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O DOM DE JESUS
Estávamos no meio de uma comissão da igreja, quando alguém
apresentou uma carta urgente. A carta era de um dos membros da
congregação, que se convencera de que a Igreja era Babilônia e exigia
que seu nome fosse removido dos registros da congregação.
Depois de ler trechos da carta, ficamos todos sem fala. Alguns
começaram a lacrimejar. Como era possível? Todos nós o
conhecíamos. Ele era um membro calado, cauteloso e fiel, com um
semblante triste, mas de espírito bondoso. Sozinho desde que sua
esposa o abandonara, sabíamos que ele frequentava uma reunião
semanal ou quinzenal de uns poucos adventistas, dirigidos por um
homem influente que se opunha à igreja. Suspeitávamos que aquelas
reuniões eram como veneno para a alma e, depois de investigar um
pouco mais, percebemos o estrago. Nosso amigo fora a primeira
vítima.
"Eu me prontifico a visitá-lo!", disse Mike, o líder do ministério
pessoal. O estranho foi que ele disse isso com um sorriso no rosto,
como se soubesse de algo que não sabíamos. Ele visitou o irmão
solitário todos os dias — todos os dias! — por seis semanas. Ele
passava entre 45 minutos a três horas com esse irmão, todas as tardes
ou noites. Pediu que o irmão dissidente partilhasse com ele a tal nova
"luz". Ele ouvia e fazia perguntas esclarecedoras. Mike, aos poucos,
começou, sempre gentil e cautelosamente, a comentar a Palavra, o
ensino de Deus acerca da identidade e do caráter da igreja
remanescente. Depois, orava com ele, por seu crescimento em Cristo,
seu testemunho em favor de outros, sua saúde e sua vida. Fez uma
sólida amizade.
Em um sábado de manhã — nunca me esquecerei — enquanto
fazíamos o costumeiro momento de oração das 7h em uma das salas
da igreja, Mike entrou com nosso irmão confuso, lado a lado. "Louvado
seja o Senhor!", disse Mike, como introdução, com a marca registrada
de seu sorriso. “Louvado seja Jesus!”, ecoou nosso recém-resgatado
irmão, para nunca mais duvidar daquilo que Deus pensa de sua amada
Igreja, com seus tantos defeitos.
Você pode exclamar: Puxa! Visitação todos os dias por seis
semanas? Com essa dedicação e intensidade, tudo pode mudar na
igreja. E se você pensar isso, acredito que estará certo. Esse não foi um
ato incomum e esporádico de bondade da parte de Mike. Ele tem sido
assim já faz algum tempo, desde que Jesus assumiu o lugar central em
seu coração.
Certa ocasião, quando alguns casamentos começaram a fracassar
e os homens se separaram de suas esposas, Mike os convidou para
morar com ele durante o período de transição. Um a um, os homens
foram, até que os quatro quartos da casa de Mike estivessem
ocupados. Então, ele saiu e alugou um apartamento temporariamente
para si, enquanto continuava cobrindo as despesas da casa. Estudava
a Palavra com os homens e orava com eles, e especialmente por eles.
Sabia que estavam magoados, zangados e confusos acerca do futuro.
Lembro-me, distintamente, de um dos homens. A esposa dele havia
buscado conselho e me contou coisas que eu desejaria nunca ter
conhecido a respeito da quele irmão. Mas, com o passar dos meses,
cada um daqueles homens experimentou a cura de seu casamento.
Isso é um milagre assombroso, quando você considera os desafios que
alguns enfrentavam. Mike havia decidido orar até que eles voltassem
para as respectivas esposas.
Eu poderia contar outras coisas mais sobre Mike, e talvez algum
dia ele me permita escrever sua história. Você acredita que o Espírito
Santo vivia e atuava na vida desse homem? O que você pensa que é
necessário para uma vida como essa? Paulo nos dá a resposta: "Deus
quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre
os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória" (Cl 1:27, itálico
acrescentado).
Cristo e o Espírito
O que Paulo quis dizer com "Cristo em vós"? Isso é realmente
possível? Considere esta declaração: "E por meio do Espírito que Cristo
habita em nós; e o Espírito de Deus, recebido no coração pela fé, é o
princípio da vida eterna."1 Foi isso que você leu? Por meio do Espírito,
Cristo habita em nós. Habitar é viver ou ficar como morador
permanente. Você pode conhecer melhor o pensamento de Jesus em
sua Palavra quando Ele habita em você. Considere esta outra
declaração:
1
O Desejado de Todas as Nações, p. 388.
2 Profetas e Reis, p. 233.
3 O Desejado de Todas as Nações, p. 672.
4 Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 267.
5 O Desejado de Todas as Nações, p. 671.
6
Existe uma diferença importante entre "pecados" e "pecado". Os seres humanos sio pecadores
por natureza. Nasceram em pecado, sua propensão é para o pecado, sua tendência natural é
correr nessa direção e distanciar-se de Deus. Isso é chamado pecado original; é o pecado como
condição de vida. Pecados, porém, são o resultado de ser pecador por natureza. Cometemos
pecados porque somos homens e mulheres em pecado, sob "a lei do pecado e da morte". Deus
pode perdoar nossos pecados, mas o único remédio para nosso pecado [singular], nosso estado
como seres pecadores, é uma nova natureza a ser estabelecida na glorificação. O perdão e a
santificação tratam com nossos pecados e com os hábitos pecaminosos. É por isso que devemos
nascer de novo para ser justificados, perdoados santificados e, por fim, glorificados, na segunda
vinda.
7 Ver A Ciência do Bom Viver, p. 51-58, para recapitular a experiência devocional de Jesus com o
Pai.
8
João 19:30 diz: "E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito [respiração]." Na morte, a pessoa deixa
de respirar; por isso a cabeça dele se inclinaria. Aqui lemos que Jesus inclinou a cabeça primeiro,
e depois expirou. O verbo está correto: Ele "rendeu" o espírito. Rendeu a vida.
9
Ver, por exemplo, seu livro His Robe of Mine (Berrien Springs, MI: Justified Walk Ministries,
2003); ver outras fontes [inclusive em português] no site: www.justifiedwalk.com.
10
O Maior Discurso de Cristo, p. 71.