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HISTÓRIA DA ARQUITETURA II

➢ Donato BRAMANTE 1444-1514

➢ Foi importante no 2º momento/fase do renascimento.


➢ É arquiteto, mas começa a sua carreira por ser pintor.
➢ Com apenas 20 anos pintou “Cristo na coluna” e esculpiu a Gravura Prevedari,
em bronze, onde mostra algumas ruínas romanas e ao mesmo tempo uma
igreja na qual se pode ver uma das características da sua obra, a cúpula com 5
óculos (modelo da igreja bizantina) esta escultura serve de analogia da busca
dos princípios clássicos para as tipologias modernas que ele vai produzir
➢ Pensa-se que nasceu na região de Urbino, onde iniciou a sua aprendizagem,
que na época, tendo contacto com o trabalho de alguns dos maiores pintores
e arquitetos renascentistas que aí exerciam a sua atividade.
➢ O pintor Piero della Francesca e Leon Battista Alberti, o grande teórico do
renascimento italiano, que foram a principal influência na primeira fase da sua
carreira.
➢ Foca-se na arquitetura e deixa as pessoas de “parte”.

MILÃO (1ºfase)

Igreja de Santa Maria Presso San Satiro, 1481

Foi uma das obras que tornou Bramante conhecido. Era um arquiteto conhecedor do modelo
da catedral de Urbino, de Francesco di Giorgio, pelo que acaba por o adotar para esta igreja. A
existência de uma pequena capela bizantina, “San Satiro” fez com que o arquiteto tivesse de
adaptar a sua proposta ao local.

A igreja é construída de forma a agarrar a capela pré-existente e como o seu desejo era de ter
uma igreja grande, diminui a capela-mor, ficando esta com dimensões mínimas e usa nesse
mesmo espaço a técnica da ilusão de ótica – pinta uma perspetiva que faz com que a capela-
mor seja mais profunda do que é, só o primeiro plano é que é real. No entanto a perspetiva só
funciona quando entramos na igreja (ilusão de criar uma cabeceira).

Possui um transepto bem afirmado, 3 naves, tinha corte basilical e possui uma cúpula central
com características brunelleschianas (nervuras, óculos, madeira).
Catedral de Pavia, 1487-1488

Usa como modelo de inspiração a


Igreja de Santo Espírito, de Brunelleschi, sendo que possui influencias também da Hagia
Sophia. O objetivo de Bramante era que tivesse uma grande cúpula com nichos redondos que
iriam definir o espaço. É notório o cuidado com os pormenores (evidentes nas colunas por
exemplo). Não consegue, no entanto, acabar a catedral e quem acaba por a terminar é
Giovantionio Amadeu. O remate da cúpula que existe atualmente também não foi projetado
por Bramante. Cruz grega com absidíolos em todo o perímetro. Verticalidade vs
horizontalidade

Convento de Santa Maria delle Grazie, 1492

Antigo convento que é transformado em igreja, mais uma vez não


consegue acabar pois é substituído por Giovantionio Amadeu. A obra
é caracterizada por possuir um grandioso espaço e uma grande
cúpula. Como modelo para a igreja pensa-se que foi inspirado pelos
desenhos para as igrejas de planta central de Leonardo Da Vinci,
sendo o cruzeiro inspirado nas obras de Brunelleschi (questão
arquitrave e dos óculos). Acrescenta um tambor com cúpula. A parte
de baixo é Bramante, um trabalho mais sóbrio enquanto a parte
superior é de Amadeo, um trabalho mais delicado como se fosse um
trabalho de filigrana/ourivesaria.
Praça Ducal de Vigevano

Ideia de unificar a praça pela fachada. Fachada mais tardia com porticado, a catedral cria uma
fachada concava – recebe a praça e resolve o eixo da praça com essa torção.

Claustro do Mosteiro de Santo Ambrósio

Variação de materiais: granito, tijolo, mármore. Articula


a ordem mais baixa com a mais alta (a mais alta faz
introdução à porta da igreja) – Ordem Colossal. Ideia
inspirada em Brunelleschi, na arcada com abobada de
tijolo leve e delicada.

ROMA (2ªfase)

➢ Com a sua ida para Roma, a sua obra sofre uma verdadeira evolução, tornando-se uma
das mais influentes na época. Toma em primeira mão o contacto com as ruínas que se
encontram em grande quantidade em Roma (império romano) – Arquitetura mais
sólida e mais pesada.
➢ O primeiro edifício desta fase é o pequeno templo de S. Pedro um edifício circular
apoiado em colunas dóricas (1502). Em 1503, Bramante tem a sua grande
oportunidade em trabalhar para o Papa Júlio II, projeta um grande conjunto
monumental para o Vaticano.
➢ Mas a sua grande obra doi o plano de reconstrução da catedral de S. Pedro no
Vaticano, para onde concebe algumas propostas sempre alternadas entre planta
central e planta longitudinal, sendo esta última a que prevalece com uma grande
cúpula sobre o cruzeiro. O projeto foi posteriormente alterado pois Bramante morreu
antes de se iniciar a sua construção, no entanto, permanece o cruzeiro com a sua
cúpula.
Claustro de Santa Maria Della Pace

Totalmente oposto face aos exemplos


anteriores que são sob influência
Brunelleschiana, mais delicados. E nesta obra notamos mais um registo Albertiano, um
claustro mais sóbrio e pesado. Composição elegante, mais sólida e maciça, utiliza abobadas de
aresta em tijolo estucadas, para aliviar a estrutura. Pilares em vez de colunas. Inscrição latina
nas obras (tal como Alberti fazia) à maneira romana.

Palazzo Caprini, 1501

É utilizado o rusticado - reboco de argamassa que emita


a forma da pedra, e é mais barato que a pedra. No rés
do chão é ocupado por lojas para rendimento do
proprietário, já no piso superior é o piso nobre, onde a
família vive. Em alçado percebemos a hierarquia que o
arquiteto faz quanto a cada piso, no do chão utiliza o
rusticado com os arcos e pequenas aberturas para as
lojas e este mesmo serve de suporte para o outro piso.
O piso nobre (piano nobile) utiliza colunatas de ordem

dórica com tríglifos de entablamento reto. Mais tarde vem a influenciar Rafael, discípulo de
Bramante.
Tempietto de San Pietro in Montorio, 1502

Encomendado por um cardeal espanhol que queria ser papa, onde se pensa que foi crucificado
S. Pedro. Fica no meio de uma praça, com uma cripta por baixo. É com esta obra que Bramante
começa a ter muito impacto e o papa atual o contrata, Júlio II. Edifício circular com planta
central com colunas em toda a volta para afirmar a centralidade. Bramante idealiza a
construção de um claustro em volta do edifício circular, que não se realiza.

Pátio do Belvedere, Vaticano, 1503

Feito para o papa Júlio II, um pátio enorme com um jogo de rampas. Escadaria virada para a
janela do papa. Assemelha se a um modelo de cidade romana. Retoma a serliana de Palladio
na arcada do pátio superior. Queria mostrar que tinha poder e deixa um marco no Vaticano.

Serliana
1º Projeto para S. Pedro de Roma

Nicolau V foi o primeiro a pensar remodelar S. Pedro, mas foi Júlio II que o primeiro a querer
realmente remodelar: querer substituir a igreja de S. Pedro, por a considerar pequena e já
anteriormente Bernardo Rosselino a mando de Nicolau V, tinha desenhado uma proposta de
ampliação da igreja, mas apenas as fundações tinham sido feitas até à altura. A decisão da
tipologia da planta foi sempre uma indecisão, primeiramente foi desenhada uma planta
longitudinal com uma grande cúpula, e Bramante desenha uma planta de cruz central com
duas torres nos cantos. Giuliano de Sangallo chega a propor, mas sem sucesso, um novo
projeto para a catedral, pois acaba por perder espaço. Acredita que o projeto de Bramante vai
cair e então apresenta um projeto que se apresenta mais maciço. Bramante acaba por rever o
projeto e torna-o longitudinal (a tradição tem muito peso, está acima de tudo). Cria cúpulas ao
longo da igreja longitudinal. Faz três propostas, no último engrossa os pilares devido à critica
de Sangallo sobre o seu projeto não aguentar e cair.

Últimas obras de Bramante

Ninfeu de Gennazano

É um edifício encostado ao terreno que ficou incompleto, mas apesar disso notamos a
presença do tema da serliana, uma casa de fresco para os dias de verão.

Igreja de Roccaverano

Neste edifício apresenta-nos o problema da articulação


entre dois frontões de dimensões distintas nas fachadas
de corte basilical no registo clássico.

➢ RAFAEL, GIULIO ROMANO e PERUZZI e a origem do maneirismo

RAFAEL SANZIO 1483-1520

Filho de um pintor, humanista desde pequeno que tem contacto com o mundo da arte.
Arquiteto talentoso, discípulo de Bramante, morre muito jovem com cerca de 37 anos, é
natural de Urbino tal como Bramante. Assim como Bramante é um excelente pintor, com
apenas 20 anos, pintou “o casamento da virgem” no qual inclui uma igreja redonda. É também
autor da pintura “Escola de Atenas” em 1509, pintura que representa um cenário clássico com
personagens gregas com a ajuda de Bramante para a produção dessa imagem. Faz também
retratos de Júlio II e Leão X.
Projetos para S. Pedro de Roma 1514-1520

Para o novo Papa: Leão X

1º Projeto: Semelhante com o de Brunelleschi, afirma a planta longitudinal; pega no plano de


Bramante mas talvez não tenha as cúpulas tão marcadas (mais pequenas). Apresenta uma
planta mais seca, sem torres e afirma a ideia de 3 naves.

2º Projeto: Há uma afirmação mais imponente com duas torres na fachada, um desenho das
sacristias, sendo o desenho mais expressivo no seu perfil. As torres nunca foram feitas. No
entanto, uns anos mais tarde Bernini retoma esta ideia das torres e elas acabam por cair. A
única coisa que se mantém é a planta longitudinal e os 4 pilares.

Capela Chigi, 1513 (igreja de Santa Maria del Popolo)

É considerada uma obra de arte total, pela sua arquitetura, escultura e pintura feitas por
Rafael. A capela está numa das naves da igreja e apesar da encomenda ser pequena, Rafael
consegue arranjar espaço para criar algo imponente, com influências allbertianas. Esta capela
tinha como objetivo receber túmulos e a sua composição é marcada por ter uma cúpula e pela
utilização da serliana. Planta central octogonal.

Palácios urbanos em Roma

Palazzo Jacopo de Brescia, 1515

Tem como inspiração o Palazzo Caprini de Bramante e faz


os 3 andares que Bramante não conseguiu fazer. Utiliza a
mesma tipologia do palazzo caprini das lojas no piso térreo
com a fachada em rusticado com cinco aberturas, já o piso
nobre iluminado por 5 janelas na largura faixas dóricas
encimadas por um entablamento, assim como o sótão logo
acima. Porta da sacada no piso médio no meio, utiliza a
serliana. O piso para habitação era só para uma família.
Utiliza frontões curvos e triangulares.
Palazzo Alberini, 1518-1520

Palácio que fica numa rua apertada, transforma


um piso nobre em dois e ao contrário do anterior é
para mais do que uma família mantendo no piso
térreo as lojas, sendo, portanto, um prédio de
rendimento. A cornija principal está lá em cima
enquanto no anterior era no 2 piso. Utiliza a
técnica do tijolo estucado (obra barata que parece
cara). O edifício ainda existe, mas com alterações.

Palazzo Branconio dell’Aquila

Apresenta motivos teatrais, como vemos nos teatros/coliseus


romanos. Alternância de frontal reto com frontão curvo.

Villa Madama

Uma vila romana do século XV, tipo villa Adriana, encomendada pelo papa Leão X. Começa a
ser construída numa encosta em Roma, com uma cavalariça para 400 cavalos, teatro, uma
galeria sob a paisagem (trabalha com a paisagem), termas romanas com cúpulas e um trabalho
hiper mega decorativo começando a ganhar características do maneirismo pela ostentação
que quer ter e ser uma villa Adriana moderna. A obra ficou incompleta porque Leão X morreu
assim como Rafael. Giulio Romano também entra nesta obra. Só ficou construída a parte
residencial.

Maneirismo

O conceito maneirismo: alteração dos cânones compositivos clássicos em favor de um maior


expressionismo arquitetónico. É um processo que acontece em Roma, Itália e Florença, não é
um conceito universal. Brunelleschi e Alberti são pioneiros, trazem de novo as regras clássicas.
A partir de Bramante começam-se a distorcer as regras, uma procura de expressividade na
arquitetura, já não há preocupação de fazer as coisas como deve ser. Os arquitetos começam
então a fazer as coisas diferentes, cada um à sua maneira, sem qualquer preocupação com as
regras clássicas. A expressão passa a ser a norma e isto implica muitas vezes o rigor na
composição.

GIULIO ROMANO 1499-1546

É primeiro arquiteto a dar prioridade a este expressionismo crescente. Tal como Rafael é um
prodígio sendo o seu discípulo, começa a trabalhar em Roma, projeta principalmente vilas e
palácios. Também se forma como pintor.

1ª fase romana

Villa Turini Lante, Roma

Loggia com arco serliana (varanda com vista panorâmica para a cidade de Roma); Paredes
suportadas pelas colunas, as pilastras estão alinhadas pelas colunas – cria um certo incomodo
visual na composição; utiliza pés direitos altos. Alçado com três serlianas, planta foge à regra
pois não é simétrica, já as janelas dão simetria.

Palácio Stati Maccarani, Roma

Semelhante ao Palazzo Caprini, como tema de o piso térreo utilizar o rusticado e os superiores
utilizarem as ordens, como uma ideia de elevar as ordens. É um prédio de rendimento pois o
piso térreo tem lojas.
2ª fase Mântua

Palazzo de Té, Mântua (a sala dos gigantes), 1524

É um palácio de inverno de grande escala. As colunas são


em toda a altura do edifício em vez de ser por piso. Faz
um acabamento expressivo nas janelas que ocupam dois
pisos, faz uso da ordem colossal e tríglifos. Tem uma
fachada muito expressiva/ plástica, mais monumental, faz
uso de artifícios para enfatizar o efeito estético, nichos, o rusticado (argamassa com e cimento
que dá aparência de pedra e um ar mais pesado). Muro praticamente sem janelas que contem
a loggia. Os tríglifos parecem que estão a cair, é uma brincadeira maneirista. Serliana com
profundidade. Pintou a sala dos gigantes “a queda dos gigantes” dá a ilusão que a pintura é
mesmo real, gigantes a deitar colunas abaixo; não conseguimos perceber os cantos da sala. O
pavimento representa um turbilhão.

O pátio La Rustica, no palácio Ducal de Mântua

Máxima expressividade com colunas salomónicas – colunas tortas.

Casa de Giulio Romano

É a casa do arquiteto, localiza-se numa zona pantanosa.


Uma casa irreal, ele pinta as salas de maneira a não se
entender onde estão os cantos. A parte de cima é em
pedra e a parte de baixo em argamassa, brinca com o
friso em cima da porta. Tem uma cave, a oficina do
arquiteto. Posteriormente foi aumentada. Número
ímpar de vãos.
BALDASSERE PERUZZI 1481-1536

Arquiteto que teve contacto com Giulio Romano. Bom observador da arquitetura que se
passava na sua época, absorvendo de uma forma rápida o que os colegas fazem. Conhecido
por não ter um estilo específico.

Villa Farnesina

Edifício em “U” fazendo uma relação com o


jardim exterior, faz entrada a eixo. Ideia de
haver uma ponte que ligasse a Villa Farnesina
ao palácio Farnesi, que nunca chegou a ser
feito. Sala da perspetiva com frescos, pinta
varandas falsas para prolongar o espaço, pelo
menos oticamente.

Fachada da Igreja de Santa Maria in Castello, Carpi

Apresenta uma nova solução (duplo frontão) para resolver o corte basilical com os cânones
clássicos, A obra de Roccaverano de Bramante, já tinha resolvido essa questão, mas de uma
forma diferente.

Palazzo Massimo, Roma

Apresenta ideias totalmente novas, como fachadas curvas (convexas) com colunas que tornam
a fachada mais premiável, janelas pequenas nos pisos superiores para que o piso nobre se
pudesse destacar. Tem uma planta assimétrica, a fachada é mais larga que o edifício, assim dá
a ilusão de poder no edifício aos olhos da cidade. Utilização da ordem dórica, loggia com
caixotões. Pátio assimétrico ao eixo da entrada, a fachada possui uma escala monumental que
ainda chega a comprar o edifício ao lado para completar a obra como queria.
➢ MICHELANGELO BUONAROTTI

Florentino, começa por ser escultor, tem como as suas obras mais conhecidas, a “Pietá” e
o “David” (posiciona o olhar para Roma e exagera no tamanho das mãos), onde já se
evidenciavam características maneiristas (as mãos em “David”, distorcer a realidade). Uma
das obras mais importantes de escultura foi o projeto para o tumulo do papa Julio II, que
estaria no braço do transepto da igreja de Bramante em S. Pedro de Roma. O túmulo teria
cerca de 40 figuras humanas à sua volta e possuía uma escala considerável. Depois destas
obras escultóricas regressa à sua terra, Florença:

Projeto para a fachada da igreja de S. Lourenço, Florença, 1516-1518

Não chega a ser realizado, a parede avança e recua o que cria dinâmica a
fachada, a coluna é usada estruturalmente e como ornamento, retira a
leitura do corte basilical. Este projeto encontra se entre o meio caminho
do renascimento para o barroco.

Sacristia Nova da igreja de S. Lourenço, Florença, 1519

Ambas as sacristias foram


encomendadas pela família Medici,
em alturas diferentes, o papa Leão X
pertence à família.

A sacristia velha é da autoria de


Brunelleschi, já a nova da autoria de
Miguel Ângelo, em planta é igual à
velha. A solução é semelhante, mas
Miguel Ângelo eleva mais a sua
sacristia – tem uma cúpula mais
elevada. O espaço apresenta-se mais
dramático e mais vertical, uma cúpula
à moda do Panteão com caixotões.
Janela na parte superior que acentua a perspetiva e dá maior
dimensão vertical. A sacristia tem túmulos com figuras alegóricas
que os acompanham.

Biblioteca Laurenziana, Florença, 1524-25

Foi mais uma encomenda da família Medici, para mostrarem que


são uma família com muito dinheiro, pois os livros eram caros e
para mostrarem que não eram só banqueiros e comerciantes e também tinham cultura. Nesta
biblioteca, as escadas de acesso (escadaria monumental) são uma das características mais
arquitetónicas da obra que vão dar a um corredor horizontal estreito que contrasta e cria uma
tensão com o corpo vertical onde se encontram as escadas de acesso. O vestíbulo/entrada tem
uma escada ondulante, concava e convexa que cria dinamismo, afunila para acelerar a
perspetiva. É o que é mais maneirista, colunas embutidas na parede
por não ter espaço e ganham um dramatismo. Simula o espaço
exterior no interior com
janelas (vãos cegos).

Em 1526 dá-se o saque de Roma. Paulo III é quem decide reconstruir os edifícios depois desse
acontecimento. Contrata Miguel Ângelo para pintar o teto da Capela Sistina “Juízo final”.

No Palazzo Farnese com António Da Sangallo conclui a obra que estava a meio, vai buscar a
cornija, referencia do palazzo Strozzi e utiliza o arco entre meias colunas.

O projeto de Miguel Ângelo para S. Pedro de Roma critica o projeto de António da Sangallo e
alinhamento com o projeto de planta central de Bramante.

Projeto de S. Pedro de Roma de António de Sangallo o jovem,


1534-1539

Possuía um ar
monumental, com a
existência de torres
com 6 ou 7 andares
com 3 ordens.
Projeto com muito
detalhe, quase de
ourivesaria/filigrana, acusado de ser quase um edifício gótico.
Projeto quase oriental com vários pisos sobrepostos que não
é muito comum na cultura ocidental. Mantinha a planta
central de Bramante, mas por outro lado parecia longitudinal porque havia uma ligação às
torres, uma espécie de nártex, possuía 3 deambulatórios também já pensados por Rafael e
Bramante. O tambor da cúpula com dois andares e duas ordens.

“Quem se afasta do projeto de Bramante, afasta-se da verdade”


Michelangelo
Projeto de S. Pedro de Roma, Miguel Ângelo, 1550

Miguel Ângelo vai se aproximar à proposta de Bramante, com


planta central, mantém as colunas que Bramante propõem,
mantendo sempre o projeto de Bramante como base
simplificando-o, atribuindo uma escala colossal. Já a cúpula é
inspirada em Brunelleschi. Apesar de existirem 3 andares há
sempre apenas 1 ordem (artificio). Ilumina os deambulatórios,
propõe um mega pórtico e torna as escadas colossais.
Igreja de Santa Maria Degli Angeli, Roma (reabilitação de termas romanas)

Miguel Ângelo transformou as termas em ruína numa igreja onde o papa Pio IV quer ser
sepultado. Apresenta uma planta central em cruz grega, com o tema das janelas termais,
muito comum na arquitetura clássica.

Porta Pia, Roma, 1561

Porta estranhíssima, com um frontão de uma escala exagerada e brinca com os elementos.

Praça do Campidoglio, Roma

Último projeto de Miguel Ângelo, a praça parece estar destruída:

➢ Cria um terceiro edifício para delimitar a praça (parece delimitada por um


quadrado, mas é um trapézio).
➢ Faz fachadas novas nos edifícios pré-existentes.
➢ Desenha o pavimento (parece um círculo, mas na realidade é uma oval).
➢ Dá foco ao centro com uma estátua equestre de Marco Aurélio (pré-existente),
num pedestal.
➢ Faz uma “cordonata”, escada rampeada de acesso.
➢ Axialidade dada pela escada, estátua, a fachada nova (escadas e torre).
➢ Utiliza a ordem colossal para monumentalizar o edifício.
➢ A escadaria marca o poder e a grandiosidade.
➢ Sítio de poder municipal, o poder que se opunha ao poder dos papas.

➢ RECONSTRUÇÃO DE S. PEDRO DE ROMA

Igrejas de planta central do renascimento:

➢ Santa Maria Degli Angeli, Brunelleschi – ficou incompleta


➢ San Sebastiano Mântua, Alberti
➢ Santa Maria delle Carceri Prato, Giuliano Sangallo
➢ Desenhos para igrejas de Leonardo Da Vinci
➢ Tempietto de San Pietro in Montorio, Bramante – homenagem a S. Pedro
➢ Santa Maria Della Consolazione, vários autores (Bramante, Vignola,…) – relação total
com toda a envolvente, neutra e abstrata com a paisagem.
➢ San Bigio Montepulciano, António de Sangallo – cruz grega com capela-mor
arredondada
Ideias pelo interesse da planta central:

➢ Metáfora, todos estão equidistantes ao centro, ou seja, para Deus.


➢ Relação com a antiguidade com a modernidade.
➢ Cruz grega – quadrada ou redonda.

SÃO PEDRO DE ROMA – PROJETOS

Começa por ser paleocristã por Constantino, com teto em madeira e basílica cemiterial, mais
tarde foi adicionado um átrio e mausoléus mandados construir por famílias ricas.

1447 - BERNARDO ROSSELLINO

Sob o comando de Nicolau V, amplia a cabeceira e o


transepto mantendo a nave paleocristã, a pedido do
Papa desenha uma nova cabeceira incluindo uma
capela-mor e uma cúpula sob o transepto. Faz o
enquadramento urbano proposto por Alberti.
Começa a ser construído, fundações exteriores.

➢ 1505 – DONATO BRAMANTE

Sob o comando do Papa Júlio II, pretende substituir a igreja toda, mas usando a mesma escala,
linha de continuação de Rossellino.

1º Projeto: 4 pilares que suportam a cúpula; pequenas cúpulas nas naves


laterais; planta longitudinal.
2º Projeto: planta central; 5 cúpulas quincunx; planta rendilhada

➢ 1506 - Giulliano Sangallo, é o segundo arquiteto deste projeto e critica o seu mestre,
diz que o seu projeto não se vai aguentar por ser muito rendilhado e não oferecer
robustez como ele propõem com grandes massas, acabando por perder a noção do
espaço.
➢ 1540 – Bramante faz a cúpula que é efetivamente construída com Serlio.

➢ 1514 – RAFAEL SANZIO

Passa a ser o principal arquiteto, com 2º arquitetos (Giuliano da


Sangallo até 1516 e António Sangallo de pois de 1516). Sob o comando
de Leão X.

1º Projeto: Planta longitudinal, mantém os 4 pilares propostos


pelo seu mestre (Bramante); deambulatório em “ferradura”.
2º Projeto: Propõe torres; mais longo; cúpula central maior.

➢ 1520 – Bramante morre.

➢ 1521 – BALDASSARI PERUZZI

Volta ao projeto de Bramante, de planta central, robusto e com


deambulatório em “ferradura”.

➢ 1534 – ANTÓNIO DA SANGALLO, o jovem

Sob o comando de Paulo III, braço direito de Rafael, retorna o


projeto. Planta híbrida, planta central chegando um dos lados a
ter um acrescento e a obra passa a ter uma leitura vertical
(longitudinal) – ordem colossal. Muitos níveis, muito detalhe,
três ordens no alçado, no tambor são duas ordens. A fachada
ganha destaque com a loggia das bênçãos, uma espécie de
balcão/varanda no 1º andar.

➢ 1546 – MICHELANGELO BUONAROTTI

Volta à planta central de Bramante, porque este afirma “Quem se afasta de Bramante afasta-
se da realidade”. 5 Cúpulas de janelas abertas com perfil mais curvo e carater mais barroco,
ordem colossal, retira os deambulatórios, mais forte/mais potente. Alçado perimetral como
organismo vivo – carateriza-se pelos elementos grandes, ordem colossal, janelas verticais, não
têm demasiado detalhe. Monumentalidade.
➢ 1585 – GIACOMO DELLA PORTA e DOMENICO FONTANA

Sob o comando do papa Sisto V desenham a cúpula inspirada na ideia de


Bramante, em 1590 o lanternim por Domenico Fontana e com referência em
Brunelleschi, dourada e azul.

➢ 1602 – CARLO MADERNO

Sob o comando de Paulo V, constrói a nave e a


fachada. Demole o que resta da basílica
paleocristã e acaba com a hesitação da planta
longitudinal e central, torna-a longitudinal,
retoma a um nártex e faz a fachada. É quem faz
o remate.

➢ 1629 – GIAN LOURENZO BERNINI

Sob o comando de Urbano VIII, faz o baldaquino em bronze


com 30m de altura e ainda propõe duas torres para a basílica,
no entanto ao fazer uma delas, esta causa problemas
estruturais pelo que teve de ser destruída, o terreno começou
a ceder pois as fundações não foram feitas com o cálculo
necessário.

Entre estas duas obras faz modestas fontes.

Já sob o comando de Alexandre VII, faz a praça circular com


dois braços, como se estivesse a acolher os fiéis. Resolve
também o problema das torres e coloca relógios no seu lugar.
Resumo da reconstrução de S. Pedro de Roma:

• Basílica paleocristã
• Proposta de uma nova cabeceira (Rosselino)
• Proposta de planta central com 4 pilares principais (Bramante)
• Destruição de parte da basílica paleocristã para construir os pilares.
• Planta central de Rafael.
• Planta central de Peruzzi.
• Planta híbrida.
• Proposta de Miguel Ângelo.
• Cúpula e lanternim.
• Carlo Maderno finaliza a reconstrução

TRATADOS DE ARQUITETURA DO RENASCIMENTO

São publicações que refletem como se transmite o conhecimento da arquitetura.

VITRÚVIO – De Architectura decem libri

1416 – Poggio Bracciolini encontra um manuscrito do tratado no mosteiro de St. Gall na Suiça.

1486-92 – 1ª edição moderna, impressa em Roma.

1496-97 – Florença e Veneza.

Versão ilustrada por Fra Gicondo e Cesar Gicondo, 1ª edição em italiano.

ALBERTI – De Re Aedifiactoria.

SERLIO – Sete Libri de Architettura - ordens na arquitetura – sistematização (grande impacto


na europa).

SAGREDO – Medidas del Romano – livro pequeno de bolso, muito famoso em Portugal e
Espanha.

VIGNOLA – Regola delli cinque ordini d’architettura – muito ilustrado, relação de alturas entre
os pedestais, colunas, entablamento; ordens. Era muito usado nas belas-artes antes do século
19 e 20 (Távora).

PALLADIO – I Quattro libri dell’architectura – contém as ordens e edifícios romanos. Contém o


projeto de uma residência no campo (Villa Moderna de Palladio). É um arquiteto de grande
sucesso que publica os seus próprios projetos. O tema da serliana aparece muitas vezes.
➢ VIGNOLA E PALLADIO

Estes arquitetos fecham o ciclo do renascimento.

GIACOMO BAROZZI VIGNOLA 1507-1573

Faz um tratado de arquitetura muito prático, com pouco texto e muitas imagens. Foi assistente
de Peruzzi.

Villa Giulia, Roma, 1550

Projetado para o papa de Roma, Julio II, grande


defensor das artes.

• Sequência de espaços.
• Sequência de arcos do triunfo.
• Serliana.
• Cria um eixo longitudinal.
• Ganha dramatismo com o teatro.
• Pequeno jardim no final.
• Cariatides – estátuas de mulheres que
servem de colunas.

Castello Farnese, Caprarola, 1556


• Planta pentagonal.
• Claustro redondo com
serliana e rusticado
• Tinha carater de fortaleza –
defensivo e habitacional ao
mesmo tempo.
• Remata a rua.
• Cria uma perspetiva
dramática com a linha reta.
• Conjunto de rampas e
patamares, que criam um afastamento da rua, efeito de
perspetiva parece que estamos perto, mas quando
chegamos às plataformas apercebemo-nos que ainda
estamos longe.
• Os acessos também permitiam a passagem dos coches.
• Escadas circulares – ordem toscana ou dórica.
A planta apresenta-se de uma forma racional e muito bem desenhada,
salas na parte da frente e zonas mais privadas na parte de trás. O piso
térreo apresenta rusticado (faz lembrar o piso de baixo do palácio Caprini
de Bramante). Cria uma forte relação com o exterior com uma loggia que
tem vista para os jardins e cidade. É um edifício que já anuncia
caraterísticas do barroco pela sua relação com o território (grandes eixos
visuais sobre a cidade, sendo o edifício um remate sobre um desses eixos.
Podemos comparar a composição ao Convento de Cristo de Tomar.

Igreja de Il Gesú, Roma, 1568 (fachada de Giacomo della Porta)

É uma igreja de Jesuítas (sede), que faz


lembrar S. Pedro. Este tipo de modelo
vai ser copiado um pouco por toda a
europa católica, a Sé Nova é um desses
exemplos.

• Planta em cruz latina.


• 6 Capelas laterais (3 de cada
lado).
• Capela-mor redonda na abside.
• Nave única.
• Entrada na igreja é feita de
forma direta como se fosse uma
extensão da rua, somos logo
convidados a entrar.
• Cúpula no cruzeiro (tambor).

Vignola desenha a fachada, mas não é aceite


pelo papa por ser muito dura e seca. Foi então
desenhada por Giacomo della Porta, um
desenho mais vibrante, mais expressiva, mais
continua, mais potente e voluptas, uma
imagem de marca dos jesuítas. Apresenta
maior plasticidade, dinâmica e levidade.
Tratado de Vignola : Regola delli cinque ordine
d’architettura

Pedestal, coluna e entablamento 4:12:3

Total 19 secções (coluna 15 secções)

ORDEM TOSCANA - 1:14


ORDEM DÓRICA – 1:16
ORDEM JÓNICA – 1:18
ORDEM CORINTIA – 1:20
ORDEM COMPÓSITA – 1:20

Da mais simples para a mais refinada.

ANDREA PALLADIO 1508-1580

Palladio vai ilustrar o tratado de Vitrúvio, desenha como era uma casa romana (um átrio e um
vestíbulo, um peristilo largo com colunas à volta e um possível pórtico com colunas). Faz maior
parte do seu trabalho em Vicenza.

Casa romana

Elemento básico da arquitetura.


Primeiras vilas (obras muito sóbrias):

➢ Villa Valmarana
• Casa de campo.
• Organização simples.
• Espaço de distribuição
central.
• Corte de 2 águas.
• Portais rusticados
suaves.
• Usa a serliana (arco
paladiano).
• Formas geométricas.

➢ Villa Gazzoti

• Uso de elementos clássicos.


• Usa simetrias – equilíbrio.
• Frontão triangular.
• Escadas de acesso para marcar um eixo.
• Organização por um espaço de
distribuição.
• Vai contra a corrente, porque não utiliza
corredores.

➢ Villa Pisani

➢ Villa Caldogno
➢ Palazzo Thiene, Vincenza, 1542

Obra iniciada por Giulio Romano e terminada por


Palladio. Utiliza o rusticado, mas ainda de uma forma
muito sóbria. Vestíbulo e átrio em simultâneo, fachadas
simétricas.

➢ Palazzo
Iseppo Porto,
Vincenza, 1549

Inspirado no
Palazzo Caprini
de Bramante,
com as diferenciações de não utilizar o piso térreo para
comércio, em Vincenza era
tradição habitar o piso térreo,
mas utiliza na mesma o
rusticado tal como Bramante.
Possui um eixo longitudinal, e
faz lembrar a típica casa romana
com um átrio e um peristilo.
➢ Palazzo Chiericati, Vincenza, 1551

Ar teatral, com estátuas no topo. Ideia de um


frontão, triglifus, ordem toscana e ordem
jónica.

“Basílica” de Vincenza, 1549

É a sede municipal de Vincenza que Palladio vai transformar,


localiza-se na praça central. É basílica no termo não religioso,
mas civil. Começa por ser um edifício muito típico, mesmo em
Portugal (Viana do Castelo e Guimarães), teve um período que
teve uma arcada gótica. Palladio transforma o edifício num
edifício comunitário, no piso térreo coloca um mercado e no piso
acima uma grande sala municipal (função cultural). Diferencia as
ordens nos dois pisos para dar mais destaque e requinte ao
superior. Ritmo geométrico e utiliza o tema da serliana ou
também conhecida como palladiana. Utiliza estatuaria nas
cornijas, o portificado dá profundidade ao edifício, nos cantos
utiliza maciços de 3 meias colunas que dão a volta tal como em
S. Pedro de Roma. Graças à
sua dimensão e cor branca da
pedra, torna-se muito importante para a cidade.

Villa Foscari/Malcontenta, Vincenza, 1558

É construída para os irmãos Foscari, cada


família vivia num canto, já por isso percebemos
o porquê de a casa ter duas entradas num
pórtico. Localiza-se junto ao canal de Veneza (a
chegada a casa era feita de barco através do
canal), na traseira tem uma relação direta com
a paisagem. Está repleta de elementos clássicos
(frontões, pórticos, arcos paladianos, janelas
termais…).

É levantada do chão como as outras villas, no


entanto esta foi obrigada a isso por se encontrar num ambiente pantanal. As duas casas têm
uma sala central em comum.
Villa Rotonda, Vincenza, 1566

É duplamente simétrico, Todos os alçados têm um pórtico que são orientados para algum
ponto da paisagem envolvente (Alpes, rio, bosque e cidade). É designada de rotonda por
ter uma sala central de distribuição cilíndrica com uma cúpula à maneira do panteão de
Roma. Planta simples, elevação para dar mais destaque e tornar mais seca, pintado com
frescos, colunas de ordem jónica.

Igrejas em Veneza (questão da fachada e do duplo frontão; retro-coro):

➢ Fachada da Igreja de S. Francesco della Vigna, 1562

Assume o corte basilical, fazendo um duplo frontão, fachada com


relevo. (um frontão para cada nave) Utiliza a ordem colossal. Tema de
Bramante e Peruzzi.

➢ Igreja de S. Giorgio Maggiore, 1565

Fachada muito branca e semelhante à anterior com


duplo frontão, adapta a linguagem clássica à
paleocristã. A igreja possui três naves, transepto e
uma cúpula sob o cruzeiro. Invenção do retro-coro
(coro dos
frades), faz
isto para
desobstruir a
vista dos fiéis, anteriormente o coro de frades
sentava-se nas filas da frente. A música vem de um
espaço que não se vê o que causa um grande impacto
e misteriosidade a quem visita a igreja.
➢ Igreja de Il Redentore, 1577

Assim como o exemplo anterior, é muito branca o que traz mais luz ao espaço. Fachada com a
solução do duplo frontão, cúpula, transepto menos afirmado, capelas laterais. Utiliza mais uma
vez o retro-coro, com uma linha curva de colunas. Quem está na praça de S. Marcos consegue
ver a igreja.

Teatro Olímpico de Vincenza, 1579

Teatro coberto feito à maneira romana, por fora é um banal armazém agrícola (discreto), mas
o seu interior é espetacular, um auditório semicircular com um cenário clássico à volta pintado
por Scamozi, que cria perspetivas aceleradas. Cria fachadas em madeira. É a ultima obra de
Palladio.

Tratado de Arquitetura de Palladio: I Quattro Libri dell’Architettura

Grande sucesso da arquitetura palladiana.

➢ A ROMA DE SISTO V e a origem do urbanismo barroco

A cidade de Roma, depois da queda do Império Romano foi perdendo importância e


habitantes. Só no século XV é que se vai dar uma reconstituição. A primeira foi de Nicolau V.
Nesse espaço de tempo também houve algumas peregrinações o que contribuiu para as
esmolas às igrejas e o aparecimento das pessoas – o que fez Roma recuperar. Mais tarde, após
o maneirismo e Miguel Ângelo, surge o barroco, uma nova vontade de reconstruir Roma,
criando grandes eixos visuais, colunas e obeliscos.
Plano de Nicolau V (1447-1455):

➢ Praça do Campidoglio – estátua (Marco Aurélio) trazida para o centro.


➢ A intervenção de Miguel Ângelo na Praça do Campidoglio
➢ Igreja de São Pedro de Roma
➢ Porta Pia de Miguel Ângelo

Plano de Sisto V por Domenico Fontana

Sisto V foi papa por 5 anos e nesses 5 anos foi o arquiteto Domenico Fontana (mais importante
na história do urbanismo ocidental). A ideia é tornar Roma maior e para isso:

• Repovoa as colinas, proporcionando um abastecimento continuo de água


(interrompido desde que foram cortados os antigos aquedutos de romanos).
• Integrar num único sistema as ruas principais, as diversas obras idealizadas pelos
papas antecessores, articulando as igrejas mais importantes e outros pontos chaves da
cidade.
• Criar uma nova cidade, elaborada do ponto de vista estético de grandes eixos e
independente da configuração dos edifícios dispares.

1. STRADA FELICE: grandiosa artéria que atravessava Roma de noroeste a


sudeste.
2. AQUA FELICE: aqueduto que dá vitalidade às colinas da cidade.
Manda construir um obelisco (marco de referência)

 Cria enfiamentos visuais e enquadramentos perspéticos.


 Integração de elementos num conjunto.
 Estrutura é autónoma dos edifícios.
 Está dependente dos edifícios excecionais.
 Imagem global da cidade a partir de pontos de referência.
 Articula igrejas relevantes num circuito de peregrinação.
 Relaciona e integra importantes edifícios no sistema global.
 Obeliscos são pontos de referência para articular o conjunto.
 Criou um sistema de recolha de lixo doméstico.
 Melhorou o sistema de escoamento de águas.
 Construiu balneários públicos.
 Pensou em instalar no coliseu uma fiação de lã
com habitações para os trabalhadores.
 Com estas medidas a população em Roma em
200 anos quadruplicou.

Quem estudou muito bem esta operação foi


Edmund Bacon no livro “Design of Cities”.

Em suma:

• Dá forma à cidade a partir de uma intervenção concreta.


• Intenção objetiva e concentrada no tempo.
• A rede articulada de vias estrutura a expansão da cidade.
• Salto de escala.
• Controla a imagem da cidade.

Intervenções:

• San Carlino Alle Quattro Fontana, Francesco Borromini – 4 fontes colocadas num
cruzamento (atitude muito barroca), edifício posterior quando os eixos das vias já se
encontravam definidos.
• Fonte Felice, Domenico Fontana
• Coluna Antoniana (Marco Aurélio) Piazza Colonna.
• Rede viária de Sisto V: Porta Pia, Obelisco em Piazza de Popolo, Via dell Corso, Via
Clementia, Paolina Trifaria, Via Felice, Via Pia, Lattern Obliscuo, Via S.Giovanni
Laterano, Colosseun column of Trajan, Il Gesú
• Colocar obeliscos em frente às igrejas.

Muitos dos obeliscos são egípcios.

A critica ao plano de Sisto V foi feita em relação ao terreno que ficou livre, ou seja, a existência
de poucos edifícios sendo que a maioria são pré-existentes, A intervenção apresenta um
carater um pouco campestre, no sentido em que só apresenta uma referência de x em x
metros obeliscos e marcas a rematar a vista (perspetivas controladas). Mas o facto é que este
papa é importante porque acaba por lançar a posterior expansão da cidade.
A Roma de Alexandre VII

Alexandre VII é um papa dos meados do século XVII, da família Chigi. Alexandre VII considera-
se o “Alexandre O Grande” e por isso escolhe o nome Alexandre para o seu nome de papa,
Escolhe o arquiteto Pietro da Cortona e Gian Lorenzo Bernini, para continuar a obra de Sisto V.

 Demoliu o Arco de Portogallo (arco de Portugal), para que a visibilidade do enfiamento


visual não fosse obstruída.
 Reabilita a Santa Maria in Via Lata (fachada), para rematar a Via del Corso
 Regulariza a Piazza Colonna.

 Manda fazer a Praça de São Pedro a Bernini (dois braços que abraçam a igreja e os
fiéis). “terceiro braço” não é construído. No centro só vemos as colunas.
 Reorganiza a praça em frente ao Panteão (proíbe o mercado e coloca um obelisco).
 Piazza de Spagna: articula a Strada Felice com a Via
Babucino, tinha uma grande diferença de cotas, pelo
que a praça se Spagna tem uma escadaria.
 Piazza del Popolo: Carlo Fontana, desenha duas igrejas nas esquinas das três ruas do
tridente para criar simetria. Igrejas com fachadas semelhantes, para criar uma imagem
unificada e em frente coloca um obelisco. (Carlo Fontana é um arquiteto que faz
muitas igrejas). “pata de ganso”

Com estes dois planos conseguimos já perceber o que é o urbanismo barroco.

• Criar um sistema de relações visuais


• Eixos barrocos – sistema eficaz de referência urbana.

➢ O BARROCO: BERNINI, CORTONA E BORROMINI

Ao contrário do renascimento, no barroco os arquitetos não procuram as formas analíticas. Já


não são matemáticos nem geómetras. Há uma divisão do artista e do cientista.

Carlo Maderno 1556-1629


 Faz a fachada da Igreja de São Pedro de Roma
 Faz a Igreja de Santa Susana
 Faz a Igreja de Santa Maria della Vitoria, com ajuda na fachada.

Gian Lorenzo Bernini 1598-1680


 Filho de escultor, desde cedo se destacou nessa área sendo um escultor exímio e mais
tarde torna-se arquiteto.
 Desenha a fachada da Igreja de Santa Bibiana e faz uma escultura para o altar.
 Faz o Baldaquino de S. Pedro com a ajuda de Borromini
 Faz 4 estátuas no cruzeiro em S. Pedro.
 Faz a cadeira de S. Pedro.
Francesco Borromini 1559-1667
 Familiar de Carlo Maderno
 Era uma pessoa muito instável.
 Projetou San Carlino alle Quattro Fontane – faz todo um convento inserido num
quarteirão, o interior é branco para se notar toda a luz e todo o movimento. Conjunto
de elementos côncavos e convexos. O entablamento tem um movimento contrário à
cornija. Desenha um claustro com arco serliana que é como uma peça única continua,
a igreja vai ganhar impulso vertical por falta de espaço na horizontal.

Pietro da Cortona 1596-1669


 Villa Saschetti del Pigneto (Bernini fez uma critica à quantidade de estátuas que Pietro
propõe, como se ele estivesse a fazer um presépio.
 Igreja dos Santos Luca e Martina.
 Igreja de Santa Maria della Pace – claustro de Bramante, faz uma relação com a praça,
fica no centro de Roma antiga (medieval), fachada redonda, o aperto da rua (para
resolverem compram casas na sua envolvente para alterar).
 Salão nobre Do Palazzo Barbernini.

BERNINI

➢ Torres para a Basílica de S. Pedro. Na construção da segunda


torre, a obra dele teve de ser demolida, pois estava a pôr em
causa a estabilidade da basílica. Ainda chega a erguer uma das
torres, mas esta após o início da construção da segunda, acaba
por cair.
➢ Fonte do Tritão, na Piazza Baberini
➢ Fonte dos quatro rios, na Piazza Navona (com um obelisco) –
Dedicou- se a fazer fontes depois do sucedido em S. Pedro.
➢ Na igreja de Santa Maria della Vitoria de Carlo Maderno, Bernini construiu a Capela
Cornaro, uma obra de arte total (arquitetura, pintura e escultura). É
lá que se encontra a estátua do Êxtase de Santa Teresa
➢ Igreja de Castelgandolfo, igreja com planta central de cruz grega,
com uma cúpula no meio, uma arquitetura muito sóbria.
➢ Igreja de San Andrea Al Quirinale, tem uma planta oval, assim como
San Carlino, no entanto o eixo é mais curto e principal.
➢ Santa Maria Assunta, Ariccia, igreja de planta central
pura, circular e simples. Entrada rematada com um
frontão bastante seco. Uma igreja diferente que
mostra que o barroco era um tempo de
experimentação.

➢ Scala Regia do Vaticano – obra monumental, em que cria o


efeito da aceleração de perspetiva, em que consiste apertar as
paredes (soltando as colunas) diminuindo a largura do corredor.
As escadas monumentais dão acesso ao espaço régio/real. As
colunatas possuem cobertura e a sala real possui a serliana que
Bramante usava bastantes vezes.

➢ Colunatas da Praça de S. Pedro – o papa Alexandre VII encomenda a Bernini o prpjeto


para a praça de São Pedro, esta praça vai rematar o plano de Sisto V e é uma das mais
importantes barrocas. Ele cria dois momentos nesta praça: primeiro um momento
trapezoidal e depois dois braços (simbolismo de receber os fiéis). O arquiteto vai jogar
com a perspetiva, pois
apesar da praça ser
quadrada, ela é
trapezoidal. Possui ainda
um obelisco no meio da
praça e duas fontes na
mesma linha, a colunata
que compõe os dois
braços apresenta um
estilo clássico.
➢ Projetos para a fachada este do Louvre, a encomenda é feita pelo rei Luís XIV, rei mais
poderoso e influente na Europa. Bernini elabora vários projetos, sendo o primeiro
muito dinâmico e apresentando uma fachada curva. O segundo um desenho mais
sóbrio, mas ainda com a utilização das curvas côncavas e o terceiro completamento
reto, sendo o mais sóbrio dos três. No entanto acaba por não fazer este projeto, mas
continua por França a trabalhar para o rei no ramo da escultura.

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