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Filosofia do Direito Grega: Platão

Política, direito e justiça


– Justo remontaria à origem da própria alma: a boa adequação à boa sociedade é a
essência do justo: não há homem justo numa sociedade injusta, visto que a justiça é
social e uma espécie de princípio

“A ideia do justo é o cumprimento por parte de cada qual e de todos, dos afazeres
que ligam cada um ao todo da pólis. A justa adequação à sociedade será, pois, a
chave da essência do justo para Platão em A República” (Mascaro, 2018: 57)
Filosofia do Direito Grega: Platão

Política, direito e justiça


– O filósofo como aquele capaz de alcançar o justo no nível das ideias → Deve
legislar: rei-filósofo, filósofo-rei → governo dos mais sábios
→ Educação revela o filósofo, o homem justo
– A medida do justo está na pólis

– Final da vida e posicionamento distinto


Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Aristóteles (384 – 322 a.C.)


– Justiça e seus tipos
– Justiça universal e justiça particular
– Âmbito da justiça
– Intencionalidade
– Outro
– Equidade
– Política
– Justiça e amizade
– Governo
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Aristóteles (384 – 322 a.C.)


– Influencia as mais diversas áreas de saber: lógica; biologia; botânica; zoologia;
política; sociologia; ética; etc. Suas contribuições geraram debates mesmo depois de
séculos

A escola de Atenas (Rafael, 1509-1511)


Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Aristóteles (384 – 322 a.C.)


– Influencia as mais diversas áreas de saber: lógica; biologia; botânica; zoologia;
política; sociologia; ética; etc. Suas contribuições geraram debates mesmo depois de
séculos
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Aristóteles (384 – 322 a.C.)


– Influencia as mais diversas áreas de saber: lógica; biologia; botânica; zoologia;
política; sociologia; ética; etc. Suas contribuições geraram debates mesmo depois de
séculos
– Experiência como elemento fundamental de sua reflexão → filho de médico
– Maior pensador da justiça e do direito de seu tempo
– Principais obras de caráter político: Ética a Nicômaco; e A política
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Justiça e seus tipos


– Lei somente justa; não há má lei
– Na condição de ato: não é uma virtude contemplativa, mas uma ação
– Virtude que rege as relações dos homens na cidade
– Disposição de caráter que torna os homens propensos a fazer e desejar o justo
– 2 tipos de justiça:
Justiça universal
• distributiva
Justiça particular • corretiva
• reciprocidade (caso especial)
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Justiça e seus tipos


Universal
– Presente nas demais virtudes: a justiça universal é uma virtude que está em todas as
virtudes. A única virtude universal é a justiça. E a justiça não precisa de outra virtude
para ser justa.
Ex: caridade e paciência
1) Caridade: tipificação no ato de dar. Dar ao poderoso por medo; não dar ao pobre
por se sentir superior → Não é caridoso, pois ao ato de dar deve-se vincular a
justiça do ato.
2) Paciência: paciente com o chefe e impaciente com o subordinado → Paciência
presume a justiça do ato
3) É possível ser paciente e não caridoso, e caridoso e impaciente. Mas não é
possível ser caridoso ou paciente sem a justiça
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Justiça e seus tipos


Justiça distributiva
– Meio-termo entre duas pessoas e duas coisas
– Critério fundamental para distribuição justa: mérito = proporcionalidade
Ex: nota em uma prova; dinheiro ganho no trabalho; distribuição de cargos e
benefícios (diferença entre presidente e vereador)
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Justiça e seus tipos


Justiça corretiva
– Justiça enquanto reparação daquilo que foi subtraído de um pelo outro,
voluntariamente ou não → Ordem penal seria tratada como justiça corretiva por se
tratar de perda ou ganho. No penal a justiça trata da reparação civil dos danos que
foram causados pelo crime
Ex: contratos; troca; compra-e-venda; responsabilidade civil ≠ perda de alguém
(correção equivalente)
– “[A] lei contempla somente o aspecto distintivo da justiça, e trata as partes como
iguais, perguntando somente se uma das partes cometeu e a outra sofreu a injustiça, e
se uma infligiu e a outra sofre um dano. Sendo portanto esta espécie de injustiça uma
desigualdade, o juiz tenta restabelecer a igualdade” (Aristóteles, 1999: 97)
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Justiça e seus tipos


Incorporação das duas formas de justiça à noção comum do jurista
– “As duas espécies de justiça foram, posteriormente, incorporadas à noção comum do
jurista como sendo a lógica do direito público e do direito privado. A distribuição das
riquezas, dos bens, dos cargos e do mérito seriam próprias do direito público; as
questões do cumprimento contratual, ou do seu ressarcimento, ou mesmo da retribuição
penal, envolveriam um cálculo entre particulares” (Mascaro, 2018: 70)
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Justiça e seus tipos


Justiça da reciprocidade
– Equivalência → Aristóteles coloca o dinheiro como equivalência universal entre
produtos e serviços, possibilitando a reciprocidade entre os elementos
– Ligação mais profunda feita até então entre direito e economia
– A justiça da reciprocidade deixa claro que a justiça não é somente matemática
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Justiça e seus tipos

Justiça universal → complemento de outras virtudes e se basta enquanto virtude


• distributiva → proporcionalidade (proporção geométrica)
Justiça particular • corretiva → aritmética (devolução do que foi acrescido a alguém)
• reciprocidade → direito e economia (caso especial)
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Justiça e seus tipos


Do âmbito da justiça
– Acontece somente entre pares, cidadãos
– Não há injustiça no sentido político entre senhor e escravo; pais e filhos
→ Justiça como proporção acontece somente entre semelhantes.
Ex: mesma prova para pessoas de séries distintas, mesmo utilizando a
proporção geométrica (aluno do primário e aluno universitário); não tem como
aferir, neste caso, mérito.
– Justiça considera econômico, histórico, social e político: é flexível
– Justiça enquanto meio termo e injustiça como extremo: “No ato injusto, ter muito
pouco é ser tratado injustamente, e ter demais é agir injustamente” (Aristóteles, 1999:
101) [–] carência ------------- meio-termo ------------- excesso [+] (Mascaro, 2018: 74)
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Agentes e pacientes da justiça


Da intencionalidade
– “A excelência moral se relaciona com as emoções e ações, e somente as emoções e
ações voluntárias são louvadas e censuradas, enquanto as involuntárias são perdoadas, e
às vezes inspiram piedade; logo, a distinção entre o voluntário e o involuntário parece
necessária aos estudiosos da natureza da excelência moral, e será útil também aos
legisladores com vistas à atribuição de honrarias e à aplicação de punições”
(Aristóteles, 1999: 49)
→ Ato + intencionalidade = justo/injusto
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Agentes e pacientes da justiça


Outro
– A justiça ou injustiça acontece em uma relação com o outro e não consigo: caráter
político e não individualista da política
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

A equidade
– Acima da justiça da lei há a justiça do caso, do caso concreto, onde há a necessidade
de adaptação do geral para o específico. A isso se dá o nome de equidade
– A lei em si é boa, e seguir a lei é concretizar o interesse da pólis. Pois a lei era
deliberada coletivamente, “manifestação da unificação da vontade dos cidadãos”
(Mascaro, 2018)
– Desrespeitar a lei é fazer o interesse particular desestruturar a organização política
– Se a lei é justa, a manifestação da equidade seria a objetivação de uma justiça ainda
mais alta: “Não pode ser o homem justo um mero cumpridor cego das normas, sem
atentar para as especificidades de cada caso concreto” (Mascaro, 2018: 79)
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

A equidade
– Direito natural: auscultar a natureza das coisas em cada contexto. Pois auscultar a
natureza revela o justo:

“A teoria do direito natural pode ser definida como um método experimental. Antecipa-
se ao direito comparado e à sociologia. Sujeito às coordenadas de tempo e espaço,
adapta-se às circunstâncias de cada grupo social politicamente organizado. Mas, com a
ajuda do direito natural, nunca se descobrirá nem se há de jamais elaborar um código de
leis imutáveis e definitivas” (Pereira, 1980: 81)
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Política
– O justo é, em última instância, político. Pois é a ação dos homens em sociedade que
dá base ao mérito, igualdade, etc.: “É a vontade política que reduz ou aumenta
desigualdades, é a ação política que mantém níveis variados de distribuição de riquezas
em uma determinada sociedade” (Mascaro, 2018: 84)
– Não há oposição entre Estado e a vida social, muito menos uma relação de oposição
→ Cidade = Estado
– Sociedade antes do indivíduo; Aristóteles: todo → parte; Modernos: parte → todo
“O todo existe necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos não
são senão as partes integrantes da Cidade, todos subordinados ao corpo interior, todas distintas
por seus poderes e suas funções, e todas inúteis quando desarticuladas, semelhantes às mãos e
aos pés que, uma vez separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem a realidade,
como uma mão de pedra” (Aristóteles, 2018: 85)
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Amizade e justiça
– “Quando as pessoas são amigas não têm necessidade de justiça, enquanto mesmo
quando são justas elas necessitam da amizade; considera-se que a mais autêntica forma
de justiça é uma disposição amistosa” (Aristóteles, 1999: 5)
– Amizade mesmo entre senhor e escravo, considerando que essa relação seria em
âmbito privado e não no espaço público, onde se consolida a política e o justo
Filosofia do Direito Grega: Aristóteles

Governo
– Bom governo: aquele que alcança como resultado a felicidade de todos
Exercício do poder Um só Alguns A maioria
No interesse de todos Monarquia Aristocracia República
No interesse próprio Tirania Oligarquia Democracia Degenerados
– Forma e finalidade: em Aristóteles, primazia da finalidade em detrimento da forma.
Como seria no contemporâneo?
“[P]ara os modernos, a democracia passa a ser boa porque todos votam, ainda que ela
seja em proveito da minoria detentora do poder econômico. Na modernidade, a
preocupação sobre a extensão do poder governante chama mais a atenção do jurista, do
político e do cidadão do que a sua finalidade e os objetivos que persegue” (Mascaro,
2018: 90)

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