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A Tábua de Flandres
Pérez-Reverte, Arturo
Publicações Dom. Quixote, Lisboa, 1993
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se iria perpetuar no tempo, convertendo-se no espaço interior das personagens
35 de Pérez, como se o quadro fosse um fragmento da vida ou a vida um fragmento
do quadro.
O romance de Arturo Pérez-Reverte constitui-se como um mistério que
desafia uma resposta, um enigma tecido por outros enigmas, cuja revelação pode
desnudar perversamente o que de mais íntimo procuramos silenciar. A narrativa
40 ficcional assume contornos de verosimilhança, próprios da objetiva do jornalista,
discurso que não influi nela de forma excessiva. Pelo contrário, o escritor sabe que
a vida é um jogo e, por isso, empresta à escrita, às personagens e ao seu espaço
interior a densidade dramática da procura pela identidade, da perseguição pela
restauração de uma ordem perdida. A literatura prolonga a vida, inscrevendo-se
45 como o lugar por excelência da sua representação em cada página.
Pérez-Reverte cria um universo dramático que seduz pelo seu pendor policial,
um complexo espaço onde faz viver as suas personagens, cujos movimentos são
sentidos ao cronómetro de cada vez que uma peça de xadrez se move nos terríveis
corredores do tabuleiro em direção a um destino que se teme trágico. O eixo da
50 vida das figuras representadas no quadro confunde-se com o das personagens,
modificando-lhes o entendimento que tinham da vida e da sua existência.
GISELA PENA
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/zips/gisela02.rtf
(consultado em 9 de março de 2015, com adaptações e supressões)
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.10, selecione a opção que completa
corretamente cada afirmação. Escreva, na folha de respostas, o número de cada
item e a letra que identifica a opção escolhida.
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1.3 A expressão «resgatou, para a sua literatura» (linhas 5-6) refere-se
(A) à recuperação, para a literatura espanhola, de temas como a fragilidade da
condição humana.
(B) à inserção da temática da guerra nos livros de Pérez-Reverte.
(C) à forma como Pérez-Reverte separa a sua experiência de jornalista da sua
vida de escritor.
(D) à inserção de temas como a fragilidade da condição humana nos livros de
Pérez-Reverte.
1.5 Com a referência a «um leitor não já inocente» (linha 8), o autor
(A) assinala o facto de existir uma comunidade de leitores conhecedores de
crimes.
(B) alude à massificação da leitura.
(C) alude à prevalência da televisão sobre a leitura.
(D) indica que os leitores do romance estão habituados a narrativas sobre
enigmas.
1.6 Através das expressões «No final do século XV» (linha 16) e «Cinco séculos
depois» (linha 19), o leitor pode aperceber-se
(A) dos dois limites temporais que marcam o início e o fim da narrativa.
(B) dos dois períodos temporais a que a narrativa se refere.
(C) do tempo que o quadro demorou a ser restaurado.
(D) da duração do mistério do tipo de pintura que está no centro do romance.
1.7 Com a interrogação «Quem matou o cavaleiro?» (linha 32), o autor pretende
(A) realçar a ação do assassino de Roger Arras.
(B) mostrar perplexidade perante a questão levantada pelo olhar de uma das
figuras do quadro.
(C) realçar a dimensão criminosa do romance.
(D) demonstrar ao leitor o enigma que o romance procura desvendar.
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1.9 A expressão «discurso que não influi nela de forma excessiva» (linha 41)
refere--se
(A) à importância que a experiência jornalística tem na escrita do romance.
(B) ao facto de o estilo jornalístico conferir um tom onírico à obra.
(C) à forma sóbria como a verosimilhança influi na narrativa.
(D) ao exagero de dados reais introduzidos pelo escritor no romance.
1.10 No parágrafo final, a autora defende que as personagens do quadro de Van Huys
(A) confundem os dados da investigação que decorre no romance.
(B) transformam a vida das personagens do romance.
(C) destroem a vida das personagens do romance.
(D) iludem o leitor, transformando o seu pensamento sobre as personagens do
romance.
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