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A novela foi escrita em quinze dias, enquanto o autor estava preso na Cadeia da Relação do Porto. Aí,
Camilo encontrou o registo da condenação ao degredo de um tio, Simão Botelho. A partir deste facto, o
autor criou uma história onde cruza ficção e algumas notas biográficas.
Assim, se compreende o título Amor de Perdição e o subtítulo Memórias de uma Família.
Na obra, coexistem o narrador-autor (narrador autodiegético), percetível na Introdução, em momentos
pontuais dos capítulos XII, XIII e na Conclusão, e o narrador-produtor de ficção (narrador heterodiegético).
Ao longo da obra, o protagonista é caracterizado como herói romântico: no início, é apresentado como um
jovem forte, solitário, rebelde e irrefletido; por influência do poder transfigurador do amor, Simão modifica-
se, mas, porque se sente injustiçado, quando mata Baltasar e é condenado ao degredo, acaba por se
revoltar contra a família e contra a sociedade.
Quanto à focalização, é possível encontrar:
✓focalização externa: referência a acontecimentos, situações, cartas, descrição de espaços e de
personagens;
✓focalização omnisciente: transmissão dos pensamentos e das ideias das personagens;
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De origem popular, Mariana é jovem e bonita (mais bonita do que Teresa), desembaraçada e decidida.
Acredita no amor eterno e é apaixonada por Simão, revelando-se abnegada e sofredora – ama Simão e
acompanha-o sempre, mesmo sabendo que o jovem ama Teresa, suicidando-se quando Simão morre.
Revela-se uma personagem forte e determinada.
João da Cruz é uma personagem do povo, um castiço rude e violento, mas muito corajoso, grato e
bondoso. É amigo de Simão.
Baltasar é orgulhoso, prepotente, insensível e arrogante. Mesmo sabendo que Teresa ama Simão, decide
levar o seu desejo de a desposar avante.
Tadeu de Albuquerque e Domingos Botelho são orgulhosos, preconceituosos, prepotentes e inflexíveis,
revelando- se insensíveis ao amor arrebatado de Teresa e Simão, cedendo perante todas as convenções
sociais.
Amor-paixão
O amor em Amor de Perdição é sofrimento. Teresa e Simão vivem um amor impossível e proibido, no
entanto, apesar dos obstáculos impostos pela família, não desistem da sua felicidade. As adversidades
parecem até dar-lhes mais força para lutarem pelos seus objetivos.
Como creem no amor eterno, encaram a morte/transcendência como superação das dificuldades da vida,
achando que encontrarão nela a felicidade que não conseguiram alcançar em vida. A morte é encarada
como salvação e única saída para o sofrimento que vivem, ou seja, para Simão e Teresa só a morte
permitirá a concretização do seu amor.
Nas cartas que os dois apaixonados trocam pode encontrar-se o desenvolvimento do conceito de amor
eterno.
Para além de estas funcionarem como o verdadeiro diálogo entre os amantes, cumprem outras funções:
✓são um meio de comunicação entre os amantes;
Estrutura da obra
A obra é composta por Introdução, vinte capítulos e Conclusão e pode resumir-se na seguinte sentença:
“Amou, perdeu-se e morreu amando”.
AMOU
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AMOU PERDEU-SE MORREU AMANDO
Simão, apesar dos Na sequência desta paixão Condenado ao degredo, Simão
ódios familiares que arrebatadora, Simão é expulso de acaba por morrer durante a viagem,
separam as famílias casa dos seus pais e acaba por depois de ter conhecimento da
Botelho e matar Baltasar, primo e pretendente morte da sua amada.
Albuquerque, de Teresa, que estava encerrada Os dois apaixonados acreditam no
apaixona-se por num convento, pois não aceitava o amor eterno e, por este motivo,
Teresa. casamento com Baltasar que o pai veem na morte a possibilidade de
lhe pretendia impor. uma união que não conseguiram
obter em vida.
Diálogos
A função dos diálogos em Amor de Perdição é:
✓ esclarecer situações que envolvem as personagens;
✓ transmitir informações relevantes relativas às opções e atitudes das personagens;
Capítulo I:
analepse que apresenta antecedentes da ação.