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2ª Edição Eletrônica

Antologia

CÉLIA LAMOUNIER
Coordenadora

Capa e Edição Eletrônica: L P Baçan

Outubro de 2009
Londrina - PR

Direitos exclusivos para língua portuguesa:


Copyright © 2009 dos Autores

Distribuição exclusiva através da


Biblioteca Virtual "Célia Lamounier” e SCRIBD.

Autorizadas a reprodução e distribuição gratuita


desde que sejam preservadas as características originais da obra.

Visite o site e conheça o trabalho de Célia Lamounier.

www.celialamounier.net

2
ÍNDICE

A Organizadora 4
Angela Bretas 5
Angélica Teresa Almstadter 9
Arlete de Andrade 11
Belvedere 13
Célia Lamounier 15
Cristina Pires 18
Elane Tomich 20
Fátima Marques da Cunha 23
Lizete Abrahão 25
lucelena maia 27
Rose Mary Sadalla 29
Simone Barbariz 31
Vanderli Medeiros 33
Gustavo Dourado 35
Haroldo P. Barboza 37
JF MARQUES 39
José Geraldo Martinez 42
Net 7 Mares 45
Plínio Sgarbi 47
Valdez 49
Vanderley Caixe 52

3
CÉLIA LAMOUNIER

Nasceu em 19.07.43, em Itapecerica, MG, onde reside atualmente, filha


de Raymundo Nonato de Araújo e Isaura Lamounier de Araújo.
Advogada, divorciada, aposentada TCE/MG, escritora e jornalista.
Presidente Academia Itapecericana de Letras e Cultura.
Sócia da Academia Municipalista de Letras de MG.
Instituto Histórico e Geográfico de MG – IHGMG ( e + outras).
Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – AJEB.
REBRA – ACLCL – AVBL Academia Virtual Brasileira de Letras.
Vice presidente Clube da Serena Idade de Itapecerica, MG.

Obra Literária: Livros publicados:


Entardecer de Lágrimas - 1978
Cidades e Trovadores - 1982
Sirgas e Organsins – 1986
Itapecerica antologia l – 1993
Passo a Passo – 1998
Dicionário dos Padres de Itapecerica/2001
No site Avbl o livro virtual - Passo a Passo - 2002
Verbete – Dicionário de Mulheres de Hilda Hubner – RS
Dicionário de Poetas Contemporâneos RJ/91(e + outros)
Participação em 50 antologias nacionais com premiações
Sites com trabalhos da autora:
www.celialamounier.net
www.celialamounier.hpg.com.br
www.notivaga.com
www.avbl.com.br - ensaios
www.celialamounier.hpg.com.br
www.itapecericamg.cjb.net
www.blocosonline.com.br/literatura
www.vaniadiniz.pro.br
www.jamulher.hpg.ig.com.br
www.usinadeletras.com.br
http://planeta.terra.com.br/arte/ateneu
www.geocities.com/~rebra/autores/622port.html

4
A letra
Angela Bretas

A letra
em linha reta
cansou
de ser correta
retificou
sua meta
curvou-se
nas palavras
acentuou
sua lavra
retornou
ao ABC
e sem pressa
aprendeu
a soletrar...

A letra
buscou
a vazão
da inspiração
aflorada
na calada
da madrugada
em que a fala
perdeu valor...

A letra
sem travas
se libertou
e moveu
de rebate
ao encontro
da partida
da despedida
dorida
pela ausência

5
presente
[imposta]
da carência
de si própria...

A letra
virou verso
criou prosa
gerou temas
gritou em
maiúsculas
[e minúsculas]
a fúria
abençoada
da
mente
já cansada
de buscá-la
em versos vãos

A letra
presente
correu livremente
ao encontro
da magia
da poesia
que aflorou
sem demora
na memória...

A letra

6
Conversando com as estrelas...
Angela Bretas

Diz para mim estrela brilhante


Como faço para suprir a falta de um alguém
Que me faz sentir completa, confiante
E me leva muito mais do além...

Conta para mim estrela cadente


O que é que digo ao meu coração
Que agora encontra-se doente
Recordando uma doce paixão...

Me mostra o caminho estrela-guia


E me ensina a lutar contra esta dor
Acabe com esta agonia
Não me deixe morrer de amor...

Ilumine meus caminhos estrela cintilante


Ajude-me a acreditar em um sonho bonito
Acabe com esta ausência distante
Traga pra perto meu tesouro infinito...

Me escuta estrela d'alva


Ouça esta prece de quem tanto precisa
Que nasce do fundo d'alma
E eleva seu desejo de forma submissa...

Não me deixa sozinha estrela do céu


Faça eu acreditar no verbo amar
Me enlace com seu sagrado véu
E me leve para bem longe, além do mar...

Vem comigo estrela de luz


Me embala em sua doce visão
Seu brilho que tanto reluz
Ameniza a dor da solidão...

7
Acredita em mim estrela distante
Quando rogo por sua piedade
Sua força é grande, é possante
E pode me levar novamente ao encontro da felicidade...

www.angelabretas.com

8
Meu Quarto
Angélica Teresa Almstadter

Meu quarto tem paredes


Que me abraçam
Tem cheiros que te lembram
Meu quarto tem olhos
Pra refletir em minh´alma
Sua presença ausente
Meu quarto chora sobre
Minha cama
Tua falta tão constante
Meu quarto sussurra
Aflito teu nome
Em noites de saudade doída
Só meu quarto conhece
Minha ferida
Meu quarto, meu claustro
Meu céu, meu limite

9
Esse homem
Angélica Teresa Almstadter

Quem é esse homem


Que me vem tão mansamente
Me invade esfomeado
Sorve minhas palavras
Bebe em parcas doses
Minha alma
Minha calma
Cala-me com beijos pedintes
Insinuações razantes
Afagos com requinte
Espasmos ofegantes
Quero esse homem
Ansioso, doce
Misterioso, monossilábico
Meu homem, meu senhor
Que me venha pela manhã
Pela tarde ou na madrugada
Peito nu pronto para o afago
Lábios umidecidos sussurrantes
Quem é esse homem
De sorriso largo
Voz insinuante
Mãos inquietas
Que me venha este homem fogoso
À devorar minhas entranhas
No leito do peito em flor
Ardendo poesias transbordantes

10
Afins desafinados
Arlete de Andrade

Somos afins sem


total afinidade, assim
Caminha essa verdade,
tentando encontrar
nos restos o que resta
para recomeçar.

Somos tão desiguais!


E, em nossas diferenças
tentamos alcançar
o que nos une, o que
nos põe lado a lado,
em passos alternados.

Somos dois em um.


Um ao meio, fracionados
em desejos, em projetos
Calcados um no outro

Somos corpo e alma.


Por vezes mais corpo,
Por vezes mais alma.
Sem definição,
Nos afinamos em
acordes que só nós
entendemos.

11
Lamento
Arlete de Andrade

Atravessa-me o peito
Esta espada profundamente n’alma!
Grande é o meu sofrimento!
Esvai-se profusamente minhas forças.
Se me atormenta o arrependimento, também não
Posso tornar a ver o passado, não tivesse ele,
Quando presente, passado tão sorrateiramente.
Era moço e tão belo;
Tão faceiro e encantador!
Dói essa ferida que não fecha,
Incerto é o meu lamento...
É caminhar embaixo de um sol escaldante
E mirar o oásis...delírio!
Pega-me pelas mãos o destino, e me conduz.
Deixo-me levar como um menino
Pelas mãos da mãe.
Ah! Se eu pudesse encontrar
O vento que soprava,
A mesma estrela que brilhava,
Quando eu, ainda livre, podia
Caminhar a seu lado.
Qualquer agonia de espera é melhor
Do que o que não pode ser...
Estou em terra estranha,
Num lugar onde não falam minha
Língua, não usam meu costumes,
Não vivem o que acredito.
Sou culpada pelo que sinto,
Condenada pelo que quero.
Nem mesmo posso arrancar de mim
Essa lâmina.
Posta. Ainda que esmoreça se
Arrancá-la morrerei.

12
Senhora
Belvedere

Quando nos conhecemos


eu tinha no rosto
um colorido suave
e a minha voz
um quê
de melodiosa.
Sutis fragrâncias no ar.

O tempo passou.
Incontável.
Hoje nos encontramos
e no meu rosto
ainda o colorido,
mas mesclas
de saudades
das coisas perdidas.
Dizes que estou
a mesma.
Mas é outra a hora.
Chamam-me Senhora.

13
O camafeu
Belvedere

Tenho um camafeu
muito antigo,
adornado
por minúsculas
pérolas.
Herança
de minha tia
mais bela.
Não a conheci,
senão pelo retrato
em branco e preto,
exposto na sala
do casarão.
Ela se foi
muito cedo.
Dela,
além do camafeu,
herdei
parte do nome
e, claro, sobrenome.
De sua beleza,
dizem,
herdei traços.
De sua simplicidade
nenhum vestígio.

Ainda bem.

14
DANÇAR
Célia Lamounier

O corpo quer dançar


a música envolvente
relaxa, gira e anda
se entrega suavemente.

Nos braços de alguém


desliga o pensamento
roda só leve e fundo
o mundo é muito lento.

O som se faz silêncio


o corpo sublimou
voraz a dança vence
o peso acabou.

Pés a dançar... não fala


segue o som livre, acalma,
se entrega ao infinito
sinta voar – és alma!

15
FRATERNIDADE
Célia Lamounier

Poeta eu sou a cantar,


Poeta eu sou a escrever:
Ensino a ter esperança
E ter amor de verdade.
O futuro da criança
Está na fraternidade
Que vamos multiplicar
Todos os meses do ano
Porém, especialmente,
ABRIL É CHAMA A BRILHAR

Porque vamos festejar


Ação da Fraternidade,
Mostrando ao mundo de agora
A beleza essencial
Que está no cantar da hora
Pleno de amor celestial,
Solicitando a Jesus
Para bem cuidar de todos,
Cantando e agradecendo
A QUERER DIZER DE NOVO

Poeta canto a ensinar


E o mundo é meu na palavra:
Vida dos homens avulta
Pelo poder da união
E de mãos juntas resulta
Maior glória e emoção,
Os homens sendo um só corpo
Envolvidos pelo amor
Vão aumentando esta chama
QUE JAMAIS SE HÁ DE APAGAR

16
Porque vamos trabalhar
Por um século de paz:
Vida feliz plena em Deus
Trocando o sal pelo mel
Que tesouros são os seus
Momentos na terra e céu
De amor e bens DIVIDIDOS.
Seus e meus passos são nossos
Passos firmes defendendo
A LIBERDADE DO POVO...

www.celialamounier.net

17
Admoestação
Cristina Pires

Por todos os meios, tentei-te explicar,


A tão minha maneira, de te amar.
Se o faço com fados cheios de amor,
Tu dizes que gracejo com a dor.

Quando em letras, sangro o meu coração,


E me perco no luto, das horas mortas,
Tu replicas que o fiz com a intenção,
De fazer poesia, com linhas tortas.

Se pranteio na noite silenciosa,


Padecendo das tuas longas ausências,
Tu ousas chamar de vil mentirosa,
Ás minhas mais profundas dolências.

Mas, quando a minha alma cai em pranto,


Quando a outras dás o teu sorriso lindo,
Sarcástico dizes : « Não é pra tanto ! »
Só porque, por ti, ciúmes não sinto ?

Mas, agora, digo-te com clareza,


Sem trajar um poema, ou um soneto,
Que despojastes de toda a beleza,
Um amor que hoje, já não te prometo !

18
Cânticos do vento
Cristina Pires

E o vento anunciou ternas saudades,


Murmuradas pelo Adamastor,
Findaram eternas tempestades,
Com líricos cânticos de Louvor.

Jubilei diante do teu amor,


Curvei-me ás tuas potestades.
E o vento anunciou ternas saudades,
Murmuradas pelo Adamastor.

Embalei nas amenidades,


E no calor do vento do Sul
Findaram eternas tempestades.
Providência coberta de azul…
E o vento anunciou ternas saudades.

19
Mergulho no Azul
Elane Tomich

Disse-me um pescador
Vindo dos mares do sul,
Nunca mergulhe no azul
Que o azul tem tonalidades,
Que valem meias verdades.
Às vezes tem tom de amor,
Às vezes tem tom de dor

Nunca mergulhe no azul


Que o azul é esquecimento
Labirinto de um tormento
O azul não tem norte ou sul
Azul é mais que o verde
É igual ao firmamento
É onde gente se perde.

Nunca mergulhe no azul


Que lá não há cais de corais
E tudo vira jamais.
O azul nos deixa ao léu
Que o azul não tem norte ou sul,
É onde morrem as baleias
É onde cantam as sereias.

Nunca mergulhe no azul


Que o azul é maior que o mundo
É onde a gente vai fundo
Nas águas da emoção
Grandes ondas da paixão
O azul não tem norte ou sul
Mar e sangue são azuis.

20
Nunca mergulhe no azul
Que é onde se esvai a razão
Sem o mapa do coração.
É onde as jangadas viram,
Buscando um eterno horizonte
O azul não tem norte ou sul
Nada que nos aponte.

Nunca mergulhe no azul


Que é onde vagam os vultos
De quem teve nada ou tudo,
Piratas e pescadores
O azul é uma arca de dores.
O azul não tem norte ou sul,
Busque em outra cor, seu reduto!

21
Vitrine
Elane Tomich

Na vitrine refletida
Passando, me achei multidão...
Fita retrospectiva
De vinho, sangue e paixão,
feito fogos de artifício,
De procuras sem indícios.
Mas, verdade seja dita,
Do mundo via sacra viva
Refletidos...
Eram eus, tantos proscritos,
Em graça de solidão!

22
QUEM TANTO EU QUERIA
Fátima Marques da Cunha

Quando encontrar no amor, aquele que suponho,


Existir, além, dos anseios que antevejo,
Na imagem indescritível, de tanto desejo,
Não vou acreditar, pois tudo será sonho!

Esperei tanto o riso, de um amor sem medo,


Que a demora, já não choro, e não sei se quero,
Crer que ele exista, por isso não o espero;
Se um dia ele vier, será o meu segredo!

E negarei a mim, pois não terei vontade


De acreditar, um dia, que a felicidade
pudesse ser tão simples, como eu já sabia;

E, à Vida, hoje suplico, como a uma amiga,


cerrar-me os olhos, para que eu jamais consiga,
reconhecer o olhar, de quem tanto eu queria!

23
IREI TE AMAR
Fátima Marques da Cunha

Encontrar-te-ei, quando sentenciar a Vida,


em acórdãos supremos, a minha liberdade,
de ver dos sonhos, somente a dor e a despedida,
qual prisioneira, da eterna algema, que é a saudade!

Encontrar-te-ei nos sonhos, ou talvez no nada,


sem que te procure, entre semáforos dispersos,
virás, talvez, em luz, numa dessas madrugadas,
feito sinal divino, há de iluminar meus versos!

E maior que o infinito, saberei te amar.


Vou conhecer o mundo, no teu corpo a brincar,
Na ousadia, da inocência descoberta!

E como argila ardente, nas mãos do escultor,


render-me-ei a ti, absoluto senhor,
que só me escravizando, há de me tornar liberta!

24
Imprevisto
Lizete Abrahão

Hoje eu ganhei um beijo


Mais que um, se bem pensado
Prolongado... insaciado
Um beijo de roçados...
Um beijo acompanhado
De mãos indóceis voejando
Qual colibri a flor sugando
Deslizando... pairando...
E que beijo bem beijado!
Minha boca já sente saudade
Desse beijo de corpo tocado
Que incendiou minha vontade
Assim... de imprevisto...
Ah! quase não resisto!
Me deixou perfumada, tremendo,
Tal chama de fogueira ardendo
Numa fraqueza de sede consumida
Que eriçou minha gana de beber
Sugar daquela boca tão fornida
A água que do céu me fez antever
Foi por acaso... a volúpia dessa hora...
Tomou forma de desejo feito o beijo
Como o sol que desemboca na aurora
Do esboço que se delineou ânsia divina
Agora resta em minha pele seu cheiro.
E um quero mais agarrado à minha rima
Sabe-me a um tropel sem cavaleiro.

25
Simplesmente não te encontrei
Lizete Abrahão

Tu que procurei a vida inteira


E que nunca tive em meus braços
Ah! te procurei por tanta ladeira
E apenas escutei meus passos
Nas ruas silenciosas te busquei
Até no mar fui ao fundo te pescar
Mas eu no mar me afoguei...
Sereias mentiram pra não te achar
Pousei nas pétalas das rosas
Que um dia nasceram em meu jardim
Mas elas caladas, silenciosas
Despetalaram-se dentro de mim
Voltei aos meus tempos de criança
Pra indagar à menina iludida
Mas ela, envelhecida esperança,
Disse que tu já te foras pra vida
Nos verdes ramos me sombreei
A descansar das minhas procuras
Sementes de ilusões germinei
Brotando nas taças das loucuras
Retomei na noite as minhas idas...
Pra lua e estrelas chorei tua ausência
Cantaram um poema de luzes e de vidas
Para iluminar minha existência
Até reflexo do espelho sem imagem
Quebrou-se em mil pedaços
Cada fração brilhou qual miragem
Na hora rápida dos estilhaços
Eu te procurei em tantos lugares
Em cada canto deste mundo
E das esquinas fiz patamares
Do meu sonho, agora vagabundo.

26
Florescer
lucelena maia

Quando por algum motivo


que nem precisa ser tão importante
sinto-me vazia, longe, distante
cheia de sentimentos confusos
busco claridade,
reflexo da serenidade
no meu porto seguro,
meu canto secreto
onde me acho
me acerto
arrumo a confusão que me habita.
Neste lugar em que muitos passam,
não param,
encontro a mais forte energia,
a vibração para a vida.
Nele sou grão, sou semente
germino
cresço
vou embora,
mas não demora
retorno
para florescer...

27
T A L V E Z...
lucelena maia

...Amanhã quando eu acordar


já não seja inverno
e a janela do meu coração
possa ser aberta
para você observar
que não foram alguns dias
mas toda uma estação
de frio,
flagelo,
abandono,
solidão,
hibernando e aprendendo
que uma pérola
tem que ser desejável
por sua preciosidade,
conquistada
por sua raridade
e amada
para que a porta do coração
jamais seja aberta por outra mão.

28
Poesias de mim
Rose Mary Sadalla

Quando no silêncio da noite


No adormecer da madrugada
Chega o vento soprando tua pele
Me transformo em poesias
E faço nascer poemas de mim
Mergulho em devaneios e desabrocho
E como brisa morna e suave, estremeço
Nos pêlos da minha poesia nua
Me viro do avesso e padeço
Viro terra fértil e você meu grão
Canto pra lua meus versos de delírio
E espero suplicante, deitada no chão
Que o vento me sopre de amor e paixão
Sou estrela e lua sou mulher
Sou sonho, verdade, sou real
Sou tudo que minha poesia na tua pele quiser
Sou o vento soprando no corpo de mulher
Que se tranca, move, geme e goza
Fica grávida, imensa e plena
E quando a madrugada vem e o vento sopra
A pele em poesia se transborda
Fecho os olhos e me sinto levada pelo vento.
Sou poesia que nasce de ti e frutifica
Sou a terra que serve de lastro,
No vento soprado, sou teu chão.

29
Abra a porta!
Rose Mary Sadalla

Se fechares a porta para mim


Todo o meu carinho e amor vão ficar de fora
E, não poderei dizer-te o quanto posso te amar
Se fechares a porta para mim
O vento não poderá nos cantar uma canção de amor
E nos embriagar com a suavidade de sua brisa
Se fechares a porta para mim
O aroma das Rosas não perfumarão nossos aposentos
E deixaremos de sentir o perfume de nossos corpos
Exalando amor numa junção completa
de embriagues total.
E, então amor? venha! deixe esta porta aberta
O amor quer entrar sem resistências sem meandros.
Deixe que o vento nos encante
e acarinhe nossos rostos
Deixe que o perfume das rosas
nos embriague deste amor
Venha! me deixa estar dentro deste amor
Te amo! deixe esta porta aberta.

30
FAZER AMOR
Simone Barbariz

Fazer amor não é a mesma coisa


Que fazer sexo, transar,
Acasalar, dar umazinha
Ou quaisquer outras denominações que possa ter

Fazer amor não é algo assim:


Sem compromisso algum,
Onde há um encontro casual
E um até nunca mais

Fazer amor é mágico,


É magia no ar,
Pura sedução no olhar
E prazer dos sentidos

Fazer amor é entrega total,


É pertencer ao outro
Inteiramente
Sem quaisquer restrições

Fazer amor é algo


Que muitas pessoas jamais o saberão
Pois nem todas sabem
O que é este tal de amar...

Fazer amor é comunhão de almas


Fundindo-se e trocando luz,
Fazer amor é sussurrar
Mesmo quando se grita

Por isto sempre faço amor:


Entrego-me total e loucamente
Ao homem que escolhi para
Somar meus sonhos e dividir minha vida...

31
FRAUDANDO A DEMOCRACIA
Simone Barbariz

Nas urnas, vergonha


Nos concursos, corrupção
A troca de favores,
Não favorece somente políticos

Concursos públicos, vestibulares,


Concursos poéticos
Todos vítimas deste ato atroz
De coleguismo, de companheirismo

Retrocesso no processo
De onde nasceu a Democracia
Fortes dores foram sentidas
No parto desta menina

Tão moça e tão violada diariamente


Por abutres sem escrúpulos
Na sua busca vã
Por sucesso inverídico.

32
VOLTAS
Vanderli Medeiros

Dei voltas nos versos


Mexi em rimas
tentei criar
uma obra prima
em frases
desconexas
Consultei o dicionário
e enfeitei
com sílabas,
sinônimos,
parônimos...
Somente para dizer
te amo!

33
Dispo-me Nesse Poema
Vanderli Medeiros

Dispo-me nesse poema.


Percorrerei com meu olhar
um paginar de meu passado oculto do mundo...
Tatuarei como retrato
as diásporas dos dias vividos
apenas em meu pensar...

Cada percurso será um lento paginar


das pálpebras dormentes
Em um eterno repensar e balancear...

E nesse despir-me,
deixarei que a inércia do tempo real vivido,
se perca nesse processo criativo e volátil...

Novamente entre a luz diáfana me encontro com o alvorecer...


E no tic tac das horas vou caminhando com o amanhecer,
que me pega mais uma vez
nesse constante repaginar de minha vida e meus amores...

Outra vez o medo de revelar nessa tatuagem poética


a fêmea-mulher que está presa em mim, me faz pudica...
Amanheço novamente
entre páginas mal definidas de minha vida...
Cubro com o amanhecer
essa mulher que dorme em mim...!

34
Brasília
Gustavo Dourado

Acrópole da Nova Era...


Acropolítica da Nova QuimEra!
Deusa fluminosa transascendente
Arquitextura em vôo... numinosa
Fêmil megalopólen de Aquárius...
Cibérpolis pantológica espiramidal?
UniverSíntese do Novo Homem?
PoliCenário do Sonho e do Prazer?
Berço civilizatório do Cruzeiro do Sul?
Fênix da Épocaelipse..
Revelação do UniverSer?
Pantheon do Apocalipse
Quintessência do terceiro milêneon
Cristalinda musalquímica...?
SereiaAtlante, pitonisa dévica

O que será essa cidade?

www.gustavodourado.com.br

35
BrasiLíngua
Gustavo Dourado

Laço em laço: enlace


Pindoramafro: luzilázia
A língua de Juca Pyrama
Zumbi(u) Camoniânima
Luxafra - tupiguarânia
Morenua Rósea Sertântrica.
Floresce(u) Latim por tintim:
Roma Romã: Proema
D'África: Axé-Nagô
Brasilis: Naturativa
Antropofálica Mistura:
Frevo-fervor: Paraguaçú
Línguímã: Modegrama: Nheengatu ...
Por tu(guesa):
Faço-me errante ente
Navega lume!
Sempre nu navegante
Trovejo o silên-cio do Universom
Relampeando a Língua-gen
Dos grãs Sertons: Lusíadas...
Veredas...

36
Meu ponto de apoio
Haroldo P. Barboza

(Menção Honrosa – José Bonifácio – SP – maio/00)

Ouvi o bater cadenciado e abafado


Do que parecia um pequeno tambor
Vi duas luzes brilhando no Universo
Parecendo estrelas iluminando o céu.

Adormeci colocando minha cabeça


Sobre suave travesseiro sem adereço
Senti o aroma suave de uma flor
Que com certeza cresceu no jardim.

Mas o tambor era um forte coração


Batendo firme, bombeando amor
As luzes verdes lembrando esmeraldas
Eram os belos olhos sob o véu.

O macio que me sustenta à noite


É o colo da amada a quem me ofereço
E o cheiro que vem do seu corpo
Exibe o amor que ela sente por mim.

37
Testemunha ocular
Haroldo P Barboza

(8º lugar Festival SESC-maio/99)

Do mais alto ponto das copas


O índio viu três naus à deriva
Encarou o líder das tropas
E disse na língua nativa :

Levantem seus altos mastros


Abram velas aos doces ventos
As ondas apagarão seus rastros
No ano de mil e quinhentos.

Escrevam palavras de carinho


Que expliquem o gasto feito
A carta seguirá caminho
Pois Caminha dará um jeito.

Não machuquem a rica terra


Que dá orgulho à Natureza
Bebam a água que vem da serra
Apenas respirem o ar de pureza.

Carreguem algumas sementes


Mas esqueçam o metal vil
Se querem ver nativos contentes
Deixem que eles explorem o Brasil.

As armas contendo ganância


Provocaram gritos de dor
Mostraram sua intolerância
Diante do gesto de amor.

38
Parto poético
JF MARQUES

Como sofre o poeta


as dores da humanidade
os amores sem resposta
os embates da maldade
mas o riso da amada
lhe traz o gozo fagueiro
e num clarão de beleza
ilumina o mundo inteiro.

O poeta é ser sofrido


morre todo santo dia
por desprezo ou abandono
mas também tem alegria
quando canta seu amor
e versos mil lhe entoa
ora suave sussurra
ora em brados reboa

Eis que a obra do poeta


é o fruto do seu amor
e o coração em seu peito
é ventre cheio de dor
pois ele concebe poesia
como se desse à luz
o sentimento profundo
que sua palavra traduz.

eus criou o passarinho


para trinar noite e dia
e deu ao poeta o dom
de cantar pela poesia
para que o homem louvasse
a graça, o amor a beleza,
a dor, a vida e a morte,
a magia da natureza.

39
E quem melhor compreende
da mãe o profundo amor
que o poeta que pare
o verso com a mesma dor?
se ambos tudo entregam
sem nada em volta esperar
o filho é irmão do poema
pois é parto o poetar.
26/04/2002

40
Barcarola à sereia
JF MARQUES

A onda que arrebenta na areia


Tão mansa, sussurrante aos teus pés...
Partiu do horizonte que incendeia
E manda a ti louvarem as marés
Que bramem o seu amor jamais contido
Em nome de Netuno embevecido

E eu, pobre marujo enfeitiçado,


Escravo do teu canto ciciante
Vagando neste barco desgarrado
Lutando pra tornar-me teu amante
O poeta enamorado da sereia
Só ouve o murmurar que o tonteia

O mar ficou salgado com o meu pranto


Gritando contra o vento que me afasta
Mas a cruel magia do teu canto
Destrói todo vivente que ele arrasta
Em vão diz-me a razão que é loucura
Render-me a este amor que é tortura!

Mais vale ser um deus por um momento


Libando em teus braços a paixão
Que leva a olvidar o sofrimento
Que vai me destruir o coração
Mas eu sei bem vingar-me, oh malvada!
Farei de ti a deusa mais amada

E quando na areia encontrares


Aquele que te amou até à morte
Verás que não há mais nos sete mares
O bardo que enfrentou a triste sorte
De amar-te pra sentires a extensão
Da dor que brota só da solidão!
31/07/2002

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DÁ-ME UM TEMPO
José Geraldo Martinez

Dá-me um tempo , moça ,


para receber-te cá dentro.
Tenho poeiras guardadas ,
dores mofadas ,
perdidos sentimentos ...
Dá-me um tempo ?
Quero estar sorrindo para o novo amor bem-vindo .
Repleto de flores na alma ...
Dá-me um tempo , moça , tenha calma .
Mal sequei meus prantos , mal calei minha dor .
Deixa-me receber-te no mais sublime amor :
livre, leve e solto,
de toda paz envolto !
Dá-me um tempo ?
A casa será tua , se quiseres ,
será a maior das mulheres ,
meu amor enfim...
Dá-me um tempo , moça , para cuidar de mim .
Quero ser o abraço que sonhas ,
tuas lembranças risonhas ...
Teu companheiro de colo .
Dá-me um tempo para um vôo solo .
Quero escolher os lugares que te levarei .
Todos por onde passei ,
enterrando meu passado !
Dá-me um tempo para que as flores tenham brotado .
Contigo voarei para o futuro,
por enormes quintais sem muros ...
Serei teu . Dá-me um tempo
de limpar-me completamente ,
abrir-te a porta finalmente !
E no sorriso mais doce , dizer-te :
entra !

maestromartinez@terra.com.br
http://www.josegeraldomartinez.hpg.ig.com.br/

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VOLTAREMOS!
José Geraldo Martinez

Voltaremos juntos .
Não é ficção !
Meu amor ! Voltaremos ...
em nossa reencarnação !
Faltou-nos aquela viagem sem endereço
por vários lugares do mundo .
Andar na montanha russa ,
lembras-te ?
Eu tinha um medo profundo !
Tomar um porre nós dois , faltou-nos.
Prá fazer amor depois !
Esquecer de tudo no outro dia .
Não deu tempo, meu amor , um de nós partiria !
Fui eu de costume , como sempre apressado ...
Desta feita, tu não levarias !
Sofri onde estou , vendo-te chorar...
E teu rosto banhado, eu não pude beijar .
Sofri , não imaginas!
De ver a tua dor e dizer-te que a vida segue por aqui ...
E perdão, minha amada ,
sequer me despedi !
Mas foi num dia calmo e as flores dormiam...
O vento com os arvoredos mexiam numa mansa sinfonia !
A lua entrava pela janela e cobrindo-me sentinela
o corpo que jazia.
Lembro-me no derradeiro instante de uma estrela cadente ...
Fiz ainda um pedido !
Deu tempo, amor , deu tempo ...
Para que reencarnes comigo !
E sei que em nome deste amor,
por tudo que sonhamos ...
serei atendido !
Faltou-nos ver a neve , cobrindo as chaminés ...
Estar numa ilha abandonada , olhando a maré !
Nosso último natal ...
em uma casinha branca no pé da serra .

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E cobrir os teus cabelos
com flor da primavera!
Tu dormias quando parti ...
Queria abraçar-te , não consegui !
Não foi como sonhamos ...do mar nos levar .
Separados! Por azar.
Mas , onde estarei , velarei teus passos.
E te esperarei um dia , para um longo abraço ...
Voltaremos, não chores !
Lembras-te das boas notícias,
serei teu novamente .
Terás uma vida feliz por aí em tua vida terrena ...
E eu , aguardando-te aqui , de vida plena !
Voltaremos , não chores !
Vendo-te assim , sofrerei .
Eterno é o ser ...
Sou, hoje , uma estrela em esplendor !
A carne efêmera ...
Eterno o amor !

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FLOR-DE-LIS
Net 7 Mares

Te quero comigo, como eu sempre quis,


Para, tendo-te presa, envolta em meus braços,
Despir teus pudores com gestos devassos,
Decidido a buscar meu troféu flor-de-lis.

Preencher com volúpia os cantos e espaços


De teu corpo, a fazer-te minha meretriz;
Ler nos teu olhos o que a boca não diz;
Romper teus tabus, desatar-te dos laços

E, submetendo-te a estranhos compassos,


Flagrar em tua face o róseo matiz
De ver-se rainha em poses servis,

E, enfim, conquistada nos tons violáceos


Das marcas dos beijos em pontos esparsos...
Flor despetalada, vencida e feliz.

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SONETO DO AMIGO
Net 7 Mares

Amigo é o que está sempre contigo,


Nas horas de sorriso ou de dor;
É o abrigo que, no frio, dá calor,
O escudo que te livra do perigo.

Na luta contra o mal que em ti reside,


É o teu pedaço bom, dentro do peito;
A quem, na luta, ofendes num mal-feito,
Mas sabes que dali não vem revide.

O amigo não tem sexo ou origem,


Idade, raça ou endereço certo,
E pode ser, até, um "João Ninguém",

Mas, se precisas, ele está por perto;


É a solução das dores que te afligem,
Pedaço de tua alma em outro alguém.

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CHEGANDO AOS QUARENTA
_Plínio Sgarbi

arrebento a casca dos trinta


com alguns pêlos brancos
entro para fase dos "entas"
neste plano, a vida
exige e sustenta
encarar de costas
o exame da próstata
diminuir as doses no copo
baixar a taxa de colesterol
eliminar o teor dos cigarros.
com requinte
cuidar da barriga e
namorar a menina de vinte

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fato... trato
_Plínio Sgarbi

meu hoje, fato...


lúcido e consciente
estou em pré-posições
proporções
consistente adjacente
insolvente
impulso
trato...
complexo,
pseudológico (anti)céptico
de você pulsando
em contato
com o meu ontem
em sortidos e
vertiginosos
instantes do inconsciente
espasmáticos
estímulos psíquicos
compulsivamente
romântico
do íntimo instinto
erótico delirante

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No dia em que eu te encontrar
Valdez

Quando eu te encontrar? O que faço?


Dou-me à vertigem silente do abraço,

Ou fruo dos teus beijos o alvorecer?


Se me deixo às carícias dos teus lábios,

Com certeza se irão os meus ressábios


Nas fragâncias que soem acontecer.

Nem rejuvenecer nem envelhecer...


Vou, eu sei, sei que vou viver

A sensação de que serei eterno...


Que voarei nas asas da ternura,

Agasalhado num colo de candura,


Infenso aos rigores do inverno.

Não é provável que vá endoidecer...,


Privar-me da razão ou ve-la fenecer.

Quero sentí-la num galope manso,


Cada momento fruido alegremente;

O carinho pausado, docemente...


Se apresso, verá... logo me canso.

Sim, quando te encontrar serei presente,


Teus dias e tuas noites, tão somente...

Os sonhos que querias, e serei saudade.


Serei de tudo um pouco: a tua ilusão,

Aquele que te envolve o coração;


Serei o anjo bom, a tua liberdade.

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Quando te encontrar serás meu mundo,
A minha compaixão, meu eu profundo.

Não quero ver o tempo acorrentado.


Que o deixem correr vertiginosamente.

Enquanto nos amarmos loucamente,


Com certeza o veremos perpetuado

50
SOLIDÃO
Valdez

Ah! solidão, silente solidão!...


Verso perdido, feito folha tonta,
Nas cumeeiras negras da paixão.

Barco adernando na fraga ligeira;


Abismos feros, fundos, abissais,
Prenunciando a morte derradeira...

É a solidão... Vem vindo mansamente.


Os elementos todos estertoram,
O coração se faz opalescente...

Esturra, seca, medra a insegurança;


Impõe-se o medo, fulgem as gazuas;
Vai-se o vergel, as flores da esperança...

Eis... instalou-se sem pedir licença.


Esfomeada, com os peitos lassos,
Sufoca sonhos, luz indiferença.

É cortesã, ocupa seu espaço...


O ninho faz na clâmide do ser,
De cor escura, prenhe de mormaço.

Veste grinaldas, suscita pesares;


Provoca dores incontidas, densas,
Amortalhando, corrompendo os ares.

Vem vergastando tudo, de vencida,


As ilusões, as forças, alegria;
Gozo, prazer, e faz cessar a vida.

Ah! solidão, senhora da agonia!


Deixa que viva este ser deserto
Os solitários versos, a poesia...

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Não Importa
Vanderley Caixe

Céu e tempestade
É noite sozinha
Chove aqui nessa varanda
Sem lua
Sem verdades
E a alma se amesquinha
Nessa vida ciranda
Nessa varanda
A chuva chove sozinha
Sem verdades
Sem lua
Eu não estou
O resto não importa
Se há verdades,
Se chove
Se não há lua

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Quando a primavera chegar
(lembranças da Ditadura)
Vanderley Caixe

Quando a primavera chegar, eu olharei as rosas,


mas os meus olhos estarão obnubilados
/pelos grilhões do inverno passado.
Minha mente estará demasiadamente sombria
para receber a claridade do novo sol.
Minha alma estará triste e dolorida
/da última noite passada.
NÃO me lembrarei que a nova estação em flores
estará nascendo.
Recordarei as noites de insônia,
/os homens no cárcere padecendo.
QUANDO o dia voltar, eu direi dessas noites
de iniqüidades .
Falarei dos que sofreram o flagelo em celas,
dos que gemeram nus nas noites frias,
/nas celas-fortes;
do inverno queimando o corpo e a alma
/dos prisioneiros castigados;
da auto-mutilação; dos braços retalhados.
Falarei da demência de homens sobre homens;
da tortura abafada atrás das muralhas.
QUANDO a primavera chegar,
eu quero ter presente o inverno passado.
Não esquecer essas noites que haveremos de impedir,
do homem-besta sobre o homem.

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