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SIMULADO FUVEST – LITERATURA – 15.04.

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01. Texto para a questão:

“Toda vez que um justo grita,


um carrasco o vem calar;
quem não presta fica vivo;
quem é bom, mandam matar.”
(Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência)

1. (UFOP – adaptado) – Assinale a alternativa incorreta.

a) A fala é apresentada como símbolo do exercício de liberdade.


b) O discurso é visto como um instrumento para a luta política.
c) O condenado era proibido de falar para não atrapalhar a execução.
d) A condenação se dá como forma de bloqueio de difusão de ideias.
e) O papel da fala é o de conscientizar as pessoas por meio do debate.

Texto para a próxima questão:.

“Pareceis de tênue seda, sem peso de ação nem de hora...


– e estais no bico das penas,
– e estais na tinta que as molha,
– e estais nas mãos dos juízes,
– e sois o ferro que arrocha,
– e sois o barco para o exílio,
– e sois Moçambique e Angola!”
(“Romance III ou das Palavras Aéreas”)

02. Cecília Meireles, nesse trecho de uma composição inserida no Romanceiro da


Inconfidência, dirige-se às palavras através de

a) processo anafórico / catacrese / versos isométricos.


b) processo metafórico / antonomásia / versos heterométricos.
c) processo anafórico / metonímia / versos isométricos.
d) processo metafórico / alegoria / versos heterométricos.
e) processo anafórico / símbolo/ versos isométricos

LEIA O TEXTO:
A dois séculos de distância, o espetáculo ainda é assombroso (...) Que de tão longe
uma Rainha enlouqueça e venha a morrer no cenário final do drama; que os sonhos dos
Inconfidentes se cumpram depois de tantas sentenças; e que o Brasil se torne
independente dali a 31 anos, e a República seja proclamada exatamente ao cumprir-se
um século sobre aquelas prisões − tudo parece impregnado de um mistério claro,
desejoso de revelar-se e de se fazer compreender.
(Cecília Meireles. “Como escrevi o Romanceiro da Inconfidência”, anexo a Romanceiro
da Inconfidência. São Paulo: Global, 2012. p. 255)

03. É correto afirmar que a independência do Brasil realizou os sonhos dos


Inconfidentes, como afirma Cecilia Meireles, no que diz respeito
a) à participação massiva do povo na luta política pela soberania do país, uma vez que
a adesão popular não aconteceu a tempo, durante a Inconfidência, dado que o
movimento foi desbaratado em seu início.
b) ao combate à escravidão, perspectiva presente no movimento mineiro e que, logo
após a independência, foi uma bandeira assumida como prioridade pela princesa Isabel.
c) ao rompimento dos vínculos coloniais com Portugal, pondo fim ao ônus da pesada
tributação imposta, que cerceava o desenvolvimento econômico nacional, bem como ao
poder da coroa portuguesa em decidir os rumos do país.
d) à instituição de um Estado soberano, independente, unificando toda a Nação sob a
égide do governo da província de Minas Gerais, legitimado pelos símbolos pátrios
consagrados, como a bandeira e o hino nacional.
e) ao fim da situação de atraso no país, pois, com a abertura dos portos após a
Independência, o comércio e as exportações sofreram grande impulso, atraindo,
principalmente, investimentos ingleses.

04. No Brasil, o homem de estudo, de ambição e de sala, que provavelmente era,


encontrou condições inteiramente novas. Ficou talvez mais disponível, e o amor por
Doroteia de Seixas o iniciou em ordem nova de sentimentos: o clássico florescimento da
primavera no outono.
Foi um acaso feliz para a nossa literatura esta conjunção de um poeta de meia idade
com a menina de dezessete anos. O quarentão é o amoroso refinado, capaz de sentir
poesia onde o adolescente só vê o embaraçoso cotidiano; e a proximidade da velhice
intensifica,
em relação à moça em flor, um encantamento que mais se apura pela fuga do tempo e
a previsão da morte:

Ah! enquanto os destinos impiedosos


não voltam contra nós a face irada,
façamos, sim, façamos, doce amada,
os nossos breves dias mais ditosos. Lira XIV (Antônio Cândido)

Nos versos apresentados por Antônio Cândido, fica evidente que o eu lírico

a) reconhece a amada como única forma de não sofrer pela morte.


b) se mostra frustrado e angustiado pela possibilidade de morrer.
c) considera o presente desagradável, tanto quanto a morte iminente.
d) se entrega ao amor da amada para burlar o tempo e atrasar a morte.
e) convida a amada a aproveitar o presente, já que a morte é inevitável.

05. Texto I – À instabilidade das coisas no mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,


Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?


Se formosa a luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê Constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,


E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. SP: FTD, 1993, p. 60).

Texto II – Lira XIV

Com os anos, Marília, o gosto falta,


E se entorpece o corpo já cansado;
Triste o velho cordeiro está deitado,
E o leve filho sempre alegre salta.
A mesma formosura
É dote, que só goza a mocidade:
Rugam-se as faces, o cabelo alveja,
Mal chega a longa idade.

Que havemos de esperar, Marília bela?


Que vão passando os florescentes dias?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! Não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças
E ao semblante a graça.

(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: Martin Claret, 2007).

Confrontando o texto I (À instabilidade das coisas no mundo, de Gregório de Matos)


com o texto II (Lira XIV, de Tomás Antônio Gonzaga), podemos inferir que:

I. Contra o virtuosismo e o jogo sutil de palavras, o Arcadismo propõe uma poética


caracterizada pela simplicidade, com versos cuja cadência se aproxima do ritmo da
prosa (Texto II – estrofes 1 e 2 ).

II. O locus amoenus dos poemas é o ambiente bucólico que, tanto em Gregório de
Matos quanto em Tomás Antônio Gonzaga, reflete um desejo do eu lírico de se
aclimatar a suaves idílios campestres (Texto I – v. 1, 2 e Texto II – v.3, 12).

III. A temática da fugacidade das coisas encontra-se presente em ambos os textos;


entretanto, em Tomás Antônio Gonzaga, ela se reveste de uma proposta de fruição dos
prazeres que caracteriza o carpe diem (Texto II – v. 9-16).

IV. Em oposição ao Texto I, de Gregório de Matos, o poema de Tomás Antônio


Gonzaga faz uso da convenção arcádica onde o poeta identifica-se com uma musa que,
na Lira XIV, corresponde à Marília (v.1, 9, 13).
V. Em consonância com a proposta gregoriana (Texto I – v.12-14), o texto de Tomás
Antônio Gonzaga apresenta um dilaceramento interior marcado pela presença da
subjetividade e provocado por uma consciência pessimista da vida (Texto II – v.5-8).

Considerando as assertivas acima, é CORRETO afirmar que:

a) I, III e V estão corretas


b) II, III e V estão corretas
c) I, III e IV estão corretas
d) II, IV e V estão corretas
e) I, IV e V estão corretas

LEIA OS TEXTOS ABAIXO PARA RESPONDER ÀS PRÓXIMAS QUESTÕES:

Lira XXI – Parte II

Que diversas que são, Marília, as horas,


que passo na masmorra imunda e feia,
dessas horas felizes, já passadas
na tua pátria aldeia!

Então eu me ajuntava com Glauceste;


e à sombra de alto cedro na campina
eu versos te compunha, e ele os compunha
à sua cara Eulina.

Cada qual o seu canto aos astros leva;


de exceder um ao outro qualquer trata;
o eco agora diz: Marília terna;
e logo: Eulina ingrata.

Deixam os mesmos sátiros as grutas:


um para nós ligeiro move os passos,
ouve-nos de mais perto, e faz a flauta
cos pés em mil pedaços.

— Dirceu — clama um pastor — ah! bem merece


da cândida Marília a formosura.
E aonde — clama o outro — quer Eulina
achar maior ventura?

Nenhum pastor cuidava do rebanho,


enquanto em nós durava esta porfia;
e ela, ó minha amada, só findava
depois de acabar-se o dia.

À noite te escrevia na cabana


os versos, que de tarde havia feito;
mal tos dava e os lia, os guardavas
no casto e branco peito.

Beijando os dedos dessa mão formosa,


banhados com as lágrimas do gosto,
jurava não cantar mais outras graças
que as graças do teu rosto.

Ainda não quebrei o juramento;


eu agora, Marília, não as canto;
mas inda vale mais que os doces versos
a voz do triste pranto.
(GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu & Cartas Chilenas. São Paulo: Ática, 1997. p. 126-
127.)

06. O ideal horaciano da “áurea mediocridade”, tão cultivado pelos poetas árcades, faz-
se presente pelo registro

a) de uma existência em contato com seres míticos, como é o caso dos sátiros.
b) de uma vida raciocinante expressa por meio de linguagem elaborada
mefaforicamente.
c) da aceitação obstinada dos reveses da vida impostos pela política.
d) do prazer suscitado pelas situações difíceis a serem disciplinadamente encaradas.
e) de uma vida tranquila e amorosa em contato com a natureza sempre amena.

07. Assinale a alternativa que enumera corretamente as características do Arcadismo


brasileiro presentes no poema de Tomás Antônio Gonzaga.

a) A presença do ambiente rústico; a transmissão da palavra poética ao autor; a


celebração da vida familiar; a engenhosa elaboração pictórica do poema de maneira a
dominarem as figuras de linguagem.
b) A presença do ambiente nacional; a supressão da palavra poética; a celebração da
vida familiar; a construção pictórica do poema de maneira a dominarem as figuras de
linguagem.
c) A presença do ambiente urbano; a transmissão da palavra poética ao autor; a
celebração da vida rústica; a elaboração predominantemente hiperbólica do poema.
d) A presença de ambiente bucólico; a delegação da palavra poética a um pastor; a
celebração da vida simples; a clareza, a lógica e a simplicidade na construção do
poema.
e) A presença do ambiente nacional; a delegação da palavra poética a um pastor; a
celebração da vida em sociedade; a construção racional do poema enfatizando o
decoro e a discrição.

08. Considere o texto a seguir e assinale a única alternativa correta.

O destro Cupido um dia


Extraiu mimosas cores
De frescos lírios, e rosas,
De jasmins, e de outras flores.

Com as mais delgadas penas


Usa de uma, e de outra tinta,
E nos ângulos do cobre
A quatro belezas pinta.

Por fazer pensar a todos


No seu liso centro escreve
Um letreiro, que pergunta:
“Este espaço a quem se deve?”

Vênus, que viu a pintura,


E leu a letra engenhosa,
Pôs por baixo “Eu dele cedo;
“Dê-se a Marília formosa.”
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu, Lira XXVI, Parte I.)

a) O poema é composto de quatro estrofes em redondilha maior e apresenta uma


estrutura formal rígida (estrofes e esquema completo de rimas regulares e
emparelhadas) e, ao mencionar as cores e as flores, o eu lírico revela a visão realista
da existência.
b) O poema é composto de quatro estrofes de versos em redondilha maior e rimas
alternadas, marcando a presença de personagens da mitologia clássica (Vênus e
Cupido) para exaltar os prazeres da vida física: a beleza sedutora e o amor carnal.
c) No poema em questão, evidencia-se a presença de personagens da mitologia
clássica nos versos “O destro Cupido um dia” e “Vênus, que viu a pintura”, sugerindo
que se deve aproveitar a mocidade, fase da vida em que a beleza e o prazer são
maiores e mais intensos.
d) No poema em questão, Cupido é o hábil pintor que recorre à natureza (frescos lírios,
rosas,/ jasmins, outras flores), o locus amoenus (lugar ameno e agradável dos árcades),
extraindo dela as cores com que pinta e eleva a beleza de Marília, aceita e reconhecida
por Vênus.
e) Nos versos da última estrofe, a figura de Vênus, deusa do amor e da beleza,
representa o amor como um sentimento capaz de construir um mundo ideal, inspirado
na beleza das cores e das flores.

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