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(1) Da própria narrativa: “Mas a serpente, mais sagaz que todos os
animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher:
É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?”
(Gn 3:1)
(2) Também do verso 14, no qual isto é afirmado com relação à
serpente:
“Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos
e o és entre todos os animais selváticos”. Não se pode negar que a
serpente era uma criatura irracional, e, portanto, incapaz de proferir
um discurso inteligente e inteligível. Desse modo, é certo que uma
criatura racional falou por meio da serpente, e que tal criatura
inteligente era má e pecaminosa. Consequentemente, não poderia ser
ninguém mais a não ser o diabo, que, por essa razão, é
frequentemente chamado, nas Escrituras, de “serpente”, “dragão” ou
“a antiga serpente”. “Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o
diabo, Satanás” (Ap 20:2). Foi ele quem enganou Eva: “…Mas
receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua
astúcia...” (2 Co 11:3). Sua cabeça foi pisada por Cristo, “que, por
sua morte, destruiu aquele que tem o poder da morte, a saber, o
diabo” (Hb 2:14)
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e mestre para aconselhar e apresentar os benefícios resultantes do comer da
árvore; ou se o diabo veio como um inimigo de Deus, desejando privá-la
daquilo que lhe traria felicidade e a tornaria semelhante a Deus. Tudo isto
são conjecturas. É também possível que o diabo tenha apresentado outros
pretextos ou argumentos lógicos enganosos. É melhor nos calarmos quanto
a essas questões e outras questões similares do que desencaminhar o leitor
com aquilo que apenas aparentemente é racional. Aquilo que não aprouve
ao maior e mais sábio mestre nos revelar, não devemos almejar conhecer.
Esta é um exercício seguro por meio do qual podemos nos afastar de várias
tentações.
Estou convencido de que Eva estava bem ciente do fato de que animais,
incluindo evidentemente a serpente, não possuíam intelecto racional nem
capazes de dialogarem. Embora ela desconhecesse a queda dos anjos, não
obstante, ela poderia ter deduzido que aquele acontecimento (a fala da
serpente) não era algo comum. Estou convencido de que se permitiu a Eva
anelar por um nível maior de conhecimento e comunhão com Deus, sendo
isso lhe sido prometido no pacto das obras. Também lhe foi permitido
aspirar por um conhecimento mais profundo com relação ao reino da
natureza, que ela poderia obter por meio da experiência, assim como a
multiforme sabedoria de Deus pode ser conhecida aos anjos por meio da
igreja (Ef 3:10).
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ser enganado, nem foi engando pela serpente, mas, sim, como diz o
Apóstolo em 1 Timóteo 2:14, engando por uma Eva enganada – e
subsequentemente a ela. Estou convencido de que se Adão tivesse se
mantido firme, Eva teria que sofrer sozinha o castigo.
Contudo, dado que Adão também pecou, toda raça humana se tornou
culpada, como Paulo disse: “assim como por um só homem o pecado
entrou no mundo...” (Rm 5:12). Ele não se refere simplesmente ao pecado
de Eva, mas ao pecado de toda raça humana, que se compreende plena e
completamente em Adão e Eva, os quais eram um só em virtude de seu
casamento. Na verdade, Paulo se refere especificamente ao pecado de
Adão, que era o primeiro homem, a primeira e única fonte, tanto de Eva
quanto de toda raça humana.
O comer dessa árvore não foi um pecado menor, ainda que o ato de
ingestão do fruto em si seja uma questão de somenos importância. Pelo
contrário, foi um crime hediondo no qual se inclui a transgressão de toda a
lei. Tratou-se de uma violação do amor, obediência e da aliança, resultando
na perdição de si mesmo (Adão) e de seus descendentes. Esse pecado é
agravado pelos seguintes fatos:
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(4) A felicidade ou condenação de si mesmo e de seus descendentes
dependia disso. Destarte, em Romanos 5, o comer do fruto é
corretamente denominado de “pecado” (Rm 5:12), “transgressão”
(Rm 5:14), “ofensa” (Rm 5:15) e “desobediência” (Rm 5:19).