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● História ≠ história
● A História pesquisa os fatos marcantes da história - Mas
quem define?
● A História produz o passado na pesquisa, preservação e
divulgação - Que passado queremos?
Uma história milenar
● Os vestígios dos povos originários da nossa cidade que
viveram na costa brasileira remontam a até 8.000 anos atrás.
● Essa presença humana tão antiga foi comprovada por meio
de aglomerados de conchas e ossos que formavam
amontoados de variados tamanhos, alguns chegando a
trinta metros de altura. Esses montes foram chamados de
“sambaquis”, que em língua tupi quer dizer “amontoado de
conchas” ( tãba (conchas) e ki (amontoado).
Uma história milenar
https://museudearqueologiadeitaipu.museus.gov.br/
Resistência indígena: ontem e hoje
A aldeia indígena Tekoa Mboʼyty foi fundada em 2008 por índios Tupi Guarani na praia
de Camboinhas, lugar considerado sagrado por eles devido aos sambaquis. Por
questões de segurança, foram para o município de Maricá em julho em 2013.
Antes da invasão europeia
● 6 a 8 milhões falantes de cerca de
1000 línguas diferentes.
Hoje
● 800 mil parentes
● 255 povos e 160 línguas
● Uma queda de 98% da população
desde 1500
Niterói: colonização portuguesa e povos indígenas
como agentes históricos
Bairros de Niterói:
● Icaraí = “águas santas/sagradas”
● Itaipu = “pedra que canta” (fonte, nascente)
● Itacoatiara = “pedra pintada/esculpida”
● Piratininga = “secagem de peixe”
● Jurujuba (vem de yuri-yba) = pescoço amarelo (referência a um papagaio
que havia no local)
● Sapê = “algo iluminado, aquecedor” (a utilização do capim chamado de
sapê era usado na construção das casas indígenas e é de fácil combustão)
● Matapacas = local que havia caça de pacas
● Gragoatá = Gravatá = Bromélia
Ararajuba Oca de Sapê Paca
Bromélia
Passado e Presente: Segregação Racial
O Quilombo do Grotão
Mais de 70 anos de história
● 1920: Manoel Bonfim e sua
esposa Maria Vicência,
descendentes de pessoas
escravizadas no estado do
Sergipe, chegaram aqui em
Niterói
● Vieram para trabalhar na Fazenda
Engenho do Mato, responsável
pela produção em larga escala de
banana prata e
hortifrutigranjeiros da cidade.
Mesmo no século XX, a escravidão
continuava
● "condições análogas à
escravidão":
● Trabalhavam na Fazenda
Engenho do Mato, não
recebiam salário, só pouca
comida e um pequeno lugar
para morar, e não podiam
sair de lá
Começa a luta pela terra
● 1940: a fazenda faliu e
Manoel e Maria receberam
seis alqueires de terra e 2 mil
mudas de bananas como
indenização
● A luta para garantir a terra e
pelo direito à moradia
ganhava um novo capítulo:
começava a construção do
Quilombo do Grotão
A resistência continua
● Com cerca de 60 pessoas, o
quilombo foi reconhecido em
2016 pela Fundação Cultural
Palmares, certificando a
autenticidade da comunidade
tradicional que se autodefine
como quilombola
Black Alien:
Mister Niterói
Em Niterói também tem funk
No funk também tem resistência
● Localizava-se próxima às
atuais cabines de
cobrança do pedágio da
ponte Rio-Niterói e da
Avenida do Contorno.
Quem eram os moradores?
● A favela possuia cerca de 140 famílias residentes, das quais eram em sua maioria
compostas por “biscateiros” (trabalhadores informais) do centro de Niterói,
como lavadeiras, pescadores, carregadores, passadeiras.
Negociação
● Os moradores do Contorno propuseram ao governo o pagamento de uma
indenização, ou ao menos a doação de um terreno para construírem suas
residências. Contudo, o governo rejeitava a proposta sob a alegação de que as
terras eram públicas, portanto, apenas ele tinha direitos sobre a mesmas.
Claramente, uma política de higienização da cidade. Neste momento, Niterói
contemplava o projeto criação da “Nova Niterói”, conforme expresso em seu projeto
urbano.
● A única saída dada pela COHAB-RJ foi o deslocamentos para o BNH que era
construído no Jardim Catarina - São Gonçalo. Ou seja: ʻʼDeixe ou deixeʼʼ
Problemas
A mudança para o Jardim Catarina mostrava-se
custosa para os moradores. As residências do BNH
tinham um valor - 120 prestações de 14 % do
salário mínimo - além disso, teriam custos com
transporte. Segundo o jornal O Fluminense, 95%
das famílias não tinham condições para comprarem
uma das casas.
● Localizava-se próximo ao
12° Batalhão de Polícia
Militar e a Rio Decor de
Niterói.
Quem eram os moradores?
FAMÍLIAS: 433 PESSOAS
ORIGEM QUANTIDADE
ESPÍRITO SANTO 41
NITERÓI 38
1830
BOM JESUS DE ITABAPOANA 53
MINAS GERAIS 49
PARAÍBA 41
A terra
● Uma parte da comunidade, ao menos
juridicamente, era propriedade particular de
Ady Rodrigues do Valle e, a outra parte,
pertencia ao governo, sendo cedida por esse
para o 1° Batalhão de Corpo de Bombeiros.
Ady Rodrigues do Valle havia requisitado a sua
propriedade na justiça, pois almejava
construir um estacionamento automotivo na
localidade. Já os bombeiros, construíriam seu
batalhão no local.
Violência e repressão
● Ady Rodrigues do Valle recorreu à justiça para
que 40 famílias fossem expulsas de sua
propriedade. Contudo, não satisfeita e
almejando o quanto antes construir seu
estacionamento automotivo, recorreu a meios
extrajudiciais: o seu procurador, José Cândido
Lourenço, pm aposentado, adentrava a
comunidade com proposta de suborno a alguns
moradores e ameaça de morte a outros.
● Durante a fase de negociação com os
moradores da Maveroy, policiais militares
instalaram um posto de comando na região. O
objetivo, conforme observado pelos
moradores, era claro: coagi-los.
Violência e repressão
● A COHAB-RJ enviava assistentes sociais e
advogados às comunidade a fim de que
negociassem os despejos com os moradores.
Porém, nem sempre os residentes eram
respeitados. O jornal O Fluminense transcreveu um
dos casos em que os favelados do Contorno foram
tratados de maneira violenta: ʻʼO governo não tem
nada com o problema de vocês. Ninguem mandou
que fincassem a favela onde estáʼʼ.
● Cabe destacar que não era somente com a
construção de áreas militares que a Ditadura
expandia seu poder e a sua repressão, mas também
pelo controle ideológico das mentes. Em 1970, os
moradores do Maveroy, que viriam a ser expulsos,
foram auxiliados pelos assistentes sociais à noções
de higiene e de civismo.
Desfecho
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