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BATE-PAPO SOBRE LITERATURA FEITA POR MULHERES NO BRASIL COM MARA SOP

DATA: 08/03/2020

CRONOGRAMA

1) Apresentação da palestrante e do tema abordado.

2) Cenário da mulher da época

- conventos – escolas para moças – trabalhos de agulha, boas maneiras e religiosidade (afastar
maus pensamentos)

- Salas de estudos separadas por sexo. Surgimento do magistério público e de oportunidade de


trabalho feminina para dar aulas apenas para moças (1750)

- Rosa Egipcíaca (Costa da Mina, 1719 - 1778), ou Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, foi autora
de Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas, o mais antigo livro escrito por uma
mulher negra na história do Brasil (década de 1750). Teve sua história romanceada por Heloísa
Maranhão (1997)

- Com a chegada da Família Real, surge o interesse e a procura por instrutoras estrangeiras,
para alfabetizar e educar as crianças da família.

- 1827 - Escolas para meninos e escolas para meninas em horários diferentes e dias alternados.
As mulheres não aprendiam todas as matérias, artes do lar, e tinham acesso só ao ensino
básico. Mulheres ganhavam menos por lei, pois não tinham formação superior.

- Professoras solteiras ou viúvas.

- educação formal feminina terminava aos 15 anos, debute e busca por um marido.

- mulher inferior ao homem. Imbecilitus sexus (mulheres, crianças e doentes mentais)

- Ambrosina de Magalhães, por exemplo, foi a primeira mulher a frequentar o curso de


Medicina, em 1881, da Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Sem acesso à aulas de
fisiologia e anatomia.

3) Nossas primeiras autoras, esquecidas pela Academia Brasileira de Letras. Quem foram
essas auroras clássicas e qual o seu legado para a literatura brasileira.

*Maria Firmina dos Reis – 1ª autora brasileira, negra, abolicionista, revolucionária.


1ª autora brasileira

1ª autora negra

1ª professora concursada

Fundadora da primeira escola pública e mista do Brasil

1ª vez que se dá voz ao negro, mostrando a sua perspectiva.

1º romance abolicionista

*Júlia Lopes de Almeida – Uma das cabeças da criação da Academia Brasileira de Letras.

Fundadora da Academia Brasileira de Letras

Feminista

Abolicionista

Encilhamento (crise especulativa durante o governo de Ruy Barbosa que levou muitos
empresários à falência)

- A Falência (1901): Rico empresário que se casa com Camila para salvar a família da
falência. Aborda como as mulheres eram vistas e tratadas, principalmente as que viviam
de favor. Critica a mulher sempre ser penalizada devido à traição, ou por ser amante.
Critica o falso moralismo da época, inclusive o religioso, e o preconceito contra os negros
após a abolição da escravatura.

- A Intrusa (1908): O ponto de vista de vários personagens para a nova governanta de um


viúvo, sem dar voz à ela. A Globo está preparando uma adaptação desse livro.

- HQ Ânsia Eterna (1903): 3 contos. Ânsia Eterna, sobre um escritor que se apaixona à
primeira vista por uma jovem passeando na praça. Os porcos, uma cabocla que está
grávida do patrão e que o pai quer dar seu bebê para os porcos comerem. A Caolha, a
rejeição de uma mulher por um defeito físico, inclusive pelo próprio filho.

- Antologia Medo Immortal: contos de autores clássicos da academia brasileira de letras,


única mulher entre eles.

*Emília Freitas – Autora da primeira ficção científica e fantasia da literatura brasileira.

A Rainha do Ignoto (1899)

- 1ª fantasia

- 1ª ficção científica (utopia feminista)


- Mulheres sobrenaturais que vivem em uma ilha e que ajudam os menos favorecidos.
Mulheres com problemas no casamento e negros. Estereótipo da mulher fatal. Ignoto é o
que está oculto. Vista como superstição.

- influência do gótico

* Maria Benedita Bormann (pseudônimo: Délia)

- representante do movimento naturalista

- narrativa não linear

- críticas à sociedade nos campos profissional e sexual para mulheres

- crítica ao preconceito contra mulheres artistas, escritoras e a aceitação apenas das que eram
estrangeiras, como Georges Sand.

- primeira autora a falar sobre sexualidade feminina

- desejo feminino, separação conjugal, adultério, suicídio, violência doméstica e incesto.

- emancipação feminina

- todas as protagonistas se casam mal

- protagonistas intelectualmente ativas

- Emile Zola de saias

Aurélia (1883)

Jovem que é abandonada grávida, ridicularizada pelo amante que não se casa com ela por ela
ser pobre.

Lésbia (1890) – Uma escritora que busca independência e reconhecimento.

- pseudônimo usado pela protagonista, uma referência nítida ao amor de Catulo e Lésbia.

Sempre se apaixona por homens de caráter duvidosos e rejeitados pela família dela.
Casamento infeliz, relacionamento abusivo, separação, preconceito por ser separada, por ter
amantes. Escreve livros sobre suas experiências e desilusões. Vive caindo e se reerguendo até
a queda final. Recebe uma herança quando enviúva e se torna independente e livre para se
casar novamente. Aparecimento de caça dotes e de pessoas que a desprezavam. Conhece um
poeta de caráter nobre, companheiros em casas separadas e sem casamento. O chamava de
Catulo. Se apaixona por um rapaz 20 anos mais novo e fica dividida entre sua vida de escritora
e de mulher. Sempre trabalha opostos. Protagonista atípica, amarga, que vai morrendo a cada
desilusão até se tornar imortal através de sua obra.

- Considerado um romance auto biográfico


Celeste (1893) – Mulher com casamento falido e abusivo.

- importância de educação sexual feminina. Ignorância da noiva diante da noite de núpcias.

O marido realmente a ama, mas tem ciúme doentio. Deixa de fazer coisas que ama, como
dançar, para que o marido não sinta ciúmes. Separação e múltiplos amantes. Conflito com a
mãe por seu estilo de vida.

Carmem Dolores (Emília Bandeira de Melo)

- controversa, atitudes e ideologias contraditórias

- direitos da mulher, direito ao divórcio, direito a um salário igualitário quando arrimo de


família. Crítica ao poder da Igreja (separar igreja e estado). Crítica ao assédio sobre mulheres.

- reforma educacional para que mulheres pudessem desenvolver suas habilidades intelectuais.

- conservadora. Contra a participação feminina na política, ao sufrágio, ostentação,


exibicionismo e ao adultério.

- narrativa não linear e diferentes pontos de vistas.

A Luta (1909)

- Estilo ácido e belicoso, chamado de másculo pelos críticos.

- Pluralidade de lutas. Conflito entre os sistemas de valores e tradições com as mudanças do


progresso.

- Luta por uma vida mais livre. Conflito com a mãe (moral duvidosa) e com a sogra
(conservadora).

- Mãe rica, de moral duvidosa (dúvida sobre a viuvez), dona de uma pensão/hotel. Casos
amorosos com os clientes.

- 1º amor negado por ser pobre e sem perspectivas (tuberculoso) – Gilberto

- 2º amor dificultado porque a sogra era contra o casamento (moral da mãe dela) – Alfredo

- Noite de núpcias decepcionante. Casamento monótono e sem paixão. Marido submisso à


mãe.

- Volta do 1º amor que se oferece para sustentá-la como amante. Gilberto flerta com a irmã
dela para deixa-la com ciúmes.

- Ex amante da mãe que se interessa por ela, mãe com ciúmes da filha – Coronel Juvenildo

- Aliciamento da mãe para que ela atraia clientes ricos através da sedução.
- Insatisfação no casamento ou o adultério. Falta de perspectivas pela falta de uma solução
jurídica (divórcio).

- Adultério visto pela perspectiva feminina, sem a influência da moral masculina.

Ana Luiza de Azevedo Castro (D. Narcisa de Villar – 1859)

- Inaugura os estilos gótico e fantástico na literatura nacional. Lenda sobre uma índia e uma
menina que vivem numa ilha considerada assombrada na época colonial (indianismo).

- Primeiro romance histórico/de época de uma autora brasileira

3) Livros históricos e de época nacionais: uma viagem no tempo.

* Livros e autores que fizeram sucesso dentro dos dois gêneros.

Romances Históricos

1º romancista histórico José de Alencar, com Iracema (1865), As Minas de Prata (1865) e O
Guarani (1857)

1ª romancista de época Ana Luiza de Azevedo Castro (Dona Narcisa de Villar – 1859)

Teve espaço durante o começo do século XX (Paulo Setúbal e Viriato Correia)

1ª romancista histórica Raquel de Queiroz – O Quinze (1930), Floradas na Serra (Dinah


Silveira de Queiroz – 1939 – mesma autora de A Muralha), Florinda, a mulher que definiu
uma raça (1938), de Cacilda de Resende Pulino.

Um Mundo sem Mulheres (Ofélia Fontes -1932 – O Gigante de Botas - 1961), Diamantes
Pernambucanos (Josepha Faria – 1933)

A Infanta Carlota Joaquina (Cecília Bandeira de Mello - 1937)

Meados do século com Érico Veríssimo (O Tempo e o Vento), Dinah Silveira de Queiroz (A
Muralha – 1954) Maria Dezonne Pacheco Fernandes (Sinhá Moça – 1950), O Fundador
(1969 – Nélida Piñon – 1ª mulher a ser presidente da ABL)

Reaparecimento na década de 1970, com Incidente em Antares (1973) – Novo Romance


Histórico

Virgínia G. Tamanini – Karina (1985 - imigração italiano no Espírito Santo),


Voltou a ganhar força nas décadas de 1980 e 90 Boom.

O Boca do Inferno (Ana Miranda – 1989), Joias de Família (Maria José de Queirós - 1990),
Memorial de Maria Moura (Raquel de Queiroz – 1992), Os Rios Turvos (Luzilá Gonçalvez
Pereira - 1993), Desmundo (1996), Rosa Maria Egipcíaca de Santa Cruz (Heloísa Maranhão
– 1997), A Casa das Sete Mulheres (Leticia Wierzchowski - 2002), Desmundo (Ana Miranda
– 1996), A Audácia dessa Mulher (Ana Maria Machado – 1999), Ângela Dutra de Menezes
(Mil anos menos cinquenta – 1995 => 10 séculos de uma família, através da historia de
Portugal ao Brasil – 1064 – Reconquista de Coimbra pelos Mouros). Francisca L. Nogueira
de Azevedo, em 2003, publicou Carlota Joaquina na corte do Brasil.

Um defeito de cor (Ana Maria Gonçalvez - 2002)

Galvez, o imperador do Acre (Márcio Souza – 1976), Viva o Povo Brasileiro (João Ubaldo
Ribeiro – 1984), A República dos Bugres (Ruy Tapioca – 1999), O Proscrito (1999), Um
Amor Anarquista (Miguel Sanches Neto - 2005), Mad Maria (Márcio Souza - 1980)

* Romancistas históricas da atualidade.

Históricos atuais: Simone O Marques (Paganus - 2008), Marina Carvalho (O Amor nos
tempos do Ouro – 2016), Ana Maria Machado (Um mapa todo seu – 2015, Eufrásia
Teixeira Leite), Chiara Ciodarot (O Clube dos Devassos – 2018 – A Baronesa Descalça, As
Inconveniências de um Casamento, Uma Certa Dama, O Lobo do Império),

Drica Bitarello (Radegund - 2009), Gabriela Maya (A Dama do Coliseu - 2013), A Fogueira
da Bruxa (Barbara Sena - 2018)

Romances de Época

Livro de mulherzinha, literatura cor de rosa, romance água com açúcar, livros do coração

Biblioteca das Moças (1920 - 1960), Barbara Cartland (década de 1960), romances de
banca da Nova Cultural (1979 – Júlia, Sabrina e Bianca), Harlequin em formato de banca
(1993 - Clássicos Históricos e Clássicos Históricos Especial), Harlequin digital, livros de
livraria sendo lançados timidamente (Muito mais que uma princesa – 2008)

Boom com Julia Quinn, com O Duque e Eu (2013). Lisa Kleypas, Mary Balogh, Sarah
MacLean, Madeline Hunter

De época atuais:

Perdida (Carina Rissi – 2013), Lucy Vargas (Cartas do Passado – 2013), A Promessa da Rosa
(2015),
Autoras de época atuais:

De época: Babi A. Sette, (Lágrimas de Amor e Café 2019), Veridiana Maenaka (Jardim de
Espelhos – 2014), Katherine Salles (Branca de Carvão - 2017), Eternamente Cecilia
(Elizanna Louzada - 2017), Paola Aleksandra (Livre para Recomeçar - 2019), As Cavernas
que compartilhamos (Juliana Barbosa - 2019), Ana Veloso – A Fragrância da Flor do Café –
2014), Mary Del Priore (Beije me onde o sol não alcança – 2015), Luciana Klanovicz (1943 -
2017, Prata da Terra – 2018)

Samanta Holtz (O Pássaro – 2012), Diane Bergher, Flávia Padula, , Naiara Aimée, Cici Cassi
(Aposta Sedutora – 2017), Lucy Vargas (Cartas do Passado - 2013), Silvia Spadoni (Um
Amor Inesperado – 2017), Narah Mestre (A Marquesa – 2018), Amanda Bonatti (O Bosque
de Faias – 2017), Babi A. Sette, (A Promessa da Rosa 2015), Promessas de uma Vida (Aline
Galeote – 2018), Laís Rodrigues (Do Outro Lado do Oceano – 2018)

*Literatura nacional em outras mídias. Cinema e TV.

- Literatura brasileira e suas adaptações para as grandes massas

Clássicos:

A Escrava Isaura (1875 – Bernardo Guimarães)

Senhora, Diva e Luciola (José de Alencar) – Essas Mulheres (Record)

As Minas de Prata (1865 – José de Alencar) – A Padroeira

Dom Casmurro (1899 – Machado de Assis)

Inocência, Retirada da Laguna e A Mocidade de Trajano (1872/1874/1871) Visconde de


Taunay – Força de um Desejo

Históricos:

Éramos Seis (Maria José Dupret – 1943)

Sinhá Moça (Maria Dezonne Pacheco Fernandes – 1950)

Dinah Silveira de Queiroz (A Muralha – 1954)

Érico Veríssimo (O Tempo e o Vento – 1941)

Letícia Wierzchowski - 2002 (A Casa das Sete Mulheres -2002)

Ana Miranda (Desmundo – 2002)


* Aprendendo mais da História do Brasil através dos romances históricos.

- Brasil Colônia

O Fundador (Aydano Roriz - 2003)

A Muralha (1954 – Dinah Silveira de Queiroz)

Desmundo (2002 – Ana Miranda)

A mãe da mãe de sua mãe e suas filhas (Maria José Silveira – 2002)

Os Rios Turvos – Luzilá Gonçalves Ferreira (1992) – Invasão holandesa. Poeta Bento
Teixeira (primeiro poeta brasileiro) e Filipa Raposo.

Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz: a incrível trajetória de uma princesa negra entre a
prostituição e a santidade (1997), de Heloisa Maranhão – A primeira mulher negra
alfabetizada e a escrever um livro. Invasão holandesa. Alforriada, herda uma próspera
mina em Minas Gerais. Século XVIII.

Os Inconfidentes (Carlos Alberto de Carvalho – 2016)

Um Poema para Barbara (Mônica Sifuentes – 2015) – poetisa Barbara Eliodora e José
Inácio de Alvarenga Peixoto). Barbara foi a primeira poetisa brasileira.

O Amor nos Tempos do Ouro (Marina Carvalho – 2016)

O Memorial da Bruxa (Alda Andrea Tcherkovski - 1997)

Coração Indomável (Sheila Guedes – 2017)

Brumas da Ilha (Bianca R. Furtado - 2009)

Rei Branco, Rainha Negra (Paulo Amador - 1990) – Chica da Silva

- Brasil Império

A Infanta Carlota Joaquina (Cecília Bandeira de Melo Ribeiro de Vasconcelos - 1937)

A Imperatriz do Fim do Mundo (Ivanir Calado – 1992)

As Maluquices do Imperador (Paulo Setúbal, 1927)

O Clube dos Devassos (Chiara Ciodarot – 2017)

- Brasil República

O Último Baile do Império (Aline Negosseki Teixeira – 2009)


Eternamente Cecília (Elisanna Louzada -2017)

Lágrimas de Amor e Café (Babi A. Sette – 2019)

4) Como os romances históricos e de época são recebidos atualmente.

*Cenário atual da literatura histórica e de época no Brasil.

- Resistência aos autores nacionais, preconceito contra autores independentes, wattpad

* A mãe da mãe de sua mãe e suas filhas (Maria José Silveira - 2002) – sucesso no exterior
e praticamente desconhecido no Brasil. Conta toda a história do Brasil através de uma
família de forma matrilinear.

- O momento dos Romances de época hot

1ª autora a escrever um romance erótico no Brasil foi Albertina Bertha, com Exaltação, de
1916). Um triângulo amoroso altamente ousado para a época, falando sobre a
concretização do amor e a realização sexual da mulher). Foi proibido pela Liga de Mulheres
Católicas e causou um grande escândalo na época.

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