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do Conhecimento Reflexões do
poeta
Os Lusíadas
Luís de
Camões
Reflexões do poeta
Os Lusíadas
Reflexões do poeta
N’Os Lusíadas, mais de uma vez [e sobretudo em final de canto] […]
esquecemos os heróis e é no poeta que atentamos, [aconselhando-se] a si
próprio, lamentando-se, ou com desassombro fustigando os epígones 1 dos
heróis. […] Tudo isto nos permite, no poema, conviver, a espaços, não apenas
com o espírito altíssimo do poeta, senão também com a concreta realidade do
homem, do cristão e do português, nos seus momentos de confiança exaltante
e de profunda depressão melancólica, no orgulho do passado, na evocação de
cujas glórias encontrava o estímulo, não tanto para a evasão da austera,
apagada e vil tristeza do presente, como para a forte, oportuna, desassombrada
lição com que escarmenta2 os descendentes dos heróis.
Hernâni Cidade, Luís de Camões – O épico, 2ª edição, Lisboa,
Editorial Presença, 1995, pp. 170 e 172 (texto adaptado)