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CONHECENDO OS ATRIBUTOS DE DEUS

INTRODUÇÃO
Os crentes dos dias atuais têm perdido o temor e o senso da majestade de Deus. A lição deste
trimestre e em especial a lição desta semana, é uma ótima oportunidade de levar nos alunos a
uma reflexão e quem sabe começarmos a resgatarmos o apreço pela reverência e a sublimidade
do glorioso e poderoso Deus. Se o cristão não compreende os atributos básicos de Deus, suas
perspectivas em qualquer outra área serão afetadas. A Bíblia está repleta de declarações sobre a
grandeza do nosso Deus: “Ó Senhor, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu
glorificado em santidade, admirável em louvores, realizando maravilhas?” (Êx 15.11). Veja ainda:
Is 40.18; 46.9; 2 Sm 7.22; Sl 89.6-8; 147.5; Dn 4.3; Ml 1.11.

1. O QUE SÃO OS ATRIBUTOS DE DEUS?


No estudo da teologia cristã, “atributos de Deus” são termos usados para indicar aquelas
qualidades ou particularidades atribuídas a Deus, como parte de sua essência e de sua natureza.
Desde os primórdios dos tempos, o conhecimento humano tem procurado definir o Ser de Deus e
apresentar os variados aspectos do seu caráter. Contudo, se a própria Escritura diz que nem os
céus, nem o céu dos céus poderiam conter a Deus (1 Rs 8.27), como poderia o homem natural
adquirir tal conhecimento? Como poderia aquele que é finito definir Aquele que é infinito? É
humanamente impossível saber exatamente o que Deus é e como Ele é, muito menos, explicar
Sua essência e seus atributos de forma plena e adequada com algumas palavras ou frases.
Somos extremamente limitados em nossa capacidade de entendimento. O pouco que sabemos
acerca da natureza e dos atributos de Deus, são frutos de Sua própria revelação (Jo 14.9).
Portanto, há muito mais sobre Deus que não conhecemos, do que conhecemos, quer seja porque
o nosso intelecto não consegue compreender, quer seja porque Ele simplesmente não nos
revelou tudo o que de fato precisaríamos saber. E, se Ele não revelou, é porque não temos
condições em corpo carnal e pecaminoso de conhecer todos os seus mistérios. No entanto, é
imprescindível buscar conhecer tudo o que ele nos revelou sobre si mesmo e assim nos
habilitarmos a conhecer e adorá-lo de forma correta.

1.1. Definição geral de atributos


O termo “atributos” vem do latim “Attributu” dando a ideia daquilo que é “próprio de um ser”. O
dicionário de português define a palavra atributo como: “O que é próprio e peculiar a alguém ou a
alguma coisa”. Denotando a ideia de “conjunto de características que são próprias de alguém”.
1.2. Definição de atributos de Deus
Os atributos de Deus são o conjunto das suas características ou qualidades atribuídas ao caráter
divino de acordo com a Sua autorrevelação. São as Qualidades de Deus que constituem as
perfeições intrínsecas do Ser. Na teologia, Berkhof, por exemplo, diz que: “Os atributos de Deus
podem ser definidos como as perfeições que constituem predicados do Ser Divino na Escritura, o
que são visivelmente exercidas por Ele em Suas obras de criação, providência e redenção”.
1.3. Todos os atributos declaram a glória de Deus
“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria
divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio
das coisas que foram criadas….” (Rm 1.20). Os céus declaram a glória de Deus (Sl 19.1). Ele
criou o ser humano para conhecê-Lo e refletir a Sua glória. Ele é o criador de todas as coisas,
visíveis e invisíveis e assim é digno de receber toda glória e adoração. O Salmo 50, por exemplo,
diz que neles vemos o resplendor de Deus. E, Isaías 6 diz que a Sua glória enche a terra. Não há
um lugar em todo o universo para onde possas fugir da radiante majestade da glória de Deus. No
Salmo 29 lemos que a Sua santidade é bela, logo, gloriosa. Em Lucas 2.6 vemos que a glória de
Deus pode produzir temor. A mesma ideia está presente em 2 Crônicas 7, na dedicação do
templo, quando a glória do Senhor encheu aquele lugar. O mesmo texto, no entanto, aponta a
manifestação da Sua glória como uma prova do Seu Amor e bondade, e portanto, é um convite a
adorá-lo. O Salmo 96 confirma esta ideia quando nos convida a entrar à presença de Deus para
adorar.

2. AS CATEGORIAS DOS ATRIBUTOS DE DEUS


Para facilitar nossa compreensão, os atributos de Deus foram divididos em duas categorias:
atributos naturais ou incomunicáveis e atributos morais ou comunicáveis. Os atributos naturais ou
incomunicáveis são assim chamados porque não podem ser atribuídos a outras criaturas.
Somente Deus tem, e nenhum outro ser é capaz de ter. São atributos exclusivos dele e Ele não
os comunicou a mais ninguém. Já os atributos morais ou comunicáveis são aqueles que Deus
compartilhou com o homem. Como fomos criados à imagem e semelhança de Deus alguns
aspectos dos seus atributos foram comunicados ou impressos em nós, por isso, devemos parecer
com Ele nesses aspectos.
2.1. A existência de Deus não se discute
A existência de Deus é um pressuposto fundamental e vai além de qualquer dúvida. Portanto, não
se discute aqui a existência ou não de Deus (Dt 6.4; Ec 5.1-2). Deus existe por si mesmo e não
depende de nada e de ninguém para Sua existência. Deus jamais não pode ser aquilatado em
sua plenitude pelo homem cuja capacidade é extremamente limitada. Assim, todo e qualquer
esforço que se faça para negar sua existência, não passa especulação. Ele é para sempre o
eterno EU SOU e ponto final! (Êx 3.14; Is 57.15). Daí negar a existência ou viver como se Deus
não existisse é o mesmo que assumir o papel tolo (Sl 14.1). Só os tolos rejeitam a revelação de
Deus! Só os tolos não buscam e nem invocam o nome de Deus! Pelo menos, até quando as
coisas não apertam e ficam estreitas para o seu lado!
2.2. Atributos incomunicáveis de Deus
São aqueles que pertencem a natureza interior de Deus e que não se manifestam em nenhum
outro ser. Eles são incomunicáveis, pois pertencem somente a Deus e não encontramos
analogias nas suas criaturas. São também denominados de absolutos, imanentes ou intransitivos.

Vejamos alguns Atributos Naturais ou Incomunicáveis de Deus:

a) Onipresença (tudo presente) - Deus age em todos os lugares e possui pleno conhecimento
de tudo quanto ocorre em todos os lugares. Não há um só lugar universo e na eternidade onde
Deus não possa estar. Toda magnitude e grandeza do universo são reduzidos a proporções
microscópicos e se desnuda diante dos olhos do Deus (Sl 139.7-12; Jr 23.23-24). Embora Ele
esteja presente em todo e qualquer lugar, isto não significa que Ele habita em todo e qualquer
lugar. A Bíblia designa o céu como o ponto mais elevado da habitação de Deus (Sl 139.8). Ele
está no céu como lugar de sua eterna habitação e como local do seu trono. será sempre um
desafio tentar compreender como Deus, que habita na eternidade, se compraz em habitar no
coração do homem (Is 57.15);
b) Onisciência (toda ciência ou todo conhecimento) - É compreendida pela capacidade que
Deus tem de saber todas as coisas e nada há que Ele não saiba (Jó 11.7-8; Sl 147.4; Mt 10.29-
30). Por este atributo Deus conhece todas as coisas no tempo, no espaço e na eternidade. Tudo
quanto pode ser conhecido, Ele conhece. Ele não precisa arrazoar ou pesquisar as coisas, pois,
seu conhecimento, seja do passado, do presente, ou do futuro é instantâneo. Embora Deus saiba
tudo que está por acontecer conosco. Sua presciência não intervem no que a pessoa fará do seu
livre arbítrio e nem os obriga a escolher este ou aquele destino (Is 48.5-8).
c) Onipotência (todo poder) - É aquele atributo por meio do qual Ele pode realizar ou fazer
acontecer tudo que Ele deseja (Gn 18.14; Sl 33.9; Lc 12.16-21; Ef 3.20). O Seu poder só está
sujeito a uma lei: O Seu Querer. Seu poder não está condicionado e nem pode ser limitado por
qualquer pessoa que não o Seu querer (Sl 115.3; Dn 4.35). Do alto da majestade do seu trono,
nos céus, Deus faz tudo que lhe apraz (Is 43.3). O seu poder se eleva acima de todas as forças
da terra e do inferno. Toda a natureza está sujeita à direção e controle divino. Todos estão
sujeitos à sua vontade.
d) Eterno (transcende a todas as limitações temporais) - Deus é o único ser que é
absolutamente eterno, pois sua existência não conhece nem princípio e nem fim de dias. Deus
existe por si mesmo (Jo 5.26).
e) Imutabilidade (perfeição por meio do qual Deus não está sujeito a qualquer mudança) -
Isto quer dizer que Ele é para sempre o mesmo, por isto, está isento de toda e qualquer mudança
em seu Ser, em seus propósitos e em suas promessas. Quando a Bíblia menciona Deus se
arrependendo evidentemente é só maneira humana de falar. Na realidade a mudança não é em
Deus, mas no homem e nas suas relações para com Ele (Gn 6.6; Jn 3.10). Deus permanece o
mesmo quanto ao seu caráter.

2.3. Atributos comunicáveis de Deus


Também conhecidos como atributos morais e transferíveis, são aqueles pertencem à essência da
natureza de Deus, mas que podem ser manifestos, pelo menos em certa medida, com o homem.
São comunicáveis exatamente porque Ele transmite aos seus filhos essas peculiaridades.
Tratam-se de atributos que revelam a condescendência de Deus. Esses atributos podem também
ser reunidos em dois grupos. O primeiro grupo composto dos atributos ligados ao amor de Deus
(graça, bondade, misericórdia, paciência, longanimidade, etc); segundo grupo composto dos
atributos ligados à santidade de Deus (majestade, retidão, justiça).

Vejamos alguns Atributos Morais ou Comunicáveis de Deus:

a) Amor - Descrever ou definir esse atributo (Amor ágape = Amor Sacrificial) é uma tarefa
difícil. Certas passagens da Bíblia dão a entender que o amor de Deus é de tal natureza que
garante um constante interesse no bem está físico e espiritual de suas criaturas, ao ponto de
levá-lo a fazer um sacrifício além da concepção humana para revelar esse amor.
* Graça - A graça é o amor que ultrapassa tudo quanto se possa exigir do amor. É Deus
baixando-se e estendendo a mão, inclinando-se desde as alturas de sua majestade, a fim de
tocar e segurar àqueles que só merecem o seu castigo. Graça na linguagem específica das
Escrituras é o seu amor imerecido para com os que perderam o direito, e estão por natureza
debaixo de um julgamento para condenação. É uma dádiva gratuita da Generosidade de Deus
para com alguém que não tem o direito de reclamá-la.
* Longanimidade - Pleno ato de tolerância para com os maus e perversos. No original hebraico é
traduzido por “lento para a ira”. Entendemos assim, longanimidade é aquele amor de Deus, em
virtude do qual Ele suporta aos obstinados e perverso pecador. Os pecadores passam dias e dias
zombando e criticando da pessoa de Deus, mais por causa de sua longanimidade Ele acaba
ainda sendo salvo (Rm 2.4).
* Misericórdia - É o amor para com os que sofrem aflições, independente de seus merecimentos.
Deus se mostra compassivo e piedoso para com os que se acham em estado de miséria
espiritual, sempre pronto a socorrê-los. Apesar de grande e insondável, a misericórdia não pode
ser considerada o oposto da sua justiça, e tão pouco como algo que o anule.

b) SANTIDADE - A Santidade de Deus significa a sua absoluta pureza moral. Ele não pode pecar
nem tolerar o pecado. A ideia fundamental da santidade moral de Deus é também a de
“separação”, porém neste caso é separação do mal moral, isto é, do pecado. É por isso que exige
que tudo quanto está associado à sua Pessoa seja santo.
* Justiça - Justiça é a santidade de Deus em Ação. Esta qualidade garante que Deus dará e fará
ao homem exatamente o que ele merece. Deus não só trata justamente como também requer
justiça. Portanto, ela se revela no castigo dos ímpios (Justiça Punitiva) e na recompensa dos
justos (Justiça Remunerativa).
* Retidão - Deus sempre faz o que é reto. Ele se move por uma vereda de equidade e retidão
absoluta e perfeita. São Elas que nos assegura que seremos transportados até as eras eternas,
bem como, nos tornam certos que seremos destruídos se não nos propusermos também a trilhar
por essas veredas. Só os puros e retos será dado o direito de permanecer diante do Senhor (Sl
24.3-6).

c) FIDELIDADE - Fidelidade é aquela perfeição de Deus em virtude do qual cumpre


perfeitamente tudo que diz. Tem a ver com a decisão de Deus em cumprir os pactos a alianças
feitas com o seu povo. Esta fidelidade de Deus constitui a base da nossa confiança Nele, o
fundamento de nossa esperança e a causa de todo nosso gozo.

3. O VALOR DE CONHECER OS ATRIBUTOS DE DEUS


Para haver um relacionamento entre nós e Deus é imprescindível conhecê-Lo, ou seja, conhecer
Sua essência, natureza e atributos. Os atributos de alguém lhe são tão essenciais que, sem eles,
ela não poderia ser o que é. Se transferirmos essas ideias a Deus, descobriremos que Seus
atributos lhe pertencem são inalteravelmente, e, portanto, o que Ele é agora, há de ser sempre.
Infelizmente muita gente que se intitula cristão e não conhece os atributos de Deus acaba criando
para si a visão de um tipo de deus que nada tem a ver com o verdadeiro Deus. Estudar sobre
quais são os atributos de Deus é algo maravilhoso que nos leva a admirar sua majestade,
magnificência e grandiosidade.

3.1. Conhecendo os atributos de Deus, podemos saber mais quem Ele é.


Um conhecimento salvador e espiritual de Deus é a maior de todas as necessidades de cada
criatura humana. O fundamento de todo conhecimento verdadeiro de Deus só pode ser a clara
compreensão mental de Suas perfeições, segundo revelam as Escrituras Sagradas. “Não se
glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas
riquezas. Mas o que se gloriar glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor...”
(Jr 9.23-24). Ao estudarmos os atributos de Deus veremos como é que Deus age em relação a
Sua criatura, pois Deus é uma pessoa e tem o interesse de se relacionar com o homem que Ele
mesmo criou. É necessário nos aprofundarmos mais e mais conhecendo o Senhor Deus. O
profeta Oseias nos incentiva: “Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor...” (Os 6.3).
Nenhum preparo intelectual, nenhuma experiência humana, substitui o conhecimento da Palavra
de Deus em sua simplicidade, pureza e verdade.

3.2. Conhecendo os atributos de Deus, podemos estar mais preparados contra heresias e
falsos ensinos.
O profeta Oseias disse: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento” (Os 4.6).
Não são poucos os crentes que, por não conhecerem a Palavra de Deus, ainda hoje estão sendo
“destruídos” e levados por falsos mestres e ventos de heresias. Paulo ensinando aos efésios diz:
“Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina,
pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente” (Ef 4.14). Que possamos
nos atentar para o conselho do nosso Senhor através do Profeta Jeremias e entender que o
nosso maior motivo de orgulho deve ser o de conhecê-Lo, quer seja pela sua natureza, quer seja
pelos seus atributos (Jr 9.23,24). Um conhecimento que envolve relacionamento e
comprometimento com a verdade revelada.

3.3. Conhecendo os atributos de Deus, podemos dar-lhe a verdadeira adoração.


Não nos é possível servir nem adorar a um Deus desconhecido, nem depositar nEle a nossa
confiança. Só quem conhece pode adorá-Lo com conhecimento de causa (Jo 4.22). Só quem
conhece e o teme pode se beneficiar das Suas promessas, da Sua comunhão e dos Seus
segredos (Sl 25.14; Jr 9.23-24). Necessitamos algo mais que um conhecimento teórico de Deus.
Só conhecemos verdadeiramente a Deus em nossa alma, quando nos rendemos a Ele, quando
nos submetemos à Sua autoridade e quando os Seus preceitos e mandamentos regulam todos os
pormenores da nossa vida. A nossa adoração no Espírito e em verdade (Jo 4.22), quer dizer que
não é da boca para fora, é com sentimentos da alma. Canta o que vive, prega o que vive, adora
porque crê, adora porque conhece a quem está adorando, e submete-se ao “Adorado”. Por essa
razão, é extremamente necessário que estudemos o caráter de Deus, para que possamos prestar
um culto que lhe seja aceitável (Rm 12.1-2).

CONCLUSÃO
Deus é aquele que faz todas as coisas conforme o conselho da Sua vontade [Ef 1.11]. Os Seus
atributos são inegáveis e não tem como discordar das Suas perfeições.

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