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Lusíadas

Biografia de Luís de Camões


Luís Vaz de Camões foi um poeta português, considerado uma
das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas
da tradição ocidental. Ele nasceu em 1524, na cidade de Lisboa, ou
assim se acredita, pois, a vida do escritor é cercada de especulações
e lendas. Mas acredita-se que tenha estudado Filosofia e Literatura
na universidade de Coimbra.
O poeta lutou, como soldado, em Ceuta, no território de
Marrocos. Nesse período perdeu o olho direito em batalha contra os
mouros. Quando regressou a Portugal, em 1552, foi preso devido a
um desentendimento com um funcionário do Paço, Gonçalo Borges.
Um ano depois, recebeu perdão do rei, e partiu então para Goa,
Índia. Acreditasse que ele começou a escrever a sua obra mais
conhecida, a epopeia “Os Lusíadas” nessa viagem.
Os últimos anos de Camões são vividos na mais absoluta
miséria. Falecendo em 10 de Junho de 1580 em Lisboa. O seu corpo é
sepultado num canto qualquer do cemitério do Convento de
Santana.

Reinados e descobrimentos
Para se entender melhor os Lusíadas tem de se compreender a
época em que Camões viveu. Uma época marcada pelos
descobrimentos.
Em 1415 os portugueses atravessaram o Mediterrâneo e
tomaram Ceuta, em Marrocos. Depois, lançaram-se para o mar
desconhecido. Ano após ano, foram descendo a costa da África. Com
o infante D. Henrique (1394-1460), as navegações expandiram e
viraram a epopeia lusitana, conquistando continentes e produzindo
lendas. A mais mitológica das viagens começou em 8 de julho de
1497, há 500 anos, quando Vasco da Gama partiu de Lisboa, com
quatro navios. Vinte e seis meses depois, voltou com o caminho
marítimo para as Índias. Estas conquistas de Portugal tiveram uma
influência bastante grande nesta obra narrada por Luís de Camões.
Contexto cultural
Esta época também foi marcada pelo renascimento, no qual a
contribuição portuguesa foi a expansão pelos descobrimentos,
Humanismo e Classicismo.
O Renascimento ou Renascença, é o termo usado para identificar o
período da história da Europa aproximadamente entre meados do
século XIV e o fim do século XVI. Apesar das transformações serem
muito evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião,
o termo é mais comumente utilizado para descrever seus efeitos nas
artes, na filosofia e nas ciências.
O Humanismo é a filosofia moral que coloca os humanos como
os principais numa escala de importância, no centro do mundo. É
uma perspectiva comum a uma grande variedade de posturas
éticas que atribuem a maior importância à dignidade, aspirações e
capacidades humanas.
Na arte, classicismo refere-se à Idade Antiga, ou seja, à valorização
da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido
estético. A imitação dos autores clássicos gregos e romanas da
antiguidade, entre eles Homero e Virgílio (é evidente a
semelhança entre os primeiros versos de Os Lusíadas de
Camões, escritos no século XVI e Eneida de Virgílio, escritos
na Antiguidade Clássica); o uso da mitologia, tal como nos
clássicos renascentistas procura “filtrar” todas as emoções e
sentimentos através da razão; o idealismo, a busca pela
perfeição estética, os ideias de beleza, o homem ideal.

Vasco da gama
Vasco da Gama foi um navegador e explorador português. Na
Era dos Descobrimentos, destacou-se por ter sido o comandante dos
primeiros navios a navegar da Europa à Índia, na mais longa viagem
oceânica, a viagem retratada nesta obra.
Ele nasceu a 22 de novembro de 1469, em Sines, e faleceu em 24 de
dezembro de 1524, Cochin, Índia.
Descoberta caminho marítimos
A partir da década de 1460, a meta tornara-se conseguir
contornar a extremidade sul do continente africano para assim
aceder às riquezas da Índia.
Manuel I de Portugal confiou a Vasco da Gama o cargo de
capitão-mor (oficial militar responsável pelo comando das forças
militares) da frota que, num sábado 8 de Julho de 1497, partiu de
Belém em demanda da Índia. Contava com cerca de cento e setenta
homens, entre marinheiros, soldados e religiosos, distribuídos por
quatro embarcações.
A 20 de maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima
a Calecute, no atual estado indiano de Kerala, ficando estabelecida a
Rota do Cabo e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a
Índia.
Condições de vida
As condições de vida nestes navios eram extremamente
desconfortáveis, e perigosas. Em média, a cada três navios que
partiam de Portugal nos séculos 16 e 17, um afundava. Cerca de 40%
da tripulação morria nas viagens, vítimas não só de naufrágios, mas
também de falta de alimentos, ataques pirata, choques com nativos
dos locais visitados, e ainda de doenças, causadas pelas poucas
condições de higiene.

Epopeia
A epopeia (ou poema épico) é um extenso poema narrativo
heroico que faz referência a temas históricos, mitológicos e
lendários. Umas das principais características desta forma literária,
que pertence ao genero épico, é a valorização de seus heróis bem
como de seus feitos, e da presença de deuses ou seres mitológicos. O
poema épico é dividido em cantos e apresenta um prólogo, uma
invocação, uma dedicatória, um relato e um epílogo.

A principais epopeias portuguesas são “llíada” e “Odisseia”:

* A Ilíada descreve os acontecimentos do último ano da guerra que,


segundo a tradição, teria durado dez anos, até a Grécia derrotar
Troia. O poema mistura acontecimentos da época e factos de
períodos posteriores, que não puderam ser comprovados pelos
historiadores.
*A epopeia Odisseia, centra-se na narração do regresso de Ulisses
(nome latino para Odisseu) à sua terra natal, o reino de Ítaca, após
lutar na Guerra de Troia. Quando partiu para Troia, Ulisses deixou
em seu reino sua esposa Penélope e seu filho Telêmaco, que só tinha
um mês de vida.

Mitologia
1. A mitologia Greco Romana

1. A mitologia Greco Romana

Os mitos são histórias que explicam a existência de diversos


elementos da natureza, assim como ensinam sobre o
comportamento humano. Na obra Os Lusíadas, de Luís de Camões,
temos o envolvimento de Deuses e outras criaturas fantásticas
referentes à mitologia Greco Romana. Conjunto de mitos e lendas,
passados de geração em geração, usados por estas civilizações
clássicas para explicar tudo o que existe e é importante para uma
sociedade.

Estes mitos, originalmente provenientes da Grécia antiga viriam


a ser quase completamente adotados pelo império Romano que se
apropriou não só da religião dos gregos quando ocuparam o seu
território como também diversas outras componentes da sua
cultura. A mitologia grega é o estudo dos conjuntos de narrativas
relacionadas com os mitos dos gregos antigos e dos seus significados.
Os mitos gregos ilustram as origens do mundo, os modos de vida, as
aventuras e desventuras de uma ampla variedade de deuses, deusas,
heróis, heroínas e de outras criaturas mitológicas.

A mitologia romana é estudo das lendas de Roma. Estas lendas,


usadas para explicar a formação do mundo, os fenómenos da
natureza, os sentimentos e sensações físicas dos humanos e a
evolução do conhecimento surgiram a partir de meados do século
VIII a.C. com a fundação de Reino de Roma mas convergiram com a
mitologia grega. O conjunto destas duas mitologias influenciou por
mais de mil anos a península Itálica, todo o império romano.
Também tiveram um impacto importantíssimo na Europa, mesmo
após o colapso do império romano.

2. O porquê da mitologia greco-romana

Nos “Lusíadas” Luís Vaz de Camões recorreu ao classicismo,


movimento artístico surgido no contexto do Renascimento na escrita
da epopeia. Isto porque o classicismo, os mitos e as obras clássicas
que serviram de modelo aos Lusíadas permitem:
-Criar ação interna entre deuses e humanos;
-Criar intriga, e tornam a obra mais interessante do que um relato
de viagem, dando um outro ponto de interesse sem retirar
importância aos feitos das descobertas Portuguesas; ou seja dá
mais complexidade e emoção à história;
-Permite a expressão de sentimentos humanos como o amor,
ódio, inveja e sensualidade, libertando-se do excesso religioso da
idade média.
-Glorifica o povo português ao colocá-lo em cenários adversos
criados pelos deuses, mas que, ainda assim, conseguem ser
superados, criando uma comparação entre a força de ambos.
Vencer o mar (Neptuno), ultrapassar o gigante Adamastor e
vencer as guerras (Marte);
-Demonstra que os portugueses enquanto heróis são deuses, pois
tornam-se "imortais" pelos feitos praticados.

3. Personagens mitológicas :

*Júpiter, é o deus romano do dia, do céu e do trovão e o rei dos


deuses na mitologia romana, normalmente identificado com o deus
grego Zeus. Na mitologia romana Júpiter é o pai do deus Marte.
 Defende os portugueses, afirmando que estes são
um povo de grande valor, como já fora
demonstrado em triunfos anteriores face aos
mouros, romanos e castelhanos.
 Afirma que o destino determinava que os seus feitos
e valentia levariam ao esquecimento dos impérios
anteriores.
 Comprova a coragem dos portugueses em navegar
em mares desconhecidos, em frágeis embarcações,
enfrentando os perigos da natureza (ventos,
tempestades...). Apesar das condições adversas,
conseguiram sempre ultrapassar as dificuldades.

*Baco, filho de Zeus com a mortal Sémele, é o deus do vinho, das


vinhas e das festas. Ele é o deus de tudo o que é perigoso, incerto e
tentador.
Baco, opõe-se de imediato aos portugueses, pois sente inveja pela
imensa glória que o destino lhes reservava. Prestava-se culto a Baco
na Índia, e o deus temia que os seus seguidores rapidamente o
esquecessem com a chegada dos portugueses.

* Vénus, é a deusa do amor e da beleza,


A representação de Vênus é de uma mulher jovem e bonita, que
para os romanos, representava o ideal de beleza feminina.
Vénus foi a deusa que mais ajudou e defendeu os portugueses
no consílio dos deuses, pela parecença dos portugueses com o povo
romano através das suas qualidades (coragem e valentia) e da língua
(latim).
Foi também ela que recompensou os portugueses quando
conseguiram completar a sua viagem com “A ilha dos amores”. Que
simbolizava porto e prémio para os navegadores. Dando-lhes
também a imortalidade do nome, pelos seus feitos heroicos.

* Marte, deus da guerra, tem o amor da deusa Vénus, e com ela teve
um filho, Cúpido e uma filha mortal, Harmonia.

 Defende os portugueses, porque achava que eles o


mereciam, mas também porque está apaixonado por Vénus.
 Zangado, Marte ordena que se façam cumprir as ordens
iniciais de Júpiter, e que Baco não se devia opor aos
portugueses, porque estes eram descendentes de Luso, seu
grande amigo.

*Adamastor é um mítico gigante da mitologia Sidónio


Apolinário cita este gigante pela primeira vez como um dos filhos de
Gaia, que se rebelaram contra Zeus e por isso foram fulminados. A
menção mais memorável, no entanto, é feita por Luís de Camões no
Canto V da epopeia portuguesa Os Lusíadas, como o gigante do Cabo
das Tormentas, que afundava as naus.
Adamastor representa, assim, em figuração grandiosa e
comovente, as forças da natureza, a sua oposição à audácia dos
navegadores portugueses comandados por Vasco da Gama e a
predição da história trágico-marítima que se lhe seguiria.
Os Lusíadas ilustram a superação do povo português sobre o
medo de navegar em mares desconhecidos, onde este medo é
sintetizado pela figura do gigante. Por haver superado a tempestade
e seguido com sucesso o caminho pelo Oceano Índico, Vasco da
Gama renomeou o local que hoje é conhecido como Cabo da Boa
Esperança.

Planos da narrativa
A obra é composta por quatro planos:
- Plano da viagem: narração da viagem de Lisboa a Calcute. A
narração inicia-se no Canto I, estância 19, quando os Portugueses se
encontram já no Oceano Indico, na costa de Moçambique.
Este plano constitui a ação principal da narrativa. Exemplo: o
Episódio da Tempestade. Canto IV, estância 70 a 79.
- Plano dos Deuses: nas epopeias, a intervenção dos deuses nas
ações humanas era constante.
Nos Lusíadas, os Deuses interferem na viagem dos Portugueses,
ajudando-os ou prejudicando-os.
Este plano articula-se com o plano da viagem por alternância.
Exemplo: Episódio de Concílio dos Deuses. Canto I, estância 19 a 41.
- Plano da História de Portugal: Chegado a Melinde, a norte de
Moçambique, Vasco da Gama
narra
ao rei desta cidade a História de Portugal. Este plano constitui a ação
secundária, ligado à
ação principal por encaixe. Exemplo: Episódio de Inês de Castro.
Canto III, estância 120 a 135.
- Plano das considerações do poeta: é normal Camões, no final de
cada canto, apresentar opiniões e reflexões sobre a condição
humana, a situação política de Portugal e sobre as injustiças de que
se sente alvo. Lamentações sobre a sua sorte e reflexões sobre os
portugueses, canto X, estâncias 145 e 146.

Estrutura interna e externa


Estrutura externa representa os aspectos formais dos poemas, ou
seja, a forma do poema e que inclui: os tipos de versos, de estrofes,
o esquema de rimas, a métrica, etc.

*10 Cantos;
*Número variável de estrofes por canto (87, no canto VII a 156 no
canto X. Num total de 1102 estrofes);
*Estrofes de 8 versos (oitavas);
*Versos com 10 sílabas métricas (decassílabos);
*Rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois
últimos (abababcc).

A estrutura interna de um poema são os elementos


estruturantes endógenos que contribuem para a construção da sua
mensagem; por exemplo, as palavras-chave, as expressões mais
valorativas e o seu relacionamento na elaboração do assunto.
Os Lusíadas constroem-se pela sucessão de quatro fontes:

*Proposição: Apresentação do assunto e do herói.


* Invocação: pedido de ajuda as divindades inspiradoras (A principal
invocação é feita as Tágides, no canto I, estrofes 4 e 5, ás Ninfas do
Tejo e do Mondego, no canto VII 78-82 e, finalmente, a Calíope, no
Canto X, estrofe 8).
*Dedicatória: Oferecimento do poema a D. Sebastião.
*Narração: – parte que constitui o corpo da epopeia; a narrativa das
acções levadas a cabo pelo protagonista. (Começando no Canto I,
estrofe 19, só termina no Canto X, estrofe 144, apresentando apenas
pequenas interrupções pontuais).

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