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Disciplina: Literatura

Lista de questões: Gêneros Literários

Profª Ingrid Costa

1. (Enem 2016)

Receita
Tome-se um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor,
Três gotas de tristeza, um tom dourado,
Uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce
Deita-se a luz dum corpo de mulher,
Duma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta assim requer.

SARAMAGO, J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997.

Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e podem reconfigurar-se


em função do propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla de gêneros, pois

a) introduz procedimentos prescritivos na composição do poema.

b) explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita.

c) explora elementos temáticos presentes em uma receita.

d) apresenta organização estrutural típica de um poema.

e) utiliza linguagem figurada na construção do poema.

2. (ENEM 2021)

O pavão vermelho

Ora, a alegria, este pavão vermelho,

está morando em meu quintal agora.

Vem pousar como um sol em meu joelho

quando é estridente em meu quintal a aurora.

Clarim de lacre, este pavão vermelho

sobrepuja os pavões que estão lá fora.

É uma festa de púrpura. E o assemelho


a uma chama do lábaro da aurora.

É o próprio doge a se mirar no espelho.

E a cor vermelha chega a ser sonora

neste pavão pomposo e de chavelho.

Pavões lilases possuí outrora.

Depois que amei este pavão vermelho,

os meus outros pavões foram-se embora.

COSTA, S. Poesia completa: Sosígenes Costa. Salvador: Conselho Estadual de Cultura, 2001.

Na construção do soneto, as cores representam um recurso poético que configura uma


imagem com a qual o eu lírico

a) revela a intenção de isolar-se em seu espaço.

b) simboliza a beleza e o esplendor da natureza.

c) experimenta a fusão de percepções sensoriais.

d) metaforiza a conquista de sua plena realização.

e) expressa uma visão de mundo mística e espiritualizada.

3.(ENEM 2014)

Cena

O canivete voou
E o negro comprado na cadeia
Estatelou de costas
E bateu coa cabeça na pedra
ANDRADE, O. Pau-brasil. São Paulo: Globo, 2001.

O Modernismo representou uma ruptura com os padrões formais e temáticos até então
vigentes na literatura brasileira. Seguindo esses aspectos, o que caracteriza o poema Cena
como modernista é o(a)

a) construção linguística por meio de neologismo.

b) estabelecimento de um campo semântico inusitado.

c) configuração de um sentimentalismo conciso e irônico.

d) subversão de lugares-comuns tradicionais.

e) uso da técnica de montagem de imagens justapostas.


4.(ENEM 2018)

Dia 20/10

É preciso não beber mais. Não é preciso sentir vontade de beber e não beber: é preciso não
sentir vontade de beber. É preciso não dar de comer aos urubus. É preciso fechar para balanço
e reabrir. É preciso não dar de comer aos urubus. Nem esperanças aos urubus. É
preciso sacudir a poeira. É preciso poder beber sem se oferecer em holocausto. É preciso. É
preciso não morrer por enquanto. É preciso sobreviver para verificar. Não pensar mais na
solidão de Rogério, e deixá-lo. É preciso não dar de comer aos urubus. É preciso enquanto é
tempo não morrer na via pública.
TORQUATO NETO. In: MENDONÇA, J. (Org.) Poesia (im)popular brasileira.
São Bernardo do Campo: Lamparina Luminosa, 2012.

O processo de construção do texto formata uma mensagem por ele dimensionada, uma vez
que

a) configura o estreitamento da linguagem poética.

b) reflete as lacunas da lucidez em desconstrução.

c) projeta a persistência das emoções reprimidas.

d) repercute a consciência da agonia antecipada.

e) revela a fragmentação das relações humanas.

5.(ENEM 2014)

Resumo

Gerou os filhos, os netos,

Deu à casa o ar de sua graça

e vai morrer de câncer.

O modo como pousa a cabeça para um retrato

é o da que, afinal, aceitou ser dispensável.

Espera, sem uivos, a campa, a tampa, a inscrição: 1906-1970

SAUDADE DOS SEUS, LEONORA. PRADO, A. Bagagem. Rio de Janeiro: Record, 2007

O texto de Adélia Prado apresenta uma mulher cuja vida se "resume". Sua expressão poética
revela

a) contradições do universo feminino infeliz.

b) frustração relativa às obrigações cotidianas.

c) busca de identidade no universo familiar.

d) subterfúgios de uma existência complexa.

e) resignação diante da condição social imposta.


6.(PAES 2021)

O poema Noturno citadino é a base para responder à questão

Um cartaz luminoso ri no ar.


Ó noite, ó minha nêga
toda acesa
de letreiros!... Pena
é que a gente saiba ler... Senão
tu serias de uma beleza única
inteiramente feita
para o amor dos nossos olhos..
QUINTANA, M. Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

O sujeito lírico, para fazer entender seus sentimentos no poema, pretende criar um dialogismo
imaginário íntimo no(s)

A) primeiro e no segundo versos.

B) quarto e no quinto versos.

C) três primeiros versos.

D) terceiro e no quarto versos.

E) segundo e nos três últimos versos.

7.(PAES 2016)

O Texto II mostra um diálogo entre o Diabo e a segunda personagem, o Onzeneiro, quando


chega à Barca do Inferno.

Leia-o para responder à questão proposta.

Texto II

ONZENEIRO: Para onde caminhais?

DIABO: Oh! Que má-hora venhais,

onzeneiro meu parente!

[...]

DIABO: Ora mui muito me espanto

não vos livrar o dinheiro.

ONZENEIRO: Nem tão só para o barqueiro


não me deixaram nem tanto.

[...]

E para onde é a viagem?

DIABO: Para onde tu hás-de ir;

estamos para partir,

não cures de mais linguagem.

[...]
VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: FTD, 1997.

O Diabo ouve o pretexto do Onzeneiro, mas não se deixa levar pelos artifícios da eloquência
do passageiro.

Essa atitude do Diabo pode ser comprovada no verso

A) “não cures de mais linguagem.”

B) “Oh! Que má-hora venhais,”

C) “onzeneiro meu parente!”

D) “não vos livrar o dinheiro.”

E) “Para onde tu hás-de ir;”

8.(PAES 2021)

O Auto da Barca do Inferno é uma das três peças que compõem a Trilogia das Barcas do teatro
vicentino. Gil Vicente é autor do período literário português, conhecido como Humanismo.

Texto I

ANJO: Que mandais?

FIDALGO: Que me digais,

pois parti tão sem aviso,

se a barca do paraíso

é esta em que navegais.

ANJO: Esta é; que lhe buscais?

FIDALGO: Que me deixeis embarcar;


sou fidalgo de solar,

é bem que me recolhais.

[...]

ANJO: Pra vossa fantasia

mui pequena é esta barca.

FIDALGO: Pra senhor de tal marca

não há aqui mais cortesia?


VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: FTD, 1997.

Os diálogos entre o anjo e o fidalgo põem em discussão não só os valores de um mundo


medieval, mas também do mundo contemporâneo. A atualidade dessa discussão decorre de
que o homem de hoje, ainda, assume falsos posicionamentos semelhantes ao de uma das
personagens da cena.

Essa atualidade é apresentada, por meio de

A) limitações retóricas.

B) alianças subversivas.

C) falhas na comunicação.

D) atos de falas impositivas.

E) comportamentos antidemocráticos.

9.(IDECAN 2023)

Texto 19 de maio. Belém. Durante a noite o Pedro I portou em Salinas pra emprestar um
tapejara que nos guiasse através da foz traiçoeira do Amazonas e quando nos levantamos no
dia de hoje bem cedinho já estávamos nela. Que posso falar dessa foz tão literária e que
comove tanto quando assuntada no mapa?... A imensidão das águas é tão vasta, as ilhas
imensas por demais ficam tão no longe fraco que a gente não encontra nada que encante. A
foz do Amazonas é uma dessas grandezas tão grandiosas que ultrapassam as percepções
fisiológicas do homem. Nós só podemos monumentalizá-las na inteligência. O que a retina bota
na consciência é apenas um mundo de águas sujas e um matinho sempre igual no longe mal
percebido das ilhas. O Amazonas prova decisivamente que a monotonia é um dos elementos
mais grandiosos do sublime. É incontestável que Dante e o Amazonas são igualmente
monótonos. Pra gente gozar um bocado e perceber a variedade que tem nessas monotonias do
sublime carece limitar em molduras mirins a sensação. Então acha uma lindeza os barcos
veleiros coloridos e acha cotuba a morte dos pretendentes, se prende ao horizonte plantado
de árvores que a refração apara do firme das ilhas e ao livro de Jó. A foz do Amazonas é tão
ingente que blefa a grandeza. Wordsworth, o quarteirão dos cinemas no Rio, “I Juca-Pirama ”
são muito mais grandiosos.

Mas quando Belém principia diminuindo a vista larga a boniteza surge outra vez. Chegamos lá
antes da chuva e o calor era tanto que vinha dos mercados um cheiro de carne-seca. Os barcos
veleiros sentados no cais do Ver-o-peso sacudiam as velas roseadas azuis negras se abanando
com lerdeza. Nos esperavam oficialmente no cais dois automóveis da Presidência prontinhos
pra batalha de flores. Pra cada uma das companheiras do poeta um buquê famoso, fomos.
Então passamos revista a todos os desperdícios da chegada. Só de noite nos reunimos pra janta
excelente. Belém andara indagando dos nossos gostos e mantinha na esquina de boreste do
hotel, um cinema. Fomos ver William Fairbanks em Não percas tempo, filme horrível. A noite
dormiu feliz.
ANDRADE, Mário de. O turista aprendiz / Mário de Andrade ; edição de texto apurado, anotada e acrescida de
documentos por Telê Ancona Lopez, Tatiana Longo Figueiredo ; Leandro Raniero Fernandes, colaborador. – Brasília,
DF: Iphan, 2015. P. 68 – 70

Há características, no texto de Mário de Andrade, que compõe o gênero textual:

a) crônica.

b) fábula.

c) conto.

d) diário.

e) carta.

10.(MS CONCURSOS 2023)

Quanto aos gêneros literários, analise os itens e assinale a alternativa correta.

I- Contos e novelas: o conto é uma pequena narrativa, já a novela é uma narrativa de tamanho
intermediário entre o conto e o romance.

II- Romance: é uma longa narrativa escrita em forma de prosa.

III- Fábulas: são contos cujos personagens são animais. Esse tipo de narrativa sempre apresenta
uma lição de moral.

IV- Gênero lírico: O lirismo está associado à profunda subjetividade. O gênero lírico está
relacionado a textos que expressam emoções, desejos, ou ideias de forma plurissignificativa,
ou seja, eles recorrem mais à conotação do que à denotação. Assim, as poesias são textos
líricos que podem ser escritos em forma de verso, ou de prosa. No segundo caso, temos a
famosa prosa poética.

A) Apenas os itens I, II e III estão corretos.

B) Apenas os itens II, III e IV estão corretos.

C) Apenas os itens III e IV estão corretos.


D) Todos os itens estão corretos.

E) Apenas os itens I e III estão corretos.

11.(FAUEL 2023)

Leia atentamente o texto a seguir, escrito por Nelson Rodrigues, para responder as próximas
questões.

“Um dos momentos mais patéticos da minha infância foi quando ouvi alguém chamar alguém
de ‘canalha’. Note-se: era a primeira vez. Teria eu que idade? Cinco anos, talvez. Ou menos. Vá
lá: cinco anos. E me encolhi de espanto. Minto: de medo. Foi medo e não espanto. Para mim,
uma palavra estava nascendo, era o nascimento de uma palavra. Paro de escrever. Por um
momento, repito para mim mesmo: ‘Canalha, canalha!’. O som ainda me fascina como na
infância. E pergunto a mim mesmo se ‘o canalha’ é uma dimensão obrigatória de cada um.
Pode haver alguém que não tenha um mínimo de canalha? Um santo, talvez, ou nem isso.
Disse, não sei quem, que há santos canalhas. Eis o que eu queria dizer: o medo dos cinco anos
perdura em mim até hoje. Ainda agora me pergunto se alguém tem o direito de chamar um
semelhante de canalha. Poderão dizer que ‘idiota’ é um insulto equivalente. Ilusão. Vi um
sujeito ser chamado de ‘idiota’. Retrucou ao outro: ‘Idiota é você!’. E o incidente morreu aí. Dez
minutos depois, os dois ‘idiotas’ estavam, na esquina, bebendo cerveja. O sujeito pode ser
idiota e, como tal, beber cerveja. Não há entre o idiota e a cerveja. Mas ninguém pode ser
canalha. A simples palavra constrói uma solidão inapelável e eterna. Eis o que eu queria dizer:
o canalha é o pior solitário”. (Os falsos canalhas, de Nelson Rodrigues, com adaptações).

Dentre as opções a seguir, marque a que melhor indica a que tipo pertence o texto
selecionado.

A) Crônica.

B) Lenda.

C) Notícia.

D) Romance.

E) Poesia.

12.(UNIRV-GO 2023)

Barcos de Papel

Quando a chuva cessava e um vento fino

Franzia a tarde tímida e lavada,

Eu saía a brincar, pela calçada,

Nos meus tempos felizes de menino.

Fazia, de papel, toda uma armada;

E, estendendo o meu braço pequenino,


Eu soltava os barquinhos, sem destino,

Ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,

Que não são barcos de ouro os meus ideais:

São feitos de papel, são como aqueles,

Perfeitamente, exatamente iguais...

— Que os meus barquinhos, lá se foram eles!

Foram-se embora e não voltaram mais!

ALMEIDA, Guilherme de. Disponível em:


<https://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm%3Fsid%3D186/textos escolhidos>.Acesso em: 24
mar. 2023.

No contexto literário, o gênero lírico apresenta diversas formas poéticas, numa combinação
intrincada de subjetividade, musicalidade, sentimentos e emoções, evidenciando uma
linguagem figurada e carregada de significados. No caso específico do poema acima, é possível
afirmar que:

A) Pode ser classificado como elegia, isto é, forma poética definida pelo seu conteúdo voltado
aos momentos dicotômicos que a vida permite acontecer, trazendo uma reflexão sobre como o
sujeito é frágil diante das intempéries diárias, trazendo a metáfora do barquinho de papel.

B) É um poema bucólico, repleto de ingenuidade, ausente de malícia, cujo eu lírico mergulha


numa dimensão poética paisagística, trazendo a instabilidade da vida como temática central.

C) Possui estrutura de um soneto, com perspectiva poética focada no jogo binômio: de um lado
um eu lírico que fala dos tempos felizes de criança; do outro um eu poético adulto que
compara seus ideais a barquinhos de papel.

D) Apresenta uma forma poética pequena, de origem japonesa, conhecida como haicai e
fortalecida pela espontaneidade da escrita, bem como pela simplicidade conduzida por meio
do sentido metafórico dos versos (escritos de forma clara e sucinta).
13.(IESES 2022)

Para responder à questão, leia o poema abaixo, da autora Cecília Meireles.

Pus o meu sonho num navio

Pus o meu sonho num navio

e o navio em cima do mar;

- depois, abri o mar com as mãos,

para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas

do azul das ondas entreabertas,

e a cor que escorre de meus dedos

colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,

a noite se curva de frio;

debaixo da água vai morrendo

meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,

para fazer com que o mar cresça,

e o meu navio chegue ao fundo

e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;

praia lisa, águas ordenadas,

meus olhos secos como pedras

e as minhas duas mãos quebradas.

Pode-se afirmar que as ideias do poema são permeadas, principalmente, por:

A) Expectativa.

B) Melancolia.
C) Saudade.

D) Alegria.

14.(PAES 2019)

A questão está baseada em diferentes fragmentos da peça teatral Auto da Compadecida, de


Ariano Suassuna.

TEXTO

[...]

PALHAÇO

Oi, eu vou ali e volto já.

ATORES

(saindo)

Oi, cabeça de bode não tem que chupar.

[...]

JOÃO GRILO

Sacristão, a vaca da mulher do padeiro tem que sair!

SACRISTÃO

Um momento. Um momento. Em primeiro lugar, o cuidado da casa de Deus e de seus


arredores. Que é
isso? Que é isso?

(Ele domina toda a cena, inclusive o Padre que tem uma confiança enorme na empáfia,
segurança e hipocrisia
do secretário.)

MULHER E PADEIRO

(ao mesmo tempo, em resposta à pergunta do Sacristão)

É o padre...

SACRISTÃO

(afastando os dois com a mão e olhando para a direita)

Que é aquilo? Que é aquilo?

(Sua afetação de espanto é tão grande, que todos se voltam pra direção em que ele olha.)

Fonte: SUASSUNA, A. Auto da Compadecida. 36. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
Em Auto da Compadecida, Ariano Suassuna mescla o teatro medieval com elementos da
tradição popular nordestina e dos espetáculos circenses.

Considerando a função, nessa comédia teatral, dos trechos destacados em parênteses/itálico,


cabe afirmar que são

A) rubricas com indicações da dinâmica da cena.

B) narrativas concomitantes com a ação dos atores.

C) reproduções do pensamento dos personagens.

D) intervenções do Palhaço intercaladas no diálogo.

E) inserções do coro de atores dirigidas à plateia.


Gabarito

1) a

2) d

3) e

4) c

5) e

6) e

7) a

8) d

9) d

10) d

11) a

12) c

13) b

14) a

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