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Bell Hooks (2014) traz uma complexa análise teórica, baseada em relatos de mulheres
durante o período colonial, acerca de como as mulheres negras sempre foram vistas como
corpos ocupantes da base de uma escala de opressão em que tinha o homem branco no topo.
Ela mostra, ainda, que as mulheres brancas, apesar de possuir direitos, seja como esposa dos
donos de fazendas ou como militantes dentro do movimento feminista, nunca se
solidarizaram com as mulheres negras na luta contra o sexismo, alegando que estas tinham
como principal objetivo politico a luta contra o racismo. No entanto, como pode-se ver no
trecho do conto, a representação trazida permite afirmar que as mulheres negras sofriam (e
ainda sofrem) dentro de uma relação de opressão em que o sexismo também se faz presente
(talvez mais presente do que o racismo). Isso pode ser comprovado a partir de uma analise
sobre a vida do homem negro na sociedade. Utilizando o mesmo conto, pode-se inferir que
apesar das condições de vida e trabalho desumanas, Ardoca nunca precisou carregar a
responsabilidade de uma vida dentro de si junto com as responsabilidades oriundas do
trabalho, além de outras responsabilidades e afetabilidades advindas de uma gravidez.
Dentro de uma história narrada pela perspectiva dos homens brancos, o qual teve a
partir de um dado momento a atuação das mulheres das mulheres brancas, vale-se a reflexão
sobre o que seria uma mulher para a epistemologia cientifica e religiosa ocidental, visando
pensar como as contradições dentro dos conceitos de sexo e raça constroem representações
que contrapõem a realidade social desse corpo sistematicamente oprimido desde os
primórdios da Colonização.
Estas perguntas só podem ser respondidas à luz de um viés contestador diante dos
papéis impostos as mulheres negras pelo sexismo e pelo racismo, uma vez que a negligencia
dos movimentos em defesa dos direitos das mulheres e, em certa medida, dos movimentos
antirracistas contribuíram para a irreflexão da condição desses corpos negros e femininos nas
sociedades pós abolicionistas.