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Português

Exercícios sobre figuras de linguagem

Exercícios

1. (ENEM 2009) Metáfora (Gilberto Gil)


Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível Deixe a meta do poeta não discuta,
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
(Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009.)

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou


analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa
conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é:
a) “Uma lata existe para conter algo”.
b) “Mas quando o poeta diz: ’Lata’”.
c) “Uma meta existe para ser um alvo”.
d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.
e) “Que determine o conteúdo em sua lata”.

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2. (UNICAMP 2009) Leia o seguinte capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis:
Capítulo XL
Uma égua
Ficando só, refleti algum tempo, e tive uma fantasia. Já conheceis as minhas fantasias. Contei-vos a
da visita imperial; disse-vos a desta casa do Engenho Novo, reproduzindo a de Matacavalos... A
imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e
amiga de empacar, as mais delas capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo. Creio haver lido
em Tácito que as éguas iberas concebiam pelo vento; se não foi nele, foi noutro autor antigo, que
entendeu guardar essa crendice nos seus livros. Neste particular, a minha imaginação era uma grande
égua ibera; a menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Alexandre; mas deixemos de
metáforas atrevidas e impróprias dos meus quinze anos. Digamos o caso simplesmente. A fantasia
daquela hora foi confessar a minha mãe os meus amores para lhe dizer que não tinha vocação
eclesiástica. A conversa sobre vocação tornava-me agora toda inteira, e, ao passo que me assustava,
abriame uma porta de saída. «Sim, é isto, pensei; vou dizer a mamãe que não tenho vocação, e confesso
o nosso namoro; se ela duvidar, conto-lhe o que se passou outro dia, o penteado e o resto...»
(Dom Casmurro, em Machado de Assis, Obra Completa em quatro volumes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008: p. 975.)

a) Explique a metáfora empregada pelo narrador, neste capítulo, para caracterizar sua imaginação.
b) De que maneira a imaginação de Bentinho, assim caracterizada, se relaciona com a temática
amorosa neste capítulo? E no romance?

3. Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar
também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa... — ruge o rio, como
chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os
cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego... Nenhuma pressa. Aqui,
por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é ruim e uma só
coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos.
Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o
escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de
hora. Assim.
(João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês, Sagarana.)
Como exemplos da expressividade sonora presente neste excerto, podemos citar a onomatopeia, em
“Chu-áa! Chu-áa...”, e a fusão de onomatopeia com aliteração, em
a) “vestindo água”.
b) “ruge o rio”.
c) “poço doido”.
d) “filho do fundo”.
e) “fora de hora”.

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4. (FUVEST 2009 – 1ª Fase) Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado
por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim
exagerado é partilhado por todos vós.Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas
cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia,
mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e
indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo
varia – o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam,
deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das
gerações cada vez maior, o amor da rua.
(João do Rio. A alma encantadora das ruas.)

Em “nas cidades, nas aldeias, nos povoados” (linha 6), “hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a
ironia” (linhas 12 e 13) e “levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis” (linhas 13 e 14),
ocorrem, respectivamente, os seguintes recursos expressivos:
a) eufemismo, antítese, metonímia.
b) hipérbole, gradação, eufemismo.
c) metáfora, hipérbole, inversão.
d) gradação, inversão, antítese.
e) metonímia, hipérbole, metáfora.

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5. Texto I:
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora Texto II:
Em tuas faces a rosada Aurora, QUALQUER TEMPO
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia: Qualquer tempo é tempo.
A hora mesma da morte
Enquanto com gentil descortesia é hora de nascer.
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora, Nenhum tempo é tempo
Quando vem passear-te pela fria: bastante para a ciência
de ver, rever.
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza, Tempo, contratempo
E imprime em toda a flor a sua pisada. anulam-se, mas o sonho
resta, de viver.
Oh não aguardes, que a madura idade (Carlos Drummond de Andrade. Boitempo & A falta
que ama.)
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em
nada
(Gregório de Matos. Obra Poética.)

No verso “Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada”, pode-se perceber:


a) o emprego da citação, pela apropriação da expressão bíblica “do pó viemos e ao pó voltaremos”,
com o fim de ressaltar a permanência da beleza de Maria em oposição ao pó passageiro.
b) o uso da metáfora, através do emprego dos substantivos “terra”, “cinza”, “pó”, que simbolizam
elementos do cemitério, culminando com o pronome “nada”, que se refere à ausência de
sentimentos do poeta.
c) o uso da gradação, pela disposição de vocábulos em sequência, na qual se nota uma direção de
sentido, enfatizando a transformação que o tempo opera na beleza.
d) o emprego da enumeração, pela revisão de todas as maneiras, circunstâncias e partes da beleza
de Maria, reforçando os aspectos positivos e permanentes desta beleza.
e) o emprego do contraste entre a beleza de Maria e a feiura do cemitério, cheio de cinza, pó e sombra,
que não servem para nada.

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6. (Uerj)

A metáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza por conter uma comparação implícita. O
cartum de Sizenando constrói uma metáfora, que pode ser observada na comparação entre:
a) o sentimento de desilusão e a floresta
b) a propaganda dos bancos e os artistas
c) a ironia do cartunista e a fala do personagem
d) o artista desiludido e o personagem cabisbaixo

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7. (UFRJ) Soneto
[Moraliza o poeta nos ocidentes do sol a inconstância dos bens do mundo]

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,


Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?


Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,


Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,


E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância
(MATOS, Gregório. Obras completas de Gregório de Matos. Salvador: Janaína, 1969, 7 volumes.)

De forma recorrente, o Barroco lança mão de figuras de sintaxe como recurso expressivo.
a) Considerando o terceiro e o quarto versos da primeira estrofe do soneto, explicite as duas figuras
de sintaxe que, nesses versos, estão relacionadas aos termos oracionais classificados,
tradicionalmente, como essenciais ou básicos.
b) Classifique, quanto à função sintática, os constituintes do último verso da primeira estrofe.

8. (FUVEST 2007 – 2ª Fase) Salão repleto de luzes, orquestra ao fundo, brilho de cristais por todo lado. O
crupiê* distribui fichas sobre o pano verde, cercado de mulheres em longos vestidos e homens de black-
tie**. A roleta em movimento paralisa o tempo, todos retêm a respiração. Em breve estarão definidos a
sorte de alguns e o azar de muitos. Foi mais ou menos assim, como um lance de roleta, que a era de
ouro dos cassinos — maravilhosa para uns, totalmente reprovável para outros — se encerrou no Brasil.
Para surpresa da nação, logo depois de assumir o governo, em 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra
pôs fim, com uma simples penada, a um dos negócios mais lucrativos da época: a exploração de jogos
de azar, tornando-os proibidos em todo o país. (...)

Vocabulário:
Jane Santucci, “O dia em que as roletas pararam”, Nossa História.
* crupiê: empregado de uma casa de jogos
** black-tie: smoking, traje de gala

a) No texto acima, a autora utiliza vários recursos descritivos. Aponte um desses recursos. Justifique
sua escolha.
b) A que fato relatado no texto se aplica a comparação “como num lance de roleta”?

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9. (Uerj) Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
(QUINTANA, MÁRIO. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005.)

O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura é denominada de:
a) elipse
b) metáfora
c) metonímia
d) personificação

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Gabarito

1. E
Observe que a letra (E) é a única alternativa em que a palavra “lata” não está no seu sentido literal. O fato
de o poeta não “determinar o conteúdo de sua lata” é justamente uma metáfora para as palavras que
poderão ser usadas em um poema e trabalhadas de maneira imprevisível. Você pode ficar na dúvida com
as letras C e D, mas observe que na letra C temos uma linguagem denotativa, pois alvo e meta podem
ser considerados sinônimos e na letra (D) temos a expressão coloquial “não se meta”, como sinônimo
de “não se atreva”. Portanto, em ambos os casos, temos uma linguagem denotativa. A metáfora está
justamente na letra E.

2.
a) Nesse capítulo, o narrador compara sua imaginação às éguas iberas. A metáfora empregada pelo
narrador indica que sua imaginação corre livre e solta. É também fértil e ambiciosa, porque diante
da “menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Alexandre”. Desse modo, a metáfora
utilizada sugere que a natureza imaginativa do narrador permite que supostos indícios se
transformem rapidamente em verdades.
b) A metáfora da égua ibera remete à natureza fantasiosa do narrador, Bento Santiago, que, no capítulo
citado, recorre à imaginação para escapar da carreira eclesiástica. Como justificativa para a falta de
vocação religiosa, imagina confessar à mãe, a devota D. Glória, seu relacionamento amoroso às
escondidas com Capitu. No romance, a imaginação fecunda de Bento Santiago justifica a hipótese
de adultério, fazendo crescer o ciúme, que sustenta a acusação e condenação de Capitu sem provas
concretas.

3. B
Onomatopeia é a figura de linguagem na qual palavras ou fonemas possuem objetivo de tentar imitar o
barulho de um som, quando são pronunciadas.
A onomatopéia em “Chu-áa! Chu-áa…” é uma representação do som da água quando tocada pela pata do
animal (ela se espalha e faz o barulho “Chu-áa! Chu-áa”).
A fusão da onomatopeia com a aliteração (repetição consecutiva de sons consonantais idênticos ou
parecidos, principalmente em versos e frases) gera um barulho de algum som ao construir uma frase.
Como acontece em “ruge o rio”.
Leia em voz alta a frase “ruge o rio” várias vezes. Quando fizer isso, pare e pense, a consoante “R” faz
com que o rio ruja, literalmente, na frase. O “R” em “ruge o rio” ajuda no sentido da frase. É através dessa
aliteração com o “R” que temos uma onomatopeia na frase e, até mesmo, uma personificação, já que o
rugir não é característica de um rio.

4. D
Em “nas cidades, nas aldeias, nos povoados” ocorre uma gradação decrescente; há inversão sintática ou
hipérbato em “hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia”, pois a ordem direta do trecho seria: O
riso é mais amargo hoje, a ironia mais dolorosa. Além disso, ocorre antítese na oposição entre os termos
“riso”/“dolorosa” e “fúteis”/“notáveis”.

5. C
No verso destacado, há uma gradação decrescente que marcam a transformação da beleza a partir do
tempo, que, por sua vez, é um dos temas comuns à poesia barroca.

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6. A
A imagem concretiza o conceito de metáfora, à proporção que o cartum constrói uma comparação entre
a floresta – que é um conjunto de árvores – e o sentimento de desilusão, expresso pela fala do
personagem. Ele alude, de fato, a todos os artistas que o decepcionaram, vendendo sua arte para o
mercado e para a propaganda de bancos.

7.
a) As duas figuras de construção sintática são as seguintes: hipérbato (inversão da ordem canônica
dos termos sintáticos “em tristes sombras” e “a formosura”, no terceiro verso, e dos termos “em
contínuas tristezas” e “a alegria”, no quarto verso); elipse/zeugma (omissão do verbo “morre” no
quarto verso).

b) O constituinte “Em contínuas tristezas” exerce função de adjunto adverbial, e o constituinte “a


alegria”, função de sujeito.

8. B
A metáfora é uma comparação subentendida, sem uma estrutura comparativa explícita. O poema
começa a construir uma metáfora no primeiro verso, ao dizer que "os poemas são pássaros", isto é, que
os poemas são como pássaros. Já no quarto verso, quando se diz que "eles alçam voo", "eles" refere-se
apenas aos pássaros, que, no entanto, encontram-se no lugar dos poemas.

9.
a) Dentre os recursos descritivos utilizados pela autora no excerto fornecido, destaca-se, por exemplo,
a enumeração de frases nominais no primeiro período: “Salão repleto de luzes, orquestra ao fundo,
brilho de cristais por todo lado.” A linguagem adotada aproxima-se da técnica cinematográfica. O
texto apresenta ao leitor a atmosfera tensa de expectativa por meio de flashes rápidos que
valorizam os aspectos visuais da cena: “salão repleto de luzes”, “brilho de cristais”, “pano verde”,
“mulheres em longos vestidos e homens de black-tie.”

b) Ao aplicar a comparação “como um lance de roleta” para fazer referência ao encerramento da “era
de ouro dos cassinos” a autora deixa clara sua opção por associar a arbitrariedade da decisão do
presidente Eurico Gaspar Dutra a uma jogada imprevisível do universo dos jogos de azar. Assim
como “num lance de roleta”, “uma simples penada” do general determinou o fim de “um dos
negócios mais lucrativos da época.”

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Figuras de Linguagem (metáfora e metonímia)

Resumo

Figuras de linguagem ou figuras de estilo são recursos expressivos de que se vale um autor para
comunicar-se com mais força, intensidade, originalidade e até subjetividade. Elas podem ser classificadas
em: figuras de palavra; figuras de construção; figuras de pensamento; e figuras sonoras. Seu estudo faz parte
da Estilística, ramo da língua que estuda a língua em sua função expressiva, analisando os processos
sintáticos, fônicos, etc.

Figuras de Linguagem são as seguintes:


Metáfora: é a alteração do significado próprio de um palavra, advindo de uma comparação mental ou
característica comum entre dois seres ou fatos.
Ex.: “ O pavão é um arco-íris de plumas” (Rubem Braga)
“Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos” (Cartola)

Comparação: ocorre pelo confronto de pessoas ou coisas, a fim de lhes destacar características,
traços comuns, visando a um efeito expressivo.
Ex.: “A Via láctea se desenrolava
Como um jorro de lágrimas ardentes” — Olavo Bilac
“De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.” — João Cabral de Melo Neto

Observação: Não confunda a metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos
por nexos comparativos ( tal, qual, como, assim como, etc.).
Ex.:Hitler foi cruel como um monstro. (comparação)
Hitler foi um monstro. (metáfora)

Metonímia: Consiste na utilização de uma palavra por outra, com a qual mantém relação semântica.
Impende ressaltar que essa troca não se dá por sinonímia, mas porque uma evoca/ alude a outra. Há
metonímia quando se emprega:

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Efeito pela causa:


Os aviões semeavam a morte. [= bombas mortíferas (causa)]
O autor pela obra:
Adorava seu Picasso e lia Machado de Assis.

O continente pelo conteúdo:


O Brasil chorou a morte de Ayrton Senna.

O instrumento pela pessoa que o utiliza:


Ele é um bom garfo. [ = comilão]

O sinal pela coisa significada:


A solução para o país é a ascensão da Coroa. [ Coroa = governo monárquico]

Lugar pelos seus habitantes ou produtos:


A América reagiu negativamente ao novo presidente.

O abstrato pelo concreto:


A juventude acha que é onipotente. [a juventude = os jovens]

A parte pelo todo:


“O bonde passa cheio de pernas” (Carlos Drummond de andrade)
[ pernas = pessoas]

O singular pelo plural:


O homem é corruptível. [ o homem = os homens]

O indivíduo pela espécie ou classe:


O Judas da classe [ = o traidor]
Os mecenas das artes. [ = os protetores]

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Exercícios

1. No enunciado: “Virgílio, traga-me uma coca cola bem gelada!”, registra-se uma figura de linguagem
denominada:
a) anáfora
b) personificação
c) antítese
d) catacrese
e) metonímia

2.

Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para
a) condenar a prática de exercícios físicos.
b) valorizar aspectos da vida moderna.
c) desestimular o uso das bicicletas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
e) criticar a falta de perspectiva do pai.

3. Na frase “A pessoa estava com tanta fome que comeu dois pratos”, encontra-se a seguinte figura de
linguagem
a) metáfora.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metonímia.
e) prosopopéia.

4. No período: “Nós nos tornamos pavões exibicionistas.”, encontra-se a seguinte figura de linguagem
(figura de palavra):
a) Comparação.

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b) Eufemismo.
c) Prosopopeia.
d) Onamatopeia.
e) Metáforas.

5. Assinale a única alternativa que contém a figura de linguagem presente no trecho sublinhado:
“As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,”
a) metonímia
b) eufemismo
c) ironia
d) anacoluto
e) polissíndeto

6. Metáfora
Gilberto Gil

Uma lata existe para conter algo,


Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível

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Uma meta existe para ser um alvo,


Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso não se meta a exigir do poeta


Que determine o conteúdo em sua lata

Na lata do poeta tudo nada cabe,


Pois ao poeta cabe fazer

Com que na lata venha caber


O incabível

Deixe a meta do poeta não discuta,


Deixe a sua meta fora da disputa Meta
dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009.

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou


analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa
conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é:
a) “Uma lata existe para conter algo”.
b) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata'”.
c) “Uma meta existe para ser um alvo”.
d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.
e) “Que determine o conteúdo em sua lata”.

7. O Adeus
Rubem Braga

No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que
haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios; que importa que lá dentro não
haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como
dentro de um sonho?

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Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava
subitamente a atacar. O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a
chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas.
Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta
da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia
alguém lá dentro. Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para
a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante. (...)
Texto extraído do livro "Figuras do Brasil – 80 autores em 80 anos de Folha", Publifolha – São Paulo, 2001, pág. 132.

Figuras de linguagem – por meio dos mais diferentes mecanismos – ampliam o significado de palavras
e expressões, conferindo novos sentidos ao texto em que são usadas. A alternativa que apresenta uma
figura de linguagem construída a partir da equivalência entre um todo e uma de suas partes é:
a) “que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um
sonho?”
b) “Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava
subitamente a atacar.”
c) “batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém
lá dentro.”
d) “Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza;”

8. A invasão dos blablablás

O planeta é dividido entre as pessoas que falam no cinema − e as que não falam. É uma divisão
recente. Por décadas, os falantes foram minoria. E uma minoria reprimida. Quando alguém abria a boca
na sala escura, recebia logo um shhhhhhhhhhhhh. E voltava ao estado silencioso de onde nunca
deveria ter saído. Todo pai ou mãe que honrava seu lugar de educador ensinava a seus filhos que o
cinema era um lugar de reverência. Sentados na poltrona, as luzes se apagavam, uma música solene
saía das caixas de som, as cortinas se abriam e um novo mundo começava. Sem sair do lugar, vivíamos
outras vidas, viajávamos por lugares desconhecidos, chorávamos, ríamos, nos apaixonávamos.

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Sentados ao lado de desconhecidos, passávamos por todos os estados de alma de uma vida inteira
sem trocar uma palavra.
Comungávamos em silêncio do mesmo encantamento. (...)
Percebi na sexta-feira que não ia ao cinema havia três meses. Não por falta de tempo, porque
trabalhar muito não é uma novidade para mim. Mas porque fui expulsa do cinema. Devagar, aos
poucos, mas expulsa. Pertenço, desde sempre, às fileiras dos silenciosos. Anos atrás, nem imaginava
que pudesse haver outro comportamento além do silêncio absoluto no cinema. Assim como não
imagino alguém cochichando em qualquer lugar onde entramos com o compromisso de escutar.
Não é uma questão de estilo, de gosto. Pertence ao campo do respeito, da ética. Cinema é a
experiência da escuta de uma vida outra, que fala à nossa, mas nós não falamos uns com os outros.
No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida
cala para que outra fale.
Isso era cinema. Agora mudou. É estarrecedor, mas os blablablás venceram. Tomaram conta das salas
de cinema. E, sem nenhuma repressão, vão expulsando a todos que entram no cinema para assistir
ao filme sem importunar ninguém. (...)
Eliane Brum - revistaepoca.globo.com, 10/08/2009

No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida
cala para que outra fale. (l. 19-20). O trecho acima usa uma figura de linguagem chamada de:
a) Metáfora
b) Hipérbole
c) Eufemismo
d) Metonímia

9.

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A metáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza por conter uma comparação implícita. O
cartum de Sizenando constrói uma metáfora, que pode ser observada na comparação entre:
a) o sentimento de desilusão e a floresta
b) a propaganda dos bancos e os artistas
c) a ironia do cartunista e a fala do personagem
d) o artista desiludido e o personagem cabisbaixo

10.

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O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura é denominada de:
a) elipse
b) metáfora
c) metonímia
d) personificação

Gabarito

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1. E
Trata-se de uma metonímia, a figura de linguagem que consiste na utilização de um termo em
substituição a outro que estabelece com ele algum tipo de afinidade, semelhança ou relação semântica.
Neste caso, substitui-se refrigerante de cola pela marca do produto “coca cola”. É o que acontece com
outros produtos, com palha de aço, que em alguns lugares é mais conhecida pela marca “Bom Bril”, ou
quando, ao invés de falar iogurte, se utiliza a marca “Danone”, etc.

2. E
Para a personagem, a bicicleta que nunca sai do lugar estabelece um ponto de intersecção com o
comportamento do pai. O sentido da metáfora reside aí, pois o menino estabeleceu uma analogia entre
bicicleta e pai, que se esforça, mas parece não conseguir alcançar seus objetivos.

3. D
Trata-se de uma metonímia, a figura de linguagem que consiste na utilização de um termo em
substituição a outro que estabelece com ele algum tipo de afinidade, semelhança ou relação semântica.
Nesse caso, “pratos” significa a porção de comida ingerida pela pessoa, que obviamente não comeu dois
objetos (pratos).

4. E
A metáfora é a alteração do significado próprio de uma palavra, advindo de uma comparação mental ou
característica comum entre dois seres ou fatos. Nesse caso, Pavões exibicionista é claramente uma
metáfora, pois os sujeitos estavam se exibindo como se fossem dois pavões, mas não tinham sido
transfigurados nessas aves.

5. A
A metonímia “da parte pelo todo” aparece no trecho, pois “ocidental praia lusitana” é uma parte de
Portugal, terra e povo homenageados na clássica epopeia Os Lusíadas, de Camões.

6. E
Observe que a letra (E) é a única alternativa em que a palavra “lata” não está no seu sentido literal. O
fato de o poeta não “determinar o conteúdo de sua lata” é justamente uma metáfora para as palavras
que poderão ser usadas em um poema e trabalhadas de maneira imprevisível. Você pode ficar na dúvida
com as letras C e D, mas observe que na letra (C) temos uma linguagem denotativa, pois alvo e meta
podem ser considerados sinônimos e na letra (D) temos a expressão coloquial “não se meta”, como
sinônimo de “não se atreva”. Portanto, em ambos os casos, temos uma linguagem denotativa. A metáfora
está justamente na letra E.

7. B
A metonímia aparece na palavra “cidade”, que representa as pessoas que apareciam para interromper
o momento do narrador. É um caso de singular pelo plural.

8. D
Os atores representam personagens que por sua vez representam os espectadores que assistem aos
filmes. Cada personagem está representando inumeráveis espectadores, cumprindo uma função da
metonímia de a parte (o personagem) representar o todo (todos os espectadores).

9. A
A imagem concretiza o conceito de metáfora, à proporção que o cartum constrói uma comparação entre
a floresta – que é um conjunto de árvores – e o sentimento de desilusão, expresso pela fala do
personagem. Ele alude, de fato, a todos os artistas que o decepcionaram, vendendo sua arte para o
mercado e para a propaganda de bancos.

10
Português

10. B
A metáfora é uma comparação subentendida, sem uma estrutura comparativa explícita. O poema
começa a construir uma metáfora no primeiro verso, ao dizer que "os poemas são pássaros", isto é, que
os poemas são como pássaros. Já no quarto verso, quando se diz que "eles alçam voo", "eles" refere-
se apenas aos pássaros, que no entanto encontram-se no lugar dos poemas.

11
Português

Figuras de Linguagem (metáfora e metonímia)

Resumo

Figuras de linguagem ou figuras de estilo são recursos expressivos de que se vale um autor para
comunicar-se com mais força, intensidade, originalidade e até subjetividade. Elas podem ser classificadas
em: figuras de palavra; figuras de construção; figuras de pensamento; e figuras sonoras. Seu estudo faz parte
da Estilística, ramo da língua que estuda a língua em sua função expressiva, analisando os processos
sintáticos, fônicos, etc.

Figuras de Linguagem são as seguintes:


Metáfora: é a alteração do significado próprio de um palavra, advindo de uma comparação mental ou
característica comum entre dois seres ou fatos.
Ex.: “ O pavão é um arco-íris de plumas” (Rubem Braga)
“Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos” (Cartola)

Comparação: ocorre pelo confronto de pessoas ou coisas, a fim de lhes destacar características,
traços comuns, visando a um efeito expressivo.
Ex.: “A Via láctea se desenrolava
Como um jorro de lágrimas ardentes” — Olavo Bilac
“De sua formosura
deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.” — João Cabral de Melo Neto

Observação: Não confunda a metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos
por nexos comparativos ( tal, qual, como, assim como, etc.).
Ex.:Hitler foi cruel como um monstro. (comparação)
Hitler foi um monstro. (metáfora)

Metonímia: Consiste na utilização de uma palavra por outra, com a qual mantém relação semântica.
Impende ressaltar que essa troca não se dá por sinonímia, mas porque uma evoca/ alude a outra. Há
metonímia quando se emprega:

1
Português

Efeito pela causa:


Os aviões semeavam a morte. [= bombas mortíferas (causa)]
O autor pela obra:
Adorava seu Picasso e lia Machado de Assis.

O continente pelo conteúdo:


O Brasil chorou a morte de Ayrton Senna.

O instrumento pela pessoa que o utiliza:


Ele é um bom garfo. [ = comilão]

O sinal pela coisa significada:


A solução para o país é a ascensão da Coroa. [ Coroa = governo monárquico]

Lugar pelos seus habitantes ou produtos:


A América reagiu negativamente ao novo presidente.

O abstrato pelo concreto:


A juventude acha que é onipotente. [a juventude = os jovens]

A parte pelo todo:


“O bonde passa cheio de pernas” (Carlos Drummond de andrade)
[ pernas = pessoas]

O singular pelo plural:


O homem é corruptível. [ o homem = os homens]

O indivíduo pela espécie ou classe:


O Judas da classe [ = o traidor]
Os mecenas das artes. [ = os protetores]

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2
Português

Exercícios

1. No enunciado: “Virgílio, traga-me uma coca cola bem gelada!”, registra-se uma figura de linguagem
denominada:
a) anáfora
b) personificação
c) antítese
d) catacrese
e) metonímia

2.

Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para
a) condenar a prática de exercícios físicos.
b) valorizar aspectos da vida moderna.
c) desestimular o uso das bicicletas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
e) criticar a falta de perspectiva do pai.

3. Na frase “A pessoa estava com tanta fome que comeu dois pratos”, encontra-se a seguinte figura de
linguagem
a) metáfora.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metonímia.
e) prosopopéia.

4. No período: “Nós nos tornamos pavões exibicionistas.”, encontra-se a seguinte figura de linguagem
(figura de palavra):
a) Comparação.

3
Português

b) Eufemismo.
c) Prosopopeia.
d) Onamatopeia.
e) Metáforas.

5. Assinale a única alternativa que contém a figura de linguagem presente no trecho sublinhado:
“As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,”
a) metonímia
b) eufemismo
c) ironia
d) anacoluto
e) polissíndeto

6. Metáfora
Gilberto Gil

Uma lata existe para conter algo,


Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível

4
Português

Uma meta existe para ser um alvo,


Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso não se meta a exigir do poeta


Que determine o conteúdo em sua lata

Na lata do poeta tudo nada cabe,


Pois ao poeta cabe fazer

Com que na lata venha caber


O incabível

Deixe a meta do poeta não discuta,


Deixe a sua meta fora da disputa Meta
dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora.
Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009.

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou


analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa
conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é:
a) “Uma lata existe para conter algo”.
b) “Mas quando o poeta diz: ‘Lata'”.
c) “Uma meta existe para ser um alvo”.
d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”.
e) “Que determine o conteúdo em sua lata”.

7. O Adeus
Rubem Braga

No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que
haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios; que importa que lá dentro não
haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como
dentro de um sonho?

5
Português

Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava
subitamente a atacar. O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a
chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas.
Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta
da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia
alguém lá dentro. Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para
a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante. (...)
Texto extraído do livro "Figuras do Brasil – 80 autores em 80 anos de Folha", Publifolha – São Paulo, 2001, pág. 132.

Figuras de linguagem – por meio dos mais diferentes mecanismos – ampliam o significado de palavras
e expressões, conferindo novos sentidos ao texto em que são usadas. A alternativa que apresenta uma
figura de linguagem construída a partir da equivalência entre um todo e uma de suas partes é:
a) “que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um
sonho?”
b) “Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava
subitamente a atacar.”
c) “batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém
lá dentro.”
d) “Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza;”

8. A invasão dos blablablás

O planeta é dividido entre as pessoas que falam no cinema − e as que não falam. É uma divisão
recente. Por décadas, os falantes foram minoria. E uma minoria reprimida. Quando alguém abria a boca
na sala escura, recebia logo um shhhhhhhhhhhhh. E voltava ao estado silencioso de onde nunca
deveria ter saído. Todo pai ou mãe que honrava seu lugar de educador ensinava a seus filhos que o
cinema era um lugar de reverência. Sentados na poltrona, as luzes se apagavam, uma música solene
saía das caixas de som, as cortinas se abriam e um novo mundo começava. Sem sair do lugar, vivíamos
outras vidas, viajávamos por lugares desconhecidos, chorávamos, ríamos, nos apaixonávamos.

6
Português

Sentados ao lado de desconhecidos, passávamos por todos os estados de alma de uma vida inteira
sem trocar uma palavra.
Comungávamos em silêncio do mesmo encantamento. (...)
Percebi na sexta-feira que não ia ao cinema havia três meses. Não por falta de tempo, porque
trabalhar muito não é uma novidade para mim. Mas porque fui expulsa do cinema. Devagar, aos
poucos, mas expulsa. Pertenço, desde sempre, às fileiras dos silenciosos. Anos atrás, nem imaginava
que pudesse haver outro comportamento além do silêncio absoluto no cinema. Assim como não
imagino alguém cochichando em qualquer lugar onde entramos com o compromisso de escutar.
Não é uma questão de estilo, de gosto. Pertence ao campo do respeito, da ética. Cinema é a
experiência da escuta de uma vida outra, que fala à nossa, mas nós não falamos uns com os outros.
No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida
cala para que outra fale.
Isso era cinema. Agora mudou. É estarrecedor, mas os blablablás venceram. Tomaram conta das salas
de cinema. E, sem nenhuma repressão, vão expulsando a todos que entram no cinema para assistir
ao filme sem importunar ninguém. (...)
Eliane Brum - revistaepoca.globo.com, 10/08/2009

No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida
cala para que outra fale. (l. 19-20). O trecho acima usa uma figura de linguagem chamada de:
a) Metáfora
b) Hipérbole
c) Eufemismo
d) Metonímia

9.

7
Português

A metáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza por conter uma comparação implícita. O
cartum de Sizenando constrói uma metáfora, que pode ser observada na comparação entre:
a) o sentimento de desilusão e a floresta
b) a propaganda dos bancos e os artistas
c) a ironia do cartunista e a fala do personagem
d) o artista desiludido e o personagem cabisbaixo

10.

8
Português

O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura é denominada de:
a) elipse
b) metáfora
c) metonímia
d) personificação

Gabarito

9
Português

1. E
Trata-se de uma metonímia, a figura de linguagem que consiste na utilização de um termo em
substituição a outro que estabelece com ele algum tipo de afinidade, semelhança ou relação semântica.
Neste caso, substitui-se refrigerante de cola pela marca do produto “coca cola”. É o que acontece com
outros produtos, com palha de aço, que em alguns lugares é mais conhecida pela marca “Bom Bril”, ou
quando, ao invés de falar iogurte, se utiliza a marca “Danone”, etc.

2. E
Para a personagem, a bicicleta que nunca sai do lugar estabelece um ponto de intersecção com o
comportamento do pai. O sentido da metáfora reside aí, pois o menino estabeleceu uma analogia entre
bicicleta e pai, que se esforça, mas parece não conseguir alcançar seus objetivos.

3. D
Trata-se de uma metonímia, a figura de linguagem que consiste na utilização de um termo em
substituição a outro que estabelece com ele algum tipo de afinidade, semelhança ou relação semântica.
Nesse caso, “pratos” significa a porção de comida ingerida pela pessoa, que obviamente não comeu dois
objetos (pratos).

4. E
A metáfora é a alteração do significado próprio de uma palavra, advindo de uma comparação mental ou
característica comum entre dois seres ou fatos. Nesse caso, Pavões exibicionista é claramente uma
metáfora, pois os sujeitos estavam se exibindo como se fossem dois pavões, mas não tinham sido
transfigurados nessas aves.

5. A
A metonímia “da parte pelo todo” aparece no trecho, pois “ocidental praia lusitana” é uma parte de
Portugal, terra e povo homenageados na clássica epopeia Os Lusíadas, de Camões.

6. E
Observe que a letra (E) é a única alternativa em que a palavra “lata” não está no seu sentido literal. O
fato de o poeta não “determinar o conteúdo de sua lata” é justamente uma metáfora para as palavras
que poderão ser usadas em um poema e trabalhadas de maneira imprevisível. Você pode ficar na dúvida
com as letras C e D, mas observe que na letra (C) temos uma linguagem denotativa, pois alvo e meta
podem ser considerados sinônimos e na letra (D) temos a expressão coloquial “não se meta”, como
sinônimo de “não se atreva”. Portanto, em ambos os casos, temos uma linguagem denotativa. A metáfora
está justamente na letra E.

7. B
A metonímia aparece na palavra “cidade”, que representa as pessoas que apareciam para interromper
o momento do narrador. É um caso de singular pelo plural.

8. D
Os atores representam personagens que por sua vez representam os espectadores que assistem aos
filmes. Cada personagem está representando inumeráveis espectadores, cumprindo uma função da
metonímia de a parte (o personagem) representar o todo (todos os espectadores).

9. A
A imagem concretiza o conceito de metáfora, à proporção que o cartum constrói uma comparação entre
a floresta – que é um conjunto de árvores – e o sentimento de desilusão, expresso pela fala do
personagem. Ele alude, de fato, a todos os artistas que o decepcionaram, vendendo sua arte para o
mercado e para a propaganda de bancos.

10
Português

10. B
A metáfora é uma comparação subentendida, sem uma estrutura comparativa explícita. O poema
começa a construir uma metáfora no primeiro verso, ao dizer que "os poemas são pássaros", isto é, que
os poemas são como pássaros. Já no quarto verso, quando se diz que "eles alçam voo", "eles" refere-
se apenas aos pássaros, que no entanto encontram-se no lugar dos poemas.

11
Português

Figuras de Linguagem (sintáticas)

Resumo

Figuras de construção (sintáticas)


Elipse
É a omissão de um termo que o contexto ou a situação permitem facilmente suprimir.
Exemplo: Deste lado da estrada, montanhas e daquele, rios.

Hipérbato:
É a inversão da ordem direta das palavras na oração, ou da ordem das orações no período, com finalidade
expressiva.

• Ordem direta: Você ainda tem muito a aprender.

Polissíndeto
É o emprego repetitivo de conjunções coordenativas, especialmente das aditivas. Diferentemente do
assíndeto, que é um processo de encadeamento de palavras sem conjunções.
Exemplos:
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e
morre." - Polissíndeto.
Olavo Bilac

"Vim, vi, venci." - Assíndeto.


Júlio César

1
Português

Silepse
É a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, ou seja, com
as ideias que elas expressam.
• Gênero: Vossa excelência parece chateado.
• Número: O grupo não gostou da bronca, reagiram imediatamente.
• Pessoa: Os brasileiros somos lutadores.

Anáfora
Ocorre quando uma mesma palavra ou várias, são repetidas sucessivamente, no começo de orações,
períodos, ou em versos.
Exemplo:
“Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei”
(...)
À primeira vista - Daniela Mercury

2
Português

Exercícios

1.
Sempre desconfiei

Sempre desconfiei de narrativas de sonhos. Se já nos é difícil recordar o que vimos despertos e de
olhos bem abertos, imagine-se o que não será das coisas que vimos dormindo e de olhos fechados...
Com esse pouco que nos resta, fazemos reconstituições suspeitamente lógicas e pomos enredo, sem
querer, nas ocasionais variações de um calidoscópio. Me lembro de que, quando menino, minha gente
acusava-me de inventar os sonhos. O que me deixava indignado.
Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão.
Por outro lado, o que mais espantoso há nos sonhos é que não nos espantamos de nada. Sonhas, por
exemplo, que estás a conversar com o tio Juca. De repente, te lembras de que ele já morreu. E daí? A
conversa
continua.
Com toda a naturalidade.
Já imaginaste que bom se pudesses manter essa imperturbável serenidade na vida propriamente dita?
(Mario Quintana, A vaca e o hipogrifo.São Paulo: Globo,1995)

Em “Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão”, o autor recorre a uma figura de construção,
que está corretamente explicada em
a) silepse, por haver uma concordância verbal ideológica.
b) elipse, por haver a omissão do objeto direto.
c) anacoluto, por haver uma ruptura na estrutura sintática da frase.
d) pleonasmo, por haver uma redundância proposital em “ambas as partes”.
e) hipérbato, por haver uma inversão da ordem natural e direta dos termos da oração.

3
Português

2.

Os conceitos a vestiram como uma segunda pele,


O vocábulo a é comumente utilizado para substituir termos já enunciados. No texto, entretanto, ele
tem um uso incomum, já que permite subentender um termo não enunciado.
Esse uso indica um recurso assim denominado:
a) elipse
b) catáfora
c) designação
d) modalização

3. Pastora de nuvens, fui posta a serviço


por uma campina tão desamparada
que não principia nem também termina,
e onde nunca é noite e nunca madrugada.

(Pastores da terra, vós tendes sossego,


que olhais para o sol e encontrais direção.
Sabeis quando é tarde, sabeis quando é cedo.
Eu, não.)

Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles, intitulado Destino, uma espécie de profissão
de fé da autora. No último verso da 2ª- estrofe — Eu, não. — está presente a figura chamada de
a) ironia.
b) metáfora.
c) pleonasmo.
d) sinestesia.
e) zeugma.

4
Português

4. Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento


Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente


Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante


Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Morais
Note na primeira estrofe a repetição sistemática da conjunção ‘’e’’, figura de linguagem a que
chamamos:
a) silepse
b) anacoluto
c) polissíndeto
d) metonímia
e) elipse

5
Português

5. Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre
línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus
propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um
termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”.
O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse
referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.
RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação
entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um
termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:
a) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”
b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]”.
c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos
astros sobre os homens’.”
d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...]”.
e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo
infectado.”

6. Marque a alternativa CORRETA. Há zeugma na seguinte assertiva:


a) Minha mãe trabalha numa empresa particular; eu, na pública.
b) Uma pessoa torpe, uma criatura limitada, um grão de pó perdido no universo, eis o que Roberto
é.
c) Na escuridão da madrugada, corria gente de todos os lados, e atiravam.
d) Esses escravos que se viram libertos, não penso nada contra eles, mas não servem para nós.

7. Identifique os recursos estilísticos empregados no trecho:


“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os modernos”. (Machado de Assis)
a) anáfora – antítese – silepse
b) metáfora – antítese – elipse
c) anástrofe – antítese- zeugma
d) pleonasmo – antítese – silepse
e) anástrofe – comparação – parábola.

6
Português

8. Identifique a figura de sintaxe presente no poema de José Paulo Paes:


Madrigal
Meu amor é simples,
Dora, como água e o pão.
Como o céu refletido
Nas pupilas de um cão.
José Paulo Paes, 1950.
a) Silepse de gênero.
b) Silepse de número.
c) Comparação.
d) Pleonasmo.
e) Zeugma.

9. Identifique as figuras de sintaxe presentes nas orações abaixo.


1. Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas.”
2. Você chegou. Ela não.
3. E correm, e pulam, e dançam.
4. A mim, ninguém me engana.
5. São Paulo é bonita.
a) Silepse de gênero – pleonasmo – polissíndeto – zeugma – elipse.
b) Silepse de gênero – pleonasmo – zeugma – elipse – polissíndeto.
c) polissíndeto – pleonasmo – zeugma – silepse de gênero – elipse.
d) pleonasmo – silepse de gênero – elipse – zeugma – polissíndeto.
e) elipse – zeugma – polissíndeto – pleonasmo – silepse de gênero.

10. "Aquela personagem da novela é complicada: ela chora, e grita, e sofre, e teima, e perde, e ganha, e
casa, e separa. Nunca vi igual.". O trecho exemplifica qual figura de linguagem?
a) Assíndeto
b) Hipérbole
c) Polissíndeto
d) Anáfora

7
Português

Gabarito

1. A
A ideia é de “nós” tínhamos razão. O verbo não concorda com o sujeito explícito, mas com a ideia da
oração.

2. A
O termo se refere a “ela”, porém a ideia é entendida pelo contexto e não porque o termo foi mencionado.

3. E
Supressão do verbo “saber”.

4. C
A repetição de conjunções é conhecida como polissíndeto, porque síndeto é o mesmo que conjunção.

5. E
A elipse é uma figura de linguagem que se dá a partir da omissão de um termo em uma sentença. Na
oração “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo
infectado”, a forma verbal “fizesse” alude ao termo “grippe”, que foi citado anteriormente no texto.

6. A
Há zeugma quando ocorre a omissão de um termo que já foi mencionado. No caso da alternativa “a”,
houve zeugma do verbo “trabalhar”.

7. A
Silepse: concordância de “temos” com a ideia de “nós”, enquanto o sujeito está na 3ª pessoa (os
modernos); antítese: aproximação de duas palavras opostas “antigos” e “modernos”; anáfora: repetição
da palavra “nem”.

8. C
O autor faz uma comparação, percebida pelo termo comparativo “como”.

9. E
Oração (1): elipse, pois o pronome “ela” foi omitido, mas é identificado pelo contexto.
Oração (2): zeugma, omissão do verbo “chegou”, que já havia sido mencionado.
Oração (3): polissíndeto, pois há repetição da conjunção “e”.
Oração (4): pleonasmo, pois há repetição desnecessária dos termos “a mim” e “me”.
Oração (5): silepse de gênero, pois o termo “bonita” refere-se ao termo “cidade”.

10. C
Há repetição do conectivo “e”.

8
Português

Figuras de Linguagem (sintáticas)

Resumo

Figuras de construção (sintáticas)


Elipse
É a omissão de um termo que o contexto ou a situação permitem facilmente suprimir.
Exemplo: Deste lado da estrada, montanhas e daquele, rios.

Hipérbato:
É a inversão da ordem direta das palavras na oração, ou da ordem das orações no período, com finalidade
expressiva.

• Ordem direta: Você ainda tem muito a aprender.

Polissíndeto
É o emprego repetitivo de conjunções coordenativas, especialmente das aditivas. Diferentemente do
assíndeto, que é um processo de encadeamento de palavras sem conjunções.
Exemplos:
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e
morre." - Polissíndeto.
Olavo Bilac

"Vim, vi, venci." - Assíndeto.


Júlio César

1
Português

Silepse
É a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, ou seja, com
as ideias que elas expressam.
• Gênero: Vossa excelência parece chateado.
• Número: O grupo não gostou da bronca, reagiram imediatamente.
• Pessoa: Os brasileiros somos lutadores.

Anáfora
Ocorre quando uma mesma palavra ou várias, são repetidas sucessivamente, no começo de orações,
períodos, ou em versos.
Exemplo:
“Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei”
(...)
À primeira vista - Daniela Mercury

2
Português

Exercícios

1.
Sempre desconfiei

Sempre desconfiei de narrativas de sonhos. Se já nos é difícil recordar o que vimos despertos e de
olhos bem abertos, imagine-se o que não será das coisas que vimos dormindo e de olhos fechados...
Com esse pouco que nos resta, fazemos reconstituições suspeitamente lógicas e pomos enredo, sem
querer, nas ocasionais variações de um calidoscópio. Me lembro de que, quando menino, minha gente
acusava-me de inventar os sonhos. O que me deixava indignado.
Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão.
Por outro lado, o que mais espantoso há nos sonhos é que não nos espantamos de nada. Sonhas, por
exemplo, que estás a conversar com o tio Juca. De repente, te lembras de que ele já morreu. E daí? A
conversa
continua.
Com toda a naturalidade.
Já imaginaste que bom se pudesses manter essa imperturbável serenidade na vida propriamente dita?
(Mario Quintana, A vaca e o hipogrifo.São Paulo: Globo,1995)

Em “Hoje creio que ambas as partes tínhamos razão”, o autor recorre a uma figura de construção,
que está corretamente explicada em
a) silepse, por haver uma concordância verbal ideológica.
b) elipse, por haver a omissão do objeto direto.
c) anacoluto, por haver uma ruptura na estrutura sintática da frase.
d) pleonasmo, por haver uma redundância proposital em “ambas as partes”.
e) hipérbato, por haver uma inversão da ordem natural e direta dos termos da oração.

3
Português

2.

Os conceitos a vestiram como uma segunda pele,


O vocábulo a é comumente utilizado para substituir termos já enunciados. No texto, entretanto, ele
tem um uso incomum, já que permite subentender um termo não enunciado.
Esse uso indica um recurso assim denominado:
a) elipse
b) catáfora
c) designação
d) modalização

3. Pastora de nuvens, fui posta a serviço


por uma campina tão desamparada
que não principia nem também termina,
e onde nunca é noite e nunca madrugada.

(Pastores da terra, vós tendes sossego,


que olhais para o sol e encontrais direção.
Sabeis quando é tarde, sabeis quando é cedo.
Eu, não.)

Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles, intitulado Destino, uma espécie de profissão
de fé da autora. No último verso da 2ª- estrofe — Eu, não. — está presente a figura chamada de
a) ironia.
b) metáfora.
c) pleonasmo.
d) sinestesia.
e) zeugma.

4
Português

4. Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento


Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente


Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante


Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Morais
Note na primeira estrofe a repetição sistemática da conjunção ‘’e’’, figura de linguagem a que
chamamos:
a) silepse
b) anacoluto
c) polissíndeto
d) metonímia
e) elipse

5
Português

5. Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre
línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus
propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um
termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”.
O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse
referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.
RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação
entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um
termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:
a) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”
b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]”.
c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos
astros sobre os homens’.”
d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...]”.
e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo
infectado.”

6. Marque a alternativa CORRETA. Há zeugma na seguinte assertiva:


a) Minha mãe trabalha numa empresa particular; eu, na pública.
b) Uma pessoa torpe, uma criatura limitada, um grão de pó perdido no universo, eis o que Roberto
é.
c) Na escuridão da madrugada, corria gente de todos os lados, e atiravam.
d) Esses escravos que se viram libertos, não penso nada contra eles, mas não servem para nós.

7. Identifique os recursos estilísticos empregados no trecho:


“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os modernos”. (Machado de Assis)
a) anáfora – antítese – silepse
b) metáfora – antítese – elipse
c) anástrofe – antítese- zeugma
d) pleonasmo – antítese – silepse
e) anástrofe – comparação – parábola.

6
Português

8. Identifique a figura de sintaxe presente no poema de José Paulo Paes:


Madrigal
Meu amor é simples,
Dora, como água e o pão.
Como o céu refletido
Nas pupilas de um cão.
José Paulo Paes, 1950.
a) Silepse de gênero.
b) Silepse de número.
c) Comparação.
d) Pleonasmo.
e) Zeugma.

9. Identifique as figuras de sintaxe presentes nas orações abaixo.


1. Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas.”
2. Você chegou. Ela não.
3. E correm, e pulam, e dançam.
4. A mim, ninguém me engana.
5. São Paulo é bonita.
a) Silepse de gênero – pleonasmo – polissíndeto – zeugma – elipse.
b) Silepse de gênero – pleonasmo – zeugma – elipse – polissíndeto.
c) polissíndeto – pleonasmo – zeugma – silepse de gênero – elipse.
d) pleonasmo – silepse de gênero – elipse – zeugma – polissíndeto.
e) elipse – zeugma – polissíndeto – pleonasmo – silepse de gênero.

10. "Aquela personagem da novela é complicada: ela chora, e grita, e sofre, e teima, e perde, e ganha, e
casa, e separa. Nunca vi igual.". O trecho exemplifica qual figura de linguagem?
a) Assíndeto
b) Hipérbole
c) Polissíndeto
d) Anáfora

7
Português

Gabarito

1. A
A ideia é de “nós” tínhamos razão. O verbo não concorda com o sujeito explícito, mas com a ideia da
oração.

2. A
O termo se refere a “ela”, porém a ideia é entendida pelo contexto e não porque o termo foi mencionado.

3. E
Supressão do verbo “saber”.

4. C
A repetição de conjunções é conhecida como polissíndeto, porque síndeto é o mesmo que conjunção.

5. E
A elipse é uma figura de linguagem que se dá a partir da omissão de um termo em uma sentença. Na
oração “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo
infectado”, a forma verbal “fizesse” alude ao termo “grippe”, que foi citado anteriormente no texto.

6. A
Há zeugma quando ocorre a omissão de um termo que já foi mencionado. No caso da alternativa “a”,
houve zeugma do verbo “trabalhar”.

7. A
Silepse: concordância de “temos” com a ideia de “nós”, enquanto o sujeito está na 3ª pessoa (os
modernos); antítese: aproximação de duas palavras opostas “antigos” e “modernos”; anáfora: repetição
da palavra “nem”.

8. C
O autor faz uma comparação, percebida pelo termo comparativo “como”.

9. E
Oração (1): elipse, pois o pronome “ela” foi omitido, mas é identificado pelo contexto.
Oração (2): zeugma, omissão do verbo “chegou”, que já havia sido mencionado.
Oração (3): polissíndeto, pois há repetição da conjunção “e”.
Oração (4): pleonasmo, pois há repetição desnecessária dos termos “a mim” e “me”.
Oração (5): silepse de gênero, pois o termo “bonita” refere-se ao termo “cidade”.

10. C
Há repetição do conectivo “e”.

8
Português

Figuras de Linguagem (ironia, eufemismo, hipérbole, antítese, paradoxo,


gradação)

Resumo

Figuras de pensamento
Ironia: Consiste em dizer o oposto do que se pretende falar.
Exemplo: Ela não sabe escrever mesmo… Tirou 1000 na redação!

Gradação: Enumeração gradativa (que aumenta ou diminui pouco a pouco) dentro de uma mesma ideia.
Exemplo: De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um
quase nada.

Personificação (prosopopeia): É a atribuição de características de seres animados a seres não humanos.


Exemplo: Hoje, ao abrir a janela, o sol sorriu para mim.

Hipérbole: É um exagero de ideias.


Exemplo: “Eu nasci há 10 mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais”
Raul Seixas
Antítese: É a utilização de termos que se opõem quanto ao seu sentido, ou seja, são palavras de sentidos
opostos.
Exemplo: O calor e o frio vivem em meu peito.

Paradoxo: Trata-se da construção de imagem contraditória, incoerente ou impossível. Quando termos


antitéticos se relacionam ou se mesclam, cria-se um paradoxo.
Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente”
Luís de Camões
Eufemismo: É a suavização de uma ideia, de um fato.
Exemplo: O governo procederá ao reajuste de taxas. (em vez de aumento)

1
Português

Exercícios

1. “A novidade veio dar à praia


na qualidade rara de sereia
metade um busto de uma deusa maia
metade um grande rabo de baleia
a novidade era o máximo
do paradoxo estendido na areia
alguns a desejar seus beijos de deusa
outros a desejar seu rabo pra ceia
oh, mundo tão desigual
tudo tão desigual
de um lado este carnaval
do outro a fome total
e a novidade que seria um sonho
milagre risonho da sereia
virava um pesadelo tão medonho
ali naquela praia, ali na areia
a novidade era a guerra
entre o feliz poeta e o esfomeado
estraçalhando uma sereia bonita
despedaçando o sonho pra cada lado”
(Gilberto Gil – A Novidade)
Assinale a alternativa que ilustra a figura de linguagem destacada no texto:
a) “A novidade veio dar à praia/na qualidade rara de sereia”
b) “A novidade que seria um sonho/o milagre risonho da sereia/virava um pesadelo tão medonho”
c) “A novidade era a guerra/entre o feliz poeta e o esfomeado”
d) “Metade o busto de uma deusa maia/metade um grande rabo de baleia”
e) “A novidade era o máximo/do paradoxo estendido na areia”

2. I. "À custa de muitos trabalhos, de muitas fadigas, e sobretudo de muita paciência..."


II. "... se se queria que estivesse sério, desatava a rir..."
III. "... parece que uma mola oculta o impelia..."
IV. "... e isto (...) dava em resultado a mais refinada má-criação que se pode imaginar."

Quanto às figuras de linguagem, há neles, respectivamente,


a) gradação, antítese, comparação e hipérbole.
b) hipérbole, paradoxo, metáfora e gradação.
c) hipérbole, antítese, comparação e paradoxo.
d) gradação, antítese, metáfora e hipérbole.
e) gradação, paradoxo, comparação e hipérbole.

2
Português

3. Na expressão: “Faz dois anos que ele entregou a alma a Deus.” a figura de linguagem presente é:
a) pleonasmo
b) comparação
c) eufemismo
d) hipérbole
e) anáfora

4. "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!" Há, nesses versos, uma convergência de
recursos expressivos, que se realizam por meio de:
I. metonímia;
II. pleonasmo;
III. apóstrofe;
IV. personificação.

Quanto às especificações anteriores, diz-se que:


a) todas estão corretas.
b) nenhuma está correta.
c) apenas I , II e III estão corretas.
d) apenas III e IV estão corretas.
e) apenas I está incorreta.

5. Cidade grande

Que beleza, Montes Claros.


Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
Carlos Drummond de Andrade

Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a


a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.

3
Português

6. Ainda que eu falasse a língua dos homens


e falasse a língua dos anjos,
sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade;
O amor é bom, não quer o mal;
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos,
sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade;
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem, todos dormem;
Agora vejo em parte, mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor;
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
e falasse a língua dos anjos,
sem amor eu nada seria.
(Monte Castelo, Renato Russo. Do álbum As quatro estações, Legião Urbana)

Analisando a letra da música Monte Castelo, pode-se afirmar que a figura de linguagem predominante
é:
a) Metonímia.
b) Paradoxo.
c) Antítese.
d) Prosopopeia.
e) Hipérbole.

4
Português

7. Nos versos abaixo, uma figura se ergue graças ao conflito de duas visões antagônicas:
“Saio do hotel com quatro olhos,
- Dois do presente,
- Dois do passado.”

Esta figura de linguagem recebe o nome de:


a) metonímia
b) catacrese
c) hipérbole
d) antítese
e) hipérbato

8. Identifique a figura de linguagem empregada nos versos destacados:


“No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!”
a) Antítese
b) Anacoluto
c) Hipérbole
d) Limotes
e) paragoge

9. A figura de linguagem empregada nos versos em destaque é:


“Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável)
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!”
a) clímax
b) eufemismo
c) sínquise
d) catacrese
e) pleonasmo

5
Português

10. Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente.
Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.

Folha de S. Paulo. 31 de julho de 2000.

Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”. Pode-
se afirmar que ocorre um oxímoro em:

a) “Era ele que erguia casas


Onde antes só havia chão.”

b) “… a casa que ele fazia


Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.”

c) “Naquela casa vazia


Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.”
d) “… o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.”

e) “Ele, um humilde operário


Um operário que sabia
Exercer a profissão.”
MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

6
Português

Gabarito
1. B
“A novidade que seria um sonho/o milagre risonho da sereia/virava um pesadelo tão medonho”, há um
paradoxo expresso nas palavras sonho e pesadelo. Apesar de essas duas palavras apresentarem
significados distintos, estão fundidas em uma mesma enunciação.
2. D
Em I, as expressões se enriquecem mutuamente em progressão ascendente: trata-se de uma gradação;
Em II, há uma oposição de palavras “sério/rir”: trata-se de uma antítese; Em III, há uma comparação
implícita entre alguma coisa e uma mola oculta: trata-se de metáfora; Em IV, há o exagero em “a mais
refinada má-criação”: trata-se de uma hipérbole.
3. C
“Dar a alma a Deus” é uma forma amena de dizer “morrer”.
4. A
[Ó mar salgado] Invocação, logo, Apóstrofe; [mar salgado] repetição do óbvio: pleonasmo; [Portugal] o
termo está sendo utilizado para simbolizar o povo português todo, logo, metonímia; [lágrimas de Portugal]
Portugal está sendo personificado, afinal o país não chora: personificação.
5. C
Em uma primeira leitura, a impressão de que o poeta faz elogios ao progresso da cidade mineira de
Montes Claros é bem presente. Todavia, observando alguns elementos do texto, é possível verificar que
o autor utilizou como principal figura de linguagem a ironia, sobretudo quando sinaliza que a riqueza e o
progresso de Montes Claros indicam os crescimentos da miséria e da degradação social, situação
encontrada nas favelas cariocas. Dessa forma, fica claro que o elogio é, na verdade, uma crítica
construída por meio da ironia.
6. B
No paradoxo, há a coexistência de significados opostos. A música "Monte Castelo", do grupo Legião
Urbana, é um bom exemplo. O poema de Luís de Camões incorporado à música Monte Castelo carrega
elementos opostos ao falar de um “contentamento descontente”, “ferida que dói e não se sente”, “dor
que desatina sem doer”, “cuidar que se ganha em se perder” etc. Há quem confunda antítese com
paradoxo. A diferença mora, entretanto, no relacionamento desses opostos. Na antítese, há duas teses
contrárias, antônimas.
7. D
As ideias contrárias presentes no trecho do poema em análise são as ideias de “presente” e “passado”.
A figura de linguagem presente por causa da oposição destas duas ideias é a antítese.
8. C
Nos versos em destaque “Chorei bilhões de vezes com a canseira / De inexorabilíssimos trabalhos! ” há
uma figura de linguagem chamada HIPÉRBOLE, que consiste no emprego de uma ideia de maneira
exagerada, chegando ao ponto de não condizer com a realidade dos fatos. No caso, ela está presente
na afirmação “chorei bilhões de vezes”.
9. B
“Quando a indesejada das gentes chegar”, há o emprego de uma figura de linguagem chamada de
EUFEMISMO, que consiste no uso de palavras que suavizam uma ideia no texto, como é o caso da
palavra “indesejadas”.

10. B
Nesta questão, você precisa estabelecer uma relação entre a linguagem do quadrinho e a do texto
poético. Observe que John diz “Feliz segunda-feira” e Garfield responde dizendo que essa frase é a mãe
de todos os oximoros. Como sabemos, oximoros são paradoxos, portanto, para Garfield, feliz e segunda-
feira são ideias opostas, paradoxais, como se fosse impossível existir uma segunda-feira feliz. Observe
que a Letra B traz duas ideias, aparentemente opostas, mas com total sentido dentro do contexto. A casa

7
Português

era ao mesmo tempo liberdade e escravidão, temos aqui duas ideias que não teriam lógica ao serem
associadas em outro contexto, mas que, no poema, tornam-se expressivas. Você pode ficar na dúvida
com a letra D., entretanto, observe que o há é uma inversão e não um paradoxo.

8
Português

Figuras de Linguagem (sonoras e paranomásia)

Resumo

As figuras de linguagens sonoras combinam elementos sonoros porque estão relacionadas aos
aspectos fonéticos e fonológicos da linguagem. Seus objetivos são o de explorar musicalidades possíveis
com as combinações das palavras e produzir efeitos sinestésicos. Na língua portuguesa, são elas: aliteração,
assonância, paronomásia e onomatopeia.

Aliteração
É a repetição de fonemas consonantais idênticos ou semelhantes para sugerir acusticamente algum
elemento, ato, fenômeno. Aparece como efeito estilístico em prosas poéticas ou poesias.

Exemplo:
“(...) Rato
Rato que rói a roupa
Que rói a rapa do rei do morro
Que rói a roda do carro
Que rói o carro, que rói o ferro
Que rói o barro, rói o morro
Rato que rói o rato
Ra-rato, ra-rato
Roto que ri do roto
Que rói o farrapo
Do esfarra-rapado
Que mete a ripa, arranca rabo
Rato ruim
Rato que rói a rosa
Rói o riso da moça
E ruma rua arriba
Em sua rota de rato (...)”.
(Chico Buarque)

Assonância
Segue o mesmo princípio que a aliteração, mas nesse caso as repetições sonoras são de fonemas
vocálicos idênticos ou semelhantes.

Exemplo:
“(...) A linha feminina é carimá
Moqueca, pititinga, caruru
Mingau de puba, e vinho de caju
Pisado num pilão de Piraguá.(...)”

1
Português
(Gregório de Matos)
Paronomásia
É a combinação e/ou o uso de palavras que apresentam semelhança fônica ou mórfica, mas possuem
sentidos diferentes.

Exemplo:
“(...) Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro
Quero que você ganhe
Que você me apanhe.
Sou o seu bezerro
Gritando mamãe (...)”.
(Caetano Veloso)
Onomatopeia
É uma figura de linguagem que busca reproduzir de forma aproximada palavras que representem um
som natural.

Exemplo:
Passa, tempo, tic-tac Já perdi
Tic-tac, passa, hora Toda a alegria
Chega logo, tic-tac De fazer
Tic-tac, e vai-te embora Meu tic-tac
Passa, tempo Dia e noite
Bem depressa Noite e dia
Não atrasa Tic-tac
Não demora Tic-tac
Que já estou Dia e noite
Muito cansado Noite e dia.
(Vinicius de Moraes)

2
Português

Exercícios

1. AS COUSAS DO MUNDO

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:


Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:


Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;


Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa


E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(Gregório de Matos Guerra, Seleção de Obras Poéticas)

Em “Para a tropa do trapo vazo a tripa”, pode-se constatar que o poeta teve grande cuidado com a
seleção e disposição das palavras que compõem a sonoridade do verso, para salientar certos fonemas
que se repetem (principalmente os “pês” e os “tês”), utilizando, ao mesmo tempo, palavras que se
diferenciam por mudanças fonéticas mínimas (tropa/trapo/tripa). Os recursos estilísticos empregados
aí foram
a) personificação e alusão.
b) paralelismo e comparação.
c) aliteração e paronomásia.
d) assonância e preterição.
e) metáfora e metonímia.

3
Português

2. A MENINA E A CANTIGA
... trarilarára... traríla...
A meninota esganiçada magriça com a sáia voejando por cima dos joelhos em nó vinha meia dansando
cantando no crepúsculo escuro. Batia compasso com a varinha na poeira da calçada.
... trarilarára... traríla...
De repente voltou-se prá negra velha que vinha trôpega atrás, enorme trouxa de roupas na cabeça:
- Qué mi dá, vó?
- Naão.
... trarilarára... traríla...
Mário de Andrade

De repente voltou-se prá negra velha que vinha trôpega atrás, enorme trouxa de roupas na cabeça.
O fragmento acima apresenta:
a) aliteração expressiva, que intensifica o modo de andar da personagem.
b) antítese na caracterização da negra velha.
c) eufemismo na caracterização de trouxa de roupas.
d) uso de expressão irreverente na caracterização da avó.
e) tempo e modo verbais que expressam ações contínuas no passado.

3. É CARNAVAL

E então chegava o Carnaval, registrando-se grandes comemorações ao Festival de Besteira. Em


Goiânia o folião Cândido Teixeira de Lima brincava fantasiado de Papa Paulo VI e provava no salão
que não é tão cândido assim, pois aproveitava o mote da marcha Máscara Negra e beijava tudo que
era mulher que passasse dando sopa.
Um padre local, por volta da meia-noite, recebeu uma denúncia e foi para o baile, exigindo da Polícia
que o Papa de araque fosse preso. Em seguida, declarou: “Brincar o Carnaval já é um pecado grave.
Brincar fantasiado de Papa é uma blasfêmia terrível.”
O caso morreu aí e nunca mais se soube o que era mais blasfêmia: um cidadão se fantasiar de Papa
ou o piedoso sacerdote encanar o Sumo Pontífice.
E enquanto todos pulavam no salão, o dólar pulava no câmbio. Há coisas inexplicáveis! Até hoje não
se sabe por que foi durante o Carnaval que o Governo aumentou o dólar, fazendo muito rico ficar mais
rico. E, porque o Ministro do Planejamento e seus cúmplices, aliás, digo, seus auxiliares, aumentaram
o dólar e desvalorizaram o cruzeiro em pleno Carnaval, passaram a ser conhecidos por Acadêmicos
do Cruzeiro - numa homenagem também aos salgueirenses que, no Carnaval de 1967, entraram pelo
cano.
(PRETA, Stanislaw Ponte.FEBEAPÁ 2 - 2º- Festival de Besteira que Assola o País. 9ª- edição. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1993, p. 32)

Observe o enunciado: E enquanto todos pulavam no salão, o dólar pulava no câmbio.


O verbo “pular” está empregado no primeiro caso no sentido denotativo; no segundo, o sentido é
figurado. Também a palavra “dólar” é usada no sentido figurado. A figura de linguagem empregada no
caso de “dólar” é

4
Português

a) antítese, porque, no enunciado, há ideias contrárias relacionadas aos seres representados.


b) eufemismo, porque, no enunciado, há ideias diminuídas relacionadas aos seres representados.
c) prosopopeia, porque, no enunciado, há a personificação de seres inanimados.
d) metonímia, porque, no enunciado, há relações de contiguidade entre os seres representados.
e) onomatopeia, porque, no enunciado, imitam-se as vozes dos seres representados.

4. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor,
não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente.
Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas
falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que
se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o
interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os
estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data
recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos. Quanto às amigas, algumas
datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer
nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é
cansativa.
Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga
aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho
que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade, pouco
apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem
e não durmo mal.
Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me
escrever um livro. Jurisprudência, filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram as forças
necessárias. Depois, pensei em fazer uma História dos Subúrbios menos seca que as memórias do
padre Luís Gonçalves dos Santos relativas à cidade; era obra modesta, mas exigia documentos e datas
como preliminares, tudo árido e longo. Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-
me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da
pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras,
como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras ?...
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Capítulo II, Rio de Janeiro: José Aguilar, 1971, v. 1,p. 810-11.

Assinale a opção em que os elementos grifados no texto exemplificam a figura de linguagem


apresentada.

5
Português

a) Paronomásia é o emprego de palavras semelhantes no som, porém de sentido diferente./


“Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa.”
b) Eufemismo é uma substituição de um termo, pela qual se pode evitar usar expressões mais diretas
ou chocantes, para referir-se a determinados fatos. / “Os amigos que me restam são de data
recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos.”
c) Anáfora é a repetição de uma ou mais palavras no princípio de duas ou mais frases, de membros
da mesma frase, ou de dois ou mais versos. / “Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por
exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro.”
d) Metonímia é a designação de um objeto por palavra designativa de outro objeto que tem com o
primeiro uma relação. / “O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na
barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno
não aguenta tinta.”
e) Onomatopeia é o emprego de palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa significada. /
“Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me e a dizer-me que, uma vez
que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns.”

5. DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas


Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

Acorre o vento ao círculo demente


O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.

As bocas mordem colos e flancos desnudados:


À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.

E quando o Sol o ingênuo olhar acende


Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

Considerando a leitura do poema e o uso dos recursos expressivos, em Dionisos Dendrites,

6
Português

a) a aliteração no verso “Pés percutem a pedra enegrecida” indica um som reproduzido como o dos
tambores do verso subsequente.
b) a gradação em ‘bocas’, ‘faces’ e ‘corpos’, nos três primeiros versos da 3ª estrofe, aponta para a
opulência do ritual.
c) a metonímia em “seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas” revela o embate
estabelecido entre a vida e a morte.
d) a metáfora em ‘taças incendiadas’, no verso “o vinho espuma nas taças incendiadas”, denota o
sentimento de enfado dos presentes em relação ao ritual.

6. Em qual das opções há erro de identificação das figuras?


a) "Um dia hei de ir embora / Adormecer no derradeiro sono." (eufemismo)
b) "A neblina, roçando o chão, cicia, em prece. (prosopopeia)
c) Já não são tão frequentes os passeios noturnos na violenta Rio de Janeiro. (silepse de número)
d) "E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua..." (aliteração)
e) "Oh sonora audição colorida do aroma." (sinestesia).

7. O fragmento transcrito que possui um exemplo de onomatopeia é:


a) “– É mesmo? – respondeu ele. – PentiumII?”
b) “Mas tudo durou pouco, porque um certo escritor amigo meu me telefonou.”
c) “–Clic – fiz eu do outro lado.”
d) “– E como você fica aí, dando risada?”
e) “Bobagem, como logo se veria.”

7
Português

8. Canção do vento e da minha vida


O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[…]

O vento varria os sonhos


E varria as amizades…
O vento varria as mulheres…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses


E varria os teus sorrisos…

O vento varria tudo!


E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.

Na estruturação do texto, destaca-se


a) a construção de oposições semânticas.
b) a apresentação de ideias de forma objetiva.
c) o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo.
d) a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
e) a inversão da ordem sintática das palavras.

9. Nos versos:

“Bomba atômica que aterra


Pomba atômica da paz
Pomba tonta, bomba atômica...”

A repetição de determinados elementos fônicos é um recurso estilístico denominado:

1
Português

a) Hiperbibasmo
b) Sinédoque
c) Metonímia
d) Aliteração
e) metáfora

10. Assinale a alternativa que apresenta as figuras de linguagem na ordem em que elas aparecem
respectivamente:
I. Vozes veladas, veludosas vozes Volúpia de violões, vozes veladas
II. "Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.” (Caetano Veloso)
III. “a onda anda / aonde anda / a onda? (Manuel Bandeira)
IV. Tic-tac, Tic tac.
V. ”Esperando, parada, pregada na pedra do porto” (Chico Buarque)

a) Aliteração, Paronomásia, Onomatopeia, Onomatopeia, Aliteração


b) Aliteração, Assonância, Paronomásia, Onomatopeia, Aliteração
c) Onomatopeia, Assonância, Paronomásia, Aliteração, Assonância
d) Paronomásia, Aliteração, Assonância, Onomatopeia, Aliteração
e) Assonância, Onomatopeia, Paronomásia, Aliteração, Onomatopeia

2
Português

Gabarito

1. C
A aliteração é a repetição de sons consonantais iguais ou semelhantes e a paronomásia é a combinação
de palavras com sons e grafias parecidas.

2. A
Repetição de fonemas consonantais.

3. C
O termo “dólar” é inanimado e na oração apresenta capacidade de realizar ações humanas, “pular”.

4. B
“Estudar a geologia dos campos santos” é uma forma mais suave de dizer que os amigos morreram,
caracterizando um eufemismo.

5. A
A aliteração é uma figura sonora em que um som consonantal é repetido. Isso ocorre no verso destacado
por meio da ocorrência de /p/.

6. C
Não há concordância apenas com o plural ou com o singular de alguma palavra da oração.

7. C
“clic” é a representação escrita de um som, figura de linguagem conhecida como “onomatopeia”.

8. D
Há a predominância de aliteração, que, foneticamente é representada pela consoante “v”. Caracterizada
por meio dos versos: “O vento varria os sonhos, e varria as amizades, o vento varria as mulheres...”. As
construções sintáticas são as essenciais que compõem a oração: sujeito, verbo e complemento.

9. D
Repetição do “r”, do “m”.

10. B
I, Repetição de “v”; II. Repetição do fonema vocálico “a”; III. Palavras com a pronúncia parecida; IV.
Representação do som do relógio; V. Repetição do fonema consonantal “p”.

3
Português

Figuras de linguagem

Resumo

Figuras de pensamento

Ironia: Consiste em dizer o oposto do que se pretende falar.


Exemplo: Ela não sabe escrever mesmo… Tirou 1000 na redação!

Gradação: Enumeração gradativa (que aumenta ou diminui pouco a pouco) dentro de uma mesma ideia.
Exemplo: De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um quase nada.

Sinestesia: É caracterizada pela combinação e mistura de diferentes sensações, provenientes de diferentes


sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição).
Exemplo: O cheiro doce e verde do campo lembra a minha infância.

Personificação (prosopopeia): É a atribuição de características de seres animados a seres não humanos.


Exemplo: Hoje, ao abrir a janela, o sol sorriu para mim.

Hipérbole: É um exagero de ideias.


Exemplo: “Eu nasci há 10 mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais”
Raul Seixas

Antítese: É a utilização de termos que se opõem quanto ao seu sentido, ou seja, são palavras de sentidos
opostos.
Exemplo: O calor e o frio vivem em meu peito.

Paradoxo: É a utilização de termos que se opõem contraditoriamente.


Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente”
Luís de Camões

Eufemismo: É a suavização de uma ideia, de um fato.


Exemplo: O governo procederá ao reajuste de taxas. (em vez de aumento)

Figuras de construção
Elipse: É a omissão de um termo que o contexto ou a situação permitem facilmente suprimir.
Exemplo: Deste lado da estrada, montanhas e daquele, rios.

Zeugma: Essa figura de construção é uma das formas da elipse. Entretanto, consiste em participar de dois
ou mais enunciados um termo apresentado em apenas um deles.
Exemplo: Fui ao shopping e comprei uma blusa e também um casaco.

Pleonasmo: É a repetição desnecessária de palavras para enunciar uma ideia.


Exemplo: Entre já para dentro!

1
Português

A protagonista principal do filme ‘O sorriso de Monalisa’ é Julia Roberts.

Hipérbato: É a inversão da ordem direta das palavras na oração, ou da ordem das orações no período, com
finalidade expressiva.

● Ordem direta: Você ainda tem muito a aprender.

Polissíndeto: É o emprego repetitivo de conjunções coordenativas, especialmente das aditivas.


Diferentemente do assíndeto, que é um processo de encadeamento de palavras sem conjunções.
Exemplos:
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e
morre." - Polissíndeto.
Olavo Bilac

"Vim, vi, venci." - Assíndeto.


Júlio César

Silepse: É a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, ou
seja, com as ideias que elas expressam.

● Gênero: Vossa excelência parece chateado.


● Número: O grupo não gostou da bronca, reagiram imediatamente.
● Pessoa: Os brasileiros somos lutadores.

Anáfora: Ocorre quando uma mesma palavra ou várias, são repetidas sucessivamente, no começo de
orações, períodos, ou em versos.
Exemplo:
“Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei”
(...)
À primeira vista - Daniela Mercury

As figuras de linguagens sonoras combinam elementos sonoros porque estão relacionadas aos aspectos
fonéticos e fonológicos da linguagem. Seus objetivos são o de explorar musicalidades possíveis com as
combinações das palavras e produzir efeitos sinestésicos.
Na língua portuguesa, são elas: aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.

2
Português

Aliteração
É a repetição de fonemas idênticos ou semelhantes para sugerir acusticamente algum elemento, ato,
fenômeno. Aparece como efeito estilístico em prosas poéticas ou poesias.
Exemplo:
“(...) Rato
Rato que rói a roupa
Que rói a rapa do rei do morro
Que rói a roda do carro
Que rói o carro, que rói o ferro
Que rói o barro, rói o morro
Rato que rói o rato
Ra-rato, ra-rato
Roto que ri do roto
Que rói o farrapo
Do esfarra-rapado
Que mete a ripa, arranca rabo
Rato ruim
Rato que rói a rosa
Rói o riso da moça
E ruma rua arriba
Em sua rota de rato (...)”.
(Chico Buarque)

Assonância
Segue o mesmo princípio que a aliteração, mas nesse caso as repetições sonoras são de fonemas vocálicos
idênticos ou semelhantes.
Exemplo:
“(...) A linha feminina é carimá
Moqueca, pititinga, caruru
Mingau de puba, e vinho de caju
Pisado num pilão de Piraguá.(...)”
(Gregório de Matos)

Paronomásia
É a combinação e/ou o uso de palavras que apresentam semelhança fônica ou mórfica, mas possuem
sentidos diferentes.
Exemplo:
“(...) Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro
Quero que você ganhe
Que você me apanhe.
Sou o seu bezerro
Gritando mamãe (...)”.
(Caetano Veloso)

3
Português

Onomatopeia
É uma figura de linguagem que busca reproduzir de forma aproximada palavras que representem um som
natural.
Exemplo:
Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia.
(Vinicius de Moraes)

Figuras de Palavras são as seguintes:

a) Metáfora: é a alteração do significado próprio de um palavra, advindo de uma comparação mental ou


característica comum entre dois seres ou fatos.

Ex: “ O pavão é um arco-íris de plumas” (Rubem Braga)

“Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos” (Cartola)

b) Comparação: ocorre pelo confronto de pessoas ou coisas, a fim de lhes destacar características,
traços comuns, visando a um efeito expressivo.

“A Via láctea se desenrolava


Como um jorro de lágrimas ardentes”
Olavo Bilac

“De sua formosura


deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.”
João Cabral de Melo Neto

4
Português

Observação: Não confunda a metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos
por nexos comparativos ( tal, qual, como, assim como, etc.).

Hitler foi cruel como um monstro. (comparação)


Hitler foi um monstro. (metáfora)

c) Metonímia: Consiste na utilização de uma palavra por outra, com a qual mantém relação semântica.
Impende ressaltar que essa troca não se dá por sinonímia, mas porque uma evoca/ alude a outra. Há
metonímia quando se emprega:

I. efeito pela causa


Os aviões semeavam a morte. [= bombas mortíferas (causa)]

II.O autor pela obra:


Adorava seu Picasso e lia Machado de Assis.

III. O continente pelo conteúdo:


O Brasil chorou a morte de Ayrton Senna.

IV. O instrumento pela pessoa que o utiliza:


Ele é um bom garfo. [ = comilão]

V. O sinal pela coisa significada


A solução para o país é a ascensão da Coroa. [ Coroa = governo monárquico]

VI. lugar pelos seus habitantes ou produtos:


A América reagiu negativamente ao novo presidente.

VII. O abstrato pelo concreto:


A juventude acha que é onipotente. [a juventude = os jovens]

VIII. A parte pelo todo:


“O bonde passa cheio de pernas” (Carlos Drummond de andrade)
[ pernas = pessoas]

IX. O singular pelo plural:


O homem é corruptível. [ o homem = os homens]

X. O indivíduo pela espécie ou classe:


O Judas da classe [ = o traidor]
Os mecenas das artes. [ = os protetores]

5
Português

Exercícios

1.

Em sua origem grega, o termo “eufemismo” significa “palavra de bom agouro” ou “palavra que deseja
o bem”. Como figura de linguagem, indica um recurso que suaviza alguma ideia ou expressão mais
chocante. Na crônica, o autor enfatiza o aspecto negativo dos eufemismos, que serviriam para
distorcer a realidade.

De acordo com o autor, o eufemismo camufla a desigualdade social no seguinte exemplo:


a) fracasso é crise (l. 8)
b) peste é pandemia (l. 11)
c) magricela é anoréxica (l. 11)
d) rico é corrupto (l. 18)

6
Português

2.

Considerando-se a análise dos pressupostos e subentendidos relacionados com os elementos


verbais e não verbais desse cartum, é correto afirmar que nele está presente um recurso estilístico
denominado:
a) comparação, cotejando os valores e o lugar dos sujeitos em uma sociedade excludente.
b) paradoxo, sugerindo uma incompatibilidade ideológica referente aos que representam a força e a
fraqueza.
c) oxímoro, explicitando, através de conceitos contrários, elementos que se complementam no
contexto público.
d) antítese, denunciando, por meio de figuras e vocábulos antagônicos, a desigualdade, a opressão
e a exploração social.
e) metonímia, substituindo os indivíduos e suas classes sociais por nomes que apresentam entre si
ideias contraditórias.

3.

Os conceitos a vestiram como uma segunda pele,


O vocábulo a é comumente utilizado para substituir termos já enunciados. No texto, entretanto, ele
tem um uso incomum, já que permite subentender um termo não enunciado.

Esse uso indica um recurso assim denominado:


a) elipse
b) catáfora
c) designação
d) modalização

7
Português

4. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor,
não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente.
Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas
falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que
se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o
interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os
estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data
recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos. Quanto às amigas, algumas
datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer
nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é
cansativa.
Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga
aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito
espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade,
pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como
bem e não durmo mal.
Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me
escrever um livro. Jurisprudência, filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram as forças
necessárias. Depois, pensei em fazer uma História dos Subúrbios menos seca que as memórias do
padre Luís Gonçalves dos Santos relativas à cidade; era obra modesta, mas exigia documentos e datas
como preliminares, tudo árido e longo. Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-
me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da
pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras,
como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras ?...
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Capítulo II, Rio de Janeiro: José Aguilar, 1971, v. 1,p. 810-11.

Assinale a opção em que os elementos grifados no texto exemplificam a figura de linguagem


apresentada.
a) Paronomásia é o emprego de palavras semelhantes no som, porém de sentido diferente./
“Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa.”
b) Eufemismo é uma substituição de um termo, pela qual se pode evitar usar expressões mais diretas
ou chocantes, para referir-se a determinados fatos. / “Os amigos que me restam são de data
recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos.”
c) Anáfora é a repetição de uma ou mais palavras no princípio de duas ou mais frases, de membros
da mesma frase, ou de dois ou mais versos. / “Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por
exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro.”
d) Metonímia é a designação de um objeto por palavra designativa de outro objeto que tem com o
primeiro uma relação. / “O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na
barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno
não aguenta tinta.”
e) Onomatopeia é o emprego de palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa significada. /
“Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me e a dizer-me que, uma vez
que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns.”

8
Português

5. Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem
mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os
oxímoros.

Folha de S. Paulo. 31 de julho de 2000.

Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”.
Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:
a) “Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.”

b) “… a casa que ele fazia


Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.”

c) “Naquela casa vazia


Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.”

d) “… o operário faz a coisa


E a coisa faz o operário.”

e) “Ele, um humilde operário


Um operário que sabia
Exercer a profissão.”
MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

9
Português

6. Na frase: “Faria isso mil vezes novamente, se fosse preciso.”, encontra-se a seguinte figura de
linguagem
a) metáfora.
b) hipérbole.
c) eufemismo.
d) antítese.
e) personificação.

7.

Na produção do humor, traço típico da crônica, o autor combina eufemismos com outros recursos ou
figuras de linguagem.
O exemplo em que o humor é produzido por meio da superposição entre um eufemismo e uma
comparação entre elementos distintos é:
a) despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral (l. 5-6)
b) acumulação privada de riqueza é democracia; (l. 9-10)
c) Ora, poderia dizer que sou seminovo! (l. 14-15)
d) são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como está. (l. 17-18)

10
Português

8.

A metáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza por conter uma comparação implícita.
O cartum de Sizenando constrói uma metáfora, que pode ser observada na comparação entre:
a) o sentimento de desilusão e a floresta
b) a propaganda dos bancos e os artistas
c) a ironia do cartunista e a fala do personagem
d) o artista desiludido e o personagem cabisbaixo

9.

O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo.


Essa figura é denominada de:
a) Elipse
b) Metáfora
c) Metonímia
d) personificação

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Português

Gabarito

1. D
O autor diz que as palavras são distorcidas para que a realidade permaneça como está e cita o exemplo
da alternativa.

2. D
A antítese acontece entre a imagem e o texto escrito, onde os “fracos” sustentam aqueles chamados de
“fortes”.

3. A
O termo se refere a “ela”, porém a ideia é entendida pelo contexto e não porque o termo foi mencionado.

4. B
A alternativa apresenta a justificativa.

5. B
Nesta questão, você precisa estabelecer uma relação entre a linguagem do quadrinho e a do texto
poético. Observe que John diz “Feliz segunda-feira” e Grafield responde dizendo que essa frase é a mãe
de todos os oximoros. Como sabemos, oximoros são paradoxos, portanto, para Garfield, feliz e segunda-
feira são ideias opostas, paradoxais, como se fosse impossível existir uma segunda-feira feliz. Observe
que a Letra B traz duas ideias, aparentemente opostas, mas com total sentido dentro do contexto. A casa
era ao mesmo tempo liberdade e escravidão, temos aqui duas ideias que não teriam lógica ao serem
associadas em outro contexto, mas que ,no poema, tornam-se expressivas. Você pode ficar na dúvida
com a letra D. Entretanto, observe que o há é uma inversão e não um paradoxo.

6. B
Há uma figura de linguagem chamada HIPÉRBOLE, que consiste no emprego de uma ideia de maneira
exagerada, chegando ao ponto de não condizer com a realidade dos fatos. Nesse caso, “fazer mil vezes”
é onde reside o exagero.

7. C
Frei Betto lembra que a expressão “terceira idade” é um eufemismo para “velho”, atenuando as
conotações negativas da velhice. A seguir ele recorre ao humor, usando um eufemismo geralmente
utilizado para automóveis velhos, o de “seminovo”, para se referir a si mesmo, um homem já de certa
idade (homem velho).

8. A
A imagem concretiza o conceito de metáfora, à proporção que o cartum constrói uma comparação entre
a floresta – que é um conjunto de árvores – e o sentimento de desilusão, expresso pela fala do
personagem. Ele alude, de fato, a todos os artistas que o decepcionaram, vendendo sua arte para o
mercado e para a propaganda de bancos.

9. B
A metáfora é uma comparação subentendida, sem uma estrutura comparativa explícita. O poema
começa a construir uma metáfora no primeiro verso, ao dizer que "os poemas são pássaros", isto é, que

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Português

os poemas são como pássaros. Já no quarto verso, quando se diz que "eles alçam voo", "eles" refere-se
apenas aos pássaros, que, no entanto, encontram-se no lugar dos poemas.

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Português

Figuras de linguagem

Resumo

Figuras de pensamento

Ironia: Consiste em dizer o oposto do que se pretende falar.


Exemplo: Ela não sabe escrever mesmo… Tirou 1000 na redação!

Gradação: Enumeração gradativa (que aumenta ou diminui pouco a pouco) dentro de uma mesma ideia.
Exemplo: De repente o problema se tornou menos alarmante, ficou menor, um grão, um cisco, um quase nada.

Sinestesia: É caracterizada pela combinação e mistura de diferentes sensações, provenientes de diferentes


sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição).
Exemplo: O cheiro doce e verde do campo lembra a minha infância.

Personificação (prosopopeia): É a atribuição de características de seres animados a seres não humanos.


Exemplo: Hoje, ao abrir a janela, o sol sorriu para mim.

Hipérbole: É um exagero de ideias.


Exemplo: “Eu nasci há 10 mil anos atrás
E não tem nada nesse mundo que eu não saiba de mais”
Raul Seixas

Antítese: É a utilização de termos que se opõem quanto ao seu sentido, ou seja, são palavras de sentidos
opostos.
Exemplo: O calor e o frio vivem em meu peito.

Paradoxo: É a utilização de termos que se opõem contraditoriamente.


Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente”
Luís de Camões

Eufemismo: É a suavização de uma ideia, de um fato.


Exemplo: O governo procederá ao reajuste de taxas. (em vez de aumento)

Figuras de construção
Elipse: É a omissão de um termo que o contexto ou a situação permitem facilmente suprimir.
Exemplo: Deste lado da estrada, montanhas e daquele, rios.

Zeugma: Essa figura de construção é uma das formas da elipse. Entretanto, consiste em participar de dois
ou mais enunciados um termo apresentado em apenas um deles.
Exemplo: Fui ao shopping e comprei uma blusa e também um casaco.

Pleonasmo: É a repetição desnecessária de palavras para enunciar uma ideia.


Exemplo: Entre já para dentro!

1
Português

A protagonista principal do filme ‘O sorriso de Monalisa’ é Julia Roberts.

Hipérbato: É a inversão da ordem direta das palavras na oração, ou da ordem das orações no período, com
finalidade expressiva.

● Ordem direta: Você ainda tem muito a aprender.

Polissíndeto: É o emprego repetitivo de conjunções coordenativas, especialmente das aditivas.


Diferentemente do assíndeto, que é um processo de encadeamento de palavras sem conjunções.
Exemplos:
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e
morre." - Polissíndeto.
Olavo Bilac

"Vim, vi, venci." - Assíndeto.


Júlio César

Silepse: É a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, ou
seja, com as ideias que elas expressam.

● Gênero: Vossa excelência parece chateado.


● Número: O grupo não gostou da bronca, reagiram imediatamente.
● Pessoa: Os brasileiros somos lutadores.

Anáfora: Ocorre quando uma mesma palavra ou várias, são repetidas sucessivamente, no começo de
orações, períodos, ou em versos.
Exemplo:
“Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei”
(...)
À primeira vista - Daniela Mercury

As figuras de linguagens sonoras combinam elementos sonoros porque estão relacionadas aos aspectos
fonéticos e fonológicos da linguagem. Seus objetivos são o de explorar musicalidades possíveis com as
combinações das palavras e produzir efeitos sinestésicos.
Na língua portuguesa, são elas: aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.

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Português

Aliteração
É a repetição de fonemas idênticos ou semelhantes para sugerir acusticamente algum elemento, ato,
fenômeno. Aparece como efeito estilístico em prosas poéticas ou poesias.
Exemplo:
“(...) Rato
Rato que rói a roupa
Que rói a rapa do rei do morro
Que rói a roda do carro
Que rói o carro, que rói o ferro
Que rói o barro, rói o morro
Rato que rói o rato
Ra-rato, ra-rato
Roto que ri do roto
Que rói o farrapo
Do esfarra-rapado
Que mete a ripa, arranca rabo
Rato ruim
Rato que rói a rosa
Rói o riso da moça
E ruma rua arriba
Em sua rota de rato (...)”.
(Chico Buarque)

Assonância
Segue o mesmo princípio que a aliteração, mas nesse caso as repetições sonoras são de fonemas vocálicos
idênticos ou semelhantes.
Exemplo:
“(...) A linha feminina é carimá
Moqueca, pititinga, caruru
Mingau de puba, e vinho de caju
Pisado num pilão de Piraguá.(...)”
(Gregório de Matos)

Paronomásia
É a combinação e/ou o uso de palavras que apresentam semelhança fônica ou mórfica, mas possuem
sentidos diferentes.
Exemplo:
“(...) Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro
Quero que você ganhe
Que você me apanhe.
Sou o seu bezerro
Gritando mamãe (...)”.
(Caetano Veloso)

3
Português

Onomatopeia
É uma figura de linguagem que busca reproduzir de forma aproximada palavras que representem um som
natural.
Exemplo:
Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia.
(Vinicius de Moraes)

Figuras de Palavras são as seguintes:

a) Metáfora: é a alteração do significado próprio de um palavra, advindo de uma comparação mental ou


característica comum entre dois seres ou fatos.

Ex: “ O pavão é um arco-íris de plumas” (Rubem Braga)

“Preste atenção, o mundo é um moinho/ Vai triturar teus sonhos” (Cartola)

b) Comparação: ocorre pelo confronto de pessoas ou coisas, a fim de lhes destacar características,
traços comuns, visando a um efeito expressivo.

“A Via láctea se desenrolava


Como um jorro de lágrimas ardentes”
Olavo Bilac

“De sua formosura


deixai-me que diga:
é tão belo como um sim
numa sala negativa.”
João Cabral de Melo Neto

4
Português

Observação: Não confunda a metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos
por nexos comparativos ( tal, qual, como, assim como, etc.).

Hitler foi cruel como um monstro. (comparação)


Hitler foi um monstro. (metáfora)

c) Metonímia: Consiste na utilização de uma palavra por outra, com a qual mantém relação semântica.
Impende ressaltar que essa troca não se dá por sinonímia, mas porque uma evoca/ alude a outra. Há
metonímia quando se emprega:

I. efeito pela causa


Os aviões semeavam a morte. [= bombas mortíferas (causa)]

II.O autor pela obra:


Adorava seu Picasso e lia Machado de Assis.

III. O continente pelo conteúdo:


O Brasil chorou a morte de Ayrton Senna.

IV. O instrumento pela pessoa que o utiliza:


Ele é um bom garfo. [ = comilão]

V. O sinal pela coisa significada


A solução para o país é a ascensão da Coroa. [ Coroa = governo monárquico]

VI. lugar pelos seus habitantes ou produtos:


A América reagiu negativamente ao novo presidente.

VII. O abstrato pelo concreto:


A juventude acha que é onipotente. [a juventude = os jovens]

VIII. A parte pelo todo:


“O bonde passa cheio de pernas” (Carlos Drummond de andrade)
[ pernas = pessoas]

IX. O singular pelo plural:


O homem é corruptível. [ o homem = os homens]

X. O indivíduo pela espécie ou classe:


O Judas da classe [ = o traidor]
Os mecenas das artes. [ = os protetores]

5
Português

Exercícios

1.

Em sua origem grega, o termo “eufemismo” significa “palavra de bom agouro” ou “palavra que deseja
o bem”. Como figura de linguagem, indica um recurso que suaviza alguma ideia ou expressão mais
chocante. Na crônica, o autor enfatiza o aspecto negativo dos eufemismos, que serviriam para
distorcer a realidade.

De acordo com o autor, o eufemismo camufla a desigualdade social no seguinte exemplo:


a) fracasso é crise (l. 8)
b) peste é pandemia (l. 11)
c) magricela é anoréxica (l. 11)
d) rico é corrupto (l. 18)

6
Português

2.

Considerando-se a análise dos pressupostos e subentendidos relacionados com os elementos


verbais e não verbais desse cartum, é correto afirmar que nele está presente um recurso estilístico
denominado:
a) comparação, cotejando os valores e o lugar dos sujeitos em uma sociedade excludente.
b) paradoxo, sugerindo uma incompatibilidade ideológica referente aos que representam a força e a
fraqueza.
c) oxímoro, explicitando, através de conceitos contrários, elementos que se complementam no
contexto público.
d) antítese, denunciando, por meio de figuras e vocábulos antagônicos, a desigualdade, a opressão
e a exploração social.
e) metonímia, substituindo os indivíduos e suas classes sociais por nomes que apresentam entre si
ideias contraditórias.

3.

Os conceitos a vestiram como uma segunda pele,


O vocábulo a é comumente utilizado para substituir termos já enunciados. No texto, entretanto, ele
tem um uso incomum, já que permite subentender um termo não enunciado.

Esse uso indica um recurso assim denominado:


a) elipse
b) catáfora
c) designação
d) modalização

7
Português

4. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor,
não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente.
Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas
falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que
se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o
interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os
estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data
recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos. Quanto às amigas, algumas
datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer
nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é
cansativa.
Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga
aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito
espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade,
pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como
bem e não durmo mal.
Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me
escrever um livro. Jurisprudência, filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram as forças
necessárias. Depois, pensei em fazer uma História dos Subúrbios menos seca que as memórias do
padre Luís Gonçalves dos Santos relativas à cidade; era obra modesta, mas exigia documentos e datas
como preliminares, tudo árido e longo. Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-
me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da
pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras,
como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras ?...
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Capítulo II, Rio de Janeiro: José Aguilar, 1971, v. 1,p. 810-11.

Assinale a opção em que os elementos grifados no texto exemplificam a figura de linguagem


apresentada.
a) Paronomásia é o emprego de palavras semelhantes no som, porém de sentido diferente./
“Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa.”
b) Eufemismo é uma substituição de um termo, pela qual se pode evitar usar expressões mais diretas
ou chocantes, para referir-se a determinados fatos. / “Os amigos que me restam são de data
recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos.”
c) Anáfora é a repetição de uma ou mais palavras no princípio de duas ou mais frases, de membros
da mesma frase, ou de dois ou mais versos. / “Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por
exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro.”
d) Metonímia é a designação de um objeto por palavra designativa de outro objeto que tem com o
primeiro uma relação. / “O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na
barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno
não aguenta tinta.”
e) Onomatopeia é o emprego de palavra cuja pronúncia imita o som natural da coisa significada. /
“Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me e a dizer-me que, uma vez
que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns.”

8
Português

5. Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem
mutuamente. Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os
oxímoros.

Folha de S. Paulo. 31 de julho de 2000.

Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”.
Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:
a) “Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.”

b) “… a casa que ele fazia


Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.”

c) “Naquela casa vazia


Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.”

d) “… o operário faz a coisa


E a coisa faz o operário.”

e) “Ele, um humilde operário


Um operário que sabia
Exercer a profissão.”
MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

9
Português

6. Na frase: “Faria isso mil vezes novamente, se fosse preciso.”, encontra-se a seguinte figura de
linguagem
a) metáfora.
b) hipérbole.
c) eufemismo.
d) antítese.
e) personificação.

7.

Na produção do humor, traço típico da crônica, o autor combina eufemismos com outros recursos ou
figuras de linguagem.
O exemplo em que o humor é produzido por meio da superposição entre um eufemismo e uma
comparação entre elementos distintos é:
a) despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral (l. 5-6)
b) acumulação privada de riqueza é democracia; (l. 9-10)
c) Ora, poderia dizer que sou seminovo! (l. 14-15)
d) são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como está. (l. 17-18)

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Português

8.

A metáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza por conter uma comparação implícita.
O cartum de Sizenando constrói uma metáfora, que pode ser observada na comparação entre:
a) o sentimento de desilusão e a floresta
b) a propaganda dos bancos e os artistas
c) a ironia do cartunista e a fala do personagem
d) o artista desiludido e o personagem cabisbaixo

9.

O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo.


Essa figura é denominada de:
a) Elipse
b) Metáfora
c) Metonímia
d) personificação

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Português

Gabarito

1. D
O autor diz que as palavras são distorcidas para que a realidade permaneça como está e cita o exemplo
da alternativa.

2. D
A antítese acontece entre a imagem e o texto escrito, onde os “fracos” sustentam aqueles chamados de
“fortes”.

3. A
O termo se refere a “ela”, porém a ideia é entendida pelo contexto e não porque o termo foi mencionado.

4. B
A alternativa apresenta a justificativa.

5. B
Nesta questão, você precisa estabelecer uma relação entre a linguagem do quadrinho e a do texto
poético. Observe que John diz “Feliz segunda-feira” e Grafield responde dizendo que essa frase é a mãe
de todos os oximoros. Como sabemos, oximoros são paradoxos, portanto, para Garfield, feliz e segunda-
feira são ideias opostas, paradoxais, como se fosse impossível existir uma segunda-feira feliz. Observe
que a Letra B traz duas ideias, aparentemente opostas, mas com total sentido dentro do contexto. A casa
era ao mesmo tempo liberdade e escravidão, temos aqui duas ideias que não teriam lógica ao serem
associadas em outro contexto, mas que ,no poema, tornam-se expressivas. Você pode ficar na dúvida
com a letra D. Entretanto, observe que o há é uma inversão e não um paradoxo.

6. B
Há uma figura de linguagem chamada HIPÉRBOLE, que consiste no emprego de uma ideia de maneira
exagerada, chegando ao ponto de não condizer com a realidade dos fatos. Nesse caso, “fazer mil vezes”
é onde reside o exagero.

7. C
Frei Betto lembra que a expressão “terceira idade” é um eufemismo para “velho”, atenuando as
conotações negativas da velhice. A seguir ele recorre ao humor, usando um eufemismo geralmente
utilizado para automóveis velhos, o de “seminovo”, para se referir a si mesmo, um homem já de certa
idade (homem velho).

8. A
A imagem concretiza o conceito de metáfora, à proporção que o cartum constrói uma comparação entre
a floresta – que é um conjunto de árvores – e o sentimento de desilusão, expresso pela fala do
personagem. Ele alude, de fato, a todos os artistas que o decepcionaram, vendendo sua arte para o
mercado e para a propaganda de bancos.

9. B
A metáfora é uma comparação subentendida, sem uma estrutura comparativa explícita. O poema
começa a construir uma metáfora no primeiro verso, ao dizer que "os poemas são pássaros", isto é, que

12
Português

os poemas são como pássaros. Já no quarto verso, quando se diz que "eles alçam voo", "eles" refere-se
apenas aos pássaros, que, no entanto, encontram-se no lugar dos poemas.

13
Português

Figuras de linguagem II

Teoria

Figuras compostas por oposição

Antítese
É a figura que consiste na aproximação de termos que se opõem quanto ao sentido, ou seja, são palavras de
sentidos opostos.

Ex.: O calor e o frio vivem em meu peito.

“Não existe amor em SP


Os bares estão cheios de almas tão vazias”
(Criolo)

Paradoxo
Trata-se da aproximação de ideias aparentemente contraditórias.

“Amor é fogo que arde sem se ver


É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;”
(Luís de Camões)

“Se você quiser me prender


Vai ter que saber me soltar
Você me parece dizer
Que os dois somos um só lugar”
(Caetano Veloso)

Ironia
Essa figura consiste em dizer o oposto do que se pretende falar. É importante destacar que, para perceber a
ironia, é necessário estar inserido em um contexto específico: em casos de textos escritos, precisamos
analisar todas as partes; já na oralidade, é possível perceber pela entonação da fala.
Ex.: Ela não sabe escrever mesmo…tirou 1000 na redação!
Rebeca era uma ótima filha: na primeira oportunidade que teve, pegou todo o dinheiro do pai.

1
Português

A ironia é muito presente nos textos de Luís Fernando Veríssimo: a partir delas, ele faz críticas à sociedade,
como podemos ver no poema a seguir, no qual ele ironiza o casamento.
O sedutor médio
Vamos juntar
Nossas rendas e
expectativas de vida
querida,
o que me dizes?
Ter 2, 3 filhos
e ser meio felizes?

VERISSIMO, L. F. Poesia numa hora dessas?! Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

Figuras compostas por contiguidade


*Contiguidade: proximidade. O termo é substituído por outro com o qual mantém estreita relação.

Metonímia
É uma figura de linguagem que consiste na utilização de uma palavra por outra, com a qual mantém relação
semântica. Cabe ressaltar, também, que essa troca não se dá por sinonímia, mas porque uma palavra evoca
ou alude a outra. A metonímia pode ocorrer de diversas maneiras. Vejamos alguns exemplos:
• Efeito pela causa: Vivo do suor do meu rosto [= trabalho]
• O autor pela obra: Adorava seu Van Gogh e lia Machado de Assis.
• O continente pelo conteúdo: O Brasil chorou a morte de Ayrton Senna.
• O instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo. [= comilão]
• O sinal pela coisa significada: A solução para o país é a ascensão da Coroa. [= governo monárquico]
• Lugar pelos seus habitantes ou produtos: A América reagiu negativamente ao novo presidente.
• O abstrato pelo concreto: A juventude acha que é onipotente. [= os jovens]
• A parte pelo todo: “O bonde passa cheio de pernas” (Carlos Drummond de Andrade) [= pessoas]
• O singular pelo plural: O homem é corruptível. [= os homens]
• O indivíduo pela espécie ou classe: O Judas da classe [= o traidor]

Figuras compostas por implicação mútua


Termos que se relacionam de maneira recíproca (relação de interdependência)

Sinédoque
Relação de parte/todo: termo de menor extensão substitui o de extensão maior e vice-versa.
Ex.: Naquela fazenda, há quinhentas cabeças de gado. (parte do gado que o representa por inteiro)
O rodízio custa 40,00 por cabeça. (parte do corpo que representa um indivíduo)
Em breve, viverei sob meu próprio teto. (teto é a parte da casa)

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Português

Exercícios

1. Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente.
Para Garfield, a frase de saudação de Jon (tirinha abaixo) expressa o maior de todos os oxímoros.

Folha de S. Paulo. 31 de julho de 2000.

Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”. Pode-
se afirmar que ocorre um oxímoro em:
a) “Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.”

b) “… a casa que ele fazia


Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.”

c) “Naquela casa vazia


Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.”

d) “… o operário faz a coisa


E a coisa faz o operário.”

e) “Ele, um humilde operário


Um operário que sabia
Exercer a profissão.”
MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

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Português

2. Cidade grande

Que beleza, Montes Claros.


Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
Carlos Drummond de Andrade

Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a


a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.

4
Português

3. (Enem) O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
(…)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.

A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa
poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

5
Português

4. Nos versos abaixo, uma figura se ergue graças co conflito de duas visões antagônicas:
“Saio do hotel com quatro olhos,
- Dois do presente,
- Dois do passado.”

Esta figura de linguagem recebe o nome de:


a) metonímia
b) catacrese
c) hipérbole
d) antítese
e) hipérbato.

5. Mulher proletária
Mulher proletária — única fábrica
que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas,
salvar o teu proprietário.
LIMA Jorge de. Obra Completa (org. Afrânio Coutinho). Rio de Janeiro: Aguilar, 1958.

Analisando o verso do poema “forneces braços para o senhor burguês”, a figura de linguagem que aí
se destaca é
a) catacrese, uma vez que, como não há um termo específico para o poeta expressar, de forma
adequada, a ideia de “fornecer filhos”, ele se utiliza da expressão “fornecer braços”, lógica
semelhante ao que se costuma usar em termos como “braços da cadeira”.
b) metonímia, tendo em vista que o termo “braços” mantém com o termo “filhos” uma relação de
contiguidade da parte pelo todo para o poeta destacar que o que mulher proletária fabrica é só
uma parte do seu rebento, os “braços”, utilizados para proveito da atividade capitalista, e não
“filhos”, na sua completude como seres humanos, para estabelecer com estes uma relação afetiva.
c) hipérbole, já que o verso quer enfatizar a ideia de exagero de alguém fornecer inúmeros braços
para o trabalho da indústria mercantil.
d) prosopopeia, pois o poeta está personificando a máquina como se fosse uma mulher produtora
de filhos.
e) paradoxo, visto que há uma relação de posição de ideias entre os substantivos “braços” e “senhor”.

6
Português

Gabarito

1. B
Nesta questão, você precisa estabelecer uma relação entre a linguagem do quadrinho e a do texto
poético. Observe que John diz “Feliz segunda-feira” e Garfield responde dizendo que essa frase é a mãe
de todos os oxímoros. Como sabemos, os oximoros são paradoxos, portanto, para Garfield, feliz e
segunda-feira são ideias opostas, paradoxais, como se fosse impossível existir uma segunda-feira
feliz. Observe que a Letra B traz duas ideias, aparentemente opostas, mas com total sentido dentro do
contexto. A casa era ao mesmo tempo liberdade e escravidão, temos aqui duas ideias que não teriam
lógica ao serem associadas em outro contexto, mas que, no poema, tornam-se expressivas. Você pode
ficar na dúvida com a letra D. Entretanto, observe que o que há é uma inversão e não um paradoxo.

2. C
Em uma primeira leitura, a impressão de que o poeta faz elogios ao progresso da cidade mineira de
Montes Claros é bem presente. Todavia, observando alguns elementos do texto, é possível verificar que
o autor utilizou como principal figura de linguagem a ironia, sobretudo quando sinaliza que a riqueza e o
progresso de Montes Claros indicam os crescimentos da miséria e da degradação social, situação
encontrada nas favelas cariocas. Dessa forma, fica claro que o elogio é, na verdade, uma crítica
construída por meio da ironia.

3. E
Como vimos, a antítese trata da aproximação de palavras com sentidos opostos. Observe que a
alternativa (E) traz o adjetivo “amarga”, opondo-se à doçura do açúcar. Já na expressão “usinas escuras”,
temos uma oposição à brancura do açúcar. Logo, é a única alternativa que apresenta, de fato, uma
oposição clara entre as palavras. Observe que nenhuma outra alternativa traz palavras que se opõem ao
que foi pedido no enunciado, pois falam de situações que se completam.

4. D
As ideias contrárias presentes no trecho do poema em análise são as ideias de “presente” e “passado”.
A figura de linguagem presente por causa da oposição destas duas ideias é a antítese.

5. B
Trata-se de uma metonímia, visto que no verso destacado, o vocábulo “braços” representa os filhos da
mulher proletária, que são tornados como mão de obra pelo senhor burguês. Dessa forma, há uma
relação de parte pelo todo.

7
Português

Figuras de linguagem I

Teoria

Sentido denotativo x Sentido conotativo


Conotação é o nome dado ao recurso expressivo da linguagem que possibilita uma palavra assumir sentido
figurado, apresentando diferentes significados sujeitos a diferentes interpretações dependentes dos
contextos nos quais se insere. Nesse sentido, temos referências e associações que vão além do significado
original e comum da palavra, ampliando, assim, a sua significação mediante circunstância de uso. É utilizada
principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em conversas cotidianas, em
letras de música, em anúncios publicitários, entre outros.

Denotação é o nome dado ao uso comum, próprio e/ou literal da palavra. Quando nos referimos ao significado
mais objetivo e simples do termo, ao qual ele é imediatamente reconhecido e associado. É o sentido
dicionarístico da palavra. É utilizada para expressar mensagens de forma clara e objetiva, assumindo caráter
prático e utilitário. Aparece em textos informativos, como jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas
de medicamentos, textos científicos, entre outros.

Link disponível em: https://paraibaonline.com.br/2020/01/manchetes-desta-segunda-feira-dos-principais-


jornais-nacionais-56/

1
Português

Figuras de linguagem ou figuras de estilo são recursos expressivos de que se vale um autor para dar maior
expressividade à comunicação. Elas podem ser classificadas em: figuras de palavra; figuras de construção;
figuras de pensamento; e figuras sonoras. O estudo desse conteúdo faz parte da estilística – ramo da
linguística que estuda a língua em sua função expressiva, analisando os processos sintáticos, semânticos e
fônicos.

Metáfora
Essa figura de linguagem consiste na alteração do significado próprio de uma palavra, advindo de uma
comparação mental ou característica comum entre dois seres ou fatos. Pode-se dizer que essa comparação
é feita de modo implícito, visto que não elemento que relacione diretamente os dois elementos. A metáfora é
uma das figuras mais utilizadas na linguagem artística, principalmente em poemas e músicas, desde sua
forma mais simples até a mais complexa. Vejamos os exemplos.

O filho da Ana é um anjinho.

“O pavão é um arco-íris de plumas”.


(Rubem Braga)

“Ouça-me bem, amor


Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó”
(Cartola)

Os poemas são pássaros que chegam


não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
(...)
(Mario Quintana)

ATENÇÃO! Não confunda a metáfora com a comparação. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos por
nexos comparativos, por exemplo: tal, qual, como, assim como, entre outros. Veja:

1. Joana é delicada como uma flor. (comparação)


2. Joana é um monstro. (metáfora)

2
Português

Catacrese
Trata-se de uma metáfora que foi cristalizada pelo uso contínuo. A catacrese ocorre quando, por falta de um
termo específico para designar um conceito, toma-se outro “emprestado”.
Ex.: Pé de Mesa – Por falta de um termo específico para designar o objeto que sustenta o tampo da mesa,
tomamos por empréstimo a palavra pé.

A “asa” da xícara não é, realmente, uma asa. Certo? Catacrese, na certa!

Outros exemplos: Dente de alho; asa da xícara; embarcar no avião (embarcar deveria ser um verbo utilizado
para se referir ao barco). Observe que na catacrese, assim como na metáfora, há sempre uma relação de
semelhança.

Prosopopeia (ou personificação)


É a atribuição de características de seres animados/humanos a seres não humanos.

Ex.: Hoje, ao abrir a janela, o sol sorriu para mim.


A natureza grita por socorro.
“Os sinos chamam para o amor”
(Mário Quintana)

3
Português

Sinestesia
Consiste na associação de sentidos e sensações que são percebidos por órgãos sensoriais diferentes.
Ex.: Ela usava um perfume doce. (perfume – olfato; doce – paladar)

Outros exemplos:
“As falas sentidas, que os olhos falavam/ Não quero, não posso, não devo contar.”
(Casimiro de Abreu)

“Esta chuvinha de água-viva esperneando luz e ainda com gosto de mato longe, meio baunilha, meio manacá,
meio alfazema.”
(Mário de Andrade)

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Exercícios

1. (Enem)

Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para
a) condenar a prática de exercícios físicos.
b) valorizar aspectos da vida moderna.
c) desestimular o uso das bicicletas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
e) criticar a falta de perspectiva do pai.

2. (Uerj)

No conto de Marina Colasanti, Bem e Mal são ideias personificadas. Essa personificação é identificada
pela narração de:
a) Ações
b) Crenças
c) Desejos
d) Sentimentos

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3. Do velho ao jovem

Na face do velho
as rugas são letras,
palavras escritas na carne,
abecedário do viver.

Na face do jovem
o frescor da pele
e o brilho dos olhos
são dúvidas.

Nas mãos entrelaçadas


de ambos,
o velho tempo
funde-se ao novo,
e as falas silenciadas
explodem.

O que os livros escondem,


as palavras ditas libertam.
E não há quem ponha
um ponto final na história
(...)
Texto de Conceição Evaristo publicado no livro Poemas da recordação e outros movimentos (Belo Horizonte: Nandyala, 2008).

Em “as rugas são letras” (l.2), foi empregada como recurso estilístico a figura de linguagem
a) antítese.
b) hipérbole.
c) metáfora.
d) metonímia.
e) catacrese.

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4.

A metáfora é uma figura de linguagem que se caracteriza por conter uma comparação implícita. O
cartum de Sizenando constrói uma metáfora, que pode ser observada na comparação entre:
a) o sentimento de desilusão e a floresta
b) a propaganda dos bancos e os artistas
c) a ironia do cartunista e a fala do personagem
d) o artista desiludido e o personagem cabisbaixo
e) a questão da desilusão e a fala do personagem

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5. (Uerj)

O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo. Essa figura é denominada de:
a) elipse
b) metáfora
c) metonímia
d) personificação
e) hipérbole

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Gabarito

1. E
Para a personagem, a bicicleta que nunca sai do lugar estabelece um ponto de intersecção com o
comportamento do pai. O sentido da metáfora reside aí, pois o menino estabeleceu uma analogia entre
bicicleta e pai, que se esforça, mas parece não conseguir alcançar seus objetivos.

2. A
(Comentário Uerj) Bem e Mal são conceitos abstratos, mas no conto de Marina Colasanti eles se
apresentam concretizados,
porque personificados, como se comprova pelas ações que executam: eles “se encontram”, “escolhem
as armas”, “aproximam-se para o encontro”, “encaram-se”, “guardam as armas”, “se envolvem em suas
capas” e “caminham”.

3. C
No texto de Conceição Evaristo, o verso “as rugas são letras” contém uma comparação implícita entre
os elementos “rugas” e “letras”. Configura-se, portanto, um caso de metáfora, visto que relaciona os dois
elementos sem nenhum conectivo de valor conclusivo.

4. A
A imagem concretiza o conceito de metáfora, à proporção que o cartum constrói uma comparação entre
a floresta – que é um conjunto de árvores – e o sentimento de desilusão, expresso pela fala do
personagem. Ele alude, de fato, a todos os artistas que o decepcionaram, vendendo sua arte para o
mercado e para a propaganda de bancos.

5. B
A metáfora é uma comparação subentendida, sem uma estrutura comparativa explícita. O poema
começa a construir uma metáfora no primeiro verso, ao dizer que "os poemas são pássaros", isto é, que
os poemas são como pássaros. Já no quarto verso, quando se diz que "eles alçam voo", "eles" refere-se
apenas aos pássaros, que, no entanto, encontram-se no lugar dos poemas.

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