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Deus, o Todo Poderoso

Leitura Bíblica:

A. W. Tozer resumiu brilhantemente a totalidade do discipulado quando


ele disse: “O que vem à nossa mente quando pensar em Deus é a coisa mais
importante sobre nós. O que a igreja quer dizer quanto menciona a palavra
Deus revela tudo sobre o nosso culto e integridade teológica. Se começarmos
com um erro concepção de Deus, interpretaremos mal a totalidade da fé cristã”
Este fato é o motivo pelo qual hereges e falsos mestres frequentemente
começam por rejeitando a doutrina da Trindade. Se pudermos rejeitar Deus
como ele se revelou nas Escrituras, então podemos e vamos rejeitar tudo outro.

A Igreja tratou logo de definir sua fé não apenas afirmando sua crença em
Deus, mas apresentando logo a natureza e a identidade do Deus professado.
Declaramos crer no Deus que é Pai Todo Poderoso. Não declaramos nossa
crença em um Ser Superior apenas, mas no Deus que é revelado na Bíblia.

Deus não é para nós um desconhecido, um estranho em nossas vidas. Por


um ato livre de Sua vontade, Ele em Sua generosidade revela-se a si mesmo:
“Ele perde sua própria privacidade pessoal para que Suas criaturas possam
conhecê-Lo” (Carl F. H. Henry). No Credo dos Apóstolos, a palavra Todo-
Poderoso é um coletivo que é destinado a representar todos os atributos de
Deus, a plenitude das perfeições. Todos os atributos de Deus - onipotência,
onisciência, onipresença, autoexistência e imutabilidade - são resumidas em
esta única palavra, Todo-Poderoso. Lamentavelmente, o “Deus Pai Todo-
Poderoso” afirmou no credo raramente é discutido em muitas igrejas.
Descrições superficiais de Deus são substitutas do rico confessionário da
herança cristã. O Deus do cristianismo é não apenas um deus comum. Ele é o
Pai Todo-Poderoso; o pai que pode fazer qualquer coisa; o Pai que possui todo
poder, aquele que cria todas as coisas pelo poder de sua palavra e que governa
para sempre.
Para efeitos didáticos, costumamos dividir neste estudo sobre a natureza
de Deus em seus atributos incomunicáveis (ou seja, aqueles atributos que Deus
não partilha conosco ou não nos “comunica”) e os seus atributos
comunicáveis (aqueles que Deus partilha conosco ou nos “comunica”).

OS ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS DE DEUS


1. Imutabilidade: assim: Deus é imutável no seu ser, nas suas
perfeições, nos seus propósitos e nas suas promessas; porém, Deus age e sente
emoções, e age e sente de modos diversos diante de situações diferentes. Ler
Malaquias 3.6. A definição dada acima especifica que Deus é imutável — não de
todos os modos que possamos imaginar, mas somente nos aspectos que as
próprias Escrituras o afirmam. As passagens bíblicas já citadas referem-se ou ao
próprio ser divino ou a algum atributo do seu caráter. Disso podemos concluir
que Deus é imutável, pelo menos com respeito ao seu “sef e com respeito às
suas “perfeiçõef (ou seja, os seus atributos ou os vários aspectos do seu
caráter).
2. Eternidade: Deus não tem princípio nem fim nem sucessão de
momentos no seu próprio ser, e percebe todo o tempo com igual realismo; ele,
porém, percebe os acontecimentos no tempo e age no tempo. Ás vezes essa
doutrina é chamada doutrina da infinitude de Deus com respeito ao tempo. Ler
Salmos 90.2. fato de Deus jamais ter começado a existir pode também ser
deduzido da verdade de que Deus criou todas as coisas e de que ele é um
espírito imaterial. Antes que Deus fizesse o universo, não havia matéria, mas
então ele criou todas as coisas (Gn 1.1; Jo 1.3; 1Co 8.6; Cl 1.16; Hb 1.2).
3. Onipresença: Assim como Deus é ilimitado ou infinito com
respeito ao tempo, também é ilimitado com respeito ao espaço. Essa
característica da natureza de Deus é chamada onipresença divina (o prefixo
latino o[m]ni- significa “tudo”). A onipresença de Deus pode ser assim
definida: Deus não tem tamanho nem dimensões espaciais e está presente em
cada ponto do espaço com todo o seu ser; ele, porém, age de modos diversos
em lugares diferentes. O fato de que Deus é Senhor do espaço e não pode ser
limitado pelo espaço é óbvio inicialmente em vista do fato de que ele o criou,
pois a criação do mundo material (Gn 1.1) implica também a criação do espaço.
Moisés lembrou ao povo o domínio de Deus sobre o espaço: “Eis que os céus e
os céus dos céus são do Senhor, teu Deus, a terra e tudo o que nela há” (Dt
10.14).
4. Onipotência: é o atributo de Deus que lhe permite fazer tudo o
que for da sua santa vontade. A palavra onipotência vem de dois termos
latinos, omni, “todo”, e potens, “poderoso”, significando portanto “todo-
poderoso”. Enquanto a liberdade de Deus se refere ao fato de não haver
constrangimentos exteriores às decisões de Deus, a onipotência divina refere-se
ao seu próprio poder de fazer o que decidir fazer. Paulo diz que Deus é
“poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou
pensamos” (Ef 3.20), e Deus também é chamado “Todo-Poderoso” (2Co 6.18;
Ap 1.8), termo (gr. pantokratõr) que aponta para a posse de todo o poder e de
toda a autoridade. Além disso, o anjo Gabriel diz a Maria: “Para Deus não
haverá impossíveis” (Lc 1.37), e declara Jesus: “Para Deus tudo é possível”
19.26).
Essas passagens indicam que o poder de Deus é infinito, e que portanto
ele não está limitado a fazer somente o que já fez. De fato, Deus é capaz de fazer
mais do que faz. Por exemplo, João Batista diz em Mateus 3.9: “Destas pedras
Deus pode suscitar filhos a Abraão”. Deus é aquele que “tudo faz como lhe
agrada” (Sl 115.3); poderia ter destruído Israel e de Moisés levantado uma
grande nação (cf. Êx 32.10), mas não o fez. Há, porém, algumas coisas que Deus
não pode fazer. Deus não pode desejar nem fazer nada que negue o seu caráter.
E por isso que a definição da onipotência é lavrada em termos da capacidade
divina de fazer “tudo o que for da sua santa vontade”. Deus não é capaz de
fazer absolutamente tudo, mas tudo o que é compatível com o seu caráter. Por
exemplo, Deus não pode mentir. Em Tito 1.2, ele é chamado (literalmente) “o
Deus que não pode mentir” ou “o Deus que nunca mente”. O autor de
Hebreus diz que no juramento e na promessa “é impossível para Deus
mentir” (Hb 6.18, tradução do autor). Em 2Timóteo 2.13 afirma-se de Cristo
que ele “de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”. Além disso, afirma
Tiago: “Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta”
(Tg 1.13). Assim, Deus não pode mentir nem pecar nem se negar a si mesmo
nem ser tentado pelo mal. Não pode deixar de existir nem cessar de ser Deus
nem agir de maneira incompatível com nenhum dos seus atributos.

5. Onisciência: O conhecimento de Deus pode ser definido assim:


Deus conhece plenamente a si mesmo e todas as coisas reais e possíveis num ato
simples e eterno. Eliú diz que Deus é aquele “que é perfeito em
conhecimento”(Jó 37.16), ejoão diz que Deus “conhece todas as coisas” (ljo
3.20). A qualidade de tudo conhecer chama-se onisciência, e como Deus tudo
conhece, ele é dito onisciente (ou seja, “que tudo conhece). A definição dada
acima explica a onisciência com mais detalhes. Diz primeiro que Deus conhece
plenamente a si mesmo. Trata-se de um fato espantoso, pois o próprio ser divino
é infinito ou ilimitado. Logicamente, só aquele que é infinito pode conhecer
plenamente a si mesmo em cada detalhe. Paulo dá a entender esse fato quando
diz: “Porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas
de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio
espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece,
senão o Espírito de Deus” (ICo 2.10-11).

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