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UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

Instituto Politécnico do Huambo


Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura

ARQUITETURA E TEMA Nº 6
URBANISMO DE ANGOLA
Da antiguidade à Idade Moderna

Docente: Arq. Francisco Tandavala


4º Ano, 1º Semestre
LUANDA
Luanda é fundada em
1575-1576, a sua estrutura
fica consolidada desde
meados do século XVIII,
apresentando um
crescimento relativo até
cerca de 1860.

Essa estrutura tinha um carácter sobretudo defensivo e comercial, estando implantada numa zona litoral com uma
baía resguardada, identificando-se duas áreas distintas, a Cidade Alta e a Cidade Baixa, separadas fisicamente por
um penhasco.
LUANDA
Luanda é a capital de Angola, um país em desenvolvimento
do hemisfério Sul. É também uma cidade atlântica, com uma
história de colonização que durou 500 anos, seguidos de
quase três décadas de guerra civil. Sob um regime pós-
colonial e no actual contexto de urbanismo liberal, procura
reconstruir-se. Todas estas características contribuem para o
seu carácter actual.

Tendo em conta as várias dimensões da cidade, da política


à económica, passando pela social, simbólica e cultural,
propõe-se no presente capítulo interpretar a influência de
cada uma na dimensão física da cidade de Luanda,
nomeadamente no resultado do seu processo urbano.
LUANDA
Luanda é a cidade de fundação
europeia mais antiga na costa
ocidental africana a sul do equador. O
seu desenvolvimento urbano, a sua
história e a sua situação geográfica
estão intrinsecamente ligados, pelo
que não é possível falar de um
aspecto sem referir os outros.
LUANDA

Planta dA cidade de S. Paulo de Luanda em 1665 | por Johannes Vingboons, Arquivo Nacional, Holanda. Contém
sensivelmente a mesma informação que a de 1647
Planta setecentista das fortificações de Luanda
Primeiras construções
À chegada ter-se-ão os portugueses instalado na Ilha, território dos Axiluanda e feudo
do rei do Congo que dali retirava o zimbo, pequenos búzios usados como moeda no
reino. Só em 1576 se mudam para o continente, para a encosta do Morro de S. Paulo
voltada para a actual praia do Bispo, onde constroem a fortificação “de taipa e
madeira” para acampamento militar, cumprindo as ordens régias. Para tal, faziam parte
da armada pedreiros, cabouqueiros e taipeiros. A técnica da taipa seria bastante
importante na expansão portuguesa pela sua fácil e rápida execução, dominada pelos
portugueses e desconhecida dos povos não europeus. São igualmente construídos
barracões provisórios para a administração, a primeira capela, dedicada a S.
Sebastião, e o primeiro palácio do Bispo. Destes, nada terá ficado.
Perspectiva De Luanda em 1816
Defesa
A primeira preocupação prende-se com a construção de um castelo para defesa da
terra conquistada e continuar tal conquista para o Interior em busca das famosas
minas de prata através do rio Kwanza, cuja foz era relativamente perto. Luanda
funciona, assim, como ponto de partida para a expansão e ocupação do território dos
reinos do Congo, Angola e Benguela. Fazer uma cidade não era prioridade ou vontade
do rei. Este havia apenas dado autorização para fazerem ou elevarem à categoria de
“vilas todas quaisquer povoações que se na dita terra fizerem e lhe a eles parecer que
o devem de ser” – tal como Luanda, que em pouco tempo passou a vila.
Fundação da Cidade e Crescimento
Em 1605, um ano após se ter a certeza da inexistência das minas de prata de
Cambambe, mas quando o negócio esclavagista se afigura como fonte inesgotável de
rendimento, Luanda recebe foros de cidade.

Luanda é fundada para ser nada mais que “uma base de rapina, um acampamento de
trânsito”. Vai então crescendo espontaneamente em dois planos, à semelhança das
cidades marítimas portuguesas: a Cidade Alta, pólo militar, administrativo e religioso,
que parte da Fortaleza e segue para sul pelo planalto, e a Cidade Baixa, zona
comercial ligada ao porto. As ligações entre as duas cotas fazem-se por íngremes
caminhos e calçadas.
A cidade ganhou uma grande
importância gerada em torno do
seu porto, por ser um elo de
comunicação entre o interior e o
exterior de Angola. Como
consequência, inicia-se um novo
ciclo de investimentos na
construção civil.
No final do século XIX, Luanda apresentava uma planta em leque, desenvolvida entre a baía e o
sopé do Morro de São Paulo. Na Cidade Baixa, limitada pela baía, a fortaleza e o Morro, localizava-
se o Bairro dos Coqueiros, formado pelas “casas nobres”, caracterizadas por uma decoração
requintada e a qualidade de construção, que seguia os modelos tradicionais portugueses, apenas
com algumas modificações com vista à melhoria do conforto interior. Na Cidade Alta encontravam-se
as funções administrativas e religiosas da cidade.
Na década de 50, Luanda
assiste a um
desenvolvimento muito
rápido. Isto deve-se ao
crescente interesse do
sector privado no
investimento urbanístico e
à actuação dos arquitectos
recém-chegados,
desenvolvendo-se uma
linguagem arquitectónica
inovadora e de autor,
transformando a cidade
numa “Luanda Moderna”.
Assiste-se a alterações na sua marginal, onde é possível encontrar obras de diversos arquitectos como,
Januário Godinho, Vieira da Costa, Adalberto Dias, Pereira da Costa, Pinto da Cunha e António Veloso.
A malha urbana cresce de forma radial, recorrendo-se a uma reticula irregular com base em pracetas e
grandes alamedas arborizadas.
Construíram-se novos bairros como o Bairro do Café, que substituíram antigos musseques e abriram-se novos
arruamentos. A ilha localizada junto à baía começou a ser ocupada e urbanizada.

Manuel Taínha, Pousada da Sta. Bárbara Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, Casa Mário Toques Bittencourt, S. Paulo, 1959
- Oliveira do Hospital, 1957.

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