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O PEQUENO REAVIVAMENTO
"Valeria a pena Cristo ter morrido por coisas pelas quais você
vive?"
Faça uma pausa. Leia essa frase de novo. Essa pergunta
penetrante está escrita sobre a lápide do evangelista e escritor inglês
Leonard Ravenhill. Que resposta você lhe daria?
Talvez a igreja apostólica se tornou o que foi por conservar em
mente esse pensamento. O livro de Atos é o registro da atividade do
Espírito Santo na igreja. As histórias, os milagres, as aventuras
missionárias, as mensagens que influenciaram tanto amigos como
inimigos são todos um reflexo daquilo que Deus pode fazer com um
grupo de pessoas que se entregam sem reservas à direção do Espírito.1
Sua igreja é assim?
Dificilmente encontramos hoje uma igreja como a descrita em
Atos. As palavras de Carl Bates, ex-presidente da Convenção Batista do
Sul, são aplicáveis também à Igreja Adventista, hoje:
A mensagem a Laodiceia
As poucas dezenas que sobreviveram ao grande desapontamento
escolheram permanecer fiéis àquilo que a profecia bíblica tão
incontestavelmente afirmava, e acreditavam que seu erro jazia no
evento e não na datação profética. Essa convicção abriu as portas para
luz adicional proveniente da Palavra de Deus. Assim, o "pequeno
rebanho" estudou e orou persistentemente, Ao final da década, a
doutrina do ministério de Cristo no santuário, o sábado do sétimo dia
e a não imortalidade da alma, junto com o Espírito de Profecia,
tornaram-se os pilares teológicos do remanescente.
Como consequência, o sábado se tornou uma questão importante
para esse grupo. "No entanto, parece que a atenção sobre o sábado
afastou a devida atenção em instruir os crentes no crescimento
espiritual."12 Em maio de 1856, Ellen White recebeu uma visão acerca
da condição do remanescente. Quando escreveu sobre ela, comparou
a situação da época àquela do movimento de 1844. "Havia naquela
ocasião um espírito de consagração que hoje não existe. Que
aconteceu com o povo que professa ser o povo peculiar de Deus? Vi a
conformidade com o mundo, a indisposição de sofrer em prol da
verdade.”13
O que aconteceu?
Os adventistas do sétimo dia se tornavam apáticos, mundanos,
laodiceanos, assim como o mundo cristão ao seu redor. A Revolução
Industrial e as vastas oportunidades presentes em uma terra não
explorada, à medida que as pessoas se dirigiam ao oeste, eram tão
abundantes que muitos alcançaram riquezas com relativa facilidade. A
invenção das estradas de ferro e do telégrafo, junto com a descoberta
de ouro na Califórnia, tudo contribuiu para uma era de prosperidade
sem precedentes. Em seu discurso de posse, o presidente James
Buchanan declarou que, devido ao sucesso sem paralelo dos Estados
Unidos, "nenhuma nação antes sentiu-se constrangida por ter um
superávit tão grande em sua tesouraria".14 O historiador religioso
Warren Candler não poderia ser mais claro: "Os homens se
esqueceram de Deus em sua busca pelo ouro."15 Isso afetou o mundo
religioso em geral, e os fiéis adventistas, em particular.
À medida que os adventistas guardadores do sábado da Nova
Inglaterra se mudavam para o oeste em busca de melhores
oportunidades, perdiam sua visão do breve retorno de Cristo e se
tornavam egocêntricos. Até mesmo pastores eficientes perdiam de
vista a meta, como no caso de John N. Loughborough. Certa vez,
encontrado em Waukon, Iowa, trabalhando e construindo em vez de
pregando, foi confrontado com a severa e famosa repreensão por
parte da profetisa: "Que fazes aqui, Elias?"16 Em fins de 1855, Ellen
White recebeu uma visão na qual viu que "o Espírito do Senhor tem
estado a se extinguir na igreja" pelo motivo de o povo de Deus confiar
demasiado na força do argumento.17
No dia 9 de outubro de 1856, a Review and Herald publicou um
artigo indagando, pela primeira vez, se a mensagem a Laodiceia teria
como alvo "aqueles que professam a terceira mensagem angélica" e
não os cristãos em geral. O artigo de Tiago White foi seguido por outro
na semana seguinte, no qual ele concluía que "a igreja de Laodiceia
representa a igreja de Deus no tempo presente". Duas semanas
depois, David Hewitt respondeu com um apelo a famílias, crianças e
até pregadores para que deixassem "Jesus entrar". Ele concluiu o
artigo assim: "Que o escritor desta página o deixe entrar.”18
"A resposta do campo foi eletrizante", escreveu Arthur White.19
No final do mês, o remanescente que desabrochava havia aceitado
essa nova luz, embora levasse mais seis meses para que Ellen White
publicasse alguma coisa sobre o assunto. Entre novembro de 1856 e
dezembro de 1857, 348 artigos foram publicados na Review and
Herald sobre a mensagem laodiceana, a maioria escrita por membros
leigos. Isso era uma porcentagem muito alta, considerando que
apenas 2.500 membros, aproximadamente, compunham a igreja toda
naquela época.
Contudo, o reavivamento causado pelo apelo de Jesus, a
Testemunha Verdadeira (Ap 3:14-22), não durou. No verão de 1857,
havia sinais de que muitos não tinham dado atenção à mensagem a
Laodiceia. A edição de 29 de novembro de 1857, da Review and Herald,
divulgava um artigo de Ellen White no qual relatava uma visão de dois
grupos. Um deles orava fervorosamente, partilhando a verdade .com
grande poder" devido à "chuva serôdia, [...] o refrigério pela presença
do Senhor, o alto clamor do terceiro anjo." O outro, porém, não
participava da obra de afligir-se e interceder e, por fim, se perdeu. Por
quê? Porque "não ouviram nem pela metade o conselho da
Testemunha Verdadeira se é que não o desconsideraram
inteiramente." Em 1859, ela deu um testemunho claro quanto ao
motivo pelo qual o reavivamento e a reforma não haviam ocorrido
como o Espírito planejara:
1
Em meu estudo pessoal de Atos, encontrei 55 referências ao Espírito Santo: 42 só nos primeiros
13 capítulos e 29 referências claras e distintas ao crescimento da igreja ou a conversões
específicas.
2
Citado por David Watson, I Believe in the Church (Grand Rapids, Ml: Eerdmans, 1978),
p. 166.
3 A maior parte deste capítulo e do seguinte foi extraída de um trabalho não publicado que
Society, 1943), p. 39, citado em Felix A. Lorenz, Our Only Hope (Nashville, TN: Southern
Publishing, 1976), p. 52.
5 Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 54.
6
O Grande Conflito, p. 401, 611.
7 Ibid., p. 611, 400.
8 Conforme o cálculo de Arthur L. White, em seu livro Ellen G. White: The Early Years, 1827-1862
E. Church, South, 1904), p. 210, citado em Malcolm McDow e Alvin L. Reid, Firefall: How God Has
Shaped History Tlirough Revivals (Enumclaw, WA: Winepress Publishing, 2002), p. 252.
16 Ver a história completa em Arthur White, Progressive Years, p. 348-349.
17
Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 113.
18 “Ouro Provado no Fogo", Review and Herald, 6 de novembro de 1856. Hewitt tinha a reputação
de ser "o homem mais honesto na cidade", o tipo de pessoa que José Bates procurava quando se
propôs partilhar a verdade do sábado, em Battle Creek, em 1852.Testemunhos Para a Igreja, v.
1, p. 186, itálico acrescentado.
19 White, The Early Years, p. 344.
20
Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 186, itálico acrescentado.
21 Henry C. Fish, Handbook of Revivals, p. 77, 78, citado em Lorenz, p. 55.
22 Em maio de 1856, Ellen White soube em visão de alguns conhecidos de uma associação, e disse
a respeito deles: "Alguns servirão de alimento para os vermes, alguns estarão sujeitos às sete
últimas pragas, outros estarão vivos e permanecerão sobre a Terra para ser trasladados na vinda
de Jesus" (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 132). Claramente, a despeito da natureza
condicional dessa profecia, Ellen White esperava que o Senhor viesse num futuro muito próximo.
23
Testemunhos Para a Igreja, v. 2, p. 194.