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4 reflexão
Contextualização
Lamentações do poeta
Objetivo do Poeta: cantar o verdadeiro herói – aquele que arrisca a sua vida, colocando-
a ao serviço de Deus e da Pátria, merecendo, assim, a imortalidade.
Reflexão do Poeta
• pedido do Catual a Paulo da Gama para que lhe explique o significado das figuras
desenhadas nas bandeiras da nau.
2. Objetivo: pedir às Ninfas que lhe deem inspiração para a composição da obra
(“Vosso favor invoco”);
3. Razões do pedido: o receio de que, sem a inspiração das Ninfas, não seja capaz
de cumprir o seu propósito (“Que, se não me ajudais, hei grande medo / Que o
meu fraco batel se alague cedo”).
2.º momento (estâncias 79 ‑ 81): Argumentos do poeta:
1. O poeta já canta, há muito tempo, os feitos dos portugueses (“o vosso Tejo e os
vossos Lusitanos”) ‑ os longos anos a escrever sobre os portugueses;
• a ambição;
• o interesse pessoal;
• a simulação.
• roubo do povo;
• pagamento injusto do trabalho.
Análise da reflexão
• A narrativa que estava a ser feita é interrompida, interrupção essa marcada pela
conjunção coordenativa adversativa «mas»: “Um ramo na mão tinha… Mas, ó
cego,…”.
• Na estância 78, o Poeta autocaracteriza-se como “cego”, “insano e temerário”
(dupla adjetivação), aventureiro e receoso do “caminho tão árduo, longo e vário”
(tripla adjetivação, exclamação e metáfora) por que se vai aventurar, isto é,
mostra ter medo de não ser capaz de concluir um projeto tão completo: narrar
novos episódios da História de Portugal, agora pela voz de Paulo da Gama, ao
Catual de Calecute, a pedido deste e a propósito dos símbolos das bandeiras.
4. Está desanimado.
• Na estância 81, finalizada a enumeração dos infortúnios que pautaram a sua vida,
introduz um novo a que dá destaque através do articulador «ainda», criando a
sensação de instabilidade: o Poeta louva os Portugueses no seu canto, mas os seus
contemporâneos, em vez de o premiarem, pelo contrário, ingratos, não o honram
nem sentem ingratidão pela sua tarefa, antes lhe “inventaram” novos trabalhos e
privações. Deste modo, podemos concluir que os Portugueses contemporâneos
são os responsáveis pelo sofrimento e pelo desencanto do Poeta.
• Porquê? Porque, mesmo que louve um “subido”, um senhor, tem a certeza de que
não será reconhecido: “Nem por lisonja louve algum subido, / Sob pena de não
ser agradecido.”
• Em suma, nestas três estâncias, o Poeta revela que tem consciência sobre a
realidade cultural e social do seu tempo, por isso critica
→ a ambição desmedida,
→ a hipocrisia,
→ a injustiça,
→ o oportunismo.
• Na última estância desta reflexão, o Poeta mostra-se disposto a cantar quem
merece.
• Qual o motivo?
- Esses heróis dilataram a fé e o império.
Coragem.
Ousadia.
Determinação.
Espírito de sacrifício.
Abnegação.
↓
Merecem a fama e a glória.
A imortalidade.
↓
Contraste com o caráter ou a essência dos contemporâneos.
• Após este “desabafo”, o Poeta sente-se mais animado e confiante para continuar
a obra. Tem a certeza do apoio de Apolo, deus da poesia, e das Musas, que não o
desamparam, para lhe reforçarem o ânimo.
Modelo de herói
Para Camões, o modelo de herói corresponde à figura de guerreiro e culto,
dedicado às letras, isto é, que concilia, simultaneamente, essas duas funções.
Por outro lado, esse modelo é o oposto dos guerreiros nobres seus
contemporâneos, que são ignorantes.
Discurso da reflexão
Discurso autobiográfico:
- Reflexão sobre a vida pessoal, marcada por vários e diferentes infortúnios.
- O Poeta como vítima da ingratidão e do menosprezo dos seus contemporâneos.
Discurso crítico:
- Reflexão sobre a realidade cultural da nação.
- Ignorância e desprezo pelas artes.
- Falta de grandeza moral dos seus contemporâneos.
- Homens subordinados aos vícios.
Discurso laudatório:
- Engrandecimento do herói do passado, que se distingue e eleva por mérito próprio.
- Apresentação do ideal de herói.