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Personagens
D. Madalena de Vilhena
É uma heroína romântica, vive marcada por conflitos interiores e pelo passado.
Os sentimentos e a sensibilidade sobrepõem-se à razão e é uma mulher em constante
sofrimento. Crê em agoiros, superstições e dias fatais (a sexta-feira).
É uma sofredora, tem um amor intenso e uma preocupação constante com a filha
Maria, contudo coloca acima de tudo a sua felicidade e amor ao lado de Manuel de
Sousa, mesmo o seu amor à pátria é menor do que o que sente por Manuel. No final
da obra, aceita o convento como solução, mas fá-lo seguindo Manuel.
Maria
É a mulher-anjo dos românticos (fisicamente é fraca e frágil; psicologicamente é
muito forte).
Nobre, de inteligência precoce, é muito culta, intuitiva e perspicaz.
Muito curiosa, quer saber tudo... É uma romântica: é nacionalista, idealista,
sonhadora, fantasiosa, patriota, crente em agoiros e uma sebastianista.
É a vitima inocente de toda a situação e acaba por morrer fisicamente, tocada
pela vergonha de se sentir filha ilegítima (está tuberculosa).
Telmo
É o velho aio, não é nobre, contudo a sua convivência com as famílias nobres, “deu-
lhe” todas as características de um nobre (postura, fala, educação, cultura...).
É o confidente de Madalena e de Maria.
Fiel, dedicado, é o elo e ligação entre as duas famílias (os dois maridos de
Madalena), é a chama viva do passado que alimenta os terrores de Madalena.
É muito critico, cria juízos de valor e é através dele que a consciência das
personagens fragmentada vive num profundo conflito interior pois sente-se dividido
entre D, João e Maria, não sabendo o que fazer.
É um sebastianista e sofre muito pela sua lealdade.
Frei Jorge
Irmão de Manuel de Sousa, representa a autoridade de Igreja.
É também confidente de Madalena, pois é a ele que ela confessa o seu “terrível”
pecado: amou Manuel de Sousa ainda D. João era vivo. É uma figura moderadora,
que procura harmonizar o conflito, modera os sentimentos trágicos.
Acompanha sempre a família, é conciliador, pacificador e impõe uma certa
racionalidade, procurando manter o equilíbrio no meio de uma família angustiada e
desfeita.
D.João de Portugal
Nobre cavaleiro, está ausente fisicamente durante o I e o II acto da peça. Contudo,
está sempre presente na memória e palavras de Telmo, na consciência de Madalena,
nas palavras de Manuel e na intuição de Maria.
É sempre lembrado como patriota, digno, honrado, forte e fiel ao seu rei.
Quando regressa, na pele do Romeiro, é austero e misterioso, representa um destino
cruel, é implacável, destrói uma família e a sua felicidade, mas acaba por ser,
também ele, vitima desse destino. Resta-lhe então a solidão, o vazio e a certeza de
que ele já só faz parte do mundo dos mortos (é “ninguém”; madalena não o
reconhece; Telmo preferia que ele não tivesse voltado pois Maria ocupou o seu lugar
no coração do velho escudeiro):
D. João é uma figura simbólica: representa o passado, a época gloriosa dos
descobrimentos; representa também o presente, a pátria morta e sem identidade na
mão dos espanhóis/e é a imagem da pátria cativa.
Respostas 99
2-No final da cena III e no inicio da IV e visível a ternura entre mãe e filha...
Comprova a afirmação.
2.1. D. Madalena dirige-se à filha de forma carinhosa (“Minha querida filha”, l. 10; “Minha
querida Maria”, l. 22; “querida”, l. 37) e Maria manifesta o amor pela mãe quando esta
chora, abraçando-a, dirigindo-se-lhe carinhosamente para a acalmar (“Minha querida mãe,
ora pois então!”, l. 27) e prometendo não falar mais sobre os assuntos que tanto a
incomodam.
Maria confessa á mãe a sua tristeza por sentir constante preocupação dos pais com ela
Refere as consequências dessa tristeza
3.1. Maria passa as noites em claro, a rever as suas atitudes e as dos pais, para tentar descobrir
as razões da sua preocupação, por considerar haver algo que não lhe é revelado.
3.1Manuel Sousa Coutinho surge na cena VII e e informa que tem uma
decisão perante a intenção dos governadores inalarem-se no seu palácio
Qual a decisão e os valores evidenciados por esta personagem
Manuel de Sousa Coutinho informa os presentes da sua decisão de saírem daquela casa,
ainda naquela noite, antes da chegada dos governadores. Ao longo do seu discurso,
revela-se defensor da honra e um patriota valoroso, insurgindo-se contra um rei
estrangeiro nas pessoas dos seus representantes, pretendendo dar-lhes uma lição
exemplar, a eles e “a este escravo deste povo que os sofre” (l. 84).
3.2-Refere as reações de Maria e Frei Jorge face a essa decisão
Maria exulta com a decisão do pai, elogiando o seu patriotismo. Já Frei
Jorge aconselha o irmão a ser prudente, apoiando-o, contudo, na sua decisão.
3.3-Explicita a mudança de atitude de D.Madalena perante a decisão do
marido e relaciona com o processo da ação
D. Madalena, inicialmente de forma contida, alerta o marido para as consequências de
atos imoderados, temendo a vingança dos governadores, mas, depois saber que a decisão
do marido implica a mudança para o palácio de D. João de Portugal, fica apavorada,
revelando de imediato o seu desagrado (“Qual?... a que foi… a que pega com S.
Paulo?... Jesus me valha!” ll. 102-103; “Aquela casa… eu não tenho ânimo…”, l. 114).
QUESTÕES DA PÁG. 108
(ATO I – CENAS IX, X, XI e XII)
1-Caracterização de personagem Manuel na sequencia da precipitação dos
acontecimentos perante a chegada antecipada dos governadores
Manuel de Sousa Coutinho, no monólogo da Cena XI, revela-se extremamente corajoso,
revoltando-se contra a tirania dos castelhanos. O seu patriotismo e honradez são visíveis
no despojamento de todos os seus bens materiais e na disposição manifestada em perder a
própria vida, mas defendendo a honra de ser português. A personagem, fidalgo, cavaleiro
de Malta, é apresentada desde o início como decidida e determinada, racional, nobre nas
atitudes, mas também afetuosa para com a sua família.
4-Explicita o carácter trágico da final do ato I relaciona-o com as
características do drama romântico
O final do Ato I apresenta um caráter trágico, evidenciado pelo apelo insistente à fuga,
pelas informações das didascálias: o deflagrar das chamas, os gritos, o rebate dos sinos,
culminando na última informação, “cai o pano”, a simbolizar a queda conducente à
desagregação daquela família. Esta tragicidade está alinhada com as características do
drama romântico, nomeadamente o fundo histórico (incêndio do palácio pelo próprio
Manuel de Sousa Coutinho), os valores exibidos por Manuel de Sousa Coutinho na
reação ao desígnio dos governadores (o patriotismo, representativo da identidade
nacional, e, simultaneamente, a expressão da liberdade individual) e o culto dos
sentimentos fortes (os gritos e os movimentos agitados).
Espaço cénico
c) Alta nobreza (brasão: as armas antigas da casa de Bragança).
Atmosfera sugerida
d) Sugestão de melancolia, tristeza: fechamento para o exterior (ausência de
janelas, reposteiros a tapar as portas a indiciar a limitação dos movimentos das
personagens). Destaque para os retratos representativos de um passado de
infortúnios.
1.2-evidencia de forma sucinata o contraste existente entre as duas didascálias
A didascália do Ato I transmite a felicidade e a liberdade de movimentos das
personagens, pela luz, pelas sugestões cromáticas e pela abertura ao exterior, enquanto a
do Ato II sugere tristeza, melancolia e a limitação dos movimentos das personagens, pelo
ambiente austero, pela ausência de luz natural e pelo fechamento ao exterior.
Menina e moça.....
Justifica a adptação da citação no inicio da cena I explicitando o seu duplo
sentido
2.1. A adaptação da citação, proferida por Maria, justifica-se pela mudança para o
palácio de D. João de Portugal por causa do incêndio da casa de seu pai. Além
deste sentido, poderá indiciar uma separação trágica da família pelo paralelo que
se pode estabelecer entre Maria e o destino infeliz da heroína desta novela.
Relaciona a cena I do ato II com o seu final, evidenciando a sua importância para
o leitor espetador
3. A Cena I permite uma ligação harmoniosa entre os dois Atos, pois, através das
palavras de Maria, fica-se a saber o tempo decorrido desde o incêndio (“oito
dias”) e como foram vivenciados os acontecimentos naquela noite, incluindo a
mudança de palácio. Deste modo, sem ser necessária a representação dos
acontecimentos em cena, o leitor/espectador é elucidado quanto ao mal-estar de
D. Madalena (que ainda não saiu do seu quarto por causa do terror sentido ao ver
o retrato de D. João de Portugal), quanto ao facto de Manuel de Sousa Coutinho
se encontrar escondido durante todo este tempo (por recear represálias) e quanto
à intenção dos governadores de esquecerem a atitude do mesmo.
4.1. O destaque assumido pelos três retratos remete para a importância destas três
figuras na ação, por representarem o peso de um passado associado ao
infortúnio, o qual poderá significar, também, a desgraça do presente. As três
figuras pertencem à história de Portugal, estando interligadas: Camões viveu no
reinado de D. Sebastião, tendo-lhe dedicado a sua epopeia, na qual o glorifica e
incita à empresa no Norte de África (Dedicatória; episódio do Velho do
Restelo); D. João de Portugal esteve ao serviço de D. Sebastião, desaparecendo
na mesma batalha, em Alcácer Quibir.
4.2. D. Madalena, segundo Maria, fugiu aterrorizada quando deparou com o retrato
de D. João de Portugal, não lhe saindo do pensamento os dois retratos: o de
Manuel de Sousa Coutinho a arder e o de D. João que não nomeia. D. Madalena
considera que “a perda do retrato é prognóstico fatal de outra perda maior que
está perto, de alguma desgraça inesperada, mas certa, que a tem de separar
de… - Manuel de Sousa Coutinho -” (ll. 25-26), como se a figura do seu
primeiro marido surgisse como elemento destruidor da felicidade vivida no
segundo casamento.
5.1. Maria, nestas duas falas, demonstra, uma vez mais, a sua capacidade intuitiva e
dedutiva, a sua perspicácia, neste caso relativamente ao retrato de D. João de
Portugal. Pela reação de sua mãe, o pavor que tal retrato lhe causava, e pela
relutância de Telmo em revelar a identidade do cavaleiro, Maria deduziu de
quem se tratava.
2- D. Madalena receia a repetição das acusações feitas por Telmo no diálogo da Cena II
do Ato I, não querendo relembrar as razões da sua angústia: as dúvidas que a assaltam
relativamente a D. João de Portugal.
3- D. Madalena revela-se zelosa pelo bem-estar da filha, procurando que nada lhe
aconteça. Revela simultaneamente uma atitude de extremo carinho. Maria, por sua vez,
tenta acalmar a sua mãe; no entanto, sente-se profundamente abalada com a tristeza que
esta revela.
5-O monólogo de Frei Jorge é mais um indício de um final trágico. As suas palavras
indicam que a sua racionalidade e a rejeição de agouros são postas em causa pelo
ambiente de desgraça que envolve a sua família, vendo-se ele próprio invadido pelo
mesmo espírito.
6-D. Madalena alude à instabilidade do tempo, referindo-se aos ventos e às marés. Esta
instabilidade poderá ser interpretada como indício de instabilidade também da própria
vida (até ao momento, aparentemente calma e harmoniosa) e das mudanças que se
aproximam.
7.1. D. Madalena esclarece que faz anos, precisamente naquele dia, que se casou pela primeira
vez, que se deu a derrota de Alcácer Quibir, na qual desapareceram D. Sebastião e D. João
de Portugal, e que viu pela primeira vez Manuel de Sousa Coutinho.
7.2. A ação localiza-se no dia 4 de agosto de 1599. O dia e o mês são os da batalha de Alcácer
Quibir; o ano, a soma de 21 anos: a batalha deu-se em 1578, procurou-se D. João de
Portugal durante 7 anos, D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho estão casados há 14
anos.
7.3. Sexta-feira é um “dia fatal” para D. Madalena por ter sido nesse dia da semana que se
apaixonou por Manuel de Sousa Coutinho, ainda casada com D. João de Portugal (“Este
amor … … começou com um crime, porque eu amei-o assim que o vi”, ll. 166-168), facto
que a atormentou até à batalha, ao sentir-se numa situação adúltera (“O pecado estava-me
no coração … … dentro da alma eu já não tinha outra imagem senão a do amante…”, ll.
169-170. Apesar de estar casada há 14 anos com o homem que ama, tendo sido este
amor “santificado e bendito no Céu” (l. 166), sempre sentiu um conflito psicológico pela
culpa deste “crime”, o que nunca a permitiu viver em plena felicidade, como se pode
verificar logo no monólogo inicial da obra e pelos constantes sobressaltos em que vive,
vendo em tudo um indício de desgraça.
3-O recurso à repetição, numa outra voz, da expressão “Oh minha filha, minha filha!”
estabelece a ligação com o final do Ato II, quando D. Madalena sai de cena espavorida, a
gritar, pondo em primeiro plano Maria, por esta ser a principal vítima da desgraça que se
abateu sobre a família.
1.1-O conflito de Telmo é visível logo no início do monólogo na Cena IV, quando
diz: “Virou-se-me a alma toda com isto: não sou já o mesmo homem” (ll. 27-28). A
personagem sempre desejou o regresso de D. João de Portugal, não crendo na sua morte.
Contudo, agora que sabe que o seu amo se encontra vivo, constata que o seu amor por
Maria é superior, chegando a oferecer a sua vida em sacrifício pela vida de Maria, pois
pressente próxima a morte desta.
2.1-O Romeiro sente uma profunda mágoa por D. Madalena ter entregado o seu coração
a outro, juízo que Telmo alega ser injusto. Procura, então, a confirmação de Telmo
quanto às diligências tomadas por D. Madalena no sentido de o encontrar. Após
confirmação destas diligências e da virtude e honra da sua esposa, comunica ao escudeiro
a sua “resolução” (l. 77) de tentar solucionar a situação pedindo-lhe que diga a todos
que “o peregrino era um impostor” (l. 89), e que tudo fora um embuste. Esta decisão
afigurou-se a mais correta para o Romeiro, que, ao saber que o casal tinha uma filha, se
sentiu responsável pelo “mal feito” (l. 118).
3.1. O Romeiro, ao ouvir D. Madalena a chamar pelo seu “esposo” (l. 135), por um breve
instante pensa que é por si que ela chama e sente-se tentado a abrir-lhe a porta. Porém,
quando D. Madalena nomeia “Manuel”, chamando-lhe “meu amor” (l. 143), fica
furioso e dirige-se para a porta. Cai em si e reafirma a sua decisão, saindo violentamente
de cena.
4. D. João de Portugal encerra e si as virtudes do cavaleiro cristão: amor pelo seu rei e pela
pátria, combate contra os inimigos da fé, pela qual expõe a sua vida, sujeitando-se a
maus tratos, privações, distância, ausência de notícias e saudade da esposa durante vinte
anos. Revela generosidade e grandeza de alma ao não querer “desonrar a sua viúva” (ll.
125-126), preferindo, apesar de sentir frustração e mágoa pela perda da sua esposa,
passar por “impostor”, apagando-se voluntariamente, para tentar remediar o problema
que o seu regresso gerou.
2-Frei Jorge não aceita a solução do Romeiro, por tal significar a assunção do crime de
adultério contrário às leis de Deus.