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Unidade I

LITERATURAS DA LÍNGUA INGLESA: POESIA

Profa. Andréa Cotrim


Objetivos

 Esta disciplina foca-se nas diferentes manifestações poéticas


em língua inglesa das diferentes culturas onde a língua inglesa
é falada.
 Seu objetivo principal é levá-lo a refletir criticamente sobre os
aspectos literários e linguísticos relevantes das culturas de
língua inglesa, por meio de suas obras literárias de maior
relevância, considerando a maneira como se relacionam com
os diferentes períodos históricos e, principalmente, a maneira
como elas significam no contexto brasileiro.
Objetivos específicos

 Logo, seus objetivos específicos são possibilitar a construção de


relações entre os diferentes aspectos da formação literária em
língua inglesa, capacitando-o para uma prática docente crítica.
 Finalmente, propiciar-lhe os instrumentos teóricos e práticos,
tanto de Crítica e Teoria Literária como de aspectos da tradição
inglesa em particular, para desenvolver estratégias de
interpretação literárias e culturais, levando em conta a relação
entre discurso, texto e contexto nas literaturas de língua inglesa
com a cultura brasileira.
Unidade I – A poesia de Língua Inglesa: desde os
primórdios até o Romantismo

 Tópico 1: De “Beowulf” a Chaucer


 Tópico 2: Os sonetistas elisabetanos. Em foco: William
Shakespeare
 Tópico 3: O Romantismo na Inglaterra
 Tópico 4: O Romantismo na América
O conceito de gênero

 Gênero é uma das maneiras por meio das quais são categorizadas
as diferentes formas literárias e culturais.
 Na fala e na escrita, na música e nas imagens, no cinema e na
televisão, ou seja, em todas as formas textuais, os gêneros dão
forma ao conhecimento; eles contribuem para estruturar os
significados de uma sociedade.
 Nesse contexto, os gêneros devem ser entendidos como
processos dinâmicos. Assim, o que interessa é considerar como
os gêneros funcionam na prática, uma vez que eles dão forma ao
modo como entendemos o mundo.
 Portanto, os gêneros não são simplesmente estilos, mas eles
criam efeitos de “realidade e verdade”.
O conceito de gênero (2)

 Para entender os gêneros, precisamos conhecer não somente


suas características formais, mas também o contexto social
nos que são desenvolvidos.
 Desde o Classicismo, os gêneros literários têm sido
organizados em lírica, épica e drama. A lírica hoje é conhecida
como poesia; por sua vez, os poemas épicos ou narrativos se
desenvolveram como narrativas em prosa, e o drama
corresponde ao teatro.
 Focaremos na poesia em suas tradições literárias, desde os
primórdios nas Ilhas Britânicas, passando pela poesia norte-
americana até as tradições literárias consideradas como pós-
coloniais como a poesia canadense, indiana, africana e
caribenha.
O conceito de gênero (3)

 O gênero poesia é um dois mais antigos e começa a se gestar na


literatura oral.
 Alguns dos primeiros exemplos na tradição ocidental remontam-
se à literatura da Grécia Antiga, na forma da lírica.
 Esse termo deriva do instrumento lira e relaciona a poesia com a
música. Assim, os poetas da Idade Média recitavam poemas ao
som da lira. O termo poesia também está relacionado ao termo
grego poeio que significa “fazer” ou “produzir”. Nesse sentido, o
poeta seria aquele que faz versos.
 A poesia se subdivide em poesia narrativa, como no caso das
baladas, as quais narram uma história; os poemas líricos, curtos e
reflexivos.
Tópico 1: De “Beowulf” a Chaucer

 Conforme Hall (1992:59), uma cultura nacional busca unificar


seus membros em uma identidade cultural para representá-los
como pertencendo à mesma e grande família nacional.
 Mas a construção de uma identidade nacional implica uma
estrutura de poder que vai necessariamente impor algumas
formas culturais em detrimento de outras.
 Estudar a cultura e a literatura do “povo britânico” implica
considerar o longo processo de relações violentas entre
romanos, celtas, saxões, vikings e normandos. Cada um
desses povos subjugou os conquistados pela imposição de
sua própria cultura.
“Beowulf”

 Foram os monges cristãos que recolheram as narrativas orais


dos saxões, transmitidas de geração em geração e, nos seus
mosteiros, registraram-nas por meio da palavra escrita.
 Essa literatura está em forma de verso, mais do que prosa,
porque a rima ajuda à memorização e à transmissão da
literatura oral.
 “Beowulf” é o mais antigo poema conhecido em língua inglesa.
É um manuscrito saxão que data do século dez sobre um
poema composto ao redor do ano 700. A ação acontece na
Escandinávia, em um tempo remoto àquele da sua audiência.
“Beowulf” (2)

 Beowulf é um guerreiro importante. Pelo fato desse poema ter


sido reescrito por um monge cristão, ele encarna as virtudes
que eram apreciadas na Idade Média, como a coragem e a
lealdade. Seu nome significa “lobo das abelhas” ou “urso”.
 Só que em vez de lutar contra homens, ele luta contra um
monstro, Grendel, que, por longo tempo, tinha atacado o reino
do Rei Hrothgar.
 Esse enfrentamento representa a luta entre o bem e o mal,
revelando um dos fins da literatura: estabelecer os valores de
uma comunidade.
 Podemos perceber a reescrita por um monge cristão não só nas
referências ao bem e ao mal, mas também devido à presença de
um único deus e de passagens bíblicas.
A Idade Média: a chegada dos normandos

 A invasão normanda de 1066 foi liderada por William I (1066-


1087), O Conquistador.
 Essa invasão ligou as Ilhas Britânicas à França na Idade Média.
Os normandos trouxeram a cultura e a língua francesa para a
ilha, dando um fim ao período saxão que unia a Inglaterra com
o continente.
 Foi William I quem instaurou o sistema feudal na Inglaterra
quando dividiu as terras entre os nobres que, ao seu lado,
invadiram a ilha.
 A língua, a literatura e a cultura saxã foram reduzidas a um nível
de subordinação aos novos senhores. Uma das consequências
foi a introdução da língua francesa.
As novas narrativas literárias

 A nobreza não falava inglês, o qual continuou a ser falado pelo


povo.
 Embora a literatura fosse escrita em francês para a nobreza, o
fato de estar longe da França fez com que o idioma perdesse
sua pureza. Como consequência, o latim se torna a linguagem
da cultura. Por outro lado, a língua inglesa (Middle English)
incorporou muitos vocábulos importados da língua francesa.
 Surgem as primeiras narrativas do romanesco. A mais famosa é
a da saga do “Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda”. As
histórias contam a saga do Rei Artur, sua esposa Guinevere e
dos cavalheiros Gawain e Percival, e sua busca pelo Cálice
Sagrado.
“O Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda”

 Tendemos a associar o romanesco às narrativas de amor. Porém,


o tema principal é a cavalaria e suas muitas façanhas heroicas; o
amor sempre está subordinado às peripécias dos cavaleiros.
 Por sua vez, essas histórias romanescas não têm um enredo
central único, mas são compostas por uma sequência de
incidentes relacionados. As personagens são “tipos”, mais do que
indivíduos.
 A importância dessas narrativas reside no fato de que elas
representam o cavaleiro ideal (Lancelot, Tristam, Gawain), que,
por sua vez, encarna as virtudes da época. A única maneira de um
cavaleiro se distinguir é mostrando sua superioridade sobre os
outros.
Artur

 O romanesco é um gênero aristocrático. As primeiras lendas


arturianas foram escritas em francês, tanto na França como na
Inglaterra.
 No século 13, quando os normandos já haviam saído da
Inglaterra há quase um século, o inglês se tornara a língua da
classe alta.
 Essa lenda ficou conhecida na Europa com a publicação de
Geoffrey de Monmouth (1137) e do francês Chretien de Troyes
(1160-90).
 Conta a lenda que um artesão se ofereceu para fazer uma mesa
redonda, que poderia ser levada de um lugar para outro, ao
redor da qual poderiam se sentar cento e sessenta pessoas ou
mais.
Interatividade

O romanesco não:
a) Designa um tipo de narrativa associada ao maravilhoso.
b) Narra algo inverossímil.
c) Descreve um mundo idealizado.
d) Chega aos ingleses pelas mãos dos franceses.
e) Se populariza no século XVIII.
Resposta

O romanesco não:
a) Designa um tipo de narrativa associada ao maravilhoso.
b) Narra algo inverossímil.
c) Descreve um mundo idealizado.
d) Chega aos ingleses pelas mãos dos franceses.
e) Se populariza no século XVIII.
O Príncipe de Ladrões

 Robin Hood roubava dos ricos para dar aos pobres. Essa
história aconteceu quando a Casa de Anjou estava no poder.
 O último rei da Casa de Normandia, estabelecida por William I,
foi Henry I (1100- 1135). Ele foi sucedido pela Casa de Anjou,
cujos mais famosos expoentes foram os reis Ricardo Coração
de Leão (1189-1199), famoso por sua participação na Terceira
Cruzada, cujo resultado foi a recuperação de Jerusalém dos
chamados “infiéis”, e seu irmão, que entrou para a história
como João Sem Terra (1199-1216).
 João era o filho menor e, por isso, não teve direito à posse de
terras. Diferentemente de seu irmão, o querido rei Ricardo, João
ficou conhecido pelas suas injustiças.
“Robin Hood”

 Sua história chegou até os nossos dias por meio das baladas,
um dos gêneros populares da época. Nessas narrativas, o
herói, junto com seus amigos: o Pequeno John, Will Scarlet e
Much, o filho do dono do moinho; e seus inimigos: o rei João, e
o xerife, participam de várias aventuras nas quais Robin
sempre triunfa.
 Ao redor do ano 1500, muitas dessas aventuras haviam sido
coletadas em forma de episódio, em “A Gesta de Robin Hood”,
elas eram recitadas em castelos, tavernas, feiras e em todos os
lugares onde as pessoas se reuniam, por isso podemos afirmar
que as narrativas orais foram a base dos episódios escritos.
A emergência da burguesia

 O século treze é marcado por uma transformação geral do


feudalismo, cujo resultado foi o crescimento da “agricultura
capitalista”.
 Ao final do século treze, quase todas as cidades alcançaram
certa autonomia.
 Então, depois de obter isenção dos tributos feudais, o principal
objetivo de qualquer cidade era manter seus negócios nas
mãos dos próprios burgueses, baseando-se no princípio de que
apenas aqueles cujo trabalho tivesse contribuído para a
libertação da cidade teriam o direito de compartilhar dos seus
privilégios.
Geoffrey Chaucer

 Todas essas mudanças na economia e na sociedade da Inglaterra


fizeram surgir um novo tipo de narrativa literária.
 Um dos poetas importantes foi Geoffrey Chaucer. Acredita-se que
Chaucer nasceu em 1340, quando a Guerra dos Cem Anos com a
França tinha começado. Três vezes durante sua vida, a Peste
(Black Death) assolou a Inglaterra entre 1348 e 1349.
 No ano 1381, houve uma grande revolta quando as pessoas do
campo se rebelaram por pensarem ter os mesmos direitos da
nobreza. Chaucer pertencia a essa classe social ascendente: sua
família não era nem do clero nem da nobreza, mas de ricos
comerciantes. Cedo, Chaucer tornou-se pajem na casa da
Duquesa de Ulster, esposa de Lionel, filho do Rei Eduardo III.
Geoffrey Chaucer (2)

 Em 1359, foi soldado na França, onde foi feito prisioneiro. O rei


Eduardo III precisou pagar o seu resgate.
 Em 1366, Chaucer se casou com Philippa, uma mulher de classe
alta, a serviço da rainha.
 Há registros mostrando que Chaucer foi contratado para realizar
missões a serviço do rei tanto na Inglaterra, quanto no continente,
o que lhe permitiu entrar em contato com outras línguas e
literaturas, como a italiana e a francesa.
 Chaucer, porém, escreveu em inglês, em um dos dialetos da
cidade de Londres. Como achava a linguagem limitada, importou
termos do francês e da literatura europeia para a língua inglesa.
“Os Contos de Cantuária”

 Por meio d´“Os contos de Cantuária”, ele criou histórias


retratando o dia a dia do homem e da mulher comum. A visão que
perpassa seu texto é bem-humorada e cheia de amor pela
humanidade.
 A narrativa está organizada ao redor de uma peregrinação a
Cantuária, cidade onde há o santuário do mártir Sir Thomas
Becket.
 Esses tipos de peregrinações eram comuns nessa época. Quando
a primavera chegava e a neve se derretia, as estradas tornavam-se
mais seguras e as pessoas de todos os níveis sociais iam para os
lugares sagrados. Assim, começa o “Prólogo” à narrativa.
“The Canterbury Tales”

 Os peregrinos viajavam juntos e era comum se reunirem na


Taverna (Tabard Inn) na cidade de Londres.
 Durante as peregrinações, as pessoas que iam e voltavam da
Cantuária contavam histórias e o melhor narrador ganhava um
jantar oferecido pelo dono da pousada. Geoffrey Chaucer narra
em primeira pessoa, retratando a si mesmo como um peregrino.
 Todos os tipos sociais são retratados: há um barão, um
cavaleiro, um doutor, um advogado, um comerciante, um
marinheiro, religiosos, um fazendeiro e um cozinheiro de
Londres.
 Por meio de todas as vozes de suas personagens, Chaucer
critica a sociedade de seu tempo.
Tópico 2: Os sonetistas elisabetanos
Em foco: William Shakespeare

 A passagem do teocentrismo para o antropocentrismo marcou a


transição da Idade Média para a Renascença. Na ordem
teocêntrica, Deus era colocado no centro de tudo. No
antropocentrismo, o homem, com suas dúvidas e questões
filosóficas, passa a ocupar o centro do pensamento e das artes.
 Assim, a transição de Chaucer a Shakespeare é também marcada
pela mudança da ordem teocêntrica para a nova ordem, em que o
homem está no centro dos acontecimentos. É um mundo novo.
 Foi uma época de florescimento do teatro, da poesia e da prosa.
A poesia e o teatro no período elisabetano

 No campo da filosofia, destaca-se Sir Francis Bacon (1561-1626).


 Nessa época, o romance ainda não existia, mas havia narrativas
pastorais, como as de John Lyly (1553-1606).
 Na poesia lírica, destacamos o soneto. Conforme a rima e o tipo
de estrofe, pode-se distinguir entre o soneto italiano (ou de
Petrarca – 1304-1374), conhecido como soneto spenseriano, e,
finalmente, pelo soneto shakespeariano.
 Um dos pontos em comum, além da forma, é o tema dos sonetos,
o amor.
A forma do soneto

 A respeito da forma, enquanto o soneto de Petrarca consiste de


uma oitava com rima abba abba, seguido de um sexteto de rima
variável, Wyatt utiliza a oitava de Petrarca, mas a rima do sexteto é
cddc ee.
 Spenser (1552-1599) está entre os maiores poetas. “The Fearie
Queene” é uma alegoria sobre as virtudes humanas. A Rainha
Elizabeth I é ficcionalizada por meio da figura de Gloriana, pois a
“glória de seu governo” deveu-se ao seu caráter virtuoso.
 Por fim, chamamos a atenção para a estrutura do soneto
shakespeariano: quatorze versos, três quartetos e um dístico ou
epígrafe e sua rima: abab cdcd efef gg. Cada quarteto introduz
uma imagem que se relaciona com o tema do poema.
O soneto shakespeariano

 Por sua vez, essas imagens apresentam aspectos em contraponto


do mesmo tema que se resolvem no dístico final.
 As figuras da linguagem visuais (imagens) e rítmicas ou acústicas
(rima) contribuem para enfatizar os significados do tema
apresentado.
 Os temas principais dos 154 sonetos são o amor, a admiração
pela beleza física, a riqueza intelectual e a arte.
 Sua estratégia retórica principal é o “conceito”, uma imagem
criada por meio de analogias, como mostra o verso inicial do
soneto 18 de Shakespeare: “Shall I compare you to a summer’s
day?”. Os dois versos finais, por sua vez, expõem o tema
principal: “So long as men can breathe or eyes can see,/So long
lives this, and this gives life to thee”.
O teatro

 Algumas referências ao gênero teatro, que foi o gênero mais


popular da época, ou seja, uma das formas da cultura oral em uma
sociedade onde poucos sabiam ler ou escrever. Aliás, as
personagens nobres falam em forma de poesia.
 Na Inglaterra, o teatro não tinha uma reputação boa e esse fato se
explica ao considerarmos os acontecimentos ocorridos nos
palcos nos últimos dias do Império Romano.
 Na época medieval havia duas formas de teatro, as peças de
“mistérios” e as de “milagres”. Os mistérios eram uma espécie de
peça religiosa introduzida na Inglaterra pelos normandos,
baseadas em personagens das Sagradas Escrituras. Tratavam dos
milagres de Cristo e seus seguidores.
O teatro (2)

 Os mistérios e milagres eram representados no dia de Corpus


Christi e encenavam as peças baseadas em incidentes da Bíblia
como “A Última Ceia.
 No século XV aparecem as peças chamadas “moralidade” e
“interlúdios”.
 As moralidades eram alegorias: apresentavam ideias abstratas
como se fossem pessoas. Por exemplo, na peça “Everyman”
(Todos Nós), a Morte aparecia a Everyman e chamava os
amigos para acompanhá-lo em sua morte: a Beleza, Os Cinco
Sentidos, O Poder, A Inteligência; mas só “Boas Ações” estava
disposta a viajar ao túmulo com ele. Finalmente, os interlúdios
eram encenados nos castelos e nas casas de pessoas ricas
durante as comemorações.
Interatividade

O soneto shakespeariano caracterizava-se por:


a) Doze versos, três quartetos e um dístico e rimas abba cdcd
efef gg.
b) Quatorze versos, três quartetos e um dístico ou epígrafe e sua
rima: abab cdcd efef gg.
c) Uma oitava com rima abba abba, seguido de um sexteto de
rima variável.
d) Uma oitava abba abba e um sexteto cddc ee.
e) Duas oitavas com rima abba abba, seguido de um quarteto
de rima variável.
Resposta

O soneto shakespeariano caracterizava-se por:


a) Doze versos, três quartetos e um dístico e rimas abba cdcd
efef gg.
b) Quatorze versos, três quartetos e um dístico ou epígrafe e sua
rima: abab cdcd efef gg.
c) Uma oitava com rima abba abba, seguido de um sexteto de
rima variável.
d) Uma oitava abba abba e um sexteto cddc ee.
e) Duas oitavas com rima abba abba, seguido de um quarteto
de rima variável.
A época elisabetana

 Duas formas de teatro vão se impor: a tragédia e a comédia. As


primeiras peças trágicas eram baseadas em Sêneca e
começaram a ser escritas por volta de 1580 por fidalgos
inspirados no escritor romano.
 Christopher Marlowe (1564-1593) escreveu “Tamberlaine, The
Great”, “The Jew of Malta” e “Fausto”; fez do uso metafórico da
linguagem uma parte estrutural das peças de teatro.
 Na comédia destaca-se Ben Jonson (1572-1637). Sua sátira
levou às autoridades a fechar os teatros e levar à prisão o
dramaturgo e seus atores. Sua peça mais conhecida é “Every
Man in His Humor”. Percebe-se uma ácida crítica à sociedade
inglesa.
Em foco: William Shakespeare

 William Shakespeare (1564-1616) tornou-se o grande nome do


teatro inglês. Autor de comédias, tragédias, peças históricas e
sonetos, Shakespeare nasceu no reinado de Elizabeth I.
 Seu nome apareceu por escrito pela primeira vez em 1594, com
a publicação de sua peça “Titus Andronicus”. Já em 1599 era o
dono do Teatro Globo. Foi no final do século dezoito e no
começo do século dezenove, no auge do império britânico, que
sua metáfora foi elevada à categoria de narrativa nacional,
tornando-se elemento de dominação entre as culturas
colonizadas pelos ingleses. Ele foi um dos primeiros escritores
a ser incluído no cânone inglês, quando a literatura inglesa
tornou-se tema de estudo para trabalhadores, mulheres e
colonizados.
Em foco: William Shakespeare (2)

 Muito tem-se falado da originalidade de Shakespeare, alegando


que seus temas não eram novos. Suas fontes foram romances
italianos e franceses, livros de viagem, poemas latinos.
 Para suas tragédias e peças históricas, as fontes eram a morte
de reis, crônicas, livros de história, biografias, peças mais
antigas. Muitas vezes, suas peças eram reescritas de histórias
já existentes. Sua arte não residia na novidade de seus temas,
mas na qualidade e no vigor de seus enredos.
 Assim, passeamos pelos campos de batalha da Guerra das
Duas Rosas à Dinamarca de “Hamlet”, da Verona de “Romeu e
Julieta”, à ilha de Próspero, no novo mundo, aos intrincados
labirintos que são a alma e o coração humano.
A Idade da Razão

 Os “poetas metafísicos” escreviam temas espirituais e


filosóficos. O mais notável é John Donne (1572-1631). Sua
produção pode ser dividida em duas partes: a poética do jovem
“Jack Donne”, em que o desejo carnal é o principal tema e os
sermões religiosos do Dr. Donne, após ser ordenado pastor da
igreja da Inglaterra em 1615, tornando-se capelão do Rei
James I.
 O caráter de sua poesia é dialógico. Nela, Donne tenta
reconciliar os valores medievais com a concepção moderna do
universo: o desejo carnal e espiritual, a relação entre
pensamento e sentimentos, o conflito entre a fé e a razão. Daí,
a forma elíptica, tom argumentativo, rima irregular e o uso dos
conceitos que dificultam a leitura, mas tornam sua poesia atual.
John Milton

 John Milton (1608-1674) envolveu-se na luta entre anglicanos e


puritanos, colocando-se ao lado dos puritanos na Guerra Civil
(1642-1647) e participando do Protetorado de Oliver Cromwell.
 Milton escreveu panfletos, ressaltando que a autoridade dos
reis derivava do povo e esse tinha o direito de tomar a justiça
nas suas mãos. Após sua publicação, Milton foi nomeado
Secretário de Línguas Estrangeiras.
 Com a morte de Cromwell e a restituição de Charles II à Coroa
inglesa, Milton sofreu perdas econômicas, precisando se
afastar da vida pública, dedicando-se à poesia.
“O Paraíso Perdido”

 “Paradise Lost” foi publicado em 1667, durante a Restauração.


É um poema didático, motivado por razões morais, religiosas e
patrióticas.
 Milton acreditava que a melhor maneira de servir a seu país era
expressando ideais nobres e religiosos por meio da sua poesia.
Sua fonte de inspiração foi a versão da Bíblia publicada pelo
Rei James.
 A estrutura épica do poema foi inspirada em “A Ilíada”, de
Homero, e “A Eneida”, de Virgílio.
 “Paradise Lost” é a obra de um homem que ficara cego em 1651
e sentia-se desapontado com o curso que os eventos tinham
tomado na Inglaterra com o fim do Protetorado e a Restauração.
“O Paraíso Perdido” (2)

 O poema narra a história da queda de Adão do Paraíso, como


rezam os versos de abertura do Livro I do poema:
“Of Man’s first disobedience and the fruit
Of that forbidden tree whose mortal taste
Brought death into the world and all our woe,
With loss of Eden, till one greater Man
Restore us and regain the blissful seat,
Sing, Heavenly Muse”
 Mas o poema pode ser lido como uma analogia ao fim do
Protetorado.
“O Paraíso Perdido” (3)

 Assim, muitas das suas passagens são comentários relativos à


situação política da Inglaterra e críticas à Corte de Charles II,
relacionando a queda de Adão à perda da sua própria liberdade,
ao final do Protetorado.
 Porém, embora a Revolução Puritana tenha sido derrotada com a
volta da monarquia, houve mudanças consideráveis ao limitar o
poder do rei e inaugurar uma época de maior tolerância.
Tópico 3: O Romantismo na metrópole

 O Romantismo inglês, entre 1770 e 1840, inicia-se com a


publicação das “Lyrical Ballads” (Baladas Líricas), em 1798,
pelos poetas William Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge. O
Prefácio de Wordsworth à segunda edição das “Lyrical
Ballads”, em 1800, é conhecido como o “manifesto político” do
Romantismo.
 Os poetas associados com o Romantismo dividem-se em dois
grupos. Os da primeira geração são William Blake (1757-1827),
William Wordsworth (1770-1850) e Samuel Taylor Coleridge
(1732-1834). Os da segunda geração são George Gordon, Lord
Byron (1788-1824), John Keats (1795-1821) e Percy Bysshe
Shelley (1792-1822).
A poesia do Romantismo: Crítica à nova ordem
industrial

 O Romantismo foi produto do movimento social, político e


cultural inspirado na profunda mudança de sensibilidade,
resultado da Revolução Francesa e da Revolução Americana e
afetou não só a literatura, mas todas as artes.
 Na esfera intelectual, implicou uma reação violenta contra o
racionalismo do Iluminismo e o interesse na literatura
neoclássica da Idade da Razão. Na esfera social, foi a favor dos
movimentos humanitários, como a luta contra a escravatura e a
melhora das condições de vida dos trabalhadores.
 Um dos poemas que retrata essa atitude é “London”, de Blake,
em que o poeta denuncia a cidade como indiferente aos
sofrimentos dos seres.
A poesia do Romantismo: Crítica à nova ordem
industrial (2)

 A filosofia do Romantismo foi de afirmação da “experiência


individual” e um profundo sentido do “transcendental e
infinito”.
 Sua principal estratégia de composição foi a “imaginação”.
Então, se na Idade da Razão a imaginação do escritor (Dryden,
Pope, Johnson) era limitada às formas ditadas pelos gêneros
clássicos e a razão, no Romantismo, a “imaginação” foi a
principal estratégia de composição.
 Por meio da imaginação, o poeta tinha a capacidade de
“transcender” o mundo material e físico e ascender ao mundo
espiritual. Essas visões lhe revelavam grandes verdades, as
quais eram transmutadas em poemas. Nesse sentido, a
imaginação era muito mais poderosa que a razão.
A poesia vitoriana

 Elizabeth Browning foi muito mais apreciada na sua época pela


emoção suscitada por sua escrita.
 Os temas de sua poesia são as causas nobres como a reforma
social, os problemas das classes menos favorecidas e a
condição da mulher.
 Um de seus poemas mais conhecidos é “Aurora Leigh” (1857),
composto em oito partes.
 Elizabeth também recebeu críticas, pois acreditava-se que sua
temática teria sido melhor desenvolvida em prosa do que em
poesia e de maneira mais sucinta.
Tópico 4: O Romantismo na América

 Antes da chegada dos europeus à América do Norte, as


narrativas dos nativos eram muito variadas, segundo a cultura
de cada um desses povos.
 Ao mesmo tempo, eram literaturas orais, repassadas de uma
geração a outra nas diferentes comunidades.
 Os povos caçadores, como os navajos, possuíam narrativas
diferentes daquelas dos povos agricultores, como os acoma,
que viviam em aldeias. Alguns dos elementos em comum eram
a reverência pela natureza, tratada como uma mãe espiritual.
 As personagens principais dessas narrativas eram derivadas da
natureza como animais ou plantas.
Interatividade

Assinale a alternativa incorreta. O “Paraíso Perdido”, de John


Milton:
a) Foi inspirado em “A Ilíada”, de Homero, e “A Eneida”, de
Virgílio.
b) Narra a história de um plebeu católico.
c) Pode ser lido como uma analogia ao fim do Protetorado.
d) Narra a derrota da Revolução Puritana.
e) Narra a volta da monarquia.
Resposta

Assinale a alternativa incorreta. O “Paraíso Perdido”, de John


Milton:
a) Foi inspirado em “A Ilíada”, de Homero, e “A Eneida”, de
Virgílio.
b) Narra a história de um plebeu católico.
c) Pode ser lido como uma analogia ao fim do Protetorado.
d) Narra a derrota da Revolução Puritana.
e) Narra a volta da monarquia.
As narrativas coloniais

 Todos os gêneros orais podem ser encontrados na literatura


nativa americana: letras de canções, cânticos, mitos, contos de
fadas, provérbios, narrativas épicas, histórias e lendas. Entre
elas, encontram-se narrativas míticas sobre a criação, segundo
crenças e filosofias dos diferentes povos nativos.
 No que diz respeito às canções ou poesias, elas assumem a
forma de canções de ninar, de guerra, de amor, ou de magia e
dança.
 As primeiras narrativas que os europeus levaram para a
América são as “de exploração”. Podemos destacar o diário de
Cristóvão Colombo (1492), chamado de “Epístola” (1493), em
que narra as peripécias no cruzamento do Oceano Atlântico até
a chegada no continente americano.
Estados Unidos

 Uma das primeiras narrativas de um europeu em solo norte-


americano é a do Capitão John Smith, que, em 1607, ajudou a
fundar a colônia de Jamestown.
 Seus textos “True Relation of Virginia” (1608) e “Description of
New England” (1616) são propagandas que tentam persuadir o
leitor a se estabelecer no Novo Mundo.
 Sua narrativa “General History of Virginia, New England and the
Summer Isles” (1624) contêm uma das histórias mais
conhecidas do Novo Mundo, a maneira como ele foi resgatado
das mãos dos índios pela filha do chefe, a bela índia
Pocahontas.
Narrativas dos puritanos

 Uma dessas narrativas, chamada de “New England


Annoyances”, pode ser considerada a “primeira música folk”
da América do Norte.
 É uma paródia dos textos que queriam atrair colonos para o
Novo Mundo. Porém, em vez de celebrar o clima, o solo e a
abundância da América, apresenta com humor as muitas
dificuldades com que se encontram os novos colonos.
 Os puritanos, por sua vez, favoreciam a literatura religiosa,
cujo objetivo era louvar a Deus e tornar a Bíblia familiar. Eles
transitaram por todos os gêneros: sermões religiosos, poesia
metafísica, relatos religiosos, diários etc. O fracasso levava à
condenação, o sucesso era recompensado com a graça de
Deus, manifestada no bem-estar econômico.
A criação da tradição literária norte-americana

 O século dezenove é de grande importância na formação da


tradição literária norte-americana, já que é o momento em que
as narrativas do novo continente não serão mais associadas à
tradição literária da Inglaterra.
 A língua inglesa falada na América já havia adquirido a
cadência e o vocabulário do novo continente, evidenciando a
formação de uma nova cultura e, por extensão, de uma nova
tradição nacional e literária.
 A literatura dos Estados Unidos é a primeira literatura pós-
colonial.
 Os escritores norte-americanos vão apontar o seu olhar não
para Europa, mas para o centro de seu continente,
desenvolvendo uma nova tradição literária.
O Romantismo norte-americano

 No caso dos Estados Unidos, o Romantismo coincidiu com “a


expansão nacional”, a descoberta de uma voz “norte-
americana”, a consolidação da identidade nacional e o
idealismo emergente dessa época.
 O Romantismo implicou um voltar-se para a natureza, vista
como grandiosa; o “Ser” não é um processo egoísta, mas um
processo para se reconectar com a humanidade.
 O Movimento Transcendentalista, que foi uma reação ao
racionalismo do século dezoito, está associado ao
Romantismo. Eles acreditavam na unidade entre Deus e o
mundo, que se expressava por uma “grande alma”.
 A alma de cada homem era parte dessa grande alma,
manifestada, por exemplo, no contato com a natureza.
Os essencialistas

 No caso dos ensaístas destacam-se dois grandes pensadores:


Ralph Waldo Emerson e Henry David Thoreau; foram eles que
ajudaram a criar uma base teórica para o Transcendentalismo.
 Em seu livro “Nature” (1836), Emerson expressa seu amor
pelos cenários naturais, a necessidade de uma visão nacional,
a confiança na experiência pessoal e a noção da “Grande
Alma”.
 Henry David Thoreau (1817-1862) escreve “Walden or Life in the
Woods” (1854), resultado das experiências do tempo em que
morou em uma cabana, construída por ele mesmo, dentro da
propriedade Walden Pond, de Emerson.
 Seu ensaio “Civil Disobedience” teoriza sobre a resistência
pacífica, que inspirou Gandhi e Luther King.
Walt Whitman (1819-1892)

 Whitman se opunha à expansão da escravatura aos territórios


adquiridos após a Guerra com o México. Durante a Guerra Civil,
trabalhou como enfermeiro.
 Ele ficou conhecido em 1855 quando publicou sua obra “Leaves
of Grass” que mostra a afinidade do poeta com a natureza.
Whitman canta o novo homem norte-americano e sua nova
sociedade democrática. “Leaves of Grass” é uma coleção de
poemas. O mais longo de todos é “Song of Myself”, de 52 estrofes
ou partes, é uma apologia a si mesmo – esse ser ideal cuja visão
vai além da do homem comum.
 Esse é um poema que revela o espírito democrático ao incluir
homens e mulheres de todas as classes, raças e profissões na
formação da nação americana.
Emily Dickinson (1830-1886)

 Oriunda da cidade calvinista de Amherst, Massachusetts,


Dickinson se recusou ao papel convencional da mulher no
século dezenove: não casou, nem levou uma vida religiosa
ativa. Assim, a poesia tornou-se sua ferramenta para se
problematizar e se comunicar com o mundo.
 Dickinson estabeleceu uma relação dialógica com a sociedade.
Na esfera do privado, sua poesia referia-se a temas não
convencionais para uma mulher: ela não louvava o amor ou a
família, mas se utilizava da poesia para problematizar os
valores de sua sociedade.
 Na esfera social, não se interessou pelas grandes causas
nacionais, como a Guerra Civil. Dickinson levou uma vida de
reclusão, preferindo a vida do intelecto.
Emily Dickinson (1830-1886) (2)

 Em 1850, deixou de frequentar a igreja, mantendo uma atitude


crítica em relação ao discurso religioso, influência dos
transcendentalistas e seu louvor à natureza. Sua poesia é como
um pivô a partir do qual ora considera os princípios do
Protestantismo, ora os do Transcendentalismo, tomando
elementos de ambos e não se convertendo a nenhum.
“This is my letter to the World/ That never wrote to Me-
The simple News that Nature told-/ With tender Majesty
Her message is committed/ To Hands I cannot see-
For love of Her –Sweet- countrymen/ Judge Tenderly – of Me”
 A poesia de Dickinson é “heurística”, pois busca o
conhecimento.
O Naturalismo norte-americano: Uma crítica social

 Nesse período destacam-se os nomes de três poetas,


associados com outra região dos Estados Unidos: o meio-
oeste. Eles são Carl Sandburg (1878-1967), Edgar Lee Masters
(1868-1950) e Vachel Lindsay (1879-1931).
 O poema “Chicago” (1916), de Carl Sandburg, é urbano e recria
o ritmo da vida de uma das grandes cidades industriais do
norte dos Estados Unidos.
 O poeta prefere enfatizar a habilidade do ser humano para se
impor sobre as dificuldades da sociedade industrial.
Canadá

 Os primeiros exemplos de poesia no Canadá olham com


nostalgia para a Europa, ao invés de olhar para o futuro, para o
novo continente.
 Aos poucos, enquanto o Canadá se aproxima de sua autonomia
como nação, começam a surgir as novas vozes que conseguem
adequar forma e conteúdo de modo a expressar suas novas
experiências com uma cadência linguística e poética própria do
Canadá.
 Entre os nomes que se destacam nesse período, podem ser
mencionados: Charles Sangster (1822-1893) e Isabella Valancy
Crawford (1850-1887).
Os poetas da confederação

 Embora os poetas Charles G. D. Roberts, Bliss Carman,


Archibald Lampman e Duncan Campbell Scott tivessem
somente sete anos durante a Confederação Canadense de 1867
foram chamados de os “Poetas da Confederação”.
 Seu momento de proeminência foi entre 1867 e a Primeira
Guerra Mundial.
 Um dos temas de interesse de todos eles foi o nacionalismo e a
colaboração para a formação de uma identidade cultural
nacional.
Conclusão

 É bom lembrar que a literatura é central na formação de uma


identidade nacional, ao mesmo tempo em que ela reproduz os
valores que essa comunidade entende como os norteadores de
sua cultura.
Interatividade

A poesia de Dickinson é chamada de “heurística”, pois:


a) Traduz seu anseio pelo dinheiro.
b) Busca a felicidade, por meio da construção de versos.
c) Busca o conhecimento e o entendimento do mundo.
d) Prioriza seu desapego às coisas materiais.
e) Reforça o desejo constante pela beleza.
Resposta

A poesia de Dickinson é chamada de “heurística”, pois:


a) Traduz seu anseio pelo dinheiro.
b) Busca a felicidade, por meio da construção de versos.
c) Busca o conhecimento e o entendimento do mundo.
d) Prioriza seu desapego às coisas materiais.
e) Reforça o desejo constante pela beleza.
ATÉ A PRÓXIMA!

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