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ESCOLA BASILEIA

TEXTO BÍBLICO
01. A ÓTICA DO
EVANGELHO Colossenses 1:6
Agora, as mesmas boas-
IDEIA PRINCIPAL novas que chegaram até
vocês estão se
propagando pelo mundo
Se o evangelho está constantemente "frutificando e todo. Elas têm crescido
crescendo" (CI 1.6), então tudo está relacionado com o e dado frutos em toda
parte, como ocorre entre
evangelho - Deus, a humanidade, a salvação, a vocês desde o dia em
adoração, os relacionamentos, as compras, o lazer, o que ouviram e
compreenderam a
trabalho, a personalidade ... tudo! O objetivo desta verdade sobre a graça
lição é estabelecer um fundamento para nossa de Deus.
conversa sobre o evangelho. Esse fundamento será
trabalhado mais detalhadamente nas duas próximas
lições; assim, esta primeira nos ajudará a
compreender alguns conceitos e nos permitirá
começar a investigar como eles se relacionam com a
vida real.

ANOTAÇÕES:
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Romanos 1:16
Pois não me envergonho
das boas-novas a
"O evangelho" é uma expressão que a igreja usa muito sem entender
respeito de Cristo, que
são o poder de Deus em plenamente seu significado. Falamos a linguagem do evangelho, mas
ação para salvar todos raramente o aplicamos a todos os aspectos da vida. No entanto, é
os que creem, primeiro exatamente essa aplicação que Deus quer de nós. O evangelho é nada
os judeus, e também os
menos que “o poder de Deus” (Rm 1.16). O apóstolo Paulo elogiou seus
gentios.
irmãos da igreja colossense porque o evangelho estava "frutificando e
crescendo" entre eles desde o dia em que o ouviram e conhecera (CI 1.6).
2 Pedro 1:3-9
O apóstolo Pedro ensina que, quando nossa transformação não se dá de
Deus, com seu poder
divino, nos concede tudo maneira contínua, é porque nos esquecemos do que Deus fez por nós no
de que necessitamos para evangelho (2Pe 1.3-9). Se pretendemos amadurecer em Cristo, temos de
uma vida de devoção, pelo
conhecimento completo aprofundar e ampliar nossa compreensão do evangelho como meio
daquele que nos chamou designado por Deus para a transformação pessoal e comunitária.
para si por meio de sua
glória e excelência. Muitos vivem com uma visão incompleta do evangelho. Ele é visto como a
E, por causa de sua glória e porta”, a entrada, o acesso ao reino de Deus. Mas o evangelho é muito
excelência, ele nos deu
grandes e preciosas mais que isso! Não é apenas a porta, mas é também o caminho no qual
promessas. São elas que precisamos andar todos os dias da vida cristã. Não é apenas o meio para
permitem a vocês participar
da natureza divina e nossa salvação, mas também o meio para nossa transformação. Não é a
escapar da corrupção do libertação apenas da punição do pecado, mas também do poder do
mundo causada pelos
pecado.
desejos humanos.
Diante de tudo isso, O evangelho é o que nos torna justos perante Deus (justificação) e é
esforcem-se ao máximo também o que nos liberta para termos prazer em Deus (santificação). O
para corresponder a essas
promessas. Acrescentem à evangelho muda tudo! A ilustração da próxima página tem auxiliado
fé a excelência moral; à muitas pessoas a refletir sobre o evangelho e suas implicações. Este
excelência moral o
conhecimento; gráfico não diz tudo que poderia ser dito sobre o evangelho, mas ajuda a
ao conhecimento o domínio ilustrar como ele funciona. A vida cristã se inicia (conversão) quando me
próprio; ao domínio próprio
a perseverança; à torno consciente da distância entre a santidade de Deus e o meu pecado.
perseverança a devoção a Quando sou convertido, passo a confiar e esperar em Jesus, que fez o que
Deus;
eu jamais poderia fazer: ele desfez essa distância entre o meu pecado e a
à devoção a Deus a
fraternidade; e à santidade de Deus; ele levou sobre si a ira santa de Deus para com o meu
fraternidade o amor. pecado.
Quanto mais crescerem
nessas coisas, mais
produtivos e úteis serão no
conhecimento completo de
nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas aqueles que não se
desenvolvem desse modo
são praticamente cegos,
vendo apenas o que está
perto, e se esquecem de
que foram purificados de
seus antigos pecados.
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Isaías 55:8,9
"Meus pensamentos são
muito diferentes dos
seus", diz o Senhor , "e
meus caminhos vão
muito além de seus
caminhos.
Pois, assim como os
céus são mais altos que
a terra, meus caminhos
são mais altos que seus
caminhos, e meus
pensamentos, mais altos
que seus pensamentos.

Jeremias 17:9,10
"O coração humano é
mais enganoso que
No entanto, no momento da conversão, minha visão da santidade de Deus
qualquer coisa e é
extremamente perverso; e do meu pecado é muito limitada. Quanto mais eu cresço na vida cristã,
quem sabe, de fato, o mais cresço na percepção da santidade de Deus e da minha carnalidade e
quanto é mau? pecaminosidade. À medida que leio a Bíblia, sou convencido pelo Espírito
Eu, o S enhor , examino
Santo e vivo em comunhão com outras pessoas, a dimensão da grandeza
o coração e provo os
pensamentos. Dou a de Deus e do meu pecado torna-se cada vez mais clara e evidente. Não é
cada pessoa a devida que Deus esteja se tornando mais santo ou que eu esteja cada vez mais
recompensa, de acordo pecaminoso, mas o que cresce é minha percepção dessas realidades.
com suas ações". Enxergo cada vez mais Deus como ele realmente e (Is 55.8,9) e a mim
como realmente sou (Jr 17.9,10).
Enquanto minha compreensão do meu pecado e da santidade de Deus
cresce, outras coisas também crescem: minha gratidão e meu amor por
Jesus. Sua mediação, seu sacrifício, sua justiça e sua obra graciosa a
meu favor se tornam cada vez mais doces e poderosos para mim. A cruz
se torna maior e mais central na minha vida conforme eu me regozijo no
Salvador que morreu na cruz. Infelizmente, a santificação (crescimento em
santidade) não funciona como gostaríamos.
Por causa do pecado que ainda habita em mim, tenho uma tendência
contínua de minimizar o evangelho ou de "encolher a cruz”. Isso acontece
quando: (a) minimizo a santidade perfeita de Deus, pensando a respeito
dele como alguém inferior ao que a sua Palavra declara que ele é, ou (b)
elevo a minha própria justiça pensando a respeito de mim mesmo como
alguém melhor do que realmente sou.
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Assim, a cruz se torna menor e a importância de Cristo na minha vida é diminuída


(veja a figura da p. 22). Nas próximas lições, falaremos mais sobre as maneiras
1 Coríntios 1:30 específicas pelas quais minimizamos o evangelho. Para neutralizar essa tendência
Foi por iniciativa de pecaminosa de encolher o evangelho, devemos constantemente nutrir nossas mentes
Deus que vocês estão com a verdade bíblica. Precisamos conhecer, enxergar e experimentar o caráter santo
em Cristo Jesus, que se e justo de Deus. E precisamos identificar, admitir e sentir a profundidade de nossa
tornou a sabedoria de
fraqueza e pecaminosidade. Não precisamos fazer essas coisas porque “é o que um
Deus em nosso favor,
bom cristão deve fazer"; antes, elas se tornam nosso objetivo porque essa é a vida
nos declarou justos
que Deus quer para nós: uma vida marcada por alegria, esperanca e amor que
diante de Deus, nos
santificou e nos libertou transformam.
do pecado. Crescer no evangelho significa enxergar mais da santidade de Deus e mais do meu
pecado. E por causa daquilo que Jesus fez por nós na cruz, não precisamos ter medo
de ver Deus como ele realmente é ou de admitir quão falhos realmente somos. Nossa
esperança não está na nossa própria excelência, nem na vã expectativa de que Deus
vai abrir mão dos seus padrões e “baixar o nível”. Pelo contrário, descansamos em
Jesus como nosso perfeito Redentor, aquele que é nossa “justiça, santificação e
redenção” (1Co 1.30).
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SEIS MANEIRAS PELAS QUAIS EU MINIMIZO O PECADO

DEFENDER-ME
Acho difícil aceitar comentários sobre minhas fraquezas ou meus
pecados. Quando sou confrontado, minha tendência é tentar
arranjar desculpas, falar sobre o que de bom já fiz ou justificar
minhas decisões. Em consequência, as pessoas têm dificuldade em
se aproximar de mim e eu raramente converso sobre coisas
problemáticas na minha vida.

FINGIR
Esforço-me para manter as aparências e uma imagem respeitável.
Meu comportamento, em algum grau, é impulsionado por aquilo
que penso que os outros pensam a meu respeito. Também não
gosto de refletir sobre minha própria vida. Portanto, são poucas as
pessoas que conhecem meu eu verdadeiro. (Pode ser que nem eu
conheça quem realmente sou.)

ESCONDER-ME
Tendo a esconder o máximo possível sobre a minha vida,
especialmente as coisas ruins”. Isso é diferente de fingir, pois o
fingir está mais relacionado ao desejo de impressionar. Essa atitude
de me esconder tem mais a ver com um sentimento de vergonha.
Eu acho que as pessoas não vão me aceitar ou me amar do jeito que
realmente sou.
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EXAGERAR
Sou tendencioso a pensar (e falar) a meu respeito de uma forma
mais elevada do que eu deveria. Também exagero as coisas (boas e
ruins) de modo que pareçam maiores do que são (geralmente para
chamar atenção). Consequentemente, muitas vezes as coisas
ganham mais atenção do que merecem e acabam me deixando
estressado ou ansioso.

CULPAR
Sou rápido para culpar os outros por algum pecado ou alguma
circunstância. “Assumir” minha parte em um pecado ou conflito é
uma luta muito grande para mim. Há um elemento de orgulho que
me faz achar que não sou culpado e/ou um elemento de medo de
sofrer rejeição quando a culpa é minha.

MINIMIZAR
Tenho inclinação para dar pouca importância ao pecado ou às
circunstâncias, minha vida, como se fossem “normais” ou “não tão
ruins assim”. Portanto, muit vezes não dou a devida atenção para
certas coisas, as quais acabam se acumulando ao ponto de me
esmagarem.
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SOBRE JULGAR AS PESSOAS


Uma maneira de enxergar o valor do "gráfico da cruz" é aplicá-lo a uma
área específica da vida em que as pessoas geralmente enfrentam
dificuldades. Julgar as pessoas é algo que fazemos em grandes e
pequenas proporções. Em grupo, troquem ideias sobre maneiras
específicas pelas quais julgamos as pessoas. As perguntas a seguir vão
ajudá-los a enxergar a conexão entre nosso hábito de julgar os outros e a
visão que temos do evangelho.

1. Quais são algumas maneiras específicas pelas quais julgamos os outros?

2. Por que julgamos os outros? Que desculpas usamos para justificar


essa atitude?

3. De que modo essas desculpas refletem uma visão pequena da


santidade de Deus?
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4. De que modo essas desculpas refletem uma visão pequena do nosso


próprio pecado?

5. Pensem em uma pessoa específica que às vezes é alvo de seu


julgamento.

a) Como uma visão maior da santidade de Deus poderia influenciar em


seu relacionamento com essa pessoa?

b) Como uma visão maior da sua própria pecaminosidade poderia


influenciar em seu relacionamento com essa pessoa?
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TEXTO BÍBLICO
02. FINGIMENTO E DESEMPENHO

IDEIA PRINCIPAL

Esta lição trata de como “encolhemos a cruz”, o que


acontece quando falta algo em nossa compreensão,
apreciação ou aplicação do sacrifício de Jesus por
nosso pecado. Isso se manifesta de duas maneiras
principais: fingimento e desempenho. O fingimento
minimiza o pecado, fazendo-nos passar por algo que
não somos. O desempenho minimiza a santidade de
Deus, rebaixando seu padrão a algo que podemos
alcançar para assim merecermos seu favor. Ambos
estão enraizados em uma visão insatisfatória da
santidade de Deus e da nossa identidade.

ANOTAÇÕES:
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Na lição passada, vimos um modelo que ilustra o que significa viver


na luz do evangelho. Nesta lição, queremos examinar mais de perto
as maneiras pelas quais minimizamos o evangelho e reduzimos seu
impacto em nossa vida.
Podemos observar que a linha de cima do gráfico abaixo é descrita
com as palavras “Percepção crescente da santidade de Deus”.
Como dissemos na lição anterior, não significa que a santidade de
Deus em si aumenta, pois Deus é imutável em seu caráter. Ele
sempre foi e sempre será infinitamente santo. Mais propriamente,
essa linha mostra que, quando o evangelho atua em nossa vida da
forma correta, nossa percepção do caráter Santo de Deus é que
está em constante crescimento. Percebemos o peso das gloriosas
perfeições de Deus de maneira mais plena e profunda.
Da mesma forma, a linha de baixo do gráfico mostra que, quando o
evangelho está atuando corretamente em nossa vida, a percepção
da nossa própria pecaminosidade cresce de forma constante. Isso
não significa que nos tornamos mais pecaminosos. (Na verdade, se
estamos crescendo em Cristo, começaremos a experimentar a
vitória sobre o pecado.)
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Mas percebemos cada vez mais no nosso caráter e comportamento "quão


Colossenses 1:23 profunda é a toca do coelho"; reconhecemos que somos bem mais
É preciso, porém, que pecaminosos do que imaginávamos.
continuem a crer nessa
À medida que a distância entre essas duas linhas fica maior, a cruz se
verdade e nela
permaneçam firmes. torna maior em nossa experiência, produzindo um amor mais profundo por
Não se afastem da Jesus e uma compreensão mais completa de sua bondade. Pelo menos o
esperança que ideal é esse. Porém, na realidade, por causa do pecado que habita em nós,
receberam quando
somos propensos a esquecer do evangelho, a nos afastarmos dele como
ouviram as boas-novas,
que foram anunciadas um barco à deriva, desatado do ancoradouro. É por isso que a Bíblia nos
em todo o mundo e que exorta a não nos afastarmos "da esperança do evangelho” (CI 1.23) e a
eu, Paulo, fui designado deixarmos a palavra de Cristo habitar “ricamente” em nós (Cl 3.16).
servo para proclamar. Quando não estamos ancorados na verdade do evangelho, nosso amor por
Jesus e nossa experiência com sua bondade se tornam muito pequenos.
Acabamos “encolhendo a cruz”, seja por fingimento, seja por
Colossenses 3:16 desempenho.
Que a mensagem a Vamos examinar novamente a linha inferior do gráfico. Crescer na
respeito de Cristo, em percepção da nossa pecaminosidade não é algo divertido! Significa que
toda a sua riqueza,
temos de admitir para nós mesmos e para os outros que não somos tão
preencha a vida de
vocês. Ensinem e bons quanto pensamos. Também temos de confrontar o que Richard
aconselhem uns aos Lovelace chama de teia complexa de “atitudes, crenças e comportamentos
outros com toda a compulsivos” que o pecado tem criado em nós. Se não
1
estamos
sabedoria. Cantem a descansando na justiça de Jesus, essa crescente percepção do nosso
Deus salmos, hinos e
cânticos espirituais com pecado se torna um peso esmagador. Cedemos sob a carga e
o coração agradecido. compensamos fingindo que somos melhores do que realmente somos. O
fingimento pode assumir várias formas: desonestidade (“Eu não sou tão
ruim"); comparação (“Eu não sou tão ruim quanto aquelas pessoas”);
desculpas (“Mas eu não sou assim”); e falsa retidão (“Olhe quanta coisa
boa eu já fiz”). Por não querer admitir quão pecaminosos realmente
somos, distorcemos a verdade a nosso favor.
Crescer em nossa percepção da santidade de Deus também é um desafio.
Significa encarar seus justos mandamentos e as gloriosas perfeições de
1 Richard Lovelace.
Dynamics of spiritual life seu caráter; significa reconhecer que estamos drasticamente aquém de
(Downers Grove: seus padrões; significa refletir sobre seu santo descontentamento em
InterVarsity, 1979), p. 88 relação ao pecado. Se não estamos enraizados na verdade de que é
(edição em português:
apenas por meio de Jesus que Deus nos aceita, tentamos compensar e
Teologia da vida cristā: a
dinâmica da renovação ganhar sua aprovação pelo nosso desempenho. Levamos a vida em uma
espiritual (São Paulo: esteira, tentando alcançar as expectativas de Deus (ou a nossa visão
Shedd, 2004)]. equivocada delas), para poder ganhar seu favor.
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E fácil conversar de forma abstrata sobre o fingimento e o desempenho. Mas vamos


refletir sobre como essas tendências se manifestam, na prática, em nossa vida.
Para discernir suas sutis tendências a fingir, pergunte a si mesmo: "Do que dependo
para ter um senso de 'credibilidade pessoal' (valor, aceitação, boa reputação)?". Sua
resposta a essa pergunta pode revelar que alguma coisa, e não Jesus, é sua fonte de
justiça. Quando não estamos firmemente enraizados no evangelho, confiamos nessas
falsas fontes de justiça para construir nossa reputação e nos dar um senso de
dignidade e valor.

Seguem alguns exemplos:

JUSTIÇA BASEADA NAS OBRAS: por ser um trabalhador dedicado Deus vai me
recompensar.

JUSTIÇA BASEADA NA FAMÍLIA: por fazer as coisas direito como pai ou mãe, estou
mais em conformidade com Deus do que os pais que não conseguem controlar seus
filhos.

JUSTIÇA BASEADA NA TEOLOGIA: eu tenho uma boa teologia; Deus me prefere


àqueles que têm uma teologia inferior.

JUSTIÇA BASEADA NA INTELIGÊNCIA: tenho mais estudo, mais capacidade de falar e


mais experiências culturais do que os outros; por isso, obviamente, sou superior.

JUSTIÇA BASEADA NA AGENDA: sou disciplinado e rigoroso na administração do


meu tempo, o que me faz ser mais maduro do que os outros.

JUSTIÇA BASEADA NA FLEXIBILIDADE: em um mundo tão ocupado, sou flexível e


descontraído. Sempre arranjo tempo para outras pessoas. Quem não faz isso deveria
se envergonhar!

JUSTIÇA BASEADA NA MISERICÓRDIA: eu me preocupo com os pobres e


desfavorecidos como todos deveriam.

JUSTIÇA BASEADA NAS REGRAS: não bebo e não fumo, nem me relaciono com
quem faz essas coisas. Muitos crentes de hoje não têm nenhuma preocupação com a
santidade.

JUSTIÇA BASEADA NAS FINANÇAS: administro meu dinheiro com sabedoria e não
fico devendo a ninguém. Não sou como aqueles crentes materialistas que perdem o
controle dos gastos.

JUSTIÇA BASEADA NA POLÍTICA: se você realmente ama a Deus, vai votar no meu
candidato.

JUSTIÇA BASEADA NA TOLERÂNCIA: sou uma pessoa compreensiva e respeitosa


para com aqueles que não concordam comigo. Aliás, sou muito parecido com Jesus
nesse ponto.
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Esses são apenas alguns exemplos. Talvez você consiga pensar em vários outros; é
só pensar em algo que o faça sentir suficientemente bom ou melhor em relação às
Gálatas 4:7
demais pessoas. Essas fontes de justiça funcional nos desconectam do poder do
Agora você já não é
evangelho. Elas nos levam a buscar a justiça naquilo que fazemos, em vez de
escravo, mas filho de
Deus. E, uma vez que é honestamente confrontar a profundidade do nosso pecado e da nossa fraqueza. Além
filho, Deus o tornou disso, cada uma dessas fontes de justiça também serve como uma forma de julgar e
herdeiro dele. excluir os outros! Nós as usamos para nos engrandecer e para condenar aqueles que
não são tão “justos” quanto nós. Em outras palavras, encontrar a justiça nessas
coisas nos conduz a pecar mais, e não menos.

Agora, para revelar sua tendência de confiar no desempenho, pare um pouquinho e


responda a esta pergunta:

“Enquanto Deus pensa em mim neste momento, como fica a expressão do rosto
dele?”.

Qual retrato de Deus vem à sua mente? Alguém decepcionado? Irado? Indiferente?
Será que o seu rosto diz “Está na hora de acordar!” ou “Se você ao menos pudesse
fazer um pouco mais por mim”? Se você imaginou Deus de qualquer outro jeito que
não seja satisfeito pelo que Jesus fez por você, você caiu em uma mentalidade de
desempenho. Afinal, a verdade do evangelho é que, em Cristo, Deus está
profundamente satisfeito com você. Aliás, com base na obra de Jesus, Deus o adotou
como filho ou filha (Gl 4.7)! No entanto, quando deixamos de enraizar nossa
identidade naquilo que Jesus fez por nós, escorregamos para um cristianismo de
desempenho. Imaginamos que, se fossemos “cristãos melhores”, Deus nos aprovaria
mais plenamente. Viver desse jeito exaure nossa alegria e nosso prazer em seguir a
Jesus, levando-nos a atolar em uma obediência obrigatória, sem alegria. O evangelho
se torna muito pequeno para nós.

O cristianismo do desempenho é realmente uma minimização da santidade de Deus. A


ideia de que podemos impressionar Deus com a nossa vida correta” mostra que
temos rebaixado seus padrões a muito menos do que eles realmente são. Em vez de
ficarmos admirados com a medida infinita da sua santa perfeição, temos nos
convencido de que, se nos esforçamos bastante, podemos merecer o amor e a
aprovação de Deus.

Nossas sutis tendências na direção do fingimento e do desempenho demonstram que


a falta de confiança no evangelho é a raiz de todos os nossos pecados mais visíveis.
À medida que aprendermos a aplicar o evangelho à nossa incredulidade, a "pregar o
evangelho a nós mesmos”, vamos nos ver livres da falsa segurança do fingimento e
do desempenho e, então, viveremos na verdadeira alegria e liberdade que nos foram
prometidas por Jesus. Pensaremos mais sobre isso na próxima lição.
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CERTO E ERRADO

Todos nós construímos determinadas regras ou leis pelas quais


vivemos, acreditando que, se obedecemos a elas, somos mais “corretos"
diante de Deus. Dai é só um pequeno passo para começarmos a julgar a
conduta das outras pessoas com base nessas regras ou leis. Geralmente,
as regras que fazemos para nós mesmos são coisas boas. No entanto,
frequentemente cometemos abusos com elas.

Por exemplo:

Quando lutamos com o desejo de estar no controle de nossa vida,


estabelecemos leis na tentativa de manter esse controle. Essas leis
podem ser tão simples como “Não me corte no trânsito” ou “A casa
precisa estar sempre arrumada”. Então, quando as pessoas quebram
essas leis, sentimos que estamos perdendo o controle e que as
pessoas não nos respeitam. Além disso, sentimos que estamos certos
e que elas estão erradas. Normalmente, o resultado é raiva, enquanto
tentamos recuperar o controle da situação e mostrar quão certos
estamos. Assim, em vez de a lei ser utilizada para nos dizer como
devemos amar as pessoas, nós a usamos contra elas.
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PERGUNTAS PARA APLICAÇÃO

1. Dê um exemplo de uma regra que você tem estabelecido para si e para


os
outros que o faz sentir-se bem quando ela é respeitada, mas irritado ou
chateado quando é quebrada.

2. Em que medida sua obediência a essa regra tem lhe dado um senso
de justiça própria?

3. De que maneira a importância que você dá a essa regra em sua vida


o
impede de amar as pessoas de forma genuína? Seja específico(a).
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TEXTO BÍBLICO
03. CRER NO EVANGELHO

IDEIA PRINCIPAL

Temos dado ênfase às maneiras pelas quais


minimizamos o evangelho, ou seja, o lado negativo da
questão. Nesta lição, voltaremos a atenção para
discernir o lado positivo. "Quais soluções Deus nos
oferece no evangelho para que não encolhamos a cruz
e não dependamos do nosso próprio esforço?"

ANOTAÇÕES:
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Nas últimas duas lições, usamos um gráfico para entender


Romanos 10:3 melhor o evangelho e como ele funciona em nossa vida. No estudo
anterior, falamos sobre nossa tendência de “encolher a cruz” por
Porquanto, ignorando a meio do fingimento e do desempenho. Nesta lição, queremos
justiça que vem de Deus e
procurando estabelecer a examinar como uma convicção forte e vibrante no evangelho nos
sua própria, não se liberta de nós mesmos e produz verdadeira e duradoura
submeteram à justiça de transformação espiritual.
Deus.

Na raiz da condição humana, há uma luta pela justiça e pela


identidade. Ansiamos por nos sentirmos aceitos, aprovados,
seguros e com significado, pois fomos criados por Deus para
encontrar essas coisas nEle. Mas o pecado nos separou de Deus e
criou em nós um profundo senso de alienação. Quando Paulo falou
sobre o novo judeu de seu tempo, ele escreveu: “eles não
reconheciam a justiça que vem de Deus e procuravam estabelecer a
sua própria” (Rm 10.3, NVI). Fazemos a mesma coisa. Da
perspectiva teológica, o fingimento e o desempenho são
simplesmente duas formas sofisticadas de estabelecer nossa
própria justiça. Quando fingimos, estamos fazendo de conta que
somos melhores do que realmente somos. Quando apelamos para o
desempenho, estamos tentando agradar a Deus por meio daquilo
que realizamos. O fingimento e o desempenho refletem nossas
tentativas pecaminosas de garantir nossa própria justiça e
identidade sem Jesus.
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Para realmente vivenciar a profunda transformação que Deus nos promete


no evangelho, precisamos continuamente nos arrepender dessas
Romanos 3:21,22
tendências pecaminosas. Nossa alma precisa se tornar profundamente
Agora, porém, conforme arraigada na verdade do evangelho, de modo que ancoremos nossa justiça
prometido na lei de e identidade em Jesus, e não em nós mesmos. Mais especificamente, as
Moisés e nos profetas, promessas de justiça passiva e adoção contidas no evangelho devem
Deus nos mostrou como
tornar-se centrais na nossa maneira de pensar e viver.
somos declarados justos
diante dele sem as
exigências da lei: A justiça passiva é a verdade bíblica de que Deus não só perdoou nosso
somos declarados justos pecado, mas também creditou a nós a justiça ativa de Jesus. Romanos 3
diante de Deus por meio
fala de uma justiça de Deus que vem a nós por meio da fé: “Mas agora a
da fé em Jesus Cristo, e
isso se aplica a todos justiça de Deus se manifestou, sem a lei, atestada pela Lei e pelos
que creem, sem Profetas; isto é, a justiça de Deus por meio da fé em Jesus Cristo para
nenhuma distinção. todos os que creem; pois não há distinção (Rm 3.21,22). Sobre essa
justiça passiva, Martinho Lutero escreve:

Chama-se "justiça passiva" porque não temos de labutar por ela [...]. Não
é uma justiça pela qual trabalhamos, mas a justiça que recebemos pela fé.
Essa justiça passiva é um mistério que alguém que não conhece a Jesus
não consegue entender. Aliás, nem os cristãos têm uma compreensão
completa dela e raramente usufruem dela na vida diária [...]. 1 Quando
existe qualquer medo ou nossa consciência fica perturbada, isso é sinal
de que perdermos de vista nossa justiça "passiva" e Cristo está oculto.
A pessoa que se afasta da justiça "passiva" não tem outra escolha senão
viver pela justiça "das obras". Se não depender da obra de Cristo, terá
que depender de sua própria obra. Portanto, temos de ensinar e
continuamente repetir a verdade dessa justiça "passiva" ou "cristã" para
que os cristãos continuem a crer nela e jamais a confundam com2 justiça
"das obras".

Lutero lembra que, se nos afastarmos da “justiça passiva”, nossos


corações tenderão naturalmente à justiça própria ou à das obras. Para
2 " Preface", commentary
on Galatians, apud lutar contra nossa tendência de encolher o evangelho dessa forma,
Sonship (World Harvest devemos constantemente nos arrepender de beber nas falsas fontes da
Mission), 2002. [Veja justiça e pregar o evangelho para nós mesmos, especialmente a verdade
também: Interpretação do da justiça passiva. Devemos nos agarrar à promessa bíblica de que Deus
Novo Testamento:
está satisfeito conosco porque está satisfeito com Jesus.
Gálatas- Tito (São
Leopoldo: Sinodal, 2008),
vol.10. Obras
selecionadas.].
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Quando abraçamos o evangelho dessa forma, olhar para o nosso pecado


Romanos 8:15,16
não e algo assustador ou constrangedor. Na verdade, fazer isso nos
Pois vocês não conduz à adoração, porque Jesus morreu por todo esse pecado, e é
receberam um espírito também libertador, pois o pecado não mais define nossa identidade!
que os torne, de novo, Nossa justiça está em Cristo. A boa noticia evangelho não é o fato de que
escravos medrosos, mas
Deus dá muita importância a nós, mas, sim, o fato de que ele nos liberta
sim o Espírito de Deus,
que os adotou como para dar muita importância a Jesus.
seus próprios filhos.
Agora nós o chamamos " A adoção é a verdade bíblica de que Deus nos acolheu em sua família
Aba , Pai", como filhos e filhas em virtude de nossa união com Jesus. Parte da obra
pois o seu Espírito
confirma a nosso do Espírito Santo é confirmar essa adoção dentro de nós: “Porque não
espírito que somos recebestes um espírito de escravidão para vos reconduzir ao temor, mas o
filhos de Deus. Espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! O próprio Espírito dá
testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Rm 8.15,16).
O texto de Gálatas 4.7 diz a mesma coisa com palavras diferentes:
Romanos 4:4-8
“Portanto, tu não és mais escravo, mas filho; e, se és filho, és também
O salário daquele que herdeiro por obra de Deus”.
trabalha não é um
presente, mas um Mas assim como nos desviamos da justiça passiva, também somos
direito.
propensos a esquecer nossa identidade como filhos de Deus. Vivemos
Contudo, ninguém é
considerado justo com como órfãos, e não como filhos e filhas. Em vez de descansar 1no amor
base em seu trabalho, paternal de Deus, buscamos ganhar seu favor tentando viver à altura de
mas sim por meio de sua suas expectativas (ou da nossa visão equivocada delas). Vivemos assim
fé em Deus, que declara
em uma verdadeira esteira, na tentativa de sermos “bons cristãos” para
justos os pecadores.
Davi também falou a receber a aprovação de Deus. Para lutar contra nossa tendência de
esse respeito quando diminuir o evangelho dessa forma, devemos continuamente nos
descreveu a felicidade arrepender da nossa mentalidade de órfãos e persistir em nossa
daqueles que são
verdadeira identidade como filhos e filhas de Deus. Pela fé, temos2 de nos
considerados justos sem
terem trabalhado para apegar à promessa contida no evangelho de que somos adotados como
isso: filhos de Deus. A justiça de Jesus foi creditada a nós, independentemente
"Como são felizes das obras (Rm 4.4-8). Não precisamos fazer nada para assegurar o amor e
aqueles cuja a aceitação de Deus; Jesus já nos assegurou isso. Quando abraçamos o
desobediência é
perdoada, cujos pecados evangelho dessa forma, o padrão infinito da santidade de Deus já não
são cobertos! mais nos amedronta ou intimida. Ele leva à adoração, porque Jesus o
Sim, como são felizes satisfez por nós. Nossa identidade está nEle. A boa notícia do evangelho
aqueles cujo pecado o não é que Deus nos favorece por causa de quem somos, mas que Ele nos
Senhor não leva mais em
favorece apesar de quem somos.
conta!".
ESCOLA BASILEIA

Na raiz de todos os nossos pecados visíveis encontra-se a luta invisível


por justiça e identidade. Em outras palavras, nunca crescemos a ponto de
não ter mais necessidade do evangelho.
É como Martinho Lutero escreveu: “O mais necessário é que conheçamos
bem [o evangelho], o ensinemos às pessoas e o martelemos
continuamente na cabeça delas”. Quando percebemos nossa tendência
para o fingimento e o desempenho, que são nossas tentativas de construir
nossa própria justiça e identidade, devemos nos arrepender do pecado e
crer novamente nas promessas do evangelho. Este é o padrão constante
da vida cristã: arrependimento e fé, arrependimento e fé, arrependimento e
fé. À medida que caminhamos dessa forma, o evangelho vai se enraizando
mais profundamente em nossas almas, e Jesus e sua cruz se tornarão
"maiores” na realidade diária da nossa vida.
ESCOLA BASILEIA

AUTOAVALIAÇÃO
ÓRFÃOS VS. FILHOS

Este é um exercício prático para revelar nossas tendências


pecaminosas de manipular a vida, bem como nossa necessidade diária
de voltar para Cristo. O exercício provavelmente vai rebaixar seu ego, o
que é um dos primeiros passos no serviço a Cristo e aos outros. Leia
cada frase da esquerda para a direita. Na coluna "O órfão/a órfã",
marque um "x" no quadrinho ao lado da frase que descreve sua
tendência. Sublinhe as palavras que mais se aplicam a você. Na coluna
"O filho/a filha", marque os quadrinhos das frases que expressam o
aspecto em que você mais deseja, sublinhando as palavras-chaves.
O ORFÃO/ A ORFÃ O FILHO/ A FILHA
Falta-me intimidade viva e diária com Deus. Sentir-me livre da ansiedade por causa do
amor de Deus por mim.
Fico ansioso em relação a amizades, dinheiro, Aprender a viver em comunhão diária com
formação acadêmica, trabalho etc. Deus.
Sinto como se ninguém se importasse comigo. Não sentir medo de Deus.
Fundamento minha vida em sucesso/ fracasso. sentir-me perdoado e totalmente aceito.
Ter confiança diária no plano soberano de Deus
Preciso ter boa aparência.
para minha vida.
Sinto-me culpado e condenado. Recorrer a oração como primeiro recurso.
Reluto em entregar as coisas nas mãos de Não depender dos relacionamentos para me
Deus. sentir aceito porque sou aceito por Deus.
Tenho de resolver meus problemas sozinho. Ser livre do anseio de ser reconhecido.
Não sou muito ensinável. Estar aberto a ser ensinado pelo outros.

Fico na defensiva quando sou acusado de Estar aberto a receber críticas, pois descanso
algum erro ou fraqueza. na perfeição de Cristo.

Preciso estar sempre certo. Ser capaz de discernir as motivações dentro de


mim.
Não tenho confiança em mim mesmo. Conseguir assumir riscos, até mesmo o risco de
falhar.

Sinto-me desanimado e derrotado. Ser encorajado pela obra do Espírito em mim.

Sou teimoso com minhas ideias, meus planos e Ser capaz de ver a bondade de Deus nos
minhas opiniões. momentos escuros.

A solução para corrigir minhas falhas é Estar satisfeito com aquilo que Cristo tem me
esforçar-me ainda mais. proporcionado.
Tenho um espírito muito crítico (cheio de Confiar cada vez menos em mim mesmo e mais
reclamação e amargura). no Espírito Santo.
Machuco os outros com frequência. Ser consciente da minha própria incapacidade

ESCOLA BASILEIA
Sou um ótimo analista da fraqueza alheia.
de consertar a vida, as pessoas e os problemas.

Ser capaz de admitir livremente minhas falhas.

Tendo a me comparar muito com os outros. Não precisar estar sempre certo.

Sinto-me sem forças para derrotar a carne. Não procurar meu valor em "muletas"
humanas.
Preciso estar no controle das pessoas e das Vencer cada vez mais os desejos da carne.
situações.
Procuro satisfação nos "títulos" que recebo. Considerar a oração vital - ela é uma constante
no meu dia.

Procuro satisfação nos "bens" que adquiro. Jesus se tornar cada vez mais o assunto de
minhas conversas.

Faço as coisas mais por obrigação e dever do Deus realmente satisfazer minha alma.
que por amor.
ESCOLA BASILEIA

TEXTO BÍBLICO
04. A LEI E O EVANGELHO

IDEIA PRINCIPAL

Vamos continuar estudando a maneira em que o


evangelho interage com nossa vida, mas agora vamos
fazer isso considerando a relação do evangelho com a
lei. O que é a lei? Será que Deus espera que eu
obedeça à lei? Qual é o propósito da lei? Como a lei
me ajuda a crer no evangelho? Como o evangelho me
ajuda a obedecer à lei? Essas são as perguntas que
estão diante de nós nessa lição.

ANOTAÇÕES:
ESCOLA BASILEIA

Gálatas 3:3 Até mesmo um leitor menos atento da Bíblia pode observar que ela
está cheia de mandamentos, proibições e expectativas. Ela nos diz
Será que perderam o o que fazer e o que não fazer. Essas regras ou leis muitas vezes
juízo? Tendo começado no
Espírito, por que agora apresentam um obstáculo à fé. Alguns não cristãos descartam o
procuram tornar-se cristianismo por acharem que ele se resume a “apenas um monte
perfeitos por seus próprios de regras e normas”. E até cristãos fiéis lutam para compreender
esforços?
como a lei de Deus e o evangelho de Deus se relacionam. Afinal, se
somos reconciliados com Deus pela graça e não pelas obras, será
Romanos 6:15 que realmente importa se obedecemos ou não?
Pois bem, uma vez que a Quando não compreendemos a relação entre a lei e o evangelho,
graça nos libertou da lei, isso nos leva a dois erros opostos mas igualmente destrutivos:
quer dizer que podemos
legalismo e licenciosidade. Os legalistas continuam a viver sob a
continuar pecando? Claro
que não! lei, acreditando que a aprovação de Deus depende, em alguma
medida, de sua conduta correta. Pessoas licenciosas dispensam a
lei, acreditando que, uma vez que estão “debaixo da graça”, as
regras de Deus têm pouca importância. Esses dois equívocos têm
existido desde os dias dos apóstolos. O livro de Gálatas foi escrito
para combater o erro do legalismo: “Sois tão insensatos assim, a
ponto de, tendo começado pelo Espírito, estar agora vos
aperfeiçoando pela carne?” (G1 3.3). O livro de Romanos aborda o
erro da licenciosidade: “E então? Havemos de pecar porque não
estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça?” (Rm 6.15).
Tanto o legalismo quanto a licenciosidade são destrutivos para o
evangelho. Para evitar essas armadilhas, precisamos compreender
a relação bíblica entre a lei e o evangelho. Em poucas palavras, o
propósito de Deus é que as duas coisas funcionem da seguinte
maneira: a lei nos impulsiona na direção do evangelho e o
evangelho nos liberta para obedecer à lei. O reconhecimento de
tudo que Deus espera de nós deve nos levar desesperadamente a
Cristo. E, uma vez unidos a Cristo, o Espírito Santo que habita em
nós nos faz desfrutar da lei de Deus e nos dá poder para obedecer
a ela. No comentário de Martinho Lutero sobre Romanos, ele
resumiu isso da seguinte forma:
ESCOLA BASILEIA

Salmos 40:8 A lei, corretamente entendida e bem compreendida, não faz nada mais do
que nos lembrar do nosso pecado e nos assassinar por meio dele, e nos
Tenho prazer em fazer tua
faz sujeitos à ira eterna [...]. A lei não é cumprida pelo próprio poder do
vontade, meu Deus, pois a
tua lei está em meu homem, mas unicamente mediante Cristo, que derrama o Espírito Santo
coração". em nossos corações. como Cumprir a lei [...] é fazer suas obras com
prazer e amor [...] [que são] postos no coração pelo Espírito Santo.
Romanos 3:23

Pois todos pecaram e não Leia a última frase de novo: “Cumprir a lei [...] é fazer suas obras com
alcançam o padrão da prazer amor”. Apenas saber o que Deus requer não é o suficiente.
glória de Deus, Obedecer-lhe "porque é o que devemos fazer” não é o suficiente. Cumprir
verdadeiramente a lei significa obedecer a Deus por uma questão de
Gálatas 3:10 prazer e amor, porque o Espírito Santo vive dentro de nós: "Gosto de fazer
a tua vontade, ó meu Deus; sim, tua lei está dentro do meu coração” (S1
Contudo, os que confiam
na lei para serem 40.8).
declarados justos estão
sob maldição, pois as Como nos tornamos pessoas que amam a Deus e têm alegria na sua lei?
Escrituras dizem: "Maldito Resposta: por meio do evangelho.
quem não se mantiver
obediente a tudo que está
escrito no Livro da Lei". Primeiro, o evangelho nos torna conscientes da nossa desobediência à lei
de Deus. O primeiro passo na vida cristã é tornar-se ciente de que “todos
Gálatas 3:13,14 pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23) e de que nossa
1

desobediência à lei de Deus nos coloca sob sua maldição: “Porque está
Mas Cristo nos resgatou
da maldição pronunciada escrito: Maldito todo aquele que não permanece na prática de todas as
pela lei tomando sobre si a coisas escritas no livro da lei” (Gl 3.10).
maldição por nossas
ofensas. Pois as
Segundo, é pelo evangelho que somos livres da maldição da lei. O
Escrituras dizem: "Maldito
todo aquele que é evangelho é a boa notícia de que Deus está disposto a nos perdoar se nos
pendurado num madeiro". voltarmos para Jesus e formos justificados (declarados sem culpa
2 aos
Por meio de Cristo Jesus, olhos de Deus) por meio da fé nele. “Cristo nos resgatou da maldição da
os gentios foram
lei, tornando-se maldição em nosso favor, pois está escrito: Maldito todo
abençoados com a mesma
bênção de Abraão, para aquele que for pendurado em um madeiro. Isso aconteceu para que a
que recebêssemos, pela bênção de Abraão chegasse aos gentios em Jesus Cristo, a fim de que
fé, o Espírito prometido. recebêssemos a promessa do Espírito pela fé” (G1 3.13,14). Jesus expiou
a nossa imperfeição e obteve nossa perfeição por meio de sua obra na
Romanos 6:14
cruz. E, por sua ressurreição, ele nos libertou para sempre, a fim de
O pecado não é mais seu vivermos para Ele (2Co 5.14,15). Não estamos mais sob a condenação da
senhor, pois vocês já não lei. Na linguagem bíblica, não estamos mais “debaixo da lei” (Rm 6.14).
vivem sob a lei, mas sob a
graça de Deus.
ESCOLA BASILEIA

Salmos 40:8 Em terceiro lugar, é por meio do evangelho que Deus envia seu Espírito
San para habitar em nós, transformando nosso coração e nos capacitando
Tenho prazer em fazer tua
para realmente amar a Deus e às pessoas. Em consequência da
vontade, meu Deus, pois a
tua lei está em meu justificação pela fé, "o amor de Deus foi derramado em nosso coração
coração". pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5:5) "e essa esperança não nos
decepcionará, pois sabemos quanto Deus nos ama, uma vez que ele nos
Romanos 3:23 deu o Espírito Santo para nos encher o coração com seu amor."

Pois todos pecaram e não


alcançam o padrão da É comum ler "o amor de Deus” nesse versículo como se fosse o amor de
glória de Deus, Deus por nós. No entanto, contextual e linguisticamente, esse fragmento
da frase também pode ter o sentido de “amor que procede de Deus” ou
Gálatas 3:10 “amor a Deus”. Porque Deus nos ama, ele tem nos dado sua própria
capacidade de amar e de ter prazer na intimidade com ele. Jesus orou para
Contudo, os que confiam
na lei para serem que o mesmo amor que Deus Pai tem por seu Filho estivesse em nós: “E
declarados justos estão fiz que conhecessem o teu nome [...] para o amor com que me amaste
sob maldição, pois as esteja neles, e eu também neles esteja” (Jo 17.26).
Escrituras dizem: "Maldito
quem não se mantiver
Um cristão verdadeiro obedece à lei de Deus não por obrigação ou dever,
obediente a tudo que está
escrito no Livro da Lei". mas por amor, pois “o amor é o cumprimento da lei” (Rm 13.10). Tanto o
legalismo quanto a licenciosidade são fundamentalmente egocêntricos.
Gálatas 3:13,14 Eles não se importam em deleitar-se em Deus ou em sua lei, e sim no eu:
1

“Eu obedeço as regras" ou "Eu quebro as regras”. Por sua vez, o


Mas Cristo nos resgatou
da maldição pronunciada evangelho nos liberta do nosso egoísmo e nos transforma em pessoas
pela lei tomando sobre si a altruístas. Vemos assim que a lei de Deus não é algo para nos confinar, e
maldição por nossas sim para nos libertar: é a “lei da liberdade” (Tg 1.25), a qual nos direciona
ofensas. Pois as
para Jesus.
Escrituras dizem: "Maldito
todo aquele que é
pendurado num madeiro". 2

Por meio de Cristo Jesus,


os gentios foram
abençoados com a mesma
bênção de Abraão, para
que recebêssemos, pela
fé, o Espírito prometido.

Romanos 6:14

O pecado não é mais seu


senhor, pois vocês já não
vivem sob a lei, mas sob a
graça de Deus.
ESCOLA BASILEIA

2 Coríntios 5:14,15 O texto de Romanos 10.4 diz: “Cristo é o fim da lei para a justificação de
todo aquele que crê”. Em outras palavras, o fim, a meta, o objetivo da lei é
De qualquer forma, o amor
nos impulsionar a Jesus. Quando realmente entendemos o que esse
de Cristo nos impulsiona.
Porque cremos que ele versículo diz, começamos a ver que todo mandamento nas Escrituras de
morreu por todos, também alguma maneira nos aponta Jesus, o qual cumpre aquele mandamento por
cremos que todos nós e em nós. Ele é a nossa justiça, e não há mais necessidade de nos
morreram.
esforçamos para construir uma justiça própria.
Ele morreu por todos, para
que os que recebem sua
nova vida não vivam mais Somos incapazes de fazer o que a lei manda fazer, mas Jesus fez isso por
para si mesmos, mas para nós. E, como ele vive em nós por seu Espírito, somos capazes de cumprir
Cristo, que morreu e a lei, não por obrigação, mas por prazer. Assim, todo mandamento nas
ressuscitou por eles.
Escrituras nos aponta nossa própria insuficiência (a linha inferior do
João 17:26 “Gráfico da cruz”), amplia nossa visão da natureza bondosa e santa de
Deus (a linha superior do “Gráfico da cruz”) e nos leva a olhar para Jesus
Eu revelei teu nome a como Aquele que perdoa nossa desobediência e possibilita nossa
eles, e continuarei a fazê-
obediência. Em outras palavras, a lei nos conduz a Jesus, e Jesus nos
lo. Então teu amor por
mim estará neles, e eu liberta para obedecer à lei.
estarei neles".

Romanos 13:10
1
O amor não faz o mal ao
próximo, portanto o amor
cumpre todas as
exigências da lei de Deus.

Tiago 1:25

Se, contudo, observarem


atentamente a lei perfeita 2

que os liberta,
perseverarem nela e a
puserem em prática sem
esquecer o que ouviram,
serão felizes no que
fizerem.

Romanos 10:4

Pois Cristo é o propósito


para o qual a lei foi dada.
Como resultado, todo o
que nele crê é declarado
justo.
ESCOLA BASILEIA

A ÓTICA DO EVANGELHO EM SUA RELAÇÃO


COM A LEI

Uma "ótica” é um padrão de pensamento, um filtro por meio do qual as


coisas são avaliadas, um jeito particular de observar algo. A compreensão
da Bíblia e a comunicação do evangelho com criatividade e relevância
requerem a aplicação de uma ótica correta. Na primeira lição,
apresentamos o que se chama a "ótica do evangelho”, ilustrada pelo
“Gráfico da cruz”. Agora, vamos aprender a utilizar essa ótica para
entender a lei de Deus.
Cada passagem das Escrituras afirma um imperativo moral, seja de forma
clara ou subentendida — por exemplo, um versículo pode dizer que não se
deve mentir. Então, você pode responder a esse imperativo de três
maneiras diferentes.

LEGALISMO: você pode se esforçar ao máximo para não mentir. Isso é o


que significa viver sob a lei. Inevitavelmente, você vai descobrir que não
consegue não mentir, mesmo quando rebaixar o padrão daquilo que
entende ser mentira.

LICENCIOSIDADE: você pode admitir logo de início que não tem como
obedecer a esse mandamento e simplesmente o descarta como se fosse
um ideal bíblico ao qual Deus não espera que você realmente obedeça.
Pensar dessa forma significa abusar da graça de Deus e ceder ao pecado.

EVANGELHO: essa é a ótica que queremos aprender. Ela funciona da


seguinte forma:
ESCOLA BASILEIA

2 Coríntios 5:17,18

Logo, todo aquele que


está em Cristo se tornou
nova criação. A velha vida
acabou, e uma nova vida
teve início!
1. Deus diz “Não darás falso testemunho” (a linha superior do “Gráfico da
E tudo isso vem de Deus,
aquele que nos trouxe de cruz”: a santidade de Deus).
volta para si por meio de
Cristo e nos encarregou 2. Eu não consigo obedecer a esse mandamento porque sou pecador (a
de reconciliar outros com
ele. linha inferior do “Gráfico da cruz”: minha pecaminosidade).

3. Jesus conseguiu obedecer a isso perfeitamente (temos inúmeros


exemplos de sua vida terrena registrados nos Evangelhos). Como meu
substituto, Jesus fez o que eu deveria fazer (e não consigo), a fim de que
Deus pudesse me aceitar (2Coríntios 5.17,18).

4. Porque Jesus obedeceu à lei perfeitamente e agora vive em mim e


porque sou aceito por Deus, agora sou livre para obedecer a esse
mandamento por sua graça e poder que operam em mim.

A aplicação dessa ótica ao seu estudo da Bíblia o ajudará a crer no


evangelho obedecer à lei sem cair no legalismo ou na licenciosidade, e o
capacitará a experimentar a realidade de que o evangelho transforma todas
as coisas.

PRÁTICA
_______________________________________________________________________________
Vamos ler um texto bíblico juntos e aplicar essa ótica do evangelho.
(Escolha entre Filipenses 4.4–7, Tiago 2.1-7 e 1 Pedro 3.9.)
_______________________________________________________________________________
ESCOLA BASILEIA

Qual é o mandamento?

Por que não consigo fazer isso? (Pense especificamente em lutas pessoais
para obedecer a esse mandamento.)

Como Jesus obedeceu a esse mandamento perfeitamente? (Anote


exemplos específicos que se encontram nos evangelhos.)

Como o Espírito de Deus pode me capacitar para obedecer a esse


mandamento (em situações específicas)?
ESCOLA BASILEIA

05. ARREPENDIMENTO TEXTO BÍBLICO

IDEIA PRINCIPAL

Esta lição trata do arrependimento. Em nossa cultura,


essa palavra costuma soar negativamente, como
quando nossos pais recebem nossos boletins com
notas baixas e nos chamam para conversar. Contudo,
longe de ser algo ruim ou anormal, o arrependimento
bíblico é prática comum de vidas centradas no
evangelho. Quando nos tornamos mais conscientes da
santidade de Deus e do nosso pecado, somos levados
ao arrependimento e à fé no evangelho de Jesus.
Precisamos, em todo tempo, deixar nosso desempenho
e nosso fingimento para podermos viver como filhos e
filhas. O arrependimento bíblico nos liberta de nossos
próprios artifícios e constrói um caminho para o poder
do evangelho frutificar em nossa vida. Mas o pecado
estraga nosso arrependimento, roubando de nós seu
fruto. Portanto, nossos objetivos nesta lição são (1)
desvendar as maneiras em que praticamos o falso
arrependimento e (2) nos mover em direção ao
arrependimento genuíno.

ANOTAÇÕES:
ESCOLA BASILEIA

Marcos 1:15 Temos pensado juntos sobre como viver de forma coerente todos
os aspectos da vida sob a influência do evangelho. Em nossos
"Enfim chegou o tempo estudos, o “Gráfico da Cruz" tem servido de ilustração para nos
prometido!", proclamava.
"O reino de Deus está ajudar a compreender como o evangelho trabalha em nossa vida.
próximo! Arrependam-se e
creiam nas boas-novas!" Como temos observado, o padrão constante da vida cristã é o
arrependimento e a fé. Nossa necessidade de nos arrepender e crer
nunca chega ao fim. As primeiras palavras de Jesus no Evangelho
de Marcos são “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Na
primeira das suas Noventa e Cinco Teses, Martinho Lutero
observou: “Ao dizer 'Arrependei-vos' [...], nosso Senhor e Mestre
Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse uma vida de
arrependimento”. No arrependimento, confessamos nossa
tendência a encolher a cruz por meio do desempenho e do
fingimento. Deslocamos nossos afetos de falsos salvadores e
falsas fontes de justiça e os depositamos em Jesus como nossa
única esperança.
Na superfície, o arrependimento parece simples e fácil, mas não é.
Pelo fato de nossos corações serem uma “fábrica de ídolos” (nas
palavras de João Calvino), até o nosso arrependimento pode se
tornar um instrumento para o pecado e o egoísmo.
ESCOLA BASILEIA

Lucas 6:45 Somos praticantes hábeis de falso arrependimento. Uma de nossas


maiores necessidades para ter uma vida centrada no evangelho é
A pessoa boa tira coisas
compreender o arrependimento de forma precisa e bíblica.
boas do tesouro de um
coração bom, e a pessoa
má tira coisas más do Para a maioria de nós, a palavra arrependimento tem uma conotação
tesouro de um coração negativa. Só nos arrependemos quando fazemos algo muito ruim. A ideia
mau. Pois a boca fala do
católica romana da penitência muitas vezes infiltra-se em nossa maneira
que o coração está cheio."
de entender o arrependimento, ou seja, achamos que, quando pecamos,
devemos nos sentir realmente muito tristes, nos martirizar e fazer algo
para compensar.

Em outras palavras, o arrependimento muitas vezes torna-se algo mais


focado em nós do que em Deus ou nas pessoas contra quem pecamos.
Queremos nos sentir melhor. Queremos que as coisas “voltem ao normal”.
Queremos ter certeza de que fizemos nossa parte, a fim de que nossa
culpa seja amenizada e possamos tocar a vida.

Por exemplo, pense sobre um relacionamento em que você falou palavras


que machucaram alguém. Talvez sua tentativa de demonstrar
arrependimento tenha soado mais ou menos assim: “Desculpe-me por ter
magoado você. Eu não deveria ter falado aquilo. Você me perdoa?”. Mas
será que isso é realmente arrependimento verdadeiro? Será que o nosso
pecado consiste apenas nas palavras que falamos? Jesus não disse “pois
a boca fala do que o coração tem em grande quantidade” (Lc 6.45)?
Embora tenhamos reconhecido nossas palavras ofensivas, muitas vezes a
outra pessoa está sentindo o impacto de algo mais profundo que reside
em nossos corações: ressentimento, raiva, inveja ou amargura. A menos
que confessemos esses pecados também, nosso “arrependimento” acaba
não sendo um arrependimento verdadeiro.
ESCOLA BASILEIA

Como podemos começar a identificar nossas tendências ao falso


arrependimento?
A resposta está em procurarmos por padrões de remorso e de
autodeterminação na maneira de lidarmos com o pecado. O remorso diz
“Eu não acredito que fiz aquilo!”; a autodeterminação diz “Prometo agir
diferente da próxima vez”. Por trás dessa forma de viver, há dois grandes
equívocos a respeito do nosso coração. Primeiro: temos um pensamento
elevado demais a respeito de nós mesmos. Não acreditamos
verdadeiramente na profundidade do nosso pecado e da nossa fraqueza (a
linha inferior do “Gráfico da cruz”). Isso nos leva a ficar surpresos
quando o pecado se manifesta: “Não acredito que fiz aquilo!". Em outras
palavras: "Não é assim que eu realmente sou!”. Segundo: pensamos que
temos o poder de mudar a nós mesmos. Pensamos que seremos capazes
de resolver o problema se assumirmos certas atitudes ou nos esforçarmos
mais da próxima vez.

Esses padrões de remorso e autodeterminação também prejudicam nossas


atitudes em relação às pessoas. Por termos um conceito tão elevado. nós
mesmos, respondemos ao pecado das pessoas com aspereza e
desaprovação. Somos muito tolerantes em relação ao nosso pecado, mas
nos ressentimos com o dos outros! E, porque achamos que1 somos
capazes de mudar a nós mesmos ficamos frustrados quando outras
pessoas não conseguem mudar a si próprias tão rapidamente. Tornamo-
nos condenadores, impacientes e críticos.

O evangelho nos chama (e capacita) para o verdadeiro arrependimento. De


acordo com a Bíblia, o verdadeiro arrependimento:
2

É ORIENTADO PARA DEUS, E NÃO PARA MIM (S1 51.4): “Pequei contra ti,
e contra ti somente, e fiz o que é mau diante dos teus olhos."

É MOTIVADO PELA VERDADEIRA TRISTEZA SEGUNDO A VONTADE DE


DEUS, E NÃO POR MERO REMORSO EGOÍSTA (2Co 7.10): “Pois a tristeza
segundo a vontade de Deus produz o arrependimento que conduz à
salvação, o qual não traz remorso; mas a tristeza do mundo traz a morte".

É PREOCUPADO COM O CORAÇÃO, E NÃO APENAS COM ATOS


EXTERNOS (S1 51.10): “Ó Deus, cria em mim um coração puro e renova em
mim um espírito inabalável”.
ESCOLA BASILEIA

OLHA PARA JESUS PARA SER LIBERTO DA PUNIÇÃO E DO PODER DO


PECADO (At 3.19,20): “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que os
vossos pecados sejam apagados, de modo que da presença do Senhor
venham tempos de refrigério, e ele envie o Cristo, que já vos foi
predeterminado, Jesus”.

Em vez de justificar nosso pecado ou cair em padrões de remorso e de


autodeterminação, o verdadeiro arrependimento centrado no evangelho
nos leva a admitir e a nos arrepender. Quando admitimos, dizemos: “Eu fiz
aquilo mesmo” (“É assim que eu realmente sou!"). Quando nos
arrependemos, dizemos: “Senhor, perdoa-me! Tu és minha única
esperança”. À medida que aprendemos a viver à luz do evangelho, o
verdadeiro arrependimento deve se tornar cada vez mais normal para nós.
Deixaremos de ser surpreendidos pelo nosso pecado e então seremos
capazes de admiti-lo de forma mais honesta. Vamos parar de acreditar

que podemos corrigir a nós mesmos e, assim, nos voltaremos mais


rapidamente para Jesus receber perdão e transformação.

O pecado é uma condição, e não apenas um comportamento. Da mesma


maneira, o verdadeiro arrependimento é um estilo de vida, e não apenas
uma prática ocasional. O arrependimento não é algo que fazemos apenas
uma vez (quando somos
convertidos), ou apenas periodicamente (quando nos sentimos muito
culpados). O arrependimento é contínuo, e o toque divino que nos mostra
o nosso pecado é sinal do amor paternal de Deus por nós. “Eu repreendo
e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso e arrepende-te” (Ap 3.19).

Então, você está arrependido de quê?


ESCOLA BASILEIA

A PRÁTICA DO ARREPENDIMENTO
Muitas vezes criamos desculpas para o nosso pecado a fim de evitar o
trabalho árduo do arrependimento. A lista abaixo apresenta algumas
desculpas que comumente usamos e, entre parênteses, os pensamentos
interiores que cada uma revela. Separem um tempinho para examinar a
lista e, depois, usem as perguntas propostas a seguir para ajudar uns aos
outros a praticar o arrependimento genuíno.

Eu só estava falando a verdade. (Você não aguenta ouvir a verdade?)

Eu só estava dizendo o que sinto. (Ter sentimentos não é pecado.)


Eu estava só brincando. (Você não entendeu a piada?)
Eu interpretei errado o que você disse. (Você não é tão louco quanto
pensei que fosse!)
Você me interpretou mal. (Não sou tão ruim quanto você pensa.)
Eu sou assim mesmo. (Sou pecador e isso justifica minhas atitudes.)

Eu errei. (E quem não erra?)


Não era minha intenção fazer isso. (Minha intenção não era ser pego
em flagrante.)
Estou tendo um péssimo dia. (Eu mereço algo melhor.)

Com qual dessas desculpas mais me identifico?


ESCOLA BASILEIA

A PRÁTICA DO ARREPENDIMENTO
Qual foi a última situação (ou situação típica) na qual usei uma dessas
desculpas em de ficar verdadeiramente quebrantado e arrependido por
causa do meu pecado?

Usem os seguintes passos para descrever como se daria o verdadeiro


arrependimento nas situações apresentadas pelo grupo com base na
pergunta anterior.

1.° PASSO: Admitir que você pecou contra Deus.

2.° PASSO: Confessar manifestações de falso arrependimento e remorso


egoísta (padrões de remorso e autodeterminação).
3.° PASSO: Discernir e arrepender-se das motivações ocultas de seu
coração que o levam a cometer esse pecado.
4.° PASSO: Receber o perdão de Deus por meio da fé.

5.° PASSO: Depender do poder de Deus para desviar-se do pecado.

Repita esse processo trabalhando com o maior número de respostas que o


tempo permitir: identifique desculpas, compartilhe exemplos e pratique o
arrependimento verdadeiro.
ESCOLA BASILEIA

06. ÍDOLOS DO CORAÇÃO TEXTO BÍBLICO

IDEIA PRINCIPAL

Já comentamos que a caminhada cristã consiste em


dois passos que se repetem: arrependimento e fé. Na
quinta lição, tratamos do arrependimento. Agora
voltamos nossa atenção para o tema da fé. Lembre-se
de que crescemos no evangelho. Essa será a ênfase
do debate e dos exercícios desta lição simples, não é?
O objetivo é tirar “a crença no evangelho” do campo
abstrata torná-la concreta.

ANOTAÇÕES:
ESCOLA BASILEIA

João 6:28,29 Nas últimas lições, enfatizamos que o arrependimento e a fé devem


ser o padrão contínuo e sistemático da vida cristã. Na lição
"Nós também queremos anterior, examinamos a natureza do verdadeiro arrependimento.
realizar as obras de Deus",
disseram eles. "O que Nesta, queremos mergulhar mais profundamente
devemos fazer?" no assunto da fé.
Jesus lhes disse: "Esta é a Pense por um momento sobre a seguinte questão: O que
única obra que Deus quer
de vocês: creiam naquele exatamente devo fazer crescer mais como cristão? Se alguém lhe
que ele enviou". fizesse essa pergunta, como você responderia? Você sugeriria
alguma disciplina espiritual básica, como ler a Bíblia, por fazer
amizades cristãs, arrepender-se do pecado ou aprender teologia?
Foi exatamente essa questão que a multidão levou a Jesus em João
6. Pode ser que a resposta dele o surpreenda:
Perguntaram-lhe, então: Que faremos para realizar as obras de
Deus? Jesus lhes respondeu: A obra de Deus é esta: Crede naquele
que Ele enviou. (Jo 6.28,29)
Repare que eles estão perguntando a Jesus o que devem fazer para
ter uma vida que agrada a Deus. Jesus responde que a obra de
Deus é crer. Em outras palavras, a vida cristã não se trata de fazer,
é uma questão de crer. Compreender corretamente isso é
fundamental para a santificação. Somos, na maioria, “fazedores"
por natureza. Gostamos de encarar o próximo projeto, o próximo
desafio, a próxima tarefa. Assim, nossa busca por maturidade
cristã muitas vezes produz bastante esforço e ocupação, mas
pouca mudança duradoura. Por que isso acontece? É porque
estamos fazendo demais e crendo muito pouco. A verdade é que
nossos pecados vistos na superfície são apenas sintomas de um
problema mais profundo. Debaixo de todo pecado externo há um
ídolo do coração, um falso deus que ofuscou o Deus verdadeiro em
nossos pensamentos ou afeições. Parafraseando Martinho Lutero,
de alguma maneira todo pecado é uma quebra do primeiro
mandamento (“Não terás outros deuses além de mim”). Lutero
escreveu: “Como [o primeiro] mandamento é o primeiro, o mais
elevado e O melhor, do qual todos os outros procedem [...] assim
também a sua obra —
ESCOLA BASILEIA

isto é, a fé ou a confiança no favor de Deus em todos os momentos


- maior e a melhor da qual todas as outras [obras] devem procede
qual devem existir, permanecer, ser direcionadas e medidas". Em
outras palavras manter Deus em primeiro lugar é fundamental para
o crescimento espiritual. A chave para a transformação conduzida
pelo evangelho está em aprender a se arrepender do “pecado por
trás do pecado”, ou seja, a idolatria enraizada e a incredulidade
que motivam nossos pecados mais visíveis.
Como estudo de caso, vamos analisar o pecado superficial da
fofoca (quando se fala das pessoas pelas costas, de maneira crítica
ou destrutiva). Por que fofocamos? O que estamos procurando
nessa atitude que deveríamos ter encontrado em Deus?

Seguem alguns dos ídolos do coração mais comuns que podem se


manifestar no pecado superficial da fofoca:

» ídolo da aprovação (“Quero a aprovação das pessoas com as


quais converso."); » ídolo do controle (“Uso a fofoca como meio de
manipular/controlar as pessoas.”);
» ídolo da reputação (“Quero me sentir importante, então uso as
palavras para rebaixar outra pessoa.”);
» ídolo do sucesso (“Alguém está se dando bem e eu não; então,
fofoco sobre essa pessoa.");
» ídolo da segurança (“Falar dos outros disfarça minha própria
insegurança.");
» ídolo do prazer (“Alguém está curtindo a vida e eu não; então,
ataco essa pessoa.”);
» ídolo do conhecimento (“Falar dos outros é uma forma de mostrar
que sei mais.");
» ídolo do reconhecimento (“Falar dos outros faz as pessoas
prestarem mais atenção em mim.");
» ídolo do respeito (“Fulano me desrespeitou, então vou
desrespeita-lo também.”).
ESCOLA BASILEIA

Filipenses 2:5-11 Todos esses ídolos são falsos salvadores que promovem falsos
evangelhos. Cada uma dessas - a aprovação, o controle, a
Tenham a mesma atitude
demonstrada por Cristo reputação, o sucesso, a segurança, o conhecimento, o
Jesus. reconhecimento, o respeito - é algo que já temos em Jesus por
Embora sendo Deus, não causa do evangelho! Mas, quando não estamos vivendo à luz do
considerou que ser igual a
Deus fosse algo a que evangelho voltamo-nos para esses ídolos a fim de receber o que só
devesse se apegar. Jesus pode dar.
Em vez disso, esvaziou a
si mesmo; assumiu a
posição de escravo e Outra forma de identificar quais são os ídolos particulares de
nasceu como ser humano. nosso coração é "O que eu amo, em que confio e do que tenho
Quando veio em forma
medo?”. Por exemplo, se tenho de ficar solteiro, “estar em um
humana,
humilhou-se e foi relacionamento" provavelmente é meu ídolo (porque isso promete
obediente até a morte, e me salvar do “inferno" da vida de solteiro). Se confio em "ter o
morte de cruz.
Por isso Deus o elevou ao suficiente” para meu sustento, a estabilidade provavelmente é meu
lugar de mais alta honra e ídolo e ela me promete que nunca ficarei sem nada). Se amo ordem
lhe deu o nome que está e estrutura, o controle provavelmente é o meu ídolo (estando no
acima de todos os nomes,
para que, ao nome de comando, eu posso garantir que as coisas estão em ordem).
Jesus, todo joelho se
dobre, nos céus, na terra e A reflexão sobre o “pecado por trás do nosso pecado” mostra por
debaixo da terra,
e toda língua declare que que o evangelho é essencial para a verdadeira transformação do
Jesus Cristo é Senhor, coração. E possível arrepender-se de pecados superficiais pela
para a glória de Deus, o vida inteira, sem nunca investigar as questões mais profundas do
Pai.
coração que estão por trás deles! No momento em que peco, já
quebrei o primeiro mandamento; um ídolo tomou o lugar de Deus
em minha alma.

Em vez de confiar em Deus, estou confiando naquele ídolo para ser


meu salvador. Preciso, então, praticar o evangelho, (1)
arrependendo-me da profunda idolatria do meu coração e (2)
crendo nas promessas do evangelho que quebram o poder dos
meus ídolos particulares — isto é, voltando minha mente para
essas promessas.
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2 Coríntios 5:17-21 De acordo com o dr. Steve Childers, fé “implica aprender a depositar
nossos afetos e nosso coração em Cristo. [...] A fé exige prática e
Logo, todo aquele que está
em Cristo se tornou nova deleite contínuos nos muitos privilégios que agora são nossos em
criação. A velha vida Cristo”.- Observe os dois aspectos da fé: depositar nossos afetos em
acabou, e uma nova vida Cristo e nos deleitar com os privilégios que agora são nossos por
teve início!
E tudo isso vem de Deus, estarmos nele. Devo adorar a Jesus (não a meus ídolos) e preciso me
aquele que nos trouxe de lembrar daquilo que é realmente a verdade a meu respeito por causa
volta para si por meio de
de Jesus. Vamos voltar ao exemplo da fofoca e imaginar que eu tenha
Cristo e nos encarregou de
reconciliar outros com ele. identificado o respeito como ídolo predominante que me leva a
Pois, em Cristo, Deus fofocar. Depois de reconhecer o meu pecado e me arrepender dele,
estava reconciliando
exercito a fé de duas maneiras. Em primeiro lugar, paro e adoro a
consigo o mundo, não
levando mais em conta os Jesus porque ele deixou de lado seu direito de ser respeitado e
pecados das pessoas. E humilhou a si mesmo, sendo obediente até a morte” (Fp 2.5-11). Em
ele nos deu esta
mensagem maravilhosa de segundo lugar, reafirmo para mim mesmo a verdade do evangelho de
reconciliação. que não preciso mais almejar o respeito dos outros porque já tenho a
Agora, portanto, somos aprovação de Deus por meio da fé em Jesus (2Co 5.17-21). Se as
embaixadores de Cristo;
Deus faz seu apelo por pessoas não me respeitam, isso não tem importância: a graça de
nosso intermédio. Falamos Deus me libertou da necessidade de exigir que as pessoas me
em nome de Cristo quando respeitem, e agora vivo para a honra e o renome de Jesus (1Co
dizemos: "Reconciliem-se
com Deus!". 10:31).
Pois Deus fez de Cristo, Este exercício é bastante simples em termos abstratos, mas podem
aquele que nunca pecou, a ser muito difícil quando você for pensar a respeito do seu próprio
oferta por nosso pecado,
para que por meio dele pecado. Portanto reserve algum tempo para (1) identificar seus
fôssemos declarados pecados superficiais mais frequentes e (2) avaliar em oração quais
justos diante de Deus.
ídolos do coração podem estar por trás deles (3) adore a Jesus pela
vitória dele sobre aquele ídolo e (4) procure as promessas
1 Coríntios 10:31 específicas do evangelho nas quais você pode confiar para ajudá-lo a
Portanto, quer vocês derrotar o poder daquele ídolo. Convide outras pessoas para
comam, quer bebam, quer participar desse seu processo de reflexão e arrependimento; como
façam qualquer outra
um escritor expressou: “Você não pode ser seu próprio rosto”.
coisa, façam para a glória
de Deus. Precisamos uns dos outros para ver nosso pecado de forma nítida e
lidar com ele honestamente.
Enquanto você aprende a ter uma vida centrada no evangelho,
lembre-se de isso é a essência da caminhada com Jesus. O
arrependimento e a fé não são passos no caminho; eles são o
caminho. A obra de Deus é crer.
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07. MISSÃO TEXTO BÍBLICO

IDEIA PRINCIPAL

O Evangelho opera, simultaneamente, em nós e por


meio de nós. Em nosso interior, os desejos e as
motivações vão sendo transformados à medida que
nos arrependemos e cremos no evangelho. Ao
experimentarmos o amor de Cristo dessa forma, nos
sentimos compelidos a nos comprometer com as
pessoas ao nosso redor com o mesmo tipo de amor
redentor. A graça de Deus traz renovação a todo lugar,
em nós e por meio de nós.

ANOTAÇÕES:
ESCOLA BASILEIA

Irmãos, fostes chamados para a liberdade. Mas não useis da


liberdade como texto para a carne; antes, sede servos uns dos
outros pelo amor. (G15.13)

Quando realmente entendemos a profundidade e a riqueza do


evangelho, naturalmente sentimos alegria, prazer e liberdade por
causa de quem Jesus é e do que ele fez por nós. Mas, como esse
versículo ensina, é possível usar até mesmo a nossa liberdade
como “pretexto para a carne”. Nossos corações pecaminosos
podem distorcer para fins egoístas os benefícios do evangelho.

Não existe aspecto em que isso seja mais evidente do que em


nossa tendência de fazer com que o evangelho seja uma realidade
individual. Quando ouvimos palavras como transformação,
renovação ou crescimento, interpretamos esses benefícios
principalmente como algo pessoal e interno: a minha
transformação, o meu crescimento, a renovação do meu coração
pelo evangelho. E o evangelho, de fato, é pessoal e interno, mas
também é muito mais do que isso. Quando a graça de Deus opera
sobre nós e em nós, ela também vai operar fora, por meio de nós. A
renovação interna de nossos corações e de nossas mentes cria em
nós um impulso que nos move para fora em amor e serviço aos
outros. O diagrama da página 61 ajuda a ilustrar esse conceito.

A graça de Deus é a força motriz de toda mudança. Esse gráfico


nos lembra que a graça de Deus tem tanto uma atuação interior
quanto uma atuação exterior, as quais se espelham. Internamente, a
graça de Deus me move a enxergar meu pecado, a responder em
arrependimento e fé e então a experimentar a alegria da
transformação. Externamente, a graça de Deus me move a enxergar
as oportunidades de amor e serviço, a responder em
arrependimento e fé e a experimentar a alegria de ver Deus agindo
por meio de mim.
Em outras palavras, o evangelho não é apenas a resposta para os
pecados, as lutas e os ídolos do meu coração. É também a resposta
para a minha incapacidade
ESCOLA BASILEIA

Mateus 9:35

Jesus ia passando por


todas as cidades e
povoados, ensinando nas
sinagogas, pregando as
boas novas do Reino e
curando todas as
enfermidades e doenças.

Mateus 6:10

Venha o teu reino. Seja


feita a tua vontade, assim
na terra como no céu.

Gálatas 5:14
de amar as pessoas, de procurar entender a cultura e de viver em
Pois toda a lei pode ser missão. Se o evangelho está me renovando por dentro, ele também
resumida neste único está me impulsionando para fora. Ele tem de fazer isso, uma vez que
mandamento: "Ame o seu
próximo como a si ele é “as boas-novas do reino” (Mt. 9.35, NVI), e o reino de Deus não
mesmo". é particular e individual! Jesus nos ensinou a orar: “venha o teu
reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10).
Quando oramos pedindo a vinda do reino de Deus, estamos pedindo
que Jesus reine no coração das pessoas (internamente), mas que sua
vontade seja feita em todos os lugares assim como é feita no céu
(externamente).
Como funciona na prática essa atuação externa do evangelho? Vou
dar um exemplo. Sei que devo amar meu próximo. Jesus ordenou
isso; na verdade, ele disse que isso era o cumprimento da lei (Gl
5.14). Mas o fato é que meu vizinho mais próximo e eu não temos
muito em comum. Ele é muito mais velho e tem gostos diferentes em
quase tudo: música, filmes, comida, carros, estilo de vida. Enquanto
eu gosto de falar sobre um músico novo que descobri ou um bom
livro que li recentemente, ele prefere relembrar os velhos tempos de
quando servia com os fuzileiros navais no Vietnã.
ESCOLA BASILEIA

Romanos 5:8
Durante meses, senti muita culpa por causa do meu relacionamento
Mas Deus nos prova seu com esse meu vizinho. Eu sabia que deveria me aproximar dele e
grande amor ao enviar
Cristo para morrer por nós construir uma amizade com ele. Mas esse sentimento de “dever” não
quando ainda éramos tinha nenhum poder de motivação; era a lei, não o evangelho. Era
pecadores. algo que me mostrava o que eu deveria fazer, mas não mudava meu
coração para que realmente desejasse fazê-lo. Eu estava enfrentando
um dilema: ou me forçar a amar meu vizinho e servir-lhe, embora eu
não quisesse, ou ignorá-lo e não fazer nada. Sabia que ignorá-lo era
pecado, mas a primeira opção também não me parecia muito mais
agradável. Será que uma obediência mecânica e sem alegria
realmente honraria a Jesus? Será que a intenção de Deus era que
suas ordens fossem tão aflitivas?

A maioria das pessoas, quando confrontada com esse dilema, se


contenta ou com o legalismo (obedecer mesmo que não sinta desejo),
ou com a licenciosidades obedecer em nada). Mas nenhuma dessas
opções é o evangelho! O evangelho da graça de Deus é o
combustível para a missão, e, quando ficamos com pouco
combustível, nosso amor e nosso serviço aos outros ficam
estagnados.

A resposta para meu dilema com meu vizinho veio pelo evangelho.
Quando a graça de Deus começou a renovar meu coração, enxerguei
que a raiz do problema era meu próprio egoísmo e minha falta de
amor. Meu amor por meu vizinho era condicional: se ele fosse mais
jovem, ou mais culto, ou tivesse mais coisas em comum comigo, eu o
teria valorizado mais. Comecei a me arrepender desse pecado e a
renovar minha mente pelas promessas do evangelho, especialmente
pelo fato de que Deus me amou enquanto eu ainda era pecador (Rm
5.8). De forma graciosa, Deus se aproximou de mim quando eu não
tinha nada em comum com ele. Certamente, pela graça de Deus, eu
poderia amar o meu vizinho da mesma forma! À medida que o
evangelho foi renovando meu coração, uma coisa estranha
aconteceu. Minha atitude em relação ao meu vizinho começou a
mudar.
ESCOLA BASILEIA

Comecei a sentir verdadeiro amor e respeito por ele. E esse não foi
um sentimento a que eu mesmo dei forma, mas algo que surgiu
naturalmente. A renovação interna do evangelho me impulsionou
para fora em amor e serviço a meu próximo. A missão deixou de ser
um fardo e se tornou uma alegria.

A compreensão desse impulso da graça de Deus que nos move para


fora é crucial para entendermos nossa missão. Significa que a
missão não é um dever (algo que “devemos fazer”), e sim um
transbordar natural da operação do evangelho dentro de nós. Se você
não está motivado a amar as pessoas, servir-lhes e pregar-lhes o
evangelho, a solução não é apenas fazer, mas, sim, examinar seu
coração, arrepender-se de seu pecado e discernir em que ponto sua
incredulidade esta interrompendo a atuação natural do evangelho em
nos impulsionar para fora. À medida que o evangelho renova seu
coração, ele renova seu desejo de servir às pessoas pela fé, nos
relacionamentos e nas oportunidades que Deus coloca em seu
caminho.

Em termos mais simples, a graça de Deus está sempre indo a algum


lugar, avançando, estendendo seu reino, impulsionando seu povo na
direção do amor e do serviço ao próximo. À medida que aprendemos
a viver à luz do evangelho, a missão deve transbordar naturalmente.
A graça de Deus traz renovação interna (em nós) para que possa
levar renovação para fora (por meio de nós).
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EXAMINANDO SEU CORAÇÃO


EM RELAÇÃO À MISSÃO

1. Identifique uma oportunidade missional em sua vida para a qual


você não está motivado a fazer o que "deve" fazer.

Para ajudá-lo a começar a pensar sobre isso, seguem algumas situações:


mostrar hospitalidade aos vizinhos; orar ativamente pelos colegas de
trabalho e interagir com eles; compartilhar o evangelho com um familiar;
ajudar uma pessoa carente; ofertar com generosidade, exercer liderança
espiritual como cônjuge, pai ou mãe; defender a cosmovisão bíblica em
determinada questão.
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2. Nessa situação, quais questões em seu coração o impedem de agir


com a motivação correta?

Ao orar e refletir sobre a raiz de sua falta de ação, o que você percebe?
Busque identificar de maneira mais específica e abrangente que puder o
que tem sido obstáculo para você expressar aos outros um amor centrado
no evangelho.

3. Arrependimento:
Que pecado você vê em si mesmo do qual precisa se arrepender?
Fé: em quais promessas ou verdades do evangelho você não está
verdadeiramente crendo?
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08. PERDÃO TEXTO BÍBLICO

IDEIA PRINCIPAL

O evangelho que opera em nós sempre opera por meio


de nós. Ele demonstra seu poder em nossos
relacionamentos e em nossas ações. Um dos
principais exemplos disso ocorre quando perdoamos
uns aos outros de forma bíblica.

ANOTAÇÕES:
ESCOLA BASILEIA

Perdoar pessoas que nos machucam é uma das coisas mais difíceis da
vida. E quanto mais profunda for a ferida, maior será o desafio. Às
vezes, ficamos confusos sobre o que é o verdadeiro perdão. Temos de
“perdoar e esquecer"? Será mesmo possível fazer isso? Qual é o
significado exato de “amar meu inimigo? Isso se aplica à pessoa que
abusou de mim sexualmente? Ou ao patrão que conseguiu avançar na
carreira à minha custa? Ou ao cônjuge que me traiu! Ou ao amigo que
falou mal de mim e manchou minha reputação?
Vimos que, quando o evangelho realmente cria raiz em nós, ele começa
a operar por meio de nós. O perdão é uma área de nossa vida na qual o
evangelho tem de trabalhar. Na verdade, perdoar aos outros só é
realmente possível se estivermos vivendo à luz do perdão que
recebemos de Deus. Sendo assim, vamos analisar como o evangelho
nos move em direção ao perdão. O evangelho começa com Deus se
movendo em nossa direção. Ele toma a iniciativa, embora seja a parte
ofendida. “...quando éramos inimigos” de Deus (Rm 5.10), ele agiu para
restaurar o relacionamento conosco. Nosso pecado havia nos separado
dele (Is 59.2). Ele tinha todo o direito de nos condenar, opor-se a nós e
romper definitivamente o relacionamento conosco, mas não o fez. Em
vez disso, ele se moveu ao nosso encontro: “Mas Deus prova o seu
amor para conosco zo ter Cristo morrido por nós quando ainda éramos
pecadores” (Rm 5.8). No entanto, a reconciliação com Deus requer
nosso arrependimento. Ao perdoar nossos pecados, Deus nos estende a
oferta da reconciliação, mas a reconciliação não é completa até que nos
arrependamos e recebamos seu perdão pela fé. Observe omo essas
duas dinâmicas são apresentadas em 2Coríntios 5.19,20: “Pois Deus
stava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo, não levando em
conta 5 transgressões dos homens; e nos encarregou da mensagem da
reconciliação. ortanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus
vos exortasse por nosso termédio. Assim, suplicamo-vos por Cristo que
vos reconcilieis com Deus”. s Escrituras dão todo o crédito, a glória e o
louvor a Deus pela nossa salvação, is é só por sua graciosa iniciativa
que somos capazes de responder (Ef 2.8,9).
ESCOLA BASILEIA

Mas nossa resposta de arrependimento e fé é essencial. A salvação não é


universal; apenas aqueles que se arrependem e recebem a oferta graciosa
de Deus serão reconciliados com ele.
Assim, poderíamos resumir o perdão de Deus da seguinte maneira: ao
mover-se em nossa direção, Deus nos convida e nos capacita para nos
movermos em direção a ele. O evangelho começa com Deus (quem sofreu a
ofensa) se aproximando de nós (os ofensores). Ele cancela a nossa dívida
e nos abre uma oportunidade para a reconciliação. Se reconhecemos
nossos pecados e nos arrependemos, somos reconciliados com Deus e nos
tornamos capazes de experimentar a alegria e o prazer do relacionamento
com ele. Então, como será, na prática, perdoarmos aos outros como Deus
nos perdoou. Annal, e isso que a Bíblia ordena: “... sede bondosos e tende
compaixão uns para com os outros, perdoando uns aos outros, assim como
Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32). As Escrituras declaram que, se
realmente experimentarmos o perdão de Deus no evangelho, seremos
perdoadores cabais uns dos outros. De outro modo, se somos
irreconciliáveis, ressentidos ou amargurados em relação aos outros, esse é
um sinal claro de que não estamos vivenciando a profunda alegria e
liberdade do evangelho.
Nosso perdão aos outros tem o propósito de refletir o perdão que
recebemos de Deus. A iniciativa tem de ser nossa: “Portanto, quando
apresentares tua oferta no altar, se ali te lembrares de que teu irmão tem
alguma coisa contra ti, deixa diante do altar a oferta e vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão; depois vem apresentar a oferta” (Mt 5.23,24).
Temos de oferecer o perdão e abrir a porta para a reconciliação. Mas a
reconciliação é sempre condicionada ao arrependimento do outro. O autor
cristão e conselheiro Dan Allender propõe uma analogia: “O perdão envolve
um coração que cancela a dívida, mas não empresta mais dinheiro até o
arrependimento ocorrer”. Como Deus, tomamos a iniciativa de ir até aqueles
que nos ofenderam e fazermos o convite para eles se aproximarem de nós
em arrependimento. Isso significa que nosso trabalho não termina assim
que perdoamos alguém. O desejo do nosso coração não é simplesmente
perdoar a ofensa, e sim, no fim das contas, ver a outra pessoa reconciliada
com Deus e conosco. Queremos ver destruído o poder do pecado sobre
essa pessoa. Não temos como fazer isso acontecer, mas vamos orar,
almejar e esperar por isso. Onde encontramos o poder para fazer isso?
Afinal, por si só, a atitude de perdoar alguém que nos machucou
ESCOLA BASILEIA

profundamente já é bastante difícil. Como podemos encontrar a graça e a


força para almejar a restauração?
A resposta, claro, é o evangelho. Ele não apenas nos mostra como
devemos perdoar; ele nos capacita a perdoar. Quando dizemos “Eu não
posso simplesmente perdoar fulano por aquilo que ele me fez”, estamos
basicamente dizendo “O pecado dessa pessoa é maior que o meu”. A
percepção que temos do nosso próprio pecado é muito pequena,
enquanto a percepção do pecado do outro é muito grande. Nosso
sentimento por trás de tudo isso é que nós merecemos ser perdoados,
mas a pessoa que nos ofendeu, não. Estamos vivendo com uma visão
pequena da santidade de Deus, uma Visão pequena do nosso próprio
pecado e uma visão pequena da cruz de Jesus.
No entanto, quando adotamos a perspectiva do evangelho sobre o nosso
próprio pecado, reconhecemos que a dívida do nosso pecado que Deus
perdoou é maior do que qualquer pecado cometido contra nós. E, ao
crescermos em nossa percepção da santidade de Deus, começamos a
enxergar mais claramente a distância entre a sua perfeição e a nossa
imperfeição. À medida que o significado da obra de Jesus na cruz cresce
em nossa percepção, crescem também nossa disposição e nossa
capacidade de buscar a restauração com os outros. Afinal, se Deus
perdoou toda a grande ofensa do nosso pecado contra ele, como
poderíamos não perdoar o pecado dos outros, o qual, por mais grave que
seja, fica tão minúsculo em comparação à nossa própria culpa diante de
um Deus santo e justo?
O perdão tem um custo, pois significa cancelar uma dívida quando temos
todo o direito de exigir seu pagamento. Significa absorver a dor, o
prejuízo, a vergonha e o pesar do pecado de alguém contra nós. Significa
desejar arrependimento e restauração. Mas é exatamente assim que
Deus, em Jesus Cristo, tem agido em relação a nós. E por meio do
evangelho o Espírito Santo nos capacita a fazer o mesmo em relação aos
outros.
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A ESSÊNCIA DO PERDÃO

1. Pense em uma ou duas pessoas que você precisa perdoar (ou perdoar
mais profundamente). Se você está com dificuldade de pensar em
alguém, peça a Deus que o ajude a lembrar de alguma pessoa.
Seguem algumas situações o sentimentos que também podem ajudá-lo
a relembrar: alguém de quem você se distanciou; pessoas com quem
você não se sente à vontade; pessoas de quem você não gosta mais;
conflitos interpessoais que você tem tentado esquecer; alguém que
disse ou fez algo que o machucou; sentimentos de raiva, amargura,
irritação, medo, fofoca ou um espírito crítico.

Escreva o nome de uma ou duas pessoas que lhe vêm à mente.


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A ESSÊNCIA DO PERDÃO

2. O que mais o irrita ou perturba em relação a essa pessoa?

3. Quais são as questões de "justiça" envolvidas nessa situação? De que


modo essa pessoa o ofendeu, feriu ou pecou contra você?

4. Quais características pessoais você acha necessário que essa pessoa


mude antes de poder realmente perdoá-la? Em outras palavras, o que seu
coração deseja exigir dessa pessoa antes de absolvê-la da culpa? O que
especificamente você deseja que essa pessoa diga ou faça?
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A ESSÊNCIA DO PERDÃO

5. Descreva sua própria dívida diante de Deus. De que forma ela é muito
maior (ainda que seja cancelada e perdoada) do que a dívida da (s)
pessoas (s) que você listou na primeira questão? Não responda a essa
pergunta apressadamente. Separe um tempo para refletir sobre sua dívida,
examinando as maneiras específicas pelas quais o pecado se manifesta
em sua vida.

6. De que modo seu jeito de se relacionar com essa (s) pessoa (s)
anteriormente refletia uma visão pequena acerca da sua própria dívida e do
perdão de Cristo?

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