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EBD ÉDEN 2021 Estudo de Efésios Texto: Efésios 1.

1-14 Aula 1
Introdução e descrição das bençãos de Deus em Cristo:
Nesta primeira lição, veremos a abertura da carta com a apresentação pessoal de Paulo e sua
saudação aos irmãos (1.1-2) e um hino de louvor do apóstolo (1.3-14) cujo objetivo é exaltar a Deus
pela grandiosa obra da salvação realizada na vida dos crentes em Jesus. As palavras de Paulo são
claramente trinitárias, como perceberemos, e baseadas em sua maioria em termos e conceitos-
chave do Antigo Testamento.
Abertura da epístola (Efésios 1.1-2):
“Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso e
fiéis em Cristo Jesus: a vós graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus
Cristo” (vv. 1-2). Aqui nos deparamos com o autor da epístola: assim como em algumas de suas
outras cartas, Paulo se apresenta como “apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus” (v.
1) (cf. Rm 1.1; 1Co 1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1; Cl 1.1; 1Tm 1.1; 2Tm 1.1). Isto representa a sua autoridade.
O que Paulo fala, fala comissionado pelo próprio Deus. O apóstolo é um enviado que representa o
Senhor perante os homens. Assim ele se dirige ao seu público: “aos santos que estão em Éfeso
e fiéis em Cristo Jesus” (v. 1). Estes irmãos são chamados de santos e fiéis porque (1) eles foram
separados e santificados por Deus e para Deus e porque (2) eles criam e permaneciam firmes na
fé em Jesus. É consenso que muitos manuscritos antigos não contêm a expressão “em Éfeso” (v.
1), o que nos leva a acreditar que esta carta foi originalmente uma carta circular enviada à várias
igrejas da província romana da Ásia e tornou-se conhecida como Epístola aos Efésios porque Éfeso
era a capital e a maior e mais importante cidade da região. O próprio Paulo havia pregado e tido
um ministério extremamente frutífero na cidade (At 19.1-20.1).
O apóstolo, então, deseja a eles sua tradicional benção: “a vós graça e paz, da parte de Deus,
nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (v. 2). Graça é um conceito muito usado pela igreja
primitiva e demonstra a inclinação favorável de Deus para conosco. Paz, por sua vez, é um
saudação tipicamente judaica adotada pelos cristãos e que deriva do hebraico shalom. Ele
representa o estado da nossa vida após a nossa reconciliação com o Pai. E tudo isso, como Paulo
afirma, vem do Pai e do Filho. As outras saudações paulinas podem ser encontradas em Rm 1.7;
1Co 1.3; 2Co 1.2; Gl 1.3; Fp 1.2; Cl 1.2; 1Ts 1.1; 2Ts 1.2; 1Tm 1.2; 2Tm 1.2; Tt 1.4; Fm 3.
Louvor pelas riquezas espirituais dos crentes (Efésios 1.3-14):
A) Cristo no plano eterno do Pai:
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as
bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (v. 3). Este louvor é uma obra
absolutamente singular. No original em grego, os versículos 3 a 14 formam uma única longa
sentença, a maior de toda a Bíblia. A divisão nas nossas traduções tem apenas o objetivo de não
nos perdermos no pensamento de Paulo. Contudo a proposta do apóstolo é que suas palavras
fossem lidas realmente de maneira avassaladora e sem pausa. Os comentaristas inclusive
comparam este trecho às “cataratas do Niágara” (John Wesley Adams e Donald Stamps) e à “uma
cachoeira cuja torrente nos arrasta sem permitir sequer o apoio de um ponto reto” (Justo González).
Portanto recomendamos fortemente que os irmãos leiam este texto em voz alta de forma direta e
enfática.
Paulo começa o louvor exaltando a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus. A palavra “bendito” vem
do grego eulogetos que significa literalmente “abençoado” ou “bendito”. O termo aparece oito vezes
no Novo Testamento (aqui e em Mc 14.61; Lc 1.68; Rm 1.25; 9.5; 2Co 1.3; 11.31; 1Pe 1.3) e em
todas se refere a Deus. Na verdade, esta é uma forma judaica comum de referir-se a Deus e seria
equivalente ao hebraico baruch. O Deus bendito “nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais nos lugares celestiais em Cristo”, afirma o apóstolo. Assim somos abençoados
porque as bençãos do Pai bendito nos foram dadas.
Mas não foram quaisquer bençãos dadas em qualquer lugar de qualquer maneira. Essas bençãos
(1) são “espirituais”, ou seja, elas não são bençãos materiais, mas as bençãos que se referem à
salvação e que serão detalhadas nos próximos versículos. Essas bençãos (2) nos foram dadas
“nos lugares celestiais”, isto é, na dimensão espiritual, no reino de Deus. Por fim, essas bençãos
(3) nos foram dadas “em Cristo”. Esta expressão é o termo-chave para compreender toda a carta.
Como Adams e Stamps destacam: “expressões como ‘em Cristo’, ‘Nele’, ‘no Senhor’, ‘em quem’,
etc., ocorrem 160 vezes nas cartas de Paulo – 36 vezes em Efésios e 10 vezes em 1.1-13 (1.1, 3,
4, 6, 7, 9, 10, 12, 13)”. As bençãos espirituais do Deus bendito dadas na realidade espiritual só
podem ser entregues aos que estão “em Cristo”.
“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor” (v. 4). Paulo continua destacando as bençãos espirituais
que Deus nos concede em Cristo Jesus. Ele pontua que o Pai nos escolheu em Jesus antes mesmo
da criação do mundo. A doutrina da eleição nos lembra da escolha de Israel no Antigo Testamento.
Em Abraão (cf. Gn 12.1-3), eles foram escolhidos para ser luz ao mundo e trazer o Messias, o
Salvador do mundo. Desde lá vemos que a eleição era iniciativa divina e baseada no amor de
Deus. Na Nova Aliança, a Igreja é eleita. Aqui Paulo afirma três coisas acerca da nossa eleição:
(1) ela é realizada “em Cristo” (o termo-chave da epístola). Eleição não é uma decisão arbitrária
divina em que uma parcela da humanidade é escolhida para a vida eterna e outra parcela para a
morte eterna. A eleição é cristocêntrica. Cristo é o Eleito por definição (cf. Is 42.1; Mt 12.18; Jo
6.27) e nós somos eleitos à medida que estamos “nele”. Paulo diz não que nós fomos escolhidos,
mas que fomos escolhidos “nele”, em Cristo. O contrário disto diminuiria a obra de Cristo fazendo
que a salvação fosse por meio da eleição e não por meio da cruz.
(2) Nossa eleição no Filho aconteceu “antes da fundação do mundo”. Isto mostra que o Pai não
foi pego de surpresa pelo pecado humano. Sabedor de todas as coisas, desde sempre Ele havia
preparado a salvação do mundo, antes mesmo de fundar o mundo.
(3) Por último, o apóstolo mostra que esta obra eterna tem um propósito eterno. Não somos eleitos
para vivermos de qualquer maneira, mas de uma maneira específica. O nosso caráter estava no
coração de Deus quando Ele arquitetou tão grande plano de resgate. Seu desejo? “Que fôssemos
santos e irrepreensíveis diante dele”. Paulo já havia chamado os irmãos de santos em 1.2 e
agora ele destaca que este era realmente o objetivo do Pai. Além disso os crentes são chamados
para serem irrepreensíveis diante dEle. A imagem vem novamente do Antigo Testamento e lembra-
nos dos cordeiros sacrificados a Deus que eram sempre sem mancha ou defeito. Por extensão a
palavra carrega o sentido de “imaculado” (cf. 1Pe 1.19).
A expressão “em amor” pode se referir tanto ao versículo 4 aqui quanto ao versículo 5. Se a
referência for ao verso 4, então Paulo quer dizer que a vida dos eleitos em Cristo é uma vida em
amor. Ou seja, o amor seria a tônica da vida dos eleitos no Filho Jesus.
“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o
beneplácito de sua vontade” (v. 5). As bençãos espirituais continuam. O apóstolo Paulo diz que
Deus “nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo”. O verbo
“predestinar” aparece seis vezes no Novo Testamento (aqui e em At 4.28; Rm 8.29,30; 1Co 2.7; Ef
1.11) e carrega a ideia de marcar algo de antemão. Em outras palavras, aqueles que são eleitos
em Cristo antes da fundação do mundo para serem santos e irrepreensíveis diante do Pai (v. 4)
são destinados previamente a serem adotados como filhos de Deus através da obra de Jesus Cristo
na cruz. O paralelo é com a prática romana da adoção em que uma criança adotada gozava do
mesmo direito que um nascido em casa. É para isto que somos predestinados, segundo Paulo. Nas
palavras de Adams e Stamps: “A eleição é Deus escolhendo ‘em Cristo’ um povo para si mesmo,
e a predestinação diz respeito ao que Deus planejou, antecipadamente, fazer com aqueles que
foram escolhidos. Dessa forma, a questão da predestinação não significa Deus decidindo
antecipadamente quem será salvo ou não, mas decidindo antecipadamente o que planeja que os
eleitos, em Cristo, sejam ou venham a ser”. E tudo isto faz Deus “segundo o beneplácito de sua
vontade”, isto é, segundo a boa vontade dEle (cf. Rm 12.2). Se a referência ao amor do versículo
4 for ao verso 5 aqui, então o ponto de Paulo é que a predestinação de Deus foi baseada no amor,
que é a essência do Seu próprio ser (cf. 1Jo 4.8,16).
“Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (v. 6). O
propósito de toda esta obra divina retratada nos versos 3 ao 5 é que a graça, este favor imerecido
da parte de Deus, seja louvada e glorificada. Esta frase e seus paralelos aparecem três vezes nesta
passagem (aqui e nos vv. 12 e 14) e servem de refrão que divide o louvor tematicamente em três
partes. A graça é focalizada pelo apóstolo Paulo, afinal foi por ela que Deus, o Pai, “nos fez
agradáveis a si no Amado”. Jesus é propriamente descrito como “o Amado”, pois Ele foi chamado
por Seu Pai de “Filho Amado” (Mt 3.17; 17.5; Mc 1.11; 9.7; Lc 3.22; 9.35; 2Pe 1.17) e porque é
através dEle que recebemos todas as bençãos espirituais de sermos eleitos e predestinados. Ele
é o Eleito, e nós, eleitos nEle; Ele é o Amado, e nós, amados nEle.
B) A salvação realizada por Cristo:
“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas
da sua graça” (v. 7). O detalhe das bençãos não para por aí. Deste modo entramos mais
detalhadamente na obra da redenção na cruz. Paulo lembra-nos que “em Cristo” (lembremos: este
é o termo-chave) nós alcançamos “a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas”.
Redenção através do sangue nos lembra da primeira Páscoa quando Israel foi libertado do poder
de Faraó e do Egito (cf. Êx 12), enquanto remissão das ofensas nos traz à memória o perdão que
era conquistado através dos sacrifícios de animais na Antiga Aliança. Como Craig Keener diz,
“Deus havia redimido Israel (i.e., ele o libertou da escravidão) por meio do sangue do cordeiro
pascal. O Antigo Testamento também associava o perdão ao sangue dos sacrifícios animais. Paulo
une ambas as imagens aqui”. O apóstolo também destaca que esta redenção e esta remissão
foram “segundo as riquezas da sua graça”. O estoque da graça divina é infinito. Por isso Ele nos
entregou o Seu próprio Filho (Jo 3.16).
“Que Ele tornou abundante para conosco em toda a sabedoria e prudência” (v. 8). Paulo
desenvolve este ponto acerca da graça afirmando que o Pai tornou-a “abundante para conosco”.
“Isso exprime a grandiosa generosidade da dádiva de Deus. Ele não preserva, nem distribui apenas
o mínimo necessário; Ele concede com abundância” (Adams e Stamps). A prova disto é que esta
abundância para com os crentes em Cristo é vista “em toda a sabedoria e prudência”. As duas
palavras tem sentidos muito próximos. Keener pontua: “Termos de sentido próximo, como
‘sabedoria’ e ‘prudência’, frequentemente aparecem em pares nas Escrituras (p. ex., Êx 31.3; 35.31;
Pv 1.2,7; 2.2,6)”. A nossa nova vida em Cristo não baseada em mentalidade carnal, mas na
sabedoria e prudência que vem de Deus.
“Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em
si mesmo” (v. 9). O resultado óbvio da redenção em Cristo (v. 7) e da sabedoria e prudência
divinas em nossa vida (v. 8) é o conhecimento da vontade do Pai. O apóstolo Paulo destaca que
esta vontade outrora era um “mistério”. Este substantivo aparece 27 vezes no Novo Testamento,
seis vezes só em Efésios (aqui e em 3.3,4,9; 5.32; 6.19). A ideia básica é de algo que outrora esteve
oculto e que agora está revelado aos crentes no Senhor. Neste caso específico, o mistério está
relacionado à vontade divina. Esta vontade de Deus é baseada no Seu “beneplácito, que
propusera em si mesmo”. A palavra no grego é eudokia e significa “boa vontade”, “favor”,
“intenção bondosa”. O Pai propôs consigo mesmo realizar a Sua vontade baseando-se em Sua
bondade. A vontade (que nos era um mistério anteriormente) está expressa no versículo seguinte.
“De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos,
tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (v. 10). Esta é a suprema vontade
divina: fazer com que toda a criação esteja debaixo da autoridade do Filho e de volta ao Seu
controle. Cristo é o centro de toda a história. A história converge para o seu ponto de consumação
quando todas as coisas estarão sob Seu domínio. Tudo, em absoluto, estará plenamente submisso
ao Senhor Jesus. É verdade que hoje Ele já detêm a autoridade sob céus e terra (Mt 28.18; Hb
2.8a), mas o caos, a morte e o pecado ainda existem (Hb 2.8b). Quando a “dispensação da
plenitude dos tempos”, ou seja, a consumação dos séculos (Mt 28.20) na volta do Senhor chegar,
tudo estará em perfeita harmonia à vontade divina, “tanto as que estão nos céus como as
que estão na terra”.
Aqui cabe uma importante ressalva: este versículo de modo algum dá base para o universalismo,
doutrina segundo a qual todos no final serão salvos, ou para o aniquilacionismo, que afirma que
os ímpios ao fim serão aniquilados. O ensino de Paulo aqui é que no último dia tudo estará debaixo
da autoridade e da harmonia de Cristo de forma visível e clara a todos. A Bíblia deixa evidente
que o sofrimento no inferno é eterno. Craig Keener explica: “Era convicção comum entre os judeus
a ideia de que a História passaria por muitos estágios até atingir o ponto culminante, quanto todas
as coisas seriam finalmente sujeitadas ao domínio de Deus. Alguns filósofos afirmavam que Deus
permeia o universo e que este, no fim, seria reabsorvido pela divindade. Assim como os autores
judeus que adotavam o vocabulário desses filósofos, Paulo acredita que a História ruma para um
apogeu de subordinação a Deus – e não de absorção em Deus. O Antigo Testamento e o judaísmo
reconheciam que Deus tem um plano soberano na História para leva-la a esse ponto culminante.”
“Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme
o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” (v. 11). O
apóstolo continua a declaração das bençãos espirituais em Cristo. Agora ele destaca que, assim
como Israel foi tornado herança peculiar de Deus (Dt 32.8,9), assim nós hoje “fomos feitos
herança” divina “em Cristo” (de novo, o termo-chave). Nós agora somos propriedade de Deus, o
Pai. Nós alcançamos um status simplesmente imensurável. Adams e Stamps destacam três
verdades sobre isto: (1) “a herança de Deus não foi um mero acidente da história; ela foi
predestinada por Deus de acordo com seu plano”: “havendo sido predestinados”; (2) o que Deus
projetou foi garantia de sua realização”: “conforme o propósito daquele que faz todas as
coisas, segundo o conselho da sua vontade”; e...
“Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperamos em Cristo”
(v. 12). ...(3) “Deus escolheu a Igreja como uma porção de si a fim de que pudéssemos existir ‘para
louvor da sua glória’”: “com o fim de sermos para louvor da sua glória” (eis o refrão se repetindo;
cf. v. 6). Deste modo e com este propósito, Deus nos tornou herança Sua. Primeiramente os judeus,
como fica claro pelas palavras de Paulo: “nós, os que primeiro esperamos em Cristo”. Como
judeu, o apóstolo fala representando o seu próprio povo e afirma que o Pai fez destes judeus que
receberam o seu Messias parte do povo da Nova Aliança: a Igreja. Os judeus primeiramente
aguardavam em Cristo, pois eles foram os recebedores originais da Palavra de Deus e da
esperança da redenção através do Ungido de Deus.
C) Cristo na doação do Espírito Santo:
“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da
vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da
promessa” (v. 13). Paulo, entretanto, não para nos judeus. Escrevendo para um público
majoritariamente gentio, ele enfatiza que agora os gentios também estão no Messias de Israel,
Jesus: “em quem também vós estais”. A promessa primeiramente alcançou os judeus, mas ela
é de fato para todo o mundo. Esses cristãos gentios foram, assim, salvos pela pregação do
evangelho de Deus: “depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação”. Finalmente, crendo em Cristo, esses irmãos receberam o Espírito Santo: “e, tendo
nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”.
Duas coisas podem ser notadas aqui: (1) Cristo é parte fundamental na obra do Espírito Santo. A
maneira pela qual os cristãos gentios (e também judeus) receberam o Espírito foi através da sua fé
em Jesus Cristo. Eles foram, então, selados com o Espírito. Os selos eram muito comuns na
Antiguidade e eram utilizados para lacrar rolos e manuscritos como prova de que o seu conteúdo
não foi adulterado. Nós recebemos assim o selo de Deus como prova do conteúdo genuíno da
nossa fé em Seu Filho (cf. Ef 4.30). (2) O Espírito Santo aqui é chamado de “o Espírito Santo da
promessa”. Isto pode significar (a) que o Espírito havia sido prometido em tempos passados (como
realmente foi; cf. Is 32.15; Jl 2.28,29; At 2.16-19,33,38,39) ou (b) que o Espírito é quem traz o
cumprimento de todas as promessas de Deus relacionadas ao futuro (algo que Paulo desenvolve
no versículo seguinte). Ambas as interpretações são possíveis.
“O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da
sua glória” (v. 14). Por fim, Paulo desenvolve o que o selo do Espírito Santo representa para nós.
Ele o chama de “o penhor da nossa herança”. “Penhor” vem do grego arrabon, “tem origem
semítica e era usada nas transações comerciais. Ela significa um compromisso pelo qual um
comprador entrega um depósito ou pagamento inicial para assegurar a transação até que o preço
de compra fosse totalmente pago” (Adams e Stamps). O Espírito Santo é este depósito inicial do
mundo futuro que o Pai investiu em nós. A nossa “herança” é alcançada através deste penhor e
representa exatamente as bençãos vindouras que Deus Pai tem nos prometido e já preparado.
A frase “para redenção da possessão de Deus” pode ser entendida de duas maneiras: (a) o
objetivo final da presença do Espírito Santo em nós é a nossa redenção final, pois somos posse,
herança, propriedade de Deus ou (b) o propósito é que alcancemos finalmente a nossa herança
futura que o Pai nos promete assim como Israel havia alcançado a terra prometida por Ele. As duas
opções são plausíveis.
Paulo conclui mais uma vez repetindo o refrão que resume o motivo da obra de Deus realizada em
nós e para nós. Este refrão destaca que o Pai não realiza nada sem objetivo ou propósito. Ele faz
tudo isto, toda esta maravilhosa obra de salvação, “para louvor da sua glória”. Milhões de anos
passarão na eternidade e nós continuaremos a louvor e glorificar a Deus por “tão grande salvação”
(Hb 2.3). Glórias ao nosso Deus e Pai!
Desafio: Compartilhe com alguém a mensagem do evangelho de Jesus Cristo. Mostre a esta
pessoa o amor que Deus tem por ela e a grande obra de salvação que o Pai preparou para resgatar
os que creem.
Tarefa:
1) Quem é o autor da Epístola aos Efésios?
2) O que os “lugares celestiais” (v. 3) representam?
3) O que é a eleição (v. 4)?
4) O que é a predestinação (v. 5)?
5) Por que Jesus é chamado de o “Amado” (v. 6)?
6) De onde Paulo tirou a imagem da redenção (v. 7)?
7) O que a palavra “mistério” significa (v. 9)?
8) Qual a vontade última do Pai (vv. 9-10)?
9) Quem são os que primeiro esperaram em Cristo (v. 12)?
10) O que o Espírito Santo representa para nós (vv. 13-14)?
Referências:
ADAMS, John Wesley; STAMPS, Donald. Efésios. In: ARRINGTON, French L.; STRONSTAD,
Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003.
FOULKES, Francis. Efésios: introdução e comentário. (Série: Cultura Bíblica). São Paulo: Vida
Nova, 1983.
GONZÁLEZ, Justo. Desafios do Século 21 para o Pensamento Cristão: esboços teológicos. São
Paulo: Hagnos, 2014.
KEENER, Craig. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia: Novo Testamento. São Paulo: Vida
Nova, 2017.

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