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A Concepção Virginal de Jesus Cristo

Texto Bíblico: Lucas 1.26-35

Falar sobre a concepção virginal de Cristo é importante, pois


assim tratamos do modo como Deus entrou na raça humana. Em
primeiro lugar, este nascimento não é uma doutrina, mas um fato,
um evento, um acontecimento, como é o nascimento de outro ser
humano. A concepção, no caso de Jesus, aconteceu de forma
sobrenatural no útero de uma mulher sem o ato prévio de uma
relação sexual com um homem.
Então, isso nos faz pensar em nomear o evento adequadamente,
onde podemos situar, de fato, quando aconteceu o elemento
sobrenatural relacionado à encarnação. Nos relatos dos evangelistas
Mateus e Lucas, fica evidente que Jesus Cristo foi concebido de
forma miraculosa, ou seja, sem a presença de um pai humano e
graças à intervenção especial do Altíssimo (Mt 1.20 e Lc 1.35).

I. A IMPORTÂNCIA DA CONCEPÇÃO VIRGINAL DE CRISTO


A concepção virginal de Cristo é importante por pelo menos
três motivos:
1. Trata-se de uma marca da iminência de um evento
redentor: Nascimentos miraculosos na Bíblia indicam um
desenvolvimento de uma narrativa importante: Isaque, Sansão,
Samuel e João Batista são alguns exemplos. Nestes casos, Deus abriu
o ventre de mulheres estéreis para que pudessem dar luz a filhos, os
quais tiveram papeis importantes na história da redenção. Todavia,
um nascimento virginal é um sinal muito superior do que estes
milagres e ele dá a ideia de que algo igualmente elevado está prestes
a acontecer.
2. Guarda a divindade e a humanidade de Jesus:
Concepção e nascimento são os elementos que marcam a origem de
todo ser humano. Era necessário que o Verbo encarnasse desta
forma, sendo concebido e nascido de modo humano. Assim, a
concepção virginal não apenas marca a entrada de Deus no mundo,
mas também o momento em que Deus se fez humano, tornando-se
filho de uma mulher.
Assim, se faz necessário destacar que o que aconteceu com Jesus foi
algo completamente diferente do que ocorreu com qualquer outro
ser humano. Na concepção do Salvador, ocorreu que a segunda
pessoa da Trindade recebeu natureza humana: diferentemente do
que ocorre na concepção humana normal, Jesus não passou a existir
no momento de fecundação entre um espermatozoide e um óvulo,
mas por obra soberana do Criador, quando Deus se tornou um
zigoto no útero de uma virgem judia prometida em casamento a
José.
3. Sinaliza que a salvação é pela graça, não por trabalho
humano: Deus tem toda a iniciativa no nascimento de Jesus, sendo o
elemento humano (no caso, Maria) totalmente passivo a partir da
iniciativa divina.

A Igreja Cristã deve reafirmar a sua crença na concepção virginal de


Cristo pois sem este elemento, Cristo não é Deus: Ele teria sido apenas um
ser humano, com pai humano; além disso, negar a concepção virginal de
Cristo é uma ataque a outras diversas doutrinas cristãs como a veracidade
da Bíblia, a humanidade de Cristo, a impecabilidade do Salvador e a
natureza da graça.

II. A CONCEPÇÃO VIRGINAL DE CRISTO COMO UM FATO


HISTÓRICO
O Credo afirma explicitamente que Cristo nasceu de uma
virgem. Daí, conforme o testemunho da Escritura, a história do
ministério terreno do Salvador começou com um milagre. Inimigos
da fé cristã tentam ridicularizar este ensino, insinuando que Jesus
seria filho de Maria com um militar romano, em um caso de
extraconjugal.
Mas o testemunho bíblico é claro ao dizer que Jesus nasceu de
modo sobrenatural, como uma obra divina. A concepção virginal de
Cristo é um escândalo para os naturalistas, ou seja, aqueles que
alegam que os milagres são impossíveis de acontecer. Bem,
questionar o nascimento virginal de Jesus é algo válido, mas nós
devemos observar esta alegação no contexto primitivo em que ela
foi elaborada. Este evento foi afirmado em um momento em que
poderiam ser averiguadas as provas de sua autenticidade. Podemos
discutir as evidências externas, as evidências históricas da verdade
cristã:
O argumento mais poderoso é o do próprio texto bíblico: Em o
nascimento virginal de Cristo, há o cumprimento de uma profecia
feita nos séculos anteriores. A Bíblia é repleta de gêneros literários
diversos: poesia, profecia, parábolas, cartas (como ocorrem em o
Novo Testamento) e, principalmente, narrativas. A Bíblia está
ocupada em contar histórias; tais narrativas não tem um propósito
de ilustrar pontos importantes, mas o de contar o que efetivamente
está acontecendo.
O Antigo Testamento antecipou a vinda do Messias, que seria nada
menos do que o próprio Iavé, o Filho de Deus e também Filho do
Homem. Este redentor deveria vir ao mundo a partir de uma
linhagem específica. O Cristo iria assentar-se apenas no trono dos
céus, mas também no trono real de Davi.
A Teologia Bíblica do Antigo Testamento requeria um Salvador
divino e humano por aparência e por natureza. Desde a
proclamação do protoevangelho de Gn 3.15, fica evidente de que o
Messias deveria ser da descendência da mulher.
Vale a pena destacar: o Cristianismo não repousa em ideias
filosóficas, mas em fatos históricos. Ou estes fatos realmente
aconteceram ou não existe fé cristã: pegando emprestado o
raciocínio de Paulo em 1Co 15.16: “se Cristo não ressuscitou, a nossa
fé é vã”, onde poderemos também depreender: “se Cristo não foi
concebido em uma virgem, nossa fé não possui sentido”. Não existe
nenhum apoio do sentimentalismo aqui. Não podemos crer em
Jesus do mesmo modo que as pessoas acreditam no Papai Noel,
crendo no que ele representa. Uma pretensa versão do Evangelho
que nega a concepção virginal de Jesus, não consiste no que foi crido
e confessado por nossos irmãos durante toda a história.

É isto que o Credo confessa: “Creio em Jesus Cristo, Seu único Filho,
nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo,
nasceu da virgem Maria”. Ele não é apresentado como o Cristo que
se apresentou em Jesus, mas como Jesus Cristo, o Filho de Deus, o
Senhor. As naturezas divina e humana de Cristo são perfeitíssimas,
harmônicas e indivisíveis. Jesus Cristo é o Deus que se fez homem.

III. DESDOBRAMENTOS PRÁTICOS DA ENCARNAÇÃO DE


CRISTO
Para encerrar, gostaria de apresentar um desdobramento
prático desta doutrina e deste evento para nossa jornada cristã.
A encarnação de Cristo nos fala da extraordinária unidade que
Jesus tem conosco. Para a maioria de nós, a proximidade de Jesus só
passa pela nossa cabeça quando enfrentamos dificuldades, e isto nos
empobrece bastante. Reflitamos sobre esta verdade cristã: Jesus
Cristo é o Emanuel, o Deus conosco. Ele entrou em plena
solidariedade conosco, em nossa existência pecaminosa, para nos
salvar, sem, contudo, ter se tornado um pecador. Deus está conosco:
nós não estamos sozinhos.
Cristo assumiu em sua encarnação ser parecido com a gente, ser
gente como a gente. Portanto, nós podemos nos encontrar nEle.
Como Hebreus afirma, podemos conservar firme a nossa confissão
tendo em vista que Jesus se compadece de nossas fraquezas, que foi
tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
A consequência clara desta realidade encontra-se registrada em
Hebreus 4.16: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente junto ao
trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e alcançarmos
graça para socorro em ocasião oportuna”. Podemos contar com Seu
socorro, seu apoio gracioso em tempo oportuno!
Há algumas expressões caras neste versículo:
Em primeiro lugar, a expressão “aproximemo-nos”: a ideia é de
chegar perto, ir ao encontro, estar próximo. É uma expressão que
aparece várias vezes em Hebreus indicando a possibilidade de estar
na presença de Deus. Fala de um relacionamento pessoal com o
Todo-Poderoso, o que só pode conquistado em nível de “confiança”
ou “coragem” por alguém privilegiado. O trono de graça nos fala do
favor imerecido de Deus para com seu povo, o povo da aliança, que
mediante o sangue de Jesus pode receber misericórdia e graça para
auxílio em momento oportuno.
Bem, geralmente entendemos o “tempo oportuno” como uma
dificuldade pessoal que enfrentamos, como alguma enfermidade, ou
privação financeira, por exemplo. Mas ao examinarmos o contexto
da passagem, notaremos que ela nos fala de tentação. E para
enfrentarmos a tentação, precisamos deste perfeito sumo sacerdote,
que nos dá força e perdão.
Uma coisa que a quarentena tem demonstrado é que nossas
tentações e pecados continuam sendo os mesmos: o grande
problema nosso não são as circunstâncias, mas nosso coração
pecaminoso. E o remédio para o nosso coração é Cristo, que passou
por todas estas tentações e venceu! E para nós, que erramos tantas
vezes, o mesmo Cristo oferece apoio na tentação e perdão para
quando falharmos.
E isto sim: é uma ótima notícia!
Oremos!

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