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no Brasil
A arte literária pode também ser uma forma de transmissão de mensagens de cunho político e ideológico.
O autor, como homem de seu tempo, transforma-se num potencial canal de comunicação capaz de denunciar
os comportamentos sociais que constituem seu campo existencial. Em alguns casos, o poema, a canção, o
ritmo denunciam a opressão de um sistema político permitindo narrativas, vozes aos marginalizados.
Toda construção textual que revela um viés ideológico ou político transmitido pelo autor. Dessa
forma, podemos inferir que o autor não tem apenas preocupação com a arte literária, mas também
com a mensagem impregnada de suas posturas ideológicas.
E não faltaram momentos no Brasil para a expressão dos autores. Vamos partir da história da literatura
brasileira e rememorar, por exemplo, as primeiras críticas que Gregório de Matos, autor de expressão
barroca, tecia contra à administração da metrópole portuguesa. Nosso arcadismo literário guarda contextos
que também confrontam com os impostos abusivos outorgados pela metrópole. Em Cartas Chilenas,
podemos observar as sorrateiras críticas dos árcades, resguardados pelos pseudônimos.
De posse da Independência política, podemos ainda inferir que os românticos, particularmente os
poetas da terceira geração da poesia do período, da qual encontramos a expressão de Castro Alves,
já utilizavam a arte literária como um braço forte contra o processo escravocrata. E assim segue, pela
evolução do processo literário brasileiro, uma escalada, tanto pela liberdade formal quanto pela
liberdade temática da expressão literária.
Tanto que, no início do século XX, adotamos um texto que denuncia o chamado “Brasil não-oficial”. O
período de transição que tratamos por Pré-Modernismo, incorpora na literatura brasileira figuras que até
então eram consideradas não literárias pela “academia” letrada, cria das influências europeias. O caipira, o
sertanejo, o homem do subúrbio passam a figurar como componentes da brasilidade.
Enfim, pelo Modernismo literário, alcançamos tanto a liberdade cultural para dignificar a livre
expressão da brasilidade, quanto abrimos espaço para que os autores reconhecessem o atraso social
brasileiro. Assim, as narrativas ganharam o status de vozes da coletividade. Momentos históricos
como o Estado Novo, a ditadura militar, não passaram isentos da expressão engajada da literatura
brasileira. Encaramos, portanto, a literatura de engajamento ideológico como uma chama da
resistência à monopolização da cultura e do poder político. O engajamento é uma forma de
democratizar as artes e revela as fendas de um sistema segregante.
Exercícios
1. Tradicionalmente, a poesia do Romantismo brasileiro é dividida em três diferentes gerações.
Sobre elas, estão corretas as seguintes proposições:
I. A primeira geração do Romantismo brasileiro ficou marcada pela inovação temática e pelo
experimentalismo. Também conhecida como fase heróica do Romantismo, tinha como principal
projeto literário a retomada dos modelos clássicos europeus;
II. O sofrimento, a melancolia, a angústia e o amor sensual e idealizado foram os principais temas da
literatura produzida durante a segunda fase do Romantismo. Seus principais representantes foram
Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire;
III. Da primeira fase da poesia do Romantismo brasileiro destacam-se nomes como Gonçalves Dias,
responsável por imprimir em nossa literatura o sentimento de nacionalismo e elevação do índio
como o herói nacional;
IV. Entre as principais características da poesia romântica da terceira geração, estão o interesse por
temas religiosos, os dualismos que bem representam o conflito espiritual do homem do início do
século XIX , o emprego de figuras de linguagem e o uso de uma linguagem rebuscada;
a) II, III e V.
b) I e IV.
c) II, IV e V.
d) II e IV.
2. (UNICAMP – 2019) Para driblar a censura imposta pela ditadura militar, compositores de música
popular brasileira (MPB) valiam-se do que Gilberto Vasconcelos chamou de “linguagem da fresta”,
expressão inspirada na canção “Festa imodesta”, de Caetano Veloso.
(...)
Numa festa imodesta como esta
Vamos homenagear
Todo aquele que nos empresta sua testa
Construindo coisas pra se cantar
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
E que o otário silencia
Toda festa que se dá ou não se dá
Passa pela fresta da cesta e resta a vida.
Acima do coração que sofre com razão
A razão que volta do coração
E acima da razão a rima
E acima da rima a nota da canção
Bemol natural sustenida no ar
Viva aquele que se presta a esta ocupação
Salve o compositor popular
(Gilberto de Vasconcelos, Música popular: de olho na fresta. Rio de Janeiro: Graal, 1977.)
(Adaptado de Gente branca: o que os brancos de um país racista podem fazer pela igualdade além de não serem racistas. UOL,
21/05/2018)
Segundo Luciana Alves, para combater o racismo e mudar de postura em relação a ele, é fundamental
Gabarito
1–A
2– C
3–B