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O PECADO E A PROMESSA DA GRAÇA

Leitura Bíblica: Gênesis 3.1-24

Introdução

O dia 28 de junho de 1914 foi crucial para a nossa história, pois foi quando
ocorreu o evento que seria o estopim para a Primeira Guerra Mundial: o
Atentado de Sarajevo, no qual o arquiduque austríaco Francisco
Ferdinando e sua esposa, Sofia, foram cruelmente assassinados.

Na manhã daquele domingo, Francisco Ferdinando se dirigiu à cidade de


Sarajevo, onde teria um encontro com o governador. Por volta de 10h da
manhã aconteceu a primeira tentativa de atentado: uma bomba foi lançada
contra o seu carro, mas o artefato bateu na capota aberta do veículo e
explodiu na rua, embaixo do carro seguinte da comitiva. Algumas pessoas
ficaram feridas no incidente, mas a vida do arquiduque havia sido
preservada até então.

Um jovem que fazia parte do atentado terrorista era Gavrilo Princip, que
após perceber o fracasso em seus planos, se dirigiu até uma padaria da
cidade. E às 10h45min Gavrilo avistou o carro aberto de Francisco
Ferdinando manobrando perto de uma ponte, se aproximou do carro e com
sua pistola semiautomática efetuou apenas dois tiros: a primeira bala
atingiu o arquiduque em sua jugular e a segunda atingiu o abdome da
duquesa. Gavrilo foi imediatamente preso e o casal morreria minutos
depois.

Os desdobramentos do Atentado de Sarajevo são reconhecidos: a Áustria


declarou guerra à Sérvia; como consequência, a Rússia declarou guerra à
Áustria e à Alemanha, o que fez com que Inglaterra, França, Itália e Império
Otomano tomassem parte naquela que seria conhecida como Primeira
Guerra Mundial.

E quantas mudanças no mundo foram percebidas a partir desta triste


página de nossa história: efeitos econômicos e sociais, a Revolução Russa,
o Tratado de Versalhes, a Liga das Nações, a ascensão do totalitarismo na
Itália e na Alemanha, a Segunda Guerra Mundial. Enfim, um homem com
dois tiros, em um evento importante de nossa história, causou sofrimento
a toda humanidade. Pelo pecado de um só homem, uma grande dor foi
infligida a muitos.

O texto de Gênesis 3 mostra-nos algo parecido com o Atentado de Sarajevo,


mas em uma dimensão cósmica. Na linguagem do apóstolo Paulo: “O
pecado entrou no mundo por meio de um só homem, e o seu pecado trouxe consigo
a morte. Como resultado, a morte se espalhou por toda a raça humana porque todos
pecaram” (Rm 5.12).

EXPOSIÇÃO

1. A Tentação e a Queda (v. 1-6): O texto começa com uma conjunção


adversativa, que representa um contraste com tudo o que fora
anteriormente apresentado: Deus criou todas as coisas e viu que tudo era
bom; o homem foi formado pelo Senhor Deus à Sua imagem, conforme a
Sua semelhança; foi colocado em um jardim plantado pelo Senhor e teria
liberdade para comer livremente do fruto de toda árvore, exceto do fruto
do árvore do conhecimento do bem e do mal; foi agraciado com uma
auxiliadora idônea, com a qual desfrutava de intimidade: “ora, um e outro,
o homem e sua mulher estavam nus e não se envergonhavam” (Gn 2.25).
O grande “mas” que aparece no começo da passagem contrasta com
tudo o que foi informado até então. Há um ser misterioso surgindo: a
serpente, que seria o agente tentador. Ela não possui nome neste momento,
mas sua intenção é explícita: ela é o adversário de Deus e da humanidade,
sua malevolência e sua sagacidade ficam claras em seu esforço em fazer
com que a mulher duvide do que Deus disse. Ela tem uma linguagem
perversa, sutilmente conduzida para que a Palavra de Deus entre em
descrédito. Mais tarde, à luz do que o apóstolo João afirma, identificamos
esta serpente como “o grande dragão [...], que se chama diabo e Satanás, o
sedutor de todo o mundo” (Ap 12.9).
A mulher infelizmente toma a decisão de colocar os valores da serpente
lugar na Palavra de Deus, caindo em tentação. Falando sobre a Queda,
Francis Schaeffer [livro “Gênesis no Espaço- Tempo”] pontua que “o fluxo
é do interior para o exterior; o pecado começou no mundo do pensamento e seguiu
para fora. Ele foi cometido naquele momento em que a mulher creu em Satanás em
vez de crer em Deus”. Adão também decide desobedecer a Deus, atendendo
à voz de sua mulher (cf. 3.17).
2. A Fuga e o Interrogatório (v. 7-13): O que se segue são as
consequências do pecado. Os olhos de Adão e Eva se abrem e isto lhes
causa sensação de vergonha; uma consciência aterrorizante de medo e
culpa. As cintas de folhas de figueira demonstram a tentativa humana em
dar um jeito por si mesmo no pecado. Mas é um esforço inútil, ainda mais
quando a voz do Senhor é ouvida no jardim. O pecado gera estupidez, ao
tentar evitar Deus; ele provoca uma degeneração permanente. Nossos pais
tentam se esconder entre as árvores do jardim e a voz do Senhor ressoa,
gritando pelos pecadores: “onde estás?”. Calvino, ao comentar esta mesma
passagem, afirma que ao chamar por Adão “o propósito do Senhor era
despertar a sensibilidade do homem insensível, que age em cega agonia e ainda não
percebeu sua calamidade; como doentes que podem reclamar de que estão quentes,
mas sem imaginar que estão com febre”. Este é o homem que está nu, mas em
pecado, sem reconhecer o seu estado miserável, mas sofrendo por ter
desobedecido ao Senhor Deus.
As perguntas do Senhor são instigantes. No primeiro momento, Adão
é confrontado em relação ao seu pecado, e ele opta por se defender, não
reconhecendo sua culpa. Ele diz ter medo, medo que o fez se esconder.
Deus sabe de seu pecado, mas ainda assim o interpela vigorosa e
amorosamente: “Quem te fez saber que estavas nu?”. A resposta de Adão
é inusitada e não tem um só traço de arrependimento. O comportamento
insubmisso e rebelde do homem é visto no que ele diz, culpando sua
mulher e ao próprio Deus por seu pecado. A mulher, quando igualmente
questionada, também revela esta atitude desobediente, refratária: “a
serpente me enganou e eu comi”.
3. Sentença e Punição de Deus (v. 14-19): Obviamente, as respostas são
insatisfatórias e a sentença do Senhor começa a ser promulgada no v. 14,
quando Ele começa pela própria serpente. O fato de a serpente ter sido
amaldiçoada dentre os animais domésticos e selvagens indica que o texto
está se referindo à espécie biológica. Todavia, no v. 15 o enfoque está em
Satanás e não na cobra: este é o chamado protoevangelho, o primeiro
evangelho, o momento em que Deus promete que um descendente da
mulher viria no futuro para ferir a cabeça da serpente; este descendente
teria seu calcanhar ferido pela cobra, mas iria vencê-la de modo definitivo.
Notemos que antes de quaisquer promessas de julgamento em relação ao
homem e ao seu pecado, em primeiro lugar a bondade do Senhor é elevada.
O pecado trouxe consequências inevitáveis: a mulher teria dores em sua
concepção, estaria sujeita ao seu marido; o homem teria que trabalhar entre
espinhos para conseguir seu sustento, até que ambos se encontrariam com
a morte. Acertadamente Francis Schaeffer [livro “Gênesis no Espaço e no
Tempo”] afirma que “o pecado causa todas estas separações: entre o homem e
Deus, do homem de si mesmo, entre homem e homem e entre o homem e a
natureza”. Ele ainda é o homem, à imagem e semelhança de Deus, que por
isso tem sentido e significado, mas é o homem que morre.
4. A Expulsão do Jardim (v. 20-24): O final da passagem é um misto de
tristeza e esperança, de juízo e graça. O v. 20 afirma que, ao escapar da
morte imediata, Adão olha para sua mulher e lhe dá um nome derivado de
“vida”. É como um suspiro em meio à sentença divina. Adão acredita que
a promessa de um descendente que derrotaria Satanás era um raio de
esperança para que a situação da humanidade pudesse ser revertida.
O Senhor lhes provê vestimentas de pele e graciosamente os expulsa
de seu santuário, para que não seja o caso de eles tomarem do fruto da
árvore da vida e, comendo, viverem eternamente neste estado pecaminoso.
O capítulo é concluído com o banimento definitivo de nossos pais no
Éden. Assim, Deus purifica seu jardim/santuário; querubins são colocados
para proteger o acesso à arvore da vida, como uma expressão de que a
santidade de Deus seria protegida contra a arrogância do homem caído.
Cada detalhe do último versículo, como a chama presente e a espada
girando por todo o caminho exclui vigorosamente o pecador da presença
de Deus, tornando impossível o seu caminho de volta para o paraíso.

ENSINO/DOUTRINA

O capítulo 3 de Gênesis nos fornece ensinamentos importantes


relacionados à doutrina do pecado.

1. A raiz do pecado está na incredulidade: O pecado é uma falha na


confiança em Deus e uma declaração da autonomia própria. Este
ensinamento se faz presente no texto que estamos abordando: foi
descrendo do que Deus disse que Eva acabou cedendo ao pecado, ouvindo
uma sugestão diabólica. A desconfiança ou (nos termos bíblicos) a
incredulidade diante das promessas divinas é um dos principais fatores
que nos levam ao pecado. É por colocar em xeque nossa crença em Deus
que somos levados a pecar.
Toda vez que colocamos a Palavra de Deus sob nossa descrença,
estamos chamando Deus de mentiroso. Como foi o que aconteceu com Eva,
que cedeu à tentação no Éden por não ter acreditado na seriedade do
mandamento de Deus. Dessa forma, a luta contra o pecado é, em primeiro
lugar, uma batalha para se permaneça crendo em Deus.
2. O esforço humano para esquivar-se do pecado e da culpa do
pecado é inútil: Viver ou tentar viver com a consciência atormentada pela
lei de Deus e pela vista dos próprios pecados é algo miserável. Tentar evitar
Deus é um empreendimento sem sentido.
Na linguagem do profeta Isaías “os ímpios são como o mar agitado, incapaz
de sossegar, e cujas águas expelem lama e lodo para todo lado! Não há paz para os
ímpios, diz o meu Deus” (Is 57.20,21). O pecado não fornece verdadeira
alegria, verdadeiro alívio ou verdadeira tranquilidade para quem o pratica.
Ainda que as promessas do pecado pareçam ser agradáveis (como foram
aos ouvidos de Eva), o pecado é uma fraude, é a maior fakenews de todos
os tempos. Ele escraviza, ele maltrata, ele aguilhoa a mente dos homens. E
isto já deve ser esperado, pois o homem debaixo da culpa do pecado possui
todos os motivos para desesperar-se: “É horrenda coisa cair nas mãos do
Deus vivo”. O terror do pecado foi adequadamente expresso por Jonathan
Edwards em seu famoso sermão “Pecadores Nas Mãos de Um Deus Irado”:
“Oh! pecador, pense no perigo terrível em que se encontra! Sobre uma grande
fornalha de furor, sobre um abismo imenso e sem fim, cheio do fogo da ira, que você
está pendurado, seguro pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão inflamado contra
você, como contra muitas pessoas já condenadas no inferno. Você está suspenso
pôr uma linha tênue, com as chamas da cólera divina lampejando à tua volta,
prontas para atearem fogo e queimar-te pôr inteiro”. Esta é a vivência do
pecado. A sua promessa é falsa, sua realidade é terrivelmente assustadora,
com a qual não podemos lidar com por nós mesmos.
3. O pecado possui sérias consequências: A Confissão de Fé de
Westminster afirma isto de maneira categórica: “Todo pecado, tanto o original
como o atual, sendo transgressão da justa lei de Deus e a ela contrário, torna, pela
sua própria natureza, culpado o pecador e por essa culpa está sujeito à ira de Deus
e à maldição da lei, e, portanto, sujeito à morte com todas as misérias espirituais,
temporais e eternas”. Importante notar estas três categorias de miséria que
são mencionadas: espirituais, temporais e eternas.
De fato, as consequências do pecado podem ser notadas na própria
existência humana, o que se desdobra em seus relacionamentos,
especialmente na comunhão para com Deus. Antes do pecado havia uma
relação entre Deus e o homem, mas a partir da Queda esta relação passou
a ser antagônica, em que o homem agora quer lutar contra Deus. Esta é a
miséria espiritual.
As misérias temporais referem-se às consequências penais do pecado
que fazem parte da existência humana desde o nascimento dos
descendentes de Adão, uma corrupção que se estende a todas as
faculdades e partes da alma e do corpo. Foi a partir da entrada do pecado
no mundo que surgiram doenças, dores, trabalho cansativo e a própria
morte física.
A miséria eterna, por sua vez, reflete o estado em que o homem se
coloca ao entrar em desobediência contra o Senhor Deus. O justo
pagamento para tal estado de rebelião é a condenação eterna, uma vez o
“salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).
O pecado contamina tudo o que o homem faz. Por mais que pareçam
ser nobres alguns empreendimentos humanos, eles estão contaminados
pelo pecado. É um mal que se espalha por toda nossa constituição moral,
social e espiritual.
4. Deus promete remediar o pecado por meio de Sua graça: O texto
que nos apresenta a Queda não se limita a mostrar a malignidade do
pecado: aqui já existe a certeza da vitória que a graça divina irá alcançar. O
pecado é o ato do homem capaz de destruí-lo e não há remédio humano
para resolvê-lo. A partir da Queda, o homem tornou-se culpado diante de
Deus e totalmente corrupto. Mas Deus, em Seu infinito amor e em Sua
transbordante bondade, não deixa os homens simplesmente entregues ao
pecado.
Há aqui, nesta passagem, claras demonstrações da graça de Deus.
Vejam quais foram as primeiras palavras da graça a um mundo perdido
em Gn 3.15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu
descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Deus proferiu
palavras em meio ao caos provocado pelo pecado. Pense em como o nosso
Senhor foi ofendido pelo pecado e em que escala ele trata este problema.
Deus é verdadeiramente bom: Ele não deseja a morte do pecador em seus
pecados. Por isso, Deus enviou Seu Filho ao mundo, o Senhor Jesus Cristo,
que foi plenamente humano, viveu neste mundo em conformidade com a
Lei, morreu injustamente por mãos de pecadores, no lugar de pecadores,
em favor de pecadores. “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por
nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21). Jesus Cristo é o
cumprimento da promessa do protoevangelho: aquele que destruiria
definitivamente a antiga serpente.

A graça de Deus também é mostrada na maneira como o Senhor preserva


a humanidade de viver eternamente em pecado. Caso o homem tomasse
do fruto da árvore da vida naquele estado, viveria para sempre como um
pecador distante do ser de Deus. É, portanto, a graça e a misericórdia do
Senhor que preservam nossos pais e a nós deste lamentável estado.
APLICAÇÃO

A Palavra de Deus pode ser aplicada em diversas direções quanto aos


ensinamentos presentes na passagem. Seguiremos em quatro aplicações
para o nosso cotidiano:
1. Atentemos para o contraste entre as promessas de Deus e as
promessas do pecado: Na essência de todo processo de tentação, somos
estimulados a considerar mais as falsas promessas do pecado do que
aquelas que o Senhor nos garantiu pela Sua Palavra. Aconteceu com Eva,
também acontece conosco. Por isso, precisamos estar, de fato, satisfeitos
com o que Deus promete para nós em Jesus Cristo.

John Piper [livro “Lutando Contra a Incredulidade”] ilustra este


combate entre a convicção nas promessas de Deus e a tentação quanto as
falsas promessas do pecado de uma maneira bastante vívida: “O pecado tem
poder por causa das promessas que faz a nós. Ele fala assim: “Se você mentir na
sua declaração de imposto de renda, você terá dinheiro extra para conseguir aquilo
que lhe fará mais feliz”. “Se você olhar esta pornografia, você terá uma onda de
prazer que é melhor do que as alegrias de uma consciência limpa.” “Se você comer
estes biscoitos quando ninguém estiver olhando, isso amenizará o seu senso de
remorso e ajudará a lidar com a situação melhor do que qualquer outra coisa
agora.” Ninguém peca por obrigação. Nós pecamos porque acreditamos nas
promessas enganosas que o pecado faz”. E ele prossegue: “Lutar contra a
incredulidade e pela fé na graça futura significa que combatemos fogo com fogo.
Nós lançamos as promessas de Deus contra as promessas do pecado. Nós nos
agarramos a alguma grande promessa que Deus fez sobre o nosso futuro e dizemos
a um pecado em particular: “Faça igual”! Dessa forma, fazemos o que Paulo diz:
“Se pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo”.
Assim, meus irmãos, estejamos estimulados pela Palavra de Deus e
capacitados pelo Espírito Santo para rompermos nossos laços com as falsas
promessas do pecado, que aparecem em cada tentação; tenhamos a firme
e inabalável convicção de que o Senhor irá cumprir suas promessas de vida
para com aqueles que honram os seus mandamentos.
2. Não sejamos seduzidos pelo pensamento de que podemos resolver
o pecado por nós mesmos: Todos nós fracassamos em muitos aspectos de
nossa relação com Deus; somos pecadores e desonramos o nome do Senhor
em diversos momentos. E se não formos tocados pela graça de Deus,
iremos lidar com nossos pecados tal como nossos pais fizeram: tentaremos
resolver nossos pecados nos escondendo de Deus, ignorando nossa real
condição.
Uma das grandes mentiras a respeito do pecado é de que ele pode ser
facilmente derrotado. É com base nesta crença que tentamos lidar com o
pecado de maneira leviana. O pecado é algo tão poderoso que somente o
poder sobrenatural de Deus pode derrotá-lo. Embora tenhamos nascido de
novo, a depravação ainda é uma força que atua em nós e, por vezes, pode
distorcer a maneira como tratamos nossos pecados.
O pecado não é vencido pela justiça própria, não é suplantado por uma
reforma pessoal ou derrotado por meio de cerimônias religiosas. O pecado
não pode ser tratado com folhas de aventais: ele precisa ser resolvido com
uma cobertura maior, uma cobertura de sangue, do sangue inocente e
precioso de Cristo que foi derramado pelos pecadores.
O pecado não pode ser remediado com desculpas, através de
comparações ou por meio de argumentações: nos rendamos a Deus, nos
submetamos a Ele, reconhecendo que “quem esconde os seus pecados não
prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia” (Pv 28.13).
3. Tenhamos temor a Deus, reconhecendo que o pecado sempre
merece ser punido: Isto deve ser feito no temor do Senhor, reconhecendo
que Deus não tomará o culpado como inocente. Ele não deixará nenhum
pecado impune. Se Deus assim não fizesse, a justiça não poderia ser um de
Seus atributos, uma de suas perfeições.
A verdade bíblica é, portanto, clara: Deus irá recompensar cada ato
pecaminoso. Cada pensamento, cada intenção, cada palavra que não foi
feita em conformidade com as prescrições que Ele ofereceu em Sua Palavra.
Vivemos em um mundo de injustiças, andamos decepcionados com o que
é feito em nossa sociedade, especialmente em algumas esferas do Direito
onde parece que a justiça tem sido deixada de lado. Mas diante do Senhor
Deus todas as coisas serão justamente retribuídas. Cada palavra frívola,
cada pensamento pecaminoso, cada ato injusto. Deus não permitirá que
Seu glorioso nome seja blasfemado por Ele mesmo faltar com justiça.
Cada gesto pecaminoso, cometido por crianças ou adultos, por ricos ou
pobres, por iletrados ou acadêmicos, receberá o justo pagamento.
Confortemos nossos corações com esta realidade. As coisas não vão ficar
do que estão sendo conduzidas, pois cada pecado humano será julgado
justamente pelo Juiz de toda a terra.
4. Corramos para Cristo, para que nEle encontremos graça e perdão:
Tendo tais realidades bem claras em nossos corações, corramos para Cristo,
para que nEle possamos encontrar graça e perdão. Este é o Evangelho que
Deus pregou para a serpente, diante dos homens, no Éden: ali, Ele falou
daquele que viria e nós, agora, falamos daquele que já veio e morreu no
lugar dos pecadores.
Somente em Jesus que o pecado pode ser derrotado. Somente em Jesus
que nós podemos ser livres das amarras da injustiça. Somente em Jesus que
podemos encontrar esperança.
E aqui reitero: todo pecado humano recebeu ou receberá julgamento.
Caso sua esperança esteja em resolver o problema do pecado por si mesmo,
saiba que seu percurso será de morte e sofrimento. Mas se a sua esperança
estiver em Jesus, saiba que todos os seus pecados foram lançados sobre Ele;
que Ele sofreu cruelmente para toda esta dívida fosse paga; Ele recebeu o
julgamento de Deus sobre Si; Jesus Cristo morreu no lugar de gente que
fez e faz tudo o que Ele nunca fez: Jesus morreu pelos mentirosos, pelos
adúlteros, pelos idólatras, pelos assassinos, pelos impuros, pelos invejosos.
Com sua morte, Ele derrotou a antiga serpente; a morte não teve poder
para superá-lo, pois ao terceiro dia Ele ressuscitou para a nossa justificação.
Encontre-se, portanto, em Jesus. Seja acolhido por Ele, seja coberto por
Ele, seja salvo do poder e da condenação do pecado por meio daquele que
é o “único nome dado entre os homens pelo qual podemos ser salvos” (At 4.12).

Conclusão

Por fim, meus irmãos, lembremo-nos do Atentado de Sarajevo, onde por


meio de um só homem, muito sofrimento foi causado e tantos episódios
históricos que trazem este tipo de marca. Lembremo-nos do ato de Adão,
por meio do qual toda a humanidade foi encontrada em pecado e rebelião
contra Deus. Também nos lembremos de que Deus já cumpriu sua
promessa feita no Éden e que, por meio de um só homem a morte foi
vencida. Em Jesus Cristo, a semente da mulher, Satanás foi derrotado.
Nosso Senhor teve seu calcanhar ferido, o que é um símbolo de seu
sofrimento, mas derrotou definitivamente o diabo, para a glória de Deus e
para nosso deleite.

“Porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus
e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.
[...] Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que
recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de
um só, a saber, Jesus Cristo. Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre
todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a
graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela
desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por
meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos”.

Soli Deo Gloria

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