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Fogos de reavivamento
Ellen White juntamente com Alonzo Trevier Jones e Ellet Joseph
Waggoner puseram-se a partilhar a mensagem do amor e da justiça de
Jesus com o restante da igreja. Foram a concílios pastorais de
Associações, igrejas e escolas. No verão seguinte, compareceram a
diversas reuniões campais. Viam-se vitórias individuais por todo lado,
mas não sem grandes lutas por parte da oposição, vinda de Uriah
Smith e de alguns outros líderes que, a essa altura, desagradavam-se
muito da rápida de Waggoner e Jones na igreja, e até duvidavam da
sabedoria de Ellen White ao apoiá-los. Entretanto, a despeito dessa
oposição inicial e aberta, outros líderes tomaram providências para
que a mensagem tivesse ouvintes. 2
Durante uma semana de oração da Faculdade de Battle Creek, a
mensagem dada foi "não só os mandamentos de Deus, parte da
mensagem do terceiro anjo, mas [também] a fé de Jesus, que
compreende mais do que geralmente se supõe".3 A "semana" estava
programada para 15 a 22 de dezembro, mas, em vez disso, durou um
mês. Era esse o poder de atração da mensagem do amor de Deus para
aqueles jovens. No entanto, o impacto entre os adventistas atingiu a
cidade toda: o sanatório, a editora e a igreja do Tabernáculo.
Um dia, depois de falar aos estudantes, William Warren Prescott,
diretor da faculdade, que chegara a fazer oposição a essa mensagem,
"levantou-se e tentou falar, mas seu coração estava repleto demais".
Então, "ele ficou em pé por cinco minutos, em completo silêncio,
chorando. Quando conseguiu falar, disse: 'Estou feliz por ser cristão.'
[...] Seu coração parecia partido pelo Espírito do Senhor." Mais tarde,
naquele dia, Ellen White falou no Tabernáculo "e muitos apresentaram
preciosos testemunhos de que o Senhor lhes perdoara os pecados e
lhes dera um novo coração.4
As pessoas começaram a mudar. A reforma seguiu o
reavivamento. Alguns, sob convicção, começaram a ser fiéis nos
dízimos e nas ofertas. Divergências com outros foram endireitadas.
Mudanças tangíveis Ocorreram após a revelação do amor de Deus
pelos pecadores. Ellen White exclamou: "Ah, que atmosfera diferente
da de quatro semanas atrás! Jesus, na verdade, esteve presente.'' 5
O reavivamento ocorreu, a seguir, em South Lancaster,
Massachusetts, local do educandário que precedeu a Faculdade União
do Atlântico. A exemplo de outros lugares, os fatores envolvidos eram
as mensagens cristocêntricas aplicadas a nossa condição laodiceana,
muita oração e testemunhos, incluindo a confissão de pecados e
arrependimento. O Espírito de Deus atuava livremente quando
ocorriam essas coisas. Algo típico do que aconteceu naqueles dias é
relatado por Ellen White:
Nunca vi uma obra de reavivamento ir avante de
modo tão completo e ainda assim permanecer isenta de
toda excitação indevida. Não havia insistência nem
convite. As pessoas não eram chamadas à frente, porém
havia uma solene percepção de que Cristo não viera
chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.
Os honestos de coração estavam prontos a confessar seus
pecados e a produzir fruto para Deus mediante
arrependimento e restituição, na medida em que esta
lhes fosse possível. Parecia que respirávamos a própria
atmosfera do Céu. Anjos, na verdade, pairavam ao nosso
redor. Na sexta-feira, ao entardecer, o culto começou às
cinco e só terminou às nove [horas]. Não houve tempo
perdido; todos tinham um testemunho vivo para dar. A
reunião teria continuado ainda por algumas horas, caso
se permitisse que ela seguisse o seu curso; mas julgou-se
que seria melhor encerrá-la naquele momento. Não
consegui dormir naquela noite, até quase o amanhecer.
O Senhor havia visitado seu povo. 6
O reavivamento galês
O reavivamento galês foi o clímax de um despertar em âmbito
global, com ênfase no que se tornou conhecido como "vida cheia do
Espírito" ou "vida triunfante", com foco na santificação. Esse
movimento da santidade resultou do esgotamento que cristãos
sinceros sentiam em relação a uma religião legalista, árida e
intelectualista, a exemplo do que os adventistas do sétimo dia haviam
experimentado nas décadas de 1870 e 1880. Um forte impulso foi
dado a esse movimento pelo que se chamou de "Convenção Keswick",
que eram conferências bíblicas anuais ocorridas por décadas na
Inglaterra, as quais entraram século 20 adentro. Foram fundadas para
"promover a santidade prática". O equivalente na América foram as
Conferências Bíblicas Northfield, sob a liderança de Dwight Lyman
Moody.
Em 1902, os participantes de uma Convenção Keswick formaram
um círculo de oração e se comprometeram a orar por um
reavivamento ao redor do mundo.9 Em 1904, o reavivamento
começou com um estudante universitário por nome Evan Roberts. O
anúncio do reavivamento era: "Encurve a Igreja e Salve o Mundo." A
semelhança do reavivamento anterior, de 1857 a 1859, distinguia-se
como um movimento essencialmente voluntário. Com simplicidade e
a unção do Espírito, Roberts e outros pregadores foram de cidade em
cidade através do País de Gales, com a mesma mensagem básica e
direta: 1) você deve confessar todo pecado conhecido a Deus e
endireitar todo mal que tenha cometido contra os outros; 2) você deve
abandonar todo hábito questionável; 3) deve obedecer prontamente
ao Espírito; e 4) deve confessar sua fé em Cristo publicamente. 10 Em
resposta, as pessoas, misteriosamente, quebrantavam-se em
arrependimento nos momentos de culto.
O espírito religioso tomou conta do País de Gales. Em cinco meses
meio milhão de pessoas se tornaram cristãs. Os bares foram à falência
por falta de frequentadores. Casos de gravidez de solteiras
praticamente desapareceram. Os juízes ficaram de folga: nenhum caso
para julgar — nenhum roubo, furto, estupro, homicídio ou desfalque.
Os crimes simplesmente cessaram. Os conselhos municipais
convocaram reuniões de emergência para decidir o que fazer com
tantos policiais ociosos! Alguns demonstraram criatividade: em vez de
patrulhar jogos de futebol ou os bares à noite, começaram a cantar
nas igrejas.11 Essas mudanças sugerem a orientação ética e prática
desse reavivamento.
O movimento se espalhou por todos os países de fala inglesa,
incluindo a Europa Central e Norte, Índia, Japão, China, Coreia,
América Latina e colônias africanas. Em Gales, um em cada dez
cidadãos se converteu. No Japão, o número de cristãos dobrou por
volta de 1910. Na Índia, a população de cristãos cresceu 70% em 1905
e 1906. A América Latina passou por um crescimento de 180%, de 1903
a 1910. Nos Estados Unidos, 35 novos membros se uniam à Igreja
Metodista a cada ano; os batistas do Sul viram um aumento de 25%
em apenas um ano; e os presbiterianos chamaram o ano de 1905 de
"o ano mais notável no evangelismo".12 Embora não envolvidos
diretamente, os adventistas do sétimo dia experimentaram um
crescimento incomum devido a esse despertamento religioso
mundial.13 O movimento exerceu forte impacto nas grandes cidades,
exatamente os lugares nos quais Ellen White pedia que os líderes
adventistas concentrassem seus esforços.
Talvez Deus estivesse preparando o mundo para que seu povo
remanescente pudesse apresentar a advertência final no poder do
Espírito antes de seu retorno. Em 1904, Ellen White fez o apelo: "Por
que não temos fome nem sede do dom do Espírito, visto como é esse
o meio pelo qual haveremos de receber poder? Por que não falamos
sobre Ele, não oramos por Ele e não pregamos a seu respeito?"
Ela insistiu para que cada ministro orasse pelo batismo do Espírito
e que grupos se reunissem "para pedir auxílio" e "sabedoria celestial"
a fim de cumprir a missão no mundo. "É privilégio de todo cristão, não
só aguardar, mas mesmo apressar a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo." Ela afirmava, confiantemente, que Deus poderia terminar a
obra com muita rapidez.
Depressa amadureceria a última seara, e Cristo viria
para juntar o precioso grão. [...] Temos de buscar o
Espírito Santo. Deus vai cumprir todas as promessas que
fez. Com a Bíblia na mão, digamos: fiz como disseste.
Apresento a tua promessa: "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e
achareis; batei, e abrir-se-vos-á." Cristo declara: "Tudo
quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será
assim convosco." "E tudo quanto pedirdes em meu nome,
isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho" (Mt
7:7; Mc 11:24; Jo 14:13).14