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POETAS CONTEMPORÂNEOS

– MIGUEL TORGA & RUY BELO –

Trabalho realizado por:


Afonso Mendes nº2;
Pedro Alves nº25;
MIGUEL TORGA – BIBLIOGRAFIA

Nascimento: 12 de agosto de 1907, Vila Real


Falecimento: 17 de janeiro 1995, Coimbra

Pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha

Emigrou para o Brasil em adolescente e estudou medicina em Coimbra

Miguel Torga destacou-se como poeta memorialista mas também escreveu romances e peças
de teatro

Abordou temas como:


– A angustia da morte; A revolta;
– A justiça e a liberdade; O amor;
PLATEIA – MIGUEL TORGA

Não sei quantos seremos, mas que importa?!


um só que fosse e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,


Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira


Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste. Miguel Torga, in Poesia Completa, Lisboa, Publicações Dom quixote, 2007
ESTRUTURA EXTERNA

Não sei quantos seremos, mas que importa?!


um só que fosse e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,


Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Estrutura externa
Mas podemos fazer a descoberta
• Estrutura estrofica3 estrofes, 1 sextilha e 2 sétimas- Irregular
Do que presta
• Estrutura rimática: Sem rima- Irregular
E não presta
• Estrutura métrica: Irregular
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira


Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste. Miguel Torga, in Poesia Completa, Lisboa, Publicações Dom quixote, 2007
LINHAS TEMÁTICAS

Não sei quantos seremos, mas que importa?!


um só que fosse e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente Linhas temáticas
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,


Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira


Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste. Miguel Torga, in Poesia Completa, Lisboa, Publicações Dom quixote, 2007
ASSUNTO DO POEMA

Não sei quantos seremos, mas que importa?!


um só que fosse e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
O inconformismo
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa, • O poeta recorre a um discurso reflexivo para demonstrar a sua
A da partida. oposição quanto a condição humana
Mas podemos fazer a descoberta • Preocupação com o destino do pais e da população
Do que presta
E não presta • Procura constante do verdadeiro significado da existência humana
Nesta vida.

• A poesia é representada como expressão de revolta


E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste. Miguel Torga, in Poesia Completa, Lisboa, Publicações Dom quixote, 2007
RECURSOS EXPRESSIVOS

Não sei quantos seremos, mas que importa?!


um só que fosse e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,


Nem talvez a mais certa, Recursos expressivos
A da partida.
• Interrogação retorica V.1
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta • Hipérbole V.3
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira


Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste. Miguel Torga, in Poesia Completa, Lisboa, Publicações Dom quixote, 2007
INTERTEXTUALIDADE

Não sei quantos seremos, mas que importa?!


um só que fosse e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente Intertextualidade
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,


Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira


Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste. Miguel Torga, in Poesia Completa, Lisboa, Publicações Dom quixote, 2007
RUY BELO – BIBLIOGRAFIA

Nascimento - São João da Ribeira, Rio Maior, a 27 de Fevereiro de 1933.


Falecimento - Queluz, Sintra, no dia 8 de agosto de 1978. 
Licenciou-se em Direito Canónico na Universidade S. Tomás de Aquino, em Roma. Regressado a Portugal,
foi diretor literário da Editorial Aster e foi também chefe de redação da revista Rumo.
Apesar do curto período de atividade literária, Ruy Belo tornou-se um dos maiores poetas portugueses da
segunda metade do séc. XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes.
Em 1981, a sua obra, organizada em três volumes com o título Obra
Poética de Ruy Belo, foi alvo de revisitação crítica, sendo considerada uma
das mais importantes obras da poesia portuguesa contemporânea.
O PORTUGAL FUTURO – RUY BELO

O portugal futuro é um país


aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
Ruy Belo, Homem de Palavra(s), 1970
ESTRUTURA EXTERNA

O portugal futuro é um país


aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz O poema é constituído por 19 versos, ou seja, de verso
esse peixe da infância que vem na enxurrada
livre apresentando irregularidade métrica e rima
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem emparelhada, cruzada e interpolada, logo não tem esquema
é essa a forma do meu país rimático definido devido ao versilibrismo (corrente literária
e chamem elas o que lhe chamarem em que o uso do verbo é livre, não obedece a esquema
portugal será e lá serei feliz rimático e reflete a irregularidade).
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
Ruy Belo, Homem de Palavra(s), 1970
LINHAS TEMÁTICAS

O portugal futuro é um país


aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
Ruy Belo, Homem de Palavra(s), 1970
ASSUNTO DO POEMA

O portugal futuro é um país


aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
Ruy Belo, Homem de Palavra(s), 1970
RECURSOS EXPRESSIVOS

O portugal futuro é um país


aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz Recursos expressivos
esse peixe da infância que vem na enxurrada
• “puro pássaro” é uma metáfora da Liberdade;
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem • as “crianças” representam a ausência de limites, o
é essa a forma do meu país inconformismo e recusa de submissão.
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz • "verão" está associação com o amadurecimento das
Poderá ser pequeno como este colheitas, ou seja, a construção do novo Portugal;
ter a oeste o mar e a espanha a leste • "relógio" tem uma conotação positiva: a organização do
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
quotidiano; e uma conotação negativa: o controlo por
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
parte do Estado opressor;
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
Ruy Belo, Homem de Palavra(s), 1970
O PORTUGAL FUTURO – RUY BELO

Inter textualidade

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