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A epopeia (ou poema épico) é um extenso poema narrativo heroico que faz referência a temas

históricos, mitológicos e lendários.Umas das principais características desta forma literária, que pertence
ao genero épico, é a valorização de seus heróis bem como de seus feitos, e da presença de deuses ou
seres mitológicos. O poema épico é dividido em cantos e apresenta um prólogo, uma invocação, uma
dedicatória, um relato e um epílogo.

Nas epopeias, os factos não são narrados por ordem cronológica. O narrador inicia o relato num
momento adiantado da ação,, recuperando depois os acontecimentos anteriores através de analapses.

Esta epopeia encontra-se dividida em dez cantos. Cada canto tem um número variável de
oitavas( estâncias de 8 versos). As estãncias da obra obdecem sempre a um esquema ritmático fixo: rima
cruzada nos seis primeirod versos e rima emparelhada nos dois últimos versos, seguindo o esquema
abababcc. Quanto à métrica, os versos são decassílabos( têm 10 sílabas métricas).

Análise da Proposição

• O poeta tem a intenção de cantar e exaltar os feitos lusos através dos reis (História de Portugal), dos
homens que se destacaram no país («barões assinalados») e todos aqueles que, ao fazerem feitos
extraordinários, ficaram na memória dos homens («E aqueles que por obras valerosas / Se vão da lei da
Morte libertando»).

• O verso que melhor descreve essa intenção é o seguinte: «Cantando espalharei por toda a parte».

• Os heróis presentes nesta epopeia são individuais e coletivos. Quanto aos primeiros, destaca-se a
figura de Vasco da Gama e o seu envolvimento com a história da descoberta do caminho marítimo para a
Índia; quanto aos segundos, temos a presença dos nautas lusitanos que navegaram «Por mares nunca
dantes navegados». A estes se deve a glória das descobertas. Quanto aos reis que «foram dilatando/ A
Fé, o Império, e as terras viciosas», eles são o pretexto para o poeta cantar e exaltar os feitos do passado,
relembrando a História de Portugal. Além disso, o poeta propõe-se, ainda, cantar os que não foram
esquecidos devido aos feitos por eles realizados e que, por isso mesmo, não são esquecidos. • Poderá
afirmar-se que o que todos estes heróis têm de comum é a força, a determinação, a coragem e o
espírito aventureiro de transformar Portugal numa grande nação e levar o seu nome além-fronteiras.

• Na terceira estrofe, o poeta utiliza a expressão «o peito ilustre lusitano» para se referir a todos os
portugueses.

• O recurso expressivo usado é a sinédoque, pois, o poeta utiliza uma parte («o peito(…) lusitano») pelo
todo (os portugueses).

• O protagonista desta epopeia é o povo português como herói coletivo, apesar de se destacarem
heróis individuais, como Vasco da Gama. Desta forma, a referência a «lusos» ou «lusitanos»,
provavelmente como referência aos primórdios da nacionalidade portuguesa e à Lusitânia, remete
para a construção de um mundo onde estão presentes, daí a alusão aos Lusíadas como um povo, o que
daria a justificação para o título desta obra épica.

Análise da Invocação

Na estrofe 4 do poema, Camões invoca as ninfas do Tejo, que são as personificações femininas das águas
e da natureza, para ajudá-lo a cantar a epopeia dos feitos portugueses. Ele pede às ninfas para
inspirarem sua musa e concederem-lhe a eloquência necessária para contar a história de forma
grandiosa e memorável.

Camões descreve as ninfas como serenas e belas, vivendo nas margens do rio Tejo, símbolo da terra
natal dos portugueses. Ele ressalta a importância do Tejo na história e na cultura portuguesas,
mencionando figuras lendárias que surgiram de suas águas.

Ao invocar as ninfas, Camões busca uma conexão com a natureza e a tradição, buscando o apoio e a
inspiração dessas entidades divinas para contar a história dos heróis portugueses de maneira sublime e
envolvente.

Em resumo, a invocação das ninfas no início de "Os Lusíadas" é um apelo de Camões às personificações
femininas das águas do Tejo para que o ajudem a cantar a grandiosa epopeia dos feitos portugueses. Ele
busca sua inspiração e eloquência, reconhecendo a importância da natureza e da tradição em sua
narrativa épica.

A dedicatória ao rei presente em "Os Lusíadas" é uma parte introdutória do poema épico em que o
autor, Luís de Camões, dedica sua obra ao rei de Portugal à época, Dom Sebastião. A dedicatória ocorre
antes do início da narrativa principal e tem como objetivo prestar homenagem e expressar gratidão ao
monarca.

Análise da Dedicatória

A dedicatória ao rei serve como uma forma de reconhecimento da importância do mecenato real na
promoção das artes e da cultura. É uma prática comum em obras literárias e artísticas da época, em que
o autor buscava o patrocínio e o apoio dos governantes para a divulgação e valorização de suas obras.

Nessa dedicatória, Camões exalta as qualidades e virtudes do rei, destacando sua linhagem nobre e sua
posição como governante de Portugal. Ele também menciona a importância da história e das conquistas
portuguesas, exaltando os heróis que desbravaram os mares e abriram caminho para a expansão
marítima do país.

Ao dedicar seu poema a Dom Sebastião, Camões busca obter o favor do rei, mostrando sua devoção e
lealdade, além de esperar pelo reconhecimento e apoio real para sua obra literária.

A dedicatória ao rei em "Os Lusíadas" é uma demonstração do relacionamento entre o poeta e o


monarca, ressaltando a importância do mecenato real na produção e divulgação da literatura e arte
naquela época.

Análise do consílio dos Deuses


O consílio dos deuses é um episódio importante em "Os Lusíadas" em que os deuses do Olimpo se
reúnem para discutir o destino dos navegadores portugueses e sua jornada épica em direção às Índias.

No Canto I de "Os Lusíadas", após a invocação aos deuses, o poeta descreve como os deuses do Olimpo
se reúnem no palácio de Júpiter para discutir o destino dos navegadores portugueses liderados por
Vasco da Gama. Os deuses estão interessados nas conquistas e na trajetória dos lusitanos, uma vez que
suas ações estão interferindo nas esferas divinas.

No consílio, Júpiter, o deus supremo, preside a reunião e dá a palavra aos outros deuses. Cada um dos
deuses expressa sua opinião sobre os portugueses e sua viagem. Alguns deuses, como Vênus e Marte,
apoiam os navegadores e reconhecem seu valor e coragem. Outros, como Baco, sentem-se desafiados e
desejam dificultar a jornada dos portugueses. Essa posição de Baco adiciona um elemento de conflito ao
consílio dos deuses, pois ele vê os portugueses como uma ameaça aos seus próprios interesses e ao seu
domínio cultural. Essa tensão entre Baco e os outros deuses demonstra que nem todos os deuses estão
alinhados ou apoiam a expedição dos portugueses, destacando as complexidades e rivalidades divinas
no poema épico.

Júpiter, como juiz e árbitro, toma a decisão final de permitir que os portugueses sigam em frente, apesar
dos desafios que enfrentarão. Ele decreta que a jornada dos lusitanos é parte do plano divino e que eles
serão ajudados e protegidos por alguns deuses, enquanto outros tentarão testá-los e colocar obstáculos
em seu caminho.

O consílio dos deuses em "Os Lusíadas" serve para estabelecer a interferência divina na jornada dos
portugueses e para ressaltar o caráter épico e grandioso da expedição. Além disso, mostra a relação
entre o mundo divino e o mundo humano, revelando como as ações dos mortais afetam e despertam o
interesse dos deuses.

Em resumo, o consílio dos deuses em "Os Lusíadas" é um episódio em que os deuses do Olimpo se
reúnem para discutir o destino dos navegadores portugueses. O consílio mostra a interferência divina na
jornada dos lusitanos e estabelece a importância da expedição como um evento de grande relevância
histórica e mitológica.

Análise de Inês de Castro

O episódio de Inês de Castro é uma parte marcante de "Os Lusíadas" que narra uma história trágica de
amor e vingança.

Durante o Canto III de "Os Lusíadas", é contada a história de Inês de Castro, uma dama de companhia da
infanta D. Constança, esposa do príncipe herdeiro Dom Pedro, que mais tarde se tornaria o rei Dom
Pedro I de Portugal.

Inês de Castro e Dom Pedro se apaixonam intensamente, apesar de Inês ser uma plebeia de origem
galega. O relacionamento proibido e secreto deles floresce em Coimbra, onde vivem juntos em segredo
e têm filhos.
No entanto, o rei Dom Afonso IV, pai de Dom Pedro, desaprova o relacionamento de seu filho com Inês e
vê isso como uma ameaça à estabilidade política do reino. Ele teme que a influência de Inês possa
prejudicar a dinastia real.

Após a morte de sua esposa, D. Constança, Dom Pedro e Inês decidem se casar, desafiando as ordens do
rei. Isso enfurece Dom Afonso IV, que considera a união ilegítima e uma ameaça ao seu reinado.

O rei então toma uma decisão cruel e trágica. Ele ordena que Inês de Castro seja assassinada, temendo
que seu relacionamento com Dom Pedro possa minar a autoridade real. Inês é cruelmente assassinada
por sicários enviados pelo rei.

Dom Pedro, tomado pela dor e pela raiva, jura vingança e se torna um rei implacável. Ele persegue e
executa brutalmente os assassinos de Inês, demonstrando sua dor e fúria diante da injustiça cometida.

O episódio de Inês de Castro é apresentado por Camões como uma história de amor trágica e proibida,
destacando a intensidade dos sentimentos e o poder devastador do amor e da vingança. Essa narrativa
adiciona uma dimensão humana e emotiva ao poema, além de representar a complexidade das relações
e das lutas de poder na sociedade portuguesa da época.

Análise das despedidas em Belém

Um momento de alegria é rapidamente transformado em tristeza, pois os navegadores precisam se


despedir de seus entes queridos antes de partirem em busca de novas conquistas. Os marinheiros
precisam de deixar para trás suas famílias, amigos e amadas.

As despedidas em Belém são marcadas por emoções intensas. Há lágrimas, abraços e palavras de amor e
encorajamento sendo trocadas entre os marinheiros e seus entes queridos. As mulheres, em particular,
expressam sua preocupação e tristeza diante da possibilidade de perderem seus amados para as
perigosas aventuras marítimas.

O episódio das despedidas em Belém representa o conflito entre o dever patriótico dos navegadores
portugueses e os laços familiares e afetivos que eles têm que deixar para trás. Camões retrata o dilema
humano de ter que fazer sacrifícios pessoais em nome de um ideal maior, neste caso, a expansão do
império português.

Esse momento de despedida ressalta a coragem, o espírito de aventura e a devoção à pátria dos
navegadores portugueses. Ao mesmo tempo, evoca sentimentos universais de amor, saudade e conexão
humana, destacando a dimensão emocional dessa grande epopeia.

Anaálise do Adamastor

Durante a viagem dos navegadores portugueses em direção às Índias, eles chegam ao Cabo das
Tormentas, atualmente conhecido como Cabo da Boa Esperança, na África.

Nesse ponto, são confrontados por uma criatura monstruosa chamada Adamastor, que personifica o
espírito sombrio do cabo. Adamastor é descrito como um gigante aterrorizante e desfigurado, com uma
aparência assustadora e uma voz triste e ameaçadora.

Adamastor revela que foi um dos Titãs castigados pelos deuses, e agora serve como guardião do cabo.
Ele narra sua trágica história, revelando que foi transformado em uma montanha rochosa e amaldiçoada
como consequência de sua luta contra os deuses.

Ao encontrar os navegadores portugueses, Adamastor expressa sua ira e tristeza, pois vê neles os
representantes de uma nova era de exploração e conquista. Ele prevê os desafios que os portugueses
enfrentarão em suas futuras viagens e adverte sobre os perigos e as tempestades que os aguardam.

No entanto, os navegadores portugueses não se deixam intimidar pelo Adamastor. Eles mostram
coragem e determinação diante do encontro com essa figura aterradora e seguem em frente, superando
os obstáculos e continuando sua jornada em direção às Índias.

O episódio do Adamastor simboliza os medos e as dificuldades encontradas pelos navegadores


portugueses em suas explorações. Ele destaca a coragem e a tenacidade dos lusitanos diante dos
desafios, bem como o poder da natureza e os mistérios do desconhecido que eles enfrentaram em suas
viagens épicas.

Análise da tempestade

Após a partida dos navegadores portugueses em busca das Índias, eles enfrentam uma terrível
tempestade no oceano. As ondas gigantescas, os ventos furiosos e os trovões assustadores colocam em
risco a vida dos marinheiros e a própria expedição.

Durante a tempestade, Vasco da Gama, o líder dos portugueses, mantém-se firme e encoraja sua
tripulação a não desistir. Com coragem e determinação, eles lutam contra as forças da natureza,
mantendo a esperança de superar o desafio e continuar sua jornada.

O episódio da tempestade simboliza os obstáculos e perigos que os navegadores portugueses enfrentam


em sua busca pelas Índias. Além disso, ele destaca a coragem, a perseverança e a confiança em si
mesmos que os lusitanos demonstram diante das adversidades.

Através desse episódio, Camões ilustra a grandiosidade da expedição portuguesa, ressaltando sua
determinação em enfrentar e superar os desafios para alcançar seus objetivos. A tempestade representa
um momento crítico na narrativa, no qual os personagens são testados e a força de sua vontade é posta
à prova.

Análise da Ilha dos Amores

A Ilha dos Amores é descrita no Canto IX de "Os Lusíadas" e retrata um local paradisíaco, habitado por
ninfas e deusas, onde o amor é celebrado de maneira idealizada. A descrição da ilha é detalhada e rica
em simbolismo, envolvendo elementos naturais, arquitetônicos e mitológicos.

No poema, a ilha é apresentada como um refúgio para a tripulação de Vasco da Gama após as
dificuldades e perigos enfrentados durante a jornada marítima. É um local de descanso e prazer, onde as
ninfas recebem os navegadores com alegria e os convidam a participar de jogos, danças e festividades.

A ilha é descrita como um jardim luxuriante, com flores exuberantes, árvores frutíferas e fontes de água
cristalina. A arquitetura do local é magnífica, com palácios e templos adornados, representando a
perfeição estética e a harmonia da natureza.

Na Ilha dos Amores, as ninfas e as deusas personificam o amor, a paixão e a sedução. Elas interagem com
os navegadores e estabelecem relações amorosas com eles, simbolizando a realização do amor
idealizado. Os poetas da ilha também declamam poemas de amor e os navegadores são convidados a
participar de jogos e competições poéticas.

A ilha apresenta um ambiente de liberdade e desprendimento, onde as convenções sociais e as


restrições impostas ao amor são deixadas de lado. O foco está na celebração do amor, na exaltação da
beleza e na valorização das emoções.

A Ilha dos Amores, portanto, trata do tema do amor idealizado, da busca pela paixão e do desejo de
escapar das convenções sociais que limitam a expressão dos sentimentos. Ela representa um momento
de encantamento e contemplação na narrativa de "Os Lusíadas", oferecendo uma pausa na jornada
épica e explorando outros aspectos da experiência humana.

Análise de Lionardo

Nesse episódio, Lionardo é apresentado como um soldado valente, esperto, cavaleiro e apaixonado. Ele
é retratado como um personagem corajoso e habilidoso nas batalhas, além de ser um grande amante.

Lionardo está envolvido em uma competição de cavalaria na corte de Febo Apolo, onde vários cavaleiros
competem em torneios e provas de habilidade. Durante o evento, ele se destaca por sua destreza e
galanteio.

No entanto, o foco principal do episódio é o amor de Lionardo por sua amada Lianor, uma dama de
grande beleza. Mesmo estando no meio das festividades, Lionardo não consegue tirar Lianor de seus
pensamentos. Ele lamenta a distância entre eles e expressa sua devoção e saudade.

O episódio de Lionardo é uma demonstração do tema do amor cortês presente em "Os Lusíadas", onde
o amor e a paixão são exaltados. Ele também serve como uma pausa na narrativa principal do poema,
oferecendo um momento de reflexão sobre os sentimentos dos personagens e suas experiências
amorosas.

Análise da chegada a Portugal e do Epílogo

· Contém lamentações e críticas do poeta e exortações ao rei D. Sebastião

· Apresenta um tom pessimista de desencanto e de crítica á decadência de país e dos portugueses


que parecem ter esquecido os valores nacionais

· Também apresenta queixas das privações e incompreensões que o poeta parece ter passado nos
seus últimos anos de vida

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