Essa visita foi
uma bênção pois conseguiu-se formar mais duas missões, uma
em Mapasingue e a outra nas ruas 39 e Argentina. Em julho do
ano 1972, estavam sendo celebrados quatro cultos na cidade de
Guayaquil, com uma assistência de 270 pessoas aproximada-
mente.
A Igreja crescia. Era o tempo propício para começar a levantar
uma liderança nacional. Foi assim que, em abril de 1973, foram
designados como missionários no Equador John Hall e sua espo-
sa Sheila, para trabalharem no programa de instrução e formação
teológica para pastores, líderes e professores de Escola Dominical.
Com esse propósito se formou o Instituto Evangélico Nazareno
em Guayaquil. Dentre alguns nomes dos primeiros pastores
nazarenos, temos: Julio Martínez, José Ruiz Villacís, Esteban

148
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Espinoza, Fausto Arano, Julio Martínez, Jacinto Jaime, Leopoldo


Cruz, Kleber León, David Márquez, entre outros.
Ao concluir 1975 se organizou uma nova Igreja fora da cidade
de Guayaquil. O trabalho se estendeu a Riobamba, cidade situada
na parte central da serra equatoriana. A igreja começou através da
sintonia do programa radiofônico “A Hora Nazarena”, em 11 de
fevereiro de 1976, uma quarta-feira.
Terminada a Assembleia Distrital de 1976, entregou-se a res-
ponsabilidade ao Rev. John Hall, que foi nomeado como Superin-
tendente do Distrito Equador. Seu trabalho não foi de muito
crescimento numérico, mas, sim, de maior consolidação doutriná-
ria; pois, como se mencionou, seu trabalho se centrou principal-
mente na educação e na formação teológica dos pastores e líderes
equatorianos. Hall, em seu relatório de 1977 expressou: “O Semi-
nário é o coração de tudo que se trata de fazer aqui, já que o suces-
so deste vai determinar o sucesso da Igreja do Nazareno no
Equador”. Neste mesmo ano o Governo Equatoriano outorgou
personalidade jurídica à Igreja, sob o No. 353 do registro oficial.
Com a saída do missionário Hall da superintendência distrital,
nomeou-se pela primeira vez um líder nacional para esse cargo.
Nelson Murillo, que havia sido preparado no Instituto e que
pastoreava, nessa ocasião, em Guayaquil, foi nomeado como Su-
perintendente Distrital.
Nos anos seguintes, uma série de ministros nazarenos
equatorianos seriam designados em funções similares nos distritos
que se abririam.
O ano de 1978 foi considerado como o ano da construção.
Vários grupos de Trabalho e Testemunho dos Estados Unidos
dirigidos pelo missionário David Hayse vieram edificar templos e
outras instalações. Esse ministério cimentou o trabalho missioná-
rio no Equador, pois as construções motivavam pastores, líderes e
membros das igrejas a continuar o plano de expansão no país. Os
anos 1979 e 1980 foram os anos da evangelização. A igreja se es-
tendeu a novos lugares e vários grupos étnicos da serra e da

149
História da Igreja do Nazareno

Amazônia equatoriana foram visitados, formando-se grupos de


missão para depois serem organizados como igrejas. Por esses
mesmos anos, a família Sluyter chegou à capital, Quito, para co-
meçar os novos contatos da missão e trabalho para a Igreja.
Nos anos 1981-1983, a missão sofreu uma série de mudanças
que afetaram seu crescimento normal nas missões e igrejas do país.
Esta crise produziu um pouco de instabilidade, pois não se podi-
am tomar decisões para o futuro enquanto não houvesse uma lide-
rança fixa. Até esta data se contava com um só distrito, doze
igrejas, quatro pontos de missão, e 230 membros em plena comu-
nhão.
Os anos de 1984 a 1995 constituem uma etapa de expansão e
crescimento, com a chegada do Rev. Louie Bustle em 1983. Bustle
começou uma série de mudanças no desenvolvimento da denomi-
nação, porque, juntamente com sua chegada, veio instalar-se em
Quito o Escritório Regional, o mesmo que se converteu na direção
do movimento da Igreja para toda a América do Sul.
Com a transferência dos escritórios distritais e o Seminário
para o Distrito Serra em Quito, começou também um novo tempo
de expansão e crescimento para a Igreja na América do Sul. Com o
plano evangelístico “Impacto”, desenvolvido pelo Dr. Bustle e o
Dr. Bruno Radi, o trabalho missionário foi expandindo-se, ano
após ano. Os relatórios dos Superintendentes dos Distritos Costa
e Serra evidenciam que o plano começou a alcançar grandes resul-
tados, pelo que se fez imperativa a abertura de novos distritos.
Na Assembleia Distrital desse ano, o Distrito Costa informou 14
igrejas, 4 missões, 534 membros e 30 estudantes no CENETA.
Em de 8 de março de 1986, celebrou-se em Riobamba a segunda
Assembleia do Distrito Serra, quando se informou 2 novas igre-
jas, 4missões, 246 membros e 34 estudantes no CENETA.
O crescimento continuava. No ano de 1991, já se contava
com 6 distritos. Na área de educação teológica, em 16 de dezem-
bro de 1990, graduou-se a primeira turma de 12 Bacharéis em
Teologia do Seminário Teológico Sulamericano. No ano de 1994,

150
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

contava-se uma membresia de 8.835 pessoas, 1756 igrejas e 6


distritos. O ano de 1995 foi tempo de mudanças. O Dr. Bruno
Radi foi nomeado como Diretor Regional. O lamentável seques-
tro do missionário Donald Cox e outros fatores incidiram para
que o Escritório Regional se transferisse para Buenos Aires, Ar-
gentina. Todos os missionários norte-americanos saíram do país.
A partir de julho do ano 1996, momento em que regressa ao
país a família Rich, como Diretores da Missão, e a família McKellips
como diretores de Trabalho e Testemunho, até hoje, a igreja seguiu
marchando pelo caminho do sucesso. A saída do Escritório Regi-
onal de Quito fez com que a liderança nacional começasse a de-
pender absolutamente de Deus. Esta atitude ajudou-os a serem
mais objetivos para realizar a tarefa ministerial. É digno reconhe-
cer, nesta altura, o trabalho sacrificado e comprometido de Supe-
rintendentes, pastores e leigos equatorianos. Foi esse trabalho que
se viu refletido no crescimento e maturidade que a Igreja atingiu.
Nestes momentos, a Igreja do Nazareno no Equador, consideran-
do o ano do Jubileu (tempo para ajustar registros a dados reais),
contava com uma membresia verdadeira de 11.582 membros em
plena comunhão, 202 igrejas, 58 presbíteros, 79 ministros licencia-
dos, 61 ministros leigos e 16 pontos de missão.

Colômbia55
A decisão de começar uma missão da Igreja do Nazareno na
Colômbia foi tomada na reunião da Junta Geral em janeiro de 1974,
sendo que foi no ano de 1975 que realmente se iniciou o trabalho.
Nomeou-se Dean Galloway e sua esposa para desenvolver esta
tarefa. Um de seus primeiros êxitos foi obter a personalidade jurí-
dica para a Igreja, que se efetuou em 26 de maio de 1975.
A estratégia adotada desde o princípio foi começar estudos
bíblicos nos lares em quatro cidades principais: Bogotá, Cali,
Medelín e Barranquilla.
Para ajudar aos Galloway, chegaram à Colômbia Samuel
Ovando, sua esposa e seus três filhos, no verão de 1976. Em

151
História da Igreja do Nazareno

maio de 1977, se somaram Phillip Torgrimson e sua esposa. La-


mentavelmente, o pastor Galloway adoeceu de câncer e morreu,
mais tarde, nos Estados Unidos. Nessa ocasião, também o pastor
Samuel Ovando sofreu um acidente automobilístico e teve que re-
gressar aos Estados Unidos para ser atendido.
Enquanto isso, para preencher o vácuo de liderança, chegavam
à Colômbia Harry Nygreen e sua família, e James Palmer com sua
esposa.
Apesar do esforço destas famílias, a obra se deteve por um
período de tempo. As inquietudes políticas dessa época agravavam
mais ainda o problema.
Em 1979, Louis Ragain e sua família foram enviados à Colôm-
bia como diretores da missão, enquanto os Nygreen regressaram
para ensinar no Seminário da Costa Rica. Nesse mesmo ano, os
Ovando regressaram ao país. Em 1980 já se tinham organizado
oficialmente as Igrejas de Bogotá e Cali. A primeira Igreja do
Nazareno organizada foi a de San Nicolás, em Bogotá. Depois, se
organizaram as de Cidade Roma e Modelia. Nesse ano, havia 43
membros e uma matrícula de Escola Dominical em número de
194 em todo o país. No ano de 1981, se somou à obra de Cali o
pastor Adalberto Herrera como líder nacional. Em anos posterio-
res, e por curtos períodos, estiveram no país os missionários John
Amstrong, Allen Wilson, Roberto Gray, Steve Baker, Ernest
Stafford e Mark Ryan, com suas respectivas famílias. Os Ryan fo-
ram os últimos missionários que estiveram na Colômbia; eles saí-
ram em 1989. Desde aquela data, nenhuma outra família missionária
norte-americana viveu no país.
No mesmo ano, 1989, o trabalho se estendeu à cidade de
Medelín com o pastor Teófilo Caicedo. Nessa mesma época, a
região de Cali se converteu no Distrito Sul Ocidental e a região
de Medelín no Distrito Norte Ocidental.
Em 1990, começou o trabalho na cidade de Bucaramanga,
dirigido pelo Rev. Hernán Osorio, a partir de Bogotá. Essa região
se tornou o Distrito Norte Oriental. As Assembleias Distritais da

152
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

Colômbia, para o ano de 1991, informaram 2.136 membros em


plena comunhão.
No ano 1994, iniciou-se o trabalho missionário na cidade de
Manizales, dirigido pelo Rev. Carlos Muñoz, esforço que posteri-
ormente daria nascimento ao Distrito Eixo Cafeeiro.
Finalmente, no ano de 1996, o Distrito de Bogotá se dividiu
em dois, dando origem ao Distrito Central Sul dirigido pelo Rev.
Hernán Osorio e o Distrito Central Norte, pelo Rev. Carlos
Muñoz56.
As estatísticas internacionais informam que, na atualidade, a
Igreja do Nazareno na Colômbia conta com sete distritos (um de
fase III, um de fase II e cinco de fase I), 125 igrejas e 14.691 mem-
bros57.

Brasil
O Rev. H F. Reynolds, Superintendente Geral da Igreja, foi, ao
que se sabe, o primeiro nazareno a pisar em solo brasileiro, de
passagem rumo à colônia portuguesa de Cabo Verde, no ano de
1914. Este Superintendente Geral estava vindo da Argentina e pre-
tendia encontrar-se com o missionário Rev. João Dias, num pri-
meiro contato da Sede com a Igreja em Cabo Verde; o próprio Rev.
Dias no ano de 1901 iniciara esta obra, que foi anexada à Igreja do
Nazareno, durante a organização oficial da Denominação no ano
de 1908, em Pilot Point, Estado do Texas, USA.
Desde a década de 1930 se tem notícia da vinda de nazarenos
caboverdianos para o Brasil, mas com o passar do tempo, muitos
foram para outras denominações ou infelizmente, se desviaram do
evangelho.
Em 1956, chegou ao Brasil um jovem convertido desde 1951,
da Igreja do Nazareno da ilha de Santo Antão, chamado José Zito
Oliveira. Este saíra de Cabo Verde com a intenção de emigrar para
a República da Argentina, a fim de trabalhar e estudar no Instituto
Bíblico Nazareno de Buenos Aires, atendendo ao chamamento
do Deus para o ministério pastoral.

153
História da Igreja do Nazareno

Durante os anos que antecederam à chegada da Igreja do


Nazareno ao Brasil, José Zito permaneceu firme ao Senhor, fre-
quentando a Igreja Presbiteriana Independente e trabalhando no
Frigorífico Swift na cidade de Santo André, São Paulo, mas man-
tendo-se membro e dizimista fiel da Igreja do Nazareno da ilha de
Santo Antão.
Também em 1956 chegou ao Brasil a família Stegemoeller. Esta
família nazarena era proveniente da Igreja em Indianápolis, India-
na, nos Estados Unidos da América. O Sr. Ervin Stegemoeller,
chefe da família, era um executivo e veio trabalhar na montagem
da Indústria LeTorneu Westinghouse, fabricante de máquinas de
terraplanagem e rodovias.
A família Stegemoeller fixou residência no Bairro do Cambuí
na cidade de Campinas, Estado de São Paulo. Logo após sua insta-
lação, passaram a convidar missionários de várias denominações
evangélicas para tomar refeições em sua casa. Um desejo gerado
pelo Espírito Santo crescia em seus corações: queriam ver a Igreja
do Nazareno enviando missionários para abrir a obra de pregação
da Santidade Cristã no Brasil.
Em 1957, ano do Jubileu de Ouro da Igreja do Nazareno, o
clima tornou-se favorável para o cumprimento da visão do casal
Stegemoeller e sonho do jovem José Zito e a Igreja mandou os
seus Josué e Calebe, nas pessoas do Rev. Dr. G. B. Williamson e
Rev. H. T. Reza, para servir de espias na terra. O relatório deles foi
positivo e a Sede Mundial incluiu o Brasil como um dos campos a
serem alcançados no ano de 1958.
No dia 10 de janeiro de 1958, o Rev. Earl Mosteller, Superin-
tendente da Igreja do Nazareno em Cabo Verde, missionário já
bem sucedido, recebeu um cabograma da Sede com o seguinte
dizer: “A Junta pede para você abrir o trabalho no Brasil este
ano; mande sua aprovação!” O choque dos Mostellers só não foi
maior, porque Deus estava preparando seus corações há algum
tempo, pois em sua viagem de ida e vinda dos Estados Unidos
para Cabo Verde, encontraram vários brasileiros com quem con-

154
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

versaram sobre o Brasil e também já tinham ouvido rumores


sobre as pretensões da Sede da Igreja quanto ao Brasil. Foi
então que chegaram a Campinas, Brasil, os primeiros missionári-
os nazarenos, Earl e Gladys Mosteller e esposa. Em setembro
desse ano, chegaram os primeiros reforços nas pessoas dos mis-
sionários Charles e Roma Gates.
Realizou-se o primeiro culto, na quarta-feira depois do do-
mingo de ressurreição, em 1959, na casa de Elvin Stegemoller.
Estiveram presentes nessa reunião 19 pessoas, e a frequência se-
guiu crescendo, até que, em 31 de maio, já havia 40 assistentes.
Nessa época, viviam em Buenos Aires o pastor Joaquim Lima e
sua esposa, cidadãos de Cabo Verde. Eles foram convidados para
seremos primeiros pregadores em português da nova missão.
Desde então, o pastor Lima desempenhou postos de importân-
cia na obra brasileira. 58
Em 1 de novembro de 1959, o Dr. G. B. Williamson, Superin-
tendente Geral que visitou Brasil nessa ocasião, organizou a Pri-
meira Igreja do Nazareno no Brasil, com 15 membros fundadores59.
O segundo avanço no Brasil se deu com a chegada do missioná-
rio Ronald Denton e sua esposa a Minas Gerais. Alugaram um
edifício e começaram os cultos em novembro de 1959. No pri-
meiro culto contou-se a presença de 150 pessoas.
Uma consulta às estatísticas revela que, em 1961, depois de um
ano de trabalho, havia 23 igrejas e pontos de pregação, com 110
membros em lista. Três igrejas alcançavam sustento próprio. Oito
missionários e cinco obreiros brasileiros cuidavam destas obras.
Um ano mais tarde, a membresia havia subido para 15660. Uma
década depois, em 1970, havia 36 igrejas e pontos de pregação, 21
obreiros brasileiros e 16 missionários.
A membresia, por sua vez, havia subido a 828. Os relatórios
de 1972 dizem que a membresia da Igreja do Nazareno no Brasil
havia atingido a cifra de 1.184, mas somente uma igreja desfrutava
de sustento próprio. Em agosto de 1973, a missão celebrou o
décimo quarto ano de trabalho no país. A extensão da obra, no

155
História da Igreja do Nazareno

ano 1974, cobria três estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São
Paulo, além do Distrito Federal de Brasília61. Na cidade de Cam-
pinas, onde agora está a sede da Igreja do Nazareno no Brasil,
também funciona a Faculdade Teológica Nazarena. A Igreja do
Nazareno Central de Campinas foi um dos pilares mais importan-
tes para a obra no Brasil. Dela surgiram pastores, missionários,
clínicas e mais de 300 igrejas espalhadas por todo o país. Conta
com uma das membresias mais importantes no mundo (10.000).
Por ela têm passado os seguintes pastores: Earl e Gladys Mosteller
(1958-1963); Jayme e Carolina Kratz (1964-1966; 1978- 1979);
Charles e Joana Gates (1966-1968); Joaquim Lima e família (1968-
1974); Fernando Sá Nogueira e família (1974-1977); e Aguiar e
Lúcia Valvassoura (1980 até o presente) 62.
Atualmente (2011) a Igreja do Nazareno no Brasil tem 18
distritos, aproximadamente 500 Igrejas e cerca de 118.000 nazarenos.
É uma sub-região dividida em três áreas: Norte, Sul e Cento-
oeste.

Venezuela63
Os primórdios da Igreja do Nazareno na Venezuela se caracte-
rizaram por descobrir que “a Igreja tinha chegado antes da Igreja”;
isto é, antes de organizar-se, já havia nazarenos no país, através do
ministério radiofônico “A Hora Nazarena”. Várias pessoas havi-
am escrito para o programa e foram localizadas. Elas se converte-
ram nas sementes de igrejas em diferentes lugares do país. A Igreja
no país nasceu no tempo em que a Igreja Geral comemorava os 75
anos. Para tal fim, foi recebida uma oferta para fazê-la chegar à
Venezuela. Esta somou o total de 500.000 dólares. Portanto, não
se economizaram esforços para conseguir que a igreja se estabele-
cesse no país. A família Porter foi o primeiro casal missionário que
aportou ao país em 1982 para abrir a Igreja. A Igreja se organizou
e foi desenvolvendo-se dinamicamente pela inteligente liderança
do casal Porter, que promoveram dois elementos-chave: educa-
ção e evangelismo. Em ambos, contou-se com o apoio de irmãos

156
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

de Porto Rico, os quais, com grande paixão e entusiasmo chega-


ram a cidades e povoados, compartilhando com seu espírito
caribenho especial o evangelho. Entre eles houve tremendos pre-
gadores, professores, diretores de adoração, leigos comprometi-
dos, entre outros. Os primeiros acampamentos foram organizados
por eles e se converteram no principal recurso evangelístico da
Igreja. Os cursos de teologia foram recebidos com muita fome.
As pessoas viajavam até oito ou nove horas para estarem uma
semana recebendo os primeiros cursos intensivos do programa
de capacitação ministerial. Os Porter tiveram entre seus múltiplos
acertos a filosofia de ensinar “a outros”; não monopolizaram o
ministério. Por isso muito cedo se formou uma equipe de líderes
que funcionaram no evangelismo, educação e organização de even-
tos em massa, e cujas atividades foram muito bem desenvolvidas.
Os Porter tiveram que sair do país e essa mudança influiu na
perda do ritmo que a Igreja vinha mantendo. Com a chegada de
novos missionários, mas, principalmente, pelo trabalho dos naci-
onais, houve empenho em fundar “novas igrejas” e paulatina-
mente se multiplicou o número delas por todo o país.
Recentemente (2002), a Igreja celebrou seus primeiros 20 anos
na Venezuela. Atualmente, há cinco distritos de fase I, todos têm
seu Superintendente nacional, que alternam o trabalho distrital com
o pastorado numa igreja de seu distrito. Várias igrejas estão experi-
mentando crescimento e enfocando seu ministério de maneira mais
integral, com escolas, centros de reabilitação, recursos para com-
prar propriedades e construir, entre outras coisas. Em todo o país,
hoje existem 90 igrejas e um total de 4.524 membros.
O programa educativo ETED está ativo com mais de 300
alunos em todo o país e com um programa de Licenciatura por
extensão. A cada ano se enviam jovens chamados ao ministério
para capacitação no Seminário de Quito, Equador. A Igreja do
Nazareno na Venezuela já começou a enviar seus próprios missi-
onários, pois há jovens trabalhando na Região MAC e SAM. Num
tempo não muito distante, os missionários sairão do país. Quando

157
História da Igreja do Nazareno

isso ocorrer, caberá aos venezuelanos assumirem a liderança em


todas as áreas. Creio que isto poderá ser feito, pois já existe o
recurso humano preparado. Mas devemos “limpar-nos” do con-
ceito de “impossibilidade” nacional, para estar à frente com res-
ponsabilidade e eficácia.

Paraguai64
A Igreja do Nazareno no Paraguai começou seus primeiros
esforços em 1968, a partir da cidade de Formosa, ao norte da Ar-
gentina, através do ministério do pastor Vicente Longo na Cidade
de Alberdi, na casa de Apolonia de Villalba. Em 1970, converteu-
se Juan García, jovem paraguaio que remava uma hora para chegar
aos cultos, tornando-se, posteriormente, um dos primeiros pasto-
res paraguaios. Em 1977 se iniciou a segunda obra em Pilar,
Paraguai, com Juan e Rosalía García como pastores. Oficialmente,
considera-se o ano 1980 como a data da organização da Igreja do
Nazareno no Paraguai, quando se criou o Distrito Pioneiro Ar-
gentino Norte-Paraguai com sede em Rosario, Argentina. O missi-
onário Víctor Edwards, de origem britânica foi o Superintendente,
ainda que residindo em Formosa. Em 1981 Andrés e Margarita
Ávalos, um casal paraguaio que estava pastoreando na Argentina,
resolveu regressar ao Paraguai para estabelecer a obra em Assun-
ção, a capital do país. Em 1982 se converteu Luis Bogado, outro
dos primeiros pastores nacionais do Paraguai. Neste mesmo ano,
devido ao conflito entre Grã-Bretanha e Argentina, Víctor Edwards
se mudou de Formosa para Assunção para dedicar mais tempo à
obra ali.
Em 1983 a Igreja do Nazareno paraguaia conseguiu sua per-
sonalidade jurídica. Em 1984, com o Superintendente Kenneth
Jones, celebrou-se a Primeira Assembleia Oficial do Distrito
Paraguai, informando-se 5 igrejas organizadas e 11 anexas. Tam-
bém esse ano, com grande alegria, comprou-se a primeira pro-
priedade no país, em Bairro Obreiro, na capital de Assunção.
Em 1985 chegou o novo Diretor de Área, Wesley Harris, que

158
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

estabeleceu o Escritório em Assunção. Em 1989, Steve Baker


veio como Diretor de Área e deu-se um novo impulso à obra
no Paraguai. Em 1990, os missionários David e Beverly Gruver
colocaram-se à frente da educação, mas, inesperadamente, no
mês de maio David faleceu, sendo um duro golpe para a obra
ali. Então, chegaram Ramón e Branca Serra ao Paraguai, para
tomar o lugar dos Gruver, e continuar com a educação em todo
o país. Para 1991 se ordenaram os primeiros presbíteros nacio-
nais: Juan García, Luis Bogado e Félix Arce. Nesse mesmo ano,
o Escritório de Área se mudou para a Argentina, em Pilar, Buenos
Aires. Na ocasião, o Rev. Sierra esteve administrando três distri-
tos, com a ajuda dos pastores Rev. Oscar Pereda, no Central,
Ignacio Pereira, no Nordeste, e Andrés Ávalos, no Sul.
Na Assembleia de 1990, o Rev. Sierra informou que havia 645
membros em todo o Paraguai, sendo 507 do Distrito Central, dos
quais 225 eram ativos e 282 inativos. Reportou-se 37 estudantes
do CENETA, com centros nos três distritos. Na Assembleia se-
guinte, o Rev. Pereda ficou como Superintendente do Distrito
Central e os Serra sendo responsáveis por outros dois distritos:
Norte e Sul.
Em 1992, a Igreja atingiu seu pico máximo de crescimento,
informando-se três distritos com um total de 28 igrejas e 816 mem-
bros: 20 Igrejas no Central, quatro no Nordeste e quatro no Sul.
Daí em adiante, o número de igrejas e membresia iriam decrescen-
do. Os missionários Serra, de Porto Rico, ficaram à frente da obra
no país, enquanto Bruno e Liliana Radi foram nomeados como
Diretores da Área.
Em 1993, o Rev. Daniel e Margarida Pesado chegaram como
novos Diretores de Área. Os Serra foram chamados para a Argen-
tina e, em substituição, ficou o Rev. Ramón Bauzá como Superin-
tendente dos Distritos Norte e Sul. Em 1994 o Rev. Pereda, de
nacionalidade peruana e com formação ministerial na Argentina,
continuou sendo o Superintendente do Distrito Central, com 14
igrejas organizadas. Nesse tempo, o Paraguai ficou sem missioná-

159
História da Igreja do Nazareno

rios. Em 1995, já findando o ano, o Rev. Carlos e Noemí Fernández


chegaram como novos Diretores de Área.
Em 1996, o Escritório da Região SAM, à qual pertence a Área
do Cone Sul e da qual o Paraguai é parte, mudou-se de Quito,
Equador para Buenos Aires, Argentina. Foi então que os missio-
nários McKellops se mudaram para o Paraguai, por um período de
sete meses, até que aportaram os missionários Heil. Bryan Heil foi
nomeado Superintendente dos três distritos e encarregado da pre-
paração de pastores. Em meados de 1998, aportaram Wilfredo e
Ada Canales, missionários de nacionalidade peruana, para ajudar
aos Heil, tomando a seu cargo o Distrito Central e a Igreja em
Luque, enquanto Bryan Heil continuava como responsável da edu-
cação e os outros dois distritos. Em 1999, os Heil saíram para o
Caribe e o casal Canales também aceitou o desafio da preparação
de pastores para uma nova geração, desenvolvendo o perfil do pastor
e igrejas saudáveis para o país. No Distrito Sul, o Rev. Orlando
Muñoz, de origem chilena e nacionalizada paraguaio, foi nomeado
Superintendente Distrital, sendo uma das contribuições nacio-
nais mais significativas, pois não só reabriu igrejas como também
iniciou novas. Finalmente, em 2000, os missionários Gary e Kathy
Hughes foram nomeados para o Distrito Nordeste como Superin-
tendentes.
Em todos estes anos, a Igreja no Paraguai produziu: um bom
grupo de líderes leigos responsáveis; um Superintendente Dis-
trital Nacional; um Missionário paraguaio (Mario Martínez e fa-
mília) para a obra em Guiné Equatorial, África, no último país de
fala hispana onde ainda não havia entrado a Igreja do Nazareno;
um casal argentino (Carlos e Silvia Bauzá) que estava trabalhando
em terra paraguaia, enviados para Moçambique, África. As esta-
tísticas atuais na Igreja do Nazareno de Paraguai são: três distritos
de fase I, 26 igrejas e 880 membros65.

160
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

ASPECTOS-CHAVE DA ESTRATÉGIA DE
DESENVOLVIMENTO DA IGREJA
A Igreja do Nazareno chegou à América Latina para ficar.
Neste processo, aconteceram alguns programas que fizeram pos-
sível e acelerado o avanço da obra nesta parte do mundo. A eles
nos referimos a seguir.

A educação teológica para pastores


Como se pôde notar em todas as histórias descritas acima, a
educação teológica foi um elemento-chave no desenvolvimento da
Igreja do Nazareno. Ao longo dos anos, na Ibero-América foram
fundados e desenvolvidos vários institutos bíblicos e seminários
em pontos-chave, com o fim de ter um corpo de pastores bem
preparados para o ministério. ETED e outros programas descen-
tralizados foram e são um instrumento realmente valioso, permi-
tindo a educação de pastores à distância sob a responsabilidade
dos diferentes seminários.
A tarefa de professores como C. E. Morales e Vicente Santín
no México,Tomás Ainscough e Lucía de Costa na Argentina,
Guillermo Dannemann na Guatemala, José Rodríguez em San
Antonio, e de uma dezena mais, foi fecunda. Nos púlpitos cente-
nas de alunos e professores voltaram a pregar e a servir66.

A educação cristã para os membros das igrejas


Na Igreja do Nazareno latino-americana, a escola dominical
também foi e é uma instituição muito poderosa para educar bibli-
camente os membros leigos das congregações. Nas histórias de
cada país, se destaca o trabalho digno de aplauso de pastores e
professores de escola dominical que, mal se iniciava uma igreja,
dispunham-se para estabelecer classes de ensino bíblico para cri-
anças e para todas as idades. O consequente discipulado e
doutrinamento dos membros das igrejas foi, e tem sido, de especi-
al importância na preservação de uma Igreja com identidade.

161
História da Igreja do Nazareno

O ministério editorial: a página impressa


Vinculado com a escola dominical e com todo o programa de
educação cristã, o ministério da página impressa foi fator-chave
no desenvolvimento da Igreja do Nazareno na América Latina.
Sempre se respondeu à necessidade de ter literatura como mate-
rial didático e livros para estimular os crentes na fé.
A contribuição do Departamento Hispano, fundado por H. T.
Reza em 1945, foi uma força decisiva no crescimento de nossa
obra. As revistas, livros, artigos de uma página, hinários, comentá-
rios bíblicos, dicionários teológicos, fitas cassete, transparências,
entre outros, foram fundamentais daquela época até agora, para
assegurar o desenvolvimento de cada membro, a posição doutri-
nária da Igreja e o impacto evangelístico. Por estarem separados
por tão vastas distâncias geográficas e culturais, a coesão que se
conseguiu através de jornais, boletins, folhetos, revistas, livros e
outros, foi de suma importância.
Levando-se em conta toda a contribuição que pode causar a
página impressa na crescente Igreja do Nazareno na América Lati-
na, urge que se levantem escritores hispano-americanos. Precisa-
se de escritores de material para escola dominical, teologia, contos
para crianças, jovens, pastoral, história, e outros para o contexto
latino-americano.

O uso de meios de comunicação em massa: a rádio


Bem o disse Carlos Cordeiro da Venezuela: “O Evangelho,
em alguns lugares, chegou antes da Igreja”. Isso se deveu ao
programa radiofônico “A Hora Nazarena”, que rompeu as barrei-
ras geográficas e chegou a lugares inimagináveis com a mensa-
gem de santidade. Este programa foi transmitido, pela primeira
vez, em junho de 1953, através de 12 estações.
De lá para cá, as circunstâncias mudaram muito, mas a rádio
segue sendo um poderoso meio para chegar com o evangelho e a
mensagem de santidade a todos os países da América Latina.

162
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

A Hora Nazarena deixou de ser produzida, mas em seu lugar


apareceram dezenas de programas radiofônicos patrocinados pe-
los escritórios regionais, que estão tendo um impacto tremendo
em cada lugar a que chegam. A rádio segue sendo um braço
poderoso de evangelismo e discipulado que a Igreja do Nazareno
está usando em nosso continente.

A organização da igreja em regiões geográficas


Ainda que apresentasse concentrações regionais durante a dé-
cada de 1970, o conceito da estruturação da igreja ao redor do
mundo, em regiões, foi desenvolvendo-se com lentidão, e não fi-
cou pronto até a Assembleia Geral de 1980. A primeira atividade
coletiva das regiões e dos escritórios regionais foi a celebração de
conferências em cada uma das seis regiões, sob a administração da
Missão Mundial (África, Ásia-Pacífico, Caribe, Eurásia, México,
América Central e América do Sul). A primeira série destas con-
ferências se celebrou em 1984, e a segunda em 198767.
O trabalho da Igreja do Nazareno na América Latina, sob a
jurisdição da Missão Mundial está sendo levado a cabo em três
regiões (cada uma repartida em diferentes áreas, as quais, ao mes-
mo tempo, cobrem diferentes distritos), que na atualidade estão
distribuídas da seguinte maneira:

163
História da Igreja do Nazareno

Nota: há mais 20 países de outros idiomas que pertencem a


esta Região.

RESPONSABILIDADE DO ALUNO: UNIDADE V


• Depois de uma leitura e análise, escreva um parágrafo
sobre algo que o impressionou na História da Igreja do
Nazareno na América Latina.

164
A Igreja do Nazareno: Seu estabelecimento e desenvolvimento na América Latina

28
Jiménez Guzmán, René. Documento apresentado na Primeira Conferência de Teologia Ibero-Americano de
Nazareno, realizada 18-19 outubro 2004 SENDAS, De
San José, Costa Rica.
29
Parker, J. Fred. Missão Continental. A Igreja do Nazareno do México até a Argentina. Kansas City: Casa Nazarena
de Publicações, 1984 22.
30
Alvarado Muñoz, Hugo R. Documento apresentado na Primeira Conferência de Teologia Ibero-Americano de
Nazareno, realizada 18-19 outubro 2004 SENDAS, San
De José, Costa Rica
31
Parker. Op. Cit., pp. 50-51.
32
Ibíd., pp. 51-54.
33
Evans, Denis. Documento apresentado na Primeira Assembleia Teológico- Nazareno- Iberoamericana, realizada 18-
19 outubro 2004 SENDAS, San Jose,
Costa Rica
34
Vargas de Castro, Mario. Documento apresentado na Primeira Conferência de Teologia Ibero-Americano de
Nazareno, realizada 18-19 outubro 2004 SENDAS, San
José, Costa Rica.
35
Flores, Luis. Documento apresentado na Primeira Teológico Nazareno Iberoamericana, realizada 18-19 outubro
2004 SENDAS, San Jose, Costa Rica.
36
Bardales, Beghards. Documento apresentado na Primeira Conferência de Teologia Ibero-Americano de Nazareno,
realizada 18-19 outubro 2004 SENDAS, San De José, Costa Rica.
37
Parker. Op. Cit., p. 71.
38
http://www.nazarenemissions.org/education/gin/mac/honduras.htm
39
Saez Calvo, Nilda A. Documento apresentado na Primeira Conferência de Teologia Ibero-Americana Nazarena,
realizada 18-19 outubro 2004 SENDAS, SanDe José, Costa Rica.
40
http://www.nazarenemissions.org/education/gin/mac/panama.htm
41
Lopez, Leonel. Trabalho apresentado no Ibero-Americano Teológico Nazareno Primeira Conferência, realizada
18-19 outubro 2004 SENDAS, San Jose, Costa Rica.
42
. Acosta Polanco, Rene. Trabalho apresentado no Ibero-Americano Teológico Nazareno Primeira Conferência,
realizada 18-19 outubro 2004 SENDAS, San Jose, Costa Rica.
43
http://www.nazarenemissions.org/education/gin/caribbean/domrep.htm
44
Perez Rivera, Samuel E. Documento apresentado na Primeira Conferência de Teologia Ibero-Americana de Nazareno,
realizada 18-19 outubro 2004 SENDAS, San De José, Costa Rica
45
http://www.nazarenemissions.org/education/gin/caribbean/puertor.htm
46
Malca Suarez, Ignacio. Documento apresentado na Primeira Conferência de Teologia Ibero-Americano de Nazareno,
realizada 18-19 outubro 2004 SENDAS, San De José, Costa Rica.
47
http://www.nazarenemissions.org/education/gin/sam/argentina.htm
48
Pedro López, José. Documento apresentado na Primeira Teológico Nazareno Iberoamericana, realizada 18-19
outubro 2004 SENDAS, San Jose, Costa Rica.
49
http://www.nazarenemissions.org/education/gin/sam/uruguay.htm
50
Vasquez, Evelio. Documento apresentado na Primeira Teológico Nazareno Iberoamericana, realizada 18-19 outu-
bro 2004 SENDAS, San José, Costa Rica.
51
http://www.nazarenemissions.org/education/gin/sam/peru.htm
52
Daza, Macedonio. Documento apresentado na Primeira Teológico Nazareno Iberoamericana, realizada 18-19
outubro 2004 SENDAS, San José, Costa Rica.
53
Faúndez, Richard. Documento apresentado na Primeira Teológico Nazareno Iberoamericana, realizada 18-19 ou-
tubro 2004 SENDAS, San José, Costa Rica.
54
Paredes, Mario. Documento apresentado na Primeira Teológico Nazareno Iberoamericana, realizada 18-19 outu-
bro 2004 SENDAS, San José, Costa Rica.
55
Parker. Op. Cit., pp. 121-122.
56
Meza, Luis. História da Igreja do Nazareno na Colômbia. Documento não publicado, 2005.
57
http://www.nazarenemissions.org/education/gin/sam/colombia.htm
58
Conrad, W. Howard. Uma abordagem para a América do Sul. Kansas City: Casa Nazarena Publicações, 1974, p.
216.
59
Taylor, Lucile. Tribos e nações do sul. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, S.F., pp. 155-156
60
Ibíd., p. 157.
61
Conrad. Op. Cit., pp. 217-218.
62
Valvassoura, Aguiar. Boletim: Igreja do Nazareno Central. Campinas, 28 de outubro 2001.
63
Cordero, Carlos . Documento apresentado na Primeira Teológico Nazareno Iberoamericana, realizada 18-19 outu-
bro 2004 SENDAS, San José, Costa Rica.
64
Fernández, Carlos. Documento apresentado na Primeira Teológico Nazareno Iberoamericana, realizada 18-19
outubro 2004 SENDAS, San José, Costa Rica.
65
http://www.nazarenemissions.org/education/gin/sam/paraguay.htm
66
Redford, M.E. e Nota Van Gene. Surge a Igreja do Nazareno. Apêndice: Nazareno América Latina, Sergio Franco.
Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, S.F., p. 133...
67
Ibíd., pp. 143-145.
68
Canales, Wilfredo. “O passado da Igreja do Nazareno na América Latina: nativos e ações. “Trabalho apresentado
na Primeira Teológico Nazareno Iberoamericana, realizada 18-19 outubro 2004 SENDAS, San José, Costa Rica.

165
UNIDADE

VI

Fazendo e escrevendo a
história da Igreja
Observamos, através deste estudo, como a Igreja do Nazareno
nasceu no interior do Movimento de Santidade nos Estados Uni-
dos. Também observamos como a Igreja firmou raízes nos anos
formativos, organizando-se para chegar à estrutura que hoje co-
nhecemos. Pudemos perceber como Deus trabalhou nos países da
América Latina, apoiando o nascimento e crescimento de uma de-
nominação com ênfase na santidade.
Agora a pergunta é: Nós nos atreveríamos a escrever mais da
nossa história?
Talvez pudesse ser a história da igreja local, distrital, ou uma
história mais completa do país, ou inclusive da Região? A seguir,
compartilhamos algumas recomendações que ajudarão na tarefa
de deixar registrada a história por escrito.

A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA IGREJA


LOCAL, DISTRITAL OU NACIONAL
A história nos ajuda a entender o presente. Dá-nos um senti-
do de continuidade. Ensina-nos a não cometer os mesmos erros
do passado.
Mas, se não há nada escrito dessa história, como poderemos
corrigir os enganos, como poderemos ver o presente e como po-
deremos projetar-nos para o futuro? Muito pouco foi escrito da

167
História da Igreja do Nazareno

história da Igreja do Nazareno na América Latina, e o que existe


carece de validação. A informação breve que se oferece neste do-
cumento, nas páginas anteriores, a respeito das histórias em nos-
sos países, satisfaz a fome mínima que existe de conhecer mais do
mover de Deus no meio de seu povo, nesta parte do mundo. Por
isso, tornou-se um imperativo que, em todos os recantos, se come-
cem a escrever histórias mais completas de igrejas locais, de distri-
tos, de áreas, de países, de áreas e de regiões.
Neste momento histórico, no qual o continente latino-ameri-
cano começa a tomar consciência de sua existência como cultura
que emerge, a Igreja deve assumir sua responsabilidade de deixar
por escrito seu ser e fazer.
Certamente, não devemos nos acercar da história apenas com
a sede de conhecer a verdade dos fatos, de pesquisar os aconteci-
mentos-chave. Ela deve ser buscada com a atitude de abrir-se a seu
influxo benfeitor e juiz, de maneira que nos deixemos interpelar
por suas figuras relevantes e por seus fatos, com o fim de mudar
nossas próprias vidas e aceitar o desafio que nos propõe escrever,
hoje, a história que outros estudarão, amanhã; neste sentido, que
dirão de cada um de nós as gerações por vir?
Há sobre cada um de nós, sobre cada comunidade cristã, sobre
cada igreja local, sobre cada distrito, sobre cada área e sobre cada
nação uma responsabilidade histórica, que devemos assumir como
um compromisso emanado não só de nossa condição humana,
como também da graça inefável de sermos cristãos nazarenos lati-
no-americanos, o que coloca sobre nossos ombros a singular e
multiforme responsabilidade de sermos sujeitos conscientes e ati-
vos da história humana e eclesiástica com que se tece, inseparavel-
mente, a história da salvação. Para concientizar mais sobre a
importância de escrever nossas histórias, é pertinente incluir aqui
vários pensamentos de Wilfredo Canales68.
Dedicar um tempo, ainda que tenha sido limitado, a fazer uma
revisão histórica da peregrinação de nossa igreja em terras latino-
americanas foi um grande acerto. (...) Não foi pretensão fazer uma

168
Fazendo e escrevendo a história da Igreja

adequada reflexão teológica e, menos ainda, desenhar uma ade-


quada estratégia de missão, esquecendo-nos de olhar retrospecti-
vamente o caminho percorrido.
Lendo os resumos daqueles que tentaram dar-nos uma descri-
ção panorâmica da presença e desenvolvimento da Igreja do
Nazareno nos diferentes países de América Latina, (...) damo-nos
conta de que há muito caminho por percorrer no esforço por
estruturar ou sistematizar esse percurso ou peregrinação. É evi-
dente, na grande maioria dos ensaios, que os escritores certamente
lidaram com sérias limitações: escassez de fontes interpretativas,
condições díspares da disponibilidade de uso de ferramentas
historiográficas (fontes documentais oficiais, publicações ocasio-
nais, história oral, etc.) que têm estado ao alcance, ausência de um
marco referencial amplo para inscrever o local, distrital e/ou naci-
onal no espectro da igreja como um corpo.
O Rev. Leonel López, Superintendente Distrital de Cuba, afir-
mou: “Os nazarenos cubanos navegam no mar do esquecimen-
to, com respeito à nossa própria história, a qual foi acompanhada
de uma contínua manifestação da graça de Deus em mais de meio
século de existência em nossa pátria, (...) servindo de instrumen-
to para o progresso do reino de Deus na terra”. Estas palavras
do Rev. López revelam uma situação que não é “patrimônio”
somente dos nazarenos cubanos, mas foi uma constante dos
nazarenos em toda Íbero-América. E, de fato, não registrar a me-
mória equivale a viver sem perspectiva, submergidos numa atitu-
de “imediatista”, privando-nos de fazer os ajustes necessários para
um para um ministério mais relevante nestes tempos. Precisa-
mos, com urgência, produzir uma memória, mas não uma me-
mória como simples resumo cronológico ou frio exercício
acadêmico, e uma memória crítica, que nos permita avaliar nossa
trajetória como igreja sem temor, mas com uma paixão compro-
metida com o propósito de Deus.
Precisamos registrar a memória, porque almejamos redescobrir
ou rearticular nosso sentido de identidade. Precisamos dedicar mais

169
História da Igreja do Nazareno

atenção à nossa história. Precisamos realizar um trabalho históri-


co sério, equilibrado, comprometido com a causa do evangelho
que nossa igreja declara servir.

A ORGANIZAÇÃO PARA ESCREVER A HISTÓRIA


As ideias lançadas nesta e nas partes posteriores desta unida-
de foram tomadas, em sua maioria, do Manual para uma história
da igreja local, escrito por Jane Atkins-Vásquez69.

O comitê de planejamento
Um grupo de pessoas na igreja, distrito ou país deve consti-
tuir-se como “comitê de planejamento” para responsabilizar-se
pelo planejamento do projeto. O Comitê deve nomear um coor-
denador ou coordenadora do projeto, deve preparar um orça-
mento, deve planejar o calendário de trabalho, deve decidir como
vão apresentar os resultados da investigação ao público, deve
registrar atas de suas reuniões e deve compartilhar suas ideias
com a congregação, ou grupos de igrejas, se é um distrito ou
distritos; se é um país.
O comitê de planejamento pode ser formado por três a seis
pessoas durante o decorrer do projeto. O líder do grupo (Pas-
tor, Superintendente, diretor de área ou Presidente de Nacio-
nal) deve ser membro o comitê, ainda que não possa assistir a
todas as reuniões. No caso de não poder assistir às reuniões,
deve receber uma cópia das atas e procurar tomar parte da dis-
cussão de ideias de alguma maneira.
O comitê de planejamento deve nomear uma pessoa como
pesquisadora principal. Esta pessoa pode ser membro da Igreja,
ainda que isto não seja necessário. O importante é que deve sen-
tir paixão por interpretar o passado, entender o presente e proje-
tar-se o futuro. Se for uma pessoa com formação na ciência da
história, seria bom; mas, se não se consegue alguém assim, deve
ser uma pessoa que tenha inclinação para escrever histórias.

170
Fazendo e escrevendo a história da Igreja

O comitê de planejamento deve preparar o orçamento, pen-


sando em todos os aspectos, tais como: celebração de encontros
e cultos especiais, salário para o pesquisador, refeições, jantares,
publicações, viagens para visitar lugares de investigação, repro-
dução de documentos e fotos antigas, publicação da história em
formato de livro, etc. Também se deve decidir o que se vai fazer
com os ganhos, no caso de o livro for vendido.

Financiamento do projeto
Há que fazer duas tarefas importantes, no trabalho de prepa-
rar o orçamento: solicitar fundos e registrar gastos.
Primeiro, é necessário conseguir doações. Quando se pede para
algo bem definido, com fins de fortalecer a igreja, muitas pessoas
contribuem. Deve-se falar com todos os grupos eclesiásticos: mem-
bros das igrejas, pastores, Superintendentes, ministérios em nível
local, distrital e nacional, pessoas com bons recursos econômicos,
entre outros. Pode-se também pedir contribuições da Igreja Naci-
onal, Regional e de agências ou fundações.
Enquanto vão sendo levantados fundos, desenvolve-se uma
lista de despesas. Deve-se levar em conta a lista de gastos sugeri-
dos anteriormente e outros que aparecerão, tais como: compra de
livros e outros documentos, honorários para pessoas entrevista-
das ou conferencistas, pequenos salários para ajudantes
corresponsáveis. Todo gasto deve ser anotado nas atas para a revi-
são, auditoria e relatório aberto. Uma pessoa do comitê pode fun-
cionar como tesoureira e outra como secretária.

A ESTRATÉGIA PARA FAZER A INVESTIGAÇÃO


HISTÓRICA LOCAL, DISTRITAL OU NACIONAL
Uma vez que se tem as ideias básicas para organizar o projeto
de investigação histórica, deve-se agora formular uma estratégia de
trabalho que permita cumprir a meta de publicar um documento
onde se registre a história da igreja local, do distrito ou do país.

171
História da Igreja do Nazareno

Busca de recursos humanos indispensáveis


Escrever a história da igreja em nível local, distrital ou naci-
onal requer um grupo de pessoas dedicadas. Além do comitê de
planejamento, o coordenador geral e o historiador, precisa-se
de pessoas que contribuam com histórias orais, informantes,
editor, autoridades que possam facilitar documentos oficiais,
pessoas que emprestem suas fotos antigas, boletins, etc. Cabe
especificar um pouco mais o papel de algumas destas pessoas, o
que fazemos em seguida.

Coordenador Geral
Esta pessoa se encarregará do planejamento de todo o projeto.
Trabalhará muito próximo com o comitê de planejamento. Tam-
bém fará os respectivos contatos para a obtenção de dados. Iden-
tificará personagens-chave, reunirá toda informação que servirá
ao historiador.
Se esta pessoa receber um salário, contribuirá para que tenha
um horário e tarefas específicas atribuídas. Dessa maneira, estará
garantido o avanço do projeto. É muito importante que esta pes-
soa tenha conhecimento dos fundamentos da Igreja e da comu-
nidade.

Historiador
Em alguns casos, por causa do orçamento, o coordenador ge-
ral pode servir como historiador. Mas, em outros casos, será útil
que o coordenador trabalhe com um historiador. Dessa maneira se
enfrenta o projeto de uma maneira mais profissional. O historia-
dor e o Coordenador trabalharão muito próximos. As vezes, eles
poderão viajar juntos para recolher alguma informação. Outras
vezes, enquanto o historiador redige o documento com o que foi
pesquisado até o momento, o Coordenador pode continuar com-
pilando mais dados.

172
Fazendo e escrevendo a história da Igreja

Relatores orais
Muita informação que será reunida para uma história con-
gregacional, depende da história oral, especialmente se os arqui-
vos escritos são escassos. A história oral trata com as memórias
e recordações das pessoas que ainda estão vivas. Os materiais
que dela se obtêm se convertem em matéria-prima do historia-
dor. A história oral nos dá acesso às pessoas comuns, aquele
segmento do povo que não aparece nos documentos ou textos
de história70.
É boa ideia receber treinamento para saber entrevistar, apren-
der a usar gravadores e preencher formulários de entrevistas. Tam-
bém é necessário identificar pessoas que possam transcrever as
gravações. Para isto, as pessoas entrevistadas devem conceder, por
escrito, o direito para poder usar suas palavras.

Informantes
Toda pessoa que pesquisa a história oral ou de memória recen-
te, depende muito dos “informantes”. Este termo é utilizado pelos
antropólogos para descrever pessoas que são parte de uma comu-
nidade específica e que têm talento para observar e comunicar o
que se passa com o seu próprio povo.
O pesquisador de história eclesiástica também precisa de in-
formantes para orientá-lo e para indicar-lhe onde fazer a investi-
gação. O informante também pode juntar papéis, fotos, poesias
e outras contribuições da congregação. Pode indicar as pessoas-
chave para entrevistar, dando nomes e como entrar em contato
com elas.

Editor
Os livros, os folhetos, até os títulos das fotos têm uma coisa
em comum: a possibilidade de haver erros tipográficos. Por isso, é
útil identificar uma pessoa alheia ao progresso diário do projeto
que possa revisar todos os escritos antes de ser duplicado.

173
História da Igreja do Nazareno

Tática de investigação histórica


A investigação histórica depende de como se formulam as per-
guntas chaves e como se guarda a informação reunida.

Perguntas para responder


Toda história autêntica está baseada em investigação. O tra-
balho começa ao identificar os recursos de informação. Enquan-
to vão sendo conhecidas as fontes, pouco a pouco se podem
formular as perguntas que se precisem responder. Em geral, a
formulação destas perguntas vem a ser a parte mais difícil da
investigação. Segundo as perguntas, desenvolve-se o esboço ou
esquema do projeto.
As perguntas indicam onde procurar informação adicional. E
estas indicam as conclusões às quais se vai chegar. Alguns exem-
plos de tipos de perguntas a serem formuladas são as seguintes:
1. Quem organizou a congregação ou congregações?
2. Teve participação de missionários ou de um grupo de al-
guma denominação estrangeira?
3. Aconteceu uma obra social ao princípio? Qual foi a situa-
ção social que chamou a atenção desta comunidade?
4. Houve evangelistas marcantes por sua pregação? Quem?
De onde vieram? Que tipo de pregação usaram?
5. Esteve a igreja localizada em algum tempo em outro tem-
plo? Por que mudou? Como ocorreu a mudança?
6. O que aconteceu aos filhos e aos netos dos membros ori-
ginais? Transferem-se para outra igreja? Permanecem
como líderes aqui?
7. Como estamos preparando uma nova geração de líderes?
Surgem líderes dos atuais membros ou dos recém-con-
vertidos?
8. Que lugar ocupou a educação cristã na igreja? Houve Es-
cola Dominical desde o princípio? Que estratégia de
discipulado se aplicou?

174
Fazendo e escrevendo a história da Igreja

9. Que relações eclesiásticas se deram, a nível local, distrital


e nacional?
10. Que visão tem a igreja para os próximos cinco, dez ou
vinte anos?

Os detalhes técnicos: Anotações


Todo dado, toda data, todo nome deve estar escrito em algu-
ma forma, para uso imediato e para revisar com exatidão no futu-
ro. É de suma importância registrar onde se encontram os dados
que foram obtidos, usando uma citação bibliográfica completa.
As anotações detalhadas permitirão aos historiadores, teólogos e
investigadores que lerem o documento, que entendam e verifi-
quem a história.

AS FONTES DE INFORMAÇÃO
Há várias fontes de informação que fornecem dados sobre a
história de uma congregação. Entre elas temos: as fontes eclesiás-
ticas, as seculares, as pessoais e as do trabalho de história oral.

Fontes eclesiásticas
Quando já há algumas perguntas que se desejam responder,
pode-se começar com a investigação. Existirão duas fontes princi-
pais: os documentos e as pessoas.
É necessário pesquisar documentos da igreja, como atas e os
arquivos. Estes provêem nomes, datas, lugares, além de ser fonte
de informação específica. Frequentemente, se descobre que pasto-
res aposentados e outros líderes de destaque têm arquivos muito
completos em suas casas.
Quando se recebe emprestada fonte de informação ou fotos
dos arquivos pessoais de pessoas, é útil manter um registro que
serve de talão num caderno, e dar um recibo à pessoa que propor-
ciona tais documentos. É melhor que uma só pessoa se encarregue
de todos os materiais emprestados e que se responsabilize para

175
História da Igreja do Nazareno

devolvê-los. Também se podem encontrar dados nos escritórios


distritais, nacionais, de área e no Escritório Regional.
É necessário comunicar-se com os escritórios de história da
denominação, na sede. Aí se mantêm bons arquivos, com atas e
dados que não se encontram em outro lugar.

Fontes seculares
Pesquisar fontes seculares, como jornais diários e estudos
sociológicos ou históricos da área, ajuda a entender o contexto
no qual se desenvolveu a igreja. Essas fontes suplementam os
arquivos da igreja e confirmam as recordações, provendo datas e
dados específicos. É provável que já se tenha feito alguma histó-
ria ou estudo da comunidade secular onde se localiza a igreja, e
identifica historiadores interessados em compartilhar o que eles
aprenderam. É importante pôr-se em contato com os centros
acadêmicos que se interessam pela comunidade, para identificar
as pessoas que possam guiar na busca da história.
As bibliotecas públicas e os museus possuem coleções de ma-
nuscritos originais, cartas, diários pessoais, desenhos e informes
escolares. Também têm coleções de fotos, de cartões postais e mapas
da localidade. Os jornais antigos têm muito valor para estabelecer
datas, nomes de pastores, aniversários e informação sobre o coral,
os sermões, as festas, as campanhas especiais, celebrações, necro-
lógios, desastres locais, guerras, assuntos econômicos, indústrias e
imigrantes. Tudo isto provê um contexto local e global para a his-
tória da igreja. Também se pode encontrar informação sobre a
história em evidência nos cemitérios, nas capelas mortuárias e nas
inscrições das pedras sepulcrais.
A biblioteca pública também tem registros e catálogos da cida-
de e diretórios de diferentes igrejas com nomes, telefones e dire-
ções de anos específicos. Também se podem encontrar teses e
pesquisas universitárias com informação valiosa.
O Censo Oficial ou o Registro Civil contém uma grande quan-
tidade de informação. Encontram-se nomes de pessoas nascidas,

176
Fazendo e escrevendo a história da Igreja

casadas e falecidas, onde e quando, nomes e idades de crianças e


pais, ocupações e vizinhos.

Fontes pessoais
Uma das fontes de história familiar são os centros de genealogia
que os mórmons mantêm em diferentes partes do país. Os
mórmons possuem grandes arquivos, que incluem pessoas que
não são de sua igreja.
Toda cidade possui grupos de pessoas que se interessam pela
história das famílias e os sobrenomes. Geralmente, estes se cha-
mam “sociedades genealógicas”. Seu propósito é procurar infor-
mação sobre as famílias e ensinar outras pessoas como fazer este
tipo de investigação. Na biblioteca pública pode-se encontrar in-
formação sobre estes grupos.
Depois de examinar as fontes escritas, é de suma importância
entrevistar pessoas mais velhas da congregação, por várias ra-
zões. Em primeiro lugar, viveram uma longa história e mantêm
recordações de acontecimentos, de indivíduos e de temas-chave
para se conhecer a história da congregação. Geralmente, as pes-
soas de maior idade têm fotos que podem ser duplicadas para
publicação. Ademais, podem informar outras pessoas com quem
se pode falar.

APRESENTAÇÃO FINAL DA HISTÓRIA LOCAL,


DISTRITAL OU NACIONAL
A história pode ser apresentada em várias formas: atividades
e cultos especiais, em cartazes com fotos, num livro ou folheto, e
numa apresentação áudio-visual com slides ou video.

Atividades e cultos especiais


A data da celebração principal pode ser um aniversário; por
exemplo, quando completar 50 anos da fundação oficial da con-
gregação ou do distrito, ou do início da obra no país. Podem-se
promover várias atividades, tais como: ação de graças pela data;

177
História da Igreja do Nazareno

drama histórico, representando aos personagens principais da his-


tória da igreja; pregação de um ministro aposentado que conheça
os antecedentes históricos da igreja, etc.

História pictorial
Durante a celebração e em outras ocasiões especiais da igreja,
distrito ou do país, pode-se montar uma exposição de fotos e ob-
jetos históricos.

História escrita: livros


A história escrita pode ser organizada de várias maneiras: por
décadas, pelo mandato dos pastores, por épocas nas quais a igreja
se localizou em diferentes localidades, por períodos reconhecidos
pelos membros, ou por acontecimentos relevantes na vida da igre-
ja. Uma vez que se decide como vai organizar a história escrita, é
bom ter as seções mais ou menos iguais quanto ao número de
páginas e ilustrações. Por exemplo, se a divisão é por décadas, cada
dez anos merecem um número de três ilustrações, no mínimo, para
cada década. As tabelas de dados são muito úteis para os leitores e
servem como prova da investigação. É necessário uma lista de to-
dos os ministros com datas.
As direções e os anos de localização da igreja também são re-
quisitos. Fotos dos ministros, os oficiais da igreja, a membresia em
adoração e outras atividades, e os edifícios que serviam à igreja. As
controvérsias e as rupturas não são raras na vida de qualquer igreja
e merecem atenção para registro na história. Pode-se descrever
brevemente o que ocorreu e quando, sem julgar bem ou mal uma
situação difícil.
Quanto ao estilo, o melhor exemplo é o dos evangelhos. Cada
um dos quatro evangelhos e o livro dos Atos conta uma história
clara, breve e direta. Não se distrai com detalhes desnecessários,
mas nos envolve numa narrativa viva e interessante. Assim tam-
bém deve ser a história da igreja local, distrital ou nacional de hoje
em dia.

178
Fazendo e escrevendo a história da Igreja

O produto escrito deve estar terminado e disponível para


venda ou doação durante as atividades de celebração. É impor-
tante que o comitê de planejamento cumpra com seu compromis-
so e tenha um livro para que todos desfrutem da história da
igreja.

História em slides ou video


Uma apresentação de slides ou video é um bom método para
relatar a história da igreja. É fácil apresentar fotos e é eficaz para
compartilhar com outros o que a congregação está celebrando.
A história da igreja local, distrital ou nacional depende de indi-
víduos que a guardam, compartilham e a apresentam para os de-
mais. Reunir, analisar e escrever esta história é obra de
pesquisadores, informantes, escritores, relatores orais, assessores,
entre outros. A base de toda esta obra é uma igreja, distrito ou
país que se interessa no projeto e o apoia.

179
História da Igreja do Nazareno

RESPONSABILIDADE DO ALUNO: UNIDADE VI


• Aproveitando as sugestões da VI unidade, escreva um
breve relato da História da Igreja do Nazareno no Brasil.

69
Atkins-Vasquez, Jane. Manual de história da igreja local. Decatur, GA: Associação para a Educação Teológica
latino-americanos, 1994.
70
Rodríguez Díaz, Daniel R. Oficina de História Oral: Um Guia para a igreja local. Decatur, GA: Associação para a
Educação Teológica hispânica 1994: 5.

180
Bibliografia

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1969. Distrito Argentino. Buenos Aires: Talleres Gráficos
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182
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