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Traduzido do Inglês
The Ten Commandments
By Cornelius Van Til
Este raro resumo fornece uma exposição da ética do Decálogo antes que John Murray
começasse a ensinar este curso no STW.
OEstandarteDeCristo.com © 2016
Salvo indicação contrária, as citações bíblicas nesta tradução são da versão Almeida
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do Brasil.
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Sumário
Introdução — Pressupostos
O Primeiro Mandamento — Religião
O Segundo Mandamento — Adoração
O Terceiro Mandamento — Revelação
O Quarto Mandamento — O Sabath
O Quinto Mandamento — Autoridade
O Sexto Mandamento — Vida Humana
O Sétimo Mandamento — Pureza
O Oitavo Mandamento — Propriedade
O Nono Mandamento — Verdade
O Décimo Mandamento — Desejo
Os Dez Mandamentos
Por Cornelius Van Til
Introdução — Pressupostos
Mas esse fato não fez a lei menos espiritual. Canaã aqui embaixo era,
como Abraão viu, profética da futura Canaã, e a morte física é para um
pecador não-reconciliado o portão de entrada para a morte exterior. Isso não
negará devidamente o significado universal e permanente do mandamento
que promete aos filhos uma vida longa e terrena se eles forem obedientes aos
pais pelo fato de que é manifestamente uma promessa do Antigo e não do
Novo Testamento. O cumprimento dessa promessa pode não vir em uma
mesma forma agora, como uma vez veio, mas o cumprimento não é menos
real ou certo.
Um outro ponto deve ser mencionado quanto à forma da lei dada no
Antigo Testamento, e este é que a lei diz constantemente, “tu não irás” em
vez de “tu irás”. Por que essa forma negativa? Para responder a esta pergunta,
devemos recordar o caráter geral do Cristianismo como restaurador de um
teísmo original. Originalmente não havia razão para essa ênfase negativa. O
homem espontaneamente obedecia a lei e na medida em que não havia
ocasião para Deus adicionar mandamentos pela comunicação direta com o
que foi dado ao homem pela criação, as formas positivas e negativas de dar
tais mandamentos poderiam ser equilibradas. Mas com a entrada do pecado, o
homem constantemente evitou e quebrou a lei de Deus. Além disso, a sua
ignorância da verdadeira lei aumentou. Portanto, se Deus deveria trazer a Sua
lei ao conhecimento e obediência do homem, Ele tinha que dizer mais vezes o
que o homem não deve fazer do que o que ele deveria fazer. A criança,
porque é uma criança pecadora, tentará ser uma lei em si mesma. É
impossível, então, que os pais não devam dizer mais frequentemente “não
faça” do que “faça”.
No entanto, este fato não deve nos cegar para a verdade de que é a
obediência positiva, o positivo cumprimento do bem, e não apenas uma
abstenção negativa do mal que Deus requer. Por conseguinte, é necessário
que nós façamos dessa demanda positiva da lei de Deus, o nosso ponto de
partida. Devemos perguntar, no caso de cada mandamento o que é que Deus
quer do homem, a fim de usá-lo como um padrão pelo qual julgar o quão
longe o homem ficou aquém de satisfazer essa demanda.
Quanto ao método, isso é o oposto da filosofia moderna e da psicologia
das escolas religiosas. Eles trabalham com a suposição de que o mal é tão
básico quanto o bem no homem e no universo. Daí eles simplesmente traçam
o caminho pelo qual o homem com o auxílio da lei permitiu a si mesmo
escapar um pouco do controle completo do mal. Do ponto de vista deles, é o
máximo do dogmatismo pressupor que o mal neste universo é devido a uma
deserção humana a partir de um Deus absoluto. Nós, por outro lado
afirmamos que, a menos que isso seja verdade não existe uma lei em absoluto
e toda a moralidade carece de fundamento. Por isso, não podemos fazer
diferente, senão seguir o caminho exigido pelo pressuposto central do teísmo.
A Lei Moral
Antes de iniciar a discussão sobre o Primeiro Mandamento devemos ter
claramente em mente não só o que se entende por lei em geral, mas o que se
entende por lei moral. Nós propositadamente não fizemos distinção entre os
tipos de lei até este ponto, a fim de chamar a atenção para o fato de que um
teísta considera toda lei de forma diferente do que um não-teísta. Mesmo lei
física ou natural significa algo completamente diferente para um teísta
Cristão do que ela significa para um antiteísta. De acordo com o teísmo, o
homem vive e se move e tem a sua existência em uma atmosfera da lei de
Deus, tanto em relação ao seu corpo quanto à sua alma. Viver neste ambiente
significava a sua liberdade, como significa liberdade que um peixe viva em
seu ambiente natural. Mas quando o homem quebrou a lei em um ponto, ele
quebrou em cada ponto. O moral e o físico estão inextricavelmente
interligados. Como profeta, sacerdote e rei, o homem deveria conhecer,
dedicar-se a Deus e governar para Ele todo o universo físico. Mas quando o
homem, devido ao pecado, tornou-se um profeta sem manto, um sacerdote
sem sacrifício e um rei sem coroa, ele trouxe o seu corpo, juntamente com a
sua alma e o universo ao seu redor, juntamente à ruína. Por outro lado, com
Cristo no mundo físico, assim como o corpo do homem bem como a sua
alma, são restaurados às suas relações normais para com a lei de Deus.
Por esta maneira de conceber a relação entre o físico e o moral estamos
novamente em oposição ao pensamento antiteístas que assume que não há
nenhuma conexão entre o físico e o moral. Em todas as discussões por
escritores não-teístas sobre a responsabilidade, enquanto a lei física está em
causa, o homem pode ser tanto um filho da fortuna ou do azar, e nada mais.
Considera-se ser obviamente ridículo pensar sobre a humanidade como se
esta de alguma forma fosse responsável pela fome ou peste. Mas, novamente,
não podemos fazer outra coisa senão sustentar o nosso ponto de vista, uma
vez que faz parte do teísmo Cristão, e o teísmo Cristão parece-nos a filosofia
de vida mais razoável a ser sustentada.
2) O Moral e o Religioso
Para o homem como um ser autoconsciente e assim, ser que age
moralmente, havia duas principais esferas de resposta autoconsciente nas
quais ele poderia obedecer à lei de Deus. Havia um aspecto da lei geral de
Deus para o homem que diz respeito mais diretamente à relação do homem
com Deus. Havia um segundo aspecto da lei geral de Deus para o homem que
diz respeito mais diretamente à relação do homem para com o seu
semelhante. Estes aspectos sobrepõem-se, mas é certo que — na medido que
em sentido último toda a lei é a lei de Deus — há uma distinção relativa entre
elas. Quando o homem obedecia ao primeiro aspecto da lei, ele era
verdadeiramente religioso e quando ele quebrava este primeiro aspecto da lei
ele era irreligioso ou falsamente religioso. Quando o homem obedecia ao
segundo aspecto da lei ele era moral no sentido mais estrito do termo e
[2]
quando o homem desobedecia ao segundo aspecto da lei ele era imoral, no
sentido mais estrito do termo. Quando, na linguagem comum, falamos de um
homem sem religião, que é aquele que não atende às devoções, não dizemos
que ele também é um homem imoral, isto é, que ele não pode ser um bom pai
e bom vizinho. Por outro lado, a Escritura e a experiência concedem
numerosas ilustrações daqueles que disseram que o bem que o seu pai ou sua
mãe poderiam aproveitar dele era corbã, e ainda assim se diziam dedicados
ao Senhor. O homem verdadeiramente moral também deve ser um homem
verdadeiramente religioso e o homem verdadeiramente religioso, também
deve ser um homem verdadeiramente moral. Um homem imoral, por mais
que ele pareça ser religioso, é, na verdade, irreligioso, somente peca menos
diretamente contra Deus do que aquele que quebra abertamente a lei de Deus,
na medida em que se refere diretamente à relação do homem para com Deus.
1. Observações
Uma discussão completa sobre o Mandamento exigiria uma exposição
da origem e natureza da religião. Nós apenas discutiremos a natureza da
religião e não a questão da origem. A questão da origem da religião não
surge, porque o teísmo é o pressuposto do Decálogo.
Em segundo lugar, notamos que a resposta que alguém dá à questão da
natureza da religião é também determinada pela sua posição teísta. De acordo
com o teísmo, o homem é inerentemente religioso. Mas há muitos que hoje
[7]
admitirão esse fato e ainda assim não são teístas. A razão para tal visão é o
fato de que a História e a Psicologia não têm sido capazes de encontrar
qualquer fase irreligiosa do desenvolvimento do homem. No entanto, de volta
à História, eles devem posicionar o misterioso vazio. E esse vazio muda a
natureza da religião. No máximo, a religião se torna uma vaga reverência ao
[8]
que é misterioso. O teísmo Cristão, por outro lado, pressupõe Deus de
volta à História. Assim, uma base razoável é dada à religião. Assim, a
natureza da religião é determinada por este fundamento de Deus.
2. O que é Comandado
A. Religião Para Adão
A lei que temos foi promulgada após a entrada do pecado. Originalmente
não havia necessidade de uma tal promulgação externa. Adão era
espontaneamente religioso. A lei foi escrita em seu coração. O profeta
Jeremias prometeu que o Messias, em princípio, restauraria esta condição.
Cristo nos deu mais uma vez o verdadeiro amor a Deus e, portanto, também o
amor verdadeiro pela lei de Deus.
Quando a lei tal como a conhecemos diz: “Tu farás, etc.”, ela direciona-
se diretamente ao homem Israelita, e a ninguém mais. Ainda assim, uma vez
que na história Israelita o princípio de redenção é operativo, o homem em
geral não é excluído, mas definitivamente incluído no termo “tu”.
Assim, podemos concluir também com respeito a tudo O que é
Comandado nos vários mandamentos que, mesmo sem a necessidade de
qualquer comando, a relação do homem para com Deus já foi o que está aqui
contemplado na lei.
Por sua vez, agora, para determinar o que a verdadeira religião era no
Paraíso, devemos lembrar que o homem foi criado como profeta, sacerdote e
rei. Como um profeta, o homem tinha que pensar o pensamento de Deus por
ele. Aqui reside o reino do intelecto e da verdade ou ciência. Como um
sacerdote, o homem devia dedicar a si mesmo e toda a criação a Deus. Aqui
está o reino das emoções e da estética ou da arte. Como um rei, o homem
devia reinar sobre toda a criação abaixo de Deus. Aqui está o reino da
vontade e da ação. Mas o intelecto, as emoções e a vontade são apenas
aspectos de um ego central, a personalidade humana. Agora é este o ego
central que é colocado face a face com a personalidade absoluta de Deus no
Primeiro Mandamento. Nos Mandamentos que seguem o homem será
informado sobre as várias maneiras e métodos pelos quais e através dos quais
ele pode ser verdadeiramente religioso na moral, mas neste Mandamento o
homem no mais santo dos santos de seu ser é colocado diretamente face a
face com Deus. A relação do coração do homem para com Deus é tudo o que
realmente importa. Se essa relação é boa, tudo está bem. Se essa relação é
falsa, todo o restante é falso. O homem verdadeiramente religioso é o
verdadeiro homem moral. Ao pregar sobre este mandamento nós não
devemos dizer mais nada, senão acerca dessa relação interna da alma do
homem para com Deus.
Por um lado, tem havido muitas vezes uma subestimação das religiões
pagãs por parte dos Cristãos ortodoxos. Há alguma verdade na acusação feita
repetidas vezes que os Cristãos ortodoxos têm procurado defender a verdade
[11]
da sua religião por um isolamento artificial. É bem verdade que tal
política é autodestrutiva. O Cristianismo é o teísmo vindo a si mesmo. Nós
desejamos a base mais ampla possível para o Cristianismo. A “recriação”, ou
seja, a redenção baseia-se na e é restauradora da criação. No correto sentido
da palavra, o Cristianismo é tão antigo quanto a criação ou pelo menos tão
antigo quanto o protoevangelium. não pode ser muito repetidamente reiterado
que o Cristianismo nada introduz de novo, mas que reintroduz o antigo.
Por outro lado, há uma tendência para obliterar a distinção entre a
religião Cristã e a Pagã. Sua semelhança formal tem levado muitos escritores
a não verem nada mais do que uma diferença de quantidade entre elas. Agora,
vamos esperar isso de não-teístas declarados. Mas também há muita estima
sobre esta matéria por parte dos professos teístas Cristãos. O Cristianismo é
dito estar em uma relação de clímax quanto às outras religiões. Assim, o
autor de Christ of the Indian Road (Cristo da Estrada Indiana) parece
conceber a matéria. Agora, esta maneira de colocar a questão é ambígua. É a
verdade, e ainda assim não toda a verdade. Cristo é “o desejo das nações”,
mas em que sentido? No sentido em que eles estão buscando apenas este tipo
de realidade? Se isso fosse verdade, a declaração de Paulo de que o “homem
natural” está “em inimizade” contra Deus deve ser revista. Mas, desde que
nós tomamos as Escrituras como sendo coerentes consigo mesmas, podemos
ver “o desejo” das nações, em suas aspirações de busca da verdade não mais
do que numa vaga sensação de carência. No que diz respeito à sua ação
autoconsciente e intencional, eles têm definitivamente virado as costas para
Deus. Eles são apóstatas de Deus. Ou isso é verdadeiro porque o teísmo é
verdadeiro ou isso não é verdade, porque o teísmo não é verdade. No entanto,
como o filho pródigo da parábola de Cristo, às vezes, eles sentem que eles
estão tentando satisfazer as suas necessidades com as alfarrobas do
antiteísmo. Eles, às vezes, até mesmo constroem um altar ao “Deus
desconhecido”. Todavia, mesmo quando um apóstolo vem enviado
diretamente deste Deus desconhecido para eles, a fim de torná-lO conhecido,
eles respondem que ele fala “loucura”. Somente quando for do agrado do
Espírito “salvar por meio da loucura da pregação os que creem”, eles
aceitarão esse Deus a quem eles por tanto tempo “procuravam”.
Concluímos, então, que a fim de dar ao Cristianismo sua base mais
ampla, como sendo em verdade a religião do homem, devemos tomar cuidado
com um falso isolamento. Por outro lado, a fim de preservar o Cristianismo
de modo que seja considerado como a religião do homem, nós não devemos
temer manter, para isso, um verdadeiro isolamento. Um falso isolamento
poderia permanentemente reter o estágio inicial do Cristianismo impedindo o
seu enraizamento nos campos abertos da humanidade e frutificação para a
raça. Um verdadeiro isolamento elimina os espinhos e abrolhos que sufocam
a planta, uma vez que esta floresce em campo aberto. Pela doutrina
verdadeiramente bíblica da graça comum nós somos preservados do perigo
de subestimação indevida ou superestimação indevida da religião e da moral
do paganismo.
A fraseologia utilizada pela teologia da igreja pode ajudar-nos a fazer
uma distinção clara em relação ao assunto em questão. A melhor tradição da
Igreja tem procurado dar expressão, por um lado à imagem de Paulo da
depravação total do homem e, por outro lado à imagem de Paulo dos pagãos
como acusando-se ou desculpando-se de acordo com o padrão de uma lei
moral interna. Claramente, então, o Cristianismo é qualitativamente distinto
do Paganismo.
Não há nenhum outro nome dado debaixo do céu pelos quais os homens
podem ser salvos por toda a eternidade além do nome de Jesus. O homem
natural não pode fazer nenhum bem espiritual. Mas igualmente claro é que o
homem natural ainda não executa a plena gama de impiedade. Os germes de
todos os pecados estão no interior. Um Nero pode evoluir para um verdadeiro
diabo, enquanto ainda na terra, mas a maioria dos homens não. Pela operação
do Espírito na graça comum, eles são temporariamente restritos de
desenvolver a plena medida do mal inerente a eles.
Portanto, eles podem fazer coisas que são úteis para uma vida tolerável
na terra; eles podem fazer o moralmente bom. Esta distinção entre o espiritual
e o moralmente bom não é totalmente inequívoca uma vez que em outro
contexto foi salientado que para alguém ser verdadeiramente moral deve-se
também ser verdadeiramente religioso. Neste contexto, os termos são
contrastados e podem ser assim usados para indicar o mais claramente
possível que o “relativamente bom” no “absolutamente mal” é de valor para
esta vida, mas não para a eternidade.
3. O que é Proibido
b. Religiões Naturais
O homem, embora tendo declarado a sua independência, ainda tem de
viver como o filho pródigo dos bens do pai. Além disso, ele sente algo do
absurdo de ter se elevado à posição de Deus. Mais tarde na história, ele
declarará abertamente sua autonomia moral (Kant). No presente, ele deve
olhar sobre si por algum objeto de adoração. Ele encontra esses objetos na
criação inferior. A criação inferior afeta-o de muitas maneiras, e isso está
além de seu próprio controle. O homem é como uma criança que derrubou a
chaleira de água quente sobre si mesma e culpa a chaleira por sua miséria. O
homem apenas busca escapar das más consequências do pecado, enquanto
estas consequências o encaram, nos vários poderes de destruição. Em vez de
perceber que os poderes de destruição são as agências de Deus, para que ele
vá a Deus para encontrar libertação deles, o homem desafia essas agências e
adora-as. A estupidez e futilidade do pecado são nisso estrita e tipicamente
ilustradas.
(1) As formas inferiores da religião natural realmente não têm nenhuns
deuses, mas apenas almas. Animismo e fetichismo são exemplos deste tipo.
(2) As formas mais elevadas de adoração natural têm deuses. A
imaginação criativa foi introduzida para criar escultura e mitologia.
c. Religiões Éticas
As religiões éticas são mais elevadas do que as religiões naturais e se
aproximam mais, em sua forma, do teísmo. Em primeiro lugar, elas são
monoteístas. Consequentemente, Deus é representado como não apenas
controlando o natural, mas também como controlando a ordem moral do
mundo. Em segundo lugar, essas religiões acreditam em uma revelação de
Deus na forma de escrituras sagradas; o Bramanismo tem sua Vedas, o
Budismo sua Pittakas, o Confucionismo seus Reis, o Parzismo sua Avesta e o
Islamismo seu Alcorão. No entanto, em nenhum caso, a lei moral é concebida
como emanando com autoridade inviolável a partir de um Deus absoluto. E,
como acontece com a religião subjetiva, não encontramos aquela piedade que
combina um verdadeiro sentido de exaltação e proximidade de Deus. Se for
lembrado que nos Primeiros Mandamentos Deus estabelece a Si mesmo
diretamente diante do centro da personalidade do homem, exigindo do
homem que ele não olhe para nenhum outro lugar buscando por sua alegria e
paz, é facilmente visto que todas essas religiões são tristes desvios do teísmo.
Sair para as nações para levar o Evangelho do Cristianismo significa
mais do que difundir o conhecimento da civilização ou um modo ético mais
elevado de vida. Significa, antes, trazer os homens ao conhecimento das
exigências de um Deus santo e justo, que não pode, em sentido algum tolerar
o pecado, mas que em Seu amor condescendente perdoará o pecado em
Cristo, a fim de tornar os homens verdadeiros profetas, sacerdotes e reis
novamente. Uma vez que eles conheçam este Deus em Cristo, eles não
adorarão a natureza, mas o Deus da natureza, eles não adoração a lei, mas o
Deus da lei.
Mas, será que esta idolatria ocorreu predominante somente em países
pagãos? O Primeiro Mandamento como o fundamento de todo o restante
precisa ser pregado neste país e em todos os países civilizados, bem como em
terras pagãs.
O Segundo Mandamento — Adoração
1. Observações
O Primeiro Mandamento trata da religião adequada como o fundamento
da moralidade. O Segundo Mandamento trata da expressão externa da
religião. O Primeiro Mandamento nos ensina que devemos servir a Deus; o
Segundo como podemos fazer isso corretamente, tanto quanto a expressão
exterior da religião está em causa. Assim, estes dois Mandamentos se referem
a questões completamente distintas. Isto é facilmente esquecido. Por vezes,
ouve-se um sermão sobre o Primeiro Mandamento em que todos os tipos de
materiais que servem para fabricar imagens de Deus são mencionados. No
entanto, quando os homens usam imagens na adoração eles não estão
necessariamente procurando substituir um deus falso pelo verdadeiro Deus.
Pode ser uma adoração defeituosa ao verdadeiro Deus. É, de fato, uma
transgressão do Segundo Mandamento leva muito facilmente a uma
transgressão do Primeiro. Imagens muito facilmente atraem a atenção
exclusiva a si mesmas e, portanto, tornam-se objetos em vez de meios de
adoração. No entanto, isso não faz com que se identifique a adoração das
imagens com a idolatria. Se, de algum modo, nós podemos fazer a
comparação entre os vários mandamentos da lei, o Primeiro Mandamento é
mais central do que qualquer outro objetivamente e, portanto, também mais
central do que o Segundo. Uma vez que é feita uma substituição do único
Deus verdadeiro, toda a verdadeira religião e a moralidade simultaneamente
são reduzidas a nada.
2. O que é Comandado
Para saber qual é o conteúdo positivo do Segundo Mandamento é
necessário antes de tudo que nós formemos uma concepção verdadeiramente
bíblica do que se entende por “a imagem de Deus”. Agora podemos falar da
imagem de Deus no sentido da ideia que Deus tem de Si mesmo. Só Deus
conhece Seu próprio ser. Só Ele tem a imagem completa e verdadeira de Si
próprio. Esta concepção da imagem de Deus é um dos fatores que se
relacionam à religião e também à adoração. Nenhuma verdadeira religião ou
verdadeira adoração são possíveis a menos que Deus revele ao homem, de
acordo com a capacidade do homem, algo da Sua imagem de Si próprio.
Todas as religiões e cultos não-teístas tornam-se vãs por serem desprovidas
desta autorrevelação de Deus. Este Mandamento começa por analisar o
homem. Agora é importante termos a certeza — a fim de formar uma
verdadeira concepção de adoração — de sabermos o que o homem é.
Entretanto, como se pode saber o que o homem é, a menos que se saiba o que
Deus é? A natureza do homem e, portanto, a natureza da verdadeira religião e
verdadeira adoração — na medida em que é determinada pela natureza do
homem — é determinada pela natureza de Deus.
Portanto, quando falamos da imagem de Deus no segundo sentido do
termo, a saber, a imagem de Deus no homem, temos o segundo e também
secundário fator determinante da composição da religião e da adoração. Pela
imagem de Deus no homem, não estou me referindo à ideia de Deus que o
homem pode ter formado, por si mesmo. Não é a “minha ideia minha de
Deus”, mas “a ideia de Deus a meu respeito” o que aqui é referido. Isto é,
devemos saber a composição do homem, como ele foi formado de Deus.
Como tal, podemos distinguir entre a imagem de Deus no homem, no mais
amplo e no sentido estrito do termo. Por imagem de Deus no homem, no
sentido mais amplo se entende que o homem, pelo fato de haver sido criado
por Deus, o Espírito, tem um espírito como personalidade absoluta, uma
autoconsciência e uma personalidade finita autodeterminando-se. Por imagem
de Deus no sentido mais restrito pretende-se que originalmente o homem era
eticamente perfeito, que ele possuía verdadeiro conhecimento, justiça e
santidade (Colossenses 3:10; Efésios 4:24).
A partir destes dois fatores determinantes: Deus como um Espírito,
imortal, invisível e o homem que como um espírito finito e eticamente
perfeito expressa-se através de seu corpo, podemos verificar os princípios da
verdadeira adoração.
A adoração deve ser espiritual. Isso decorre da espiritualidade de Deus.
Qualquer adoração deve ser fixada em Deus como Espírito. Ele nunca pode
ser pensado como representado por coisas materiais ou sensuais. Isso seria
nivelar o Criador ao nível da criatura. Esta espiritualidade na adoração
também está implícita na composição do homem. Este também é, antes de
tudo, espiritual. Entretanto, verdade é que seu corpo é uma parte essencial de
sua personalidade finita. Disto se segue que o homem pode e até deve dar
expressão externa ao culto de seu espírito. Mas essa expressão externa não
reduz a espiritualidade de culto se o que é externo é usado apenas como um
meio para o interno. A adoração se torna não-espiritual ou sensual, se (a)
Deus é pensado sensualmente e (b) se o homem usa o externo como um fim e
não como um meio.
Em segundo lugar, a adoração deve ser regulada por Deus. Isto está
implícito no fato de que Deus é o Espírito absoluto e o homem, a
personalidade finita. A adoração naturalmente não pode deixar de ser baseada
na revelação. Não estamos aqui falando da Bíblia. O homem original
respirava na revelação de Deus e estava perfeitamente sem qualquer
necessidade de revelação especial. Segue-se que se o homem privou-se a si
mesmo desta verdadeira revelação, ele não pode mais saber como regular o
seu culto a Deus, a menos que Deus mais uma vez venha a ele em revelação
especial. Depois do advento do pecado, é imperativo sobre o homem ter seu
culto direcionado de acordo com as instruções da revelação especial, sob
qualquer forma que possa vir. A história de Mica no Antigo Testamento nos
fornece uma ilustração interessante neste assunto. Mica pensou, em senso
comum, que deveria se opor à regulação do Senhor, que todos os israelitas
deviam vir ao lugar central de adoração em épocas determinadas. Assim
sendo, ele fez o seu próprio pequeno santuário e estabeleceu seu próprio
sacerdote, com o resultado disto ele fracassou por sua desobediência. O
princípio envolvido deve ser enfatizado hoje, quando as pregações via rádio e
nos automóveis, mais uma vez parecem usar o “senso comum” contra o
regulamento de Deus de que não devemos negligenciar a nossa congregação.
É claro que a questão da regulação do culto não se limita ao local de reunião,
mas envolve muito mais.
Em terceiro lugar, o local de adoração de culto deve ser mediado. Como
o primeiro princípio foi derivado, pelo menos em parte, a partir de
considerações metafísicas, isto é, a partir da composição do homem como
uma criatura, semelhantemente este terceiro princípio é derivado de
considerações éticas, isto é, a perda do homem da imagem de Deus no
sentido mais restrito. Quando o homem era eticamente perfeito, ele podia
olhar imediatamente para Deus. Visto que o homem, em sentido estrito,
perdeu a imagem de Deus, ele não pode mais vir a Deus a não ser através de
um mediador. “Ninguém vem ao Pai, senão por mim” [João 14:6]. Em Cristo,
Deus restaura a Sua imagem ao homem. “E vos revistais do novo homem,
que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4:24).
“E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou” [Colossenses 3:10]. Agora, na medida em que
somente em Cristo a imagem de Deus, no sentido mais restrito, é restaurada
ao homem, ninguém pode realmente adorar a Deus exceto por meio de
Cristo. Mesmo durante a dispensação do Antigo Testamento isso era verdade.
Mesmo então, o culto teve que ser mediado através do sacerdote com suas
vestes sacerdotais e o tabernáculo que em conjunto prefiguravam a Cristo.
Mais diretamente, desde a encarnação, a adoração é em primeiro lugar a
comunhão entre a Igreja, ou seja, o corpo de Cristo, e o próprio Cristo como
Sua cabeça.
3. O que é proibido
O que é proibido é, naturalmente, qualquer forma de transgressão ou
negligência de qualquer um ou de todos os princípios da verdadeira adoração
enumerados. E se qualquer um destes princípios é ignorado, todos eles o são.
Qualquer adoração carnal e sensual é diretamente uma violação do princípio
da espiritualidade na adoração, torna-se imediatamente um culto de nossa
própria vontade. Outrossim, qualquer forma de adoração baseada em nossa
própria vontade tende, de forma evidente e imediata, a se tornar sensual.
Finalmente qualquer adoração não-mediada é, ipso facto, baseada em nossa
própria vontade e também tende a tornar-se sensual.
Pode ainda ser observado que o princípio da espiritualidade na adoração
foi mais grosseiramente violado em épocas passadas do que acontece hoje em
dia. Era natural que o homem, tendo uma vez se apartado de Deus, devesse
ainda sentir a necessidade de um deus, e que em fases passadas da história ele
viesse a tentar incorporar sua ideia de Deus em formas sensuais.
Primeiramente, ele fez seu deus à imagem de animais, porque ele ainda não
havia se atrevido a colocar-se como Deus. Israel estava em constante perigo
de ceder a esta tendência pecaminosa. Consequentemente, quando Deus foi
reestabelecer a verdadeira adoração de Deus no mundo, através de Israel, era
necessário dar um aviso especial contra a adoração sensual. Em
Deuteronômio 4:15ss Deus conecta a ideia da verdadeira adoração com Sua
própria espiritualidade: “Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois
nenhuma figura vistes no dia em que o Senhor, em Horebe, falou convosco
do meio do fogo para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem
esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher...”.
A imagem de Deus, pode a princípio, ter sido usada como um símbolo
para representar a Deus, a fim de ajudar o homem a adorar a Deus. É assim
que a Igreja Romana persiste em querer usar tais imagens. Todavia, a
Escritura não pode tolerar tal sabedoria do homem. Deus sabe melhor do que
o homem o melhor caminho para o homem adorá-lO. Além disso, a imagem
como símbolo torna-se prontamente a imagem como fetiche pelo que Deus é
identificado com a imagem e a imagem é substituída por Deus. Desta forma,
uma transgressão do Segundo Mandamento leva prontamente a uma
transgressão do Primeiro Mandamento.
A forma moderna de transgressão do primeiro princípio da verdadeira
adoração, muitas vezes assume a forma de um hiper-espiritualismo. A ênfase
do modernismo em “valores espirituais” é uma boa indicação da falta da
verdadeira espiritualidade. Podemos ver este exemplo na visão que o
modernismo tem a respeito dos sacramentos. Estes sacramentos têm sido tão
vazios em sua acepção a ponto de significar não mais do que símbolos vagos
de uma realidade ainda mais vaga. A ressurreição corporal de Cristo é
sacrificada para sua “ressurreição espiritual” e, portanto, estamos procurando
“comunhão espiritual” com o “espírito de Cristo”. Isto ataca a raiz do
verdadeiro culto de adoração, uma vez que lida com a expressão externa da
religião. O modernismo é tão não-espiritual em seu culto como o era a forma
mais baixa de cultos a animais.
O segundo princípio da verdadeira adoração, que deve ser regulada por
Deus, foi violado ao longo dos tempos, não tanto através de um desejo
expresso de autorregulação como através de uma negligência factual da
verdadeira revelação de Deus. Desnecessário será dizer que as nações pagãs
não consultam a verdadeira revelação de Deus, a fim de estabelecer os seus
princípios de adoração. Mas o ponto não é tão óbvio e, ainda assim, verdade é
que em muitas igrejas Cristãs muito pouca atenção é dada à Escritura na hora
de determinar sobre quais princípios e práticas de culto serão adotados. O
senso comum é que é determinante, em lugar das Escrituras. O que parece
útil do ponto de vista da popularidade, muitas vezes tem mais peso do que o
que é realmente ensinado nas Escrituras. No recente argumento sobre o lugar
da mulher na adoração não foi tanto uma diferença de interpretação da
Escritura que prevaleceu quanto a diferença entre aqueles que realmente
consultam a Escritura como autoritativas e aqueles que consideram as
necessidades do século XX como autoritativas. Segundo a visão ortodoxa, o
que a Escritura ensina será, afinal de contas, melhor para o século XX não se
importando com o que o próprio século XX pode pensar a respeito disso no
presente. A autorregulação prenuncia a morte de qualquer igreja. Lembre-se
de Mica.
O terceiro princípio da verdadeira adoração, ou seja, o da mediação, é
violado por todos esses movimentos que retiram ou minimizam a
centralidade objetiva da posição redentora de Cristo como o novo e vivo
caminho para Deus. Mais uma vez nos deparamos com várias formas de
transgressão. Podemos observar algumas das mais comuns:
Em primeiro lugar cabe dizer novamente que todas as nações que não
possuem a verdadeira revelação de Deus em Cristo procuram entrar na
presença de Deus, na medida em que eles realmente procuram vir à Sua
presença, de maneiras independentes de Cristo. O homem pecador não pode
ver nenhuma razão pela qual ele não seja, em si mesmo, bom o suficiente
para apresentar a sua oferta a Deus. O homem pecador se ofende com a
sugestão de que ele precisa de um mediador, como Cristo demanda ser.
Do nosso próprio meio, vêm as várias correntes místicas de pensamento
que têm tido mais ou menos contato com a igreja ao longo dos séculos. Agora
existe uma forma muito sólida e bíblica do misticismo. Este misticismo
atribui-se, tanto quanto possível, à revelação de Deus em Cristo na Escritura e
por isso procura se apropriar emocionalmente da alegria do crente e da glória
de Deus, tanto quanto pode na revelação de Deus. Ao lado da, ou como
substitutos para este verdadeiro misticismo, já houve um falso misticismo que
nega a revelação da necessidade da mediação e funciona independentemente
dela. Pode até haver um hiper-espiritualismo que nega totalmente o uso ou a
necessidade da expressão externa da religião por detrás deste misticismo.
Este misticismo que por si mesmo é falso, quando de algum modo é posto em
contato com a revelação em Cristo consiste em uma tentativa de elevar-se a si
mesmo à uma teoria das faculdades. Ele afirma ter uma escadaria particular
para o grande trono branco.
1. Observações
Para a correta compreensão do Terceiro Mandamento é necessário, antes
de tudo, compreender o que as Escrituras, em geral, querem dizer com um
“nome”. Chegamos a pensar em nomes como marcas convenientes usadas
para fins de identificação. Mas isso é na melhor das hipóteses um uso
subordinado de um nome. No “reino dos céus” cada nome é uma expressão
significativa da essência dos vários membros. Podemos até mesmo ampliar
esta ideia. Em um teísmo bíblico cada membro pode ter um significado
porque a adesão a um sistema teísta implica relação com Deus. Por outro
lado, em “sistemas” antiteístas nenhum nome pode ter mais do que uma
marca de identificação, uma vez que não existe um sistema no qual podemos
ser membros. Mesmo a marca de identificação é uma importação teísta, já
que em um nativo antiteísmo não há nada, senão pluralidades alheias entre si,
em que ninguém pode significar nada para ninguém.
Agora, uma vez que através da redenção o teísmo é restaurado
esperamos achar que haverá alguma indicação do significado de nomes. O
“nome” de Cristo restaura o centro da unidade. Ele re-liga o homem a Deus,
que é o centro e a fonte de toda a predicação significativa. Assim, o homem
está habilitado a ter um nome real novamente.
Novamente, uma vez que na dispensação do Antigo Testamento temos
uma expressão mais exterior do princípio da redenção do que no Novo
Testamento, esperamos que nomes do Antigo Testamento sejam mudados
mais frequentemente à medida que eles são postos em relação com a
promessa do que acontece no Novo Testamento. Especialmente àqueles que
ocupam um lugar de importância estratégica no processo da redenção serão
dados nomes que se encaixam à sua posição. Tais nomes podem ser dados no
momento em que os destinatários são elevados para uma posição mais
elevada na nação redimida, como no caso de Jacó, que é mudado para Israel.
Outrossim, o nome pode ser dado quando pela primeira vez alguém recebe
formalmente uma posição de importância como quando Abrão e Sarai são
mudados para Abraão e Sara. Novamente tal nome pode ser dado de acordo
com a direção de Deus no nascimento ou mesmo antes do nascimento, como
foi o caso do nome que estava acima de todo nome.
Não é de admirar, então, que o “nome” seja de grande importância. Os
apóstolos fizeram milagres em nome de Jesus, e batizaram os homens em
nome do Triuno Deus.
Mas se este for o caso, o nome de Jesus ou o nome de Deus deve ser
mais do que “a minha ideia sobre Deus”. Assim vemos que nas Escrituras
Deus diz ao Seu povo o que o Seu nome é e como Ele quer que eles o usem.
O nome Yahwéh não é dado a Deus pelo povo, mas por Deus para Si mesmo.
O nome de Deus representa Sua personalidade. Isso significa algo
diferente para o Seu povo do que para aqueles que não são o Seu povo. O
nome de João por exemplo pode significar muito para sua esposa enquanto
que para um estranho pode significar pouco ou nada. Então, o povo de Deus
conhece o nome Yahwéh, porque eles são conhecidos, ou seja, amados por
Ele. Deus revelou Seu propósito gracioso para o Seu povo em Seu nome.
Yahwéh significa aquele que será fiel para consumar Suas promessas de
redenção para os Seus próprios. Assim, quando Deus em Cristo Se revelou a
você, e você recebeu a plena posse desta revelação, você expressa tudo isso,
invocando por seu Deus numa relação de aliança, Yahwéh.
3. O que é proibido
O que é proibido é naturalmente a negligência ou uma oposição aberta à
revelação de Deus. Podemos omitir uma discussão completa sobre este ponto,
simplesmente apontando que a negligência da e oposição à revelação de Deus
irá, naturalmente, revelar-se em uma negligência de e oposição a qualquer
tentativa de conhecer e confessar o nome do Senhor. Nós já sugerimos várias
formas de transgressão, a fim de deixar claro o que foi ordenado. No entanto,
pode ser de alguma utilidade enumerar algumas formas mais específicas do
espírito geral da oposição à revelação de Deus.
Como a primeira destas, podemos citar novamente as nações pagãs. Sua
“busca da verdade” não é algo tão inocente como ela é muitas vezes
apresentada ser. O paganismo é uma deflexão de um teísmo original, ou em si
o teísmo não é verdade. O paganismo é antiteísta. Se ele procura a verdade,
pesquisando no universo à parte de Deus.
Em segundo lugar, nós podemos mencionar cada movimento no
pensamento que aparece no meio de uma civilização “Cristã” e ainda não
realmente contemplar a revelação de Deus. É claro que todo o pensamento
civilizado tem, em certo sentido especulado sobre o fenômeno do
Cristianismo. Mas a implicação da cruz de Cristo é que a própria essência da
personalidade humana é corrupta. Portanto, se o Cristianismo for levado a
sério em absoluto, aqueles que o aceitam devem levar “seus pensamentos
cativos à obediência de Cristo”. Assim uma ciência ou filosofia que procura
interpretar a natureza da realidade em toda a independência da Escritura é
ipso facto não-Cristã. Não que gostaríamos de pedir a Einstein que fosse
diretamente à Bíblia. Ele lida, obviamente, com os fatos da natureza. Mas
quando ele conclui a partir dos fatos da natureza que não pode haver Deus
absoluto, ele não somente é não-Cristão, mas não-científico. Ele assumiu a
existência independente dos “fatos” desde o início e com isso assumiu a não-
existência de Deus. Depois disso era desnecessário e impossível provar algo
sobre Deus. Assim, descobrimos que a chamada abordagem “neutra” na
ciência ou filosofia é, na realidade, uma abordagem negativa, tanto quanto a
revelação de Deus está em causa e, como tal, é condenada pelo Terceiro
Mandamento.
[...]
O Espiritismo apresenta um fenômeno que é mais difícil de explicar.
Mesmo que nós o consideremos como repleto de fraudes, e como um controle
incrementado dos poderes da natureza, continua sendo difícil excluir os
poderes do mal como fonte de explicação. Como Cristãos, acreditamos na
existência real do Diabo. Acreditamos, ainda, que ele tem um grande talento.
O nosso grande conforto com respeito a Satanás é que ele está totalmente sob
o controle de Deus. Por isso, se obedecermos a revelação de Deus não
precisamos temer nenhum Diabo.
Deve-se observar que, mesmo se o poder satânico, não for realmente
operativo através de um determinado médium, o próprio médium afirma
comunicar-se com o “outro mundo”. Além disso aqueles que vão ao médium
esperam obter através dele uma revelação do outro mundo. Estas
considerações são suficientes por si só para os Cristãos, para evitar o
Espiritismo. Para o Cristão deve ser uma abominação sequer tentar ir a outro
lugar além de a Deus para a sabedoria que ele precisa. Se ele vai para outros
lugares, ele reduziu Deus ao nível de um mago. “À lei e ao testemunho! Se
eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Isaías
8:20).
Na Teosofia, uma falsa filosofia antiteísta combina-se com o ocultismo,
a fim de levar o povo de Deus ao erro. Em 1877, Henry Olcott e Madame
Blavatsky publicaram “The Isis Unveiled” [A Ísis Sem Véu]. Agora, Madame
Blavatsky tinha viajado ao Tibete, onde ela esteve em contato com os sábios
do Oriente. isso, sem dúvida, explica o panteísmo ateísta da teosofia. O
panteísmo dos Vedas reside aparente em sua doutrina de Brahma. Brahma é o
princípio eterno de todo o ser. Agora, a alma humana está em sua
profundidade íntima idêntica com este Brahma, e por isso é divina. Da
mesma forma a doutrina de Deus da teosofia é a de um princípio impessoal
falado pelo pronome neutro “isso”. O mundo é um sopro disso, e o homem
como uma parte do mundo, segue no caminho de rarefação e condensação a
partir de e para “isso”. Não é de maravilhar-se que sobre um tal fundamento
não seja necessária nenhuma revelação salvífica de Deus. Não é a existência
do mal, mas o mal da existência que perturba a mística oriental.
Não é de admirar que estas seitas orientais estão encontrando entrada
pronta nas terras ocidentais. Elas encontram o solo preparado para elas.
Radhakrishman, em seu livro, “The Reign of Religion in Contemporary
Philosophy” [O Reino da Religião na Filosofia Contemporânea], aponta que a
filosofia idealista é muito semelhante às filosofias orientais. Ambas mantêm a
autossuficiência do homem. Não precisa de revelação. Não é tanto uma
sociedade ímpar de teosofia que a igreja precisa temer como o espírito
teosófico do modernismo dentro da igreja. O inimigo está dentro dos portões.
O uso de lançar sorte apresenta um problema diferente novamente. O
mundo não pode realmente falar do uso de sorte. Uma pessoa descuidada
pode tomar alguma decisão importante, através do estabelecimento de um
determinado sinal. Quando ela faz isso, está apelando para um destino ou
acaso. Quando mais científico, ele pode usar a lei das médias, como as
companhias de seguros de vida fazem. Agora, essa utilização seria
perfeitamente legítima se fosse reconhecida que não são mais do que formas
da providência de Deus, mas quando isso é esquecido — como quando
acontece que algum computador nos diz quantos seres humanos podem,
eventualmente, nascer de acordo com a lei das chances —, tal uso se torna
antiteísta.
Mas, e sobre o uso de lançar sortes pelo Cristão? Parece que a primeira
condição de qualquer uso correto de sorte seria o reconhecimento da verdade
de Provérbios 16:33: “A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede
toda a determinação”. Este é o reconhecimento da providência de Deus.
Agora esse reconhecimento de uma só vez coloca Deus, em vez da chance,
por detrás da sorte. Por conseguinte, parece também diminuir a ocasião para a
utilização de sorte. A genuína confiança na providência de Deus
normalmente é suficiente para o Cristão.
Então, além disso, a vida do Cristão deve ser guiada mais diretamente
pela revelação especial de Deus. Esta revelação especial contém princípios de
orientação. É o Cristão deve procurar entender estes princípios.
Normalmente, um claro entendimento destes princípios salvará de muitas
perplexidades. Nós geralmente estamos em dúvida quanto ao que fazer, não
porque não há nenhuma orientação, mas porque não conseguimos observá-la.
Se, então, em tal caso, procurarmos uma pessoal dispensação da revelação de
Deus, isso seria desonrar a Deus, e não poderíamos esperar obter nenhuma
resposta.
Deve ser notado ainda que, como Cristãos, nós temos a revelação
especial de Deus concluída. Consequentemente, descobrimos que duas
formas de uso de sorte que eram comuns na dispensação do Antigo
Testamento não são mencionadas no Novo Testamento. A primeira é a sorte
de previsão (Sors divinatoria); o Urim e o Tumim eram muitas vezes, e isso
legitimamente, usados para determinar qual seria o resultado de um curso de
ação (Números 27:21; Êxodo 28:30). A segunda é a sorte de consulta (Sors
consultatoria, em Josué temos o caso de Acã ou em Levítico 16:8, os dois
bodes). Os moralistas Cristãos geralmente consideram estas duas formas de
usar a sorte como pertencentes à dispensação de sombras ou como
estabelecidas por razões pedagógicas.
Resta ainda, então, a sorte de divisão (Sors divisoria) usada no Antigo
Testamento na divisão de Canaã. Esta forma, se usada sobre a base do
reconhecimento da providência de Deus e segundo os princípios da revelação
de Deus tendo sido consultadas com oração, podem ser usadas pelos Cristãos
de acordo com a maioria dos moralistas Cristãos. Esta é, então, uma oração
mais solene para um testemunho de Deus com relação a alternativas possíveis
a fim de resolver uma diferença de julgamento.
O juramento é amiúde considerado como sendo a principal forma de
transgressão do Terceiro Mandamento. A profanação pública, naturalmente,
um mau uso grosseiro da natureza de Yahwéh. Isso reduz esse nome tão
cheio de santidade a um palavrão vazio. Assim também qualquer uso leviano
do nome é desonroso a Deus.
Mas a questão agora surge é se os Cristãos podem alguma vez usar o
nome de Deus de modo que, assim, deem testemunho da veracidade de suas
declarações. Muitos disseram que isso é ilícito por si. A fim de verificar se
esta afirmação é bíblica é preciso primeiro discutir o que se entende por
juramento.
Ora, o juramento é a tentativa do homem de trazer as suas declarações à
presença imediata de Deus, a fim de testificar a sua verdade. Enquanto não
havia pecado no mundo não havia nenhuma ocasião de usar o juramento.
Adão estava constantemente consciente da presença imediata de Deus. Mas,
por causa do pecado, o homem pensa que Deus está mui longe. Parece ao
pecador que ele lida com Deus somente em ocasiões especiais. Por isso, se
houver necessidade especial de veracidade, o homem coloca-se logo diante
do julgamento de Deus admitindo que a ameaçada punição de Deus pode
justamente descer sobre ele se ele não tiver falado a verdade.
Agora, encontramos que Deus tem condescendido com as necessidades
do pecador tanto quanto ao uso do juramento. Deste juramento Yahwéh
duplamente assegurou que as promessas de Deus devem ser cumpridas. “E
disse: Por mim mesmo jurei diz o Senhor, pois por teres feito isso e não me
negaste o teu filho, o teu único filho...” (Gênesis 22:6). Em Hebreus 6:17 é
feita uma referência a isso a fim de nos dizer que o Senhor propositalmente
usou o juramento para confirmar o Seu pacto (Hebreus 6:17). O apóstolo
[14]
compara esse ato de Deus com atos similares dos homens (Salmos 95:11;
110:4).
O crente ortodoxo está, de uma vez, sob a suspeita de não ter nenhum
amor real e nem um espírito Cristão em seu coração, se ele sustenta o
possível dever da imprecação. Sua “Consciência” é uma do tipo modernista e
não realmente Cristã. Mas isso de uma vez levanta a questão de saber que
consciência é realmente a “consciência Cristã”, a do modernista ou a do
crente ortodoxo. Agora, a “consciência Cristã” do modernista em nenhum
caso hesita em modificar o Antigo Testamento, nem mesmo as palavras dos
Apóstolos, nem — se considerar necessário — as palavras de Cristo. Por
conseguinte, não considera que o mal e o pecado são tão grandes que
requerem um poder realmente autorizado para a sua eliminação. A
experiência é tomada como o ponto de partida e teste de toda a verdade. Mas
com essa atitude o modernismo tem perdido o nome de Cristão, desde que
Cristo e os Apóstolos claramente reivindicam autoridade absoluta. Com esta
posição, o modernismo também desistiu do teísmo, uma vez que o teísmo
implica o controle absoluto de Deus sobre o mal, cujo controle é destruído
caso o Cristianismo não seja absoluto.
Como crentes Cristãos nós não nos desculpamos por considerarmos o
Antigo e o Novo Testamentos como autoritativo no assunto. Especialmente
neste ponto é necessário manter a harmonia essencial de seu ensino. Há uma
certa plausibilidade sobre o argumento de que o Antigo Testamento admitia a
imprecação enquanto o Novo Testamento definitivamente a exclui. As
palavras de Jesus no Sermão do Monte, parecem ser contrastadas por Ele com
o Antigo Testamento. No entanto, este não é o caso. Jesus em nenhum lugar
contradiz o espírito do Antigo Testamento. Ele somente rejeita aqueles que
interpretaram mal o Antigo Testamento. Jesus, é claro, admite uma diferença
de dispensações. Ele afirma mesmo que Deus atenuou temporariamente o
absolutismo de Suas demandas por causa da dureza dos corações dos crentes
do Antigo Testamento. Mas tudo isso não afeta de modo algum a unidade do
princípio entre os dois Testamentos. Além disso, pode haver uma grande
diferença na forma de manifestação por parte da experiência do crente.
Devido ao externalismo da dispensação anterior, Deus pôde exigir de Seu
povo que eles matassem os inimigos do Senhor. Devido ao maior
internalismo da dispensação do Novo Testamento Deus não ordenará uma
coisa dessas. Matar um inimigo de Deus, mesmo partindo do ponto de que o
Cristão estivesse certo de quem era o verdadeiro inimigo de Deus, seria um
pecado na presente dispensação. Mas, novamente, tudo isso não afeta
minimamente a unidade de princípios entre os dois Testamentos. Ou, o que é
o maior mal que pode acontecer a um inimigo de Deus, ser corporalmente
morto ou ser lançado na escuridão eternada qual Jesus tanto fala? Jesus nos
diz repetidas vezes que aqueles que não amam a Deus serão excluídos da vida
eterna. Em seguida, Ele Se identifica com Deus e diz que aqueles que não O
desejam como rei, não amam a Deus e devem, portanto, ser separados de
Deus. Ora, Ele espera que os Seus próprios devam amar a Deus e a Ele com
todo o seu coração. E se o fizerem, devem ter a mesma atitude para com os
ímpios que Deus e Cristo têm para com os ímpios. Assim, nós encontramos
que somente o mais espiritual dos filhos de Deus, o mais completamente
preenchido com o amor de Deus, se atreveu a imitar a Deus e a Cristo
totalmente, pronunciando ódio contra os inimigos de Deus. “Não odeio eu, ó
SENHOR, aqueles que te odeiam?” [Salmo 119:21]. A falta de verdadeira
espiritualidade é que não consegue entender o elemento imprecatório nas
Escrituras. A hiper-espiritualidade do modernismo é um bom exemplo da
flexibilidade espiritual dos nossos dias. O modernismo é tão “amável” que
ele amaria o próprio Diabo. O modernismo tanto amou o Diabo que o
colocou para fora da existência. Não pode haver, ele pensa, ninguém tão mal;
o “Diabo” é apenas um símbolo do mal.
1. Observações
O Quarto e o Quinto Mandamentos têm um caráter religioso-ético e,
como tal, formam uma transição entre a Primeira e a Segunda tábuas da lei. O
Sabath e a obediência aos pais são de grande importância para a verdadeira
religião e também para a verdadeira moralidade.
Em segundo lugar, descobrimos que o Quarto Mandamento é o único
que não encontra ao menos alguma resposta espontânea no coração do
pecador. Achamos pouquíssimo traço de uma semana em sete dias entre os
povos fora do âmbito da revelação especial. Os Babilônios e os Assírios
tinham uma semana de sete dias, mas é significativo que o “Sabatu” dos
Babilônios era considerado um “dies ater”, ou seja, um dia sombrio. É
verdade, o dia é chamado de “um nuh libbi”, ou seja, um dia de descanso para
o coração, mas Delitzsch interpretou isso como referindo-se aos deuses, ou
seja, era um dia em que os corações dos deuses tinham que ser colocados em
repouso por meio de sacrifício.
É esta circunstância que levou muitos intérpretes a encontrarem no
Sabath exclusivamente uma ordenança da teocracia e não uma ordenança
para a humanidade em geral. Por isso, é importante olhar para esta questão da
origem do Sabath, antes de tudo. Mesmo se nos limitarmos ao Domingo
Cristão a questão da origem ainda é importante uma vez que é, então, parte da
questão maior saber se o Cristianismo está introduzindo algo inteiramente
novo ou se ele está restaurando uma ordenança da Criação.
Alguns têm defendido que o Sabath foi instituído pela primeira vez no
deserto do Sim (Êxodo 16:22-30). Mas toda a história como aqui relatada
pressupõe um conhecimento do Sabath. “Até quando recusareis guardar os
meus mandamentos e as minhas leis?” [Êxodo 16:28]. Isto aponta para uma
lei conhecida anteriormente. Em segundo lugar, as pessoas parecem reunir
uma porção dupla de maná sem que seja dito. Em terceiro lugar, quando
alguns desejam procurar o maná no Sabath, Moisés fica irado com deles
porque ele sugere que eles deveriam ter conhecido melhor. Assim, o
conhecimento do Sabath é muito mais anterior às ordenanças específicas
dadas para o Sabath judaico.
Assim, de acordo com isso, podemos citar ainda (a) o fato mencionado
acima que os babilônios já tinham um Sabath muito anterior ao exílio, (b) a
evidência positiva encontrada em Êxodo 20:8: “Lembra-te”, mas
especialmente em Êxodo 20:11: “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e
a terra” (Êxodo 20:8, 11). Esta última afirmação parece apontar para Gênesis
2:3-4: “E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou
no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia
sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus
criara e fizera”. Em Êxodo 31:17 ainda diz que Deus “restaurou-se”.
2. O que é Comandado
O Sabath da Criação
Se, então, o Sabath é uma ordenança da criação, isto por si só lança luz
sobre o modo de observância do Sabath. O homem como uma criatura deve
imitar a Deus, seu Criador. Isso é regra geral e aplica-se ao Sabath também.
O próprio Deus não deixou de trabalhar por completo,2 mas deixou o
trabalho específico da criação. Ele Se voltou para o gozo e a bênção do que
Ele havia criado.
Se isso fosse sempre cuidadosamente observado dois extremos teriam
sido evitados. Há o extremo do legalismo que superestima o exterior, fazendo
dele um fim em vez de um meio. Contra esse extremo legalista, é bom
lembrar que o homem — porque ele consiste de corpo bem como de alma —
é certamente chamado a dar expressão exterior de sua religião, contudo, a
relação interna do homem com Deus é sempre a mais importante. A tentação
para o legalismo sempre foi grande desde que o pecador atribui motivos
falsos para seus próprios atos. Ele pensa muito facilmente que se ele fizer
apenas o que parece externamente ser a coisa certa a fazer, aquela relação
interna é de menor importância. Por outro lado, há o extremo de um hiper-
espiritualismo que deprecia o valor do exterior completamente. Este hiper-
espiritualismo pensa que tem a autoridade de Paulo ao seu lado quando ele
afirma que todos os dias são iguais e é preciso apenas guardar o Sabath em
nossos corações. A tentação em direção a esse hiper-espiritualismo é maior
agora do que nunca antes, desde que uma civilização superior, mas não-
Cristã, sempre troca a qualidade ética da espiritualidade pelo status
metafísico mais elevado do espírito sobre a matéria. O Modernismo tem aqui
adotado, como em outros lugares, o princípio pagão em vez do princípio
Cristão, substituindo um status metafísico mais elevado por um contraste
ético.
Originalmente não havia nenhuma razão para tais extremos. O homem
de Deus era equilibrado. Como um profeta, ele via e enfatizava o interior;
como sacerdote, ele trabalhava e destacava o exterior; e como um rei, ele
mantinha os dois em equilíbrio. Desde a entrada do pecado, os homens
tentam ser ou profetas ou sacerdotes e, portanto, não têm sucesso em ser
nenhum dos dois.
O Sabath Redentivo
Nós agora vimos que, para uma compreensão correta do Sabath,
devemos vê-lo antes de tudo como uma ordenação da criação. Isso é
fundamental. A redenção intenciona restaurar a criação. Portanto, nenhuma
ordenança da redenção pode ser entendida corretamente, a menos que esteja
relacionada com a sua equivalente ordenação da criação. Por outro lado, a
redenção também é suplementar à criação. Por isso, é bem possível que haja
uma ênfase especial no sentido redentor de várias ordenanças dadas por
Deus. Agora, nas razões dadas a Israel porque o Sabath deveria ser
observado, menção é feita não somente para imitar o exemplo de Deus
(ordenação de criação), mas também sobre a libertação de Israel da casa da
escravidão do Egito. “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e
que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso
o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado”
(Deuteronômio 5:15). Isso introduz o elemento de redenção na medida em
que a libertação do Egito é a primeira expressão típica completa de todo o
processo de redenção do homem. Como consequência, a verdadeira
observância do Sabath sempre será caracterizada por referências à obra
redentora que se centra em Cristo. Consequentemente, apenas aqueles que
estão em Cristo, ou seja, os crentes da Antiga e da Nova dispensação, podem
realmente observar a ordenança da criação de Deus. Aqui, como em outros
lugares, o verdadeiro Cristianismo é o teísmo vindo a si mesmo. Para que o
homem realmente imite a Deus, ele deve estar em vivo contato com Deus.
Assim, o pecador deve reflexivamente virar para o Paraíso passado e
prolepticamente ao Paraíso recuperado, a fim de ver como o Sabath deve ser
celebrado. E isso o pecador pode e fará apenas se ele estiver unido a Cristo.
Daí o Sabath também é chamado de sinal entre Yahwéh e Seu povo. Seu
povo deve observar o Sabath “por aliança perpétua” (Êxodo 31:16).
O Sabath Judaico
Tendo primeiro estudado o Sabath como uma ordenação da criação e,
logo após conectá-lo com o princípio de redenção, em geral, agora nos
voltamos para as várias formas de observância do Sabath. Nós esperamos que
deva haver fases sob a forma de observância do Sabath, porque existem fases
sob a forma do próprio princípio da redenção. Além disso, também
esperamos que — desde que o próprio Cristo é o centro de todo o processo da
redenção — isso mude o modo como a observância do Sabath terá lugar em
conformidade com as mudanças da revelação de Cristo de Si mesmo para o
Seu povo.
Quanto ao Sabath judaico, nós conformemente esperamos que haja uma
forte ênfase sobre a observância exterior das ordenanças do Sabath. Havia
muitas ordenanças a respeito de exatamente como o Sabath deveria ser
observado. Agora, esta ênfase no exterior não é, como vimos, contra as
ordenações da criação, como tal, ainda assim, há muito mais ênfase no
exterior neste estado precoce da redenção do que havia na ordenação de
criação. A razão para isso é, sem dúvida, pedagógica. A redenção entrou a
princípio num momento em que a raça humana na presunção de sua
juventude rebelou-se contra o Criador. Devia, portanto, ser domada com
freios e rédeas. O poder de discernimento espiritual — mesmo quando aqui
em princípio — era tão pequeno e objetivo que a revelação se ajustou em
conformidade.
Em consonância com uma ênfase no exterior, encontramos uma igual
ênfase no negativo. Os pais mais frequentemente dizem “não” às crianças do
que “façam isso”, porque a perversidade de uma criança manifesta-se
diretamente em uma direção destrutiva.
Havia, portanto, um perigo muito grande de tendência ao legalismo nesta
fase inicial. Moisés diz aos filhos de Israel que eles não conseguiram ver o
objetivo final das relações religiosas em que eles estavam envolvidos. Ou
seja, eles não compreendiam que o sangue de touros e de bodes não tinham o
menor valor em si, mas apenas apontavam para o sangue do Calvário. No
entanto, as pessoas persistiam em pensar que se eles somente vivessem de
acordo com os preceitos da teocracia (e neste caso os preceitos com relação
ao Sabath), em um sentido exterior, tudo estaria bem. Quando esse processo
continuou e as pessoas, com o passar do tempo, em vez de obterem
conhecimento espiritual mais profundo fixaram os olhos cada vez mais sobre
o exterior, é que surgiu aquele estranho conglomerado de equívoca seriedade
moral e espiritual, que chamamos de farisaísmo.
Finalmente, há um ponto de importância específica a ser observado em
relação ao Sabath judaico. Ele é muitas vezes apresentado apenas como típico
do Sabath do Novo Testamento. No entanto, este não é o caso. O período do
Antigo Testamento é uma subdivisão de toda a história da redenção. Assim,
as características comuns de toda a história da redenção vêm à expressão
aqui. Ora, é uma característica comum de todo Sabath redentivo que seja uma
reminiscência do Sabath do Paraíso perdido e também que seja profético do
Paraíso restaurado. Conclui-se, então, que o Sabath judaico prenuncia,
mesmo que indiretamente, o Sabath eterno que resta para todo “o povo de
Deus”. A diferença entre o Sabath do Antigo e Novo Testamentos a este
respeito é que o Sabath do Antigo Testamento prefigura ambos, o Novo
Testamento e Sabath eterno, enquanto o Novo Testamento prenuncia apenas
o Sabath eterno. Além disso, o elemento típico, por ser mais abundante e por
que aparece numa fase mais precoce da revelação, será expresso mais
exteriormente. E esses princípios nós encontraremos ser importantes para a
determinação do significado de Sabath do Novo Testamento também.
Jesus e o Sabath
Já observamos que desde que Cristo é o centro de todo o processo de
redenção, o modo de observância do Sabath, naturalmente, será determinado
por Seus atos e por Suas palavras.
1. Observações
Nós já falamos sobre a promessa e a ameaça como relacionadas com a
lei quando discutimos o Segundo Mandamento. A razão para observar isso
aqui é que Paulo nos diz em Efésios 6:3 que este Quinto Mandamento é “o
primeiro mandamento com promessa”. Se isso não conflitar com o fato de
que promessas e ameaças são vinculadas ao Segundo Mandamento, devemos
concluir que no Quinto Mandamento a promessa está ligada a esse
Mandamento particular, enquanto que no caso do Segundo a ameaça
prometida incluía toda a lei.
Quanto ao conteúdo da promessa, nós podemos observar que não pode
significar que cada indivíduo que honra seus pais viverá por muito tempo.
Nem isso é intencionado mesmo durante o tempo do Antigo Testamento. Se
assim fosse, os fatos teriam mostrado que a promessa é falsa muitas vezes.
Isso significa que a nação cujos cidadãos respeitam os pais e idosos, em
geral, pode esperar permanecer por longos dias.
2. O que é Comandado
Para entender O que é Comandado, nós devemos notar de imediato que o
Quinto Mandamento não se limita à vida familiar, mas envolve a questão
geral da autoridade onde quer que apareça. A família é a unidade a partir da
qual a sociedade é construída, e por esta razão é mencionada e não a
sociedade e o Estado. Mas isso não nos permitem concluir que as Escrituras
não nos fornecem nenhuma base para a ética social.
Mesmo se não tivéssemos mandamentos específicos no que diz respeito
à vida social ainda teríamos uma base para a ética social na doutrina bíblica
de Deus. É a doutrina teísta de Deus, conforme estabelecida na Bíblia que
fornece a base para toda a autoridade. Nós ousamos dizer que apenas sobre
essa base existe alguma autoridade entre os homens em qualquer lugar. Sem a
concepção teísta de Deus todas as leis da natureza e da moral que
apareceriam em um mero universo do acaso. Então, não há razão para que um
ser humano exerça qualquer autoridade sobre outro. O acidente de
circunstância favorável, maior força, capacidade superior etc., não são em si
nenhuma justificação para qualquer ser humano exercer autoridade sobre
qualquer outro. Por outro lado, isto é possível dada a concepção teísta Cristã
de um Deus que é Ele mesmo a fonte da lei e autoridade entre os homens. E
até mesmo a natureza da autoridade é assim estabelecida. Falamos muitas
vezes de autoridade moral. Por isso, queremos dizer que alguém tem pela
capacidade e esforço alcançado uma posição na sociedade que faz com que os
outros considerem a sua opinião como relevante. Então, um médico tem
autoridade. Mas não é isso que é devidamente entendido como autoridade.
Por autoridade, no sentido próprio do termo, intenciona-se que alguém, em
nome de Deus, deve requerer obediência de outros a certas leis de Deus.
Aqueles que exigem obediência são servos de Deus. Eles não têm autoridade
em si mesmos. Nem é a sua autoridade diretamente delegada a eles por outras
pessoas. Se for delegado a eles por outras pessoas é porque essas pessoas são
os próprios agentes adequados de Deus para delegar autoridade. Em qualquer
caso, toda a autoridade entre os homens é delegada aos homens por Deus.
Sempre que alguém deixa de reconhecer isso, ele usurpa a autoridade.
Se ele ainda é obedecido por outros, pode ser que esses outros olhem
para além dele, para Deus e o obedeçam por amor de Deus somente.
A. A Família
Com a concepção teísta geral sobre autoridade como um plano de fundo,
não nos admiraremos que a concepção Cristã de família seja bastante
diferente da concepção do não-Cristão. Não estamos agora discutindo o
casamento. Uma discussão sobre o casamento ocorre na exposição do Sétimo
Mandamento. Aqui nós somente falamos sobre autoridade. Mas, temos que
falar de autoridade na família em primeiro lugar e, portanto, da própria
família. Se a família tivesse se originado gradualmente à medida em que o
homem saiu do estágio não-moral da existência não poderia haver nenhuma
autoridade propriamente dita. Ou, aceito que houvesse uma aparência de
autoridade dos pais sobre os filhos, não haveria ao menos nenhuma razão em
absoluto para falar da autoridade do homem sobre a mulher. O feminismo
moderno está certo se o antiteísmo estiver certo. Que o homem é mais forte
do que mulher, etc., em si, não justifica a autoridade. No fundamento teísta,
não existe tal coisa como uma lei da natureza à parte de Deus. Paulo fala
sobre a natureza nos ensinando certas coisas, mas ele concebe as leis da
natureza como sendo expressivas da vontade do Deus da natureza.
B. Autoridade Social
Chegando agora à questão da autoridade na sociedade, nós incluímos no
termo sociedade todas as relações humanas que ocorrem para além da vida da
família. Mas, nós podemos dividir isso em três subdivisões: (a) a própria
sociedade, (b) o Estado, e (c) a Igreja. Agora, existem Cristãos que estão
prontos para admitir que há tal coisa como autoridade no Estado e na Igreja,
mas não veem que precisamos de autoridade, também na esfera da sociedade.
Que nós precisamos de autoridade na sociedade será facilmente
compreendido quando nós percebemos que toda a vida humana deve ser
regulada pelas leis de Deus. Onde quer que, então, as verdadeiras leis
aparecem, ou seja, leis que são realmente naturais e, portanto, criações de
Deus, elas têm autoridade em relação a nós.
Agora podemos imaginar por nós mesmos o que, mais ou menos, o
desenvolvimento da raça humana teria sido caso o pecado não tivesse entrado
no mundo. A vida em família seria expandida para a vida em grupo. Assim, a
organização teria se tornado mais e mais complexa. E neste organismo
complexo a unidade de propósito necessário para a tarefa comum de subjugar
o mundo exigiria um exercício expandido de autoridade. Assim, a autoridade
na sociedade seria algo natural.
Então, em uma má hora o homem não queria mais ser homem. Ele
queria ser como Deus. Já não amava a Deus. Fez de si mesmo, em vez de
Deus, o centro de referência daquilo que ele agora chamava de a sua busca
pela verdade. O Diabo tinha ensinado os homens a olhar para além de Deus,
pela verdade. Ele afirmou diante do homem a ilusão de que ele pode,
eventualmente, ser como Deus. Não havia possibilidades além Deus? O
homem deveria experimentar. Ele não vivia mais pelo ipse dixit de Deus. A
história deveria provar o que era verdade.
Qual foi o resultado? Fracasso e ruína. O homem tentou ser o que ele
não podia ser. Ele era uma criatura e não poderia ser mais do que isso, visto
que existe um Deus. O homem se rebelou contra esta verdade metafísica. Ele
estabeleceu-se como um Deus. Ele, em vez de Deus, viria a tornar-se o
padrão último da verdade. Ele considerou que o seu pensamento era tão
original e tão abrangente quanto o de Deus. Esta foi a mentira. A mentira é
autocontraditória. O homem tornou-se uma casa dividida contra si mesma.
Quando ele disse que poderia ser como Deus, ele disse que a possibilidade
era maior do que Deus. Assim, as leis de Deus, o Seu plano, em suma, a Sua
afirmação foi rebaixada. Contra Ele foi estabelecida uma negação que era
apenas fundamental. Isso parecia tão inocente. No entanto, porque Deus é a
afirmação definitiva nenhuma negação pode ser estabelecida em Seu nível. A
tentativa de fazer isso nada é, senão uma fútil negação da afirmação de Deus.
Foi isso que uma criatura fez. O Diabo fez isso originalmente. Ele é, portanto,
o espírito completamente autocontraditório. Ele é autocontraditório, porque
ele contradiz a Deus. A criatura é determinada por definição. Ela não pode
viver, senão na atmosfera do plano de Deus. Uma criatura tentar viver uma
existência indeterminada implica a sua explosão. A atmosfera externa é
removida. Ela encontra-se no vácuo. O Inferno é o único vácuo completo. Por
isso no livro de Apocalipse nenhum som perturbador saiu dele para perturbar
a glória do novo Céu e da nova Terra. Isto não é devido a qualquer invólucro
artificial. É devido à paralisia dos ocupantes no vácuo. O Diabo é a mentira
metafísica.
Não é de admirar que quando o homem se identifica com a mentira
metafísica, ele deve cair na mentira lógica. Ele errou e errou tristemente em
seus esforços “científicos”. Ele deveria ter sido muito mais avançado do que
ele é. Abraham em vez de Edison teria descoberto o filamento de tungstênio.
Lindbergh chegou milhares de anos depois, tarde demais. O homem tentou
estudar os fatos à parte de Deus. Por isso, ele nunca encontrou a verdade
universal na experiência humana. Ele não procurou por nenhuma verdade
universal definitiva a mais do que a mente do homem em si poderia fornecer.
E uma vez que a mente do homem não pode, pelo fato de ser criada, conceber
nem mesmo algo como uma verdade universal secundária a menos que seja
relacionada a Deus, o definitivo Universal, não havia nenhuma unidade
trazida à experiência. A coerência tornou-se impossível para o homem desde
que ele procurou a coerência sem correspondência com Deus. As coisas não
podem e não poderiam corresponder à falsa estrutura do pensamento
pecaminoso.
Desde então também, em terceiro lugar, o homem virou-se para a
mentira ética, para a falsidade, para o mal na superfície da questão da relação
do pensamento e da expressão, para as coisas que ele conhece. Não poderia
ser de outra forma. Ele virou-se para longe de Deus. Ele já não amava a Deus.
Por isso, ele já não respeitava a si mesmo e ao próximo por causa de Deus.
Por conseguinte, quando já não havia verdade para com Deus, ele não
concebeu nenhuma necessidade de ser fiel a si mesmo ou seu ao semelhante.
Assim, a sociedade tornou-se infiel.
Mais uma vez nós devemos observar que o real estado das coisas
reconhecidamente não responde plenamente a este retrato, como dado. Se
assim fosse, teríamos o Inferno. Mas que não o tenhamos não é devido ao
homem. Deus enviou a Sua graça comum. É isso que dá ao homem um certo
senso de verdade metafísica. Ele sentiu alguma necessidade de um além
como um centro de referência; o que testemunha a lógica do idealismo. Isso
também deu ao homem um certo senso de verdade lógica. Seus esforços
científicos fizeram algum avanço, embora desajeitado. Isso finalmente deu ao
homem um certo senso de verdade ética. A pessoa média não mente por
causa do mentir. Ele tem alguma autoestima e senso de fidelidade. Na
sociedade pode-se encontrar, às vezes, até mesmo uma grande medida de
fidelidade. Mas tudo isso não afeta minimamente a afirmação de que no
íntimo dos seus corações, os homens se aliaram com o mentiroso desde o
princípio, contra a verdade desde a eternidade. Jesus diz aos fariseus que eles
falam as coisas que erma próprias de seu pai, cuja natureza é uma mentira.
Mas, alguém dirá que fazemos isso porque é útil para a sociedade. Nesta
base muitos moralistas têm defendido a mendacium officiousum, ou seja, a
mentira de necessidade. As razões para a defesa são (a) que tais mentiras são
feitas para um bom propósito, (b) que evitam um mal maior, e (c) que devem,
por vezes, serem empregada quando se enfrenta uma colisão de deveres.
Além disso exemplo, a Escritura é citada para provar que isso é permissível.
As parteiras dos israelitas que enganaram Faraó foram abençoadas. O próprio
Deus disse a Moisés para pedir a Faraó que deixasse Israel sair, pois este não
faria mais do que uma curta viagem ao deserto. Raabe, a meretriz que
escondeu os espiões foi mantida viva quando os outros foram mortos. O
homem de Baurim escondeu os espiões de Davi em um poço e foi abençoado
(2 Samuel 17). Ora, quanto às razões dadas, elas não são conclusivas. Quanto
à boa intenção, respondemos que o fim não justifica os meios. Que evitam
mal maior nós não podemos aceitar. Elas podem evitar o que nos parece um
mal maior. Mas, mesmo Sócrates sabia que perder a vida não é tão grande
mal quanto cortejar o desfavor dos deuses. Nem sempre somos realmente
colocados diante de uma colisão de deveres. Nosso pensamento de que somos
é geralmente devido à falta de oração e estudo das Escrituras. E se temos sido
fiéis nestes assuntos, resta para o Cristão apenas pequena dúvida se ele está
andando no caminho do Senhor. Então, como os exemplos bíblicos, não
temos nenhuma garantia de que as parteiras foram abençoadas por causa de
seu engano; foram abençoados, apesar dele, por sua fé. Em segundo lugar
Moisés testou o coração de Faraó com um pequeno pedido. Se ele tivesse lhe
concedido, o maior assunto teria sido abordado. Vendo que ele não concedeu-
lhe, não havia necessidade de mencionar mais nada. O caso de Raabe é
semelhante ao das parteiras. Ela era a única que tinha fé e foi salva por causa
disso. Finalmente, no caso do homem de Baurim estamos diante de uma
estratégia marcial e não há nenhuma garantia de que ele usou de engano.
Assim, não vemos nenhuma razão nestes exemplos para se desviar do mais
estrito princípio moral que sempre condenou a mentira de necessidade.
A mentira de necessidade é, talvez, a mais frequentemente praticada em
caso de doença grave. Agora vamos admitir, é claro que a condição mental é
importante. Segue-se, então, que a grosseria desnecessária deve ser evitada.
Mas suponha que um descrente esteja mortalmente doente. É misericórdia
para com ele esconder dele esse fato? O conhecimento do fato pode levar ao
arrependimento enquanto a falta de conhecimento do fato pode levá-lo a
confiar em sua falsa esperança novamente. E, quanto ao Cristão, ele também
tem o direito de morrer tão autoconsciente quanto possível. Casos difíceis,
sem dúvida, surgirão, mas que Cristão se atreve a dizer que a graça de Deus
alguma vez honrará medidas que são profanas?
Muito diferente é o caso com o mendacium iocosum, ou seja, ficção por
diversão. Estritamente falando, isso não é engano. O dom da imaginação
permitiu ao homem criar mundos fantásticos que deliciaram sua alma. O
mundo da ficção é baseado nisso. Assim também a conversação da vida
social pode ser animada por resposta que envolve a mendacium iocosum. No
entanto, devemos observar que uma indulgência livre do imaginativo e
romântico muitas vezes nos faz perder até certo ponto, o nosso sentido de
veracidade sóbria e nossa aptidão para lidar com o mundo prosaico da
realidade. Até mesmo escritores não-Cristãos admitiram que as fantásticas
apresentações de filmes futuristas fatalistas têm ajudado a preparar a
juventude de nossa nação para muitas carreiras de crime e especulação. A
atração do dinheiro “fácil” em vez do dinheiro “honesto” e a atração do
prazer “fácil” em vez do prazer “honesto” tem sido frequentemente evocado
pela ocupação desproporcional com o sobrenatural.
ORE para que o ESPÍRITO SANTO use esta Exposição para trazer muitos ao
conhecimento salvífico de JESUS CRISTO para a glória de DEUS PAI.
.
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!
[1]
The Idea Of God [A Ideia de Deus].
[2]
Mesmo assim, nós não usamos imoral no sentido ainda mais restrito
quando significa uma dependência de um tipo especial de pecado.
[3]
p. 643.
[4]
p. 645.
[5]
Cf. W. Lippmann, Preface to Morals [Prefácio à Moral].
[6]
A Décima Oitava Emenda (Alteração XVIII) da Constituição dos Estados
Unidos efetivamente estabelecida a proibição de bebidas alcoólicas nos
Estados Unidos, declarando ilegal a produção, transporte e venda de álcool,
embora não o consumo ou a posse privada (Nota de Tradução).
[7]
Cf. Qualquer um dos escritores idealistas sobre a história e filosofia da
religião ou muitos pregadores Modernistas, como Dr. Fosdick.
[8]
Cf. Carlyle, Heroes and Heroworship [Heróis e Adoração a Heróis].
[9]
Eddington, Science and the Unseen World [Ciência e o Mundo Invisível].
[10]
Intelligentsia: usualmente refere-se a uma categoria ou grupo de pessoas
envolvidas em trabalho intelectual complexo e criativo direcionado ao
desenvolvimento e disseminação da cultura, abrangendo trabalhadores
intelectuais (Nota de tradução).
[11]
A. C. Knudson recentemente acusou-nos com isso. Veja Doctrine of
God [Doutrina de Deus].
[12]
Ozanan, Dante e Ph. Th., P. 86, New York, 1898.
[13]
Cf. Huxley, Religion Without Revelation [A Religião Sem a Revelação].
[14]
. Cf. Há ainda outros exemplos: Salmos 95:11: “A quem jurei na minha
ira que não entrarão no meu repouso”; e Salmos 110:4: “Jurou o Senhor, e
não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno...”.
[15]
“Meu Pai trabalha até agora” (João 5:17).
[16]
“Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gálatas 4:9-11). “Portanto,
ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa,
ou da lua nova, ou dos sábados” (Colossenses 2:16).
[17]
Muitas vezes ele pregou no dia de Sabath.
[18]
Não discutiremos separadamente o que é proibido no Quarto
Mandamento, uma vez que isso foi abordado constantemente na discussão
sobre o que é ordenado.
[19]
As seções de Efésios 5 e 6, bem como Colossenses 3, são importantes.
[20]
Veja o Segundo Mandamento.
[21]
Van Til, C., & Sigward, E. H. (1997). The works of Cornelius Van Til
[As Obras de Cornelius Van Til], 1895-1987 (ed. eletrônica). New York:
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