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No início deste canto (estâncias 3 a 14), Camões elogia os portugueses, porém, no final, o seu tom é de crítica.
Esta aparente contradição explica-se se tivermos em conta que os portugueses que o poeta elogia e apresenta como
exemplo, são os heróis do passado, com Vasco da Gama à cabeça. No entanto, os portugueses criticados são os
contemporâneos de Camões, que, aparentemente, esqueceram o heroísmo e a grandeza dos seus antepassados.
Neste passo da obra, estamos no exato momento em que o Catual visita as naus portuguesas, sendo recebido
por Paulo da Gama, enquanto seu irmão Vasco é recebido no palácio do Samorim. Ao ver as bandeiras com pinturas
alusivas a feitos e heróis da História de Portugal, o chefe indiano mostra curiosidade em saber o que cada uma delas
representa. Paulo da Gama prepara-se para satisfazer o desejo do Catual e narrar episódios da História de Portugal,
no entanto Camões interrompe a narração e invoca as ninfas do Tejo e do Mondego para que o auxiliem nessa árdua
tarefa.
Quanto à estrutura interna, este excerto de Os Lusíadas pode dividir-se em quatro momentos:
. 1.º momento (estância 78):
1. A invocação: “Vós, Ninfas do Tejo e do Mondego”;
2. Objetivo: pedir às Ninfas que lhe deem inspiração para a composição da obra (“Vosso favor invoco”);
3. Razões do pedido: o receio de que, sem a inspiração das Ninfas, não seja capaz de cumprir o seu
propósito (“Que, se não me ajudais, hei grande medo / Que o meu fraco batel se alague cedo”).