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Maria, como personagem sebastianista, acredita piamente que D. Sebastião está vivo e
vai regressar num “dia de névoa muito cerrada” e fundamenta a sua posição em argumentos
como a fé e a crença do povo que, segundo ela, terá toda a razão de ser.
Curiosa e intuitiva, questiona por que razão o pai, sendo tão patriota, não gosta de ouvir
falar no regresso do rei, que iria retirar do trono português o rei espanhol, e chega a alvitrar a
possibilidade de ser pró-castelhanos, não obstante toda a sua postura patriótica, por ele revelada
através de palavras e ações.
Note-se como, nesta cena, as palavras e atitudes de Maria revelam todo o seu
extraordinário poder de observação e de análise de comportamentos.
Por seu turno, D. Madalena procura demover a filha e afastá-la dessas ideias, fazendo
uso, inicialmente, de argumentos racionais: (a) os relatos dos tios Frei Jorge e Lopo de Sousa,
homens cultos, sobre o que aconteceu na batalha e (b) a desvalorização das crenças populares,
que apresenta como quimeras (ilusões).
Quando verifica que a sua argumentação não resulta, aflige-se a chora. As reações dos
pais devem-se ao facto de a sobrevivência e o regresso de D. Sebastião e D. João de Portugal,
cuja morte nunca fora confirmada, implicariam a nulidade do seu casamento e a ilegitimidade de
Maria. Deste modo, as constantes referências ao assunto adensam os seus receios e terrores.
Para Maria, D. Sebastião é um herói por quem nutre grande admiração e em quem
deposita todas as esperanças para resgatar Portugal das garras do domínio castelhano: “o
nosso bravo rei”, “o nosso santo rei D. Sebastião”, etc.