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SALGADO

MARANHÃO
ESCOLA MUNICIPAL ANTENOR GOMES VIANA JÚNIOR
BIOGRAFIA
José Salgado Santos, pseudônimo Salgado Maranhão,
nasceu em Caxias - MA, em 13 de novembro de 1953, filho de
Moacyr dos Santos Costa e Raimunda Salgado dos Santos.
Ainda menino teve contato com a literatura de cordel. Na
adolescência, mudou-se com sua família para Teresina e desde
cedo se viu na necessidade de começar a trabalhar.

Empregou-se como faz-tudo numa cadeia de lojas e começou


a frequentar a biblioteca local diariamente. Encantado pela
poesia, e principalmente com a obra de Fernando Pessoa, teve
certeza de que a produção literária guiaria sua vida. Já nessa
época, dedicava as noites ao fazer poético além de escrever
uma coluna para o jornal da cidade.
Em 1972 conhece Torquato Neto de quem se
torna amigo e é estimulado a mudar-se para o
Rio de Janeiro em busca de reconhecimento.
Com apenas 19 anos, Salgado vai para a
cidade grande e logo inicia o curso de
comunicação na PUC.

Lá ele conhece um padre jesuíta que o


apresenta às artes marciais. Vendo mais
sentido nesse universo, larga a faculdade e
passa a dar aulas de tai chi chuan.
Salgado Maranhão participou do
movimento de poesia marginal que
vigorou nos centros urbanos do país,
nos anos 70.

Seus primeiros poemas em livro foram


publicados na antologia poética
Ebulição da escrivatura: treze poetas
impossíveis, editada pela Civilização
Brasileira e organizada por Salgado,
Antonio Carlos Miguel e Sérgio
Natureza.
Em 1998, recebeu o Prêmio Ribeiro
Couto da União Brasileira dos Escritores.
Neste mesmo ano publicou Mural de
ventos, que foi agraciado, em 1999, com o
Prêmio Jabuti.

Atualmente consegue aliar à atividade da


escrita musical e poética, outra que é fonte
de sentido e equilíbrio: mestre em shiatsu
e também terapeuta corporal há mais de
dez anos, Salgado Maranhão encontra no
pensamento oriental a relativização dos
valores europeus inerentes à escrita.
PUBLICAÇÕES
OBRA INDIVIDUAL
Punhos da serpente. Rio de Janeiro: Achiamé, 1989.

Palávora. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1995. Prefácio de Silviano Santiago (poesia)

O beijo da fera. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1996.

Mural de ventos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.

Sol sanguíneo. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

Solo de gaveta & Amorágio (livro/CD). Rio de Janeiro: SESC, 2005.

A pelagem da tigra. Rio de Janeiro : Booklink, 2009.

A cor da palavra. Rio de Janeiro: Imago: Fundação Biblioteca Nacional, 2009.

A casca mítica. Prefácio de Muniz Sodré; Posfácio de Iracy Souza. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2020.
ANTOLOGIAS
Ebulição da escrivatura: treze poetas impossíveis. Organização de Salgado Maranhão,
Antônio Carlos Miguel e Sérgio Natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

O negro em versos: antologia da poesia negra brasileira. Organização de Luiz Carlos


Santos, Maria Galas e Ulisses Tavares. São Paulo: Moderna, 2005.

Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Organização de Eduardo de


Assis Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, vol. 3, Contemporaneidade.

Amor e outras revoluções, Grupo Negrícia: antologia poética. Organização de Éle Semog.
Rio de Janeiro: Malê, 2019.
POEMAS | SALGADO MARANHÃO
1. LADAINHA
Não secarás as raízes
do teu sopro
no abismo da noite púrpura;
não seguirás o fantasma
que atravessa os trilhos;
não cantarás aos muros de arrimo
tua fantasia de pássaro.
Escarpado é o chão
dos teus sapatos;
escarpado é o azul
rabiscado de estrelas;
escarpada é a rima
que lateja a alegoria
da palavra.
2. TREM DA CONSCIÊNCIA
Não espere que eu fale só de estrelas
Ou do vinho feliz
Que eu não tomei
Porque
Fora de mim
Não levo além da sombra
Uma camisa velha
E dentro do peito
E dentro do peito
Um balde de canções
Uma gota de amor
No útero de uma abelha
Não repare se eu não frequento o clube
Dos que sugam o sangue das ovelhas
Ou amargam o mel
Dessa colméia
É que eu já vivo
Tão pimenta
Tão petróleo
Que se você acende os olhos
Me incendeia
Hoje em dia
Pra gente amar de vera
É preciso ser quase
Um alquimista
Ou talvez o maquinista
Do trem da consciência
Pra te amar com tanta calma
E com tanta violência
Que a tua alma fique
Toda ensanguentada
De vivência

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